LITERATURA
ROMANTISMO PROSA
O Romantismo se deve a ascensão de uma nova classe
social a Burguesia, que trouxe com ela um público leitor.
Em 1830 na Europa surgiu um grupo de escritor que
escrevia para jornais, pequenos capítulos por dias, os
folhetins. Eles chegaram ao Brasil e conquistaram o
público principalmente o feminino e os estudantes.
Os romances brasileiros se dividem em quatro vertentes:
Romance Urbano: romance de costumes, retrato e crítica
os costumes da sociedade carioca do século XIX.
Romance Indianista: os românticos seguindo a tradição
européia procuraram recuperar o passado, enquanto os
europeus se voltaram para a Idade Média o brasileiros
resgataram o índio.
Romance Regionalista: procura fixar traços peculiares da
cultura e natureza de determinada região do Brasil.
Romance Histórico: reconstruir fatos históricos do país
predomina função histórica.
JOAQUIM MANUEL DE MACEDO (1820-1882);
nosso primeiro romancista juntou os aspectos do romance
europeu dentro de um clima nacional. A obra vale como
documento dos costumes da corte no século XIX,
retratando a vida doméstica e social da burguesia da época.
A Moreninha (1844): Conta a história da fidelidade do
amor infantil, centrada nas figuras de Carolina e Felipe.
JOSÉ DE ALENCAR (1829-1877): o mais importante
escritor romântico, sua obra abrangeu todos os temas do
romantismo. Procurou fazer um levantamento de todo
Brasil.
Iracema (1865): Conta a história do romance de Iracema e
Martim (português). Da união nasce Moacir. Explicação da
origem do Ceará.
O Guarani (1857): Peri é um índio que se batiza para
poder proteger Ceci.
Senhora (1875): Casamento por interesse. Fernando
Seixas abandona a noiva, Aurélia Camargo, trocando-a por
Adelaide Amaral. Aurélia herda uma fortuna e se vinga
comprando um marido, o escolhido Fernando.
Lucíola (1862): Paulo, jovem bacharel pernambucano,
escreve cartas á senhora G. M., para narrar-lhe a história de
seu relacionamento com uma cortesã (Lúcia).
BERNARDO GUIMARÃES (1825-1884): tendência
sertanista, interior de Minas.
A Escrava Isaura (1875): denuncia da escravidão, na
figura de Isaura (branca), tratada como propriedade por
Leôncio, mas Álvaro se apaixona por ela.
O Seminarista (1872): crítica ao celibato clerical e ao
patriarcalismo. Eugênio e Margarida são amigos de
infância, ele vai para seminário para virar padre. Final
trágico morte de Margarida e loucura de Eugênio.
VISCONDE DE TAUNAY (1843-1899): romance
regionalista
Inocência (1872): Pereira, pai de Inocência, promete a
filha para Manecão. Inocência adoece e seu a entrega a
cuidado de um curandeiro, Cirino, que se apaixona pela
protagonista. No final eles sucumbem às adversidades.
MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA (1831-1861): É
considerado um autor de transição entre o Romantismo e o
Realismo. Retrata uma época o tempo do rei e uma classe
social diferentes dos outros autores, o povo pobre.
Leonardo é o primeiro anti-herói (picaresco) da nossa
literatura, afasta-se do idealismo nas Memórias de um
Sargento de Milícias
- Narrado em terceira pessoa
- romance que trata da ordem x desordem: todos os
personagens representam os dois polos
- é uma crônica sobre os costumes na época de Dom João
no Brasil
- Leonardo Pataca é o pai do protagonista do romance, este
nasce de uma pisadela e um beliscão à bordo do navio que
trazia os pais( Leonardo e Maria Hortaliça) para o Brasil.
Maria da Hortaliça traí o marido e o protagonista fica a
cargo dos cuidados do Padrinho o Barbeiro
- Leonardinho: o protagonista é um malandro que vive na
desordem até que caía na mão do Major Vidigal que o
colocará na vida militar.
- Leonardinho ama Luisinha, mas atente que no primeiro
encontro entre eles Leonardinho não para de rir da garota e
é o barbeiro que chama a atenção para o fato de ele rir
sempre que lembra dela. Os fogos no morro.
- Leonardinho se envolverá com a Vidinha após fugir de
casa e Luisinha casará com José Manuel, mas quando este
morre Leo casa com ela.
- Maria regalada com sua promessa de morar junto com o
Major Vidigal é que livra Leonardinho da prisão.
Lembrando Leonardo não sobe de posto militar por méritos
e sim por interferência de Maria Regalada. mântico.
TEATRO ROMANTICO
MARTINS PENA (1815-1848): escritor de comédias onde
retratava a sociedade da sua época o teatro de costumes.
Escreveu peças onde os costumes rurais estavam presentes,
seus personagens apesar de broncos são puros. Grande
parte de sua obra está voltada pra realidade carioca e seus
temas: casamento por interesse e praticas da realidade
patriarcal e criticas aos comerciantes corruptos e a
corrupção das autoridades, seus personagens são tipos sem
aprofundamento psicológico. O amor não realizado é seu
grande tema.
REALISMO E NATURALISMO
CONTEXTO HISTÓRICO:
Arte da sociedade burguesa em expansão, Revolução
Industrial. O mundo tem que ser mais racional, a ciência
predomina em razão do sentimento. Correntes científicas e
filosóficas: Positivismo (Augusto Conte, a ciência como
uma única explicação para o mundo e homem),
Evolucionismo (Charles Darwin, evolução da espécie) e
Determinismo (Hippolyte Taine, comportamento do
1
homem seja determinado pela raça, meio e momento
histórico). No Brasil, campanha abolicionista a partir de
1850 que culmina com a Lei Áurea em 1888. fundação do
Partido Republicano nacional após a Guerra do Paraguai.
decadência da monarquia brasileira. fim da mão-de-obra
escrava e sua substituição por trabalho
assalariado.imigrantes europeus para a lavoura cafeeira.
NATURALISMO
CIENTIFICISMO – A defesa de que a vida e as ações
dos homens são determinadas pela ciência é postura radical
do Naturalismo.
DETERMINISMO – O Naturalismo constrói personagens
cuja conduta obedece a três variáveis: a hereditariedade
(que explica as tendências, os caracteres e as patologias), o
meio (capaz de determinar o comportamento) e o momento
histórico (responsável pelas ideologias).
PROBLEMAS PATOLÓGICOS – A literatura passa a
retratar temas que chocam a sociedade: homossexualismo,
lesbianismo, incesto, taras sexuais, loucura, adultério,
racismo, prostituição.
ZOOMORFIZAÇÃO- A aproximação, por meio de
similaridade, entre o homem e animal. ex:
"(...) via-se-lhes [das mulheres] a tostada nudez dos braços
e do pescoço, que elas despiam suspendendo o cabelo todo
para o alto do casco [couro cabeludo]; os homens, esses
não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário,
metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com
força as ventas [narizes ou focinhos] e as barbas, fossando
[revolver com o focinho] e fungando contra as palmas da
mão."
ALUÍSIO DE AZEVEDO (1857-1913):
O Cortiço (1890): O cortiço é o próprio personagem, como
se estivesse vivo ex: “Eram cinco horas da manhã e o
cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua
infinidade de portas e janelas alinhadas”. A Sociedade
Brasileira representada nos seus extratos português,
brasileiros, negros e mulatos. João Romão é o dono do
Cortiço, vive com Bertoleza. Rivaliza com Miranda, que é
mais rico que ele. Romão tem uma pedreira, contrata o
português Jerômino que se apaixona pela mulata Rita
Baiana, é passa a se transformar em brasileiro.
O Ateneu de Raul Pompéia. Obra que não se encaixa
propriamente no Realismo. Narrado por Sérgio adulto,
falando sobre o tempo de colégio interno O Ateneu,
administrado por Aristarco. Olhar do adulto sobre a
infância.
REALISMO
Os romances realistas são de caráter social e psicológico,
abordando temas polêmicos para a sociedade da segunda
metade do século XIX. Caráter documental, sendo o retrato
de uma época. Critica a sociedade a partir do
comportamento de personagens, capitalistas. As
instituições criticadas são: a Igreja Católica e a família
mais precisamente o casamento.
REALISMO PORTUGUÊS
Questão Coimbra: foi uma polêmica entre escritores de
Coimbra que queriam uma renovação literária em oposição
aos escritores de Lisboa que defendiam o Romantismo. As
conferências do cassino Lisbonense.
EÇA DE QUEIROZ (1845-1900):
O Primo Basílio (1878): com o subtítulo de Episódio da
Vida Doméstica. Sua crítica se volta para a hipocrisia das
relações familiares da pequena burguesia de Lisboa, as
idéias românticas e o inevitável adultério. O romance conta
a história de Luísa, casada com Jorge, um engenheiro que
se ausenta de casa a negócio. Ela recebe a visita de exnamorado, Primo Basílio, ele acabam tendo um caso
descoberto pela criada Juliana. Esta passa a chantagear a
patroa, mas com ajuda de Sebastião ela recupera as provas
(que era uma carta). Luísa acaba adoecendo, Jorge volta e
descobre tudo e perdoa a esposa, mas esta falece.
MACHADO DE ASSIS (1839-1908): Romances Realistas
Dom Casmurro (1899): Seu personagem principal, Bento
Santiago, é também o narrador da história que, contada em
primeira pessoa, pretende "atar as duas pontas da vida", ou
seja, unir relatos desde sua mocidade até os dias em que
está escrevendo o livro. Entre esses dois momentos Bento
escreve sobre suas reminiscências da juventude, sua vida
no seminário, seu caso com Capitu e o ciúme que advém
desse relacionamento que ele suspeita do seu melhor amigo
Ezequiel, que se torna o enredo central da trama.
Esaú e Jacó (1904): - - o manuscrito do livro teria sido
encontrado na biblioteca do Conselheiro Aires com o título
de último e foi publicado com o Nome de Esaú e Jacó, o
narrador é em terceira em pessoa.
- tema a rivalidade entre os irmãos, já fundada pela escolha
do nome destes; Pedro e Paulo ( que foram apóstolos
rivais, pela questão da igreja inicial sobre a necessidade
sim ou não da cicuncisão para ser cristão) e o nome do
livro fala dos dois gêmeos rivais biblícos pela questão da
primogenitura.
- o Livro trata de aspectos históricos como o final do
Império e o inicio da República. Lembrar dos capítulos das
tabuletas do Custódio.
- a previsão da cabocla do castelo “serão grandes mas
inimigos”
- o capítulo dos quadros mostra as tendências dos gêmeos
políticos Pedro compra um quadro de Luís XVI e Paulo
compra de Robespierre
- Aires é um personagem de discurso dúbio
- Flora a paixão dos gêmeos representa a ambiguidade e na
tentativa de fundir os dois por amar ambos acaba por ficar
doente, ela incapaz de decidir entre um é outro.
- os gêmeos farão dos pactos de amizade; o primeiro após a
morte de Flora e um por pedido de Natividade antes da
morte desta.
- Nóbrega é o irmão das almas que Natividade dá a esmola
é a partir desta ele começa enriquecer, mas principalmente
se torna rico durante a política do encilhamento de Ruí
Barbosa.
- Pedro: monarquista, médico e conservador e depois vira
candidato da situação.
- Paulo: republicano, advogado e oposicionista.
Memorial de Aires (1908): Escrito em forma de diário, o
narrador Aires, conta a vida após se aposentar.
Quincas Borba (1891): Conta a história de Rubião,
discípulo de Quincas Borba, que ao morrer lhe deixa todo o
dinheiro com a condição de cuidar do seu cachorro. Rubião
se envolve com um casal capitalista Cristiano de Almeida e
Palha e sua esposa Sofia. Ingênuo, Rubião deixa-se guiar
pelo casal. Apaixonado por Sofia e explorado por Cristiano
acaba ficando louco.
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Memórias postúmas de Brás Cubas (1881): Narrado em
primeira pessoa, seu autor é Brás Cubas, um "defuntoautor", um homem que já morreu e que deseja escrever a
sua autobiografia. Nascido numa típica família da elite
carioca do século XIX, do túmulo o morto escreve suas
memórias póstumas.
PARNASIANISMO
A denominação da escola remete ao Monte Parnaso, lugar
que segundo a lenda morava os deuses e poetas, que se
isolavam do mundo para se dedicar a arte.
- Movimento poético reagiu contra os abusos sentimentais
dos românticos.
- Arte pela Arte (ars gratia artis): esta é gratuita, que só
vale por si própria. Sem compromisso com o social.
- Retomada do valor clássico
- Culto da forma (construção do poema):
1- Metrificação rigorosa
2- Rimas ricas # rimas pobres: aquelas estabelecidas por
palavras da mesma classe gramatical (rima pobre). Rima
rica, classes diferentes.
3- Preferência pelo soneto.
4- Objetividade e impassibilidade: fugir do eu,
neutralidade.
5- Descritivismo: mundo dos objetos: vasos, colares,
muros.
Parnasianismo no Brasil
Literatura descompromissada das elites/afrancesados
Formação da Tríade
Uma das causas da Semana de Arte Moderna
Autores:
OLAVO BILAC (1865-1918): Poesia lírica, culto a forma
e ufanista (exaltação a pátria)
Ex:
Profissão de fé
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
ALBERTO DE OLIVEIRA (1857-1937): Temas
naturezas e objetos decorativos
RAIMUNDO CORREIA (1859-1911): A melancolia da
existência
As Pombas...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
SIMBOLISMO (DECADENTISMO)
- A Proclamação da República 1889
- Reação contra o Realismo, Naturalismo, Positivismo e
Cientificismo
- Poetas de centros marginais sul do Brasil e Minas
- “nefilibatas”: aqueles que vivem nas nuvens
Características
- Misticismo e espiritualismo: valorização do mistério e
sobrenatural, nega o espírito científico
- Subjetivismo: particular e individual
- Aproximação da poesia da música: aliteração
- Expressão da realidade de maneira vaga e imprecisa
- Ênfase na sugestão
- Percepção intuitiva da realidade
Autores:
CRUZ E SOUZA (1861-1898): Nasceu em Nossa Senhora
do Desterro, era negro. Temas da sua poesia: morte,
espiritualização, sublimação, obsessão pela cor branca
(imaculada) e problemas sociais (negro escravo)
ANTÍFONA
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmante puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...
Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios...
Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte...
Violões que choram
Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
ALPHOSUNS DE GUIMARAENS (1870-1921):
místico-religioso, divinizando a mulher sem erotismo, toda
obra foi marcada pela presença da noiva morta (Constança)
e loucura
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
3
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
EDUARDO GUIMARAENS (1892-1928): Poeta gaúcho,
amor espiritualizado, sensibilidade extremada e gosto pelos
tons crepusculares. Escreveu o livro de poema A divina
quimera.
PRÉ-MODERNISTA
-Ideário literário (corrente) não é uma escola literária
- obras entre 1902-22
- República do café-com-leite (economia cafeeira, entrada
de imigrantes) em oposição à República da Espada
- São Paulo se urbaniza e o Rio de Janeiro passa por um
processo de saneamento e embelezamento. Belle Époque
na classe dominante e nasce uma nova classe média
constituída de burocratas, comerciantes e profissionais
liberais que pretendem participar do processo econômico.
- 1904 Revolta da Vacina
- 1910 Revolta da Chibata: João Cândido o “almirante
negro” revolta contra os castigos corporais
Características das obras:
/ denúncia da realidade Brasileira: do Brasil não oficial do
sertão nordestino, caboclos interioranos
/ o regionalismo, um vasto painel Brasileiro: Norte e
Nordeste com Euclides, Vale do Paraíba e o interior
Paulista com Monteiro e o Subúrbio Carioca com Lima
Barreto
/ os tipos humanos marginalizados: os mulatos,
funcionários públicos, sertanejos e caipiras
/ ligação com fatos políticos, econômicos e sociais: diminui
a distância entre realidade e ficção ex: Triste fim de
Policarpo Quaresma (retrata o governo Floriano Peixoto e a
Revolta da Armada), Os Sertões (Guerra de Canudos),
Cidades Mortas (mostra a passagem do café pelo Vale do
Paraíba) e o Canaã (um documento sobre a imigração
alemã no Espírito Santo)
Autores e obras
AUGUSTO DOS ANJOS (1884-1914):
1 - Morte
2 - Referência a decomposição da matéria, deus-verme
3- Pessimismo diante da vida
4- Amor reduzido ao instinto
5- Incorporação de vocabulário científico
VERSOS ÍNTIMOS
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
MONTEIRO LOBATO (1882-1948): Obras Cidade
Morta e Urupês (contos)
- Os contos se passam quase na totalidade cidade de Itaoca
- linguagem mais próxima da coloquial com colocação,
termos expressões típicas da fala regional.
- Nesse espaço decadente, aparece o caipira subnutrido,
vivendo na miséria, na ignorância, no desamino (doente e
subnutrido). O Jeca- Tatu- símbolo do caboclo Brasileiro
(no livro Urupês-1918).
LIMA BARRETO (1881-1922): Foi o crítico mais agudo
da época da República Velhano Brasil, rompendo com o
nacionalismo ufanista e pondo a nu a roupagem da
República, que manteve os privilégios de famílias
aristocráticas e dos militares. Em sua obra, de temática
social, privilegiou os pobres, os boêmios e os arruinados.
Impregna sua obra com uma justa preocupação comos fatos
históricos e com os costumes sociais, foi cronista da
Capital Federal. Foi severamente criticado pelos seus
contemporâneos parnasianos por seu estilo despojado,
fluente e coloquial, que acabou influenciando os escritores
modernistas. É um escritor de transição: fiel ao modelo do
romance realista e naturalista do final do século XIX,
procurou entretanto desenvolvê-lo, resgatando as tradições
cômicas, carnavalescas e picarescas da cultura popular, ao
mesmo tempo em que manteve "uma visão neo-romântica e
elegíaca da natureza, da cidade e do ser humano".Também
queria que a sua literatura fosse militante. Escrever tinha
finalidade de criticar o mundo circundante para despertar
alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na
sociedade, privilegiavam pessoas e grupos. Para ele, o
escritor tinha uma função social.
Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911): Policarpo
Quaresma, conhecido por outros como major Quaresma,
vive em uma casa isolado com sua irmã Adelaide e tinha os
mesmos hábitos a 30 anos. Quaresma possui um fanatismo
patriótico que se reflete nos autores nacionais, onde possui
uma grande biblioteca. Para ele, tudo o que é nacional é
superior. Por esse grande patriotismo decide começar a ter
aulas de violão, instrumento marginalizado na época, então
decide ter aulas com o Prof. Ricardo Coração dos Outros.
Decide estudar algo nacional: os costumes tupinambás,
Após alguns duas o compadre Vicente Ceoni e a afilhada
Olga decidem visitar o major e são recebidos por choros e
descabelamentos, no caso era o comprimentos tupinambá.
Ainda com seu patriotismo exercido decide mandar uma
carta ao congresso Nacional, para que substituíssem o
português pelo tupi-guarani. Uma carta por engano foi
enviado ao ministério de guerra e assim é aposentado por
invalidez depois de passar alguns meses no hospício. Após
recuperar-se, Quaresma compra um sitio no interior do Rio
de Janeiro, que está decidido trabalhar na terra, com sua
irmã Adelaide e Anastácio. E assim decide tirar o sustento
da terra. Adquire livros e instrumentos de agricultura. Após
alguns dias recebe a visita de Ricardo Coração dos Outros
e afilhada Olga, que não vê tanto progresso no campo
4
assim major nota tanto desanimo naquela gente simples. E
assim decide alistar-se na frente de combate em defesa do
marechal Floriano, acaba tornando-se comandante de um
destacamento, onde estuda artilharia,balística e mecânica.
Após meses de revolta, a Armada ainda existe e Quaresma
continua lutando e acaba ferido. Enquanto Adelaide ainda
sozinha, vê o sitio com sinais de completo abandono. Ao
fim da revolta que durou sete meses, Quaresma é
designado carcereiro da Ilha das Enxadas, prisão de
marinheiros. Um dia o governo o visita escoltando 12
prisioneiros para serem levados ao fuzilamento, indignado
escreve a Floriano, denunciando o governador, mas é
interpretado como traidor e levado para a ilha dos Cobras e
Quaresma condenado a morte.
EUCLIDES DA CUNHA (1866-1909)
- Acompanhou a quarta e última expedição das forças
armadas a Canudos
- artigo “A nossa vendéia” onde tratava Canudos como um
reduto de monarquistas ferozes
- Sertões é uma mescla de romance e ensaio científico,
relatos históricos e reportagem jornalística
- Primeira denúncia vigorosa que se faz na cultura
brasileira contra a miséria e o abandono em que vive o
sertanejo
- A obra foi concebida segundo o esquema rigoroso do
determinismo de Taine, que via o homem como um
produto de três fatores: meio ambiente, raça e momento
histórico.
Os Sertões (1902): dividido em três partes
A terra
Na primeira parte são estudados o relevo, o solo, a fauna, a
flora e o clima da região nordestina. Euclides da Cunha
revelou que nada supera a principal calamidade do sertão: a
seca.
O homem
O determinismo julgava que o homem é produto do meio
(geografia), da raça (hereditariedade) e do momento
histórico (cultura). O autor faz uma análise da psicologia
do sertanejo e de seus costumes.ex:
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o
raquitismo exaustivo dos mestiços do litoral. A sua
aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o
contrário. É desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo,
reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. (...) Basta o
aparecimento de qualquer incidente transfigura-se.
Reponta. Um titã acobreado e potente. De força e agilidade
extraordinárias (...) Sua cultura respeita antiqüíssimas
tradições. Torna-se um retirante, impulso pela seca cíclica,
mas retorna sempre ao sertão”.
“Sua religião, como ele, é mestiça. O catolicismo atrasado
se mistura aos candomblés do índio e do negro e se enche
de superstições, crendices e temores medievais,
conservados pelo isolamento, desde a colonização. Ele é
crédulo, supersticioso, e esse deixa influenciar por padres,
pastores e falsos profetas...”
“[Antônio Conselheiro] Pregava contra a República; é
certo. (...) Mas não traduzia o mais pálido intuito político; o
jagunço é tão inapto para apreender a forma republicana
como a monárquico-constitucional. Ambas lhe são
abstrações inacessíveis. É espontaneamente adversário de
ambas. (...) Insistamos sobre esta verdade: a guerra de
Canudos foi um refluxo em nossa história.”
A luta
Fala sobre o que foi a Guerra de Canudos e explica com
riqueza de detalhes os fatos dessa guerra que dizimou a
população de Canudos.
“Fechemos este livro. Canudos não se rendeu. Exemplo
único em toda a história, resistiu até ao esgotamento
completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral
do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os
seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro
apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na
frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados. (...)
Caiu o arraial a 5. No dia 6 acabaram de o destruir
desmanchando-lhe as casas, 5.200, cuidadosamente
contadas.”
COISAS DO SUL
SOCIEDADE PARTENON LITERÁRIO
- Fundada 1868 nos últimos anos do Romantismo
- Promovia intercâmbiocultural e não só literário
- Idéias Republicanas e abolicionistas (angariava fundo
para libertação)
- Emancipação da mulher
- Criam o Regionalismo Gaúcho ao se voltarem para as
terras da campanha
- Apolinário José Gomes Porto-Alegre lançou em 1872 o
Vaqueano em resposta ao O Gaúcho de José de Alecar
REGIONALISMO SÉCULO XX
AMARO JUVENAL:
Antônio Chimango “poemeto campestre” (1915)
- Surge da discordância de Ramiro Barcelos com a
indicação de Hermes da Fonseca para a cadeira de senador,
discordância expressa em carta em carta para o Presidente
do Estado (Borges de Medeiros)
- Ramiro era Maragato e Borges era PRR
- Sátira/tradição oral
- Poemeto campestre:elabora um quadro vivo e fiel da vida
e costumes no pampa gaúcho
- Cinco rondas
- A história se passa na Estância de São Pedro
- Chimango é oposto do ideal do homem gaúcho
Personagens:
- Chimango (Borges de Medeiros): anti-herói, medroso,
fofoqueiro
- Coronel Prates (Júlio de Castilho); dono da estância
- José Turuna (Senador Pinheiro Machado)
- Tio Lautério; contador da história
SIMÕES LOPES NETO:
- Natural de Pelotas (polo cultural e econômico das
charqueadas)
- Contos Gauchescos (1912) e Lendas do Sul (1913)
Vaqueano Blau Numes, que tem noventa anos, narrador
que dá depoimento, alguém que viveu no campo.
Contos Gauchescos (1912)
Livro de 19 contos , fixação do mundo gauchesco e
oralidade e o regionalismo da linguagem. Os contos de
1820 até a Guerra do Paraguai.
Vaqueano Blau Numes, que tem noventa anos, narrador
que dá depoimento,de alguém que viveu no campo.
Contos de amor e morte
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Homem universal
Contos:
Trezentas onças: Blau Numes como personagem, a perda
da quantia de dinheiro que seria para pagar a compra do
gado.
Negro Bonifácio: Historia de Bonifácio e Tudinha. Nadico
é pretendente da chinoca. Aposta na cancha de Carreira do
Major Terêncio, vitória de Nadico e entrega dos doces.
Todos contra Bonifácio e a morte deste pela mão de
Tudinha.
No manantial- roseira que se alimenta do sangue de
Maria Altina. Chicão tem sentimentos fortes por Maria
Altina. Morte no Pântamo.
O Boi Velho- Gente Silva - Dois bois: Dourado/ Cabiúna e
frase de Blau Numes “Cuê-pucha!… é bicho mau, o
homem!”. Morte do boi que serviu a família por causa do
couro deste.
Jogo do osso- No jogo Chico Ruivo aposta a sua
companheira Lalica contra o cavalo de Osoro.
Melancia Coco Verde- história de amor que acaba bem.
Índio Reduzo observador da história amorosa de Sia Talapa
( melancia) e Costinha(coco verde)
Contrabandista- Blau foi testemunha. História do
Casamento da filha de Jango Jorge. Vestido machado de
sangue.
Duelo de Farrapos- Blau foi testemunha. Ficção
Histórica. Confronto de General Bento Gonçalves x
Coronel Onofre Pires. Motivo do confronto seria uma
mulher.
Cabelos de china: buçalete feito com cabelo de uma
mulher é entregue por Juca Picumã para Blau, antes de
morrer Picumã conta que o buçalete foi feito com o cabelo
da sua filha Rosa.
O mate do João Cardoso: é um anedota que fala sobre as
coisas quando são muito demoradas, João Cardoso era um
senhor que gostava de conversar parava um vivente na
estrada para conversar e para manter a pessoa na sua casa
dizia que estava fazendo um mata entretanto este nunca
chegava.
Deve um queijo: um peleja entre o Velho Lessa e um
castelhano envolvendo um queijo, o segundo leva à pior na
história.
O chasque do imperador: Blau conta quando foi
mensageiro de Dom Pedro II e compara este aos homens
do sul.
O anjo da vitória: conta a infância de Blau quando este
perde o padrinho na batalha entre os brasileiros e
castelhanos no episódio que ficou conhecido como ‘fogo
amigo”.
Penar dos velhos: fala sobre a fuga do piá Binga Cruz e
sua consequência para os seus pais.
Batendo orelhas: compara a vida de um homem e de um
cavalo desde seus nascimentos e suas mortes
MODERNISMO BRASILEIRO E VANGUARDAS
EUROPÉIAS
ORIGENS E MOTIVOS:
- I Guerra Mundial (1914-1918)
- Recriar a arte e o mundo no colapso da guerra e a funçõ
contribuir para a liberdade de expressão e para a pesquisa
estética.
OS MOVIMENTOS:
O FUTURISMO
- Italiano Marinetti – volta-se para o fascismo
- Paris 1909
- Pregava a destruição do passado
- Valorização da tecnologia(velocidade do trem e carro.
Homens-máquinas
- Proposta revolução da linguagem
* Pela eliminação da antiga sintaxe,adjetivos e advérbios
* Pela supressão do EU do texto literário
- Incorporação da realidade (exaltação da velocidade e da
máquina)
- 1912 Oswald conhece o Futurismo
O EXPRESSIONISMO
- Surgiu em 1910 na Alemanha e na pintura
- Preocupada com as manisfestações do mundo do interior
e sua forma de se expressar não importando o conceito de
belo
- Distorce uma imagem para expressar a visão do artista,
assemelhando á uma caricatura
- 1912: Anita Malfatti estuda Expressionismo
SURREALISMO
- Paris, 1924 Ándre Breton
- Perído entre guerras
- Sondagem do mundo interior
- Valorização do sonho/fantasia/ loucura
- Escrita áutomática :escrever pelo impulso sem se
preocupar com a lógica (percussor do fluxo de consciência
DADAÍSMO
- Em 1916, um grupo de refugiado em Zurique
- Tristan Tzara
- Protesto contra a civilização que provocara o conflito,
negação mais radical das tradições artísticas do Ocidente.
- Sem outro objetivo que não a destruição
- Recusando as formas padronizadas, propondo o
aniquilamento da linguagem literária e da linguagem
social.
- Importante era criar palavras pela sonoridade. Importante
era o grito, urro contra o Capitalismo e o mundo em guerra.
CONTEXTO BRASILEIRO (1922): SOCIAL
-Imigrantes politizados/fazendeiros/indústrias
ANTECEDENTES DA SEMANA
1912 Oswald e o Futurismo
1917 Exposição de Anita Malfatti e o artigo “Paranóia ou
mistificação” de Monteiro lobato, ataque as vanguardas.
“Estas considerações são provocadas pela exposição da sra.
Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para
uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias
de Picasso & Cia.
Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum.
Poucas vezes, através de uma obra torcida em má direção,
se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes.
Percebe-se, de qualquer daqueles quadrinhos, como a sua
autora é independente, como é original, como é inventiva,
em que alto grau possui umas tantas qualidades inatas, das
mais fecundas na construção duma sólida individualidade
artística.
Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte
moderna, penetrou nos domínios de um impressionismo
discutibilíssimo, e pôs todo o seu talento a serviço duma
nova espécie de caricatura.
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Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e
tutti quanti não passam de outros ramos da arte caricatural.
É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até
agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma –
mas caricatura que não visa, como a verdadeira, ressaltar
uma idéia, mas sim desnortear, aparvalhar, atordoar a
ingenuidade do espectador”
1920 Victor Brecheret: escultor
1921- Oswald critica Os Passadistas x Arte Moderna
- Mário de Andrade
* Paulicéia Desvairada
* agosto artigos sobre os Parnasianos “mestres do
passado”: "Malditos para sempre os Mestres do Passado!
Que a simples recordação de um de vós escravize os
espíritos no amor incondicional pela forma! Que o Brasil
seja infeliz porque os criou! Que o universo se desmantele
porque vos comportou! E que não fique nada! Nada!
Nada!"
SEMANA DE ARTE MODERNA
1922- 100 anos da Independência/Fundação do Partido
Comunista/Revolta Tenentista (Forte de Copacabana, os 18
do Forte)
- Objetivo dos organizadores era acima de tudo a
destruição das velhas formas ártisticas na literatura,
músicas e artes plásticas
- Semana Fevereiro (13, 15,17) 13 de fevereiro
(Segunda-feira) - Casa cheia, abertura oficial do evento.
Espalhadas pelo saguão do Teatro Municipal de São Paulo,
várias pinturas e esculturas provocam reações de espanto e
repúdio por parte do público. O espetáculo tem início com
a confusa conferência de Graça Aranha, intitulada "A
emoção estética da Arte Moderna". Tudo transcorreu em
certa calma neste dia.
15 de fevereiro (Quarta-feira) - Guiomar Novais
era para ser a grande atração da noite. Contra a vontade dos
demais artistas modernistas, aproveitou um intervalo do
espetáculo para tocar alguns clássicos consagrados,
iniciativa aplaudida pelo público. Mas a "atração" dessa
noite foi a palestra de Menotti del Picchia sobre a arte
estética. Menotti apresenta os novos escritores dos novos
tempos e surgem vaias e barulhos diversos (miados,
latidos, grunhidos, relinchos…) que se alternam e
confundem com aplausos. Quando Ronald de Carvalho lê o
poema intitulado Os Sapos de Manuel Bandeira, (poema
criticando abertamente o parnasianismo e seus adeptos) o
público faz coro atrapalhando a leitura do texto. A noite
acaba em algazarra. Ronald teve de declamar o poema pois
Bandeira estava impedido de fazê-lo por causa de uma
crise de tuberculose.
Os Sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
17 de fevereiro (Sexta-feira) - O dia mais tranquilo da
semana, apresentações musicais de Villa-Lobos, com
participação de vários músicos. O público em número
reduzido, portava-se com mais respeito, até que VillaLobos entra de casaca, mas com um pé calçado com um
sapato, e outro com chinelo; o público interpreta a atitude
como futurista e desrespeitosa e vaia o artista
impiedosamente. Mais tarde, o maestro explicaria que não
se tratava de modismo e, sim, de um calo inflamado
HERANÇAS DE 22:
- A estabilização de uma consciência criadora nacional,
preocupada com as Vanguardas Européia. O direito
permanente de pesquisa e criação estética.
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O MODERNISMO DE 22 A 30 (FASE DE
DESTRUIÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO)
- Desintegração da línguagem tradicional (paródia,piada,
sarcasmo)
- Adoção das conquistas das Vanguardas: liberdade
expressão, uso do cotidiano, o coloquialismo e
contemporanidade
- Busca da expressão nacional
* Em 1924, Oswald assiste uma exposição de máscaras
africanas, elas pareciam expressar toda a indentidade dos
povos negros da África. Ele se interroga “e nós brasileiros?
Quem somos? Qual nossa identidade?alguma arte nos
representaria tão significativamente como aquelas
máscaras?
- Discutir o nacional e o popular na literatura brasileirana
perspectiva crítica. Nos folclores e a volta ao índio.
MANIFESTOS
PAU- BRASIL
- Lançado em março de 1924, publicado num jornal
- Uma literatura extremamente vinculada à realidade
brasileira, apartir de uma redescoberta do Brasil
- Luta por uma nova línguagem
- Descoberta do popular: camadas populares
A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre
nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos
estéticos. A nunca exportação de poesia. A poesia anda
oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da
saudade universitária. A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida.
Como uma criança. A língua sem arcaísmos, sem erudição.
Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os
erros. Como falamos. Como somos.
VERDE-AMARELISMO
- Em 1926, como resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil,
crítica ao nacionalismo “afrancesado” de Oswald
- Proposta: um nacionalismo primitivista, ufanista. Idolatria
a Tupi e a anta símbolo nacional
- O nacionalismo Tupi não é intelectual é sentimental.
ANTROPOFAGIA
- 1928 a partir do quadro de Tarsila do Amaral “Abaporu”
(o comedor de gente)
- Ano 374 da deglutição do Bispo Sardinha
- A retomada das raízes
- O humor como forma crítica. Há deglutição das
referências européia, não a simples cópia das idéias
originais.
“Só a Antropofagia nos une. Socialmente.
Economicamente. Filosoficamente. Tupi, or not tupi that is
the question. Nunca fomos catequizados. Vivemos através
de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia.
Ou em Belém do Pará. Nunca fomos catequizados.
Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do
Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de
Alencar cheio de bons sentimentos portugueses. Antes dos
portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto
a felicidade.”
ESTILO MODERNISTA
POESIA
- Utilização do Verso Livre
- Livre associação de idéias
- Valorização do cotidiano: tudo presta à literatura
- Humor (poema-piada) – paródia
- Aproximação com a prosa
- Linguagem coloquial
- Nacionalismo
PROSA
- Texto colagem
- Fluxo de consciência
- Prosa e poesia se misturam
OSWALD DE ANDRADE (1890-1954): Escreveu prosa e
poesia. Os livros Serafim Ponte Grande, Memórias
sentimentais de João Miramar. Característica da sua poesia,
reaproveitamento dos textos da nossa literatura em forma
de paródia. Humor: poesia-piada e poemas-pílulas.
MARIO DE ANDRADE (1893-1945):
1917 como Mario Sobral lançou Uma Gota de Poema em
Cada Poema
1922 Paulicéia Desvairada: São Paulo é poetizada por sua
gente e seu progresso.
- Sua prosa dois núcleos básicos: universo familiar da
burguesia paulista e o primitivismo de fundo folclórico e
popular
1927 Amar, Verbo Intransitivo: o pai de família contrata
uma perceptora alemã (Fraülein Elza) para iniciar o filho
(Carlos).
1928 Macunaíma o herói sem nenhum caráter: uma
rapsódia, nasce índio, negro e vira branco
MANUEL BANDEIRA (1881-1968): Característica da
sua poesia
- O desejo insatisfeito
- A evocação da infância
- A tristeza da vida
- A preparação para a morte
-Temática social
Caso português:
Alberto Caeiro:
heterônimo
Característica
Linguagem objetiva, escassez de metáforas,presentismo, A
Natureza,paganismo radical, antimetafísica (pensar é estar
doente dos olhos)
ROMANCE DE 30
CONTEXTO HISTÓRICO
- Quebra da bolsa de Nova York
- Revolução de 30 (chegada de Getúlio ao poder)
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
- Profundo compromisso social, consciência do
subdesenvolvimento do país.
- Nacionalismo crítico em oposição ao ufanismo romântico
- Denúncia social, encontro do escritor com o povo
GRACILIANO RAMOS (1892-1953):
1938 Vidas Secas: personagens: Fabiano, Sinhá Vitória,
os dois meninos (o novo e o mais velho), a cadela Baleia e
Soldado Amarelo.
1934 São Bernardo: Relata da ascensão social de um extrabalhador, Paulo Honório, que em negócios duvidosos,
adquire uma fazenda falida, transformando-a em um
modelo. Casa-se para ter um herdeiro, escolhe a professora
Madalena (com inclinações socialistas e filantrópicas) e os
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dois mundos se chocam Levada pelo ciúmes de Paulo ela
se suicida, fazendo o fazendeiro ter uma tomada de
consciência. Revolução de 30.
RAQUEL DE QUEIROZ (1910-2003)
- O romance Quinze: trata sobre a grande seca de 1915 e
como ela afeta os nordestinos de todas as classes. Seus
personagens principais a moça Conceição e o vaqueiro
Chico Bento.
JORGE AMADO (1912-2001): Em sua obra, Jorge
Amado destaca o pobre, o negro, os marginalizados, enfim,
todos os excluídos da sociedade, e os apresenta de modo
diferente, narrando lhes a vida, os pensamentos, os desejos.
O cenário é, normalmente, a zona urbana ou de plantação
de cacau ou café da Bahia. Jorge Amado em suas obras
coloca a necessidade de justiça social Também acrescenta
um tanto de ideologia política, sempre em defesa do povo.
Jorge Amado era grande apreciador da cultura negra e usa
muito esse elemento em seus livros. Também ressalta o
erotismo, além da sensualidade da mulher brasileira.
Escreveu livros de caráter político O Cavaleiro da
Esperança, sobre Carlos Prestes.
JOSÉ LINS DO REGO (1901-1957):
- Ciclo da cana-de- açúcar, partindo de experiência
autobiográfica (a vida no engenho do avô). Predomínio do
memorial sobre a prosa ficção. Personagem autobiográfico
Carlos de Melo é o narrador e o protagonista de três livros:
Menino de Engenho, Doidinho e Banguê.
- Fixar o esplendor e a decadência do engenho-de-açúcar
logo substituído pela usina, mudando as estruturas sociais.
Menino de engenho (1932): Carlos Melo narra — em
primeira pessoa —, com um tom saudoso, a infância vivida
no engenho Santa Rosa. Carlos, ou melhor, Carlinhos,
ficou órfão de mãe e o pai é enviado para um sanatório
após assassiná-la. O menino foi viver no engenho Santa
Rosa, que pertencia ao seu avô materno, o Coronel José
Paulino. A infância de Carlinhos foi dividida entre o "bem"
e o "mal"; ou seja, na companhia de sua tia seu
comportamento era mais terno (o "bem"), já quando
convivia com seus primos, era extrovertido e libertino (o
"mal").Vivendo no engenho, Carlinhos conheceu as
desigualdades sociais entre os senhores de engenho e os
seus empregados; também quase partiu para o cangaço
(chegou a pensar em pedir ao cangaceiro Antônio Silvino
para ir com o bando até o conhece-lo melhor). Ali
Carlinhos conheceu também o amor, primeiramente com a
prima Lili, que veio a falecer ainda criança e depois com
outra prima, Maria Clara, que morava no Recife e foi
passar alguns dias no engenho. Maria Clara era um pouco
mais velha que Carlinhos e contava-lhe as diversões e
novidades da cidade. Mas o romance durou pouco, a prima
voltou para o Recife. O garoto, com apenas doze anos,
ficar gálico (contrair gonorréia).A saída encontrada por
seus responsáveis para "endireitar" o garoto foi enviá-lo ao
colégio.
Fogo Morto (1943): Conta a derrocada do engenho de
Santa fé. Dividido em três partes, com cada personagem
representado uma classe social, os personagens se cruzam
na obra. Primeira parte Mestre Zé Amaro, segunda parte
Coronel Lula de Holanda e terceira parte Capitão Vitorino
(um personagem quase quixotesco).
AUTORES GAÚCHOS
ÉRICO VERISSIMO (1905-1975):
O Tempo e o Vento: Constituido de sete livros, que
abordam da formação do Rio Grande do Sul até a decadá
XX (1745-1945). Santa Fé é a localidade onde passa a
história, com algumas partes no Rio de Janeiro.
- O Continente (1948): Famílias Terra e Cambará. Posse da
Terra e formação da sociedade patriarcal. O ponto de
partida é a chegada de uma mulher grávida na colônia dos
jesuítas e índios nas Missões. Esta mulher dará à luz o
índio Pedro Missioneiro, que depois de presenciar as lutas
de Sepé Tiaraju através de visões e ver os portugueses e
espanhóis dizimarem as Missões Jesuíticas, conhecerá Ana
Terra, filha dos paulistas de Sorocaba Henriqueta e
Maneco Terra, este filho de um tropeiro(Juca Terra) que
ficou encantado com o Rio Grande de São Pedro ao
atravessá-lo para comerciar mulas na Colônia do
Sacramentoe obtêm uma sesmaria na região do Rio
Pardo.Ana Terra terá um filho com o índio, chamado Pedro
Terra. Logo que seu pai descobre sobre a gravidez, ele
manda os irmãos de Ana matarem Pedro Missioneiro.
Quando castelhanos invadem a fazenda da família Terra,
matam pai e irmãos da moça e a violentam, mas ela
conseguira esconder o filho, a cunhada e a sobrinha.
Partem para Santa Fé. Lá Pedro Terra cresce e tem uma
filha, Bibiana Terra, que se apaixonará por um forasteiro, o
capitão Rodrigo Cambará (parte que representará a
Revolução Faurropilha).
- O Retrato (1951): Início do Século XX. Toda a história é
marcada pelo contraste entre o Dr. Rodrigo Cambará,
homônimo do capitão, homem da cidade e médico, de um
lado, e o Coronel Licurgo, seu pai, homem do campo, de
outro. Como mediador desse conflito, aparece seu irmão
Toríbio.
aparecem vários personagens reais, como Getúlio Vargas,
Osvaldo Aranha, Luís Carlos Prestes, que contracenam
com os personagens. Novamente, no seio da família
Cambará, desenrolam-se as contradições de uma época
marcada por uma radical revolução de costumes, sob a
influência do cinema americano. Na família Cambará e
suas relações, há desde comunistas a oportunistas. No meio
deles, assumindo uma postura crítica e não engajada,
aparece Floriano, alter ego do próprio Erico.
- O Arquípelago (1961-1967): Parte da ação transcorre no
Rio de Janeiro, então a capital do país, com o Dr. Rodrigo
Cambará eleito deputado federal. Ao longo do romance,
DYONÉLIO MACHADO (1895-1985):
- Os Ratos (1935): é um romance urbano, passa-se em
Porto Alegre, com análise psicológica. Modesto
funcionário público (Naziazeno) deve conseguir dinheiro
para pagar o leiteiro, que prometeu cortar o fornecimento
caso não pague. Ação passa-se em 24h, enquanto o
Protagonista tenta conseguir o dinheiro.
CYRO MARTINS (1908-1995): Triologia do Gaúcho a
pé (Sem Rumo, Porteira Fechada e Estrada Nova) os livros
são interindependentes. O gaúcho de Cyro são os peões
despossuídos de terra e que vão perdendo a honra.
Porteira Fechada (1944): Conta a história de João Guedes e
sua família, que de arredantário das terras de Julio Bica,
são expulso por ele ao vende a propriedade. Vão viver na
cidade, onde João passa a roubar para sobreviver.
9
GERAÇÃO DE 30 E 45
MARIO QUINTANA
O Mapa
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(E nem que fosse o
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Ha tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Ha tanta moca bonita
Nas ruas que não andei
(E ha uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
A RUA DOS CATAVENTOS
Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...
E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela, amarelada...
Como o único bem que me ficou!
Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!
Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!
CECÍLIA MEIREILES
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
VINÍCIUS DE MORAES
A rosa de Hiroxima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
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Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Soneto da fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa (me) dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Carlos Drummond de Andrade
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
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Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo
JOÃO CABRAL DE MELLO NETO (1920-1999):
Poeta da construção verbal e da preocupação com a palavra
reflexão sobre o fazer poético, poesia entendida como
esforço em busca da síntese do Rio Capibaribe (Cão Sem
Plumas) e do aspecto social, não tem lirismo.
dividido em nordeste e não-nordeste em 48 poemas
-a pedra pode ser entendida como a palavra é a dureza da
vida no nordeste”pedra entranhada na alma”
- catar feijão: poesia metalinguística que fala sobre o ato de
escrever o comparando com o ate de escolher feijão, que
neste não devemos deixar as impurezas, mas que na poesia
devemos principalmente a pedra que deve incomodar o
leitor ao ler o poema.
- nas poesias está presente a ironia e intertextualidade com
Gulliver(Houyhnhnms) e vidas Secas(falar do sertanejo e
amarelo do sertão)
Catar Feijão
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.
Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, freqüentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse, não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.
- Morte eVida Severina: Um imigrante, Severino, que
abandona o Sertão rumo ao Litoral, só encontrando morte
no caminho. Decide se matar, encontra o Mestre Carpina
que o comunica de um nascimento.
POESIA CONCRETISTA
- Poesia da Revolução Industrial, sem lirismo. Uma
linguagem necessariamente sintática, dinâmica, homóloga
à sociedade industrial.
- Abolição do Verso Tradicional: poesia objetiva feita
quase só de substantivos e verbos. Utilização de
paronomásais. Valorização de palavras soltas. O poema
transforma-se em espaço visual. ex:
de sol a sol
soldado
de sal a sal
salgado
de sova a sova
sovado
de suco a suco
sugado
de sono a sono
sonado
VVVVVVVVVV
VVVVVVVVVE
VVVVVVVVEL
VVVVVVVELO
VVVVVVELOC
VVVVVELOCI
VVVVELOCID
VVVELOCIDA
VVELOCIDAD
VELOCIDADE
(Ronaldo Azeredo)
COCA-COLA
BEBACOCACOLA
BABECOLA
BEBACOCA
BABECOLACACO
CACO
COLA
CLOACA
(Décio Pignatari)
ROMANCISTAS DE 45
CLARICE LISPECTOR (1920-1977): Literatura
intimista, mundo interior do personagem, fluxo
consciência.
- A Hora da Estrela (1977): Romance narrado por
Rodrigo S. M., narra as desventuras de Macabéa, uma
moça sonhadora e ingênua, recém-chegada do Nordeste ao
Rio de Janeiro, às voltas com valores e cultura diferentes.
Macabéa leva uma vida simples e sem grandes emoções.
Começa a namorar Olímpico de Jesus, que não vê nela
chances de ascensão social de qualquer tipo. Assim sendo,
abandona-a para ficar com Glória (colega de trabalho), cujo
pai era açougueiro, o que sugeria ao ambicioso nordestino
a possibilidade de melhora financeira.Sentindo dores
constantes, Macabéa vai ao médico e descobre que tem
tuberculose mas não conta a ninguém. Glória percebe a
tristeza da colega e a aconselha a buscar consolo numa
cartomante. Madame Carlota prevê um futuro feliz, que
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viria de um estrangeiro que ela conheceria assim que ela
saísse daquela casa, homem louro com quem casaria. De
certa forma, é o que acontece: ao sair da casa da
cartomante, Macabéa é atropelada por um homem que
dirigia um luxuoso Mercedes-Benz e acaba morrendo. No
romance aparece uma pequena denúncia social, que não
está presente nas suas outras obras.
JOÃO UBALDO RIBEIRO (1944):
- Sargento Getúlio (1971): A narrativa está centrada num
monólogo, quebrado por alguns diálogos, do sargento da
polícia militar de Sergipe Getúlio Santos Bezerra. Ele
recebera, como última incumbência antes da aposentadoria,
a ordem de prender um adversário de um importante chefe
político e levá-lo de Paulo Afonso para Aracaju. No meio
da viagem a situação política muda, e Getúlio não a
compreende, por isso te que ser eliminado.
JOÃO GUIMARÃES ROSA (1908-1967): Realismo
mágico, forte reoginalismo e liberdade línguistica e
neologismo marcam as suas obras.
Uma Estória de Amor (Manuelzão): Narrado em Terceira
Pessoa, Manuelzão -;velho,vaqueiro, solteirão, sentindo
chegar o peso da idade e o temor da morte, faz construir
uma capela(em homenagem a mãe) e, para inaugurá-la,
teve a idéia de fazer uma festa que duraria três dias e que
começaria com a primeira missa a ser celebrada ali.
Campo Geral (Miguilim): Narrado em Primeira Pessoa
por Miguilim, conta a estória de um menino e sua família
na região do Mutum. Sua relação com o irmão Dito, seu
pai autoritário. Vemos tudo pela perspectiva do menino,
seu amadurecimento até ir pra cidade estudar.
TEATRO
ARIANO SUASSUNA (1927): Tradição nordestina, junta
o folclore e o erudito para montar suas peças.
Auto da Compadecida (1955): Elementos da Literatura de
Cordel, mistura popular e religioso.
PLÍNIO MARCOS (1935-1999): Mundos dos que vivem
à margem da sociedade (gigolôs, prostitutas e
desempregados) linguagem impregnada de violência e
seca. Escritas na época da Ditadura Militar.
Dois perdidos numa noite suja (1965): Dois personagens
—- Paco e Tonho —- dividem um quarto numa hospedaria
barata e durante o dia trabalham de carregadores no
mercado. Todas as cenas se passam no quarto durante as
noites. As personagens discutem sobre suas vidas, trabalho
e perspectivas, mantendo uma relação conflituosa. Tonho
se lamenta constantemente por não possuir um par de
sapatos decente, fato ao qual atribui sua condição de
pobreza. Ele inveja Paco que possui um bom par de sapatos
e este, por sua vez, vive a provocar Tonho chamando-o de
homossexual ao mesmo tempo que o considera como um
parceiro. No final, na tentativa de melhorar suas vidas,
ambos são compelidos à realização de um ato que
modificará radicalmente suas vidas eles cometem um
assalto.
Navalha na carne (1966): É a história de três personagens
num quarto de bordel: a prostituta Neusa Sueli, o gigolô
Vado e o homossexual Veludo falam de suas vidas e
expõem sua marginalidade.
DIAS GOMES(1922-1999):
O Pagador de promessas (1959): Denúncia do
sincretismo religioso. O personagem principal, o sertanejo
Zé-do-Burro, deseja levar uma grande cruz até o interior da
Igreja de Santa Bárbara para pagar uma promessa e, ao
longo do trajeto, sofre com as mentiras, com a corrupção e
com a ganância da sociedade.
NELSON RODRIGUES (1912-1890); Críticou a sociedade
e as instituições, principalmente o casamento. Erotinismo,
hipocrísia da classe média.
Vestido de noiva (1943): A peça é dividida em trê planos
de ação (plano da realidade,plano da alucinação e
memória)Conta a história de Alaíde, uma moça que é
atropelada por um automóvel e, enquanto é operada no
hospital, ela relembra o conflito com a irmã (Lúcia), de
quem tomou o namorado (Pedro), e imagina seu encontro
com Madame Clessi, uma cafetina assassinada pelo
namorado de dezessete anos.
Beijo no asfalto (1961): A obra versa a respeito de um
embaraçoso ato de misericórdia (um beijo na boca dado a
um homem por outro homem na hora de sua morte) e suas
repercussões na sociedade. Um repórter sensacionalista e
um delegado corrupto fazem do ato um escândalo social,
abalando a reputação do homem (Arandir), que atendeu o
pedido. Ridicularizado perante a opinião pública os amigos
e desamparado pela esposa (Selminha) vem a refugiar-se
em uma pensão É visitado pelo sogro (Aprígio) que
declara-lhe seu ódio, revelando-se apaixonado por ele e
com ciúmes pelo fato de Arandir ter-se casado com
Selminha e por vir a beijar outro . Com dos tiros Arandir é
morto por Aprígio.
Toda nudez será castigada (1965): Herculano,
pertencente a uma família conservadora povoada de tias
faladeiras e beatas, fica viúvo e com um filho para tutoriar.
Este filho, Serginho, pede ao pai que jure nunca mais
casar-se e Herculano faz o juramento. Patrício, irmão de
Herculano, endividado com mulheres e jogo, consegue
apresentar ao irmão uma prostituta, por quem o
protagonista fica perdidamente apaixonado. Ela é Geni,
uma mulher que vive diariamente a agonia e o êxtase de
uma obsessão: morrer de câncer no seio. Contra tudo e
contra todos, Herculano casa-se com Geni e a leva para
viver consigo no casarão da família. Ali esta conhece
Serginho, por quem se envolve e se apaixona. Serginho
pretende acabar com o casamento do pai a todo custo e,
apesar, de suas tendências homossexuais, mantém um
relacionamento com a madrasta.
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1 LITERATURA ROMANTISMO PROSA O Romantismo