Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders
Teoria Histórico-Cultural: Ensino Aprendizagem de Álgebra
por meio de uma Atividade de Estudo
Eixo temático 1: Fundamentos e práticas educacionais
Maísa Gonçalves da Silva1
Marilene Ribeiro Resende2
Agências Financiadoras: OBEDUC/CAPES
O presente texto apresenta pesquisa em andamento em que se toma como objeto
de estudo o ensino e a aprendizagem da álgebra nos últimos anos do ensino
fundamental. Essa investigação insere-se no âmbito do Programa Observatório da
Educação/CAPES.
A educação brasileira, nas últimas décadas, final do século XX e início desse
século, é tem sido avaliada pelas agências governamentais, por meio das avaliações
sistêmicas. Observamos uma preocupação desses órgãos e agências com relação aos
resultados alcançados e os esperados em metas de médio e longo prazo. Essa
preocupação não se encontra apenas nas agências avaliadoras, mas nos gestores e
principalmente nos professores envolvidos nos processos de ensino aprendizagem, dos
pesquisadores da academia e/ou pesquisadores da escola, grupo de profissionais que
desenvolvem teorias e atividades que visão minimizar as dificuldades dos alunos. Há,
inclusive, uma “cobrança” e uma pressão sobre as escolas e, consequentemente, sobre
os professores para a obtenção de melhores resultados ou manutenção dos obtidos.
1
Universidade Federal de Uberlândia – UFU, Escola de Educação Básica da UFU, Aluna do Programa de Mestrado
em Educação da Universidade de Uberaba – [email protected]
2
Universidade de Uberaba - UNIUBE, Professora da Graduação e da pós- graduação, programa de Mestrado em
Educação. [email protected]
Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders
Abordamos, em particular, o ensino e a aprendizagem de matemática, que tem
gerado muitas discussões e críticas. Destacamos nossa preocupação quanto a pesquisas
com resultados significativos que não chegam até a sala de aula, ficando engavetadas na
academia. Como também trabalhos de professores das escolas da educação básica em
que se desenvolveram estratégias para minimizar a dicotomia entre a teoria e a prática,
mas não são valorizadas pelos professores do ensino superior. Esse distanciamento entre
a produção de conhecimentos na academia e na escola foi apontada e criticada pelo
educador norte-americano, Ken Zeichner (1998). Acreditando na possibilidade de
relação e de construção conjunta de conhecimentos entre esses profissionais, bem como
de outros agentes da educação, esse trabalho está inserido no projeto de pesquisa “O
Ensino e a Aprendizagem da Álgebra nos anos finais do Ensino Fundamental”,
desenvolvido no âmbito do Programa de Mestrado em Educação da UNIUBE. Esse
projeto caracteriza-se como um projeto de formação e desenvolvimento profissional,
pois conta com professores das escolas municipais da cidade de Uberaba, alunos
regulares e egressos do programa de Mestrado em Educação da Universidade de
Uberaba – UNIUBE, professores do ensino superior e do programa de mestrado desta
instituição, além de alunos de graduação da referida universidade. O projeto encontra-se
registrado no programa Observatório da Educação da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior - OBEDUC/CAPES.
Os resultados insatisfatórios nas avaliações sistêmicas e as experiências em sala
de aula nos levaram a observar que o interesse pela álgebra não tem sido demonstrado
pelos alunos. O que pode ser confirmado tanto pelos quadros de resultados das
avaliações, em que grupos de alunos que se encontram no final do ensino fundamental
apresentam conhecimentos algébricos de estudantes que se encontram no início do
ensino fundamental, como pelos relatos em conversas informais com docentes de
matemática que lecionam esses conteúdos.
Consideramos que isso ocorre, porque os alunos acham esse tópico da matemática
complicado e sem significados, apresentando dificuldades em realizar associações entre
os conteúdos ensinados e tarefas propostas em sala. Outra dificuldade apresentada pelos
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alunos no estudo da álgebra e, em particular, na resolução de problemas envolve a
tradução da linguagem escrita corrente para a linguagem algébrica e vice-versa.
Um dos objetivos ao ensinar Álgebra nas escolas é desenvolver nos alunos o
pensamento algébrico que vai muito além da simples capacidade de manipular
símbolos. O pensamento algébrico inclui a capacidade de lidar com o cálculo algébrico,
com as estruturas matemáticas e saber aplicar tais conhecimentos na interpretação e
resolução de problemas matemáticos ou em outros domínios.
Na busca de promover um ensino e aprendizagem que gere desenvolvimento do
ser humano, de modo que esse também gere aprendizagem, numa perspectiva de relação
dialética entre eles, buscamos fundamentos na teoria histórico-cultural, que é uma
corrente da psicologia fundada pelo psicólogo e pedagogo russo Vigotsky e
desenvolvida junto com outros psicólogos, como Leontiev, Galperin e Davidov.
Apoiamo-nos nas contribuições de Leontiev com a Teoria da Atividade, que considera:
o papel do aluno no processo de aprendizagem, seus motivos, suas necessidades, seu
desenvolvimento na atividade e suas habilidades para o estudo; a característica do
objeto de estudo; os procedimentos a serem utilizados na situação de aprendizagem; os
recursos que se dispõe para a realização da atividade; os resultados previstos; a situação
ou contexto da escola e do aluno; os resultados que foram alcançados, produto da
atividade.
Assim, considerando a necessidade de criar alternativas para a melhoria da
qualidade do ensino de álgebra no nível fundamental, e, considerando, também, as
potencialidades que a abordagem histórico-cultural traz para o campo pedagógico, a
investigação que desenvolvemos é norteada pela seguinte questão: Quais são as
potencialidades da “atividade de estudo” no desenvolvimento do pensamento e da
linguagem algébrica dos alunos dos anos finais do ensino fundamental?
Nesta pesquisa, pretendemos analisar as contribuições resultantes de uma proposta
de atividades de estudo, na perspectiva histórico-cultural, no desenvolvimento do
pensamento e da linguagem algébrica de alunos dos anos finais do ensino fundamental.
As atividades serão desenvolvidas com estudantes de uma instituição federal, colégio de
aplicação da cidade de Uberlândia, no estado de Minas Gerais.
Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders
A abordagem de pesquisa é qualitativa, porque o pesquisador estará inserido em
um contexto, analisando um caso concreto em suas especificidades, a partir da suas
apreensões do objeto de estudo e dos referenciais teóricos nos quais se fundamenta.
Como procedimentos de pesquisa, realizaremos pesquisa bibliográfica e de campo. A
pesquisa de campo consistirá de um experimento de ensino, caracterizado por Libâneo
(2009, p. 3), como: “uma ação docente deliberada de ajudar o aluno a aprender algo, a
desenvolver ações mentais visando dominar e usar conceitos, com o acompanhamento
passo a passo da formação dessas ações mentais”.
Serão analisados os registros dos alunos, as suas falas, os seus diálogos com o
professor e com os colegas, as suas produções, buscando evidências das ações mentais
realizadas pelos alunos que revelem a relação e o desenvolvimento entre pensamento e
linguagem algébricos.
A pesquisa bibliográfica tem nos mostrado que a Teoria da Atividade é um
caminho que abre perspectiva para desenvolver o experimento de ensino com os alunos,
tanto pela consistência de sua fundamentação, como pelos resultados que vem sendo
alcançados por grupos de pesquisadores que a tem utilizado no ensino e aprendizagem
das diversas disciplinas escolares.
Palavras-chave: Ensino Aprendizagem de Álgebra; Atividade de Estudo;
Pensamento e Linguagem Algébrico.
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