Relações interpessoais na escola: diagnóstico e análise em classes “difíceis” no
ensino fundamental II
Relations interpersonnelles dans l’école: le diagnostic et analyse dans des
classes “difficiles” de l’enseignement fondamental II
Adirana Ramos (Unicamp)
Telma Vinha (Unicamp)
Resumo
Trata-se de um estudo descritivo, de caráter exploratório, fundamentado na teoria construtivista, que
teve como objetivo investigar as relações interpessoais entre os alunos e entre os alunos e professores,
os conflitos existentes e analisar as intervenções que a escola utiliza nessas situações.
A amostra foi composta por duas classes do EFII de uma escola pública e de uma escola privada, cujas
equipes pedagógicas tinham relatado haver, em uma das classes, inúmeros problemas de
comportamento e de relacionamento tanto entre os próprios alunos quanto com os professores e com
relação à realização das atividades e obediência às regras. Os participantes foram estudantes do sexto e
do sétimos ano e as respectivas equipes pedagógicas.
Os dados foram coletados de três formas: pela realização de entrevistas (que foram gravadas em áudio e
transcritas) com alunos e integrantes desta equipe; a partir de observações semanais das interações
sociais tanto durante as aulas quanto nos demais momentos da rotina diária dos alunos e dos
professores; pela coleta de materiais, como registro das ocorrências, agendas, fichas de
acompanhamento, planejamentos do professores, atas de reuniões e conselhos de classe.
Após a coleta de dados está sendo realizada uma análise qualitativa que pretende contribuir para
diagnosticar as características mais presentes em determinada classe “difícil”, diferenciando-a de uma
classe indisciplinada e auxiliando com dados mais precisos o planejamento das intervenções feito pelos
educadores da escola. Preliminarmente, a análise dos dados aponta para uma inabilidade dos
educadores ao se depararem com os conflitos interpessoais entre os alunos e com as autoridades; as
sanções utilizadas, além de não contribuírem para a melhoria das relações, muitas vezes corroboram
para situações indesejadas, instaurando um clima na escola que não promove relações de respeito
mútuo, tampouco a equidade, generosidade e reciprocidade. As atividades escolares, em geral, não são
desafiadoras ou significativas, sendo principalmente mecanicistas, promovendo o tédio e o desinteresse,
piorando as situações de indisciplina.
As análises permitiram inferir que ações das escolas investigadas não contribuem para o favorecimento
da auto-regulação dos alunos tanto no aspecto cognitivo quanto moral, favorecendo a manutenção de
altos níveis de heteronomia.
Palavras-chave: classes difíceis, indisciplina, conflitos interpessoais, escola, educação moral
Résumé
Il s’agit d’une étude descriptive exploratoire, fondée sur la théorie constructiviste qui visait à étudier
les relations interpersonnelles entre les élèves et entre les élèves et les enseignants, leurs conflits, et à
examiner les interventions de l’école dans ces situations. L’échantillon se composait de deux classes de
EFII de deux écoles, une publique et autre privée, dont les équipes pédagogiques ont signalé, dans une
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des classes, des nombreux problèmes de comportement et dans les relations entre les élèves et entre
les enseignantes, concernant l’exécution des activités et l’obéissance à des règles.
Les participants étaient des élèves de sixième et de septième années et leurs équipes pédagogiques. Les
données ont été recueillies de trois façons: en effectuant des entretiens (qui ont été enregistrés sur
bande audio et transcrits) auprès des élèves et des membres de ces équipes; à partir des observations
effectuées chaque semaine sur les interactions sociales pendant les cours et à d’autres moments de la
routine quotidienne des élèves et des enseignantes; en collectant des matériels : compte rendu des
événements, emploi du temps, rapports de suivi, plans des enseignantes, actes de réunions et conseils
de classe.
Après la collecte des données, nous sommes en train d’effectuer une analyse qualitative qui vise à aider
à faire le diagnostic des caractéristiques les plus présentes dans une classe “difficile”, en le distinguant
d’une classe indisciplinée et en aidant avec des données plus exactes à la planification des interventions
faites par les enseignants de l’école. L’analyse des données indique l’incapacité des éducateurs
lorsqu’ils sont confrontés à des conflits interpersonnels entre les élèves et avec les autorités; les
sanctions utilisées, en plus de ne pas contribuer à l’amélioration des relations, corroborent souvent les
situations non désirées, en établissant un climat dans l’école qui ni favorise les relations de respect
mutuel ni l’équité, la générosité et la réciprocité. Les activités scolaires, en général, ne sont pas
défiantes ou significatives, elles sont essentiellement mécanicistes, encourageant l'ennui et le
désintérêt, en plus d’une aggravation des situations d’indiscipline.
Les analyses nous permettent de conclure que les actions des écoles enquêtées ne contribuent pas à
l’encouragement de l'autorégulation des élèves dans les domaines cognitif et moral.
Mots-clés: classes difficiles, indiscipline, conflits interpersonnels, école, éducation morale
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