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Veículo: Site Fênix Editora
Seção: Notícias
Data: 20/02/2009
Pág.: www.fenixeditora.com.br
NOTÍCIAS
O que fazer para não perder funcionários
O laboratório Sabin chegou a perder mais de 50 funcionários em um ano para
o setor público, mas reverteu o caso.
Brasília é o paraíso nacional dos chamados “concurseiros”, profissionais cuja
vocação é perseguir editais de concursos do governo. Na capital federal, 40%
da força de trabalho e mais da metade da riqueza gerada estão na máquina
estatal. Para ter ideia do apelo do emprego concursado, a remuneração média
dos servidores é quase o triplo da dos trabalhadores da iniciativa privada, de
acordo com os dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal
(Codeplan). Sem mencionar a sonhada estabilidade. Por isso, a evasão de
profissionais é um problema que as empresas de Brasília e região têm de
enfrentar. O Laboratório Sabin, com faturamento de 80 milhões de reais e 638
funcionários, é um bom exemplo.
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Trabalhar 2008, o Sabin vinha perdendo funcionários para cargos públicos. O
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auge foi em 2005, quando cerca de 50 profissionais trocaram o laboratório por
vagas na administração federal e estadual. O Sabin teve de tomar medidas
urgentes para evitar a evasão. “Eles ? zeram um trabalho que se tornou
referência na cidade”, diz Márcia Garcia, diretora do grupo Labor, consultoria
de recursos humanos de Brasília. Uma dessas medidas começa a vigorar no
mês que vem. Todos os funcionários poderão acessar um sistema online e
simular suas trajetórias profissionais. Eles também vão conhecer as qualidades
exigidas para cada cargo e os cursos que podem fazer para crescer na
empresa. O planejamento de carreira é a principal tacada neste ano em que o
maior empregador de Brasília pretende sacudir o mercado com dois concursos
em saúde. Acostumada ao universo dos editais, Janete Ribeiro Vaz, diretora e
fundadora do laboratório, que trabalhou por sete anos na rede pública, não se
assusta com a possibilidade de perder gente para o mercado. “As chances de
crescimento aqui dentro hoje fazem com que a maioria permaneça conosco.”
A rotatividade caiu de 28%, em 2005, para 8%, em 2008, e o número de
funcionários mais que dobrou no período. Outra atitude, bem simples, que o
Sabin tomou foi orientar os gestores a ficarem de olho em quem está
estudando para concurso e entender o que podem oferecer para segurar esse
pessoal. O laboratório fez ainda uma pesquisa para identificar as prioridades de
carreira de seus funcionários. O item desenvolvimento ficou em primeiro lugar,
seguido por qualidade de vida, remuneração e benefícios e, por último,
estabilidade. Ou seja, um dos maiores ganhos da carreira estatal, aquele que o
Sabin não conseguiria oferecer, não estava entre as maiores ambições dos
funcionários. “Descobrimos que as pessoas estão dispostas a abrir mão da
segurança estatal se tiverem mais perspectivas de crescimento”, diz Marly
Vidal, gerente de RH do laboratório. O Sabin passou a oferecer subsídios de
50% a 80% para cursos de graduação e pós-graduação, à escolha dos
funcionários, e começou a reformular sua grade de treinamentos. Os
investimentos em educação foram multiplicados por quatro, chegando a 2, 1
milhões de reais no ano passado.
Entre os beneficiados está o técnico em laboratório José Garcia de Araújo
Júnior, de 27 anos, que recebeu uma bolsa para pagar metade de seu curso de
farmácia. Em 2006, ele e outros dois funcionários prestaram concurso para o
hospital Sarah Kubitschek e ficaram entre os cinco primeiros colocados. Os
dois colegas mudaram de emprego, com quase o dobro do antigo salário, mas
José decidiu permanecer no Sabin. “Estava no meio da graduação e sabia
que, depois de me formar, teria oportunidades de crescer na empresa.”
A expectativa de José é assumir a função de bioquímico, o que lhe renderá um
aumento de 45%. Mas ele também se prepara para fazer um novo concurso
para uma vaga de meio período na rede estadual de saúde. “Se passar, vou
poder conciliar os dois trabalhos e aumentar minha renda”, diz. Hoje, cinco
funcionários do Sabin batem ponto também na rede pública. A empresa
permite essa combinação, mas orienta seus gestores a oferecer alternativas
para quem pensa em sair.
Aposta de longo prazo
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Os investimentos em desenvolvimento também surtiram efeitos no meio da
pirâmide. Em três anos, a rotatividade média em cargos de liderança caiu de
8% para 3%. Hoje, dos 70 gestores da empresa, 24 recebem bolsas de estudo.
Com 15 anos de casa, a gerente técnico-hospitalar Maria Aparecida Satyro, de
39 anos, já fez duas especializações e hoje cursa um MBA em gestão
empresarial na Fundação Getulio Vargas (FGV), pago integralmente pela
empresa. Em 15 anos de Sabin, Aparecida já passou em três concursos, mas
optou por ? car. “Aqui a gente investe na carreira e no aprendizado no longo
prazo”. A gerente acompanhou o processo de modernização do laboratório e
participou da implantação de equipamentos e metodologias. A escolha dela
também valeu a pena do ponto de vista financeiro. Seu salário foi multiplicado
por dez e hoje Aparecida coordena as operações de oito unidades do
laboratório e lidera uma equipe de 130 pessoas. “A carreira estatal é achatada”,
diz Nelson Marconi, professor da FGV e especialista em gestão pública. “Entrase com uma boa remuneração, mas o crescimento é lento e limitado.”
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