(51)3218-4351
Editor: Ticiano Osório
[email protected]
(51)3218-4755
Editor: Pedro Moreira
[email protected]
“ Quem conheceu a alegria da
compreensão conquistou um
amigo infalível para a vida. O
pensar é, para o homem, o que
o voar é para os pássaros. Não
toma como exemplo a galinha
quando podes ser a cotovia.
Para os estudantes do Colégio
Anchieta, Brasil”
Entre os
documentos
encontrados
estava foto
do cientista,
tirada por
fotógrafo de
celebridades
REPRODUÇÕES
A CARTA
ASSINATURA N
HISTÓRIA | GENIALIDADE PELO CORREIO
Assinado, Albert Einstein
BIÓGRAFO DO AUTOR da Teoria da Relatividade acredita que carta encontrada no Colégio Anchieta
é autêntica. Físico recebia correspondências de crianças de todo o mundo e costumava respondê-las
ITAMAR MELO
[email protected]
O
britânico Trevor Lipscombe,
um dos principais biógrafos
de Albert Einstein (18791955), acredita que uma carta encontrada no Colégio
Anchieta e atribuída ao físico alemão
é autêntica. O documento, dirigido aos
alunos da escola de Porto Alegre e datado de 1951, foi encontrado dias atrás,
em um cofre da instituição de ensino.
Diretor da editora da Catholic
University of America e coautor de
Albert Einstein: A Biography, Lipscombe analisou uma imagem da correspondência a pedido de Zero Hora.
Segundo ele, há vários elementos que
sugerem a autenticidade:
– Há boas razões para acreditar
que a carta é genuína. As cartas de
Einstein eram certamente datilografas e, pela imagem enviada, a assinatura parece ser a dele. Mas talvez
o mais importante é que Einstein
recebia muitas cartas de crianças
de todo o mundo e com frequência
achava tempo para respondê-las.
Segundo o acadêmico, essa disponibilidade era especialmente verdadeira durante os anos em que o
Prêmio Nobel de Física viveu em
Princeton, nos Estados Unidos – o
que seria o caso da missiva conservada no Colégio Anchieta. O biógrafo afirma ainda que o conteúdo é
típico de Einstein:
– A adorável frase “não siga o
exemplo da galinha quando você
pode ser a cotovia” tem a ludicidade
que se acha com frequência nas cartas de Einstein aos jovens.
MENSAGEM SEMELHANTE
É OFERECIDA POR R$ 24 MIL
A correspondência entre o criador
da Teoria da Relatividade e crianças
de todo o mundo era tão frequente
que há até livros a reuni-la. Uma coletânea, Dear Professor Einstein (editada
em Portugal como Querido Professor
Einstein), organizada por Alice Calaprice, conta com um prefácio de Evelyn Einstein, neta do físico, que explica
a importância que ele dava a esse contato com os estudantes: “Esta coleção
é uma bela demonstração da estima
que as crianças tinham por meu avô
e da sua disposição para responder a
algumas delas, embora ele fosse mais
ocupado do que a maioria das pessoas.
Ele respeitava as crianças e gostava da
sua curiosidade e criatividade e, portanto, não queria ignorá-las. É claro
para mim que, ao contrário da maioria das cartas de celebridades de hoje,
são mesmo palavras dele nas cartas”,
escreveu Evelyn.
Cartas de Einstein são um item
bastante valorizado por colecionadores. Uma delas, manuscrita, datada de 1954 e abordando visões
do cientista sobre a religião, foi arrematada em leilão por US$ 3 milhões há pouco mais de dois anos.
Em sites, é possível encontrar várias
dessas missivas à venda, pelos mais
variados preços. Uma delas, com características similares às da que está
em posse do Anchieta (uma página datilografada e assinada) é oferecida pelo
equivalente a R$ 24 mil.
22
Esquecida
em um cofre
por décadas
RTA
O QUE DIZ A CA
ADRÃO
ASSINATURA P
ZERO HORA
SÁBADO,
23 DE MAIO DE 2015
A carta escrita por Einstein aos
alunos do Colégio Anchieta permaneceu esquecida por um longo período, dentro de um cofre com documentos antigos, no centro esportivo
da instituição. Uma conversa despretensiosa desencadeou o seu resgate.
Durante um encontro com colegas,
o diretor João Claudio Rhoden, que
foi aluno quatro décadas atrás, lembrou-se de que no passado se falava
na existência do documento.
A partir dali, iniciou-se a busca,
motivada pela comemoração dos
125 anos do Anchieta. No começo
do mês, a carta foi achada. Consistia
de uma folha datilografada em alemão, com a assinatura manuscrita
de Einstein. No mesmo envelope,
foi encontrada uma foto do cientista.
No verso, havia o selo de um fotógrafo radicado em Nova York, Marcel
Sternberger, conhecido por retratar
celebridades como Franklin Roosevelt, George Bernard Shaw, Sigmund
Freud e o próprio Einstein.
– Há coisas que ficam tão bem
guardadas que são esquecidas. Na
comemoração dos nossos 125 anos,
tivemos essa luz, e isso contagiou
a comunidade – diz Dário Schneider, coordenador de unidade
de Educação Infantil ao 5º ano do
Ensino Fundamental.
Pesquisando arquivos, a direção
do Anchieta descobriu que o documento foi trazido em mãos pelo
jesuíta Gaspar Dutra, um ex-professor. Ele morou nos Estados Unidos,
onde conheceu Einstein e pediu a
mensagem. Depois da descoberta, a
escola contratou a perita em grafoscopia Liane Pereira para certificarse de que a carta era verdadeira. O
primeiro passo da especialista foi
buscar os chamados padrões – outros documentos com a caligrafia e
a assinatura do físico alemão. Liane
encontrou esse material em arquivos digitalizados. Também obteve,
junto à Fundação Osvaldo Cruz, a
imagem de uma assinatura feita por
Einstein em visita ao Brasil. Depois
de analisar o papel e a tinta, a perita
fez a comparação entre os padrões
e a caligrafia na folha encontrada
na escola gaúcha.
O principal é a gênese gráfica. Nossa
letra é única, como uma impressão
digital. Comparei a inclinação, a
proporcionalidade e a velocidade e
houve convergência. Não há dúvida
de que a carta é de Einstein.
LIANE PEREIRA
Perita em grafoscopia
Download

reading - Catholic University in the Media