UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
RÉGIS SILVA CARDOSO
CANTEIROS SUSTENTÁVEIS: UMA ANÁLISE QUALITATIVA DOS IMPACTOS
DE IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO
FORTALEZA
2011
ii
RÉGIS SILVA CARDOSO
CANTEIROS SUSTENTÁVEIS: UMA ANÁLISE QUALITATIVA DOS IMPACTOS
DE IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO
Monografia submetida à Coordenação do Curso
de Engenharia Civil da Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do
grau de Engenheiro Civil.
Orientador: Prof. Alexandre Araújo Bertini, Dr.
FORTALEZA
2011
iii
iv
RÉGIS SILVA CARDOSO
CANTEIROS SUSTENTÁVEIS: UMA ANÁLISE QUALITATIVA DOS IMPACTOS
DE IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO
Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil, da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Aprovada em ____/____/_____
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Prof. Alexandre Araújo Bertini, D.Sc. (Orientador)
Universidade Federal do Ceará - UFC
_______________________________________________________
Eng. Raimundo Soares Rezende Neto
Cameron Construtora
________________________________________________________
Engª. Geórgia Morais Jereissati, M.Sc.
Universidade Federal do Ceará - UFC
v
Dedico este trabalho à minha noiva Rafaela.
vi
AGRADECIMENTOS
À DEUS por tudo e em especial pelas oportunidades que me foram dadas na vida.
À minha noiva Rafaela pelo incentivo e apoio durante todo o curso e ao longo da
realização deste trabalho.
Aos queridos Demontieux, Mônica, Neila e Estélio da Ponte pelo incentivo e confiança.
Aos meus pais, Valdir e Célia, que se sacrificaram para educar com sucesso a mim e aos
meus irmãos.
Ao professor Alexandre Bertini por sua valorosa colaboração neste trabalho.
Ao professor Aldo Oliveira por fazer parte da banca examinadora.
A todos os professores da Engenharia Civil (UFC) pelas contribuições na minha formação
técnico-profissional.
Aos colegas de faculdade pelo auxílio nos estudos, pela amizade, sucessos e angústias que
partilhamos durante o curso de engenharia.
Aos engenheiros civis Eduardo Aragão, Daniel Farney e Rezende Neto pelos exemplos de
dedicação à profissão e companheirismo.
À Cameron Construtora pela oportunidade de estágio durante quase todo o curso.
E aos demais que, de alguma forma, contribuíram na elaboração desta monografia.
vii
RESUMO
Do ponto de vista ambiental a indústria da construção civil provoca grandes impactos,
demanda insumos não renováveis e é, reconhecidamente, geradora de desperdícios e
perdas. A partir de uma análise superficial deste panorama verifica-se a necessidade de
desenvolvimento de tecnologias e práticas sustentáveis. Diante disto, este trabalho busca
estudar a implantação de canteiros de obras sustentáveis, bem como seus impactos em seu
entorno e a viabilidade em empreendimentos de construção civil. Para tanto, vislumbra-se
também, com esta pesquisa, realizar uma discussão acerca dos selos de certificação
ambiental, mas especificamente o Leadership in Energy and Environmental Design
(LEED), que trazem uma padronização de procedimentos a ser observada desde a
concepção do projeto à ocupação racional do edifício, visando à mitigação dos impactos
inerentes a atividade. Foram realizadas visitas em empreendimentos de construção civil de
duas construtoras em Fortaleza, sendo uma delas pré-certificada pelo selo LEED-CS, onde
foram realizadas entrevistas com os técnicos responsáveis pela implantação e operação do
sistema da qualidade ambiental. Nesta oportunidade foram relatadas as dificuldades
enfrentadas assim como os benefícios decorrentes para a construtora e para o entorno da
obra da certificação “verde”. Analisando as referências bibliográficas, verifica-se que há
consciência dos profissionais da área quanto à importância da sustentabilidade, porém a
efetivação de práticas sustentáveis ainda é pequena; há certa resistência do setor na
absorção de novos instrumentos de gestão, principalmente os que não incrementam de
imediato as margens de lucro. Os estudos realizados aqui apontam a necessidade de adoção
de práticas sustentáveis simples visando a gestão racional de resíduos da construção civil e
de redução dos impactos ambientais. Ao final foram analisadas as principais diferenças
entre os canteiros de obra convencional e sustentável, em seguida é proposto um esboço de
projeto de canteiro para a obra convencional visitada.
Palavras chaves: Sustentabilidade, canteiro de obra, certificação.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1 - Lava rodas implantado na obra de reforma do estádio Castelão - Fortaleza-CE.
............................................................................................................................................. 42
Figura 4.2 - Acondicionamento inicial dos RCC – (PINI, 2011). ....................................... 43
Figura 5.1 - Aproveitamento das alvenarias e tubulações hidrossanitárias definitivas no
canteiro de obras. ................................................................................................................. 49
Figura 5.2 - Utilização de telhas ecológicas mescladas com translúcidas em escritórios e
banheiros.............................................................................................................................. 50
Figura 5.3 - Planta baixa do vestiários e banheiro coletivo - sem escala. ........................... 51
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 4-1 - Números da economia do Nordeste. ............................................................... 27
Tabela 4-2 - Números da economia do Estado do Ceará. ................................................... 27
Tabela 4-3 - Valores das perdas de materiais por entulho no Reino Unido, baseadas no
estudo de 114 canteiros de obras. ........................................................................................ 28
Tabela 4-4 - Indicadores de perdas de materiais determinados na pesquisa Finep/Senai para
materiais na obra.................................................................................................................. 29
Tabela 4-5 - Indicadores de perdas de materiais determinados na pesquisa Finep/Senai para
o cimento na execução de emboço interno e extreno em contrapiso................................... 29
Tabela 4-6 - Indicadores de perdas de materiais determinados na pesquisa Finep/Senais
para materiais simples utilizados em outros serviços. ......................................................... 30
Tabela 4-7 - Dispositivos de coleta utilizados no sistema de gerenciamento de resíduos (Sinduscon-SP, 2005). ......................................................................................................... 31
Tabela 4-8 - Formas de acondicionamento inicial para diferentes tipos de RCC (SindusconSP, 2005). ............................................................................................................................ 32
Tabela 4-9 - Formas de acondicionamento final para diferentes tipos de RCC (SindusconSP, 2005). ............................................................................................................................ 32
Tabela 4-10 - Dimensionamento das instalações hidrossanitárias em canteiros de obras
(Adaptado de NR-18, 2011). ............................................................................................... 36
Tabela 4-11 - Localização das áreas operacionais e de vivência no canteiro de obras da
Construtora A. ..................................................................................................................... 39
Tabela 4-12 - Alimentação da central de argamassa no canteiro de obra da Construtora A.
............................................................................................................................................. 39
Tabela 5-1 - Matriz comparativa entre os canteiros de obra convencional e sustentável. .. 46
x
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ viii
LISTA DE TABELAS.......................................................................................................... ix
1
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11
1.1 Justificativa ........................................................................................................... 13
1.2 Objetivos ............................................................................................................... 13
1.2.1
Objetivo geral ................................................................................................ 13
1.2.2
Objetivos específicos ..................................................................................... 14
1.3 Limitação da Pesquisa........................................................................................... 14
1.4 Estrutura do trabalho ............................................................................................. 15
2
METODOLOGIA ........................................................................................................ 17
3
SUSTENTABILIDADE APLICADA À CONSTRUÇÃO CIVIL ............................. 19
3.1 Sustentabilidade e as certificações ........................................................................ 19
4
PROJETO DO CANTEIRO DE OBRA ...................................................................... 26
4.1 Estudo de caso: comparativo entre canteiro de obra convencional e sustentável . 38
5
RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................... 46
6
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................... 54
ANEXOS ............................................................................................................................. 57
ANEXO A ....................................................................................................................... 58
ANEXO B........................................................................................................................ 59
ANEXO C........................................................................................................................ 60
ANEXO C........................................................................................................................ 61
ANEXO D ....................................................................................................................... 62
11
1 INTRODUÇÃO
A economia brasileira vem passando por um período de expansão nos últimos
anos e a indústria da construção tem seguido esta tendência. Após duas décadas de baixo
crescimento e relativa estagnação, verifica-se que com a estabilidade da economia,
controle da inflação, investimentos públicos, incremento e facilidade do crédito, dentre
outros pontos, possibilitaram a promoção deste quadro atual de crescimento no setor.
Alguns dados do setor podem ilustrar o crescimento deste cenário econômico,
como por exemplo, o incremento no número de empregos formais. Segundo Gomes
(2010), no ano de 2010 foram gerados 2.555.421 novos postos de trabalho na economia
brasileira, um aumento superior a 150% em relação ao ano anterior, sendo a construção
civil responsável por 13,1% deste total.
Este aquecimento da atividade vem demandando uma readaptação do setor
produtivo nos mais diversos aspectos. A demanda por mão de obra, em quantidade e
qualidade, por insumos e por novas tecnologias são fatores que ilustram esse panorama.
A construção civil no Brasil vem se utilizando de métodos construtivos com
baixa tecnologia cuja qualidade é, quase sempre,
dependente
das
habilidades
do
operário, ou seja, os processos construtivos têm sido impactados por um fator significativo
de manufatura e todas as dificuldades inerentes a tal característica.
Do ponto de vista ambiental, a indústria da construção civil provoca grandes
impactos, demanda insumos não renováveis e é, reconhecidamente, geradora de
desperdícios e perdas, tendo destaque as construções em áreas urbanas. Segundo Braga et
al. (2005 apud Carvalho et al. 2007), “a poluição se manifesta tanto nas formas gasosa,
líquida e sólida e é sob forma desta última que se verificam os principais problemas devido
às grandes quantidades geradas e à sua difícil movimentação, já que diferentemente das
outras esta não possui mobilidade própria”. Verifica-se, portanto, que o setor tem desafios
importantes no combate à geração dos chamados Resíduos da Construção Civil – RCC. De
acordo com a resolução nº 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA –os RCC são definidos como:
“Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação
e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em
geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados,
forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos,
12
tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras,
caliça ou metralha.”
Na contemporaneidade, o apelo pela sustentabilidade das atividades antrópicas
vem crescendo e o setor destaca-se por ter grande potencial de melhorias na busca pela
redução dos danos ambientais causados. Novos modelos de gestão, tecnologias e melhorias
na conscientização ambiental são demandas destes novos tempos.
Em virtude das elevadas taxas de crescimento do setor e das peculiaridades
supracitadas, surge a preocupação quanto à sustentabilidade da atividade, haja vista que em
uma análise superficial verifica-se que esta realidade ruma para um caminho preocupante.
Gehlen (2008) defende que dentre as etapas de um empreendimento, a
execução deve ser foco das construtoras na busca por sucesso em suas responsabilidades
sociais, ambientais, econômicas e culturais, que resultam na sustentabilidade aplicada nos
canteiros de obras.
É nesta esfera de busca pela sustentabilidade ambiental, na atividade, que
aparecem os selos de certificação ambiental. Destacam-se assim os seguintes: Leadership
in Energy and Environmental Design (LEED), Alta Qualidade Ambiental (AQUA) e o
Organização Internacional de Normatização 14.000 (ISO-14.000).
Tem-se apresentado, nesta última década, um número crescente de
empreendimentos buscando tais certificações. Os “selos verdes” têm papel importante no
sentido de parametrizar as ações para a redução dos impactos ambientais, melhoria no
rendimento de materiais, redução do consumo de energia e água, e melhor inserção do
edifício com relação ao seu entorno, dentre outras.
Assim, este estudo busca identificar instrumentos, tecnologias, metodologias e
sistemas prático-gerenciais que visem mitigar os impactos desta atividade econômica e que
observem a sustentabilidade em canteiros de obras. Neste cerne, surge como ponto chave
deste estudo o conceito de sustentabilidade aplicado à construção.
A concepção de um canteiro que alie um rendimento ótimo no uso de
materiais, à produtividade e qualidade da mão de obra, que observe o bem estar dos
operários e que reduza os impactos ambientais são exemplos de ações que convergem para
a filosofia de um canteiro sustentável.
Consoante a esta perspectiva, um projeto de canteiros de obras deve observar a
dinâmica dos serviços; picos de consumo de materiais; locais adequados para
armazenamento; redução dos tempos, distâncias de transporte, de geração de resíduos e no
13
consumo de água e energia; além de promover um processo de conscientização e educação
dos operários.
1.1 Justificativa
Verificando-se que, ainda que esteja em crescimento, o número de empresas e
empreendimentos a submeterem-se às certificações ambientais, trata-se de algo ainda
pontual. No decorrer dos estudos verificou-se que algumas peculiaridades do setor podem
ser fatores que dificultam a adoção de novas práticas, principalmente as que não
evidenciam de forma clara e direta os benefícios econômicos à curto prazo para o
empreendedor. Visando este apelo econômico pretende-se evidenciar dados sobre a
viabilidade técnica, econômica e financeira de práticas sustentáveis. Portanto, busca-se,
ainda, destacar pontos de simples compreensão dentro dos parâmetros dos “selos verdes”
que possam ser difundidos no mercado para o bem da prática sustentável.
Diante disto, a implantação de canteiros de obras considerados sustentáveis,
bem como seus impactos relativos ao seu entorno e a viabilidade de aplicação em
empreendimentos de construção civil, é abordada no decorrer do presente estudo. A
concepção do projeto de canteiro e gerenciamento das atividades realizadas em suas
dependências são itens importantes no tocante à minimização dos transtornos causados
durante a obra, ao bem estar dos operários e ao seu entorno.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
Analisar de forma qualitativa os impactos ambientais, para a sociedade em
geral e para os empreendimentos de construção civil, da implantação de práticas
sustentáveis em canteiros de obras.
14
1.2.2 Objetivos específicos
Estabelecer práticas no cotidiano das atividades dos canteiros de obras que
visam à sustentabilidade na construção de edifícios;
Levantar, a partir do comparativo entre as obras visitadas, instrumentos que
podem ser executados nos canteiros de obra visando à mitigação dos impactos da
construção;
Esboçar um projeto de canteiro de obra sustentável para a obra visitada que não
tem certificação ambiental.
Esta pesquisa busca apontar a aplicação dos preceitos de fácil assimilação da
sustentabilidade a um canteiro de obra da construção civil não certificado com selo verde,
de modo a introduzir uma nova realidade que está sendo implementada em países
desenvolvidos e em empreendimentos brasileiros certificados.
1.3 Limitação da Pesquisa
Este trabalho acadêmico apresenta limitações que devem ser ressaltadas, uma
vez que o mesmo foi desenvolvido em um contexto que permite o alcance dos objetivos
anteriormente estabelecidos, caracteriza os resultados obtidos e os torna válidos
cientificamente para este escopo limitado.
Este estudo apresenta uma discussão acerca do cenário atual desta atividade
econômica no Brasil, com destaque para a cidade de Fortaleza-CE, assim como as
perspectivas no tocante à sustentabilidade do setor, à geração de impactos ambientais, à
legislação específica, bem como os conceitos aplicados aos canteiros de obras. Também
será apresentada a caracterização dos resíduos gerados pela construção civil e que
destinações finais são possíveis tendo em vista a tecnologia atual disponível para tal.
É foco deste estudo as obras de edifícios residenciais ou comerciais situadas
em regiões urbanizadas, com estrutura em concreto armado e revestimentos interno e
externo argamassados e placas cerâmicas.
De forma a vislumbrar a realidade de duas construtoras locais, foram realizadas
visitas às construtoras situadas em Fortaleza, que doravante serão reportadas como
“Construtora A” e “Construtora B”.
15
A primeira é certificada apenas com os selos de qualidade de gestão de
processos ISO-9001/2008 e PBQPH, ambos com nível A. Aqui não serão aprofundados
tais selos, uma vez que não se trata do foco deste trabalho. Com relação à segunda
construtora, além das duas certificações supracitadas, a obra da Construtora B também é
pré-certificada pelo selo LEED, tipo Core and Shell – LEED-CS (envoltórias e áreas
comuns), nível Prata ou Silver, versão 3.
Devido às limitações impostas pela “Construtora B”, que visam à proteção
comercial de suas estratégias, não foram autorizados o registro de fotografias, filmagens ou
gravação de entrevistas. Assim serão expostos, neste trabalho, apenas os tópicos tratados
durante as visitas e seu conteúdo de forma a ilustrar soluções para a mitigação de impactos
ambientais causados pela atividade da construção civil. Além disto, estão apresentadas
algumas fotos que ilustram alguns dos itens exigidos pela certificação LEED, que será
analisada neste estudo, capturadas ou oriundas da pesquisa bibliográfica.
Não se teve acesso à documentação oficial utilizada pelo conselho certificador
em estudo uma vez que este acesso é permitido apenas aos membros da entidade. Todavia,
foram realizadas pesquisas no site oficial do Green Building Council Brasil, (GBCB), que
traz um checklist para certificação LEED-CS (Anexo A), contendo a pontuação para
avaliação de projetos e permitiu o conhecimento dos quesitos avaliados neste tipo de
certificação.
1.4 Estrutura do trabalho
O conteúdo deste estudo fora dividido de forma a dinamizar a leitura e
sistematizar sua compreensão. Assim, este trabalho está dividido em seis capítulos, dos
quais o primeiro é esta introdução, que apresenta a contextualização da temática, traz um
apanhado geral acerca do desenvolvimento do estudo além de explicitar esta estruturação.
O capítulo 2 apresenta a metodologia utilizada para o desenvolvimento da
pesquisa de modo a contemplar os objetivos pré-estabelecidos, estruturando-a de modo a
permitir a elaboração dos resultados.
O terceiro capítulo expõe os conceitos de sustentabilidade, de canteiro de obras
sustentável, além de apresentar um panorama acerca dos selos de certificação ambientais
mais difundidos no mercado mundial, nacional e regional. São apresentados e discutidos os
dados, levantados em visitas técnicas a um empreendimento convencional e outro pré-
16
certificado pelo selo LEED-CS na cidade de Fortaleza, as entrevistas realizadas com os
responsáveis técnicos pelo assunto na Construtora B e na obra.
Os dados obtidos nas referências consultadas sobre o selo LEED e nas visitas
foram tabulados e, assim, realizado um estudo comparativo com relação às obras
convencionais observando que impactos ambientais são minimizados ou mitigados em
obras certificadas. Tendo em vista que as obras certificadas com os selos verdes em
Fortaleza são uma minoria e que a construção civil apresenta um potencial de impactos
ambientais passíveis de redução ou eliminação, é que em seguida são discutidos quais das
práticas são de simples implementação em obras convencionais.
O capítulo 4 aborda a temática do projeto de canteiro de obras, aponta questões
que podem ser racionalizadas durante o processo de concepção do projeto do canteiro,
operação e manutenção do mesmo visando a otimização dos recursos empregados, redução
de perdas, adequação às normas e legislação específica, planejamento das atividades
inerentes ao cotidiano da obra, dimensionamento das áreas de vivência. Ainda neste
capítulo será abordada a importância das instalações e equipamentos de modo a minimizar
o consumo de energia e água. Além disso, avalia-se que o canteiro pode proporcionar o
bem estar dos operários e a minimização dos transtornos à vizinhança.
O capítulo 5, em linhas gerais, apresenta os resultados e discussões sobre o
esboço de um projeto de canteiro de obra sustentável para a obra da Construtora A.
O sexto e último capítulo traz as conclusões e considerações finais acerca da
temática, destacando recomendações que são julgadas necessárias para a colaboração com
a academia e a sociedade.
17
2 METODOLOGIA
Neste capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados,
bem como a descrição dos mesmos, como forma de explicitar o desenvolvimento desta
pesquisa.
Para o desenvolvimento deste estudo a metodologia procedeu-se em etapas, a
saber:
a) Revisão bibliográfica;
b) Elaboração de questionário para entrevistas;
c) Seleção das construtoras e obras a serem visitadas;
d) Entrevista com a Engenheira da Qualidade1 da Construtora B;
e) Entrevista com o gerente técnico da Construtora B;
f) Visita à Construtora A;
g) Tabulação de dados;
h) Elaboração de projeto de canteiro de obra sustentável para a obra da Construtora A.
Desta forma o passo inicial deu-se a partir de uma pesquisa bibliográfica em
revistas, web sites, jornais, livros, boletins técnicos, artigos científicos e normas técnicas
voltadas à construção civil, mais especificamente as temáticas de canteiro sustentável,
redução de perdas em canteiros e legislações pertinentes.
Procurou-se estabelecer algumas discussões sobre a indústria da construção
civil e, assim, compará-la com as indústrias seriadas, ressaltando sua importância
econômica e social, bem como acerca dos impactos ambientais gerados pela atividade e
suas respectivas formas de atenuação.
Em seguida focou-se nos estudos acerca da literatura existente sobre conceitos
de sustentabilidade, construção sustentável, canteiro de obras sustentável e suas
ferramentas e metodologias que são aplicáveis na construção e operação de edifícios,
sobretudo os residenciais.
Posteriormente, ampliando-se a coleta de dados, realizaram-se investigações
obtendo-se uma análise de dados sócios econômicos referentes à indústria da construção,
conforme algumas entidades do setor e outras instituições de pesquisa econômica, de
1
Engenheiro(a) de qualidade é o cargo da ocupado por um engenheiro(a) civil ou de produção responsável
por gerir e representar a diretoria da empresa no sistema de qualidade em questão – Construtora B.
18
forma a posicionar esta atividade e ilustrar sua importância na economia brasileira e
regional e sua respectiva influência na sociedade.
O passo seguinte foi a realização de uma pesquisa no mercado local com
relação a empresas que possuíssem um selo de certificação com o viés da construção
sustentável. Este procedimento foi impulsionado pelo desejo de vislumbrar, na prática, que
instrumentos gerenciais são sugeridos pelos selos verdes no tocante às atividades
desenvolvidas no canteiro de obra.
Esta pesquisa apontou para uma construtora em Fortaleza, com um
empreendimento com pré-certificação do selo LEED, neste estudo intitulada como
Construtora B. Nesta empresa foram realizadas entrevistas com a Engenheira da
Qualidade, no canteiro de obra, e com o gerente técnico, no escritório da empresa. Os
questionários foram elaborados com o intuito de buscar informações sobre as dificuldades
encontradas na adoção da certificação, sobre a influência da certificação sobre os operários
e vice-versa, sobre ferramentas gerenciais de fácil assimilação em obras não certificadas,
sobre o impacto da certificação sobre o entorno da obra e, finalmente, visando estabelecer
alguma relação entre a certificação ambiental e o preço de venda do imóvel.
Como já fora relatado, a Construtora B impôs condições de proteção comercial
de suas práticas de forma que não foi possível a captura de fotografias, vídeos ou mesmo a
gravação da entrevista. Portanto, os relatos aqui registrados são oriundos de anotações e
síntese das ideias gerais tratadas. As figuras utilizadas ilustram alguns dos itens exigidos
pela certificação LEED foram capturadas em outras obras ou na pesquisa bibliográfica.
A pesquisa teve continuidade com a visita a outro canteiro de obra na
Construtora A, de forma a possibilitar um comparativo entre as obras em questão e
identificar as potencialidades de melhorias, com relação à redução de impactos ambientais,
gestão de resíduos, saúde ocupacional e bem estar de operários, enfim sustentabilidade.
Com o conhecimento das duas realidades e de acordo com a bibliografia
consultada, foram tabulados alguns dados qualitativos visando identificar instrumentos de
gestão e controle das atividades desenvolvidas no planejamento e no cotidiano do canteiro,
de modo a racionalizar e minimizar os impactos inerentes.
Finalizando o percurso metodológico foi elaborado um projeto para o canteiro
de obra da Construtora A, observando o fluxo dos processos construtivos e demais
atividades realizadas no canteiro de obra.
19
3 SUSTENTABILIDADE APLICADA À CONSTRUÇÃO CIVIL
Este capítulo traz uma abordagem sobre os conceitos de sustentabilidade e suas
diretrizes, bem como suas aplicações à construção civil, mais especificamente, ao que se
refere aos canteiros de obra. Aborda ainda as visitas realizadas às obras das construtoras A
e B.
Na visita a Construtora B, além da análise do canteiro de obra, realizou-se
também uma visita ao escritório de administração da empresa. Das entrevistas dos
profissionais desta empresa foram levantadas informações sobre as experiências regionais
pioneiras na adoção deste tipo de certificação.
Em seguida são apresentadas as características dos diferentes selos de
certificação para “green buildings”. Foram registrados alguns pontos importantes sobre a
certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e sua influência nas
atividades de gestão e operação do canteiro de obras.
Do que foi disposto verifica-se que a indústria da construção civil demanda
insumos que são recursos naturais não renováveis e é tida como grande geradora de
resíduos e desperdício. Em uma análise superficial verifica-se que este panorama não é
sustentável. A origem do termo sustentabilidade surgiu exatamente da preocupação com o
futuro produtivo das gerações posteriores (GEHLEN, 2008).
3.1 Sustentabilidade e as certificações
Gehlen (2008, p.22) destaca que “o termo sustentabilidade tem suas origens na
década de 1960, quando o movimento ambientalista se fortaleceu” e a definição mais
difundida é oriunda do Relatório Brundtland de 1987. Tal documento, resultado de estudos
e debates promovidos pela World Commission on Environment and Development, defende
que a economia não pode ser discutida sem os aspectos concernentes ao meio ambiente,
uma vez que desastres ambientais podem causar recessões e outros impactos econômicos.
Com isto posto, surgiu então o conceito de desenvolvimento sustentável, que
passou a ser tido como “aquele que atende às necessidades da geração atual sem
comprometer as necessidades das gerações futuras” (BRUNDTLAND, 1987 apud
GEHLEN, 2008).
20
Silva (2003) afirma que a questão da sustentabilidade é a tentativa de conciliar
o que é socialmente desejável, economicamente viável e ecologicamente sustentável.
Para Smeraldi (2004, apud GEHLEN, 2008), “a sustentabilidade deve ser algo
dinâmico, procurando a melhoria contínua, de forma que os limites devem ser cada vez
mais restritivos”. Para tanto a tecnologia aparece com função importante na busca por
processos com rendimentos cada vez melhores.
Em outras palavras a sustentabilidade é um conceito que preconiza uma
produção racional, visando garantias futuras de produção com qualidade ambiental
compatível.
Assim, a sustentabilidade na construção civil pode ser abordada em três níveis:
construções atentas ao meio ambiente, construções sustentáveis e vida sustentável.
(ROVERS, 2003 apud GEHLEN, 2008). De maneira geral, o primeiro nível trata da
construção em si e as considerações que nela são feitas com relação à redução de impactos
ambientais causados por ela, redução do consumo de energia, água e materiais.
No tocante ao segundo nível, as construções sustentáveis devem atender todos
os aspectos da construção com a adição de cuidados com o meio ambiente, ou seja, fauna,
flora, infraestrutura, qualidade do ar e projeto urbanístico. O terceiro nível traz
considerações sobre o cotidiano de operação do edifício com melhoria do bem-estar geral.
Diante destas considerações sobre a sustentabilidade surgiu a necessidade de
parametrizar as diretrizes da causa. O mesmo ocorreu com as filosofias de gestão
empresarial, de gestão de processos e responsabilidade sociais das empresas. Desta forma,
surgem os selos de certificação, ferramentas que permitem registrar um reconhecimento de
um organismo, colegiado ou conselho.
Em 1946 a Organização Internacional de Normatização (ISO) foi criada, com a
função de elaborar normas internacionais de fabricação, comercialização e comunicação
para todos os tipos de indústria e comércio. A série de normas ISO 9000 objetivam a
padronização de um modelo de gestão que garanta a melhoria qualitativa dos processos,
cuja ideia central é a da melhoria contínua (ISO, 2008 apud GEHLEN, 2008).
Em 1992, a ISO foi convidada para Conferência sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Rio-92). Nesta ocasião foi constatado que vários países vinham
desenvolvendo suas próprias leis de cunho ambiental impulsionadas pelas tragédias
ambientais de anos anteriores. Percebeu-se então a demanda por padronizar o
comportamento das atividades econômicas de forma a observar a sustentabilidade destas.
21
Este foi o ponto inicial da ISO-14.000, criada em 1996. “A norma estabelece ferramentas
focadas nos processos de produção [...] em relação aos efeitos ou externalidades destes no
meio ambiente” (GEHLEN, 2008).
Este panorama vem estabelecendo uma crescente aceitação dos países pelas
certificações e o status que elas proporcionam. É neste contexto, mas especificamente em
1996, que o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H) foi
desenvolvido no Brasil pelo Governo Federal para buscar a aplicabilidade da ISO 9001 no
país. O Programa envolve algumas ações com o intuito de, dentre outros, atingir alguns
objetivos, como, por exemplo: melhoria de materiais, formação e requalificação de mão de
obra, normatização técnica, avaliar técnicas inovadoras, promover a comunicação
intersetorial e com os consumidores visando ao longo prazo reduzir à níveis mínimos o
déficit habitacional no país. De forma sucinta, o programa objetiva “organizar o setor da
construção civil em torno de duas questões principais: a melhoria da qualidade do habitat e
a modernização produtiva.” (PBQP-H, 2011).
Atualmente os dois principais selos de avaliação de edifícios mais difundidos
no Brasil são o AQUA (Alta Qualidade Ambiental) e o LEED. De acordo com Cardoso
(apud GEHLEN, 2008) o AQUA “é um processo de gestão de projeto visando obter a
qualidade ambiental de um empreendimento novo ou reabilitação”.
A experiência vivenciada nesta pesquisa, a partir da visita à obra da construtora
B, possibilitou a análise de uma pré-certificação LEED e que, portanto, merece um maior
destaque por se tratar do edifício residencial pioneiro em Fortaleza a conseguir este status.
O selo LEED, segundo o GBCB (2011) é “o sistema de certificação e
orientação ambiental de edificações [...], sendo o selo de maior reconhecimento
internacional e mais utilizado em todo o mundo, inclusive no Brasil”.
Para requerer a certificação um empreendimento deve buscar encaixar-se em
um tipo de certificação e submeter-se à análise de critérios, checklist, estipulado para cada
um destes tipos. A pontuação obtida no checklist aponta para qual dos níveis disponíveis
será a certificação. Os níveis variam da seguinte forma: Certificado (40 a 49 pontos), Silver
ou Prata (50 a 59 pontos), Gold ou Ouro (60 a 79 pontos) e a pontuação máxima Platinum
(80 a 100 pontos). O selo atende a diversos tipos e necessidades e atualmente o GBCB
disponibiliza os seguintes tipos de LEED, a saber:
“LEED NC – Novas construções e grande projetos de renovação;
LEED ND – Desenvolvimento de bairro (localidades);
22
LEED CS – Projetos de fachadas e parte central do edifício;
LEED Retail NC e CI – Lojas de varejo;
LEED Heathcare – Unidade de saúde;
LEED EB_OM – Operação de manutenção de edifícios existentes;
LEED Schools – Escolas;
LEED CI – Projetos de interiores e edifícios comerciais”.
De acordo com Casado (2011, p. 3) “o futuro da construção civil já tem um
caminho traçado e a sustentabilidade não será apenas um modismo”. O autor ainda faz
considerações ao que se refere ao crescente número de empreendimento registrado junto ao
United States Green Building Council (USGBC) para a obtenção da certificação LEED.
Ainda segundo Casado (2011, p. 3) “o movimento da construção sustentável já faz parte da
agenda mundial e felizmente não há mais como ignorar esse movimento. Ou as empresas
do mercado se atualizam ou vão ficar obsoletas em um futuro próximo”.
Algumas empresas nacionais vêm utilizando as prerrogativas da construção
sustentável em suas edificações, como, por exemplo, algumas agências de bancos. Em
Fortaleza, segundo o GBCB, existe uma agência do Banco do Brasil que recebeu a
certificação LEED por atender aos pré-requisitos da construção verde. Desta mesma forma
tem-se ainda na capital cearense um edifício comercial pré-certificado, assim como obra de
reforma do estádio Castelão para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 também é précertificada (GBCB, 2011). Verifica-se, portanto, uma diversificação quanto ao tipo de
edificações que vem procurando submeter-se ao selo LEED.
A certificação, como uma forma de parametrizar as ações com viés de
sustentabilidade, funciona muitas vezes como ponto de publicidade para empresas. Não se
deve encarar, no entanto, tal coisa como algo negativo, uma vez que estas instituições têm
aplicado recursos na pesquisa e divulgação desta área. Na publicação intitulada Guia de
Boas Práticas na Construção Civil, o Banco Real/Santander traz, dentre outros premissas, o
3R (reduzir, reutilizar e reciclar) da construção sustentável definindo da seguinte forma:
“Repensar o empreendimento, reduzindo perdas e evitando desperdício de
materiais de construção, gerenciando corretamente os resíduos e incentivando
primeiro sua reutilização quando possível e depois a sua reciclagem, inclusive
pela aquisição de materiais de construção reciclados.”
A premissa dos 3R tem um apelo importante e de fácil assimilação na busca
pelo melhor rendimento dos materiais.
23
A importância das certificações são refletidas durante toda a vida útil do
edifício, e não apenas durante a construção do mesmo. Segundo Casado (2011) os edifícios
com certificação LEED tem potencial para redução de 30% do consumo de energia, 35%
de emissão de CO2, 30 a 50% do consumo de água e 50 a 60% na produção de resíduos.
Assim, sendo palco da principal atividade das construtoras, construir edifícios,
o canteiro de obras está inserido neste panorama e, portanto, tem um papel fundamental na
busca por melhorias no que concerne a sustentabilidade das construções, pois neste espaço
ocorrem as atividades produtivas inerentes do setor.
De forma a elucidar possíveis confusões sobre o termo impacto ambiental e
como uma obra inserida no meio urbano pode causar danos ambientais é pertinente
desenvolver uma discussão a respeito. Esta questão do impacto ambiental é cotidianamente
associada à ecossistemas em florestas, mangues ou outros ambientes naturais. Para o bom
entendimento desta questão, o presente estudo é fundamental a apresentação do conceito
de impacto ambiental, trazido pela resolução nº 001/1986 do CONAMA. Segundo esta, o
Impacto Ambiental é considerado como sendo:
“[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais”.
Portanto, percebe-se que àquelas concepções são errôneas, haja vista que o
impacto ambiental também contempla os danos ou perturbações causadas à sociedade,
inclusive a urbana.
É importante obsevar que as obras demandam a promoção da destinação final
aos resíduos produzidos. A destinação mais comum, para obras de construtoras
estabelecidas formalmente em Fortaleza, é a deposição de entulhos sobre aterro sanitário
controlado situado na Região Metropolitana.
De maneira geral, as obras vão depositando o entulho gerado em caçambas
estacionárias, de 3 à 5m³ de capacidade, localizadas junto ao meio fio em vias públicas. A
coleta é realizada por caminhão. Durante todo o seu trajeto, o caminhão promove alguns
impactos ambientais, podendo ser gerador de nuvens de material particulado e ou deixando
cair resíduos sólidos sobre o pavimento das ruas ou passeios. Este exemplo é capaz de
24
ilustrar como as obras urbanas causam impactos em áreas de influência maiores que o seu
entorno.
Diante destes problemas, a CONAMA traz a resolução nº 307/2002, um marco
regulatório dos resíduos sólidos da construção civil (RCC), para instituir um instrumento
de gestão ambiental do setor.
Ao estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos o
Conselho imprimiu as responsabilidades relativas à redução dos volumes gerados,
transporte e destinação final dos RCC.
O texto desta resolução é baseado considerando os seguinte itens:
a)
“[...] a disposição de RCC em locais inadequados contribui para a
degradação da qualidade ambiental;
b)
[...] os RCC representam um significativo percentual dos resíduos sólidos
produzidos nas áreas urbanas;
c)
[...] os geradores de RCC devem ser responsáveis pelos resíduos das
atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas,
bem como por aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de
solos;
d)
[...] a viabilidade técnica e econômica de produção de materiais
provenientes da reciclagem de RCC; e
e)
[...] a gestão integrada de RCC deverá proporcionar benefícios de ordem
social, econômica e ambiental”. (CONAMA, 2002)
Com isto posto, ainda percebeu-se a necessidade de caracterizar os RCC. A
resolução em questão classifica-os da seguinte maneira, a saber:
“Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais
como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras
obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação,
tais como os produtos oriundos do gesso;
IV - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais
como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à
saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas,
instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais
que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.”
Logo, fica evidente que a gestão dos RCC é um desafio do setor produtivo, dos
governos e da sociedade em geral. Destaca-se neste ponto a importância do planejamento,
25
projeto do canteiro de obras, assim como as atividades desenvolvidas no cotidiano da obra
na busca por resultados satisfatórios de redução e reaproveitamento de resíduos e pela
mitigação dos impactos causados pela indústria da construção civil.
Conclui-se, então, que o projeto do canteiro de obras deve observar o bom
andamento das atividades inerentes; logística operacional; acondicionamento interno,
externo e destinação final dos RCC; produtividade, bem estar, saúde ocupacional e
desenvolvimento social dos funcionários; redução de impactos ambientais causados ao
entorno e às cidades; e proporcionar um melhor rendimento dos materiais de forma a
reduzir custos do empreendimento.
Este trabalho foca sua pesquisa e analisa o ato de construir, a despeito de toda a
importância prévia de planejamento e projeto da obra, visando o cotidiano das atividades
no canteiro de obras. Assim, o capítulo seguinte faz uma análise do projeto de canteiro de
obra observando estes pontos.
26
4 PROJETO DO CANTEIRO DE OBRA
Este capítulo traz uma discussão sobre o panorama do cenário econômico em
que a construção civil está inserida; um levantamento quantitativo com relação a perdas no
setor. Apresenta o dimensionamento e a importância de se projetar o canteiro de obra do
ponto de vista das normas do Ministério do Trabalho e Emprego e da logística da dinâmica
do canteiro, bem como destaca alguns dos impactos causados pelos serviços na construção
de uma edificação.
Na última década o crescimento do setor da construção civil foi impulsionado
pela estabilidade econômica, redução de impostos sobre insumos, programas e
financiamentos da habitação e grandes obras públicas de infraestrutura.
Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2010) mostram
que a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto – PIB – setorial chegou a atingir,
somente nos nove primeiros meses de 2010, o patamar de 13,6%. Outra particularidade do
setor verifica-se na esfera social, uma vez que emprega uma fatia da mão de obra com
baixa escolaridade.
A construção civil tem papel social e econômico importante na economia
brasileira e, fundamentalmente nas regiões de baixo desenvolvimento como é o caso do
Nordeste. Devido as suas características, que ainda perduram, como baixo nível de
tecnologia em seus processos, o setor é responsável por absorver boa parte da mão de obra
com baixa escolaridade.
As Tabelas 4.1 e 4.2, compiladas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2010 apud Banco do Nordeste – BN – 2010a, 2010b), trazem os
números de vínculos empregatícios e quantidade de estabelecimentos vinculados às
economias do Nordeste e do Estado do Ceará, respectivamente. Em ambas aparecem em
destaque a participação da construção civil, ilustrando assim a importância do setor na
economia regional.
Mesmo com isto posto o setor da habitação no Brasil ainda tem uma lacuna
importante a ser preenchida em virtude do déficit habitacional ainda persistente. Esta
questão impõe o desafio de introduzir tecnologias para um melhor rendimento dos insumos
de produção. Todavia, com a atual concorrência entre as empresas do ramo, as dificuldades
inerentes à mão de obra, aquisições cada vez mais caras de terrenos e insumos e as
27
pressões devidos aos impactos ambientais da atividade instaura-se um novo cenário para
construção civil (GEHLEN, 2008).
Tabela 4-1 - Números da economia do Nordeste.
N° de Vínculos Empregatícios
Valores
% Nordeste
Total
Indústria
7.422.186
1.105.325
100
14,89
Construção Civil
Comércio
Serviços e Administração Pública
Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca
430.113
1.233.665
4.427.198
225.885
5,79
16,62
59,65
3,04
N° de Estabelecimentos
Total
Indústria
Valores
466.962
43.876
% Nordeste
100
9,4
Construção Civil
21.370
46,52
Comércio
217.244
46,52
Serviços e Administração Pública
155.415
33,28
Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca
29.057
6,22
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010) apud Banco do Nordeste
(BN) (2010 b).
Tabela 4-2 - Números da economia do Estado do Ceará.
N° de Vínculos Empregatícios
Total
Indústria
Construção Civil
Comércio
Serviços e Administração Pública
Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca
N° de Estabelecimentos
Total
Indústria
Valores
% Estado
1.236.261
246.438
100
19,93
58.435
185.522
721.433
24.433
4,73
15,01
58,36
1,98
Valores
71.673
9.498
% Estado
100
13,25
Construção Civil
3.809
5,31
Comércio
33.782
47,13
Serviços e Administração Pública
23.575
32,89
Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca
1.009
1,41
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010) apud Banco do Nordeste
(BN) (2010 a)
É neste contexto que se destacam os sistemas de gerenciamento do controle de
custos, qualidade e tempo. A este tripé conceitual já tradicional da construção civil, que
Blumenschein (2004) afirma que “deve-se passar a considerar também os aspectos
28
ambientais como relevantes”. O autor afirma ainda que desastres ambientais impactam
sobremaneira a economia e que isso justifica a inserção deste novo ponto.
Para tanto, verifica-se que as atividades desenvolvidas no canteiro de obra têm
papel fundamental para redução dos impactos ambientais causados por esta atividade
produtiva. Ao se tratar de sustentabilidade na construção é inerente pontuar a relevância do
controle de perdas, do consumo de água e energia e do bem estar dos trabalhadores e
vizinhança da obra.
Quando se fala de perdas na construção civil é preciso se ter cuidado de como
são tratados os dados. Segundo Souza (2005) alguns dados alarmantes difundidos pela
mídia são distorcidos e inverossímeis.
O autor defende que alguns mitos foram gerados pela dinâmica imposta à
imprensa e a necessidade de se minimizar os tempos das matérias que vão ao ar.
Afirmações como a de que a cada três prédios construídos, um é desperdiçado são
exemplos deste cenário.
Verifica-se, porém, que há de fato um potencial extraordinário na redução de
perdas produzida pela construção civil formal. O desconhecimento de tais valores pode
induzir a erros durante o processo de elaboração de orçamentos de obras. Alguns dados são
importantes para apresentar a dimensão destas perdas.
A Tabela 4.3 de Skoyles (1976, apud SOUZA, 2005, p. 53) traz um apanhado
de valores de perdas de materiais por entulho, baseado em estudo em 114 canteiros de
obras.
Tabela 4-3 - Valores das perdas de materiais por entulho no Reino Unido, baseadas no estudo de 114
canteiros de obras.
Índice de perdas
(%)
Nº de
Faixa de variação
Usual em
Material
Real
canteiros dos resultados (%)
orçamentos
Concreto em infraestrutura
12
3 a 18
8
2,5
Concreto em superestrutura
3
-
2
2,5
Aço
1
-
5
2,5
Tijolos comuns
68
1 a 20
8
4
Tijolos à vista
62
1 a 22
12
5
Tijolos estruturais vazados
2
-
5
2,5
Tijolos estruturais maciços
3
9 a 11
10
2,5
Blocos leves
22
1 a 22
9
5
Blocos de concreto
1
-
7
5
Telhas (inclusive cumeeira)
1
-
10
2,5
29
Madeira - tábuas
3
12 a 22
15
5
Madeira - compensados
2
-
15
5
Rev. Argamassados - paredes
4
2a7
5
5
Rev. Argamassados - tetos
4
-
3
5
Rev. Cerâmicos - paredes
1
-
3
2,5
Rev. Cerâmicos - pisos
1
-
3
2,5
Tubos cobre
9
-
7
2,5
Tubos PVC
1
-
3
2,5
Conexões de cobre
7
-
3
-
Vidro - chapas
3
-
9
5
-
16
-
Janelas pré-envidraçadas
2
Fonte: (SKOYLES, 1976, apud Souza, 2005).
Souza (2005, p. 55) traz ainda dados da pesquisa Finep/Senai, estudo da
realidade brasileira, contemplando canteiros de obras em 12 estados. As Tabelas 4.4; 4.5; e
4.6 registram indicadores de perdas de materiais na obra, para o cimento na execução de
emboços internos e externos e em contrapiso e materiais simples utilizados em outros
serviços.
Tabela 4-4 - Indicadores de perdas de materiais determinados na pesquisa Finep/Senai para materiais na obra.
Material na obra
Areia
Saibro
Cimento
Pedra
Cal
média
(%)
76
182
95
75
97
Valor da perda
mediana mínima máxima
Número de
(%)
(%)
(%)
casos estudados
44
7
311
28
174
134
247
4
56
38
36
6
9
6
638
294
638
44
6
12
Tabela 4-5 - Indicadores de perdas de materiais determinados na pesquisa Finep/Senai para o cimento na
execução de emboço interno e extreno em contrapiso.
Valor da perda
média mediana
mínima máxima
Número de
Serviço
(%)
(%)
(%)
(%)
casos estudados
Emboço interno
104
102
8
234
11
Emboço
67
53
-11
164
8
externo
Contrapiso
79
42
8
288
7
30
Tabela 4-6 - Indicadores de perdas de materiais determinados na pesquisa Finep/Senais para materiais
simples utilizados em outros serviços.
Material
Concreto usinado
Serviço
Estrutura
Aço
Blocos e tijolos
Eletrodutos
Condutores
Tubos PVC
Placas cerâmicas
Gesso
Estrutura
Alvenaria
Elétrica
Elétrica
Hidráulica
Revestimento cerâmico
Revestimento com gesso
Valor da perda
Média Mediana Mínima Máxima
Número de
(%)
(%)
(%)
(%)
casos estudados
9
9
2
23
35
10
17
15
25
20
16
45
11
13
15
27
15
14
30
4
3
13
14
8
2
-14
16
48
18
35
56
50
120
12
37
3
3
7
18
3
Fonte: Souza (2005)
O autor faz ainda considerações sobre tais resultados. Estes corroboram com
outros trabalhos e alertam para valores elevados de perdas físicas. Verifica-se ainda grande
variação entre obras, que os materiais que passam por processo de dosagem no canteiro
sofrem maiores perdas.
Souza (2005) afirma ainda que os materiais utilizados na estrutura de concreto
armado sofrem baixas perdas, mas que por apresentarem imperfeições na execução acabam
demandando maiores quantidades de regularização nos revestimentos argamassados.
Percebe-se também que os materiais de instalações prediais sofrem perdas significativas.
Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo
(Sinduscon-SP, 2005), em seu Manual de Resíduos Sólidos, afirma que “a questão do
gerenciamento de resíduos está intimamente ligada ao problema dos desperdício de
materiais e mão de obra na execução dos empreendimentos”. A busca pela racionalização
dos processos visando à redução ou eliminação de resíduos gerados deve ser algo
incessante nos canteiros de obra.
Segundo pesquisa realizada pelo Sinduscon-SP (2005), a gestão dos resíduos
contribui muito para não gerar resíduos, considerando que:
“I - o canteiro fica mais organizado e mais limpo;
II - haverá a triagem de resíduos, impedindo sua mistura com insumos;
III - haverá possibilidade de reaproveitamento de resíduos antes de descartá-los;
IV - serão quantificados e qualificados os resíduos descartados, possibilitando a
identificação de possíveis focos de desperdício de materiais”.
A experiência paulista é resultado de um projeto piloto que fora realizado,
seguido de pesquisa dos resultados atingidos, trazendo algumas recomendações que são
31
válidas para a melhoria contínua do gerenciamento de RCC nos canteiros de obras. São
tratados itens concernentes à organização do canteiro, dispositivos e acessórios que
viabilizam a coleta diferenciada dos resíduos e fluxo destes materiais no canteiro.
O Manual Sinduscon-SP (2005) defende ainda que a boa organização do
canteiro, de locais de estoques e almoxarifado em geral proporcionam uma melhor
verificação, controle dos estoques, otimiza a utilização dos insumos, e evita com que
desperdícios sistemáticos no uso e na aquisição de materiais de reposição. Por outro lado, a
falta de critérios na organização de estocagem, materiais dispostos de qualquer forma na
obra e sem identificação possibilitam equívocos na coleta dos resíduos, provocando o
desperdício de materiais passíveis de utilização. Assim, o ato de caminhar pela obra é
fundamental para a identificação destes materiais passíveis de reutilização, reciclagem ou
descarte. Destacam-se as Tabelas 4.7; 4.8; e 4.9 que trazem os dispositivos de coleta,
acondicionamentos inicial e final dos resíduos.
Tabela 4-7 - Dispositivos de coleta utilizados no sistema de gerenciamento de resíduos - (Sinduscon-SP,
2005).
ACESSÓRIOS
DISPOSITIVOS
DESCRIÇÃO
UTILIZADOS
1-Sacos de ráfia;
Bombonas
Recipiente plástico, com capacidade para 50 litros,
normalmente produzido para conter substâncias
líquidas. Depois de corretamente lavado e extraída
sua parte superior, pode ser utilizado como
dispositivo para coleta.
2-Sacos de lixo simples
(quando forem dispostos
resíduos orgânicos ou
outros passíveis de coleta
pública);
3-Adesivos de sinalização
1-Suporte de madeira ou
metálico;
Bags
Saco de ráfia reforçado, dotado de 4 alças e com
capacidade para armazenamento em torno de 1m³.
2-Plaquetas para fixação
dos adesivos de sinalização;
3-Adesivos de sinalização
Baias
Caçambas
estacionárias
1-Adesivos de sinalização;
Geralmente construída em madeira, com dimensões
diversas, adapta-se às necessidades de
armazenamento do resíduo e ao espaço disponível em 2-Plaquetas para fixação
dos adesivos de sinalização
obra.
(em alguns casos)
Recipiente metálico com capacidade volumétrica de
3, 4 e 5m.
Recomendável o uso de
dispositivo de cobertura,
quando disposta em via
pública.
32
Tabela 4-8 - Formas de acondicionamento inicial para diferentes tipos de RCC (Sinduscon-SP, 2005).
TIPOS DE RESÍDUO
Blocos de concreto, blocos cerâmicos, argamassas,
outros componentes cerâmicos, concreto, tijolos e
assemelhados.
Madeira
Plásticos (sacaria de embalagens, aparas de tubulações
etc.).
Papelão (sacos e caixas de embalagens dos insumos
utilizados durante a obra) e papéis (escritório)
Metal (ferro, aço, fiação revestida, arame etc.).
Serragem
Gesso de revestimento, placas acartonadas e artefatos.
ACONDICIONAMENTO INICIAL
Em pilhas formadas próximas aos locais de
geração, nos respectivos pavimentos.
Em bombonas sinalizadas e revestidas
internamente por saco de ráfia (pequenas peças)
ou em pilhas formadas nas proximidades da
própria bombona e dos dispositivos para
transporte vertical (grandes peças).
Em bombonas sinalizadas e revestidas
internamente por saco de ráfia.
Em bombonas sinalizadas e revestidas
internamente por saco de ráfia, para pequenos
volumes. Como alternativa para grandes
volumes: bags ou fardos.
Em bombonas sinalizadas e revestidas
internamente por saco de ráfia ou em fardos.
Em sacos de ráfia próximos aos locais de
geração.
Em pilhas formadas próximas aos locais de
geração dos resíduos,
nos respectivos pavimentos.
Solos
Telas de fachada e de proteção
EPS (Poliestireno expandido) – exemplo: isopor
Eventualmente em pilhas e, preferencialmente,
para imediata remoção (carregamento dos
caminhões ou caçambas estacionárias logo após
a remoção dos resíduos de seu local de origem).
Recolher após o uso e dispor em local
adequado.
Quando em pequenos pedaços, colocar em sacos
de ráfia.
Em placas, formar fardos.
Resíduos perigosos presentes em embalagens plásticas e
de metal, instrumentos de aplicação como broxas,
pincéis, trinchas e outros materiais auxiliares como
panos, trapos, estopas etc.
Manuseio com os cuidados observados pelo
fabricante do insumo na ficha de segurança da
embalagem ou do elemento contaminante do
instrumento de trabalho. Imediato transporte
pelo usuário para o local de acondicionamento
final.
Restos de uniforme, botas, panos e trapos sem
contaminação por produtos químicos.
Disposição nos bags para outros resíduos.
Fonte: Sinduscon-SP (2005)
Tabela 4-9 - Formas de acondicionamento final para diferentes tipos de RCC (Sinduscon-SP, 2005).
TIPOS DE RESÍDUO
Blocos de concreto, blocos cerâmicos, argamassas,
outros componentes cerâmicos, concreto, tijolos e
assemelhados.
ACONDICIONAMENTO FINAL
Preferencialmente em caçambas estacionárias.
Madeira
Preferencialmente em baias sinalizadas,
podendo ser utilizadas caçambas estacionárias.
Plásticos (sacaria de embalagens, aparas de tubulações
etc.).
Em bags sinalizados.
33
Papelão (sacos e caixas de embalagens dos insumos
utilizados durante a obra) e papéis (escritório)
Metal (ferro, aço, fiação revestida, arame etc.).
Serragem
Em bags sinalizados ou em fardos, mantidos
ambos em local coberto.
Em bombonas sinalizadas e revestidas
internamente por saco de ráfia ou em fardos.
Em baias sinalizadas
Gesso de revestimento, placas acartonadas e artefatos.
Solos
Telas de fachada e de proteção
EPS (Poliestireno expandido) – exemplo: isopor
Baia para acúmulo dos sacos contendo o
resíduo; em caçambas estacionárias, respeitando
condição de segregação em relação aos resíduos
de alvenaria e concreto.
Em caçambas estacionárias, preferencialmente
separados dos resíduos de alvenaria e concreto.
Dispor em local de fácil acesso e solicitar
imediatamente a retirada ao destinatário.
Baia para acúmulo dos sacos contendo o resíduo
ou fardos.
Resíduos perigosos presentes em embalagens plásticas e
de metal, instrumentos de aplicação como broxas,
pincéis, trinchas e outros materiais auxiliares como
panos, trapos, estopas etc.
Em baias devidamente sinalizadas e para uso
restrito das pessoas que, durante suas tarefas,
manuseiam estes resíduos.
Restos de uniforme, botas, panos e trapos sem
contaminação por produtos químicos.
Em bags para outros resíduos.
Fonte: Sinduscon-SP (2005)
Destaca-se, portanto, a necessidade de um planejamento estratégico,
envolvendo uma rede de fluxo de resíduos, para a definição dos locais mais adequados
para a locação de tais dispositivos. Importante ressaltar também que os materiais indicados
nas tabelas anteriores são todos oriundos de embalagens de produtos adquiridos ou que
podem ser comprados por baixos custos.
Alguns pontos devem ser observados na concepção racional do planejamento,
projeto e execução dos edifícios de modo a reduzir tais índices de perdas e consequente
produção de resíduos.
Cabe, no que se propõe este estudo, a análise da concepção, operação e
manutenção do canteiro de obra de modo a contribuir, na fase de execução da obra, para a
redução das perdas e redução dos custos econômicos, financeiros e ambientais.
O projeto do canteiro deve ser concebido à época do planejamento da obra,
com o cronograma físico-financeiro da mesma e cronograma de aquisições de materiais.
Deve assim contemplar a escolha e dimensionamento das formas de transporte de pessoas
e materiais. O projeto é dinâmico, ou seja, é mutável em função dos serviços que vão
sendo executados e com as demandas de cada fase da obra. Devem ser observadas as
oportunidades em que há os picos de consumo de argamassas e concreto, ou seja, na
34
execução da estrutura, se em concreto armado ou protendido, e durante a execução dos
revestimentos argamassados internos e externos.
Souza (2005, p. 9) pontua sobre o projeto do canteiro de obras com a seguinte
assertiva:
“A qualidade deve ser buscada no ponto de vista mais amplo – quando se trata da
satisfação do comprador de um imóvel -, ou do ponto de vista dos clientes
interno de uma construtora – quando se analisa as condições de trabalho ideais
para as equipes de operários que produzirão o edifício. A Produtividade, por sua
vez, deve ser buscada através da eliminação dos desperdícios em geral, através
da redução dos sobreconsumos de materiais, mão de obra e equipamentos.”
Para o dimensionamento ideal do canteiro, em cada fase da obra, há a
necessidade de se projetá-lo utilizando o cronograma físico da obra, projetos de situação e
conhecimento das especificações dos materiais utilizados nas diversas fases da obra. Desta
forma haveria um dimensionamento dos volumes a serem estocados, demandando áreas de
armazenamento, e transportados, promovendo a escolha por que tipo de transporte vertical,
para materiais e passageiros.
Como em outras situações conhecidas na engenharia civil, o canteiro de obras
deve ser dimensionado para o seu uso de pico. Segundo Souza (2002), obras relacionadas
com o escopo deste estudo, as fases de maior consumo de material e demanda por mão de
obra estão os serviços referentes à estrutura em concreto armado, e os revestimentos
internos e externos.
A realização de um levantamento de demanda dos equipamentos elétricos,
betoneiras, peneiras elétricas, elevadores de passageiro e/ou carga, gruas, bombas, dentre
outros, que serão utilizados ao longo da obra, com os respectivos consumos de energia é
primordial assegurar para um abastecimento contínuo e a contento, visando também à
segurança dos mesmos.
O mesmo raciocínio é válido para as instalações hidrossanitárias. O projeto de
canteiro deve observar projeto específico para o abastecimento de água e destinação de
esgoto. De acordo com Reis et al. (2004) “a execução das instalações prediais provisórias é
essencial para o inicio das atividades de um canteiro de obras”.
Ressalta-se que além do consumo humano e utilização para necessidades
sanitárias, a água tem singular importância em uma obra de construção civil. A água entra
como insumo, muitas vezes não percebido, nos diversos serviços, como por exemplo, na
confecção de argamassas e cura de concreto, elaboração de refeições e limpeza do canteiro.
35
O correto dimensionamento e execução destas instalações promovem o melhor
rendimento e menor perda d’água e energia, itens fundamentais para a sustentabilidade da
atividade.
Com relação ao bem estar dos trabalhadores, segundo Souza (2002), “a
construção civil tem sido palco de melhorias nos últimos anos, tanto pelo aumento da
concorrência [...] quanto pelo maior rigor das normas, [...] e maior empenho do Ministério
do Trabalho na fiscalização [...]”. O autor defende que um indicador desta afirmação tem
sido a redução da prática de alojar trabalhadores nos canteiros devido aos custos impostos
pelas normas.
Evidenciada a importância do canteiro de obras e a necessidade de
planejamento das atividades nele desenvolvidas observa-se a necessidade da concepção de
um projeto que além de dimensionar as áreas de vivencias, conforme a NR-18 preconiza,
que contemple itens da logística das atividades, movimentação de insumos e pessoas,
observe a segurança coletiva, e compatibilize estes com o entorno da obra procurando
mitigar os desgastes e impactos com a sociedade em geral.
Com relação aos resíduos provenientes da construção civil Resende (2008, p.
1) faz as seguintes afirmações:
A construção civil é a indústria que mais causa impactos ambientais no planeta.
Nos canteiros de obras os maiores impactos ambientais estão relacionados ao
grande consumo de recursos e à grande geração de poluições que afetam toda
sociedade. Dentre estas poluições, está a emissão de material particulado na
atmosfera, responsável por uma série de problemas respiratórios e cardíacos,
danos à flora e à fauna, incômodos à vizinhança, danos ao solo, à água e à
qualidade do ar, entre outros aspectos. Em vários países, os canteiros de obras
são reconhecidos como uma das principais fontes de poluição por partículas.
Desta forma, fica evidente que a construção é uma atividade econômica que
demanda procedimentos e tecnologias que proporcionem uma racionalização tanto no
consumo de materiais quanto no tocante à geração de resíduos e demais impactos
ambientais.
Para a NB-1367 (ABNT, 1991), o canteiro de obras é composto por “áreas
destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em
áreas operacionais e áreas de vivência”. São indispensáveis na composição do canteiro de
obras, segundo a NR-18 (Brasil, 2011), e onde não há trabalhadores alojados, situação
mais comum em obras de edifícios em regiões urbanizadas, as instalações sanitárias,
vestiário, local para refeições, cozinha, quando houver preparo de refeições, área de lazer e
36
ambulatório (para obras com 50 trabalhadores ou mais). Dentre outras imposições da NR18 (2011) são de destaque as referentes às instalações sanitárias. A tabela 4.10 ilustra as
proporções para estes dimensionamentos.
Vislumbrando a redução de custos, através da minimização de perdas, e a
sustentabilidade, a reboque, é recomendável a prévia concepção de projetos de alvenaria e
de paginação de revestimentos cerâmicos das unidades, caso não haja projeto específico
para este fim.
Por sua vez, tais projetos irão alimentar a demanda por áreas no canteiro
destinadas às centrais de corte e montagem de blocos ou tijolos com caixas elétricas e de
corte de placas cerâmicas, à época da fase de revestimentos internos e externos.
Tabela 4-10 - Dimensionamento das instalações hidrossanitárias em canteiros de obras (Adaptado de NR-18,
2011).
Item
Nº máximo de
Unidade trabalhadores por
unidade
Observações
Vaso
sanitário
1
20 ou fração
Divisórias com 1,80 m de altura e área 1,00m²
(mínimos)
Lavatório
1
20 ou fração
Altura de 90cm para o piso e espaçamento de 60cm
(mínimos)
Mictório
1
20 ou fração
Altura máxima de 50cm. Se em calha cada
espaçamento de 60cm equivale a 1 mictório de louça
Chuveiro
1
10 ou fração
Área 0,80m² e altura 2,10m (mínimos)
Somam-se, também, as áreas operacionais e de apoio à produção, como
escritórios, guaritas, almoxarifado, centrais de corte e dobra de armaduras, de corte de
madeira, de produção de argamassa, baias de armazenamentos e outras.
Constata-se, portanto, a estreita ligação entre o projeto de canteiros deve
guardar com a sustentabilidade da construção, pois para ambos a redução de consumo de
insumos e o bem-estar dos operários buscando a melhoria na produtividade e economia são
pontos que ilustram tal relação.
Quando analisa a implantação de atitudes e preceitos voltados para a
sustentabilidade Gehlen (2008, p.19) destaca:
“Dentre as diversas etapas de um empreendimento, a etapa de execução de obras,
atividade principal das empresas construtoras, devem ser o foco no exercício de
37
suas responsabilidades sociais, ambientais, econômicas e culturais, que resultam
na sustentabilidade aplicada nos canteiros de obras.”
A autora defende ainda que os colaboradores das construtoras devem ser
sensibilizados da importância da atitude individual para melhores resultados em termos de
construção sustentável. Para tanto, alguns pontos importantes, que podem ser inibidores ou
impeditivos, devem ser levantados, como é mostrado a seguir.
A indústria da construção civil é resistente na alteração de seus processos, tem
demorada implantação de novas tecnologias e baixa retroalimentação de informações e
conhecimentos adquiridos em obras anteriores (YIN, TSERNG et al., 2008 apud
GEHLEN, 2008).
A rotatividade da mão de obra também é observada e apresenta taxas elevadas
em comparação a outras atividades econômicas. Dados do Ministério do Trabalho (2010)
apontam que a taxa média de rotatividade brasileira nos anos de 2003 a 2009 é de
aproximadamente 36%, excluindo-se os desligamentos por transferências, aposentadorias,
falecimentos e demissão voluntária. Por sua vez a Construção Civil, embora tenha um
pequeno peso no total de vínculos trabalhistas, apresenta taxa de rotatividade da ordem de
87,3%.
No que concerne à qualificação dos técnicos do setor verifica-se que 82% dos
profissionais possuem consciência sobre questões envolvendo sustentabilidade, porém
apenas 9% realmente estiveram envolvidos na prática com tais preceitos (WBCSD, 2007
apud GEHLEN, 2008).
Portanto, dada à importância da sensibilidade de operários e a ciência de
grande maioria dos técnicos do setor quanto à sustentabilidade nas construções percebe-se
um cenário onde persiste a difusão insuficiente de instrumentos e meios práticos para a
implantação dos preceitos sustentáveis. Neste contexto ainda com um número reduzido de
empresas certificadas, os selos “verdes” apontam caminhos que visam os preceitos da
sustentabilidade nas construções.
Conforme já mencionado, os selos de qualidade ambiental mais difundidos no
mundo são o LEED e o AQUA, em ambos são traçados pontos que devem ser observados
desde a concepção do projeto do edifício, permeando a construção e prevendo ações que
tendem a mitigar os impactos da ocupação no entorno do edifício.
Gehlen (2008) descreve que os critérios mínimos para certificações são o
atendimento à legislação e um desempenho superior às práticas usuais de mercado. Estes
38
critérios tendem a provocar mudanças de atitude pelas empresas e toda a cadeia produtiva
que as cercam.
De forma a constatar o que foi discutido sobre os canteiros de obras
sustentáveis foram realizadas visitas a obras em Fortaleza. A primeira obra visitada é de
responsabilidade da Construtora A, onde há a certificação de qualidade dos processos ISO9001/2008 e PBQPH-A. A segunda obra visitada é executada pela Construtora B, sendo
contemplada com os mesmos selos da anterior acrescido também de uma pré-certificação
pelo selo LEED-CS, versão 3. A seguir estão expostas as considerações sobre tais
experiências.
4.1 Estudo de caso: comparativo entre canteiro de obra convencional e sustentável
Neste tópico serão avaliados alguns itens relativos ao canteiro de obras das
Construtoras A e B (esta última certificada pelo selo LEED-CS). Ambos estão situados no
mesmo bairro, Aldeota em Fortaleza, e atualmente, encontram-se nas mesmas fases
construtivas. Estão sendo executados os serviços da estrutura em concreto armado e
alvenarias com tijolos cerâmicos e blocos de concreto de vedação.
Para fins de comparação e conhecimento das ordens de grandeza dos valores
cobrados pelas unidades foi realizado um levantamento dos preços por metro quadrado de
área privativa. O edifício da Construtora A tem como venda R$ 4.249,91/m², enquanto o
edifício da Construtora B suas unidade são comercializadas com a variação entre R$
4.252,40/m² à R$ 4.365,33/m².
4.1.1 Caracterização da obra da Construtora A
O produto oferecido pela Construtora A é um edifício com unidades com
109m² a 184 m² (cobertura). Os pavimentos são divididos em 2 subsolos, 1 pilotis, 17
pavimentos tipo e 1 pavimento de coberturas. Os apartamentos tipo contém varanda
gourmet, 3 suítes (sendo uma reversível) e sendo contemplados 2 vagas na garagem cada.
A área comum possui fitness, sauna, salões de festas e de jogos, piscinas com raia e
infantil, deck com churrasqueira e dois elevadores (sendo um social e outro de serviço).
Na oportunidade da visita à obra da Construtora A o canteiro de obras estava
passando por um processo de readequação com relação aos espaços oferecidos pelo
39
andamento dos serviços da estrutura do edifício, à época executando a laje do teto 15. A
sala técnica, ou sala de engenharia, nomenclatura mais utilizada pela empresa, ocupa
atualmente uma região destinada ao fitness. No período anterior a esta disponibilidade de
espaço a mesma ocupava um container habitável alugado.
Tabela 4-11 - Localização das áreas operacionais e de vivência no canteiro de obras da Construtora A.
ITEM
LOCAL
Almoxarifado
Subsolo superior
Central de aço (montagem) Subsolo superior
Estoques de blocos e tijolos Pavimento térreo (próximo à portaria do canteiro)
Central de argamassa
Subsolo inferior
Depósito de Cimento e cal Subsolo inferior
Elevador de cargas
Junto à fachada da caixa de escada
Elevador de pessoas
Junto à fachada da caixa de escada
Pavimento térreo (local destinado à sauna do
Escritório de subempreiteiros edifício)
A central de argamassa, constituída da betoneira autocarregável e peneira
elétrica, é abastecida por insumos da seguinte forma:
Tabela 4-12 - Alimentação da central de argamassa no canteiro de obra da Construtora A.
INSUMO OU PRODUTO TRANSPORTE HORIZONTAL
TRANSPORTE VERTICAL
Cimento e Cal
Carrinho
Elevador de carga
Operário padiola para calha no
Areia e Brita
Carrinho
pavimento térreo que leva por
gravidade até o subsolo inferior
Água
Mangueira
Tubulação em PVC
Argamassas
Carrinho
Elevador de carga
Por questões estratégicas que visam incrementar as vendas, a Construtora A
costuma moldar as lajes de subsolo apenas na região da projeção vertical da torre,
objetivando passar uma imagem de velocidade na obra. Isto acaba trazendo problemas de
mobilidade de pessoas e materiais no canteiro. Isso obrigava uma quebra no fluxo de
materiais, obrigando a padiolagem de areias para o subsolo, duas ou mais viagens para
subida de blocos e tijolos.
Verificou-se que durante o serviço de elevação da alvenaria os tijolos eram
assentados sem um planejamento prévio ou estudo de compatibilidade com a estrutura e
instalações, ou seja, para a execução das instalações elétricas, por exemplo, haverá quebra
sem controle de tijolos para passagem de eletrodutos e caixas de passagens.
40
4.1.2 Caracterização da obra da Construtora B
O edifício da Construtora B contempla em seu projeto duas torres interligadas,
com 2 subsolos, 1 pilotis, 21 pavimentos tipo e um pavimento para coberturas. Os
pavimentos tipos são formados por 3 apartamentos, sendo 1 apartamento de 167 m² de área
privativa, compostos de 3 suítes e 3 vagas na garagem e 2 unidades de 151m² de área com
3 suítes e 3 vagas na garagem. A área comum conta com fitness, piscinas com raia e
infantil, guarita blindada, lan house, sauna, vestuário para funcionários, salões de festas e
de jogos, vagas de garagem para visitantes, quadra poliesportiva home theater playground
e deck com churrasqueira e bar, além de 3 elevadores (2 sociais e 1 de serviço).
Com relação à Construtora B foram realizadas entrevistas com a Engenheira
Civil da Qualidade, no canteiro da obra, e com o Gerente Técnico, no escritório da
empresa.
A escolha pelo tipo LEED-CS se deu pela falta de um tipo específico para
edifícios regionais e este é, portanto o que mais se aproxima da realidade residencial,
segundo o Gerente Técnico da Construtora B. Ele prossegue ainda discorrendo sobre um
comparativo entre outros selos verdes. Segundo este profissional o selo ISO 14.000
parametriza apenas a fase construtiva, ou seja, o edifício depois de concluído poderia gerar
os mesmos impactos ambientais de outro que não tenha tido sua construção certificada.
O período construtivo tem sua importância quanto à redução dos impactos
ambientais, contudo os impactos de maior ordem e de maior duração são ao longo da vida
útil da edificação (GEHLEN, 2008). Esta ideia é compartilhada pelo profissional em
questão da Construtora B, em que segundo ele:
“O LEED está muito mais preocupado com a vida do prédio do que durante a
obra. Mas ele consegue aglutinar os 3, o antes, a obra e a operação [...] o LEED é
mais abrangente e, portanto, para mim foi clara a escolha pelo LEED. Tem
defeitos, mas tem muito a melhorar. O LEED é um padrão americano que tem
que se adequar às realidades tropicais. Isso já está sendo trabalhado. Estas coisas
é que o Conselho (GBC Brasil) está corrigindo.”
Foi constatado também que a Construtora já tinha uma experiência com o viés
da sustentabilidade em suas ações, inclusive as que envolvem a publicidade. À exemplo
disto o Gerente Técnico pontua: “Já fazíamos o plantio de árvores. Há uma ligação boa da
41
lean construction que já aplicávamos, assim como itens da ISO 9.000. Podemos dizer que o
lean construction foi a base para atingirmos esta certificação.”
Quanto às dificuldades encontradas durante a adoção das práticas impostas pela
certificação a opinião da Engenheira da Qualidade foi uníssona com o Gerente Técnico.
Um dos maiores pontos de dificuldade foi com relação aos projetistas e as adequações
impostas pelo selo aos projetos. À exemplo disto o Gerente Técnico expôs a necessidade
de se utilizar lâmpadas de menor consumo e que para tanto os quadros de carga
precisariam ser dimensionado para tal, enquanto que o costume dos projetistas é fazer um
projeto para cargas elevadas, proporcionadas pelas lâmpadas incandescentes, que são
menos eficiente energeticamente.
Visando as principais imposições da certificação quanto ao canteiro de obras os
profissionais da Construtora B apontam para a necessidade de arranjar-se o layout do
canteiro visando à destinação final dos resíduos. A Engenheira da Qualidade pontuou ainda
a necessidade de se utilizar fundações, no caso estacas de hélice contínua, que promovam
um menor nível de ruído visando à redução dos impactos sonoros aos vizinhos.
Na Construtora B já havia, previamente, a adoção da filosofia do lean
construction, e que este fator proporcionou uma facilidade na adoção de muitas práticas
exigidas pelo selo LEED. O projeto do canteiro está dentro deste caso.
Segundo a Engenheira da Qualidade “o lean nos ajudou, pois já vínhamos
elaborando em nossos empreendimentos o projeto de canteiro”. Há a preocupação com a
redução dos resíduos gerados pelo canteiro de obras onde se observa a máxima
permanência das instalações durante a obra, reduzindo ou evitando demolições das
instalações do canteiro de obra. Este é um processo de melhoria contínua. Procuram-se
ambientes permanentes do prédio, como salão de festas, onde é possível construir com a
alvenaria definitiva e instalarmos a sala técnica de administração da obra. Desta forma, não
se tem que demolir uma local que seria utilizado apenas durante a obra. Há ainda a
utilização de instalações prediais permanentes de forma a reduzir a necessidade de
produção de resíduos provenientes destas demolições e retrabalhos.
Após a certificação, adotou-se também o sistema de lava-rodas para veículos
ou caminhões que circulam no canteiro, o que reduz significativamente o transporte de
areia ou lama que ocasionam a sujeira nas ruas. Além disto, verificou-se também que as
águas pluviais são armazenadas e reutilizadas na irrigação de jardins de canteiros ou no
abastecimento deste lava-rodas.
42
Visando a redução de poluição por materiais particulados (poeira) foi adotado
também o revestimento de taludes resultantes de escavações provisórias. Além disso, os
caminhões de material particulados, areia, brita ou entulho são obrigatoriamente cobertos
com lonas para minimizar as nuvens de poeira. São realizados ainda o acompanhamento
dos caminhões e o registro fotográficos dos caminhões de entulho para a certificação de
que a destinação final é adequada.
De acordo com os engenheiros da Construtora B há a percepção da vizinhança
quanto à preocupação ambiental da empresa e do empreendimento. Segundo os mesmos há
uma surpresa com atitudes como o lava-rodas (Figura 4.1) e a manutenção da limpeza no
entorno da obra.
Figura 4.1 - Lava rodas implantado na obra de reforma do estádio Castelão - Fortaleza-CE.
Um fator importante observado no canteiro de obra da Construtora B é a busca
por reduções na geração de resíduos e perdas. Segundo o Gerente Técnico a meta para tais
reduções é de 10% sobre a expectativa de produção de RCC por uma obra de mesmo porte
e sem a visão da sustentabilidade. São os seguintes os instrumentos que buscam atingir
estes objetivos:
a) Projeto racional de alvenaria, observando as paginações vertical e horizontal da mesma,
espessuras das juntas de assentamento, elementos de fixação à estrutura e seu espaçamento,
traço da argamassa utilizada, família (tipos e tamanhos) de blocos ou tijolos;
43
b) Montagem de central específica no canteiro, de blocos e tijolos já com caixas de tomada
para instalações elétricas;
c) Realização de pesquisa de intenção de personalização de projeto das unidades de modo
a subsidiar projetos de apartamentos com as opções mais significativas estatisticamente
desta pesquisa, oferecendo uma gama de opções de alteração de projeto. Há ainda um setor
de projetos na construtora que realiza análises dos projetos de clientes que desejam um
nível maior de personalização. Em tempo hábil, este planejamento leva a uma otimização
das personalizações, reduzindo retrabalhos e potenciais demolições futuras;
d) Realização de transportes e movimentos para otimização da mão de obra;
e) Dos resíduos gerados é organizada uma triagem dos materiais passíveis de reutilização,
reciclagem ou destinação final adequada (Figura 4.2).
Figura 4.2 - Acondicionamento inicial dos RCC – (PINI, 2011).
São estipuladas também pela certificação metas limite para redução no
consumo de água e energia pelo edifício durante o uso. Segundo o Gerente Técnico da
Construtora B tais metas são de uma redução 12% para energia e 20% para água.
44
Buscando este viés também durante a obra o canteiro é projetado de forma a
reduzir tais índices. Para tanto o dimensionamento das instalações de canteiro também tem
grande importância neste contexto.
Sob a ótica das especificações de materiais os produtos cuja extração,
produção, manufatura ou industrialização sejam realizados na região do empreendimento,
até 805 Km (500 milhas) de raio, trazem uma melhor pontuação para a certificação do selo
tipo LEED-CS. A utilização de materiais com determinados percentuais de reciclagem
também são acrescidos créditos extras. São exigidas ainda tintas reflexivas, vidros (se for o
caso) que promovam menor irradiação de calor ao ambiente e gás ecológico no sistema de
ar-condicionado (GBCB, 2008).
No tocante ao cotidiano da obra foi constatado que são oferecidos treinamentos
de aperfeiçoamento sobre a filosofia do lean construction e sustentabilidade além do
oferecimento de escolinhas, que visam o incremento na escolaridade do operário. Segundo
a Engenheira da Qualidade, a escolaridade muitas vezes precária dos operários requer
estratégias e metodologias que proporcionem um melhor rendimento nas questões da
certificação que requerem o envolvimento destes.
Ações que visam o bem estar e saúde ocupacional dos operários também são
observadas no canteiro sustentável. Áreas de convivência do canteiro de obras, tais como o
refeitório, centrais de corte, utilização adequada de equipamentos de proteção coletiva e
individual, assim como a destinação de áreas do canteiro dedicadas ao lazer ou descanso
dos operários tendem a implicar em envolvimento com as causas e uma melhor
produtividade.
A Engenheira da Qualidade da construtora apontou ainda itens do LEED de
simples adoção por obras não certificadas e que tenham interesse em reduzir os impactos
provocados pela atividade da construção. Um sistema de lava rodas, a adoção de lonas
plásticas nos caminhões, assim como treinamentos dos colaboradores quanto à coleta
seletiva de resíduos gerados podem ser adotados facilmente. O projeto de canteiro pode
prever também a destinação de uma área verde, para plantio de jardins, além de
aproveitamento da água pluvial.
De acordo com o Gerente Técnico da Construtora B os apartamentos do
edifício já haviam sido todos vendidos e a certificação foi requerida após. Mesmo
admitindo que a certificação seja um custo a mais no orçamento de um empreendimento, o
profissional pontua que esta é uma tendência de mercado que veio se estabelecer de forma
45
gradual e definitiva. Porém este repasse do custo deve obedecer à curva de valores
praticados no mercado local, sob a pena de haver dificuldades na venda das unidades pois a
realidade brasileira, segundo ele, aponta que o consumidor não comprará um
empreendimento mais caro apenas pela simpatia a causa.
Neste sentido, percebe-se que este processo requer uma mudança de cultura no
setor. Além disso, a busca pela sustentabilidade é algo dinâmico, devendo-se atingir metas
cada vez mais restritivas, conforme já foi mencionado.
Devido às resistências, já citadas, encontradas no setor na absorção de novas
práticas e tecnologias, principalmente as que não visam o lucro imediato e palpável,
acredita-se que algumas práticas mais simples e de fácil assimilação no cotidiano das
obras, e que são adotadas pelas empresas certificadas, podem ser amplamente implantadas
em quaisquer obras de construção civil, mesmo que não seja certificada.
É com este intuito que segue a discussão e, posteriormente no capítulo de
resultados, apresenta-se um estudo de caso com relação à obra da Construtora A,
observando os preceitos para um projeto de canteiro sustentável.
Deve-se atentar, da mesma maneira, para os transtornos causados ao entorno da
obra. Poluição sonora, intervenções no tráfego local, poluição dos passeios, queda de
materiais e poluição particulada são fatores a se observar neste quesito.
46
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo serão apresentados os resultados e serão discutidas as
preposições para o projeto de canteiro sustentável para a obra da Construtora A. Para tanto
se faz necessário à tabulação dos dados referentes ao canteiro de obra sustentável,
encontrados no canteiro de obra da Construtora B, assim como pontos já citados
anteriormente resultantes da pesquisa bibliográfica – Tabela 5.1.
Tabela 5-1 - Matriz comparativa entre os canteiros de obra convencional e sustentável.
Resultados das melhorias
Canteiro de obra
Item
Canteiro de obra sustentável
encontradas no canteiro
convencional
sustentável
Entrada e saída
de veículos
Controla as entradas de
insumos e saída de
resíduos
Controla as entradas de insumos
e saída de resíduos
Todos os veículos têm as rodas
lavadas na saída
Todos os veículos, de entrega
de insumos, assim como de
retirada de RCC, são cobertos.
Reduz a quantidade de
resíduos particulados
provocados pelo transporte de
solos ou argamassas
provenientes do transporte
interno ao canteiro.
Observa-se a segregação
de RCC classes C e D
Observa-se a segregação de
Visa o reaproveitamento de
visando
o
custo
de
retirada
RCC classes C e D visando o
Separação dos
materiais danificados ou
destes.
custo
de
retirada
destes.
diferentes tipos
cortados, mas que são
de resíduos
É realizada, em cada pavimento,
passíveis de reaproveitamento,
gerados
a segregação dos RCC gerados.
reduzindo os índices de perdas.
Utilização de baias de
acondicionamento inicial
Usinas de reciclagem
Destinação de
resíduos
Aterros sanitários
controlados.
Triagem e reaproveitamento
Aterros sanitários controlados.
Conservação
de solos
provenientes
de escavações
Verifica-se a manutenção de
solos para reaterro nas
Manutenção dos volumes imediações do local á ser
nas imediações do local á utilizado.
ser utilizado.
Observa-se o revestimento de
taludes.
Executado de forma
Instalações
improvisada, com mão de
hidrossanitárias obra desqualificada e sem
projeto.
Executada segundo projeto
específico, observando um
abastecimento ininterrupto, a
estanqueidade e pressões
adequadas.
Promove a busca pela redução
nos índices de produção de
RCC com o reaproveitamento
de blocos ou tijolos cortados
ou quebrados, pedaços de
vergalhões ou madeira, por
exemplo.
Visa à redução de poluição por
materiais particulados.
A preocupação com um
projeto específico e com
utilização de mão de obra
especializada promove a
redução no consumo de água,
47
Muitas vezes depende das
experiências baseadas em
erros anteriores e da
Possibilidade de se utilizar
habilidade de improviso
tubulações definitivas.
de mestres de obra e/ou
engenheiros.
Produz volumes
Possibilidade de se utilizar
consideráveis de RCC na
sanitários e/ou cabines de banho
desmobilização do
modulados.
canteiro.
Utilização de circuitos
sem critérios adequados
de dimensionamento e
distribuição.
Uso de lâmpadas sem
critérios quanto ao
consumo.
Necessidade de uso da
iluminação artificial
inclusive nos períodos
diurnos devido à falta de
iluminação natural.
Instalações
elétricas
-
Critérios para a
locação das
áreas de
vivência e
operacionais
Segundo a experiência de
mestres de obras e/ou
engenheiros.
Observando custos.
Segundo normas e
legislações cabíveis.
-
na produção de RCC na
desmobilização do canteiro.
Executada segundo projeto
específico, observando um
abastecimento ininterrupto, com
planejamento prévio dos
equipamentos a serem
utilizados, promovendo a
segurança de equipamentos,
circuitos internos e operários
Promove o correto
dimensionamento das
instalações, barateamento das
instalações, a segurança dos
Uso de lâmpadas eletrônicas.
equipamentos, dos circuitos e
de operários, assim como a
redução no consumo de
Utilização de telhas
energia
elétrica durante a obra.
translúcidas, quando for o caso,
em cobertas de áreas de
vivência/ operacionais.
Promove aquisições racionais
de materiais e equipamentos
necessários.
Observando os potenciais
impactos ambientais ao entorno.
Observando custos.
Segundo normas e legislações
cabíveis.
Observando saúde ocupacional
e bem estar de operários.
Tendência a resultados
satisfatórios em termos de
custos, questões legais,
produtividade e redução de
impactos ambientais.
Redução dos deslocamentos e
tempos improdutivos de mão de
obra.
O projeto do canteiro de obra sustentável para a obra da Construtora A,
considerou o que preconizam os selos de certificação, assim como o que foi pontuado na
Tabela 5.1, e de acordo com:
a) Parâmetros observados em SOUZA (2002), que compatibiliza o canteiro para os
períodos de pico de uma obra vertical com revestimentos argamassados e estrutura em
concreto armado;
b) Redução de perdas conforme recomendações contidas em SOUZA (2005,b);
48
c) Exigências da NR-18 quanto ao dimensionamento de instalações sanitárias e condições
de trabalho, visando à saúde ocupacional dos operários;
d) Recomendações do Sinduscon-SP (2005) quanto à organização do canteiro; fluxo e
acondicionamentos inicial e final, e busca por reduzir a produção de RCC;
e) Mitigar os impactos inerentes à atividade da construção civil ao entorno da obra;
f) Minimizar os custos com destinação de RCC;
g) As diretrizes adotadas em obras certificadas com o selo LEED;
h) Buscar a promoção de melhor rendimento de materiais e mão de obra.
A seguir é traçado um relato de como foram dimensionados os itens numerados
no Anexo B, no Anexo C e no Anexo D, que apresenta a planta baixa proposta para o
projeto de canteiro de obras sustentável para a obra da Construtora A.
(1) Lava rodas: Sistema utilizado para realizar a limpeza das rodas de veículos que
precisem transitar nas dependências do canteiro. A lavagem das rodas minimizam o
transporte de lama, areia, argamassas ou outros materiais particulados para a rua e,
consequentemente, para o entorno da obra. De maneira alternativa a água servida do lava
rodas pode aproveitar o excedente da irrigação de jardins do canteiro de obras - Anexo B.
(2) Refeitório: O refeitório foi dimensionado de forma a aproveitar boa parte da alvenaria
definitiva da região na qual ele foi locado, área reservada ao fitness. Desta forma busca-se
a minimização de possíveis demolições e, consequentemente, reduziu-se o entulho
produzido, conforme pode ser contatado na Figura 5.1. O espaço físico foi fator restritivo
no dimensionamento do refeitório e impôs a divisão do horário de almoço em dois
intervalos de uma hora cada, desta forma atende-se às exigências da NR-18 - Anexo B.
(3) Aproveitamento de alvenarias e instalações definitivas: A sala do subempreiteiro, assim
como a do WC de engenharia e da sala de engenharia aproveitam ao máximo partes da
alvenaria definitiva do pavimento térreo, de forma a reduzir significativamente o montante
gerado por possíveis demolições do canteiro de obras em desmobilizações, assim como foi
proposto no projeto e como também é evidenciado na Figura 5.1 e no Anexo B. Tal figura
que apresenta um comparativo da alvenaria do pavimento térreo definitivo do edifício com
o projeto do canteiro verifica-se também que as tubulações hidrossanitárias definitivas de
banheiros podem ser aproveitadas pelo canteiro de obras sem que com isso haja prejuízos
para o desempenho futuro das mesmas.
Recomenda-se ainda a utilização de containers habitáveis quando não há
possibilidade da utilização das áreas definitivas do edifício: no início da obra, quando a
49
estrutura de concreto armado ainda não permite a ocupação dos pavimentos; e ao final,
quando é preciso promover a desmobilização da sala de engenharia para concluir os
serviços pendentes no pavimento. O mesmo raciocínio pode ser utilizado para
almoxarifado ou outras áreas de vivência.
Figura 5.1 - Aproveitamento das alvenarias e tubulações hidrossanitárias definitivas no canteiro de obras.
(4) Salão de jogos: Visando o bem estar dos operários neste ambiente é oferecido um
momento de lazer e descontração para os horários anterior e posterior ao expediente, assim
como no horário reservado ao almoço. Nesta mesma região a utilização de quadros de
avisos é bastante útil no sentido de promover a conscientização e educação ambiental dos
operários - Anexo B.
(5) Trecho vazado na laje: Este decisão foi tomada visando o transporte vertical de
armaduras moldadas no subsolo superior, e fôrmas cortadas e montadas no subsolo inferior
para os pavimentos superiores, além de promover o aproveitamento do potencial
gravitacional para o transporte horizontal de pedras e areias. O caminhão basculante já é
50
equipado com instrumento capaz de descarregá-lo automaticamente e, portanto deve-se
tirar proveito disto. Deixando-se vazados trechos das lajes do 1º e 2º teto o caminhão
basculante pode efetuar a descarga do pavimento térreo e o material cai no subsolo
inferior, local onde ficam as baias de areia, pode ser visualizados nos Anexos A, B e C. As
baias de areia e brita, desta forma, ficam localizadas o mais próximo possível da central de
argamassa (Anexo D), diminuindo os tempos e percursos improdutivos da mão de obra de
capatazia.
(6) Sanitários e vestiários para operários: Tais instalações foram dimensionadas conforme
a Tabela 4.10, baseada na NR-18. Verifica-se ainda a utilização de telhas de fibras naturais
ou material reciclado, as chamadas telhas “ecológicas”, intercaladas de forma adequada
com telhas translúcidas no mesmo formato, de forma a promover a iluminação natural do
ambiente, reduzindo-se o consumo de energia elétrica para iluminação. Recomenda-se
ainda a pesquisa no mercado quanto à viabilidade de se adotar cabines de banho e módulos
sanitários reaproveitáveis, assim como os banheiros químicos geralmente utilizados
quando se é preciso mobilidade do mesmo, como em obras de estradas. Desta forma seria
possível a reutilização destes módulos por mais de uma obra da construtora (Figura 5.2 e
Figura 5.3 e localização no Anexo B).
Figura 5.2 - Utilização de telhas ecológicas mescladas com translúcidas em escritórios e banheiros (PINI,
2011)
(7) Poço de visita do sistema de coleta pública de esgoto: Neste item observa-se a
necessidade da interligação das tubulações de águas servidas com a rede pública de acordo
com as especificações da concessionária local, porém em regiões onde não há este serviço
deve-se dimensionar um sistema de fossa sumidouro para a destinação final dos esgotos Anexo B.
51
Figura 5.3 - Planta baixa do vestiários e banheiro coletivo - sem escala.
(8) Barreira de acesso à obra, tipo gradil modulado: Este tipo de barreira promove a
necessidade de demolições e, consequentemente, produção de entulhos de grande volume Anexo B.
(9) Caçamba estacionária – acondicionamento final: Caçamba estacionária tradicional com
capacidade variável entre 3 a 5 m³. Durante a operação do sistema de gerenciamento de
RCC deve-se verificar a necessidade de haver a separação por classes de modo a
proporcionar a destinação final adequada - Anexo B.
(10) Baias de acondicionamento inicial: Confeccionados em madeira ou alvenaria
promovem a separação por tipo, tamanho ou classe e possibilitam a triagem e o
reaproveitamento - Anexo B.
(11) Guarita/ Portaria: Localizada próxima à entrada de pessoas de forma a regulamentar
este trânsito. Permite ainda a fiscalização quanto ao cumprimento das expectativas quanto
ao uso das baias de acondicionamento inicial e lava rodas - Anexo B.
(12) Jardim provisório: Área verde no canteiro, destinada ao paisagismo provisório durante
a execução da obra ao mesmo tempo em que promove a reutilização de águas pluviais ou
oriundas do lava rodas - Anexo B.
(13) Depósito de blocos ou tijolos: Local mais próximo possível do portão de acesso para
transbordo dos caminhões. Suprime a necessidade de uma realocação dos tijolos ou blocos
de um local provisório para um local de armazenamento definitivo. Recomenda-se a
análise constante da demanda por área de acordo com o ritmo de consumo deste material Anexo B.
52
(14) Almoxarifado: Localizado no subsolo inferior de modo a reduzir a visibilidade dos
materiais estocados e, consequentemente, reduzir as percas por pequenos furtos. O
escritório do almoxarife é dotado de computador de forma a possibilitar as atualizações de
estoque e realização de solicitações de materiais pelo sistema informatizado utilizado pela
Construtora A - Anexo C.
(15) Central de montagem de armaduras: Como a obra já faz a aquisição de armaduras
cortadas e dobradas resta a ser realizada no canteiro apenas a montagem das armaduras dos
elementos estruturais. O transporte vertical destas armaduras é realizado através de cabos
de aço içados pelo equipamento conhecido como guincho pórtico ou elevador de coluna
através do vazado na laje de piso do térreo junto à torre – Anexo C.
(16) Central de corte de tijolos e blocos: Localizado no subsolo inferior, visa atender a
demanda do projeto de alvenaria racionalizada, com tijolos e blocos já montados com
caixas de tomada, além de reduzir os efeitos sonoros do corte para a vizinhança, haja vista
que no subsolo há um confinamento, o que promove certo isolamento acústico – Anexo D.
(17) Central de argamassa: Localizada no subsolo inferior de modo a aproveitar tanto o
isolamento acústico promovido por esta localização, assim como obter a vantagem da
economia de mão de obra ou energia para fazer o transporte vertical para abastecimento
desta. Como fica adjacente às baias de areia e brita e do depósito de cimento e cal também
há uma redução satisfatória dos movimentos de mão de obra para a confecção de
argamassas.
(18) Baias de areia e brita e calha rampada: Localizados no subsolo inferior de modo a
eliminar a necessidade de grandes deslocamentos ou consumo de energia no transporte
vertical e horizontal de areias, britas, cimento e cal. Este esquema de transporte já se
mostra eficiente em algumas obras da Construtora A, portanto de simples aplicação –
Anexo D.
(19) Depósito de formas: Localizado no subsolo inferior e próximo à central de corte de
fôrmas, reduzindo as distâncias e tempos percorridos horizontalmente, e do vazado nas
lajes, o que vem a facilitar o transporte vertical das fôrmas.
(20) Depósito de cimento e cal: Localizado no subsolo inferior, próximo à calha de
abastecimento, que promove a entrada de estoque, e da central de argamassa, que por sua
vez realiza o consumo do estoque.
53
(21) Central de corte de fôrmas: Localizada no subsolo inferior, tirando partido do
isomanto acústico promovido pelo subsolo e próximo ao vazado nas lajes, o que vem a
facilitar o transporte vertical das fôrmas.
(22) Elevadores de pessoas e cargas: Dispositivos de transporte vertical já utilizados pela
obra em questão da Construtora A. Segundo os gestores da obra a localização se dá desta
forma para reduzir empecilhos em serviços futuros na obra, sendo impactados apenas os
serviços referentes à fachada, concretagem dos vazios nas lajes de teto dos dois subsolos.
Itens como um projeto de alvenaria racional e acompanhamento dos serviços
com vistas para a melhoria nos rendimentos de materiais e mão de obra são outros fatores
importantes na busca da redução de impactos ambientais.
Desta forma verificou-se que a implementação de atitudes gerenciais simples
visando as reduções no consumo de água e energia elétrica, assim como na redução da
produção de RCC, agregadas a ações que possibilitem a promoção do bem estar dos
operários da construção civil mostram-se como alternativas para obras de construtoras que
ainda não são certificadas por algum selo verde.
54
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A análise dos resultados permite tecer algumas considerações sobre a
sustentabilidade aplicada ao canteiro de obra. Verificou-se que o selo LEED concentra
suas maiores aplicações no desenvolvimento do projeto do edifício, visando a redução dos
impactos ambientais ao longo da vida útil do edifício.
De toda forma alguns pontos importantes são visualizados no canteiro de obra.
A busca pela redução de impactos ambientais, sejam eles sonoros, ou por materiais
particulados ou sólidos é bem estabelecida.
Em síntese, do que foi exposto, verifica-se que os profissionais de engenharia e
arquitetura envolvidos na construção civil tem consciência da necessidade de atitudes
sustentáveis para o setor e para a economia em um contexto mundial, porém faltam
instrumentos práticos e de simples adoção para que seja mudada a realidade atual do setor.
Vale lembrar que ações que visem à melhoria da escolaridade e treinamento
dos operários aliados à manutenção da baixa rotatividade da mão de obra e a reabsorção
desta entre as obras da construtora facilitam na assimilação das metodologias de trabalho,
aplicadas pela Construtora B.
Aponta-se como dificuldades a falta de acesso à documentação oficial para
certificações LEED e pelo protecionismo comercial da Construtora B.
O projeto do canteiro de obra da Construtora A mostrou-se de simples
assimilação e propício a baixos custos para sua implementação. Para o sucesso de sistemas
de gestão da qualidade observa-se ainda a necessidade de engajamento de todos que atuam
no canteiro de obras, demandando, portanto, um processo de conscientização, treinamento
e qualificação da mão de obra.
Como sugestões para trabalhos futuros são propostos o aperfeiçoamento de
metodologias de projeto de canteiro de obra sustentável, assim como o desenvolvimento de
tecnologias para reduzir a produção de RCC no ato da desmobilização dos canteiros.
Recomenda-se ainda a busca contínua por implementações racionais e simples que visem a
melhoria dos rendimentos de mão de obra e materiais. Propõe-se ainda um estudo
quantitativo dos custos para implantação de um canteiro sustentável.
Portanto, torna-se emergente uma mudança no panorama atual da construção
civil visando a melhoria nos processos, materiais, conscientização e treinamento de pessoal
técnico e operacional para que as metas de sustentabilidade sejam alcançadas.
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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56
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consumo de materiais na construção civil. São Paulo. 2005. Ed. PINI
57
ANEXOS
Anexo A – Checklist de pontuação LEED-CS
Anexo B – Projeto de canteiro de obra sustentável aplicado à obra da
Construtora A – Planta baixa pavimento térreo – Escala 1:175.
Anexo C – Projeto de canteiro de obra sustentável aplicado à obra da
Construtora A – Planta baixa pavimento subsolo superior – Escala
1:150.
Anexo D – Projeto de canteiro de obra sustentável aplicado à obra Construtora
A – Planta baixa pavimento subsolo inferior – Escala 1:150.
58
ANEXO A
LEED-CS para Fachadas e áreas comuns
do edifício - 2009
Registro Projeto Checklist
Nome do Projteto:
Endereço do Projeto:
Yes
?
No
Espaço Sustentável
Y
Pré-requisito 1
Crédito 1
Crédito 2
Crédito 3
Crédito 4.1
Crédito 4.2
Crédito 4.3
Crédito 4.4
Crédito 5.1
Crédito 5.2
Crédito 6.1
Crédito 6.2
Crédito 7.1
Crédito 7.2
Crédito 8
Crédito 9
Yes
?
Prevenção da Poluição ativa da construção
Seleção do Terreno
Desenvolver Densidade Urbana e Conexão com a Comunidade
Remediação de áreas contaminadas
Transporte Alternativo - Fácil acesso ao transporte público
Transporte Alternativo - Bicicletário e Vestiário para os usuários
Transporte Alternativo - Uso de veículos de baixa emissão
Transporte Alternativo - Capacidade de Estacionamento
Desenvolvimento do espaço, Proteção e restauração do Habitat
Desenvolvimento do espaço, Maximinizar espaços abertos
Projeto para águas Pluviais, Controle da quantidade
Projeto para águas pluviais, Controle da qualidade
Redução da ilha de calor, Áreas cobertas
Redução da ilha de calor, Áreas descobertas
Redução da Poluição Luminosa
Guia de Projeto & Construção para inquilinos
Y
Pré-requisito 1
Crédito 1
Crédito 2
Crédito 3
?
Redução no Uso da Água, 20% de redução
Uso eficiente de água no paisagismo
Redução de 50%
Uso de água não-potável ou sem irrigação
Tecnologias Inovadoras para águas servidas
Redução no Uso da Água
Redução de 30%
Redução de 35%
Redução de 40%
Y
Y
Y
Pré-requisito 1
Pré-requisito 2
Pré-requisito 3
Crédito 1
Crédito 2
Crédito 3
Crédito 4
Crédito 5.1
Crédito 5.2
Crédito 6
?
1
5
1
6
2
3
2
1
1
1
1
1
1
1
1
10 Pontos
Requisito
2a4
2
4
2
2a4
2
3
4
No
Energia e Atmosfera
Yes
Requisito
No
Uso Racional da Água
Yes
28 Pontos
No
Comissionamento dos sistemas de energia
Performance Mínima de Energia, 10% novas contruções e 5% edifícios existentes
Gestão Fundamental de Gases Refrigerantes
Otimização da performance energética
12% Prédios Novos ou 8% Prédios Reformados
14% Prédios Novos ou 10% Prédios Reformados
16% Prédios Novos ou 12% Prédios Reformados
18% Prédios Novos ou 14% Prédios Reformados
20% Prédios Novos ou 16% Prédios Reformados
22% Prédios Novos ou 18% Prédios Reformados
24% Prédios Novos ou 20% Prédios Reformados
26% Prédios Novos ou 22% Prédios Reformados
28% Prédios Novos ou 24% Prédios Reformados
30% Prédios Novos ou 26% Prédios Reformados
32% Prédios Novos ou 28% Prédios Reformados
34% Prédios Novos ou 30% Prédios Reformados
36% Prédios Novos ou 32% Prédios Reformados
38% Prédios Novos ou 34% Prédios Reformados
40% Prédios Novos ou 36% Prédios Reformados
42% Prédios Novos ou 38% Prédios Reformados
44% Prédios Novos ou 40% Prédios Reformados
46% Prédios Novos ou 42% Prédios Reformados
48% Prédios Novos ou 44% Prédios Reformados
Energia Renovável no local
Melhoria no comissionamento
Melhoria na gestão de gases refrigerantes
Medições & Verificações: Base do Edifício
Medições & Verificações: Sub-medição de inquilinos
Energia Verde
37 Pontos
Requisito
Requisito
Requisito
3 a 21
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
4
2
2
3
3
2
Materiais e Recursos
Y
Pré-requisito 1
Crédito 1
Crédito 2
Crédito 3
Crédito 4
Crédito 5
Crédito 6
Yes
?
Depósito e Coleta de materiais recicláveis
Reuso do edifício, Manter Paredes, Pisos e Coberturas Existentes
Manter 25% de paredes, pisos e coberturas existentes
Manter 33% de paredes, pisos e coberturas existentes
Manter 42% de paredes, pisos e coberturas existentes
Manter 50% de paredes, pisos e coberturas existentes
Manter 75% de paredes, pisos e coberturas existentes
Gestão de Resíduos da Construção
Destinar 50% para reuso
Destinar 75% para reuso
Reuso de Materiais, 5%
Conteúdo Reciclado
10% (pós-consumo + 1/2 pré consumo)
20% (pós-consumo + 1/2 pré consumo)
Materiais Regionais
10% dos materiais extraído, processado e manufaturado regionalmente
20% dos materiais extraído, processado e manufaturado regionalmente
Madeira Certificada
Y
Y
Pré-requisito 1
Pré-requisito 2
Crédito 1
Crédito 2
Crédito 3
Crédito 4.1
Crédito 4.2
Crédito 4.3
Crédito 4.4
Crédito 5
Crédito 6
Crédito 7
Crédito 8.1
Crédito 8.2
?
Desempenho Mínimo da Qualidade do Ar Interno
Controle da fumaça do cigarro
Monitoração do Ar Externo
Aumento da Ventilação
Plano de Gestão de Qualidade do Ar, Durante a Construção
Materiais de Baixa Emissão, Adesivos e Selantes
Materiais de Baixa Emissão, Tintas e Vernizes
Materiais de Baixa Emissão, Carpetes e sistemas de piso
Materiais de Baixa Emissão, Madeiras Compostas e Produtos de Agrofibras
Controle interno de poluentes e produtos químicos
Controle de Sistemas, Conforto Térmico
Conforto Térmico, Projeto
Iluminação Natural e Paisagem, Luz do dia para 75% dos espaços
Iluminação Natural e Paisagem, Vistas para 90% dos espaços
Crédito 1.1
Crédito 1.2
Crédito 1.3
Crédito 1.4
Crédito 1.5
Crédito 2
?
Inovação no Projeto: Insira o título
Inovação no Projeto: Insira o título
Inovação no Projeto: Insira o título
Inovação no Projeto: Insira o título
Inovação no Projeto: Insira o título
Profissional Acreditado LEED®
Crédito 1.1
Crédito 1.2
Crédito 1.3
Crédito 1.4
?
1
2
3
4
5
1a2
1
2
1
1a2
1
2
1a2
1
2
1
12 Pontos
Requisito
Requisito
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
6 Pontos
1
1
1
1
1
1
No
Créditos Regionais
Yes
1a5
No
Inovação e Processo do Projeto
Yes
Requisito
No
Qualidade Ambiental Interna
Yes
13 Pontos
Prioridades Regionais
Prioridades Regionais
Prioridades Regionais
Prioridades Regionais
4 Pontos
1
1
1
1
No
Total de Pontuação do Projeto (Estimativa de Certificação)
Certificado: 40-49 pontos Prata: 50-59 pontos Ouro: 60-79 pontos Platinum: 80 pontos ou mais
110 Pontos
59
ANEXO B
60
ANEXO C
62
ANEXO D
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Canteiros Sustentáveis - DEECC - Universidade Federal do Ceará