a i n d a . I m a g i n o u q u e c a d a objecto do univ e r s o a t r a í a t o d o s os o u t r o s c o m u m a c e r t a
f o r ç a : a força da g r a v i t a ç ã o , q u e v a r i a v a
n a r a z ã o i n v e r s a do q u a d r a d o d a s d i s t â n cias q u e o s e p a r a deles, e s u p ô s q u e os
p l a n e t a s se m o v i a m só s o b a influência
d e s t a s forças. M o s t r o u q u e e s t a h i p ó t e s e
e x p l i c a v a as ó r b i t a s e l í p t i c a s d o s p l a n e t a s ,
e também um número imenso doutros
factos e f e n ó m e n o s : o m o v i m e n t o da l u a à
roda da terra, a queda duma maçã, a traj e c t ó r i a p a r a b ó l i c a d u m a bola dc «cricket»,
e a t é a s m a r é s . Enfim, e s t a t e o r i a elucid o u - n o s sobre o m o v i m e n t o dos c o m e t a s .
E s t a s a p a r i ç õ e s terríficas e m i s t e r i o s a s q u e
a t é e n t ã o se t e m i a m como m e n s a g e i r a s d e
d e s g r a ç a ou como s í m b o l o s da cólera divina,
n ã o e r a m s e n ã o f r a g m e n t o s de m a t é r i a
inerte, condenados a descrever a sua traj e c t ó r i a à v o l t a d o sol sob a acção de forças i d ê n t i c a s às q u e r e g u l a m os m o v i m e n t o s b e m o r d e n a d o s dos p l a n e t a s .
Os n o v o s d a d o s c o n t i n u a v a m - a a c u m u l a r - s e , e t o d o s e n c o n t r a r a m o seu l u g a r n a
t e o r i a d e N e w t o n a t é m e a d o s do século xix.
N e s t a época, o astrónomo Leverrier
d e s c o b r i u u m a a n o m a l i a n o m o v i m e n t o de
Mercúrio. A hipótese de Newton exigia
q u e o s p l a n e t a s d e s c r e v e s s e m indefinidam e n t e a m e s m a elipse — c o m o a l o c o m o t i v a
d u m brinquedo de criança repete o mesmo
c i r c u i t o . L e v e r r i e r e n c o n t r o u q u e Mercúrio
n ã o se c o m p o r t a v a assim, m a s d e s c r e v i a u m a
elipse q u e p o r s u a v e z d e s c r e v i a u m a v o l t a
n o e s p a ç o em cerca de t r ê s m i l h õ e s de a n o s .
T u d o se p a s s a v a como se o circuito d a locomotiva-brinquedo estivesse montado sobre
u m eixo e r o d a s s e l e n t a m e n t e n o e s p a ç o ,
enquanto a locomotiva girava rapidamente
à volta da pista.
Por sua vez Einstein propôs ainda uma
n o v a h i p ó t e s e q u e explicava, n ã o só t o d o s
os f e n ó m e n o s q u e a t e o r i a da g r a v i t a ç ã o
de N e w t o n j á t i n h a e x p l i c a d o , m a s a i n d a ,
e com p r e c i s ã o , o m o v i m e n t o de M e r c ú r i o
e u m g r a n d e n ú m e r o d o u t r o s factos científicos. F o i possível c o n c e b e r e x p e r i ê n c i a s e
o b s e r v a ç õ e s p a r a s e p a r a r definitivamente a
n o v a t e o r i a de E i n s t e i n da a n t i g a t e o r i a de
N e w t o n . E m t o d o s os casos a n a t u r e z a
r e p u d i o u e s t a em favor d a q u e l a . O u t r a s
e x p e r i ê n c i a s cruciais foram r e a l i z a d a s p a r a
c o m p a r a r a n o v a t e o r i a com as q u e e n t ã o
p r e d o m i n a v a m : a p r o p a g a ç ã o d a luz p o r
vibrações dum éter omnipresente, transmit i n d o p e l a s suas t e n s õ e s e as s u a s c o m p r e s sões as forças eléctricas e m a g n é t i c a s . E m
t o d o s os c a s o s , a n a t u r e z a decidiu a i n d a a
favor da t e o r i a da r e l a t i v i d a d e . H o j e , a
t e o r i a de E i n s t e i n fornece a explicação d u m a
i m e n s i d a d e d e f e n ó m e n o s , e n ã o se c o n h e c e
u m único facto n a t u r a l q u e seja i n c o m p a t í vel com e l a .
O fim geral da ciência ó p r o g r e d i r p a r a
tais teorias e
finalmente
estabelecê-las.
J a m a i s p o d e r e m o s dizer q u e u m a - t e o r i a
ó definitiva ou c o r r e s p o n d e à v e r d a d e a b s o l u t a , p o r q u e em q u a l q u e r m o m e n t o p o d e
a p a r e c e r u m facto n o v o q u e n o s force a
a b a n d o n á - l a . Se b e m q u e i s t o p a r e ç a imp r o v á v e l , factos a i n d a i n s u s p e i t a d o s p o d e m ,
e m d a d o m o m e n t o , forçar-nos a a b a n d o n a r
a t e o r i a d a r e l a t i v i d a d e . Mesmo a s s i m , o
t e m p o e m p r e g a d o em construí-la n ã o t e r á
sido p e r d i d o ; t e r - n o s - á fornecido o marche-péed d u m a t e o r i a a i n d a m a i s v a s t a o n d e se
a d a p t a r á u m n ú m e r o a i n d a maior de fenómenos naturais.
P a r a o profano, a ciência m u d a c o n t i n u a m e n t e de ideia, h e s i t a , v o l t a p a r a t r a z , e
r e p u d i a as s u a s opiniões a n t e r i o r e s . P a r a
o h o m e m de ciência, ela p r o g r i d e s e m p r e
g r a ç a s a u m a série de t e o r i a s c a d a u m a
d a s q u a i s i n t e r p r e t a m a i s f e n ó m e n o s que
a p r e c e d e n t e , p a r a a t e o r i a ú n i c a q u e eng l o b a r á t o d o s os f e n ó m e n o s n a t u r a i s .
A física atómica e a teoria dos quanta
Q u a n d o u m a m a s s a de h i d r o g é n i o é
l e v a d a à i n c a n d e s c ê n c i a — q u e r seja n a
a t m o s f e r a d u m a e s t r e l a q u e n t e , q u e r sob a
influência da d e s c a r g a eléctrica n u m dos
n o s s o s l a b o r a t ó r i o s t e r r e s t r e s — ela e m i t e
fotões d e m u i t a s espécies diferentes, c a r a c terizados por outros tantos compriment o s de o n d a .
U m e s p e c t r o s c ó p i o fará a s e p a r a ç ã o dos
fotões s e g u n d o o seu c o m p r i m e n t o de o n d a
como u m crivo de b a t a t a s as s e p a r a p o r
o r d e m de d i m e n s õ e s , m a s com u m a precisão i n c o m p a r a v e l m e n t e maior. O c o m p r i m e n t o de o n d a dos fotões e m i t i d o s p e l o
h i d r o g é n i o p o d e ser m e d i d o com a p r e c i s ã o
de u m c e n t é s i m o m i l é s i m o .