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Uma proposta para organizar Avaliação:
Modelo Lógico e a Teoria do Programa
Martha Cassiolato
Diretoria de Estudos e Políticas Sociais
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
Proposta se baseia na abordagem de avaliação orientada pela teoria do
programa
Alguns estudiosos da avaliação de programas destacam a importância de se
partir da análise de sua teoria, não só para identificar o que o programa espera
alcançar, mas para entender como espera alcançar.
Para tanto é necessário articular uma explícita descrição das idéias, hipóteses e
expectativas que constituem a estrutura do programa e o seu funcionamento
esperado.
A construção do modelo lógico cumpre esse papel de explicitar a teoria do
programa e é um passo considerado essencial na organização dos trabalhos de
avaliação.
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Os elementos do modelo lógico são: recursos, ações, produtos, resultados
intermediários e finais, assim como as hipóteses que suportam essas relações e
as influências das variáveis relevantes de contexto.
Os pressupostos sobre os recursos e ações e como esses levam aos resultados
esperados são freqüentemente referidos como a teoria do programa.
O modelo lógico serve como um organizador para desenhar avaliação e
medidas de desempenho, focalizando nos elementos constitutivos do Programa
e identificando quais questões de avaliação devem ser colocadas e quais
medidas de desempenho são relevantes.
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 A construção de uma referência prévia para a avaliação busca estabelecer
consensos para as expectativas dos diversos atores envolvidos. Na medida em que
pontos prioritários e parâmetros de julgamento são pactuados anteriormente à
avaliação propriamente dita, minimiza-se o risco de divergências quanto ao desenho
da avaliação, à interpretação dos resultados e às recomendações de mudanças no
programa avaliado.
Procedimentos adotados na construção do modelo lógico:
1º passo: coleta e análise das informações relevantes do programa: levantamento da
documentação, de fontes de informação disponíveis e entrevistas com “pessoas
chave”;
2º passo: pré-montagem do modelo lógico pela equipe de avaliação;
3º passo: Oficina de validação do modelo lógico com atores envolvidos na
formulação e implementação do Programa para a checagem dos componentes do
modelo lógico e análise de sua consistência.
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Modelo Lógico de Programa – CTMA*/IPEA
Componentes
1. Explicação do problema e referências básicas do Programa
(objetivos, público-alvo e beneficiários)
2. Estruturação do Programa para alcance de Resultados
(Resultado Final e Impactos)
Estrutura Lógica
Resultados
Recursos
Ações
Produtos
Intermediários
Resultado
Final
Impactos
3. Identificação de Fatores Relevantes de Contexto
* Câmara Técnica de Monitoramento e Avaliação criada pelo Ministério do Planejamento em 2005
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1. Explicação do problema e referências básicas
A construção da árvore de problemas é a forma usualmente utilizada para
elaborar a explicação do problema. É organizada em torno de um problema central,
seus descritores, as principais causas e as principais conseqüências do problema.
As referências básicas são atributos que delimitam o campo de atuação do
programa: objetivos, público-alvo e beneficiários.

Utilizar um método para enunciar o problema e elaborar sua explicação
deveria ser, em princípio, o passo inicial na elaboração de programas. Ao se definir
qual é o problema a ser enfrentado pelo programa, o objetivo geral é mais
facilmente identificado, que é exatamente a mudança da situação do problema. O
público-alvo fica evidenciado e torna-se mais claro definir quais ações irão
integrar o programa, dado que estas devem estar orientadas para alterar as causas
do problema
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1. Explicação do problema e referências básicas do Programa Mais Educação
Maior exposição ao risco
social
Conseqüências
Reforço da exclusão
social.
Saída extemporânea da
escola (evasão escolar) e
baixo aprendizado.
Descritores do Problema
Situação Inicial
Problema
d1= apenas 400 mil crianças
e adolescentes freqüentam
escolas públicas em jornada
integral
Grande contingente de crianças
e adolescentes em situação de
vulnerabilidade social que não
estão em atividades educativas
em jornada integral.
d2=17 milhões de crianças e
adolescentes em situação de
vulnerabilidade social (em
famílias beneficiárias do BF)
Causas
Programa
MAIS EDUCAÇÃO
Reduzida oferta de Educação
Integral em escolas públicas.
Inexistência de
profissionais c/ formação
em Educação Integral
Baixa disponibilidade
de materiais didáticos
para Educação Integral
Não utilização dos
equipamentos públicos
disponíveis pelas
populações vulneráveis
Insuficiência de
equipamentos e
infra-estrutura nas
escolas para
Educação Integral
Educação Integral não está
incorporada nos currículos
de formação de professores
Educação Integral não
está incorporada na
formação de gestores
educacionais e demais
profissionais da
educação
Inexistência de instituições formadoras que
incorporem novos perfis profissionais
requeridos pela Educação Integral.
Precária formulação
pedagógica consolidada
sobre Educação Integral
Ausência de paradigma
contemporâneo de
Educação Integral
Objetivo
Fomentar atividades educativas
que ampliem a jornada escolar
com vistas à promoção da
educação integral de crianças e
adolescentes em situação de
vulnerabilidade
Público Alvo
Insuficiência de
equipamentos públicos
(quadras, ginásios,
museus, parques etc.)
nas periferias.
Alunos dos ensinos
fundamental e médio,
em escolas públicas.
Beneficiários
Ausência de políticas
públicas para utilização
dos espaços disponíveis
nas periferias.
Financiamento público é insuficiente
para ofertar educação de qualidade
Educação Integral nãopriorizada como política
pública
Alunos dos ensinos
fundamental e médio
atendidos pelo
Programa “Mais
Educação”.
Prioridades 20092010
- escolas urbanas
com Ideb abaixo de
3.2;
- territórios c/
violação dos
direitos (trabalho
infantil, exploração
sexual..)
- territórios do
PRONASCI
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2. Estruturação do Programa para alcance de resultados
Estrutura Lógica
Resultados
Recursos
Ações
Produtos
Intermediários
Resultado
Final
Impacto
As ações do programa devem estar orientadas para mudar causas críticas do problema,
aquelas sobre as quais se deve intervir pelo seu maior efeito para a mudança esperada.
As ações geram produtos, que são bens ou serviços ofertados aos beneficiários do
programa.
Em decorrência dos produtos das ações, os resultados intermediários evidenciam
mudanças nas causas do problema e, por sua vez, levam ao resultado final esperado, que
está diretamente relacionado ao objetivo do programa, refletindo a mudança no problema.
Os impactos são os efeitos diretamente associados ao alcance do resultado final e,
muitas vezes refletem mudanças nas conseqüências do problema.

A importância do modelo lógico reside na representação adequada dos vínculos causais,
de forma que seja possível contemplar claramente a relação entre aquilo que o programa
deve produzir e o resultado a que se propõe.
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2. Estruturação do Programa Mais Educação para alcance de resultados
Recursos
Ações
Produtos
Sensibilização e disseminação sobre “Mais
Educação” para gestores escolares (diretores, coord.
pedagógicos e equipes de gestão).
______ gestores escolares
informados para atuarem no
Programa Mais Educação
$
Formação continuada a distância via UAB em
Educação Integral
______ professores com aperfeiçoamento em Educação Integral
$
Curso de especialização de professores comunitários
do projeto Escola Aberta com conteúdo sobre
Educação Integral.
____ professores com especialização
em Educação Integral (curso de 360
horas).
$
Constituição de “centros colaboradores” da
Educação Integral com as Universidades Federais.
______ “centros colaboradores” em
Educação Integral constituídos.
$
Ressarcimento de despesas com monitores
voluntários.
______ monitores voluntários
ressarcidos
$
$
Disseminação dos novos perfis profissionais para
formação de técnicos de nível médio
$
Instituição de novos perfis profissionais para formação
de técnicos de nível médio (macro-campos).
____ escolas
públicas com
Educação
Integral do
“Mais Educação”
atendendo ____
crianças e
adolescentes em
situação de
vulnerabilidade
social.
______ novos perfis instituídos
(macro-campos).
_______ materiais sobre Educação
Integral disponibilizados para
escolas e Secretarias de Educação
$
Apoio à aquisição de materiais para execução de
atividades educativas (7 macro-campos)
______ materiais para execução das
atividades educativas
disponibilizados para _____ escolas
$
Apoio à construção e reforma de quadras
esportivas nas escolas que aderiram ao Mais
Educação.
Quadras multi-esportivas construídas
ou reformadas em ________ escolas
$
Repasse adicional de recursos para alimentação
escolar dos alunos do Programa Mais Educação.
Aumento das refeições em ________
escolas que estão no Mais Educação.
$
Realização de estudos e pesquisas.
_______ estudos e pesquisas
realizadas.
Resultado
final
Ampliação do
número de
profissionais
habilitados e com
formação em
Educação Integral.
______ escolas técnicas oferecem
formação de técnicos para EI
Apoio à produção e distribuição de material
formativo sobre Educação Integral e o Programa
Mais Educação.
$
Resultados
intermediários
Ampliação do
número de escolas
com recursos
didáticos para
Educação Integral.
Oferta de condições
para desenvolver
atividades do
Programa Mais
Educação.
Aperfeiçoamento do
desenho do Programa
Mais Educação.
Impactos
Melhoria do
aprendizado dos
alunos e
permanência na
escola.
.
Redução do número
de crianças e
adolescentes
expostos à situação
de vulnerabilidade
social
Mudança na
concepção e
organização
curricular de
Educação Integral.
.
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3. Identificação de Fatores Relevantes de Contexto
Para finalizar a construção do modelo lógico, é preciso refletir sobre as
possíveis influências do contexto sobre a implementação do programa.
Devem ser identificados os fatores relevantes de contexto que podem
favorecer e os que podem comprometer o desenvolvimento das ações. Este é um
dado importante da realidade do programa, o qual irá permitir conhecer a
sustentabilidade das hipóteses assumidas na sua estruturação lógica para o alcance
de resultados.
É importante ter em mente que a apreciação sobre os fatores de contexto deve
ser continuamente atualizada

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3. Identificação de fatores relevantes do contexto do Programa Mais Educação
FAVORÁVEL
Apoio da Presidência da República ao
PDE.
DESFAVORÁVEL
Dificuldades dos gestores para implantar o
Programa Mais Educação
.
Priorização da qualidade da Educação
Básica no PDE favorece a opção pela
Educação Integral.
Existência de outros programas federais
que ofertam atividades sócio-educativas.
.
Grande visibilidade do programa na
Secad/MEC.
Organização curricular existente hoje na
escola não favorece a Educação Integral
Descontinuidade das políticas
educacionais nos municípios (eleições
municipais 2008)
Baixa articulação com os outros
programas federais, estaduais e municipais
.
Educação Integral é fator de diferenciação
na distribuição dos recursos do FUNDEB
Ausência de mobilização e controle social
Convergência de outros programas que
atuam nos territórios do Programa Mais
Educação.
Limitação orçamentária.
Inclusão do Mais Educação no PDDE.
Restrição legal para pagamento dos
monitores voluntários
Conhecimento acumulado de que a EI é
importante para a redução das
desigualdades
Existência e desenho do Programa Saúde
na Escola (PSE).
Famílias dos alunos não estão informadas
sobre o Programa Mais Educação
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DEFINIÇÃO DE INDICADORES
Com a construção do modelo lógico é possível definir indicadores apropriados para
aferir o desempenho do programa.
O indicador é uma medida, que pode ser quantitativa ou qualitativa, dotada de
significado particular e utilizada para organizar e captar as informações relevantes dos
elementos que compõem o objeto da observação. É um recurso metodológico que
informa empiricamente sobre a evolução do aspecto observado.
Quando da sua definição, é importante analisar a relevância e utilidade do indicador
para seus usuários potenciais.

Outros requisitos devem igualmente ser preenchidos pelo indicador selecionado:
validade e confiabilidade (pertinência e adequação para aferir o desempenho);

mensurabilidade (passível de aferição periódica) e economicidade (obtido a um custo
razoável).
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Indicadores de Produto do Programa Segundo Tempo
Produto
Metas anuais
Indicador
Fórmula
Fonte da
Informação
Núcleos do
Segundo Tempo
implantados, (com
convênios
assinados)
“X” Núcleos
previstos
Taxa de Implantação
de Núcleos
Monitores e
coordenadores
desenvolvendo
atividades dos
núcleos
“X” Monitores
necessários
Grau de cobertura da nº. de monitores atuando nos núcleos
monitoria
nº. necessário de monitores
SNEED
“X”
Coordenadores
necessários
Grau de cobertura da nº. de coordenadores atuando nos núcleos
coordenação
nº. necessário de coordenadores
SNEED
Evento de Esporte
Educacional
realizado
“X” eventos
programados
Taxa de realização
de eventos
nº. de eventos realizados
nº. de eventos previstos
SNEED
Espaços Físicos
esportivos e
equipamentos
implantados em
áreas de risco
social
“X” recursos
investidos nos
Núcleos
Taxa de
investimentos em
infra-estrutura dos
núcleos
Total de recursos investidos p/ Núcleos do PST
Total de recursos previstos
SNEED
nº. de núcleos implantados
nº. de núcleos previstos
SNEED
Indicador
Aferido
Data:____
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Indicadores de Resultados Intermediários do Programa Segundo Tempo
Metas anuais
Indicador
Aumento da
participação e
permanência das
crianças e
adolescentes no
Programa
“X”
participantes
com freqüência
entre 80 a
100%
Taxa de
freqüência de
participantes no
Programa
Ampliação de
profissionais
atuando na área
de esporte
educacional
“X”
profissionais
atuando em
esporte
educacional
nº. índice de
profissionais de
esporte
educacional
Ampliação e
melhoria da
capacidade de
atendimento de
crianças e
adolescentes em
áreas de risco
social
“X” Núcleos
programados
Evolução de
implantação de
núcleos
Resultado
Intermediário
Linha de
Base
Fórmula
Fonte da
Informação
t0
participantes c/ freqüência entre 80 a 100%
Total de participantes
Núcleos do
PST
nº. de profissionais atuando em tn
nº. de profissionais atuando em t0
SNEED
nº. de Núcleos do PST em tn
nº. de Núcleos do PST em tn-1
SNEED
Indicador
Aferido
Data:____
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Indicadores de Resultado Final do Programa Segundo Tempo
Resultado Final
Linha de
Base
Meta
Indicador
Fórmula
Fonte da
Informação
nº. crianças e adolescentes atendidos
nº. crianças e adolescentes expostos
a situações de risco social
A ser definida
t0
Crianças e
adolescentes
expostos a
situações de risco
social, praticando
regularmente
esporte educacional
no tempo ocioso.
““X” crianças e
adolescentes
expostos a
situações de
risco social
praticando
regularmente
esporte
educacional no
tempo ocioso
Taxa de
atendimento de
crianças e
adolescentes
expostos a
situações de risco
social
Indicador
Aferido
Data:____
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