Matriz energética
Energia: precisamos dela, sempre
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O mundo consome cada vez mais energia. E isso não está relacionado
apenas ao crescimento da população
O uso de equipamentos eletrônicos aumenta,
cada vez mais, a sede por energia
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A energia é hoje mais do que um item necessário à sobrevivência de cada cidadão. É um fator de grande importância na
economia global. Sem eletricidade para mover as fábricas ou
combustível para transportar as mercadorias por mar, ar e solo,
a economia para. Se os países não exportam, as indústrias
não vendem e os funcionários não têm trabalho. Por isso,
cada vez que os noticiários anunciam uma alta no preço do
barril de petróleo, o preço da farinha de trigo – e, portanto, do
pão – também se eleva. Para depender menos das oscilações
internacionais dos preços da energia, um país precisa buscar
sua independência energética – ou seja, ter a capacidade de
suprir suas necessidades energéticas dentro de seu território.
Também é importante diversificar suas fontes de energia, para
não depender de poucas, que podem ter alguma restrição e
criar uma crise no fornecimento.
Para conhecer o perfil de utilização da energia, usa-se a
matriz energética – e a matriz brasileira, nesse sentido,
difere da mundial (veja quadro com análise abaixo). Os economistas usam também matrizes secundárias para estudar o
desempenho de um país em um determinado tipo de energia
de fontes secundárias. É o caso da matriz de energia elétrica.
Comparando as matrizes energéticas mundial e nacional, é
possível identificar os rumos que um país está tomando na
sua política pública de energia.
Matriz energética mundial (2010)
Matriz energética brasileira (2011)
Energia
Outras fontes renováveis
hidrelétrica 1,3%
6,4%
Energia
nuclear
Outras fontes renováveis
Biomassa
0,5%
Energia
nuclear
3,9%
1,3%
5,2%
Petróleo
38%
Energia
hidrelétrica
23,7%
14,2%
Carvão mineral
Estudo Municípios Canavieiros 2013 - BIOELETRICIDADE
Petróleo
Gás natural
Escalada de consumo
e sua desigualdade
Nos primórdios da espécie humana, nosso
ancestral dispunha apenas da energia retirada do
alimento caçado ou colhido a cada dia. Foram as
tecnologias introduzidas na Revolução Industrial,
com a máquina a vapor, que levaram ao grande
salto no consumo de energia. No fim do século
19, o homem já consumia oito vezes mais energia
que seu ancestral pré-histórico. E, menos de um
século depois, o consumo de energia per capita
nos Estados Unidos era 115 vezes maior que o de
nossos ancestrais. Hoje, esse mesmo americano
consome, a cada ano, energia equivalente a sete
vezes o consumo anual per capita de um brasileiro.
Já um morador da Islândia consome mais que o
dobro da energia usada por um cidadão americano.
Biomassa
da cana
17,7%
32,2%
30,7%
Lenha e
carvão
vegetal Gás natural
9,6%
10,2%
Carvão
mineral
5,1%
Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2011
Vista de Chicago,
nos EUA. O país é um
dos maiores usuários
de energia no mundo
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matriz
energética
Mostra o volume
de energia ofertada
à população de um
país ou região, segundo
suas fontes primárias.
O consumo de energia sobe no mundo inteiro. Por um lado,
esse aumento acompanha, é claro, o crescimento da população
mundial. Quanto mais gente para se alimentar, se vestir, se educar
e se divertir, maior a necessidade de energia para oferecer todos
esses produtos e serviços. Mas isso não basta para explicar a
sede cada vez maior da humanidade por petróleo e eletricidade.
A elevação do consumo acompanha, também, o desenvolvimento tecnológico e o enriquecimento da população. Quanto
mais rica e sofisticada é uma sociedade, mais alto é seu padrão
de consumo de produtos e serviços e, portanto, maior sua necessidade de energia.
É fácil entender essa lógica: uma nação pobre dedica toda sua
energia à produção de itens básicos de sobrevivência, como alimentos. Já um país desenvolvido, no qual a fome não é problema,
mantém indústrias de alta tecnologia que produzem máquinas,
computadores, veículos – além de uma quantidade muito maior
de alimentos – para uma população que tem como pagar por esse
conforto e bem-estar. Esses consumidores, por sua vez, também
aumentam o consumo de energia elétrica quando ligam seus
eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos portáteis.
Independência e diversificação energética
Fonte: EPE, 2011
Tanto no mundo quanto no Brasil, a maior parte da energia vem de fontes não renováveis –
petróleo, gás natural, carvão mineral e energia nuclear.
No entanto, o peso das energias renováveis é muito maior na matriz brasileira do que na
mundial: energia hidrelétrica, biomassa, carvão vegetal e outras fontes renováveis respondem por
46,7% do total ofertado no país (energias hidrelétrica, biomassa, carvão vegetal e outras fontes
renováveis). No mundo, as fontes renováveis fornecem pouco mais de 13% do total de energia.
caderno do professor
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Cada país escolhe sua matriz energética
roberto francisco/divulgação
A escolha que um país faz por esta ou aquela fonte depende do potencial natural existente no território nacional.
Também são considerados os custos de produção, transmissão e distribuição, além das implicações ambientais para se
avaliar o grau desejado de renovação da matriz energética.
Para um país não é importante apenas alcançar a independência energética. Lembrando dos desafios de um
desenvolvimento sustentável, é fundamental chegar a essa
independência com uma matriz energética limpa e diversificada. Matriz limpa é aquela em que a maior parte da energia
é produzida por fontes que não geram resíduos poluentes
e emitem menos carbono que as fontes tradicionais, como
os derivados do petróleo. Matriz diversificada é aquela que
conta com várias fontes, que se complementam.
É papel dos governos se preocupar com o impacto ambiental da geração de energia e com o desenvolvimento
social. Um bom planejamento energético diminui os custos
de geração e os investimentos necessários para expandir a
oferta de energia. A inclusão de fontes renováveis e limpas
reduz as agressões ao meio ambiente e promove o bemestar da população.
As usinas hidrelétricas são as produtoras de
energia limpa e renovável mais usadas no Brasil
Oferta de energia elétrica no Brasil
Eólica
0,4%
Gás natural
6,8%
Derivados
de petróleo
3,6%
Biomassa
4,7%
Carvão e
derivados
1,3%
Energia
nuclear
Hidrelétrica
74%
2,7%
Importação
6,5%
Fonte: Balanço Energético Nacional 2011
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Estudo Municípios Canavieiros 2013 - BIOELETRICIDADE
O Brasil tem uma matriz
secundária (ou seja, aquela
relativa à oferta de energia
elétrica) mais limpa e mais
renovável do que a grande
maioria dos países. No país,
as usinas hidrelétricas respondem
por 74% de toda energia ofertada.
A força das hidrelétricas no Brasil
se explica por nossas extensas
bacias hidrográficas, com rios
adequados para a construção
de represas e a instalação
de usinas. A biomassa responde
por quase 5% da geração
de eletricidade (sendo a maioria
formada por bagaço de cana).
Existe potencial para que,
em 2020, a bioeletricidade
responda por 18% da oferta
de energia elétrica brasileira.
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