UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
CRISTINA MACHADO DE QUEIROZ
DIEGO PACE PEREIRA
GABRIEL DE ALEXANDRIA E PREARO
LUIZA MARGARIDO VIEIRA
GERAÇÃO DE ENERGIA LIMPA COM
BIODIGESTÃO NA SUINOCULTURA
SÃO PAULO
2010
2
CRISTINA MACHADO DE QUEIROZ
DIEGO PACE PEREIRA
GABRIEL DE ALEXANDRIA E PREARO
LUIZA MARGARIDO VIEIRA
GERAÇÃO DE ENERGIA LIMPA COM
BIODIGESTÃO NA SUINOCULTURA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como exigência parcial
para a obtenção do título de Tecnólogo
do Curso de Tecnologia em Gestão
Ambiental da Universidade Anhembi
Morumbi
Orientador: Profº Eng. Mauricio Cabral
CRISTINA MACHADO DE QUEIROZ
3
DIEGO PACE PEREIRA
GABRIEL DE ALEXANDRIA E PREARO
LUIZA MARGARIDO VIEIRA
GERAÇÃO DE ENERGIA LIMPA COM BIODIGESTÃO
NA SUINOCULTURA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como exigência parcial
para a obtenção do título de Tecnólogo
do Curso de Tecnologia em Gestão
Ambiental da Universidade Anhembi
Morumbi
Trabalho____________ em: ____ de_______________de 2010.
______________________________________________
Profº Eng. Mauricio Cabral
______________________________________________
Nome do professor da banca
Comentários:_________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
SÃO PAULO
2010
4
RESUMO
Neste trabalho apresentamos uma solução para o tratamento dos dejetos suínos
gerados na fazenda Bodoquena – MS. Entendendo os conceitos básicos da
biodiogestão anaeróbica, bem como os de energias renováveis, biomassa e biogás.
Na matriz energética brasileira, a porcentagem apresentada pela geração de energia
por meio da biomassa ainda pode aumentar, se comparando com a quantidade de
matéria orgânica disponível, cerca de 30%. Sabendo disso permitiu-se formular uma
alternativa sustentável para sanar um passivo ambiental que é a grande quantidade
de dejetos não tratados existentes na fazenda Bodoquena.
Implantado o biodigestor poderá se captar o biogás e gerar energia elétrica, cerca de
715kw/h, para ser usada nos próprios processos da fazenda.
Palavras Chave: Biodigestor, Suinocultura, Biomassa e Biogás.
5
ABSTRACT
We present a solution for the treatment of pig manure generated on the farm
Bodoquena - MS. Understanding the basics of anaerobic biomaneging as well as
renewable energy, biomass and biogas.
Brazilian energy network, the percentage displayed by power generation through
biomass is small compared to the amount of available organic matter, about 30%.
Knowing this enabled us
to formulate a sustainable alternative to solve an
environment debt which is the large amount of untreated waste which there is on
the farm Bodoquena.
Digester can be deployed to capture the biogas and generate electricity to be used in
the processes of the farm.
Key Word: Digester, Swine, Biomass and Biogas.
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 5.1.1:
Energia Solar.................................................................................17
Figura 5.1.2:
Energia Eólica................................................................................18
Figura 5.1.3
Energia Hidráulica.........................................................................20
Figura 5.1.4:
Energia de Biomassa....................................................................21
Figura 5.1.5:
Energia Geotérmica......................................................................22
Figura 5.1.6:
Energia Maremotriz.......................................................................23
Figura 5.2:
Grafico Referente à Matriz Energética Brasileira ....................... 24
Figura 5.3.2.1: Biodigestor Modelo Indiano ......................................................... 29
Figura 5.3.2.2: Biodigestor Modelo Chinês...........................................................30
Figura 5.3.2.3: Biodigestor Modelo Lagoa Coberta..............................................31
Figura 6.1:
Localização da Área de Estudo Obtida na Imagem de Satélite,
entre as Rodovias MS - 243 e BR - 262...................................................................36
Figura 6.3.1:
Figura
6.3.2:
Poço de Sucção da Estação Elevatória.......................................38
Caixa
de
Bombeamento
de
Dejetos,
sem
Bomba
de
Recalque....................................................................................................................39
Figura 6.3.3:
Dejetos Acumulados Sendo Encaminhados para o Rio.............40
Figura 6.3.4:
Válvula de Retenção da Linha de Recalque de Dejetos.............40
Figura 6.3.5: Sistema de Distribuição da Ultima Lagoa, com Talude em
Concreto....................................................................................................................41
Figura 6.3.6:
Grade do Sistema de Distribuição da Primeira Lagoa.................42
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.3: Equivalência Energética do Biogás Comparado a Outras Fontes de
Energia .................................................................................................................... 26
Tabela 5.4: Produção Média Diária de Dejetos......................................................33
Tabela 5.4.1: Caracteristicas de Dejetos Suínos ................................................. 34
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ETE – Estação de Tratamento de Esgoto;
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio;
DQO – Demanda Química de Oxigênio;
MS – Mato Grosso do Sul;
COV – Carga Orgânica Volumétrica;
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
9
LISTA DE SÍMBOLOS
km/hora – Quilômetros por Hora;
kilowatts, Watts – Unidades de Medida Utilizadas para Eletricidade;
º Celsius – Unidade de Medida Utilizada para Temperatura;
kg – Quilograma;
10
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 122
2.
OBJETIVOS .................................................................................................... 133
2.1
Objetivo Geral ............................................................................................. 133
2.2
Objetivo Específico .................................................................................... 133
3.
MÉTODO DE TRABALHO .............................................................................. 144
4.
JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 155
5.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 166
5.1
FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA ......................................................... 16
5.1.1
Energia Solar..............................................................................................16
5.1.2
Energia Eólica.............................................................................................17
5.1.3
Energia Hidráulica......................................................................................19
5.1.4
Energia de Biomassa.................................................................................20
5.1.5
Energia Geométrica....................................................................................21
5.1.6
Energia Maremotriz....................................................................................22
5.2
MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA ........................................................... 24
5.3 BIODIGESTOR..................................................................................................25
5.3.1
Histórico dos Biodigestores......................................................................27
5.3.2
Tipos de Biodigestores (Rendimento e Viabilidade................................28
5.3.2.1
Modelo Indiano.......................................................................................29
5.3.2.2
Modelo Chinês........................................................................................30
11
5.3.2.3
5.4
Modelo Lagoa Coberta.............................................................................31
Dejetos Suínos e Seus Impactos Ambientais..............................................32
5.4.1
Contaminação da Água por Dejetos Suínos...........................................34
5.5.2
Contaminação do Ar por Dejetos Suínos................................................35
5.4.3
Contaminação do Solo por Dejetos Suínos............................................35
5.4.4
Proliferação de Insetos Causada Pelos Dejetos....................................35
5.4.5
Considerações...........................................................................................35
6
ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 36
6.1
Localização ................................................................................................. 366
6.2
Geração de Resíduos Orgânicos ................................................................ 37
6.3
Sistema Atual de Tratamento........................................................................37
6.3.1
6.4
Problemas Diagnosticados........................................................................38
Alternativas para o Tratamento.....................................................................42
6.4.1
Alternativa 1 - Redimensionamento do Sistema Atual.............................42
6.4.2
Alternativa 2 - Instalação de Biodigestor...................................................43
7
ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................... 45
8
CONCLUSÕES .................................................................................................. 46
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 47
12
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é um país que utiliza fontes renováveis de energia, onde se destaca o uso
da energia hidrelétrica como responsável pela maior parcela, (cerca de 80%), da
geração total de eletricidade. Em segundo lugar, o etanol, substituindo a gasolina
(derivado de petróleo). Em contra partida, existem ainda um enorme potencial de
fontes renováveis de energia, porém com pouco aproveitamento, destacando-se
entre elas a solar, eólica e de biomassa.
As tecnologias que hoje estão disponíveis embasadas em fontes renováveis de
energia são atrativas não somente pelas vantagens ambientais apresentadas, mas
também pelos benefícios sociais envolvidos. A possibilidade de criação de novas
fontes de suprimento energético desvinculados dos meios tradicionais de energia e
em pequena escala são fundamentais para o desenvolvimento sustentável.
Segundo o IBGE (2005), o Brasil é o quarto maior produtor de suínos no mundo,
com o plantel estimado em 42 milhões de cabeças, gerando uma grande quantidade
de resíduos. Os biodigestores vêm sendo utilizados no processamento desses
resíduos, tendo como subprodutos o biogás e o biofertilizante.
Neste estudo, objetivou-se propor e discutir a melhoria de um sistema para a
captação do biogás e a geração de eletricidade em uma propriedade rural escolar no
município de Miranda - MS, onde ocorre a disponibilidade de resíduos da
suinocultura, a biomassa, sendo exequível essa implantação afim de buscar a
sustentabilidades na atividade suinícola.
13
2. OBJETIVOS
Buscar alternativas sustentáveis que contribuam com a preservação do meio
ambiente por meio de geração de energia limpa.
Apresentar o processo da produção de energia utilizando biodigestores anaeróbicos.
Mitigar os impactos ambientais causados pela atividade suinícola.
2.1 Objetivo Geral
Analisar a viabilidade da instalação de biodigestores em fazendas de suinocultura,
buscando a sustentabilidade nessa pecuária.
Aprofundar o conhecimento na captação de biogás em reatores químicos com
reações biológicas, os biodigestores.
2.2 Objetivo Específico
Sanar o problema do tratamento do esgoto existente na granja de suínos na fazenda
Bodoquena – MS.
Discutir a metodologia para aperfeiçoar a eficiência da ETE (Estação de Tratamento
de Esgoto), gerando energia renovável proveniente da biomassa.
14
3. MÉTODO DE TRABALHO
O trabalho foi desenvolvido por meio de consultas as bibliografias, como: revistas
técnicas, trabalhos de conclusão de curso (TCC), livros, estudo de impacto
ambiental e sites da internet, sobre fontes de energia, biodigestores, suinocultura,
produção de biogás, matrizes energéticas, entre outros.
Pesquisa para explicação detalhada de diversos tipos de energias renováveis e
equivalências energéticas.
Estudo aprofundado sobre biodigestores, incluindo históricos e seus diversos tipos,
como modelo indiano, modelo chinês e o modelo de lagoa coberta, para encontrar o
mais indicado para este projeto.
Após a conclusão da parte teórica, houve um estudo aplicado sobre a situação atual
da fazenda analisada, para elaboração de um projeto de tratamento dos dejetos
suínos, com a finalidade de sanar o passivo ambiental.
Tendo como opções o redimensionamento da ETE atual, ou a instalação de um
reator anaeróbico para o recolhimento dos dejetos, captação de biogás e também
produção de biofertilizante a partir dos sólidos orgânicos restantes no processo.
15
4 JUSTIFICATIVA
Com a crescente preocupação em produzir mais poluindo menos, tem-se a
necessidade de modificar a matriz energética atual.
Entendendo a essência da metanização através de biodigestão, podemos medir a
importância do aproveitamento desses dejetos na geração de energia limpa.
Nesse sistema, podemos captar o biogás que é uma mistura de metano e gás
carbônico e também gerar o biofertilizante, que depois poderá ser usado nos
processos
agrícolas
da
fazenda
com
a
intenção
de
buscar
sempre
a
sustentabilidade em seus processos.
Aproveitar essa carga orgânica, que se constitui atualmente como um passivo
ambiental, empregando- a na geração de energia limpa e renovável, por meio de
sistema de biodigestão anaeróbica.
Justifica-se o desenvolvimento da pesquisa, buscar soluções tecnológicas visando a
redução de impactos ambientais decorrentes da produção de cargas orgânicas, em
especial os dejetos da granja de suínos na fazenda Bodoquena em Mato Grosso do
Sul.
16
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5.1 Fontes Renováveis de Energia
A natureza armazena a energia gerada pelo sol. Sobrevivemos porque extraímos
dos alimentos a energia necessária. Fontes de energia são fundamentais para a
existência de vida humana.
Formas de energia:
Limpa: produzem baixos impactos ao meio ambiente, pois poluem menos.
Renováveis: são de origens naturais, como o vento e o Sol, e as que a natureza
repõe, como a lenha e a água.
Sustentáveis: são aquelas que a natureza repõe no decorrer do tempo.
5.1.1 Energia Solar
Gerada pelo Sol (energia térmica e luminosa). Esta energia é captada por painéis
solares, (Figura 5.1.1) formados por células fotovoltaicas, e transformada em
energia elétrica ou mecânica. A energia solar também é utilizada, principalmente em
residências, para o aquecimento da água.
A energia solar é uma fonte de energia limpa e renovável, pois não polui o meio
ambiente e não acaba. Ela é ainda pouco utilizada no mundo, pois o custo de
fabricação e instalação dos painéis solares ainda é muito elevado. Uma dificuldade
é o armazenamento da energia.
Os países que mais produzem energia solar são: Japão, Estados Unidos e
Alemanha.
17
A energia solar é uma alternativa promissora, pois é uma fonte de energia renovável,
abundante e permanente. É a solução ideal pra enfrentarmos os problemas
energéticos, principalmente no Brasil onde temos ótimos índices de insolação em
todo território.
Anualmente, o Sol irradia o equivalente a 10.000 vezes a energia consumida pela
população mundial neste mesmo período. O Sol produz continuamente cerca de 390
sextilhões de quilowatts de potência. Para cada metro quadrado de coletor solar
instalado evita-se a inundação de 56 metros quadrados de terras férteis, na
construção de novas usinas hidrelétricas. (PAGLIARI, 2008)
Figura 5.1.1: Energia Solar
Fonte: (Mais Energias - www.maisenergias.com)
5.1.2 Energia Eólica
É proveniente do vento (Figura 5.1.2). Utilizada pelo homem desde a
antiguidade, nas embarcações e moinhos. A energia eólica é uma fonte de
energia importante por ser uma fonte limpa.
O vento forte pode rodar as lâmidas de uma turbina adaptada para o vento (em
vez do vapor ou da água é o vento que faz girar a turbina). A ventoinha da
18
turbina está ligada a um eixo central que contém em cima um fuso rotativo. Este
eixo chega até uma caixa de trasmissão onde a velocidade de rotação é
aumentada. O gerador ligado ao trasmissor produz energia elétrica.
Um dos problemas deste sistema de produção elétrica é que o vento não sopra
com intensidade todo o ano, ele é mais intenso no verão quando o ar se
movimenta do interior quente para o litoral mais fresco. Outro entrave é o fator
do vento ter que atingir uma velocidade superior a 20 km/hora para girar a
turbina suficientemente rápido (PAGLIARI, 2008).
Cada turbina produz entre 50 a 300 Kilowatts de energia elétrica. Com 1000
watts podemos acender 10 lâmpadas de 100 watts; assim, 300 Kilowatts
acendem 3000 lâmpadas de 100 watts cada.
Atualmente, apenas 1% da enrgia gerada no mundo provém deste tipo de fonte.
Porém, o potencial para exploração é grande.
Figura 5.1.2: Energia Eólica
Fonte: (Mundo Web Animal - www.mundowebanimal.blogspot.com)
19
5.1.3 Energia Hidráulica
É a mais usada no Brasil, pois temos muitos rios em nosso territorio.
A água represada gera um aumento no potencial energético. Numa usina
hidrelétrica existem turbinas que, na queda d`água, fazem funcionar um gerador
elétrico, produzindo energia. Embora a implantação de uma usina provoque
impactos ambientais, na fase de construção da represa, esta é uma fonte
considerada limpa.
A produção de energia elétrica ocorre da seguinte forma (Figura 5.1.3):
A água que sai do reservatório é conduzida com muia pressão através de
enormes tubos até a casa de força, onde estão instaladas as turbinas e os
geradores que produzem eletricidade. A turbina é formada por uma série de pás
ligadas a um eixo, que é ao gerador.
A pressão da água sobre essas pás produz um movimento giratório do eixo da
turbina.
O gerador é um equipamento composto por um imã e um fio bobinado.
O movimento do eixo da turbina produz um campo eletromagnético dentro do
gerador, produzindo a eletricidade.
A eletricidade será trasportada até nossas casas, mas primeiro ela passa por um
trasformador que aumento sua voltagem, facilitando sua movimentação. Quando
ela chega às cidades outro trasformador reduz a energia de volta ao nível
adequado para os aparelhos que usamos. (PAGLIARI, 2008)
20
Figura 5.1.3: Energia Hidráulica
Fonte: (Usina Hidrelétrica – www.energiatota.blogspot.com)
5.1.4 Energia de Biomassa
Resultante da decomposição de materiais orgânicos (restos de alimento,
resíduos agrícolas, esterco). Desse processo é produzido o gás metano, usado
para gerar energia (Figura 5.1.4).
A biomassa é capaz de gerar gases que são trasformados em usinas específicas
em energia.
A biomassa é uma energia renovável, pois gera um baixo impacto ao meio
ambiente, a geração de energia atrávez da biomassa pode contribuir para a
diminuição do efeito estufa e do aquecimento global.
Numa usina de álcool, por exemplo, os resíduos de cana-de-açucar (bagaço)
podem ser utilizados para produzir biomassa e energia (PAGLIARI, 2008).
21
Figura 5.1.4: Energia de Biomassa
Fonte: (Energia e Meio Ambiente - www.masterenergia.com.br)
5.1.5 Energia Geotérmica
É gerada através do calor do interior da Terra (Figura 5.1.5).
Esse calor é
trasformado na usina geotérmica em eletricidade.
A energia geotérmica é considerada uma fonte renovável e limpa, pois gera
baixos índices de poluição no meio ambiente.
Pode ser obtida através das rochas secas quentes, rochas úmidas quantes e
vapor quente.
Este tipo de enrgia deve ser aproveitado atráves de medidas cuidadosas com
relação ao meio ambiente, pois pode provocar instabilidade geológica caso sela
feita de forma inadequada.
Outra
providência
é
o
tratamento
de
água
proveniente
das
camadas
subterrâneas, pois pode conter grande quantidade de minérios que prejudicam a
saúde. (PAGLIARI, 2008)
22
Figura 5.1.5: Energia Geotérmica
Fonte: (Usina Geotérmica de Nesjavellir próximo à Islândia – www.pt.wikipedia.org)
5.1.6 Energia Maremotriz (Gravitacional)
Gerada a partir do movimento das águas oceânicas nas marés (Figura 5.1.6).
Possui um custo elevado de implantação e, por isso, é pouco utilizada.
Especialistas em energia afirmam que, no futuro, esta, será uma das principais
fontes de energia do planeta.
As ondas do mar possuem energia cinetica devido ao movimento da agua e
energia podencial devido à sua altura. Energia eletrica pode ser obtida se for
utilizado o movimento oscilatorio das ondas.
O aproveitamento é feito nos dois sentidos: na mare alta a agua enche o
reservatorio, passando atravez da turbina, e produzindo energia eletrica, na
mare baixa a agua esvazia o reservatorio, passando niovamente atravez da
turbina, agora em sentido contrario ao do enchimento, e produzindo energia
eletrica.
A desvantagem de se utilizar este processo na obtenção de energia é que o
fornecimento não é contínuo e apresenta baixo rendimento.
23
Nos países como a França, Japão e a Inglaterra este tipo de energia gera
eletricidade. No Brasil temos cidades com grandes amplitudes de marés, como
São Luís – Baía de São Marcos no Maranhão, com 6,8 metros e em Tutóia com
5,6 metros. Mas nestas regiões, infelizmente a topografia do litoral não favorece
a construção econômica de reservatórios, o que impede seu aproveitamento.
O atual ano será um marco na História das energias renováveis. Dados os
números do primeiro trimestre, que mostrou que 18% da eletricidade mundial é
gerada por fontes renováveis, o setor atingirá um número recorde de produção.
(RENEWABLES, 2010).
Os autores ressaltam que mesmo com a crise global, baixos preços do petróleo
e o pequeno progresso das políticas climáticas as renováveis crescem de
maneira sólida e já são responsáveis pela geração de uma falta respeitável de
energia mundial.
O relatório indica que o conceito de desenvolvimento sustentável, com acriação
de novas indústrias e de milhões de empregos relacionados com o meio
ambiente realmente foi adotado por diversos governos. (PAGLIARI, 2008)
Figura: 5.1.6: Energia Maremotriz
Fonte: (Energia dos Mares - www.econciencia.eu)
24
5.2 Matriz Energética Brasileira
Matriz energética é uma representação da qualidade de oferta de energia, e de
outros recursos energéticos disponíveis por um país.
A análise da matriz energética de um determinado país é fundamental para a
orientação do planejamento do setor energético, que visa à produção e o uso
adequado da energia produzida, permitindo planejar uma situação para o futuro.
Uma informação essencial obtida a partir do estudo e analise de uma matriz
energética, é a quantidade de recursos naturais disponíveis e a real situação da
utilização dos mesmos. A partir desse estudo podemos avaliar a possibilidade da
utilização sustentável desses recursos.
Abaixo (figura 5.2), segue um gráfico demonstrando a matriz energética brasileira,
onde podemos verificar que a porcentagem da energia obtida por meio da biomassa
ainda é relativamente pequena.
Fonte: Balanço Energético Nacional (2005)
25
5.3 Biodigestor
A água como recurso hídrico hoje em dia já é mais vista, ainda que não por todos,
como um recurso finito e vulnerável.
Por essa razão providências devem ser tomadas para minimizar problemas como
escassez e o não tratamento de esgoto.
Alguns sistemas de tratamento são eficientes, necessitam pouca manutenção e tem
baixo custo o que torna possível a implantação em pequenas comunidades
garantindo a sustentabilidade econômica e ambiental de grupos sociais menos
favorecidos.
Pesquisas têm sido direcionadas para o tratamento de esgoto como o uso de
reatores anaeróbicos, os biodigestores, que são preenchidos com diversos materiais
orgânicos, como dejetos suínos, por exemplo.
Os reatores anaeróbicos são considerados de baixo custo de instalação,
manutenção e operação. Consomem energia elétrica apenas para o bombeamento,
quando necessário. (DAE, 2010)
Biodigestor é a câmara onde se processa a digestão. Trata-se de um tanque
fechado em concreto, alvenaria, entre outros, onde a mistura (6 a 20% de sólidos e
a restante água) a ser digerida é colocada (BATISTA,1981).
É composto, basicamente, de uma câmara fechada chamada de digestor na quais
biomassas (em geral detritos de animais), são fermentadas anaerobicamente, isto é,
sem a presença de ar. Como resultado desta fermentação ocorre à liberação de
biogás e a produção de biofertilizante.
Esse aparelho, não produz o biogás, apenas fornece as condições propícias para
que as bactérias metanogênicas degradem o material orgânico, com a conseqüente
liberação do gás metano.
26
As bactérias metanogênicas têm duas principais funções: produzem gás insolúvel
(metano) para que permita a remoção do carbono orgânico do ambiente anaeróbico,
além de utilizarem o hidrogênio, favorecendo o ambiente para que as bactérias
fermentem compostos orgânicos com a produção de ácido acético, que é convertido
em metano. (ENVIROTEC, 2008)
Neste processo de uso energético o biogás possui as seguintes equivalências.
Tabela 5.3: Equivalência energética do biogás comparado a outras fontes de energia.
FERRAZ&MARIEL
(1980)
SGANZERLA
(1983)
NOGUEIRA
(1986)
SANTOS
(2000)
Gasolina (L)
0,61
0,613
0,61
0,6
Querosene(L)
0,58
0,579
0,62
*
Diesel (L)
0,55
0,553
0,55
0,6
GLP (kg)
0,45
0,454
1,43
*
Álcool (L)
*
0,79
0,8
*
Carvão M. (kg)
*
0,735
0,74
*
ENERGÉTICO
*
1,538
3,5
1,6
Lenha (kg)
Eletricidade
1,43
1,428
*
6,5
(kWh)
Fonte: Ferraz&Mariel (1980), Sganzerla (1983), Nogueira (1986) e Santos (2000).
Na biodigestão o O2 (oxigênio) do ar é mortal para as bactérias anaeróbicas, pois
com a existência dele as bactérias paralisam seu metabolismo e param de produzir o
biogás, que é o produto final de sua respiração. Sendo assim é imprescindível que o
biodigestor seja hermeticamente vedado (SANTOS, 2000).
Outro aspecto importante na produção do biogás é a temperatura no interior do
biodigestor, pois as bactérias são sensíveis às alterações da temperatura, tendo que
assegurar que a mesma fique entre 45º e 15º Celsius.
É necessário também um equilíbrio nos nutrientes dos microorganismos, que são: o
carbono, nitrogênio e sais minerais. Tais nutrientes podem ser encontrados nos
dejetos animais (também dos seres humanos) e restos de culturas vegetais.
Além disso, a umidade da carga orgânica a ser fermentada deve situar-se de 90 a
95% em relação ao peso total. No caso do esterco bovino, que possui em média de
27
84% de umidade, necessita-se da diluição em 100% de seu peso. Já o de suínos,
que possui 19% de umidade, são necessários 130% de seu peso diluído (SANTOS,
2000).
5.3.1 Histórico dos Biodigestores
Em 1776, o pesquisador italiano Alessandro Volta descobriu que o gás metano já
existia chamado "gás dos pântanos", como resultado da decomposição de restos
vegetais em ambientes confinados (GASPAR, 2003).
Segundo Nogueira (1986), em 1806, na Inglaterra, Humphrey Davy identificou um
gás rico em carbono e dióxido de carbono, resultante da decomposição de dejetos
animais em lugares úmidos. Em 1857, em Bombaim (Índia), foi construída a primeira
instalação operacional destinada a produzir gás combustível, para um hospital de
hansenianos.
As pesquisas e desenvolvimentos dos biodigestores desenvolveram-se muito na
Índia, onde, em 1939, o Instituto Indiano de Pesquisa Agrícola, em Kanpur, criou e
desenvolveu a primeira usina de gás de esterco. Com o sucesso obtido os indianos
empolgaram a continuarem as pesquisas, formando o Gobar Gás Institute (1950).
As diversas pesquisas resultaram em grande difusão da metodologia de
biodigestores como forma de tratar os dejetos animais, obter biogás e ainda
conservar o efeito fertilizante da biomassa fermentada. A partir desses estudos
foram realizadas as construções de quase meio milhão de unidades de biodigestão.
(GASPAR, 2003).
Devido a fome, a falta de combustíveis fósseis, entre outros problemas internos do
país, é que motivaram o desenvolvimento da tecnologia dos biodigestores. A Índia
não é auto-suficiente em petróleo, ao contrário da China, vendo-se obrigada a
buscar soluções e opções para sanar os problemas de sua população.
A utilização do biogás, conhecido como gobar gás na Índia (que significa gás de
esterco), como fonte de energia, motivou a China a desfrutar dessa tecnologia a
partir de 1958, onde, até 1972, já haviam sido instalados 7,2 milhões de
28
biodigestores na região do Rio Amarelo. Esta localização não é por acaso, pois as
condições climáticas da região são favoráveis para a produção de biogás (Gaspar,
2003).
Devido a Guerra Fria a China demonstrou um interesse maior pelo uso de
biodigestores, pois a China temia que um ataque nuclear poderia afetar, de forma
catastrófica sua economia e principalmente sua industria. Contudo, com a
pulverização de pequenas unidades biodigestoras ao longo do país, as demais
poderiam
escapar
ao
ataque
inimigo,
representando
uma
alternativa
de
descentralização energética.
Com a crise energética ocorrida em 1973, a utilização de biodigestores passou a ser
uma das melhores opções, sendo adotada tanto por países ricos como países de
Terceiro Mundo, entretanto, em nenhum deles, o uso dessa tecnologia alternativa foi
ou é tão utilizada como na China e Índia.
Os estudos no Brasil com o biogás ocorreram de maneira mais intensa em 1976,
porém, os resultados alcançados já asseguram um bom domínio tecnológico para o
nosso país. (Batista, 1981).
5.3.2 Tipos de Biodigestores (Rendimento e Viabilidade)
Nas praticas pecuárias existem basicamente dois tipos de biodigestores, os de
campana flutuante, o modelo indiano e os de domo fixo, o modelo chinês. Que são
os mais difundidos. Há também uma boa opção com baixo custo de implantação e
operação que é a lagoa coberta.
29
5.3.2.1 Modelo Indiano
Este biodigestor (figura 5.3.2.1) caracteriza-se por possuir uma cúpula móvel de
ferro ou fibra de vidro e à medida que o gás se forma vai sendo armazenado sob a
cúpula. Em seu interior existe uma parede central que divide o tanque de
fermentação em duas câmaras, permitindo a separação da biomassa já fermentada
e sua posterior descarga (BENINCASA et al.,1990).
Figura 5.3.2.1: Biodigestor Modelo Indiano.
Fonte: (BENINCASA et al.,1990).
Por ser enterrado no solo o processo de fermentação sofre pouca variação de
temperatura, dispensando o uso de reforços nas paredes, diminuindo assim o seu
custo.
30
5.3.2.2 Modelo Chinês
Este modelo, formado por uma câmara cilíndrica de alvenaria, tem um teto em arco,
impermeável para o armazenamento do biogás (figura 5.3.2.2).
Funciona com base no principio de prensa hidráulica, onde há aumento da pressão
do gás no interior do biodigestor, deslocando a biomassa, em sentido contrário, da
câmara de fermentação para a caixa de saída, quando há descompressão.
Possuindo uma cúpula fixa, é o mais indicado para produção de biofertilizante, pois
permite pouca acumulação de gás. Por estar completamente enterrado está sujeito a
pouca variação de temperatura. E é considerado o mais barato por ser feito de
alvenaria, porém necessita de seladores especiais por conta da porosidade na
alvenaria.
Figura 5.3.2.2: Biodigestor Modelo Chinês.
Fonte: (BENINCASA et al.,1990).
31
5.3.2.3 Modelo Lagoa Coberta
Nesse tipo de biodigestor a captação do biogás é feita sobre uma vala, onde os
dejetos ficam depositados. É mais utilizado em regiões quentes, em que o próprio
ambiente ajuda a manter sua temperatura interna. Este é o modelo com menor custo
de instalação e operação (figura 5.3.2.3).
Os dejetos são manejados como líquido, portanto é muito aplicado em fazenda que
usam água para lavar as instalações (sala de ordenha, estábulo, pocilga, entre
outros) (BALSAM, 2002)
Figura 5.3.2.3: Biodigestor Modelo Lagoa Coberta.
Fonte: (BALSAM, 2002).
32
5.4 Dejetos Suínos e Seus Impactos Ambientais
A preservação da qualidade do meio ambiente cada vez mais será uma necessidade
para a sobrevivência da humanidade. Para tanto, toda a produção vegetal e animal
deverá ser mais desafiada, avaliando as tecnologias que deverão ser implantadas
para que o ambiente seja o menos agredido possível.
Na suinocultura, pela dimensão da produção atual, trata-se de um desafio já
existente em diversos países. O grande desafio é a sustentabilidade ambiental nos
processos da criação. Felizmente há alternativas disponíveis, e eficientes que
favorecem a redução da poluição e ainda promovem melhores resultados
econômicos à atividade suinícola.
Seja qual for à forma de criação, a suinocultura é uma atividade de grande potencial
poluidor, face ao elevado numero de contaminantes gerados pelos seus efluentes,
podendo representar diversas fontes de degradação do ar, dos recursos hídricos e
do solo, além da emissão de gases tóxicos. (Perdomo at al, 2001)
Encontrar um manejo adequado de dejetos suínos é o maior desafio, tanto para a
sobrevivência das zonas de produção intensivas como nas pequenas produções. As
razões dessa preocupação partem dos riscos de poluição das águas superficiais e
subterrâneas por nitratos fósforo e outros elementos minerais ou orgânicos, e do ar
pelas emissões de NH3, CO2, N2O e H2O e, parte também, dos custos e
dificuldades do tratamento, armazenamento, transporte, distribuição e utilização na
agricultura. (Oliveira, 2000)
Um suíno na faixa de 20 a 100 kg produz de 8,5 a 4,9% de seu peso corporal em
urina e fezes diariamente. As características físicas, químicas e biológicas dos
dejetos estão associados aos sistemas de manejo adotado a aos aspectos
nutricionais, apresentando algumas variações na concentração dos seus elementos
entre produtores e dentro da própria granja. (Perdomo at al, 2001)
33
Tabela 5.4: Produção Média Diária de Dejetos nas diferentes fases produtivas dos
suínos.
Fonte: Adaptado de (OLIVEIRA 1993).
Esses dejetos contêm uma grande quantidade de germes, cerca de 103 a 107
germes por grama de excremento, tais como: bacilos da tuberculose, brucelose,
salmonelas, larvas de helmintos, doença de Aujeszky entre outras.
Há um grande potencial nos dejetos de suínos para a melhoria das propriedades
químicas do solo e disponibilidade de nutrientes (tabela 5.4.1) para as plantas com
consequente aumento da produtividade das culturas, desde que adequadamente
utilizados visando a preservação do meio ambiente. (Perdomo at al, 2001)
34
Tabela 5.4.1 – Características de dejetos suínos (Fezes + Urina), expresso por 1000
Kg de peso vivo.
Fonte: ASAE (1993)
5.4.1 Contaminação da Água por Dejetos Suínos
O lançamento de dejetos suínos em corpos d’ água gera um excesso de nutrientes
deixando um sistema natural desequilibrado.
Esse excesso de nutrientes sendo eles, Nitrogênio, Fósforo e Potássio, promove
uma grande proliferação de algas, que incorporam esses nutrientes em sua estrutura
física e acaba por consumir o oxigênio de todo o corpo d´água, causando a
eutrofização e desfavorecendo o meio necessário para existência da fauna que
35
necessita de oxigênio para sobreviver. Por isso é importante ter um sistema de
tratamento eficiente para redução drástica da quantidade de nutrientes lançados.
5.4.2 Contaminação do Ar por Dejetos Suínos
A matéria orgânica decomposta gera gases que causam desconforto ambiental para
os humanos. O tratamento dos dejetos é uma garantia de eliminação dos odores. O
biossistema integrado permite a condução dos gases produzidos pela decomposição
anaeróbica do resíduo seja captado e armazenado, podendo usa-lo no aquecimento
e em motores para gerar energia a partir deste gás, o biogás.
5.4.3 Contaminação do Solo por Dejetos Suínos
A percolação dos efluentes gerados na suinocultura e nos sistemas de tratamento
quando são encaminhados diretamente ao solos pode facilmente atingir lençóis
freáticos e contaminar fontes de água necessárias para o abastecimento de rios e
muitas vezes o abastecimento do município. (BAVARESCO, 1998)
5.4.4 Proliferação de Insetos Causada pelos Dejetos
A proliferação de insetos, principalmente das moscas, é um problema associado à
suinocultura nas suas diversas vertentes.
A implantação de sistemas de tratamento que eliminem ou reduzam a possibilidade
de infestação de insetos é extremamente necessária, uma vez que diversos insetos
são vetores de parasitas que afetam diretamente a saúde humana.
As larvas desses insetos utilizam os muitos nutrientes contidos nos dejetos para seu
crescimento.
5.4.5 Considerações
A suinocultura no Brasil, apesar da sua posição favorável no que diz respeito à
produção, ainda não modernizou os sistemas de tratamento de dejetos, causando
36
impactos ambientais que oneram o poder público aumentando o custo com saúde
pública e com sistemas de tratamento de água.
6 ESTUDO DE CASO
O estudo está fundamentado no caso pratico de uma fazenda no estado do MS onde
esta prevista a instalação de biodigestores para o aproveitamento dos dejetos
provenientes da suinocultura, visando à geração de energia limpa.
Este estudo de caso foi escolhido pela existência de passivo ambiental relacionado
aos dejetos animais e pela geração de biogás. Além disso, a participação na
elaboração de um projeto sustentável do ponto de vista ambiental permitiu obter
informações fundamentais no desenvolvimento da presente pesquisa.
6.1 Localização
A área de estudo localiza-se na região tal do MS, cerca de 140 km da cidade mais
próxima (Figura 6.1).
Figura 6.1: Localização da Área de Estudo Obtida na Imagem de Satélite, entre as Rodovias
MS - 243 e BR - 262
A região é deficiente no abastecimento de rede de energia elétrica e não possui um
sistema eficiente na distribuição dessa energia.
37
Adicionalmente a fazenda possui uma rede de tratamento de esgoto deficitária
decorrente da crescente demanda e produção de suínos existente.
6.2 Geração de Resíduos Orgânicos
O trabalho aborda o diagnóstico dos problemas existentes na estação de tratamento
de esgoto da Escola Fazenda Bodoquena no Município de Miranda (MS), e propõe
soluções para os problemas levantados, a fim de que a eficiência da ETE dos
dejetos suínos seja otimizada.
A granja de suínos da Escola de Bodoquena tem por finalidade fornecer carne suína
para o refeitório interno e também a função educativa, fornecendo material para
instrução aos alunos do curso técnico de agropecuária.
Diariamente é realizada a limpeza das baias, com o objetivo de evitar o acúmulo de
dejetos e, conseqüentemente, evitar a geração de odores desagradáveis e
aglomeração de moscas. Após a lavagem, os dejetos dos suínos são encaminhados
para o sistema de tratamento.
6.3 Sistema Atual de Tratamento
O sistema de lagoas instalado na escola tem como objetivo o tratamento dos
esgotos gerados pela suinocultura. O destino final do efluente é o corpo hídrico mais
próximo, localizado a aproximadamente 150 m da ETE.
O sistema é composto por quatro lagoas instaladas em série. As lagoas tem uma
profundidade média de 1,5 m.
No projeto inicial, após as câmaras de sedimentação havia um reservatório para
contenção dos dejetos (lagoa). Posteriormente, estes dejetos seriam encaminhados
para a elevatória de dejetos e, na seqüência, seriam encaminhados para a elevatória
principal e para as lagoas de tratamento.
38
Houve uma alteração nesse sistema, e os dejetos foram encaminhados diretamente
das câmaras de sedimentação para a elevatória de dejetos e, em seguida,
diretamente na linha de recalque para as lagoas. A alteração realizada aumentou
consideravelmente a quantidade de sólidos presentes no efluente e aumentou
também de forma significativa a distância do bombeamento.
6.3.1 Problemas Diagnosticados
Este sistema foi dimensionado para atender uma quantidade de animais menor do
que a quantidade existente. Atualmente o sistema de sedimentação está
subdimensionado, o que causa o rápido saturamento das células.
Devido à baixa eficiência de retenção de sólidos nas câmaras de sedimentação, uma
grande quantidade de materiais sólidos e pêlos dos animais são encaminhados para
a elevatória (figura 6.3.1)
Figura 6.3.1: Poço de Sucção da Estação Elevatória.
Estes materiais, juntamente com a matéria orgânica presente em grande quantidade
nos dejetos, além do grande percurso a ser bombeado, exigiam um grande esforço
do sistema de bombeamento, causando quebras e manutenções com elevada
freqüência.
Como tentativa de facilitar o funcionamento das bombas, foram retiradas as válvulas
39
de retenção do início do recalque, objetivando a redução da perda de carga
localizada.
Este procedimento de retirada da válvula acabou agravando ainda mais a situação,
pois o efluente bombeado retornava para a elevatória assim que a bomba era
desligada.
Figura 6.3.2: Caixa de Bombeamento de Dejetos, sem a Bomba de Recalque.
Com isso o intervalo de funcionamento da bomba foi drasticamente reduzido,
aumentando a freqüência de Liga/Desliga, causando a queima prematura das
bombas.
Desde que as bombas queimaram estas não foram reinstaladas no local. A falta do
bombeamento está causando acúmulo dos dejetos próximo à granja de suínos.
Devido à cota do terreno, os dejetos estão sendo direcionados diretamente para o
córrego mais próximo, a aproximadamente 50 m. (Imagem 6.3.3)
40
Figura 6.3.3: Dejetos Acumulados sendo Encaminhados para o Rio.
Além da falta das bombas na elevatória, a linha de recalque não possui pontos para
inspeção e manutenção, e também não há marcação sobre o traçado da rede.
Portanto, caso seja necessária à realização de manutenção, será necessário fazer o
rastreamento da rede de recalque.
Figura 6.3.4: Válvula de Retenção da Linha de Recalque de Dejetos.
41
As lagoas apresentam erosão dos taludes. A última lagoa sofreu a ação da erosão
de tal forma que foi necessária a reconstrução do sistema de distribuição de
efluente.
Figura 6.3.5: Sistema de Distribuição da Última Lagoa, com Talude em Concreto.
Nesta área da ETE, atraídos pelas lagoas, há uma grande quantidade de animais,
como capivaras, cobras e jacarés. Para evitar que estes animais caiam dentro dos
sistemas de distribuição do efluente, foi necessária a instalação de um sistema de
grades em ferro, sobre os sistemas de distribuição. Mas, devido às características do
esgoto, as grades estão sofrendo uma rápida degradação e, além de estarem
sujeitas à quebra, no caso de algum animal subir sobre ela, pode oferecer o risco de
corte na pele dos funcionários que fazem a manutenção do sistema.
42
Figura 6.3.6: Grade do Sistema de Distribuição da Primeira Lagoa.
6.4 Alternativas Para o Tratamento
A seguir apresentaremos as alternativas para o tratamento dos dejetos na fazenda,
sendo elas o redimensionamento do sistema atual de tratamento e a instalação de
um novo sistema, que consiste na implantação de biodigestor.
6.4.1 Alternativa 1 - Redimensionamento do Sistema Atual
A primeira alternativa é redimensionar o sistema atual de tratamento dos dejetos, e
para isso, várias etapas do mesmo precisarão de reforma, sendo elas:
O Redimensionamento das câmaras de sedimentação, para a quantidade máxima
de animais previstos para a criação na escola;
Redimensionamento da bomba de recalque, considerando-se uma bomba específica
para dejetos de suínos;
Adequação da rede de recalque com pontos de inspeção em intervalos regulares
para realização das limpezas e manutenções da rede.
Para solucionar os problemas de erosão do talude e da grade do sistema de
distribuição, será necessário:
43
Refazer os taludes das lagoas, atingindo as dimensões determinadas no projeto;
Instalar sistema de quebra-ondas, para proteção dos taludes;
Refazer as grade de proteção e fazer uma pintura com tinta anti-ferrugem, ou
substituição por grades em fibra de vidro.
De acordo com a Alternativa 1, o sistema continuará funcionando da forma como foi
projetada inicialmente.
O bombeamento dos dejetos diretamente para as lagoas de tratamento pode causar
uma sobrecarga orgânica, ou seja, será enviado mais material orgânico do que as
lagoas podem receber (a granja de suínos é maior do que o inicialmente previsto em
projeto).
Como conseqüência a lagoa pode ter sua eficiência reduzida e pode ser necessário
o aumento da freqüência de limpeza da lagoa.
6.4.2 Alternativa 2 - Instalação de Biodigestor
Instalação de sistema de biodigestor para dejetos de suínos.
Instalação de uma nova elevatória para o efluente ser encaminhado até o
biodigestor;
Instalar nova tubulação até o local do biodigestor;
Adequação da rede de recalque com pontos de inspeção em intervalos regulares
para realização das limpezas e manutenções da rede.
O efluente gerado na pocilga será encaminhado diretamente para o pré-tratamento
do biodigestor.
44
A caixa de sedimentação e a lagoa de tratamento existente deverão ser desativadas
por estarem subdimensionadas e apresentarem dificuldades operacionais.
A primeira etapa do tratamento dos dejetos dos suínos constitui-se de gradeamento
grosso e fino, onde os sólidos grosseiros ou partículas de tamanho maior que 10 mm
ficam retidos, protegendo assim os conjuntos de moto bomba da estação elevatória
de esgoto.
Em seguida o efluente passará pela caixa de gordura, onde será separado de óleos
e gorduras que podem vir a prejudicar a etapa seguinte do tratamento. Após passar
pela caixa de gordura, o efluente passará pela peneira estática, unidade responsável
pela retirada de areias e partículas que passaram pelos gradeamentos.
Após o pré-tratamento descrito acima, o efluente será recalcado através da estação
elevatória de esgoto bruto para um conjunto de biodigestores do modelo chinês.
Após passar pelos biodigestores o efluente será direcionado para uma centrifuga
que será responsável pelo processo de secagem, afim do reaproveitamento dos
sólidos finais do processo para utilização como biofertilizante.
No modelo chinês, o afluente entra pela extremidade inferior, passando pela manta
de lodo, sendo o efluente coletado na extremidade superior. Ao longo desse
percurso, uma série de mecanismos contribui para a purificação das águas
residuárias. Estes mecanismos ocorrem em cinco zonas: câmara de digestão, zona
de transição, separador de fases, zona de sedimentação e zona de acumulação de
gás.
Este gás (biogás) será encaminhado para geradores que o transformarão em
energia elétrica limpa, chegando diariamente a uma produção de 715kw/h, podendo
ser empregada nos processos da fazenda.
45
7 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Tendo em vista que a fazenda Bodoquena está localizada em uma região distante
da urbanização, onde as redes de distribuição de energia chegam com dificuldade
até o local estudado e devido a criação dos suínos existe uma alta produção de
carga orgânica não aproveitada.
A utilização de processos anaeróbios para reduzir o poder poluente dos resíduos
líquidos vem se destacando, pois, além de reduzir a poluição ambiental, recupera o
poder energético do resíduo na forma de fertilizante, que poderá ser utilizado nos
processos agrícolas e escolares da fazenda bem como o biogás.
Entendemos que a implantação do biodigestor é a opção que mais trará resultados
positivos, dando tratamento correto a carga orgânica desperdiçada e gerando
energia limpa.
O modelo chinês de biodigestão, que será o utilizado, tem custo operacional baixo,
exige uma pequena demanda de área de instalação e é capaz de apresentar
eficiência maior que a de outros tipos de biodigestores em termos de COV (carga
orgânica volumétrica), produz volumes significativos e com maior qualidade de
biogás e vem sofrendo forte expansão no tratamento de esgotamento sanitário no
país e no mundo.
O biodigestor de fluxo ascendente, (modelo chinês), está adaptado para águas
residuárias com baixo teor de sólidos, o que motiva a sua utilização no tratamento
dos poluentes das atividades de suinocultura, pois o dejeto de suínos se apresenta
muito diluído em águas de lavagem, de bebida desperdiçada e na própria urina dos
animais.
46
8 CONCLUSÕES
Com base na análise de resultados e nas informações adquiridas na revisão
bibliográfica foi possível chegar a algumas conclusões baseadas nos objetivos
propostos.
A primeira conclusão foi que o Brasil por ser um país tropical possui um enorme
potencial de biomassa, devido a grande produtividade de massa vegetal e animal
existente. Podendo assim viabilizar o desenvolvimento e implantação de tecnologias
que visam à geração de energia elétrica por este meio.
Posteriormente analisando a composição dos dejetos suínos e seus os impactos
ambientais concluímos que a suinocultura devido a grande quantidade de resíduos
gerados, é uma atividade potencialmente poluidora, podendo também ser uma
atividade sustentável, devido às tecnologias existentes para o beneficiamento de
seus resíduos.
Considerando o passivo ambiental existente na fazenda Bodoquena e o interesse de
seus gerenciadores em sana-lo, a melhor solução é a instalação do biodigestor
modelo chinês que possui um baixo custo de implantação e operação, sendo assim
o mais indicado para este caso.
O biodigestor modelo chinês que será instalado na fazenda fará o papel da ETE,
tratando os resíduos e ao mesmo tempo produzindo biofertilizante para utilização
nos processos agrícolas no local. Este modelo foi escolhido por apresentar o menos
custo de operação, o que representará uma economia em longo prazo, além disso, a
eficiência deste modelo é a maior. Captaremos também o biogás e o direcionaremos
a geradores para produção de energia elétrica, resolvendo parcialmente o déficit da
eletrificação da região.
47
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geração de energia limpa com biodigestão na suinocultura