O PIBID NA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU:
EXPERIMENTAÇÕES NA GESTÃO
Gicele Maria Cervi1
Jaime Voltolini2
Valéria Contrucci de Oliveira Mailer3
RESUMO
O objetivo deste artigo é socializar experiências de gestão do PIBID/FURB/CAPES da
Universidade Regional de Blumenau-SC. A gestão educacional, conforme a LDBEN Lei nº 9.394, de 1996, deve ser democrática e participativa e segue os princípios da
descentralização, participação e transparência. A coordenação institucional e de gestão
do PIBID/FURB desenvolve ações, que levam em conta os princípios da gestão
democrática, o respeito ao outro na construção de coletivos e o desenvolvimento da
autonomia, proporcionando crescimento qualitativo aos bolsistas de iniciação à
docência, às escolas sedes dos subprojetos e também a própria Universidade. Dentre
essas ações citam-se a formação de supervisores, instituição da Comissão de
Acompanhamento PIBID (CAP), avaliação sistemática de todos os processos do
Programa, secretaria executiva PIBID (presencial e online), publicações de livros e
revistas, visitas às escolas, reuniões com diretores de escola, reuniões mensais com
coordenadores de área, encontros de integração, seminário PIBID FURB e participação
em eventos dentro e fora da Universidade. Como resultados constatam-se a valorização
das licenciaturas na Universidade, aproximação entre as diferentes áreas de
conhecimento, maior diálogo com a educação básica e a qualificação da formação dos
licenciandos pela presença em diferentes espaços. Apesar disso, enfrentam-se ainda
grandes desafios na gestão do Programa como baixa demanda nas licenciaturas,
rotatividade de bolsistas nos subprojetos, equilíbrio nas atribuições docentes da
Universidade que envolvem ensino, pesquisa, extensão e o PIBID, pouco envolvimento
das redes de ensino municipal e estadual com o PIBID, o distanciamento da educação
básica pelos professores da Universidade.
Palavras-chave: Gestão, PIBID, FURB.
1 INTRODUÇÃO
O PIBID iniciou suas atividades na Universidade Regional de Blumenau no ano de
2010 com cinco subprojetos. Em 2011 contou com a ampliação de outro Edital e com a
ampliação de ambos em 2012 esteve presente em 22 unidades escolares dos municípios
de Blumenau e entorno, atuando nas redes municipal e estadual de ensino.
1
Doutora em Ciências Sociais. Coordenadora Institucional do PIBID FURB. Professora do Depto de
Educação e do PPGE. Vice Coordenadora do Grupo de Pesquisa Saberes de Si. [email protected]
2
Doutorando em Comunicação Social. Responsável pela Secretaria Executiva PIBID FURB.
[email protected]
3
Mestre em Linguística. Coordenadora de Gestão do PIBID FURB. Professora do departamento de
Letras. [email protected]
2
O PIBID/FURB conta em 2014 com 365 bolsistas (ID, supervisão, coordenação, gestão
e institucional) e está presente em 26 escolas da região de Blumenau-SC, com 16
subprojetos.
Conduzir um Programa como este tem se constituído em um desafio para a
Coordenação Institucional e para as de gestão. Várias ações são planejadas e colocadas
em prática para dar conta dos objetivos propostos pela CAPES em relação ao Programa.
Neste artigo socializam-se experiências de gestão do PIBID/FURB. Partem-se dos
princípios da gestão educacional democrática, entendendo que o processo não está
isento da ação política, como em toda relação social, e que é justamente da habilidade
de lidar com questões tanto objetivas, quanto subjetivas, tanto individuais quanto
coletivas, que se concebe a gestão no PIBID/FURB.
2. GESTÃO PÚBLICA E PRIVADA
Pelo vácuo deixado pelo autoritarismo na gestão educacional, não temos ainda uma
tradição de gestão democrática e participativa e os gestores confundem a gestão pública
com a gestão da iniciativa privada, que tem como objetivo acumular capital e, por essa
razão, organiza os trabalhadores no processo de produção para ter o controle das forças
produtivas, do planejamento à execução das operações, visando o lucro. Características
deste processo de gestão são a centralização das decisões, o cumprimento de tarefas e a
desconsideração do ser humano que realiza as tarefas. Contudo, a gestão na educação
não segue este caminho e tem se mostrado tão complexa como o é o próprio processo de
educar.
É a partir destas questões que se pretende discutir e relatar as experiências de gestão do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência na Universidade Regional de
Blumenau – FURB.
2.2 GESTÃO DEMOCRÁTICA: CONSTRUINDO COLETIVOS
Foi com Paulo Freire (1967,1970), concomitante, portanto, ao regime de exceção no
Brasil que se iniciaram as discussões sobre uma concepção emancipadora de educação.
Todavia, somente na Constituição de 1988 e nas Diretrizes de Base da Educação
Nacional (LDBEN - Lei nº 9.394, de 1996) é que se estabeleceram os princípios para
uma gestão democrática e participativa: descentralização, participação e transparência.
Desde lá as ações na esfera de governo federal têm se pautado pela audiência dos vários
segmentos que compõem a comunidade educacional.
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Dos princípios norteadores da gestão democrática na educação citados acima definemse:
a) Descentralização: o poder é compartilhado com os diferentes segmentos que
compõem o grupo;
b) Participação: adotar instrumentos que garantam a participação de todos os
envolvidos no processo;
c) Transparência: deve haver facilidade de acesso á informação, criar canais de
comunicação e dar voz a todos os segmentos do processo (TORRES, 2014).
Nesta concepção de gestão levam-se em conta objetivos e metas que não vão ao
encontro da gestão para o acúmulo de capitais, como nas organizações privadas.
As organizações da esfera educacional têm, portanto, outros objetivos e metas,
possivelmente até antagônico ao das organizações privadas.
Paro (2010) afirma que na administração não devem ser levadas em conta somente as
atividades meio (organização das estruturas para dar sustentação às atividades
pedagógicas), mas também as atividades fim, ou seja o próprio processo
ensino/aprendizagem. Para ele os dois processos não são excludentes ou exclusivos,
mas devem caminhar lado a lado na busca dos objetivos pedagógicos. Também expõe a
administração como uma forma de mediação “que possibilita ao trabalho se realizar da
melhor forma possível” e completa “mediar a busca de fins é um problema que permeia
toda a ação humana enquanto trabalho, seja este individual ou coletivo.”
Portanto, a administração/gestão envolve o esforço coletivo de utilização de recursos
para alcançar da melhor maneira possível objetivos e metas estabelecidos. Dentre os
recursos disponíveis para tal estão os recursos objetivos e os subjetivos (PARO, 2010).
Com essa dicotomia expostos por Paro definem-se os fundamentos da gestão pública
como mediação e co-ordenação do esforço de todos.
É na articulação dos recursos objetivos e subjetivos que se insere o gestor. Além dos
materiais e ferramentas necessários a execução do planejamento que dão sustentação ao
projeto que se quer concretizar, há que se lidar também com as subjetividades dos
sujeitos que vão conduzir o processo, já que será fruto do trabalho coletivo. O gestor,
portanto, não pode dar exclusividade aos elementos, sejam eles simbólicos ou não, que
concorrem para a efetivação do produto,
mas deve levar em conta também a,
habilidade, conhecimentos, capacidade de trabalho das pessoas que fazem uso dos
recursos objetivos para chegar a um fim (PARO, 2010).
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Esta articulação nem sempre se dá de forma tranquila, pois os indivíduos são seres
políticos, dotados de vontade própria nem sempre previsíveis. Quando os sujeitos
comungam com o projeto a ser realizado a tarefa do gestor torna-se menos árdua, caso
contrário terá que mediar os conflitos que emergem destas relações para chegar ao
objetivo. É, portanto, nesta relação dialógica que atua o gestor.
As decisões são tomadas em conjunto. Dessa forma, desloca-se a posição do
gestor/coordenador para aquele que dialoga/troca/pensa/ planeja com o grupo e não
aquele que sempre dá as ordens para execução. Com isso aumentam-se as possibilidades
de arregimentar corresponsabilidades e autonomia.
Paralelo às legislações nacionais citadas acima o PIBID está subordinado à CAPES,
como agencia financiadora e reguladora do Programa. Sob este aspecto está
condicionado às normas e regulamentos da Portaria que o instituiu e é a partir dela que
decisões e ações são tomadas para melhor organizar o processo.
Na Portaria nº 96 de 18 de julho de 2013 encontram-se estabelecidos os objetivos, o
financiamento do Programa, bem como as atribuições dos bolsistas.
Complementando as ideias de Paulo Freire para uma escola cidadã, democrática e
libertária, Lima (2002) reforça o caráter político das organizações educacionais e aponta
que “A autonomia da escola, a autonomia da pedagogia (ou do campo pedagógico), não
são concretizáveis à margem da mobilização organizacional dos sujeitos pedagógicos,
isto é, sem as ações e as decisões individuais e coletivas, dos indivíduos, grupos e
subgrupos concretos, que fazem a educação (...)” (p. 94).
Daqui pode-se depreender que também as organizações educacionais não estão isentas
das relações políticas que as constitui. É na/pela interação dos atores sociais que se
constroem modelos/ações de gestão que articulam participação e envolvimento no
processo para alcançar determinados objetivos. A politização, portanto, é inerente às
organizações administrativas educacionais e é por meio dela que se desenvolvem ações
de autonomia e emancipação dos sujeitos. Dessa forma, as ações precisam ser
organizadas de forma que o sujeito participe e atue nas decisões, que se sinta
comprometido com o projeto a ser realizado.
Fazer democracia é para estes autores (Freire, 1967, 1970; Paro, 1986, 2010; Lima,
2002) viver democracia. Na gestão educacional há certa abertura para desenvolver ações
que, partindo de um modelo decretado, abram possiblidades de criação e recriação de
novas regras, pretendendo autonomia e responsabilidade aos atores envolvidos. Assim,
o gestor deixa de ser um mero reprodutor de práticas institucionalizadas para se
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transformar em um criador de estruturas, regras e tomadas de decisão situadas em
determinado contexto social. Por meio da descentralização essas novas regras são
discutidas e avaliadas pelo coletivo e constituem crescimento, ao mesmo tempo,
individual e do grupo.
A partir desse entendimento a coordenação institucional do PIBID/FURB desenvolve
ações de gestão que permitem dar conta das demandas e dos objetivos propostos pelo
Programa. Neste modelo as decisões não são centralizadas e remetem a um modelo de
gestão sempre em estruturação, que se adapta aos contextos e os ressignificam. Um
modelo que, fruto da ação humana, e, influenciado por ela, em permanente construção,
abre espaço para tomadas de decisões coletivas e criativas (LIMA, 2008).
3 AÇÕES DA GESTÃO DO PIBID/FURB
Para melhor conduzir os recursos e as práticas dos subprojetos a equipe de gestão
construiu uma rotina de ações que imprime dinâmica ao processo e envolve a tomada de
decisão com a audiência dos vários atores envolvidos, nos princípios que regem a
gestão democrática. Dessa forma, as atividades meio não estão dissociadas das
atividades fim, mas atuam para dar-lhes suporte.
Para dar conta dos objetivos do PIBID definidos no Art. 4º da Portaria nº 96 de
18/07/2013 citada anteriormente, que são:
I – incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação
básica;
II – contribuir para a valorização do magistério;
III – elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de
licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação
básica;
IV – inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de
educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em
experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter
inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas
identificados no processo de ensino-aprendizagem;
V – incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus
professores como coformadores dos futuros docentes e tornando-as
protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério;
VI – contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à
formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos
cursos de licenciatura;
VII – contribuir para que os estudantes de licenciatura se insiram na cultura
escolar do magistério, por meio da apropriação e da reflexão sobre
instrumentos, saberes e peculiaridades do trabalho docente,
o PIBID FURB desenvolve um leque de atuação que perpassa as atividades meio e dão
sustentação às atividades fim, bem como instrumentos de avaliação e qualificação das
ações.
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Abaixo a descrição de algumas dessas atividades que compõem o processo de gestão do
PIBID FURB em Blumenau.
3.1 Reunião dos coordenadores de área
A reunião dos coordenadores de área, com agenda permanente para a terceira quartafeira do mês, tem objetivo de esclarecer os coordenadores sobre o andamento do
Programa, trazer para o diálogo os vários subprojetos e de certa forma articular ações
interdisciplinares com os subprojetos.
As reuniões ocorrem mensalmente, sistematizando as temáticas do Programa da
seguinte maneira:
3.1.1 Rotinas institucionais.
3.1.2 Rotinas dos subprojetos.
3.1.3 Plano de Trabalho AUXPE.
3.1.4 Eventos institucionais.
3.1.5 Comunicações gerais.
Participam das pautas a CI, a equipe gestora, as coordenações de área dos subprojetos e,
de acordo com as demandas, representantes dos supervisores e bolsistas de iniciação.
A pauta é construída coletivamente. Os coordenadores podem demandar assuntos e a
equipe de gestão fecha uma semana antes da reunião. Assuntos de interesse do PIBID
são discutidos na reunião como avaliação e regimento.
3.2 Formação dos Supervisores
As formações de supervisores têm o objetivo de firmá-los como coformadores dos
acadêmicos por meio de sua formação continuada. Constitui-se, portanto, em um espaço
de reflexão e discussão de suas atribuições e práticas no Programa. Além disso, com
esta ação, a gestão pretende proporcionar acolhimento aos novos e integrá-los para
possibilitar a construção de trabalhos coletivos nas escolas e entre as escolas.
As formações ocorrem em quatro etapas anuais (uma a cada trimestre), adotando um
tema geratriz a cada ano. Cada etapa tem duração aproximada de 4 horas e acontece aos
sábados com a expectativa de favorecer a participação integral dos professores
supervisores.
3.3 Encontro das subáreas do Subprojeto Interdisciplinar
É composto por cinco subáreas com discussão de conceitos que perpassam a si e aos
demais subprojetos: Linguagens, direitos humanos, educação ambiental, gestão escolar
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e tecnologias. Tem como grande desafio articular ações entre si e com os demais
subprojetos nas escolas onde atuam.
Em 2014, primeiro exercício do Edital 61/2013, o encontro concretizou-se na primeira
quinzena do mês de setembro, proporcionando o debate coletivo das concepções
ancoradas pelo subprojeto interdisciplinar.
3.4 Visitas às Escolas
O programa de visitação às escolas pretende uma aproximação entre a gestão do PIBID
e as ações dos subprojetos na escola. Passa por uma distribuição de datas a fim de que
as visitas in loco possam atender ao objetivo de avaliar no cenário presencial as ações
que efetivamente asseguram a execução dos planos de atividades dos subprojetos nas
unidades de ensino. As visitas são realizadas pela CI ou por gestores que neste processo
envolvem não somente a intervenção presencial com supervisores e bolsistas de
iniciação, mas sobretudo a participação avalizada dos coordenadores pedagógicos e
diretores das unidades escolares, nas quais os subprojetos PIBID FURB estão inseridos.
3.5 Publicações
Com base no permanente acompanhamento da equipe gestora do PIBID FURB, as
publicações do Programa enfatizam três importantes conotações, quais sejam:
3.5.1 Anais de eventos.
3.5.2 Publicações eletrônicas.
3.5.3 Publicações impressas.
A publicação da produção individual e coletiva é tratada com propriedade pelos
bolsistas que têm na perspectiva dos próprios eventos dos quais são participantes a
oportunidade de consolidarem cientificamente a autoria dos conteúdos produzidos a
partir do cotidiano formativo do PIBID FURB. Já as publicações eletrônicas que
envolvem blogs, perfis, websites, boletins informativos e e-books caracterizam a
contrapartida dos subprojetos, efetivamente capaz de compartilhar o que é produzido
entre os bolsistas, as comunidades escolares e as demais personagens do público externo
ao Programa. Por fim, as publicações editoriais evidenciam os resultados das ações
desenvolvidas, o que se dá por meio da editoração e publicação de tablóides, boletins
periódicos, revistas e títulos bibliográficos autorizados pelo Conselho Editorial do
PIBID FURB, o qual reúne concomitantemente representantes da própria e de outras
IES de Santa Catarina. As produções têm origem nas autorias de coordenadores de área
e supervisores e, mais recentemente, contam com a direta participação dos bolsistas de
iniciação do Programa.
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3.6 Reuniões com Diretores das Unidades de Ensino
As ações ocorreram prioritariamente no primeiro semestre de 2014, sob a tônica de
(re)aproximar da Universidade os diretores das escolas e tornar o Programa conhecido e
valorizado. Dessa forma, em duas datas distintas os gestores escolares compareceram à
Universidade para ficarem em contato direto com as produções do Programa, bem como
para disseminarem a outros diretores suas concretas experiências com as atividades e os
resultados implementados pelo PIBID FURB no contexto cotidiano das comunidades
escolares.
3.7 Oficinas para uso do SIB FURB
No decorrer de 2014 foram promovidas seis oficinas para coordenadores, supervisores e
bolsistas ID com o objetivo de fazê-los interagir com o Sistema Integrado de Bolsas
(SIB FURB). A estratégia principal consistiu em colocar os bolsistas em real contato
com os conceitos de descentralização, participação e transparência, que são os
princípios norteadores da gestão democrática. Uma experiência concretamente possível
à medida que os bolsistas empregam o SIB FURB como ferramenta comum na
elaboração/produção dos relatórios de atividades, bem como para a geração de
documentos comprobatórios e certificações, além de veículo de administração das
informações do controle e histórico de frequência e participação às atividades e rotinas
do Programa.
Isso não apenas garante a participação de todos na condução das
atividades comuns ao Programa, mas também permite que cada bolsista e subprojeto em
particular tenha fácil acesso às informações em geral, assegurando a coexistência de um
sólido e transparente canal de comunicação e interlocução entre os diferentes papéis que
são desempenhados no Programa.
3.8 Instituição da CAP
No PIBID FURB a Comissão de Acompanhamento Permanente (CAP) foi instituída em
28 de março de 2014, por meio da Portaria FURB nº. 441/2014, em atenção à Portaria
CAPES nº. 96/2013, de 18 de julho de 2013. A CAP é composta por representantes
efetivos e suplentes da gestão, coordenação, supervisão e iniciação à docência do
Programa. Trata-se de uma instância consultiva, cujos trabalhos são presididos pela
Coordenação Institucional do PIBID FURB, através de reuniões convocadas
periodicamente, de acordo com as demandas constatadas. Neste ano a CAP teve papel
preponderante na aprovação da redação preliminar do Regimento Interno do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência da Universidade Regional de Blumenau.
3.9 Instrumentos de Avaliação
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Os instrumentos de avaliação cumprem especial função na condução do Programa. Por
meio de ferramentas online, são mensuradas e avaliadas suas ações, metas e resultados,
bem como o desempenho e a contribuição dos papéis desempenhados com base nas
atribuições definidas pela Portaria CAPES nº. 96/2013, de 18 de julho de 2013. Neste
ano a CAP tem cooperado com o processo de elaboração dos instrumentos, cuja
aplicação ocorreu no mês de novembro, envolvendo a avaliação dos papéis, dos
subprojetos e das escolas. Participaram do universo de respondentes todos os bolsistas,
diretores e coordenadores pedagógicos das escolas onde há a atuação do PIBID FURB.
Em 2014 também ocorreu a implementação de um instrumento específico para os
bolsistas egressos, de manutenção permanente.
A partir dessas avaliações é possível tomar decisões para futuros planejamentos e ações
do Programa como um todo.
3.10 V Seminário PIBID FURB
Foi um dos principais eventos institucional do Programa em 2014 e aconteceu nos dias
7 e 8 de novembro, no campus I da Universidade Regional de Blumenau, contando com
a participação de bolsistas, das comunidades escolares e dos gestores e representantes
das Secretarias de Educação. A Comissão Organizadora foi distribuída em três
subgrupos de trabalho que reúnem gestores, coordenadores, supervisores e bolsistas de
iniciação. As reuniões preparatórias pró-evento tiveram início em junho deste ano e a
programação do evento será regida por ações inovadoras, que literalmente fogem ao
conceito clássico da realização de eventos.
O principal objetivo do Seminário é a interação dos subprojetos na perspectiva de
trabalhar
interdisciplinarmente.
Pretende-se
também
que
os
bolsistas
criem
possibilidades de atuação e autonomia junto ao Programa ao assumir, de certa forma,
sua organização.
3.11 Secretaria Executiva / Rádio Pibid
A Secretaria Executiva do PIBID FURB é a mais importante atividade meio e atende
presencialmente nos três turnos dos dias úteis, reunindo em sua estrutura a CI, três
gestoras, dois técnicos, dois estagiários e uma voluntária. O atendimento online ocorre
diariamente, inclusive aos domingos e feriados. Em seu foco gestor, a Secretaria
Executiva do Programa é responsável por universalizar os atendimentos a bolsistas e ao
público externo, sendo também responsável por administrar as agendas de
reuniões/convocações, a distribuição de materiais e impressos, a manutenção do website
institucional e do SIB FURB, a correspondência oficial e o monitoramento dos recursos
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da verba-custeio. É também responsável por gerenciar a grade de programação da Rádio
Pibid, hoje a única emissora brasileira a distribuir via satélite, internet e celular, 24
horas ininterruptas de programação informacional ao vivo, com produção exclusiva dos
bolsistas e subprojetos PIBID FURB.
3.12 Apresentação de trabalhos em eventos
Reportando-nos a Paro (2010), quando afirma que na gestão não devem ser levadas em
conta somente as atividades meio (organização das estruturas para dar sustentação às
atividades pedagógicas), mas também as atividades fim, ou seja o próprio processo
ensino/aprendizagem, encontramos a necessária fundamentação que argumenta em
favor do princípio institucional do PIBID FURB, que desde os editais anteriores de
fomento ao Programa, sempre priorizou a participação e a explanação de trabalhos em
congressos, seminários e outros eventos em âmbitos nacional e internacional como
forma de complemento ao papel de coformação dos atuais professores, assim como de
ampliação do repertório cultural e formativo dos licenciandos (futuros professores).
Nesse cenário, em 2014, com a devida autorização da CAPES tivemos a participação de
um supervisor no Congresso ISATT, realizado em Braga, Portugal, e de mais de uma
dezena de bolsistas que se apresentaram em diferentes IES de Santa Catarina e do Rio
Grande do Sul. Por ocasião do V ENALIC e do IV Seminário Nacional do PIBID, mais
uma dezena de bolsistas se fez presente à Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, em Natal, no mês de dezembro, para a apresentação de trabalhos aprovados pela
Comissão Organizadora do evento.
4. Resultados e Desafios
Como resultados das ações implementadas pela gestão do PIBID/FURB neste curto
espaço de tempo em que o Programa está na Universidade (2010 a 2014) constatam-se
algumas transformações na Universidade e na comunidade escolar como: valorização
dos cursos de licenciatura, uma maior aproximação entre as diferentes áreas de
conhecimento
articulando
práticas
interdisciplinares,
maior
diálogo
entre
a
Universidade e a educação básica e a qualificação da formação dos licenciandos pela
presença em diferentes espaços.
Apesar disso, a gestão do PIBID ainda enfrenta alguns desafios como, por exemplo, a
baixa demanda por alunos nas licenciaturas. Desse fato decorre que alguns subprojetos
são obrigados a encerrar suas atividades e outros não conseguem dar continuidade; a
grande rotatividade de bolsistas nos subprojetos, prejudicando o andamento das práticas
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por um início constante; o difícil equilíbrio nas atribuições docentes da Universidade
que envolvem ensino, pesquisa, extensão e o PIBID, acarretando acúmulo de trabalho
ao coordenador; pouco envolvimento ainda das redes de ensino municipal e estadual
com o PIBID, que não entendem as ações do PIBID como um processo de qualificação
docente e o distanciamento da educação básica pelos professores da Universidade.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mais que um Programa de fomento à iniciação e à coformação docentes, o PIBID
FURB apresenta-se com uma rede gestora de processos, atividades meio e atividades
fim, que se constrói na/pela interação social e o respeito ao outro, na busca da
autonomia.
A abertura e distribuição de funções/atribuições, numa prerrogativa estratégica que
marca a participação coletiva e intensifica a transparência das ações desenvolvidas é
busca constante da equipe gestora do PIBID FURB que constantemente se desdobra na
imponente contribuição de subgrupos de trabalho.
Em sendo assim, é também na abordagem conceitual de Paulo Freire que se pode
aglutinar a concepção emancipadora da educação, à medida que os papéis
desempenhados no Programa encontram nos princípios norteadores e promotores da
gestão a seguridade para a continuidade e o crescente aprimoramento das ações que
podem ser contempladas no universo de atuação do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência.
Dessa forma, quando nos propomos a uma reflexão sobre a gestão educacional e seu
curso diante das teorias e fundamentações na área de administração, não podemos em
nenhum momento nos privar da condição de que o conceito de gestão e de todos os
elementos históricos que nos remetem ao assunto são relativamente recentes nos
cenários nacional e global. Essa é uma característica elementar a ser aqui considerada,
ainda que ao longo deste artigo tenhamos pretendido discutir e principalmente relatar as
nossas próprias experiências de gestão, vivenciadas quase que exclusivamente no
contexto do PIBID da Universidade Regional de Blumenau.
Sob esta ótica, constata-se com precisão que embora a Constituição de 1988 e as
Diretrizes de Base da Educação Nacional (Lei nº. 9.394, de 1996) contribuam
diretamente para estabelecer os princípios de uma gestão democrática e participativa, é
muito mais fácil sua discussão teórica do que sua implantação prática.
12
Contudo, na estrutura organizacional do PIBID FURB já é possível reunir e avaliar os
resultados de uma realidade proposta e baseada nos princípios da descentralização das
ações e atribuições, da participação efetiva dos bolsistas (atores sociais) e da integral
transparência das rotinas e informações inerentes ao Programa.
REFERÊNCIAS
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norteador para elaboração de Plano Municipal de Educação – PME / elaboração
Clodoaldo José de Almeida Souza. – Brasília : Secretaria de Educação Básica, 2005.
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TORRES, F. Gestão democrática na escola pública. Disponível em
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LIMA, Licínio C. A escola como organização educativa: uma abordagem
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Disponível
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https://www.capes.gov.br/images/stories/download/legislacao/Portaria_096_18jul13_A
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