BRINCADEIRA DE MENINO & BRINCADEIRA DE MENINA:
UMA QUESTÃO DE GÊNERO
Mércia Maria de Santi Estácio
Adriana Aparecida de Souza
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Resumo
Esta pesquisa tem o propósito de analisar a preferência de meninos e meninas por
determinados brinquedos e brincadeiras em uma escola pública municipal em Natal/RN.
Partindo do pressuposto que tais elementos habitam o imaginário infantil, bem como,
mantêm uma estreita relação com o brincar, objeto central da pesquisadora. Entendemos
também que estas escolhas estejam diretamente ligadas à tradição, à cultura e ao gênero,
portanto importante (re) significá-las e discuti-las no contexto escolar. Trata-se de uma
pesquisa de natureza qualitativa que se encontra em andamento e utilizará como
metodologia o estudo exploratório. Acredita-se na necessidade de espaços e tempos para
a brincadeira e o brincar na escola, bem como, a desconstrução de mitos, que
determinam e reforçam com apoio da cultura e da sociedade quais são as brincadeiras e
brinquedos adequados para meninos e/ou para meninas. Pensar o brincar como um
elemento fundamental na formação da criança e por isso, deve estar presente na sua
escolarização. Questiona-se sobre a diminuição do tempo e espaço para o brincar e as
brincadeiras no cenário escolar, e sua substituição por outras atividades, que privilegiam
apenas o desenvolvimento da cognição e a aprendizagem de conteúdos específicos.
Palavras-Chave: Menino. Brincadeira. Menina. Escola.
Contextualização
Partindo do pressuposto de que brincar faz parte do universo infantil e permeia –
ou deveria – a infância, nos deparamos com lembranças da família e da escola,
instituições que ocupam um espaço significativo e importante. Com o advento da
modernidade a infância conquistou espaço e atualmente é objeto de estudos, nas mais
diversas áreas do conhecimento como a educação, a psicologia, a sociologia, a história
etc.
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Acredito que falar de infância nos remeta a lembrar do brincar, da brincadeira, do
jogo, elementos presentes e necessários para um desenvolvimento saudável. Este artigo
é um recorte de uma pesquisa maior, na qual discuto o brincar, dialogando com os
demais sujeitos que compõem o universo no qual o brincar está inserido como a família,
a escola e a cultura, pois assim como o sonho, o brincar foi ao longo da história do
mundo, considerado coisa sem importância. Brinquedo e brincadeira são usados no
vocabulário corrente para definir coisas sem seriedade.
Este texto tem o propósito de analisar a preferência de meninos e meninas, alunos
do 2º ano do Ensino Fundamental, por determinados brinquedos e brincadeiras. A
Escola Municipal Professor Ulisses de Góes, campo dessa pesquisa, situa-se no bairro
de Nova Descoberta na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Atende
crianças da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, e também possui turmas de
Ensino de Jovens e Adultos (EJA). A escola foi criada oficialmente pelo ato nº 1902 de
03 de abril de 1977, e seu funcionamento autorizado pela Portaria nº 719/80, publicada
no Diário Oficial do Estado em 30 de outubro de 1980.
A escolha de determinado brinquedo ou brincadeira configura uma questão de
gênero, bem como, aponta a necessidade de desconstrução de alguns mitos, que
determinam e reforçam com apoio da cultura e da sociedade quais são as brincadeiras e
brinquedos adequados para meninos e/ou para meninas.
Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa que se encontra em andamento e
utilizará como metodologia o estudo exploratório e como técnicas de pesquisa a
observação e entrevista semi-estruturada com alunos e professoras. Para fundamentar as
escolhas das técnicas de pesquisa optei por Maria Cecília de Souza Minayo que afirma
que:
[...] a observação participante, permite que o investigador combine o
afazer de confirmar ou infirmar hipóteses com as vantagens de uma
abordagem não-estruturada. Colocando interrogações que vão sendo
discutidas durante o processo de trabalho de campo, ela elimina
questões irrelevantes, dá ênfase a determinados aspectos que surgem
empiricamente e reformula hipóteses iniciais e provisórias.
(MINAYO, 1999, p. 96)
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A autora informa a necessidade de o pesquisador tomar algumas decisões no
momento que antecede a observação propriamente dita. “[...] observação livre ou
realizada através de roteiro específico? Abrangerá o conjunto do espaço e do tempo
previsto para o trabalho de campo ou se limitará a instantes e/ou aspectos da realidade,
dando ênfase a determinados elementos na interação?” (MINAYO, 1999, p.100). Ainda
segundo a autora todos os registros oriundos desta observação são realizados no Diário
de Campo, tais como: falas, comportamentos, hábitos, usos, costumes, celebrações e
instituições que compõem o quadro das Representações Sociais.
Definimos observação participante como um processo pelo qual se
mantém a presença do observador numa situação social, com a
finalidade de realizar uma investigação científica. O observador está
em relação face a face com os observados e, ao participar da vida
deles, no seu cenário cultural, colhe dados. Assim o observador é parte
do contexto sob observação, ao mesmo tempo modificando e sendo
modificado por este contexto. (Minayo, apud Schwartz & Schwartz
1999, p. 135)
As entrevistas semi-estruturadas permitem o uso de perguntas estruturadas ou não,
permitindo ao entrevistado se colocar diante do tema proposto de maneira livre e
espontânea, pois o pesquisador não oferece respostas ou condições anteriores às
perguntas realizadas. Acredito na possibilidade do uso desta técnica, pois oferece uma
maior aproximação entre observador e observado, uma vez que tal fato contribua para o
esclarecimento e aprofundamento do tema pesquisado. Uma vez que
[...] permanece o princípio geral que reconhece a importância
indiscutível de cada entrevista, mas nos diz que é o conjunto delas e a
partir do caleidoscópio das informações que o pesquisador compõe
seu quadro [...] a experiência nos mostra que, como o pesquisador
trabalha com vivências e com as representações correlatas, por mais
que estimule a explicitação de determinados temas, se eles não
constituem relevâncias para os informantes, dificilmente emergirão.
(MINAYO, 1999, p. 132)
Desenvolvimento:
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Num processo histórico e cultural foram determinadas as brincadeiras destinadas
aos meninos e às meninas. Assim, brincar de futebol, bolinha de gude, pipa, dentre
outras são atividades destinadas aos meninos, enquanto brincar de boneca, de casinha,
pular corda, dentre outras são ocupações das meninas. A cultura, a tradição e a
sociedade reforçam e valorizam essa separação, rotulando como diferentes ou fora do
padrão os que não seguem tal separação.
No entanto, como toda regra tem sua exceção, observamos meninos que gostam e
participam das brincadeiras ditas de meninas, como pular corda, e meninas que gostam
de jogar futebol. Entendo que mais importante do que separar o que é destinado a um ou
outro, seja realmente oferecer o espaço para o brincar, pois em dúvida é possível
destacar o lugar do brincar para além de uma atividade determinada apresentando a
forte presença dos processos subjetivos que o brincar envolve. Um jeito de refazer, de
viver o impossível. Brincando a criança aprende a ser, se humaniza, subjetiva seus
desejos, comunica, situa-se e é situada pelo outro, apropria-se do seu fazer, agindo,
atuando.
O brincar sempre fez parte do universo infantil. Sabemos que é brincando que a
criança experimenta situações e emoções do seu próprio entorno, bem como, do mundo
dos adultos. No brincar a criança estabelece e vive relações, cria regras, se estrutura,
reconhece o outro, enfim começa a se colocar no mundo, ou melhor, através do brincar
a criança se apropria do mundo e de tudo que está envolvido nele.
Acredito que a ausência do brincar na vida da criança prejudica sua estruturação e
desenvolvimento. Assim não é possível pensar a infância sem o lúdico, pois através dele
acontece a ligação entre a aprendizagem, o desenvolvimento, por isso sua importância.
Existe certo comprometimento do brincar em virtude das condições da
modernidade: a rapidez, o interesse cada vez maior pela antecipação do futuro,
esquecendo-se do presente; é a cultura do progresso a qualquer custo.
Dessa forma, nos deparamos com crianças que já não querem mais fazer de conta,
que não tem tempo para entrar em outro tempo, o tempo do brincar, do elaborar, do
buscar sentido para suas descobertas, do conhecer-se, enfim tudo está dado, pronto e
acabado.
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No mundo do faz-de-conta as crianças colocam a forma com que hoje se situam
diante dos pais, dos semelhantes, da sexualidade, da escola, dos objetos, dos ideais, do
simbólico.
[...] o brincar é um dos pilares da constituição de culturas da infância,
compreendidas como significações e formas de ação social
específicas que estruturam as relações das crianças entre si, bem
como, os modos pelos quais interpretam, representam e agem sobre o
mundo. Essas duas perspectivas configuram o brincar ao mesmo
tempo como produto e prática cultural, ou seja, como patrimônio
cultural, fruto das ações humanas transmitidas de modo inter
intrageracional, e como forma de ação que cria e transforma
significados sobre o mundo. (BORBA, 2007, p. 33)
No desenrolar da pesquisa de campo realizei entrevistas com as crianças
observadas na pesquisa. Dentre as questões uma estava direcionada às brincadeiras
preferidas. Estiveram envolvidas nessa ação 42 crianças, sendo 23 meninas e 19
meninos.
As meninas citaram como brincadeiras preferidas: Tica-tica, na modalidade ticatrepa e tica-fruta; Amarelinha, Boneca, Pular corda, Esconde-esconde, Passa-anél e
jogar bola. Os meninos elegeram como as brincadeiras mais realizadas: Tica-tica,
também na modalidade tica-fruta e tica-trepa), futebol, esconde-esconde e dono da rua.
No diálogo com as crianças observei que as meninas se interessam por uma
maior variedade de brincadeiras; que existem brincadeiras, como o tica-tica e o
esconde-esconde que fazem parte do universo masculino e feminino; que as meninas
também gostam de brincar com bola.
Um aspecto chamou a atenção e aponta para outra questão de gênero, além
daquela que contempla as preferências de meninos e meninas por determinada
brincadeira. A maioria das respostas apontam para uma separação efetiva nas
brincadeiras por sexo, ou seja, os meninos brincam os meninos e as meninas com as
meninas, apenas 02 crianças afirmaram que brincam com todos os amigos da sala.
Neste sentindo, teríamos então além da separação de gênero em relação às
escolhas desta ou daquela brincadeira, a separação de gênero por sexo, aproximando os
meninos dos meninos e meninas de meninas. Reforçando padrões culturais
estabelecidos há muito tempo e reforçados pela tradição, pela sociedade. Porém,
acredito na possibilidade de meninos e meninas brincarem juntos, numa troca de
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saberes, na partilha de experiências adquiridas e acumuladas na família e na escola. Pois
certamente os meninos podem ensinar muitas coisas para as meninas, bem como, as
meninas podem ensinar várias coisas para os meninos.
Considerações Finais
Em muitas escolas ainda predomina uma visão dicotômica do ensino que
privilegia as ações cognitivas em detrimento das atividades corporais. Não se trata de
hierarquizar o conhecimento cognitivo e o conhecimento corporal, colocando um ou
outro em primeiro lugar, mas sim de deflagrar a enação, acreditando que toda cognição
depende da experiência que acontece na ação corporal.
Walter Benjamin acredita ser preciso considerar o diálogo cultural, sem o qual o
lúdico não poderia ser viabilizado. Assim o processo educativo, tanto formal, quanto
informal, busca a transmissão da herança cultural, para a continuidade. Por isso nossa
sociedade vinculou o lúdico à criança, faixa etária caracterizada pela “improdutividade”
e pela movimentação constante, mas mesmo na infância cada vez mais o lúdico é
negado.
[...] Se, partindo de tudo isso, fizermos algumas reflexões sobre a
criança que brinca poderemos falar então de uma relação antinômica.
De um lado o fato coloca-se assim: nada é mais adequado à criança
do que irmanar em suas construções os materiais mais heterogêneos –
pedras, plastilina, madeira, papel. Por outro lado, ninguém é mais
sóbrio em relação aos materiais do que crianças: um simples
pedacinho de madeira, uma pinha ou uma pedrinha reúne em sua
solidez, no monolitismo de sua matéria, uma exuberância das mais
diferentes figuras. (BENJAMIN, 1984, p. 69)
O tempo veloz da urgência atravessa qualquer atividade da criança e claro, na
prática educativa, tem incidência fundamental. Pais e profissionais exigem resultados
cada vez mais rápidos, em um tempo sempre breve e encurtado pelas inúmeras
exigências. Urgências para que fale bem, para que desenhe e escreva as letras, para que
leia, para que passe de série, para que não se atrase, para que esteja sempre atento, para
que domine o inglês e a computação... e até exigências para que seja feliz.
A preparação para um futuro vencedor, a necessidade e/ou a utilização de mãode-obra infantil, não apenas furtam o brincar da vida das crianças, como exigem uma
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nova postura quanto à aplicabilidade do termo infância, uma vez, que o brinquedo, o
jogo e o divertimento passam a ser vivenciados desde muito cedo quase que somente
por oposição a essas obrigações. Penso no brincar como experiência humana onde os
aspectos da subjetividade encontram-se como elementos da realidade possibilitando
uma experiência criativa na construção do eu-social.
Nessa perspectiva torna-se imprescindível e necessário oportunizar as crianças
possibilidades para vivenciar o brincar no contexto escolar, pois quando brinca, a
criança coloca em jogo os recursos que adquiriu. A criança que brinca em liberdade,
podendo decidir sobre o uso de seus recursos para resolver os problemas que surgem no
brinquedo, sem dúvida alguma desenvolverá habilidades solicitadas para outras
aprendizagens (aprender a ler, escrever, contar, relacionar etc).
Em virtude da diminuição dos espaços para o brincar, as casas tornaram-se
menores, a rua ficou perigosa, etc. O único espaço que ainda se mostra seguro, seja a
escola. No entanto, apesar do pouco tempo destinado ao brincar na escola, ficando
reduzido apenas ao momento do recreio, as crianças vivem nesse espaço-tempo,
atividades que contribuem para o seu crescimento, que estreita laços e cria vínculos. O
recreio torna-se o momento especial não só para saciar a fome do corpo, bem como,
alimentar a alma, que no caso da criança se nutre com a brincadeira, por que: “Brincar é
muito bom, é divertido, é legal.” (Fala das crianças entrevistadas)
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