MERCADO DE ALIMENTOS NO BRASIL
É UMA POTÊNCIA MUNDIAL
Líderes destacam a importância do setor e o crescimento do mercado, mas ressaltam
os gargalos e a falta de uma política agrícola atuante
São Paulo, 12 de abril de
2013 – Durante o 1º Fórum
Brasileiro da Indústria de
Alimentos, evento organizado
pelo LIDE – Grupo de Líderes
Empresariais, presidido por
João Doria Jr, o presidente da
Associação
Brasileira
das
Indústrias
de
Alimentação
(ABIA),
Edmundo
Klotz,
destacou a importância do
Brasil no cenário do mercado
mundial de alimentos. De
acordo com ele, o País é uma
potência
no
ranking
de
alimentos e a economia dá sinais de otimismo, mas ressaltou que ainda falta uma
política agrícola e de abastecimento de longo prazo para que os planos de
crescimento sejam sustentáveis.
“O objetivo é crescer em todas as esferas do setor. Queremos exportar
desenvolvimento, pesquisa e aliados à vocação natural do País, que é a agricultura e
a produção de alimentos”, disse Klotz, que fez uma avaliação do setor e destacou o
crescimento do mercado em 2012, cujo faturamento alcançou R$ 461 milhões, um
crescimento de 4% em relação a 2011.
Para Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, presidente do LIDE Agronegócios
e embaixador da FAO, Goiás foi escolhido para receber um evento deste porte por
estar no coração do País e ser
um dos maiores centros da
indústria de alimentos do
Brasil. “Discutir como o País se
insere num projeto mundial é
o nosso desafio e precisamos
encontrar
soluções
para
problemas
como
abastecimento do mercado
interno,
câmbio,
crédito,
aspectos regulatórios, gargalos
e burocracias, que impedem
um crescimento maior e
deixam uma dúvida do que
será esse mercado”.
Foto Fredy Uehara | Uehara Fotografia
Falta qualidade no leite brasileiro e indústria vive
momento difícil
O leite tem o maior alcance social do Brasil, com mais de 1,3 milhões de produtores
no País. Mas para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa
Vida (ABLV), Nilson Muniz, falta qualidade no leite que é produzido nacionalmente.
Ele lembra que Goiás está em quarto lugar no ranking da produção nacional de leite,
mas lamenta que não exista um crescimento no setor há mais de dois anos. “O
brasileiro consome muito pouco de lácteos e as médias são bem abaixo do cenário
mundial, o que é muito preocupante para nós. Há dois anos não registramos
crescimento nesse mercado. Além disso, a indústria não tem margem de lucro no
negócio e vive um momento difícil. Não há manobra de inovação e precisamos olhar
urgentemente para esse setor”, diz Muniz.
Wilson Mello, vice-presidente de
assuntos corporativos da BRF,
alerta para a queda no consumo
do leite e diz que o cenário é
preocupante. “É importante um
envolvimento de toda cadeia e de
todos os governos, tanto federal
quanto
estadual.
Fazer
investimento neste mercado é
algo desafiador nos dias atuais,
mas que precisa para dar novo
fôlego”, diz o executivo.
O maior desafio da pecuária
leiteira nos dias atuais é ter no mundo globalizado uma presença agressiva e
permanente, e não escondida como tem sido até agora. “O leite é um problema sério
no Brasil. Nosso ponto fraco é a qualidade da matéria-prima e a falta da cultura da
exportação entre as empresas de laticínios, mas são questões facilmente removíveis.
O grande obstáculo é o protecionismo agrícola dos países ricos e pobres também, mas
a esse fator limitante todos nossos concorrentes estão sujeitos”, concluiu Alysson
Paolinelli, ex-ministro da Agricultura do governo Geisel (1974 a 1979), secretário de
Agricultura de Minas Gerais por três vezes e atual presidente da Abramilho.
Os gargalos e as críticas da indústria
Os principais problemas da
indústria
brasileira
de
alimentos foram levantados no
terceiro tema destacado pelo
1º
Fórum
Brasileiro
da
Indústria de Alimentos, que
está sendo realizado em
Goiânia. Conduzido pelo exministro Roberto Rodrigues,
também teve a participação de
Edmundo Klotz, presidente da ABIA; André Rocha, presidente do LIDE GOIÁS; Jack
Correa, vice-presidente de Assuntos Governamentais da Coca-Cola; e Takamitsu Sato,
presidente da ABIC - Associação Brasileira da Indústria de Café.
Eduardo Klotz fez uma avaliação do setor de alimentos e destacou o crescimento do
mercado em 2012, que faturou R$ 461 milhões, um crescimento de 4% em relação a
2011. “Estamos crescendo e ainda temos grande poder de expansão e os
investimentos nesse setor chegaram a R$ 11 bilhões. O aumento do consumo também
é um ponto importante, já que a indústria está criando produtos mais saudáveis,
sustentáveis e que agradam o consumidor brasileiro”, falou o presidente da ABIA.
Para o presidente da ABIC, Takamitsu Sato, o setor
dicotomia. Tem crescimento, mas sofre com a
desenvolvimento competitivo das indústrias de café
diminuir a carga tributária e ter força no mercado
chegarmos lá”, disse Sato.
de café também vive uma
tributação. “Assegurar o
é um desafio, precisamos
externo. Falta muito para
O setor superenergético
foi o tema discutido
pelo
presidente
executivo do SIFAEG,
André Rocha. Para ele,
o
setor
parou
de
crescer, já que não tem
investimento nem apoio
do governo. Ele cita
que,
em
2011,
o
mercado de gasolina era
de 54% e hoje está em
apenas 30%. “Paramos
de crescer. O governo
está dando subsídio
para
o
consumidor
segurando o preço da gasolina há quase seis anos, mas não ajuda a cadeia. Estamos
órfãos esperando medidas há mais de dois anos. A falta de políticas destruiu o setor
energético e também a Petrobras. Além disso, precisamos de desoneração do Pins e
Cofins e disponibilizar crédito para os produtores”, falou Rocha, que também é
presidente do LIDE Goiás.
Goiás lança programa durante o Fórum para apoiar
produtores
O secretário de Indústria e Comércio de Goiás, Alexandre Baldy, anunciou durante o
1º Fórum Brasileiro da Indústria de Alimentos um programa de incentivo para os
produtores rurais do Estado. Em parceria com o Banco do Brasil, o Governo vai
destinar 10% dos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste
(FCO) para 2013 para estruturar a secagem e armazenagem dos grãos no Estado.
“Estamos fazendo nossa parte porque faltam políticas para a produção industrial,
pecuária e agricultura. Se cada um fizer sua parte, como o governo estadual está
fazendo, teremos crescimento em todas as esferas desta importante cadeia”, disse o
secretário, que espera destinar uma estimativa de R$ 75 milhões para os produtores.
“O setor precisa se defender e lutar pelo apoio do
governo”, diz ex-embaixador do Brasil
Rubens Barbosa diz que Brasil está fora dos acordos bilaterais e o Mercosul está
estagnado
O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa, abriu o último painel
do Fórum dizendo que o mercado brasileiro de alimentos precisa se unir e lutar pelo
apoio do governo e reivindicar seus direitos. “Estamos perdendo participação no
mercado e é visível que existe uma desaceleração no crescimento internacional em
função da crise mundial. Além disso, o País está fora de todos os acordos bilaterais e
o Mercosul está estagnado. O setor precisa se defender”, disse Barbosa, que
atualmente é presidente do Conselho Superior da Federação das Indústrias de São
Paulo (FIESP).
Para ele, a democracia no Brasil só funciona por grupos de pressão e o setor de
alimentos precisa fazer isso. “Não vejo o setor agrícola ter a mesma pressão que o
setor automotivo, por exemplo. Acho que esse mercado precisa se organizar e
levantar uma bandeira para defender seus interesses. É importante que a democracia
seja exercida”, destacou o ex-embaixador, lembrando que, em outros países - como
Holanda e Inglaterra – há um movimento intenso dos agricultores e uma pressão para
que os seus interesses sejam resolvidos. “Copiar estes exemplos é algo que o
brasileiro deveria incorporar em suas atitudes. Hoje, sofremos com a falta de uma
reforma tributária ativa e uma infraestrutura precária. Enfim, há problemas em todos
os lados e ficamos calados. Faltam ações concretas e precisamos fazer pressão junto
ao Congresso e Executivo para atacar de frente os principais aspectos da perda da
competitividade”, alertou o executivo.
A mesma opinião foi dividida por Roberto Giannetti da Fonseca, diretor titular de
Relações Internacionais e Comércio Exterior da FIESP, que reforçou a questão
tributária brasileira. Para ele, a gestão dos custos no Brasil é algo que não existe em
nenhum lugar do mundo e castiga não só a indústria brasileira como o consumidor.
“Os investimentos estão congelados em todas as esferas por conta do ICMS.
Precisamos urgentemente fazer a reforma do ICMS, antes que cause um problema
sério para o País”, definiu.
O último painel abordou “Intercorrências - gargalos, burocracias e soluções” e teve a
participação de Enio Marques Pereira, secretário de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura, Sussumo Honda, ex-presidente da ABRAS - Associação
Brasileira de Supermercados e Edvaldo Crispim da Silva, presidente do CEASA
GOIÂNIA.
“A
indústria
brasileira precisa caminhar
para a inovação e perceber
as
mudanças
que
o
consumidor está passando e
que ela também precisa
sofrer. Nosso desafio é
produzir alimentos cada vez
mais saudáveis e que
agradem a todos os gostos e
bolsos”, disse Honda.
Por fim, Roberto Rodrigues e João Doria Jr. fizeram uma conclusão sobre o Fórum
que há uma necessidade urgente de uma organização do setor privado para resolver
os gargalos do setor. “Precisamos encontrar um caminho comum e democrático para
fazer pressão sobre o Estado. Não queremos a intolerância, queremos encontrar
soluções para os problemas desta indústria, que é uma das mais importantes da
economia do Brasil”, finalizou o presidente do LIDE, João Doria Jr.
Sobre o LIDE - Fundado em junho de 2003, o LIDE - Grupo de Líderes Empresariais possui nove
anos de atuação. Atualmente tem 1.300 empresas filiadas (com as unidades nacionais e
internacionais), que representam 49% do PIB privado brasileiro. O objetivo do Grupo é
difundir e fortalecer os princípios éticos de governança corporativa no Brasil, promover e
incentivar as relações empresariais e sensibilizar o apoio privado para educação,
sustentabilidade e programas comunitários. Para isso, são realizados inúmeros eventos ao
longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades privadas e
representantes do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios.
Informações para a imprensa:
XComunicação
Carla Sanches – (11) 2898-7473 – [email protected]
Gabryel Strauch – (11) 2898-7466 – [email protected]
Download

12/04/2013 - mercado de alimentos no brasil é uma potência mundial