Reunião ampliada para discutir a formação gerontológica
No dia 15 de julho de 2015, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
(SBGG) representada pela presidente do Departamento de Gerontologia, Maria
Angélica Sanchez, pela presidente da Comissão de Títulos de Especialista em
Gerontologia, Claudia Fló e, Naira Dutra, também integrante desta comissão e
anfitriã nos cedendo um auditório da UNIFESP e com os convidados Ligia Py,
membro atuante da SBGG e Diego Bernadini, integrante do ILC Brasil, conduziram
uma reunião que contou com a importante presença de professores, alunos e
egressos do Curso de Gerontologia da EACH e da UFSCAR representados pela
Professora Vania Varoto e pela presidente da Associação Brasileira de
Gerontologia (ABG), Thaís Bento.
Para o início da reunião foi apresentada a missão da SBGG que é congregar
médicos e outros profissionais de nível superior que se interessem pela Geriatria e
pela Gerontologia, estimulando e apoiando o desenvolvimento e divulgação do
conhecimento científico, seguido de um breve relato da trajetória da gerontologia
bem como de suas conquistas e acrescentando que o objetivo da reunião foi a
união de esforços para uma gerontologia forte no Brasil. Nosso propósito também
se concentrou na discussão sobre as competências do egresso do curso de
graduação em gerontologia e do especialista em gerontologia.
Na fala da SBGG, foi pontuado que não cabe mais uma discussão sobre a
graduação em gerontologia, visto está posta, dado que os cursos já são
reconhecidos
pelos
órgãos
superiores
aos
quais
respondem
as
duas
Universidades, há códigos para a contratação do profissional na CBO e está
próxima da regulamentação. Portanto, cabe-nos refletir sobre as competências de
cada grupo profissional, sejam esses profissionais os graduados em gerontologia
ou os especialistas em gerontologia.
Para a SBGG, o especialista em gerontologia é o profissional que, após a sua
graduação de base, adquire conteúdos, experiências e formação na área do
envelhecimento em cursos de pós-graduação. O título de especialista conferido
pela SBGG é emitido para aqueles que realizam uma prova de conhecimentos
gerontológicos e apresentam sua trajetória através de um memorial que comprove
seu vasto conhecimento gerontológico. Cada profissional, com base na sua
formação de origem e com as competências que sua formação o habilita, aliado à
uma ampla visão gerontológica, vai atuar nos diversos espaços que exigem um
profissional na sua área.
Para subsidiar a discussão, o Dr. Diego Bernardini nos fez uma apresentação que
iluminou as reflexões sobre o assunto e argumentou que as preocupações
acabam por se concentrar nas denominações em detrimento das questões do
envelhecimento e que o nosso desafio maior não é fazer parte de uma sociedade
envelhecida, mas sim de ter tantas pessoas envelhecidas em uma sociedade.
Chamou a atenção que esta sociedade necessita de profissionais treinados em
cuidado para pessoas idosas e que a hegemonia médica não mais se justifica,
visto que o envelhecimento está relacionado ao desenvolvimento de um país e
não exclusivamente à saúde. Trouxe à tona o fato de que, atualmente, a gestão e
o planejamento dos recursos não estão atendendo a esse fenômeno global e nos
convidou a refletir sobre a mudança de atitude que é um aspecto fundamental na
formação, para que se desenvolva um discurso consensual. Acrescentou, ainda,
que a ideia de identidade se legitima pela visibilidade.
A Professora Vania Varoto nos apresentou informações sobre a graduação em
gerontologia no Brasil, apontando a USP como pioneira, em 2005, seguida da
UFSCAR que iniciou seu curso em 2009. Informou que os cursos primam pela
excelência e compromisso social, têm o foco da na interdisciplinaridade e se
sustentam nos pilares do conhecimento das áreas humana, social e saúde,
enfatizando os aspectos da gestão da pessoa e dos equipamentos a elas
destinadas, além de conceitos da gerontologia. Estudam também os fundamentos
em pesquisa e gestão. Parte desses profissionais está inserindo-se no mercado
de trabalho, atuando em organizações não governamentais e governamentais, em
consultorias e outras atividades da área gerontológica. Suas competências estão
relacionadas à gestão das estruturas organizacionais, na área de inovação de
produtos e serviços, na gestão de pessoas e na gestão da atenção com uma forte
contribuição para ações inter setoriais, dinamizando o fluxo dos serviços e
viabilizando o acesso a produtos e serviços.
A ABG foi apresentada pela sua presidente Thaís Bento que foi aluna da primeira
turma de graduação em gerontologia da USP. Fundada em 2009, a ABG – que
conta em seu quadro com 400 associados – tem a finalidade de representar os
egressos do curso de graduação em gerontologia, visto que ainda não possuem
um conselho de classe. Um dos objetivos é prestar uma assessoria sobre a
atuação e inserção profissional.
A ABG é a responsável pelo projeto de
regulamentação da profissão de gerontólogo que tramita no Senado Federal, após
a aprovação em outras instâncias.
Ao final desse primeiro bloco, Ligia Py fez algumas considerações sobre as
apresentações. Saudou a SBGG na figura da presidente do Departamento de
Gerontologia, destacando o empenho em agregar profissionais da gerontologia,
cumprindo, assim, a missão da SBGG. Lembrou que a SBGG prima pela ousadia
no enfrentamento de desafios: foi a primeira sociedade médica (e ainda é uma das
raras) que integrou no seu quadro membros de categorias profissionais distintas
da medicina. Fez uma analogia do que está ocorrendo com a gerontologia nos
cursos de graduação e na SBGG, com a ecologia, cujos graduados, no
desenvolvimento das suas atividades profissionais, não têm como dispensar as
ações de pesquisa e trabalho dos engenheiros químicos e ambientais, dos
urbanistas, dos sanitaristas, dentre outros que estudam e praticam ações
ecológicas.
Finalizou, dizendo que acredita que a discussão dessa reunião está apenas
começando e vislumbrando um longo percurso que deverá estar aberto ao diálogo
e à aceitação das diferenças para uma integração harmoniosa da gerontologia
brasileira, que concorra para a construção da identidade dos profissionais dessa
área.
No momento posterior ao almoço, em uma roda de conversa, alguns pontos foram
delineados nos deixando o entendimento que:
1) O especialista em gerontologia tem suas competências baseadas na sua
área de formação original. Cada categoria possui a sua especificidade e vai
lidar com o indivíduo envelhecido em situações que sua formação lhe
permite
com
o
diferencial
de
sua
bagagem
de
conhecimentos
gerontológicos;
2) O egresso da graduação em gerontologia é o profissional que, com base
nos fundamentos adquiridos em sua formação, vai atuar na gestão da
atenção.
Seu
papel
principal
se
concentra
no
entendimento
do
funcionamento da instituição, nas relações de trabalho, na dinâmica
organizacional, no conhecimento das demais categorias profissionais e nas
demandas do indivíduo, de modo a viabilizar os encaminhamentos
adequados e garantir o acesso a produtos e serviços necessários;
3) A discussão sobre a mudança de nomenclaturas é dispensável. Num
momento em que “gerontologia” e “geriatria” ainda são termos de difícil
compreensão para muitos, não nos cabe introduzir novos rótulos que nos
definam. Ficamos no entendimento que o Gerontólogo é o profissional que
conclui a graduação em gerontologia, o bacharel em gerontologia. Aos
profissionais que, após uma pós-graduação buscam o reconhecimento de
sua bagagem de conhecimentos no campo do envelhecimento humano,
recomenda- se a realização da prova de títulos da SBGG, para que se
aprovados, sejam reconhecidos como Especialistas em Gerontologia;
4) Que os egressos em gerontologia, uma vez regulamentada a profissão e
devidamente registrados no seu conselho profissional, se assim o
desejarem, também poderão fazer a prova de títulos e serão nomeados
como Gerontólogos Especialistas em Gerontologia;
5) A SBGG vai acolher como associados os egressos do curso de graduação
e, como nas demais categorias de estudantes, aqueles filiados às ligas de
gerontologia poderão inscrever-se nesta categoria;
Por fim, temos a clareza de que discussões que envolvem o fazer profissional na
área do envelhecimento humano ainda serão necessárias. O intuito da SBGG
nesta empreitada é fortalecer a identidade do profissional da gerontologia, unindo
forças para o enfrentamento de importantes questões que necessitam do aporte
de profissionais qualificados para tal.
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