PARTICIPAÇÃO NO CNR – CONSELHO DE REPRESENTANTES NACIONAIS Iniciou-se hoje, dia 27 de Maio, mais uma Assembleia Geral do ICN que, passados 30 anos, volta ao mesmo país - Japão. A participação portuguesa no CNR, desde há 3 anos faz-se através de uma delegação constituida pela Ordem dos Enfermeiros, pelos sindicatos (SEP ou SERAM) e por uma das associações profissionais que compõem a FNOPE – Fórum Nacional das Organizações Portuguesas de Enfermeiros. Convém recordar, por exemplo, que o Congresso do ICN de há 30 anos e as tomadas de posição àquela data permitiram transportar para a realidade portuguesa as importantes decisões da convenção da OIT sobre as condições de vida e trabalho dos enfermeiros. Passados 30 anos, a profissão de enfermagem teve evoluções diferentes consoante as situações sócio-económicas e politicas dos diferentes países. O ICN congrega 129 países e é a associação mais representativa de um grupo profissional a nível mundial. Deste primeiro dia é de salientar o relatório apresentado pela Presidente do ICN. O relatório não mereceu contestação por nenhum dos 67 países presentes mas houve reforços que importa salientar. Asssim e em termos globais as intervenções dos diferentes países reforçaram as linhas de orientação do relatório, nomeadamente: • a necessidade do desenvolvimento de competências dos enfermeiros, • a relação entre a saúde e os aspectos sociais e as politicas de saúde; • também o estabelecimento de alianças com outros grupos profissionais e a manutenção da luta pelos Direitos Humanos e, em concreto, • os direitos humanos dos nossos colegas bulgaros condenados à morte na Libia que já mereceu intervenção pública por parte do ICN e decidiu-se, fazê-lo mais uma vez durante esta reunião. Mais uma vez, constata-se que a realidade da enfermagem é diferente acordo com a situação económica de cada país. O Canadá demonstrou grande preocupação com a questão da mobilidade dos enfermeiros (migração e emigração) e com a regulação da profissão considerando a auto-regulação de extrema importancia nomeadamente com o objectivo de defender as pessoas. Neste contexto, realça a importância do ICN continuar a impulsionar esta matéria e de a supervisionar. Da Indonésia foi proposto que aos enfermeiros migrantes fosse atribuido um estatuto de membro “especial” nos países de acolhimento tendo em conta as dificuldades com que muitas vezes são confrontados, nos países de acolhimento. Foi interessante a intervenção do Panamá que à semelhança de muitos dos países da América Latina estão confronatdos com uma mudança do sistema de saúde. A curiosidade é que, neste caso, as alterações estão a ser supervisionadas pelas Nações Unidas o que tem permitido a participação da associação panamense de enfermeiros em igualdade de circunstâncias com os partidos politicos, associações de utentes e outras associações profissionais. O objectivo é criarem um sistema de saúde que efectivamente dê resposta às necessidades das populações e que não seja um sistema privado. Contráriamente, o México, a Colombia, Uruguai e El Salvador confrontam-se com a privatização dos sistemas de saúde e, consequentemente, com o desemprego o que leva à migração dos enfermeiros. A Associação Mexicana tem como objectivo, até como forma de minimizar o atrás referido, que os enfermeiros possam ser prescritores principalmente nos cuidados de saúde primários, razão pela qual exigem que passem a ser licenciados. Na Colômbia o sistema de saúde está a ser substituído por um sistema social – O BANCO DO DESENVOLVIMENTO AMERICANO TEM COMO ORIENTAÇÃO A FORMAÇÃO DE TRABALHADORES PARA A ÁREA DA SAÚDE A MENOR CUSTO. No Uruguai a “reforma” do serviço de saúde está a ser feita colocando à margem os enfermeiros. As duas crises económicas relativamente recentes levaram à saída de muitos enfermeiros do país e isso levou ao aumento do número de auxiliares de enfermagem. Um dos objectivos da associação é terem um só nivel de formação. O salário, a segurança, a carreira são preocupações bastante grandes. O nível de vida do país é muito alto e o vencimento dos enfermeiros é de 300 dólares/mês. Finalmente, os enfermeiros estão a ser afastados dos lugares de Direcção para serem substituidos pelos médicos. Todos estes países referem a falta de visibilidade dos enfermeiros como um grande problema. Considerando que estas alterações podem levar a sérios problemas epidimiológicos, o ICN deveria fazer uma informação sobre as alterações dos sistemas de saúde e as suas consequências. Os países da África subsariana, mais uma vez, colocam o problema da migração num contexto de grande carência de enfermeiros (formam-se e saem dos países), o problema do HIV/SIDA e consequentemente a falta de condições de trabalho. A Etiópia informou que houve um aumento do número de escolas de enfermagem, privadas, cuja formação não tem qualidade. A regulação da profissão é um problema mas as questões salariais são as mais sentidas. A necessidade de melhorar os salários dos enfermeiros também foi referida, por exemplo, pela Irlanda.