COMO SERÁ A PSICOLOGIA DAQUI 50 ANOS
ALÉM DA NEUROPSICOLOGIA
LIMA, Ariane Lisboa¹
LIMA, Bruna Maria
AZAMBUJA, Fernanda Oliveira
AMARAL, Tatiane Cristina
Diante da temática como será a psicologia daqui 50 anos, surgiu o artigo “Além da
neuropsicologia”. Neste artigo buscou-se mostrar que a neurociência mesmo como
conceito surgindo em 1970, há muito tempo faz aproximações dizendo que a origem
do comportamento e da mente está no cérebro, ou seja, ela tem influências
antiguíssimas e possui estudos científicos e não científicos que remontam desde a
filosofia grega até os tempos modernos. Atualmente, a atuação do psicólogo nas áreas
mais clássicas da Psicologia se tornou saturada, abrindo espaço para novas áreas de
atuação, ditas emergentes. Aliada à tecnologia, a Neurociência vem crescendo cada
vez mais e abrangendo um maior numero de avanços sobre o conhecimento do
cérebro humano. Com isso, é possível ver um futuro em que a inteligência das
máquinas superará o cérebro humano. Neste futuro, as máquinas dotadas de
inteligência artificial serão capazes de pensar e agir como seres humanos. Essa
mudança de paradigma transformará a sociedade, e a Psicologia como a conhecemos
hoje, dando espaço à outra ciência, uma espécie de Neuropsicotecnologia.
1. ARGUMENTAÇÃO
Desde seu surgimento como ciência, e até os dias de hoje, a Psicologia
não modificou a sua epistemologia significativamente. Com o passar do tempo,
diversas abordagens se ramificaram, cada uma com suas características e
objetos de estudo específicos. Dentre tais abordagens surgiu a Neurociência,
embora sua prática já remetesse há séculos atrás.
Atualmente, a atuação do psicólogo nas áreas mais clássicas da
Psicologia se tornou saturada, abrindo espaço para novas áreas de atuação,
ditas emergentes. Aliada à tecnologia, a Neurociência vem crescendo cada vez
_______________________________________________________________ _
¹Acadêmicos do 8º período do curso de Psicologia, do turno da noite, da Faculdade Dom Bosco, em Curitiba,
Paraná.
mais e abrangendo um maior numero de avanços sobre o conhecimento do
cérebro humano.
Sendo
assim,
em
um
futuro
próximo,
a
Neurociência
sofrerámodificações em seu estado da arte e se transformará em uma ciência
nova, que acomoda a Psicologia, a Neurociência e a Tecnologia, todas
trabalhando em conjunto para um objetivo em comum.
1. HISTÓRIA DA NEUROCIÊNCIA
Segundo Anunciação (2011), a palavra Neurociência foi criada em 1970,
porém há muito tempo o ser humano faz aproximações dizendo que a origem
do comportamento e da mente esta no cérebro. Apesar de a neurociência ser
um campo novo, ela tem influencias antiguíssimas e possui estudos científicos
e não científicos que remontam desde a filosofia grega até os modernos
exames de imagens atuais.
Pode-se afirmar que na Grécia antiga, a base de todo pensamento
ocidental moderno encontra suas origens. Além disso, diversos conceitos
encontrados na neurociência moderna possuem alguma origem nas diferentes
especulações elaboradas pelos antigos filósofos e médicos gregos. As
propostas feitas por esses pensadores a respeito de questões centrais relacionadas com a fonte do pensamento humano, o mecanismo da atividade
cognitiva e a natureza das emoções, percepção e movimento voluntário - ainda
nos fascinam e contribuem pela originalidade e pela riqueza de suas
implicações, marcando de maneira fundamental o pensamento científico e
filosófico da Idade Moderna (CASTRO e FERNANDEZ, 2011).
Ainda de acordo com CASTRO e FERNANDEZ (2011), um dos diálogos
de Platão, o Timeu, é considerado como a obra responsável por levar até a
Idade Média as principais idéias pré-socráticas e hipocráticas referentes ao
cérebro, ao corpo e, de forma geral, ao universo. Ao tomar posição claramente
cefalocentrista,
No Iluminismo começa o estudo experimental do Sistema Nervoso, onde
se descobre que ele funciona a partir de relações elétricas, que possuem áreas
específicas para determinadas funções e que existem células específicas no
cérebro responsável pela comunicação de informações, que são os neurônios
(ANUNCIAÇÃO, 2011).
É interessante lembrar que muitos dos reconhecidos avanços na área
ocorreram durante a chamada Década do Cérebro (1990-2000), assim
designada pelo Congresso norte-americano, mas que se tornou uma iniciativa
internacional, resultando em maior divulgação, visibilidade, estímulo e, em
alguns casos, maior aporte de recursos para pesquisas sobre o sistema
nervoso central. No Brasil, o avanço nessa área de pesquisa seguiu essa
tendência mundial, sendo notório que ela foi um das áreas do conhecimento
que mais geraram publicações científicas nos últimos anos, contribuindo
decisivamente para o desempenho nacional no campo científico. (BRITTO e
BALDO, 2007)
Para ANUNCIAÇÃO (2003), apesar do estudo do comportamento
humano ser tão antigo quanto à existência do ser humano, uma área que se
pressupõe a estudar o cérebro, de forma multidisciplinar, tentando chegar a
conclusões da origem dos processos mentais e dos comportamentos é recente.
Como dito, essa tentativa é de 1970. Todo o restosão tentativas, ora filosóficas,
ora científicas, porém, nada como se vê nos dias de hoje, onde o amor deixa
de ser explicado como fenômeno social e passa a ser explicado como
alterações sinápticas no lobo límbico.
De acordo com Takasi (2003) a neurociência tem como objetivo explorar
o conhecimento que temos sobre o cérebro, ressaltando a importância desse
conhecimento para a compreensão do ser humano e, dessa forma, contribuir
para o avanço da ciência psicológica.
2. NEUROCIÊNCIA ATUAL
Nas ultimas décadas o cérebro vem se tornando, mais que um órgão,
um ator social. O espetacular progresso das neurociências, a popularização
pela mídia de imagens e informações que associam a atividade cerebral a
praticamente todos os aspectos da vida, e certas características estruturais da
sociedade atual tem produzido no imaginário social uma crescente percepção
do cérebro como detentor das propriedades e autor das ações que definem o
que é ser alguém. O cérebro responde cada vez mais por tudo aquilo que
outrora nos acostumamos a atribuir a pessoa, ao individuo, ao sujeito. Inteiro
ou em partes surgiu como único órgão verdadeiramente indispensável para a
existência do self e para definir a individualidade. Com isso o ser humano
tornou-se o que alguns definem como “sujeito cerebral” (ORTEGA e BEZERRA
JR, 2006).
Miguel Nicolelis foi eleito um dos 20 maiores cientistas do mundo pela
revista Scientific American por realizar um projeto que foi batizado de
“WalkAgain Project”. Nele, um corpo virtual é capaz de devolver os movimentos
aos paraplégicos e tetraplégicos. Em tradução livre, o nome representa algo
como “andar de novo”. Várias experiências foram feitas com animais como
macacos e um corpo artificial. Elas mostram como a robótica pode ser uma
grande aliada a pessoas com deficiência física em busca de movimentos até
então impossíveis (MICALI, 2013).
O exoesqueleto funciona de forma incisiva, porém eficiente: ele pode ser
conectado ao cérebro do paciente, que então controlaria o equipamento como
se fosse parte de seu próprio corpo.
Porém segundo Nicolelis(2014), não basta apenas vestir o exoesqueleto.
A pessoa precisa ser treinada e entender a lógica do que esta sendo realizado,
pois o processo de reabilitação exige muito das pessoas. Elas têm de mudar o
perfil psicológico, fazer força física para andar e precisam imaginar e acreditar
que vão andar.
Nicolelis acredita que, com um chute feito a partir de uma perna robótica
de alguém com paralisia, o mundo terá a prova de que o Brasil é um país que
vai muito além do futebol. (MICALI, 2013)
3. O futuro da Neurociência
Ao buscar referencias sobre o futuro da Psicologia, observa-se que há
pesquisas
em
andamento
no
mundo
todo,
desenvolvidas
de
forma
multidisciplinar, ou seja, profissionais de diversas áreas tentando enxergar o
modo como a Psicologia se desenvolverá no futuro, através da Neurociência, e
após ela.
Segundo BRITTO e BALDO(2013), um indicador do grande avanço da
Neurociência é o percentual elevado de comunicações sobre o sistema
nervoso em grandes congressos, como o da Federação de Sociedades de
Biologia Experimental (FeSBE). Tal tipo de discussão continuará acontecendo
nos próximos anos, não só para evoluir pesquisas em relação ao
funcionamento do cérebro, mas também para buscar novas possibilidades de
cura para distúrbios neurológicos e psiquiátricos, de difícil manejo.
Ainda, quando se trata de buscar novos conhecimentos sobre o
funcionamento do cérebro, a biologia molecular poderá contribuir para
esclarecimentos futuros, relacionados também à Neurociência. Na tentativa de
desvendar seus mistérios, há cada vez mais investigações sobre o Sistema
Nervoso e sua microbiologia.Essas evoluções no conhecimento, aliados
àcontribuições da biologia molecular na elaboração de medicamentos mostram
uma perspectiva positiva quanto ao tratamento de neuropatologias. (BRITTO e
BALDO, 2013).
No entanto, no Brasil não há uma vasta gama de pesquisas sobre o
futuro da Psicologia no contexto neuropsicológico. Branco (1998) cita Buarque
(1991, p.17) que sintetiza a realidade brasileira no seguinte trecho:
"O Brasil mostra uma qualidade de vida pior à dos mais pobres países do
mundo: violências sob todas as formas, mortalidade infantil, desnutrição, baixo
nível de escolaridade, péssimas condições habitacionais, elevado grau de
endividamento, aviltamento monetário, desarticulação social, corrupção, amplo
processo de prostituição de todos os tipos, inclusive infantil, falta de
solidariedade nacional, vandalismo, falta de confiança no futuro (...). A quase
totalidade da população na miséria e uma minoria rica assustada. Uma
sociedade violenta e instável em todos os aspectos. A pobreza não é um
fenômeno novo. Mas agora ela é fabricada, como consequência das decisões
de modernização. A crise urbana foi induzida pela ênfase na industrialização; a
modernização agrícola agravou a fome; a desigualdade social deriva das
decisões econômicas para viabilizar a modernização".
Bastos e Gomide (1989) descrevem a realidade da profissão do
psicólogo no Brasil, bem como sua atuação. Desde a faculdade, o estudante de
Psicologia e pouco incentivado a desenvolver pesquisas que contribuam para
um futuro positivo da ciência psicológica. Dessa forma, com tão poucos
pesquisadoresbrasileiros avançando em estudos, se torna difícil visualizar em
que contexto social se encontrara a Psicologia e o psicólogo no futuro.
Em entrevista para uma revista, o neurocientistaStephen Kosslynafirma
que a tecnologia será um grande aliado a aprendizagem e ao trabalho, no
futuro: “Ela será a chave de tudo. Logo, logo, a maior parte do conhecimento
vai ser gratuita. Tudo o que a pessoa quiser conhecer ou aprender estará
disponível nas escolas à distância. Essa evolução tecnológica vai resultar em
uma mudança significativa no papel das universidades: em vez de só
transmitirem o conhecimento, caberá a elas ensinar a raciocinar, a dominar
esse conhecimento e a colocá-lo em uso na prática. Esse processo deve ser
interpretado de modo amplo, não apenas no sentido de formar um bom
profissional, mas também no de incentivar o aluno a se tornar uma pessoa que
possa aproveitar plenamente a vida - apreciar as artes e a música, ser capaz
de enxergar os dois lados de uma questão.”
Ray Kurzweil, impulsor da Inteligência Artificial, relata que dentro de 50 anos, a
humanidade
será
completamente
diferente
do
que
sempre
foi:
Os
computadores se equipararão a mente humana. Quando questionado sobre
como os nossos valores serão transferidos as maquinas, ele afirma: “Bem,
acho que nossas máquinas estão tremendamente integradas à nossa
sociedade. Elas não estão isoladas em algum laboratório. Há 6 bilhões de
celulares, 1 bilhão de smartphones, uma criança na África tem mais poder na
sua mão que o presidente dos Estados Unidos tinha 15 anos atrás, em termos
de acesso ao conhecimento e à informação. Indivíduos, jovens, têm o poder de
mudar o mundo. Não é uma abstração. E as máquinas não estão lá fora com
sua própria cultura. Nós já somos uma civilização homem-máquina.”
Partindo desse principio, pode-se perceber a influência que a tecnologia
terá na vida cotidiana, assim como na Neurociência.
A interface mente humana/tecnologia vem sendo estudada nas
universidades mais conceituadas do mundo. Michio (1994) cita em seu livro
aspectos existentes na ciência do futuro. Através de técnicas de digitalização
com um software de reconhecimento de padrões, identificando palavras
individuais, imagens e pensamentos, podem-se constatar avanços no
tratamento de sujeitos vitimas de AVC (acidente vascular cerebral). Outros
instrumentos podem se fazer presentes, como por exemplo “aprender a digitar
com a mente”.
O procedimento se dá através da demonstração de diversas cartas
contendo símbolos ao paciente, para que o mesmo possa memorizá-las. Um
computador calibrado especificamente para tal processo registra os sinais que
emanam do cérebro, identificando letra por letra.Essa técnica específica pode
ser
utilizada
Procedimentos
futuramente,
como
esse
ainda
que
podem
necessite
auxiliar
de
indivíduos
aprimoramentos.
portadores
de
neuropatologias ou doenças em geral.
Caetano (2012), por outro lado, afirma que daqui algumas décadas será
possível simular o funcionamento do cérebro humano, ou seja, a criação de
uma inteligência artificial. Alguns pesquisadores americanos já desenvolveram
um chip que se assemelha ao cérebro humano no que diz respeito aos
mecanismos de resposta para novas informações recebidas. Contudo, isso é
apenas o começo. É essencial o desenvolvimento de pesquisas nessa área,
para que o futuro, o neuropsicólogo tenha uma visão clara de seu campo de
trabalho e atuação.
2. CONCLUSAO
É visível um futuro em que a inteligência das máquinas superará o
cérebro humano. Nessefuturo, as máquinas dotadas de inteligência artificial
serão capazes de pensar e agir como seres humanos.Essa mudança de
paradigma transformará a sociedade, e com isso, a Psicologia como as
conhecemos hoje, dando espaço a
Neuropsicotecnologia.
outra ciência, uma espécie de
O desafio de trabalhar com a mente persiste. Para entender os
mecanismos da mente humana, precisamos identificar se a dificuldade está na
quantidade de conexões sinápticas na compreensão da consciência ou o fato
de que o eu/self do indivíduo percebe a realidade de uma forma, enquanto o
cérebro interpreta de outra? Não há duvidas que a tecnologia, juntamente com
a Neurociência influenciará diretamente à pratica psicológica no futuro.
3. REFERENCIAS
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