ESTUDO DA ESTABILIDADE DAS CÁPSULAS DE GELATINA E
HIDROXIPROPILMETILCELULOSE CONTENDO AMOXICILINA
ZANANDRIA BUTZKE NAISINGER ([email protected]) / Farmácia / UNIFRA, Santa Maria - RS
PATRICIA GOMES ([email protected]) / Farmácia / UNIFRA, Santa Maria - RS
Palavras-Chave:
AMOXICILINA, CÁPSULA, ESTABILIDADE,
HIDROXIPROPILMETILCELULOSE
FOTOESTABILIDADE,
GELATINA,
Cápsula é uma forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipientes estão contidos em um
invólucro solúvel duro ou mole, geralmente sendo constituída de gelatina, mas pode, também, ser de amido
ou de outras substâncias (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010). Tais invólucros são considerados uma das
melhores formas para acondicionamento de substâncias medicamentosas, pois lhes conferem proteção
frente a ação da luz, ar e umidade. O uso da gelatina em cápsulas é justificável, pois é uma substância
atóxica, utilizada de maneira ampla em alimentos e é facilmente solúvel nos fluidos biológicos à temperatura
ambiente. Porém, este possui um elevado teor de umidade (10 a 16%), o que pode acelerar a degradação do
fármaco. Por este motivo, cápsulas também tem sido fabricadas utilizando um material de origem vegetal, a
hidroxipropilmetilcelulose (HPMC), com o objetivo principal de produzir um invólucro com menor teor de
umidade (3 a 8%) (OGURA et al., 1998). A introdução destas cápsulas à base de HPMC surgiu como uma
alternativa ao uso convencional das cápsulas de gelatina dura, resolvendo os problemas envolvendo
fármacos higroscópicos, sensíveis à umidade e problemas de interação com as moléculas de gelatina
(JONES, 2004). A amoxicilina é uma penicilina semi-sintética de amplo espectro que apresenta caráter
hidrofílico de cadeia lateral aminada ou ácida, o que lhe proporciona maior atividade contra bactérias gramnegativas (KOROLKOVAS e BURCKHALTER, 1998). Por possuir caráter hidrofílico ou higroscópico deve ser
protegido da umidade, portanto deve ser acondicionado em recipientes livres de atividade de água. O
objetivo deste trabalho foi avaliar a estabilidade das cápsulas de gelatina e de HPMC contendo amoxicilina
após exposição a radiação ultra-violeta e variações de temperatura e umidade. Foram realizados estudos de
pré-formulação nas matérias-primas empregadas para a preparação das cápsulas de gelatina e HPMC
contendo 500 mg de amoxicilina. Nos estudos foram avaliados parâmetros da amoxicilina e de seu
excipiente, estearato de magnésio, onde foram realizados os seguintes testes: granulometria (fármaco),
densidade (fármaco e excipiente) e ângulo de repouso (fármaco). Posterior aos estudos de pré-formulação
foram desenvolvidas as cápsulas, acomodando a mistura de amoxicilina e estearato de magnésio em
invólucros de gelatina e HPMC, após as cápsulas produzidas foram acondicionadas em placas de petri e
colocadas em câmara de fotoestabilidade, e a outra metade acondicionada em potes plásticos e inseridas em
câmara climática, sendo que cápsulas vazias também foram colocadas nestas duas situações. Estas
passaram por análises referentes a estabilidade no tempo zero e três meses e também serão avaliadas após
um período de seis meses. A estabilidade do produto final foi avaliada através de testes de controle de
qualidade, seguindo as especificações farmacopeicas descritas na Farmacopéia Brasileira (2010), onde se
basearam em peso médio, teste de desintegração, perda por dessecação e doseamento. No processo de
tamisação a faixa granulométrica encontrada para amoxicilina foi de 425 a 600 µm. Os valores obtidos para
densidade bruta e aparente foram 0,61 g/cm3 e 0,73 g/cm3 (fármaco), respectivamente, já para o excipiente
a densidade aparente foi de 0,38 g/cm3. No teste de ângulo de repouso foi encontrado valor de 39,7º para o
fármaco, indicando um escoamento tolerável (WELLS, 2005). As amostras submetidas a fotoestabilidade e
estabilidade térmica em ambos os invólucros, nos tempos zero e três meses apresentaram valores de peso
médio dentro dos estabelecidos pela Farmacopéia Brasileira (2010). As cápsulas no tempo zero
apresentaram tempo de desintegração de 10 minutos (produto farmacêutico) e 4 minutos (invólucros vazios)
para HPMC, sendo que para gelatina o tempo foi de 5 minutos (produto farmacêutico) e 2 minutos (invólucros
vazios). A avaliação deste parâmetro após três meses de incidência de luz UV resultou em tempo de
desintegração de 8 minutos (produto farmacêutico) e 2 minutos (invólucros vazios) de HPMC e 9 minutos
(produto farmacêutico) e 10 minutos (invólucros vazios) de gelatina. Já as cápsulas submetidas a variação de
temperatura e umidade por três meses, apresentaram tempo de desintegração de 9 minutos (produto
farmacêutico) e 4 minutos (invólucros vazios) de HPMC e 4 minutos (produto farmacêutico) e 4 minutos
(invólucros vazios) de gelatina, estando de acordo com a legislação vigente. No tempo zero o teor de
umidade, obtido para os conteúdos dos invólucros de gelatina e HPMC, foi 12,77% e 12,96%,
respectivamente. Para amostras submetidas a fotoestabilidade por três meses, o teor foi de 11,96%
(gelatina) e 12,35% (HPMC). Já para o conteúdo das cápsulas submetidas a estabilidade térmica, o teor de
umidade encontrado foi de 13,14% (HPMC) e de 13,10% (gelatina). Não foi realizada ainda a determinação
do teor do fármaco para indicação de estabilidade dos produtos desenvolvidos.
REFERÊNCIAS:
ANVISA; Farmacopéia Brasileira 5 ed.;
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/pdf/volume1%2020110216.pdf; 01 ago. 2011.
JONES, Brian; Pharmaceutical capsules; London; Pharmaceutical Press; 2004.
KOROLKOVAS, Andrejus.; BURCKHALTER, Joseph. ; Química Farmacêutica; Rio de Janeiro; Guanabara
Koogan; 1998.
OGURA; MATSUURA; FUTUYA.; HPMC capsules – an alternative to gelatin; Pharmaceutical Technology
Europe; 10; 32 - 42; 1998.
WELLS, James. In: AULTON, Michael.; Delineamento de formas farmacêuticas; Porto Alegre; Artmed; 2005.
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