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CONHECIMENTO SOBRE FLUORETAÇÃO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO E
CONSUMO DE ÁGUA MINERAL EM TERESINA – PI
Anaíde Melo Portela (bolsista do PIBIC/UFPI), Marcoeli Silva de Moura (Orientadora, Depto
de Patologia e Clínica Odontológica – UFPI)
INTRODUÇÃO
A fluoretação da água é um método efetivo para o controle da cárie dentária (RUGG-GUNN,
2012), quando utilizada na concentração ideal para cada região, segundo as médias das
temperaturas máximas locais (GALANGAN, 1957). A Organização Mundial de Saúde (OMS), em
1958, reconheceu a importância da fluoretação e deu parecer favorável a esse meio indicando-o
como uma medida de saúde pública (RAMIRES, BUZALAF, 2007) e permanece recomendando-a
como a principal tecnologia a ser empregada (PETERSEN, 2007).
A fluoretação da água em Teresina, Piauí, teve inicio em 1978 e se manteve constante até o
ano de 1986. Quando o poder público federal delegou às empresas de abastecimento a aquisição do
fluoreto a ser adicionado à água, houve a interrupção da fluoretação no município, no período de
1986 a 1997 (MOURA et al, 2005). Atualmente, a população consumidora é quem co-financia a
fluoretação da água de abastecimento.
Em virtude das constantes interrupções no fornecimento de água bem como pela desconfiança
por parte da população com relação à qualidade da mesma, muitos teresinenses optam por consumir
água mineral. Em Teresina, de nove marcas comercias avaliadas, nenhuma apresentava
concentração de fluoretos suficiente para atuar no controle da cárie dentária (BARROS et al, 2011).
A fluoretação da água de abastecimento público é uma intervenção típica de saúde pública.
Como toda intervenção nesse campo, busca-se operar em torno da qualidade de gestão, de
sustentabilidade econômica e de aceitabilidade social. Tal aceitabilidade depende do conhecimento
por parte da população dos benefícios e riscos da medida. Diante do exposto, este estudo teve por
objetivo avaliar o conhecimento sobre a fluoretação da água de abastecimento público sua
importância no controle da cárie dentária, bem como o consumo de água mineral pela população de
Teresina, Piauí.
MATERIAL E MÉTODO
Este estudo foi delineado como observacional transversal e incluiu chefes de famílias das
classes A1, A2, B1, B2 e C1 (Critérios Brasil – ABEP), residentes em Teresina, zona urbana. A
amostragem para escolha dos chefes dos domicílios foi aleatória. As entrevistas foram domiciliares e
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individuais. A amostra foi calculada a partir da seguinte fórmula: n = 1,96 x 0,5 x 0,5 / 0,055 . A partir
do cálculo amostral ficou determinada amostra de 300 chefes de família.
Foi utilizado um formulário estruturado com perguntas abertas e fechadas sobre o
conhecimento da população sobre a fluoretação da água e consumo de água mineral. Em cada bairro
o sorteio do domicilio foi feito através de amostragem sistemática cujo intervalo de sistematização (K)
obedece ao quociente entre o número de domicílios existentes no bairro pelo tamanho da amostra
desse bairro. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa desta IES – CEP/UFPI. Os
indivíduos que aceitaram participar assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE).
O processamento dos dados e a análise estatística foram realizados através do programa
SPSS®, versão 18.0 para Windows. A análise estatística das variáveis categóricas foi descritiva
através da leitura dos percentuais. O teste qui quadrado de Pearson (x²) foi utilizado para verificar a
associação entre classe econômica e tipo de água consumida e para preparo dos alimentos, tipo de
purificador utilizado e conhecimento sobre o tratamento da água (p<0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados 327 chefes de família, desses 23 não se enquadravam nas classes
sociais pré-estabelecidas e quatro se recusaram a assinar o TCLE. Com relação ao perfil da amostra:
76% eram do gênero masculino, com predomínio da faixa etária de 41 a 50 anos (29,33%) e classe
social B (49%).
A maioria dos entrevistados consome água de abastecimento público tanto para beber quanto
para preparar os alimentos e utiliza filtro comum. Uma minoria (7%) relatou que o flúor era adicionado
à água no processo de tratamento. Houve associação entre a classe econômica e: tipo de água (P=
0,033), tipo de purificador (P= 0,00) e tratamento da água (P= 0,007). Não houve associação entre
classe econômica e água para o preparo de alimentos (P= 0,594).
A maioria da população teresinense (78%) consome a água da empresa de abastecimento
público, portanto predomina a população beneficiária da fluoretação da água. Com relação ao tipo de
água consumida, as classes de maior poder aquisitivo são as que mais utilizam água mineral. Em
Teresina nenhuma marca de água mineral avaliada apresentou concentração de flúor suficiente para
atuar no controle da cárie dentária (BARROS et al., 2011).
Ao serem entrevistados nesta pesquisa, os chefes de família foram questionados sobre o tipo
de tratamento que a água recebia antes de ser distribuída à população. Apenas 7% citaram o flúor
como substância utilizada no processo de tratamento. E os resultados obtidos demonstraram a
influência do nível socioeconômico com o grau de informação que tem o indivíduo. Dos chefes de
família que mencionaram a presença do flúor na água, a maioria relatou haver relação dessa adição
com a saúde bucal e todos se posicionaram a favor da medida, demonstrando a aceitabilidade social
para os que conhecem o benefício.
Para que a fluoretação seja efetiva é necessário o monitoramento do nível de fluoreto pelas
autoridades competentes (STANCARI et al, 2014), para garantir máximo benefício no controle da
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cárie e mínimo risco de indução à fluorose (CECOL, 2012). O controle social da fluoretação está
comumente relacionado com ações de heterocontrole, ou seja, o controle dos níveis de flúor por
empresas diferentes das que fazem o processo de tratamento da água. Isso remete mais comumente
ao controle do Estado sobre os indivíduos que o inverso. Para que o controle social seja plenamente
exercido e a população exija e defenda a fluoretação de águas é necessário que o conhecimento
científico chegue a quem mais precisa dele.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados deste estudo, a maioria da população de Teresina-PI não tem
conhecimento sobre a fluoretação da água de abastecimento público, especialmente entre os
indivíduos pertencentes à classe C. Pequena parcela da população de Teresina opta pelo consumo
de água mineral, predominantemente das classes A e B. A partir desses dados, pode-se concluir que
há uma deficiência de divulgação de informações sobre o tipo de tratamento realizado na água de
abastecimento público antes de sua distribuição.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
BARROS, H.L.M., MATOS, C.V., SIMPLÍCIO, A.H.M.S., MOURA, L.F.A.D., , M.D.M., MOURA,
M.S. Avaliação da concentração de fluoreto em águas minerais comercializadas em Teresina-PI.
In: XIII Reunião da Sociedade Nordestina de Pesquisa Odontológica - SNPqO, 2011, TeresinaPI. Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada (Impresso), v.1, p. 47-47, 2011.
2.
BRASIL. Lei n. 6050, de 24 de maio de 1974. Dispõe sobre a fluoretação da água em sistema de
abastecimento quando existir estação de tratamento. 1974:760.
3. BRASIL. Decreto-lei n. 76.872, de 22 de dezembro de 1975. Regulamenta a lei n. 6050, de 24 de
maio de 1974, que dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas públicos de abastecimento.
1975: 819-820.
4. BRASIL. Portaria n.635, de 26 de dezembro de 1975. Aprova normas e padrões sobre a
fluoretação da água dos sistemas públicos de abastecimento, destinada ao consumo humano.
Diário Oficial da União. 1975.
5. CECOL/USP.
Documento de Consenso Técnico. Classificação de Águas de Abastecimento
Público Segundo o Teor de Flúor, 2012.
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fluoretação da água de abastecimento público de Teresina-PI. Revista Odonto Ciência (PUCRS.
Impresso), v. 20, p. 132-136, 2005.
8. PETERSEN, P.E. World Health Organization global policy for improvement of oral health – World
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9. RAMIRES, I., BUZALAF, M.A.R. A fluoretação da Água de Abastecimento Público e Seus
Benefícios no Controle da Cárie Dentária- Cinquenta Anos no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, v.
2, n. 4, p. 1057- 1065, 2007.
10. RUGG-GUNN, A.J., DO, L. Effectiveness of water fluoridation in caries prevention. Community
Dent Oral Epidemiol, v. 40, n. 2, p. 55–64, 2012.
11. STANCARI, R.C.A., DIAS JÚNIOR, F.L., FREDDI, F.G. Avaliação do processo de fluoretação da
água de abastecimento público nos municípios pertencentes ao Grupo de Vigilância Sanitária XVBauru, no período de 2002 a 2011. Epidemiol. Serv. Saúde, v. 23, n. 2, p. 239-248, 2014.
Palavras-chave: Fluoretação, Águas Minerais, Vigilância em Saúde Pública.
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