A Tropicália
e a produção cultural brasileira
na década de 60
Aline Carvalho
Abril de 2010
Os EUA:
A Guerra do Vietnã e a indústria cultural
A Contracultura:
Psicodelia, movimento hippie, amor livre e rock´n´roll
O contexto brasileiro
Início da década de 60
Projeto Nacional Popular para o Brasil, “o país do
futuro”: A herança desenvolvimentista e a esperança
da revolução cultural brasileira
O engajamento político de artistas e intelectuais:
A “fé no povo” e o alcance revolucionário da cultura
A educação, a arte e o povo:
- O Movimento de Cultura Popular em Pernambuco
- Paulo Freire e a “Pedagogia do Oprimido”
- Teatro de Arena: arte coletiva, popular e cotidiana
Presidente João Goulart no comício da
Central do Brasil, em 13 de março de 1964
A capital Brasília, símbolo do projeto de
desenvolvimento para o país
Atores do Teatro de Arena em passeata
promocional do espetáculo “O filho do cão”
O Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE:
A temática do “povo” na cultura e a estética em função
do conteúdo.
Algumas produções:
- A mais valia vai acabar, seu Edgard
- Brasil Versão Brasileira
- Eles não usam black tie
- O Auto dos cassetetes
- Cinco Vezes Favela
- O povo canta
- Noite da Música Popular Brasileira
- Cadernos do Povo Brasileiro
Vianinha divulgando o espetáculo Eles não
usam Black-tie (1961)
Integrantes do CPC da UNE, encenando uma peça de teatro
na sede do sindicato dos metalúrgicos do RJ (1964)
Coletânea “O povo canta” (1964)
Cartaz do filme Cinco Vezes
Favela
O contexto brasileiro
Pós-64
O golpe militar de 64: um “balde de água fria” na vanguarda
Crise na esquerda
O movimento estudantil na luta contra a ditadura
Produção artística “entre pares”
1968 – Ato Institucional nº5: o “segundo golpe”
A televisão e a integração nacional
Artistas de mãos dadas em passeata "Contra
a censura pela Cultura". Da esquerda para a
direita: Tônia Carrero, Eva Wilma, Odete Lara,
Norma Benghe e Cacilda Becker
A “Censura seletiva” e o investimento estatal na indústria cultural
Estudantes protestam conta a
ditadura militar
Cid Moreira apresentando o Jornal Nacional
Capa do disco do show “Opinião”, com
Zé Keti, Nara Leão e João do Vale
A MPB
A herança bossanovista x conteúdo politizado
A função social da música e a participação política do artista
Identidade coletiva contra a ditadura
A Era dos Festivais
A Jovem Guarda
Geraldo Vandré no Festival da Canção
Roberto Carlos, Wanderléa e Erasmo Carlos:
a Jovem Guarda considerada “alienada”
Elis Regina interpretando
“Arrastão”, de Edu Lobo e Vinícius
de Moraes
Chico Buarque e Tom Jobim
A Tropicália
Momento x movimento
Questionamento da arte
Relação com o público
Revolução pelo comportamento
Manifesto Antropófago: contradições da identidade nacional
Cotidianização da política e politização do cotidiano
Manifesto Antropófago de Oswald
de Andrade (1922)
Os tropicalistas Tom Zé, Gal Costa, Gilberto Gil,
Arnaldo Baptista, Sergio Dias e Rita Lee
Obra de Hélio Oiticica em homenagem
ao bandido Cara de Cavalo
Nas artes plásticas
1967: Exposição “Nova Objetividade Brasileira” no MAM (Helio Oiticica)
Superação do quadro
Tomada de posição do artista
Vontade construtivista geral
Produções coletivas
Participação do espectador
Os restos do herói, de Antônio Dias
Parangolé, de Hélio Oiticica
Coleção da grife Rhodia
Roda, de Lygia Pape
Bichos, de Lygia Clark
A obra Tropicália, de Hélio Oiticica, que inspirou o nome da música de Caetano Veloso
“O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata o luar do sertão
O monumento não tem porta, entrada é uma rua antiga estreita e torta”
Principais referências:
Pop Art
(Estados Unidos)
Movimento Concretista
(São Paulo)
Marilyn Monroe e Sopas Campbell, de Andy Warhol
Movimento Neoconcretista
(Rio de Janeiro)
Cartaz da primeira Bienal,
do concretista Antonio Maluf
Beba coca cola, de Décio Pignatari
Obra do neoconcretista Amílcar de Castro
Cartaz do manifesto Neoconcreto
Na música
1968: Lançamento do álbum Tropicália ou Panis et Circenses (Caetano Veloso, Gilberto Gil,
Tom Zé, Capinam e Torquato Neto, Gal Costa, Nara Leão, Os Mutantes, Rogério Duprat)
Capa do disco-manifesto “Tropicália ou Panis et Circenses”,
lançado em 1968
Festa de lançamento do disco n o Avenida Danças, em São
Paulo. Na foto: Gal Costa, Nara Leão, Rogério Duprat,
Caetano Veloso, Gilberto Gil, e os Mutantes
Deboche do projeto desenvolvimentista
“Retocai o céu de anil, bandeirolas no cordão, grande festa em toda a nação
Despertai com orações o avanço industrial vem trazer nossa redenção”
(Parque Industrial - Tom Zé)
“É proibido proibir”: Tropicália criticada pela direita e esquerda
“Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? (...)Vocês não estão entendendo nada,
nada, nada, absolutamente nada. (...) se vocês, em política, forem como são em estética, estamos feitos!
(Discurso de Caetano Veloso ao ser vaiado durante o Festival da Canção em 1968)
Diálogo com o “iêiêiê” da Jovem Guarda
“Você precisa tomar um sorvete na lanchonete,
andar com a gente, me ver de perto,
ouvir, aquela canção do Roberto
Baby, baby ...”
(Baby – Caetano Veloso)
Temática do cotidiano
“É a mesma dança na sala, no Canecão, na TV,
e quem não dança não fala, assiste a tudo e se cala,
não vê no meio da sala, as relíquias do Brasil”
(Geléia Geral – Gilberto Gil)
Experimentação estética
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macum
Batman
Bat
Ba
Bat
Bat Ma
Bat Macum
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
Bat Macumba
ê ê, Bat Macumba obá
ê ê, Bat Macumba oh
ê ê, Bat Macumba
ê ê, Bat Macum
ê ê, Batman
ê ê, Bat
ê ê, Ba
êê
ê
ê
êê
ê ê, Ba
ê ê, Bat
ê ê, Batman
ê ê, Bat Macum
ê ê, Bat Macumba
ê ê, Bat Macumba oh
ê ê, Bat Macumba oba
Letra de Bat Macumba, de Gilberto Gil
Roupas coloridas, cabelos desgrenhados
Ocupação dos meios de comunicação de massa
Gil, Gal e Caetano em Londres, durante o exílio
Programa “Divino Maravilhoso” apresentado pelos
tropicalistas na TV Tupi
Principais referências:
Movimento feminista
Jimi Hendrix e a guitarra elétrica
Capa do disco Sargent Pepper´s Lonely
Hearts Club Band do quarteto inglês The
Beatles, na qual foi inspirada a capa do disco
tropicalistas “Panis et circenses”
Carmem Miranda,
a “rainha do rádio”
João Gilberto, o “pai da Bossa Nova”
Woodstock, movimento hippie e amor livre
Teatro
Zé Celso Martinez Correa e o Grupo Oficina
agressão e o corpo
marginalidade e indústria cultural
experimentalismo e processo criativo
transgressão da fronteira ator-público
“era uma violência revolucionária, a
violência que é legítima porque se
opõe contra a violência do dia-a-dia.
(...)[era uma peça] que fazia toda uma
revolução, que negava o pensamento
acadêmico, o pensamento idealista
em relação ao teatro”
Zé Celso Martinez Correa
O Rei da Vela, 1967
Roda Viva, 1968
No cinema
“uma idéia na cabeça e uma câmera na mão”
Recusa do modelo de produção hollywoodiano e
opção por um cinema descolonizado
Duplo engajamento: arte com conteúdo político e
revolução através da estética
Cartaz do filme Macunaíma,
de Joaquim Pedro de
Andrade, baseado no livro
homônimo de Mario de
Andrade
Cartaz do filme Terra em Transe, de Glauber
Rocha, marco do cinema novo. A arte é do
artista plástico Rogério Duarte.
O experimentalismo formal das vanguardas
e o cinema autoral
Influência do neo realismo italiano, do cine
verité e da nouvelle vague francesa
Estéticas convergentes
Novos Baianos
Cinema marginal
“Não se assuste pessoa se eu lhe
disser que a vida é boa (...)
Dê um rolê e você vai ouvir (...)
Eu sou o amor da cabeça aos pés”
“Quem não pode nada
tem mais é que se
esculhambar”
Capa do disco “Acabou Chorare” (1972)
Movimento Manguebeat
Cartaz do filme “O Bandido da Luz
Vermelha”,
de Rogério Sganzerla (1968)
“Pernambuco debaixo dos pés
e minha mente na imensidão”
Capa do disco “CSNZ” (1997)
Em 60
Hoje
Conflito ideológico polarizado entre
“capitalismo” e “socialismo”
Referências híbridas: não predominância
de um único modelo cultural hegemônico
Forte mobilização política e social
Desencantamento com as instituições
representativas (movimento estudantil,
Estado, sindicalismos)
“Inimigo” definido em lutas específicas
regionais e difícil articulação entre as
iniciativas locais (ex: países da América
Latina na luta contra a ditadura)
Iniciativas da população civil articulada em
redes com um objetivo comum
supranacional (ex: luta contra o
aquecimento global)
Busca por uma identidade nacional através
da cultura
Produção individual de subjetividades
como garantia de preservação da
identidade coletiva, frente a multiplicidade
cultural
Falta de liberdade de expressão em função
da censura exercida pelo regime
Meios de comunicação de massa
monopolizados em função da “livre
concorrência” neoliberal
Busca de uma função social da arte e do
posicionamento político do artista
Uso de NTCI em função da democratização
da comunicação e do direito à significação
Atropofagia (assimilação das referências
externas)
Hibridismo (coexistência de diversas
referências)
Contato:
[email protected]
www.tropicaline.wordpress.com
CARVALHO, Aline. “Produção de Cultura no Brasil:
Da Tropicália aos Pontos de Cultura”.
Rio de Janeiro: Ed. Multifoco, 2009.
http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-lojadetalhe.php?idLivro=&idProduto=164
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