31/10/2008
Residente Neonatologia: Daniela Vilela Lopes
Orientador : Dr. Paulo R. Margotto
Co-orientadora: Dra. Marta D. Rocha
www.paulomargotto.com.br
.

A lesão cerebral neonatal é resultante de
insultos que podem ocorrer nos períodos: prénatal, perinatal e pós-natal.

A sobrevida de recém-nascidos menores de
1500g, estendendo além de menores que
1000g, têm comprovado ser de fundamental
importância o conhecimento da patogênese da
lesão cerebral e sua prevenção no moderno
cuidado intensivo neonatal.

O método de escolha para diagnóstico e
acompanhamento, possível abeira do leito,
permanece
sendo
a
ultra-sonografia
transfontanela.

Apesar do aumento da sobrevida das crianças
em UTIN o prognóstico a longo prazo, na
vigência de lesão cerebral, são manifestações
neurológicas como déficits motores e
intelectuais ainda muito freqüentes.
1 - Hemorragia peri/intraventricular
Nos recém-nascidos a termo pode resultar do
plexo coróide ou do tálamo; parece
relacionada com insulto hipóxico e trauma.
Prognóstico apresentando paralisia cerebral.
MARGOTTO, P. R. Lesão neurológica isquêmica e hemorrágica do prematuro: patogenia, fatores
de risco, diagnóstico e tratamento . In: MARGOTTO, P. R. Assistência ao Recém-nascido de Risco.
2 ed. Brasília: p335-353;2006.
Em recém-nascidos pré-termos a ruptura de
vasos da matriz germinativa (flutuação PA
sistêmica e velocidade fluxo sangüíneo
cerebral proporcionada por vários eventos)
comprometendo a diferenciação de células
nervosas em região do núcleo caudado e
tálamo. Prognóstico alterações da função
motora, cognitiva e intelectual.
MARGOTTO, P. R. Lesão neurológica isquêmica e hemorrágica do prematuro: patogenia, fatores
de risco, diagnóstico e tratamento . In: MARGOTTO, P. R. Assistência ao Recém-nascido de Risco.
2 ed. Brasília: p335-353;2006.
2 - Infarto hemorrágico
Necrose da substância branca periventricular
(obstrução por compressão veia terminalsangue ou distensão ventrículo); em situações
de grave instabilidade hemodinâmica. Com
prognóstico de paresias espásticas e déficit
intelectual.
MARGOTTO, P. R. Lesão neurológica isquêmica e hemorrágica do prematuro: patogenia, fatores
de risco, diagnóstico e tratamento . In: MARGOTTO, P. R. Assistência ao Recém-nascido de Risco.
2 ed. Brasília: p335-353;2006.
3 - Leucomalácia periventricular
Infarto isquêmico região da substância branca,
podendo evoluir para lesões císticas (necrose
focal); conseqüentes ao hipofluxo cerebral ou
citocinas inflamatórias. Seqüelas motoras
(espásticas), cognitivas e comportamentais.
MARGOTTO, P. R. Lesão neurológica isquêmica e hemorrágica do prematuro: patogenia, fatores
de risco, diagnóstico e tratamento . In: MARGOTTO, P. R. Assistência ao Recém-nascido de Risco.
2 ed. Brasília: p335-353;2006.
4 - Dilatação periventricular
Etiologia multifatorial, pior prognóstico quando
associada a malformação SNC e hemorragia
cerebral (hidrocéfalo pós-hemorrágico); maior
risco de atraso no desenvolvimento psicomotor
e retardo mental.
MARGOTTO, P. R. Lesão neurológica isquêmica e hemorrágica do prematuro: patogenia, fatores
de risco, diagnóstico e tratamento . In: MARGOTTO, P. R. Assistência ao Recém-nascido de Risco.
2 ed. Brasília: p335-353;2006.

Analisar os fatores de risco associados a
ocorrência de lesão cerebral nos recémnascidos na unidade (HRAS).

Estudados 69 recém-nascidos no HRAS,
internados na UTIN, que realizaram ultra-som
de crânio no período de 22/janeiro a 22/agosto
de 2008; na primeira semana e após 14 dias
de vida.

Indicação exame: idade gestacional < 34
semanas,
asfixia
perinatal,
alteração
neurológica(convulsão), crises de apnéia,
instabilidade hemodinâmica importante entre
outros.

Excluídos do estudo: malformações cerebrais,
lesão por infecção congênita e recémnascidos em outras unidades.

A coleta de dados procedeu após aprovação
do Comitê de Ética.

Lesões estudadas: hemorragia cerebral (Grau I, II, III),
infarto hemorrágico, dilatação ventricular (isolada ou
associada a hiperecogenicidade), hiperecogenicidade
persistente (mais 14 dias), e leucomalácia multicística.

Os recém-nascidos apresentando ecografias
normais formaram o grupo controle.

Dados coletados : idade gestacional, peso,
escore de Apgar < 5, corticóide antenatal,
bolsa rota > 24 h, via de parto,
tocotraumatismo, gemelar, DMH, ventilação
mecânica > 24 h, hemorragia pulmonar,
apnéia, pneumotórax, PCA, ECN, convulsão e
sepse.

Dados tabulados em planilha do Microsoft
Excel 2007; analisados pelo programa
estatístico SPSS - versão 13.0; aplicado teste
t, risco relativo (RR), Odds Ratio (OR) com
intervalo de confiança 95%, considerando
significativo p < 0,05.

Cálculos de freqüência e percentual, média e
desvio-padrão também foram usados para
alguns dados.
Tabela 1- Percentual lesão cerebral
freqüência
percentual
Sim
40
58
Não
29
42
total
69
100
Tabela 2- Tipo de lesão cerebral
Freqüência
Percentual
HP/HIV Grau I
2
2,9
GrauII
3
4,3
Grau III
1
1,4
Infarto hemorrágico
2
2,9
Dilata ventricular
19
27,5
Hiperecogenicidade
11
15,9
Leucomalácia cística 2
2,9
Normal
29
42
total
69
100
Tabela 3- média de peso e idade gestacional
N
Min.
Max .
Media
Desviopadrão
peso
69
710
3095
1219,01
465,37
Idade
gestacional
69
25
40
29,73
2,81
total
69
.
Tabela 4 – Fatores de risco pré-natais/perinatais
Lesão
N=40
Controle
N=29
OR
IC 95%
P
Corticóide / à
mãe
18(45%)
15(51,7%)
0,76
0,29-1,99
0,38
Gemelar
7(17,5%)
2(6,8%)
2,8
0,54-14,93
0,18
Bolsa rota>24h
13(32,5%)
5(17,2%)
1,84
0,60-5,63
0,24
Parto vaginal
25(62,5%)
11(37,9%)
2,7
1,01-7,31
0,03
Apgar < 5 (5’)
5(12,5%)
3(10,3%)
1,2
0,27-6,63
0,54
Toco trauma
4(10%)
1(3,4%)
3,11
0,32-29,40
0,29
IG<32sem
35(87%)
18(62%)
4,28
1,29-14,21
0,05
Peso<1000g
18(45%)
5(17,2%)
3,39
1,25-12,37
0,05

Dos pacientes estudados 87% apresentavam
idade gestacional menor 32 semanas e 45%
pesando menos de 1000g.

Corticóide pré-natal diminuiu o risco , sem
significância estatística. Acelera maturação
matriz germinativa( RAMSEY, ROUSE, 2002).

Bolsa rota > 24h aumentou o risco , sem
significância. Citocinas são mediadoras da
morte celular oligodendrócita ( DAMMANN,
2001).

Parto vaginal maior risco, significativo;
concordâncias com os estudos de alguns
artigos (HANSEN, LEVITON, 1999
e
OSBORN, EVANS, KLUCKOW, 2003).
Tabela 5 – Fatores de risco pós-natais
Lesão
n=40
Controle
n=29
OR
IC 95%
DMH
32(80%)
12(41%)
5,66
1,94-16,53 0,001
VM>24h
26(65%)
9(31%)
4,12
1,48-11,44 0,005
Apnéia
13(32%)
3(10,3%)
4,17
1,06-16,35 0,029
Pneumotor
8(20%)
1(3,4%)
7,0
0,82-59,48 0,069
PCA
18(45%)
3(10,3%)
7,09
1,84-27,28 0,003
ECN
6(15%)
3(10,3%)
1,52
0,34-6,69
Sepse
37(92,5%)
21(72%)
4,69
1,12-19,65 0,028
Convulsão
4(10%)
0
2,68
0,76-9,38
Hemorragia 12(30%)
pulm
4(13,7%)
P
0,72
0,098

DMH, VM > 24 h, apnéia e PCA aumentaram
risco, significativo. Lesão e alterações de fluxo
sistêmico com repercussão no fluxo cerebral e
pressão venosa cerebral (PERLMAN, MC
MENAMIN, VOLPE, 1983; VOLPE, 2001;
TSUJI et al., 2003; BACK, RIDDLE,
MCCLURE, 2007)

Sepse aumentou o risco, com significância.
Infecção associa ao aumento de leucomalácia
(DAMMAN, 2001; POLIN et al, 2008; SILVEIRA
et al, 2008).

RN prematuros abaixo de 32 semanas e com
peso menor 1000g são os que mais
apresentaram lesão cerebral.

Os fatores estudados mostraram associação
significativa entre: parto vaginal, idade
gestacional < 32 semanas, peso < 1000g,
DMH, VM >24 H, apnéia, PCA, Sepse e
presença de crise convulsiva.

Devemos
conquistar,
a
partir
de
conhecimentos prévios, sermos mais capazes
nas
intervenções
em
recém-nascidos;
proporcionado evitar ou pelo menos diminuir a
ocorrência destes insultos favoráveis a lesão
cerebral.

Estar sempre próximo da equipe obstétrica a
fim de somar conhecimentos; melhorando as
condições no período pré-natal e perinatal.

Favorecer um prognóstico melhor, aos
pacientes que podem evoluir com seqüelas,
depende da atuação de uma equipe
multiprofissional ( médicos, enfermagem,
fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas
ocupacionais) e que se seja comprometida
como cuidadora destas crianças.
OBRIGADA !!!
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Monografia-2008 (APRESENTAÇÃO)