Declaração do UNFPA sobre a Crise Global de Alimentos
3 de junho de 2008
Cerca de 100 milhões de pessoas a mais estarão sujeitos à falta de alimentos este ano em
comparação com 2007, como resultado do recente aumento mundial de preços. Esse
aumento é devido a vários fatores, incluindo o aumento dos preços do diesel e de outros
combustíveis, a conversão de grãos em biocombustíveis, a especulação financeira e de
bens agrícolas, secas e enchentes em alguns países, além do crescente consumo.
A crise é especialmente mais dura entre os pobres – que já gastam ¾ de seus recursos
com comida – e entre os doentes e vulneráveis. O impacto é especialmente devastador
entre mulheres e crianças. Isto tem levado a uma crescente preocupação internacional
com o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, cujo progresso pode ser
prejudicado por essa crise.
Responder à crise alimentar requer um esforço imediato em termos de assistência
humanitária àqueles que necessitam com urgência de comida para proteger sua
dignidade e salvar suas vidas. Esta é uma crise global que requer cooperação global.
Para alcançar segurança alimentar a médio e longo prazo, as soluções devem levar em
consideração políticas de comércio e de auxílio, a crescente demanda por alimentos e o
impacto das mudanças climáticas. E como cada país tem um contexto diferente, as
soluções devem ser adequadas para atender às necessidades locais.
Globalmente, estima-se que a demanda por comida dobrará até 2030 e cerca de 20%
desse crescimento são atribuídos ao crescimento populacional. Hoje, o crescimento
populacional mais rápido ocorre nas nações mais pobres do mundo, muitas das quais já
enfrentam sérias dificuldades para atender às atuais necessidades de alimentos. Não há
dúvida de que a produção agrícola deve crescer para atender ao aumento de demanda.
É preciso focar também na proteção social. Com a distribuição desigual dos benefícios
da globalização e a crescente desigualdade em muitos países, as políticas devem ser
adaptadas para proteger os pobres e marginalizados. Não apenas são eles os que mais
sofrem com a crise, mas são também quem suportará o maior impacto das carências
futuras de alimentos se não forem adotadas medidas corretivas.
Investimentos no empoderamento das mulheres são essenciais. Políticas e programas
que asseguram os direitos das mulheres e aumentam o acesso a bens de produção,
educação e saúde são vitais. É de particular importância para a melhoria do bem-estar
das mulheres a saúde reprodutiva, incluindo o planejamento familiar. O UNFPA, Fundo
de População das Nações Unidas, apóia programas para fortalecer socialmente as
mulheres e garantir o acesso universal à saúde reprodutiva e prevenção do HIV. Isto é
especialmente importante na África Subsaariana, onde a epidemia de aids está
prejudicando a produção de alimentos.
O UNFPA também apóia os países na construção de capacidades para coleta e análise de
dados. Quando os governos têm acesso a conhecimentos atualizados sobre suas
dinâmicas populacionais e tendências demográficas, podem planejar mais
adequadamente para fortalecer a proteção social e a segurança alimentar. A análise
populacional é um importante componente no apoio à distribuição de alimentos,
previsão de demanda a médio e longo prazo, além de mapeamento das necessidades
alimentares de diferentes grupos populacionais, particularmente entre os mais
vulneráveis. O UNFPA apóia pesquisas e análises que ajudam os tomadores de decisão a
compreender melhor a conexão entre desenvolvimento rural e urbano, e o significado
das mudanças nos padrões de distribuição populacional para a redução da pobreza e
segurança alimentar, particularmente num contexto de mudança climática.
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Statement of the UNFPA on the Global Food Crisis, Population an