AÇÃO DO MEDICAMENTO CANOVA NA REGENERAÇÃO ÓSSEA EM
RATOS WISTAR- UMA ANÁLISE MACRO E MICROSCÓPICA.
Paula Furlan Bavia (PIC – UEM) , Cynthia Vanessa Müller (PIC – UEM),
Maria Raquel Marçal Natali (Co-orientadora), Newton César Kamei
(Orientador), e-mail: [email protected].
Universidade Estadual de Maringá / Departamento de Odontologia /
Departamento de Ciëncias Morfológicas, Maringá, PR.
Área: Ciências da Saúde e Sub-área do conhecimento: Odontologia.
Palavras-chave: Canova, cicatrização óssea, osteogênese.
Resumo
O Canova é um medicamento homeopático com eficácia comprovada
sobre a cicatrização de tecidos moles e sem efeitos colaterais. Avaliou-se
neste estudo o efeito deste medicamento sobre o tecido ósseo. Foram
utilizados 30 ratos Wistar machos adultos, distribuídos em: Gr Controle:
ratos sem lesão na calota craniana; Gr A e B: tratados respectivamente
durante 15 dias com medicamento Canova e solução salina; Gr C e D:
tratados respectivamente durante 45 dias com medicamento Canova e
solução salina. Tanto o medicamento quanto a solução salina foram
administrados por gavagem (0,2 ml/kg/dia). Aos 15 e 45 dias os animais
foram mortos, coletados fragmentos do tecido ósseo e processados para
análise histológica e coloração pelo método de Hematoxilina-Eosina. Ambos
os grupos (15 e 45 dias) apresentaram atividade celular compatível, sendo
esta mais evidente nos inicialmente sacrificados. O medicamento Canova
não contribuiu para acelerar o processo de reparo, sendo a neoformação
óssea observada, decorrente da capacidade comum de reparo deste tecido.
Introdução
O osso é uma variedade de tecido conjuntivo, com matriz mineralizada
extremamente resistente, mas com grande plasticidade, apresentando um
metabolismo altamente complexo, com potencial de reparação envolvendo
íons, células, hormônios, proteínas e fatores nutricionais (Junqueira;
Carneiro, 2008). O tecido ósseo possui uma alta capacidade de reparação
espontânea quando lesionado, repondo, depois de um breve intervalo de
tempo, toda a porção perdida. No entanto, em alguns casos de defeitos
ósseos, às vezes extensos e incapazes de se repararem espontaneamente,
há a necessidade de se utilizar diversas técnicas cirúrgicas na tentativa de
reparação da deficiência óssea (Laureano Filho, 2007).
A regeneração óssea é regulada por hormônios, citocinas e fatores de
crescimento, como a proteína óssea morfogenética (BMP). Várias
substâncias são descritas na literatura por seu mecanismo de ação sobre a
regeneração do tecido ósseo, tais como calcitonina, bifosfonatos (Landim,
2002).
O Canova é um medicamento homeopático imunomodulador e atua no
sistema imunológico comprometido ou quando se requer uma ação mais
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efetiva desse sistema, induzindo a auto-regulação do organismo. Não
apresenta toxicidade e tem em sua composição substâncias de origem
vegetal, animal e mineral (www.canovadobrasil.com.br).
Dieter (2005), avaliou a eficiência das células do tecido conjuntivo de
camundongos, principalmente quanto ao processo de reparo e cicatrização,
após a incisão e sutura no dorso desses animais e administração
intraperitonealmente do medicamento Canova e comprovou-se que este
medicamento auxilia em cicatrização de tecidos moles, reduzindo a
inflamação no local da lesão.’
Sendo assim o objetivo deste estudo foi avaliar macro e
microscopicamente as características de tecido ósseo após lesão e
subseqüente tratamento com o medicamento homeopático Canova.
Materiais e métodos
A metodologia deste experimento foi aprovada pelo Comitê de Ética em
Experimentação Animal da Universidade Estadual de Maringá (Protocolo
nº036/2008) e utilizou 30 ratos Wistar adultos machos, os quais foram
mantidos no Biotério Setorial do Departamento de Ciências Morfológicas e
distribuídos em cinco grupos (6 animais por grupo):
Grupo Controle: ratos sem lesão na calota craniana;
Grupo A- (15d): ratos com lesão na calota craniana, tratados com o
medicamento Canova e mortos após 15 dias de tratamento;
Grupo B- (15d): ratos com lesão na calota craniana, tratados com solução de
salina e mortos após 15 dias de tratamento;
Grupo C- (45d): ratos com lesão na calota craniana, tratados com o
medicamento Canova e mortos após 45 dias de tratamento;
Grupo D- (45d): ratos com lesão na calota craniana, tratados com solução de
salina e mortos após 45 dias de tratamento.
A lesão da calota craniana foi feita após sedação e anestesia dos
animais, tricotomia e anti-sepsia da região da cabeça e incisão na região
dorsal do animal até a região do crânio para acesso a calota craniana. Uma
vez exposto o osso, realizou-se a cavidade de 10mm com 1mm de
profundidade, utilizando uma broca trefina da empresa Neodent®, montada
em peça-reta (Kavo®) (Moreschi, 2008).
No pós cirúrgico analisou-se a lesão macroscopicamente e para os
grupos A e C utilizou-se por gavagem a administração do medicamento
homeopático Canova (0,2 ml/kg/dia de Canova) durante 15 dias e 45 dias e
de solução de salina para os grupos B e D, nos mesmos intervalos de
tempo.
Aos 15 e 45 dias de tratamento os animais foram anestesiados com
tiopental sódico - Thionembutal® (40mg/kg via intraperitoneal) e mortos,
sendo os espécimes retirados da região lesionada e processados para
análise histológica para avaliação morfológica qualitativa (Moreschi, 2008) e
quantitativa de osteócitos presentes .
Durante a análise microscópica determinou-se a região crítica (local
da lesão) e foram definidos scores para a observação qualitativa e
quantitativa do grau de inflamação, neoformação óssea, organização do
revestimento osteoblástico, acidofilia de tecido conjuntivo adjacente, vasos
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sanguíneos. O número de osteócitos presentes na região de tecido ósseo
neoformado foi determinado através da captura de imagem pelo programa
QCapture Pro™ 6 e a contagem foi realizada no computador com auxílio do
Analisador de Imagens Image-Pro® Plus.
Resultados e Discussão
O tecido ósseo normal foi observado a partir dos cortes retirados do grupo
controle. Nos cortes histológicos pertencentes ao grupo A observou-se que o
tecido conjuntivo adjacente a lesão caracterizava-se por apresentar acidofilia
leve, grau de inflamação moderado, os osteoblastos encontraram-se bem
definidos com localização periférica típica e vasos sanguíneos fortemente
evidenciados. O número de osteócitos no local da lesão variou de 289 a
1125.
O grupo B apresentou tecido conjuntivo com grau de acidofilia leve,
grau de inflamação moderado, pouca neoformação óssea, osteoblastos
pouco definidos e discreta evidenciação de vasos sanguíneos com um
número de osteócitos variando de 311 à 1728.
Os animais do grupo C apresentaram tecido conjuntivo adjacente com
grau de acidofilia forte, ausência de inflamação, pouco tecido ósseo
neoformado, e ausência de osteoblastos e vasos sanguíneos. O número de
osteócitos variou de 38 a 919.
Os animais do grupo D apresentaram grau de acidofilia moderada no
tecido conjuntivo adjacente, não sendo evidenciados sinais de inflamação,
os osteoblastos e vasos sanguíneos estavam ausentes e pouca
neoformação óssea com o número de osteócitos variando de 20 a 838.
Uma característica do tecido ósseo é o seu potencial regenerativo
com capacidade para restaurar completamente sua estrutura e funções
originais. No entanto, em algumas situações, defeitos ósseos não
conseguem por si só obter o reparo (LINDHE, 1999). Na tentativa de
acelerar o processo de reparo ósseo foi utilizado um medicamento
homeopático, o qual não apresenta contra-indicações, e portanto poderia
trazer apenas benefícios para os animais tratados.
Histologicamente observou-se maior atividade celular nos defeitos de
15 dias comparados com os de 45 dias, uma vez que maior celularidade
(osteócitos e osteoblastos) e maior evidência de vasos sanguíneos foi
verificada. As lesões do grupo A apresentaram características semelhantes
ao que foi encontrado por Prado et al.2006, onde o defeito ósseo realizado
na tíbia de ratos (sem nenhum tratamento, observado após 15 dias da
realização do defeito ósseo) apresentou um tecido conjuntivo ricamente
vascularizado, numerosos osteócitos e áreas de remodelação nas regiões
próximas ao defeito. Apesar de utilizar um medicamento a fim de acelerar o
processo de reparo ósseo, as características foram semelhantes, sugerindo
que não houve aceleração do processo, o que pode ter ocorrido devido à
localização das lesões, as quais foram realizadas em tecidos ósseos de
diferentes origens embriológicas.
Landim et al. 2002, avaliaram a influência da sinvastatina na
reparação óssea de mandíbula de ratas e observou-se que num período de
15 dias de sacrifício, o defeito ósseo apresentou tecido de granulação bem
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celularizado e vascularizado tanto no grupo controle, quanto no tratado com
sinvastatina, tecido osteogênico, algumas trabéculas ósseas imaturas
contornadas por osteoblastos com grande número de osteócitos volumosos
assim como o observado no presente trabalho.
Comparando o grupo A (tratado) e o B (não tratado) sacrificados no
período de 15 dias, os resultados foram semelhantes, sugerindo que o
medicamento Canova, não acelerou o processo de neoformação óssea,
porém também não alterou a capacidade biológica de regeneração óssea
desses animais. A comparação entre os grupos tratados durante 15 dias
com os grupos tratados por 45 dias demonstrou que nos primeiros grupos a
quantidade de osteócitos no tecido ósseo neoformado foi maior em relação
aos outros grupos caracterizando a presença de um tecido ósseo mais
imaturo.
Conclusões
O medicamento CANOVA administrado durante 15 e 45 dias não acelerou o
processo de reparação óssea em lesão de calota craniana de ratos Wistar
adultos.
Referências
DIETER, M. F. Ação do Medicamento Canova na Cicatrização do Dorso de
Camundongo Após Incisão e Sutura: Avaliação Macro e Microscópica. Tese
de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, 2005.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. Rio de Janeiro:
Guanabara – Koogan, 2008.
LANDIM, K.T.; JUNQUEIRA. J. C., ROCHA, R.F. Influence of the sinvastatin
on bone regeneration of mandibles of rats. Rev. Fac. Odontol. São José dos
Campos, v.5, n.1, jan./abr. 2002.
LAUREANO FILHO, J.R. Comparação histológica entre o osso
desmineralizado e polímero de mamona sobre a regeneração óssea. Rev.
Bras. Otorrinolaringol. vol.73 no.2 São Paulo Mar./Abr. 2007
LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral. Rio de
Janeiro: Guanabara – Koogan, 3ed., 1999.
MORESCHI, E. Efeito da Dolomita no Reparo de Cavidades Ósseas em
Ratos: Análise Radiográfica e Histológica. Tese de Mestrado, Universidade
Estadual de Maringá, 2008.
PRADO, F. et al. Defeitos ósseos em tíbias de ratos: padronização do
modelo experimental. Revista de Odontologia da Cidade de São Paulo
18(1)7-13 Jan./Abr. 2006.
CANOVA DO BRASIL. Disponível em: <http: www.canovadobrasil.com.br>.
Acesso em 31 de maio de 2008.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
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