UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS MODERNAS
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS/INGLÊS
KARINA ROSSE LOPES
PIBID E INCLUSÃO SOCIAL: CARTA DE RECLAMAÇÃO EM UMA
TURMA DE OITAVO ANO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CURITIBA
2014
KARINA ROSSE LOPES
PIBID E INCLUSÃO SOCIAL: CARTA DE RECLAMAÇÃO EM UMA TURMA DE
OITAVO ANO
Trabalho de Conclusão de Curso de
graduação, apresentado à disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso II do curso
de Licenciatura em Letras Português/Inglês,
do
Departamento
Acadêmico
de
Comunicação e Expressão (DACEX) e do
Departamento
Acadêmico
de
Línguas
Estrangeiras
Modernas
(DALEM)da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Câmpus Curitiba, como requisito para
obtenção do título de Licenciada.
Orientadora: Profª. Drª. Miriam Sester Retorta
CURITIBA
2014
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Curitiba
DACEX- DALEM
Curso de Licenciatura em Letras Português/Inglês
TERMO DE APROVAÇÃO
PIBID E INCLUSÃO SOCIAL: CARTA DE RECLAMAÇÃO EM UMA TURMA DE
OITAVO ANO
por
KARINA ROSSE LOPES
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 22 de agosto de 2014
como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciada
em Letras
Português/Inglês. A candidata foi arguida pela Banca Examinadora composta pelos
professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou
o trabalho aprovado.
__________________________________
Miriam Sester Retorta
Prof.a Orientadora
___________________________________
Jeniffer Imaregna Albuquerque
Membro titular
___________________________________
Silvana Ayub Polchlopek
Membro titular
- O Termo de Aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso -
Aos meus colegas de curso
dedico este projeto,
pela calorosa acolhida.
Miriam Sester Retorta,
minha gratidão pelos seus ensinamentos
não tem fim.
AGRADECIMENTOS
Deus certamente guiou os fios que conduziram este estudo, a Ele agradeço
primeiro e serei grata para todo o sempre.
Várias pessoas contribuíram diretamente para a realização deste trabalho, e
sem o apoio inicial de Conceição Aparecida Rosse, minha querida mãe, que mesmo
com limitados recursos foi a primeira a incentivar a realização do curso de Letras, eu
não teria chegado até o presente momento. Outras pessoas, agora do meio
acadêmico, que muito me motivaram para a realização do curso, Maria Alice
Maschio de Godoy e Zama Caixeta Nascentes. Sem o apoio desses, eu nem sequer
teria ingressado no curso.
Luciana Pereira da Silva e Andréia Rutiquewiski Gomes também me
ajudaram grandemente. A primeira, abriu meus olhos para uma grande oportunidade
que eu estava prestes a perder; a segunda, possibilitou que minha permanência no
PIBID fosse uma experiência de grande valia para mim, bem como para os alunos
envolvidos. Sem o apoio dela, o presente trabalho não teria o tema que adquiriu.
Professora Rosilane Beck Bensi. Agradeço imensamente pela paciência e
por ter dado liberdade nas aulas proporcionadas pelo PIBID.
Last, but not least, Miriam Sester Retorta. O fato de ter sugerido ensinar aos
alunos como preencher um formulário do Juizado Especial Cível ampliou os meus
horizontes e mudou minha trajetória como futura professora; fez com que eu
repensasse minhas práticas em sala de aula e possibilitou o presente trabalho.
Gostaria de agradecer também meus demais familiares e professores dos
departamentos DACEX e DALEM. Se eu fosse aqui listar todos os que colaboraram,
certamente me estenderia em demasiado e desde já peço que perdoem caso eu
tenha sido relapsa em relação aos agradecimentos.
Educa a criança no caminho em que deve andar;
e até quando envelhecer não se desviará dele.
Provérbios 22:6
RESUMO
LOPES, Karina Rosse. PIBID e Inclusão Social: carta de reclamação em uma
turma de oitavo ano. 2014. 42 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2014.
O presente trabalho visa refletir acerca do ensino-aprendizagem de língua materna
por meio de gêneros textuais em atividades realizadas no PIBID em uma turma de
oitavo ano do Ensino Fundamental de um colégio, da região urbana, desta capital. O
Plano de trabalho foi desenvolvido em 19 aulas, com o gênero carta de reclamação,
e fundamentou-se em Schneuwly e Dolz (2004), que propõem práticas por meio de
sequências didáticas. No entanto, por conta do perfil do alunado brasileiro,
observou-se a necessidade de flexibilizar a proposta dos referidos autores. Por
conta disso, este TCC avalia os resultados do programa realizado por meio da
perspectiva teórica do interacionismo sociodiscursivo em autores como Bronckart
(2012) e gêneros textuais em Bazerman (2011). Visto ser direito do cidadão
reclamar, através do referido gênero, esse trabalho fomenta a inclusão social,
defendida por Rojo e Retorta (2012).
Palavras-chave: gêneros textuais; interacionismo sociodiscursivo; carta de
reclamação; inclusão social.
ABSTRACT
LOPES, Karina Rosse. PIBID and Social Inclusion: letter of complaint kwith eighth
graders. 2014. 42 pages. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2014.
This present paper aims to reflect about the mother tongue teaching-learning through
text genres in activities carried out at PIBID with eighth graders from an Elementary
School in an urban area in Curitiba. The lesson plan was developed along 19 classes
involving the letter of complaint genre which was based in Schneuwly and Dolz
(2004), who propose practices through didactic sequences. However, due to
Brazilian students’ profiles, it was observed the necessity to make the referred
authors’ proposal flexible. Because of that, this EE evaluates the results of a plan
whose theoretical basis relied on the Socio-Discursive Interactionism in authors as
Bronckart (2012) and text genres in Bazerman (2011). As it is the citizen’s right to
complain, via the referred genre, this paper contributes to social inclusion in a
broader sense, advocated by Rojo (2010) and Retorta (2012).
Keywords: Text genre; Socio-Discursive interactionism; Letter of complaint; Social
inclusion.
LISTA DE SIGLAS
CAPES
LP
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Língua Portuguesa
PCN
Parâmetros Curriculares Nacionais
PIBID
PROCON
TCC
UTFPR
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
Departamento Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor
Trabalho de Conclusão de Curso
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .........................................................................................................13
1 SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS: SEGMENTAR PARA ATRIBUIR SENTIDO AO
TODO.........................................................................................................................16
2 PROCURA-SE CARTA DE RECLAMAÇÃO. RECOMPENSA IMPAGÁVEL........24
3 DESIGN METODOLÓGICO DA PESQUISA..........................................................26
4 O TÃO COMENTADO TRABALHO REALIZADO ATRAVÉS DO PIBID…………28
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................35
REFERÊNCIAS..........................................................................................................37
APÊNDICES...............................................................................................................38
ANEXOS .................................................................................................................. 42
13
INTRODUÇÃO
A proposta aqui apresentada é resultado de um trabalho com o gênero textual
carta de reclamação, realizado no oitavo ano D, turno vespertino, do Colégio
Estadual Guaíra, em aulas da disciplina de Língua Portuguesa, nesta capital.
Constituiu-se de 19 aulas na mesma turma, às terças-feiras, iniciadas em 05 de
agosto de 2013 e findadas em 05 de novembro de 2013, nas quais o gênero textual
carta de reclamação foi o tema central de atuação. Ministrar essas aulas foi uma
oportunidade proporcionada através do PIBID, programa esse que visa aperfeiçoar o
processo de ensino-aprendizagem da educação básica, via capacitação de
estudantes de licenciatura em parceria com professores de instituições de ensino
superior e escolas públicas de educação básica. O PIBID é mantido pela CAPES e
concede bolsas tanto aos estudantes de licenciatura, quanto aos professores da
instituição de ensino superior de origem e das escolas de ensino básico. Para
participar do programa, é necessário observar as ofertas de vagas e inscrever-se no
processo de seleção, que avalia o coeficiente de rendimento do aluno de
licenciatura, disponibilidade de horário, disciplinas já cursadas e produções
acadêmicas.
A inspiração para o desenvolvimento de cartas de reclamação surgiu durante
aulas da disciplina de Línguística Aplicada, cursada no quinto período do curso de
Letras. No decorrer das aulas da referida disciplina, ficou evidente a importância de
proporcionar aos alunos momentos nos quais eles percebessem que a LP é
necessária em diversas situações comunicativas, e que escrever cartas de
reclamação se faz presente - ou se fará necessário - para a maioria das pessoas
que adquirem algum produto ou serviço alguma vez na vida e não ficam satisfeitas
com aquele produto/serviço por motivos diversos. Saber redigir uma carta de
reclamação é parte do exercício da cidadania. Nem sempre a reclamação verbal é
satisfatória. Nesse momento entra o trabalho com o gênero carta de reclamação nas
aulas de LP.
Essas aulas foram desenvolvidas via adaptação da sequência didática proposta
por Schneuwly e Dolz (2004). As sequências didáticas dos referidos autores são um
conjunto de atividades pedagógicas ligadas entre si, desenvolvidas a fim de ensinar
um determinado conteúdo passo a passo. Para que os alunos escrevessem as
14
cartas de reclamação, outras práticas, além da prática de escrita formal, se fizeram
necessárias, tais como leitura de cartas de reclamação para modelização do gênero,
realização de exercícios após as escritas das cartas a fim de refletir sobre a língua
utilizada nas cartas e questões pontuais de gramática normativa.
Para promover inclusão social, conforme versa Retorta (2012), o gênero
carta de reclamação foi escolhido, pois é direito do cidadão expor sua insatisfação
por escrito quando a reclamação verbal não traz resultados. O gênero textual carta
de reclamação é apenas um dos inúmeros existentes e são definidos por Bakhtin
(2000), como enunciados relativamente estáveis que variam de acordo com a
situação da enunciação, o enunciador (e suas intenções de enunciação) e públicoalvo. O ambiente escolar propicia - ou deveria propiciar - práticas sociais que
capacitam o aluno a atuar linguisticamente em várias áreas da sociedade por meio
do estudo e do efetivo uso dos gêneros textuais. Cabe ao professor de LP,
juntamente com o que estabelecem os PCN (documento norteador do ensino de LP
em nosso país), selecionar quais gêneros devem ser trabalhados de acordo com as
necessidades de cada turma e faixa etária.
O gênero em questão – carta de reclamação - caracteriza-se por um texto
através do qual o consumidor/reclamante expõe o motivo ou os motivos que o levam
a requerer devolução de valores ou troca de produtos/serviços. Essa carta pode ser
dirigida tanto a empresas privadas como a órgãos de defesa pública. Cada vez mais
consumidores apresentam descontentamento relacionado a algum produto ou
serviço, e nem sempre essa insatisfação manifestada de maneira verbal surte os
efeitos desejados. É nesse momento que escrever bem e fazer-se compreender
perante leitores diversos tornam-se atividades fundamentais e as aulas de LP
contribuem para resultados positivos quanto a práticas de circulação social. Saber
redigir, então, uma carta de reclamação, pode promover inclusão social, visto que
possibilita ao reclamante reaver valores/produtos/serviços que lhe foram privados,
ser ouvido e contra argumentar, legalmente. Um dos objetivos do Ensino
Fundamental, conforme consta nos PCN, é “[...] compreender a cidadania como
participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos”.
(BRASIL, 1998, p.7). Redigir cartas de reclamação possibilita isso e mais, conforme
visto nos PCN: permite ao aluno “desenvolver o [...] sentimento de confiança em
suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e
15
de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no
exercício da cidadania.” (BRASIL, 1998, p.7). Visto que é preciso buscar atender aos
preceitos dos documentos norteadores do ensino no estado do Paraná, e que
exercitar a cidadania é um desses preceitos, o referido trabalho com carta de
reclamação em uma turma de oitavo ano se faz importante para possibilitar aos
alunos esse contato com a leitura e escrita de tal gênero textual.
Como objetivo geral deste trabalho pretende-se refletir sobre o processo de
ensino-aprendizagem de língua materna, via trabalho com sequências didáticas com
o gênero textual carta de reclamação com uma turma de oitavo ano do Ensino
Fundamental – Rede Pública do Estado do Paraná. Os objetivos específicos visam
analisar trabalhos com carta de reclamação desenvolvidos por alunos do oitavo ano;
inter-relacionar as análises efetivadas aos estudos de gêneros textuais e
interacionismo sociodiscursivo e, por fim, analisar as contribuições do trabalho
realizado por meio de sequências didáticas com o gênero citado, avaliando a
possibilidade de flexibilização da sequência didática proposta por Schneuwly e Dolz
(2004) e inclusão social proporcionada por tal prática.
A fim de atingir os objetivos propostos – refletir acerca do ensinoaprendizagem de língua materna através de gêneros textuais em atividades
realizadas no PIBID em 19 aulas numa turma de oitavo ano - o capítulo primeiro
deste trabalho apresenta uma revisão de literatura com base nos estudos
relacionados às sequências didáticas, propostas por Schneuwly e Dolz (2004);
segue por discutir estudos de gêneros textuais em Bakhtin (2000) e Bazerman
(2012); interacionismo sócio-discursivo em Bronckart (2011), bem como inclusão
social em Rojo (2009) e em Retorta (2012). O capítulo segundo traz alguns trabalhos
já realizados com o tema carta de reclamação; o capítulo terceiro destina-se aos
procedimentos metodológicos para a realização do trabalho com carta de
reclamação, já realizado naquela turma de oitavo ano. O quarto e último capítulo
discorre sobre o trabalho propriamente dito realizado com o gênero textual carta de
reclamação na referida turma.
16
1 SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS: SEGMENTAR PARA ATRIBUIR SENTIDO AO
TODO
Um gênero textual pode ser ensinado através de um conjunto de atividades,
chamadas sequências didáticas, propostas por Schneuwly e Dolz (2004). Os
referidos autores explicam que as sequências didáticas caracterizam-se por “[...]
sequência de módulos de ensino, organizados conjuntamente para melhorar uma
determinada prática de linguagem.” (p.43, 2004) A finalidade dessas sequências,
segundo Schneuwly e Dolz (2004), é de auxiliar alunos a dominar um determinado
gênero de texto (seja oral ou escrito), permitindo aos mesmos escrever ou falar de
modo mais apropriado para aquela situação de comunicação específica. Os citados
autores propõem trabalhos com gêneros textuais diversos, desde contos de fadas
até textos prescritivos e deixam claro que o trabalho proposto por eles pode variar
conforme a necessidade dos alunos, e por isso, não deve ser estanque. Dividem os
gêneros textuais em cinco agrupamentos de gêneros que sugerem para o trabalho
em sala de aula, e o terceiro desses agrupamentos contém “carta de reclamação”
cujo “domínio social de comunicação” enquadra-se na “discussão de problemas
sociais controversos”, “aspecto tipológico” “argumentar” e as “capacidades de
linguagem dominantes” envolvidas são “sustentação, refutação e negociação de
tomadas de posição” (SCHNEUWLY e DOLZ, p.52, 2004). Eles propõem um
encaminhamento para o trabalho com carta de reclamação – entre outros gêneros
pertencentes ao agrupamento de gêneros que envolvem argumentar – o qual deve
ter objetivos de complexidade variável a serem atingidos e estão relacionados a
“três níveis fundamentais de operações de linguagem em funcionamento:
representação do contexto social ou contextualização (capacidades de
ação); estruturação discursiva do texto (capacidades dicursivas); escolha de
unidades linguísticas ou textualização (capacidades linguístico-discursivas).”
(SCHNEUWLY e DOLZ, p.54, 2004)
Para o primeiro nível de operação de linguagem em funcionamento, é
preciso mostrar em quais contextos sociais a carta de reclamação é utilizada e
explicitar que seus usos vão além dos muros escolares. Quanto à estruturação
discursiva do texto, é necessário apresentar aos alunos como uma carta de
reclamação é estruturada em relação ao discurso a ser utilizado, a maneira como se
17
deve argumentar, em quantos parágrafos, entre outros aspectos de apresentação
física da carta. Sobre as capacidades linguístico-discursivas, é preciso fornecer
aporte linguístico e vocabular para que os alunos possam utilizar elementos
adequados
para
uma
carta
de
reclamação,
texto
considerado
formal
–
principalmente quando é destinada a empresas.
As etapas de uma sequência didática, conforme proposta de Schneuwly e
Dolz (2004), são constituídas por diversos momentos, sendo que os iniciais devem
informar aos alunos: qual o gênero a ser abordado – através de apresentação de um
exemplar daquele gênero, seja autêntico ou fabricado; os destinatários; o formato
da produção e, por fim, quem é o produtor daquele gênero (no caso da carta de
reclamação, consumidores/clientes e não alunos do oitavo ano, conforme muitos
daqueles não conseguiram perceber a mudança de papeis sociais naquele
momento). Na sequência, os alunos devem, então, produzir um exemplar daquele
gênero textual, e o professor, ao corrigir os textos, notar quais foram os pontos fortes
e os fracos das produções. Para que os pontos fracos dos alunos relacionados aos
textos produzidos sejam revistos é que acontecem os módulos, compostos por
atividades diversas as quais proporcionam oportunidade de os alunos aprenderem
mais sobre aquelas determinadas questões que geraram dúvidas. Após os módulos
– número variável dependendo das necessidades dos alunos em questão – “[...]
cada sequência é finalizada com um registro dos conhecimentos adquiridos sobre o
gênero durante o trabalho nos módulos, na forma sintética de lista de constatações
ou de lembrete ou glossário.” (SCHNEUWLY e DOLZ, p.90, 2004). Para colocar em
prática os conhecimentos obtidos durante a sequência, os alunos produzem um
texto final, do mesmo gênero discutido.
Em virtude do perfil daqueles alunos do oitavo ano, turma D, da escola em
questão, algumas pequenas modificações foram feitas quando da aplicação das
etapas que compõe as sequências didáticas. Conforme detalham Schneuwly e Dolz
sobre esse trabalho em sala proposto, “os professores devem adaptá-lo e completálo em função de situações concretas de ensino” (p.55, 2004).
18
1.2 GÊNEROS TEXTUAIS: QUE SÃO E PARA QUE SERVEM, AFINAL?
Muito discorreu-se sobre gêneros textuais até o momento. Contudo, para
dialogar sobre os mesmos, é necessário recorrer a Bakhtin (2000) que os definiu, na
década de setenta, como enunciados relativamente estáveis, variáveis de acordo
com a situação da enunciação, o enunciador – e suas intenções de enunciação - e
público alvo. Apesar de Aristóteles já ter iniciado estudos relacionados a gêneros
textuais, da maneira como são conhecidos e estudados hoje foram sistematizados
por Bakhtin.
Em virtude desse caráter relativamente estável, Bazerman (2011) não
propõe uma definição a priori para os gêneros textuais: ele discorre, primeiramente,
sobre todos os fatos sociais serem fundamentados pelos gêneros textuais.
Bazerman exemplifica essa questão através de uma série de fatos sociais, entre
eles “[...] se um prefeito tem autoridade para tomar certas decisões e agir de uma
certa maneira. Essa autoridade é baseada numa série historicamente desenvolvida
de compreensões, acordos e instituições políticas, legais e sociais.” (2011, p.24) Os
gêneros permeiam esses fatos sociais; o discurso do prefeito, bem como
documentos lidos e assinados por ele, são fatos sociais regidos por gêneros
textuais. Outro exemplo permeado por fatos sociais, que Bazerman discute,
“[...] meu direito de frequentar uma faculdade pode depender de alguns fatores [...],
se me matriculei corretamente, [...] se possuo um diploma de conclusão do Ensino
Médio, e uma série de outros fatos sociais determinados por textos”. (2011, p.25)
Bazerman (2011) apresenta a dificuldade de estabelecer uma definição para
os gêneros textuais em virtude de serem modificados com o tempo, na situação de
uso, ou até mesmo pela consideração que cada indivíduo tem por determinado
gênero – e que pode ser denominado diferentemente para outro indivíduo, quando
considerado o mesmo gênero textual. Para amenizar isso, o autor sugere que o
pesquisador deve “[...] pedir às pessoas de um certo campo que nomeiem os tipos
de textos com os quais trabalham (para identificar seu conjunto de gêneros).”
(BAZERMAN, 2011, p.44). Cabe ressaltar que Bazerman utiliza a expressão tipo de
texto como sinônimo para gênero textual e uma definição de texto, proposta pelo
autor, é “[...] toda unidade de produção de linguagem que veicula uma mensagem
linguisticamente organizada e que tende a produzir um efeito de coerência sobre o
19
destinatário.” (2011, p.71) Em relação a diferentes pessoas e instituições nomearem
o mesmo gênero de diversas formas, pode-se citar o fato de o PROCON –
Departamento Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor – denominar
“Formulário”1, enquanto que o Juizado Especial Cível denomina “Formulário de
Pedido”, para o que Schneuwly e Dolz (2004) é chamado de “carta de reclamação”.
Com relação aos gêneros textuais orais e escritos, é necessário ser mais
cauteloso quando ensinamos os gêneros escritos, e nisso há que se considerar o
gênero carta de reclamação, pois após o envio ou a entrega da mesma à
determinada empresa ou órgão de defesa pública, “[...] não podemos ver os gestos e
as atitudes uns dos outros, nem tampouco observar de forma mais imediata a
recepção do outro (BAZERMAN, 2011, p.29). É mais complicado tentar explicar,
derradeiramente, as reais intenções do texto, o que realmente “se quis dizer”
(expressão popular utilizada para tentar convencer o leitor de determinado texto que
as palavras ali contidas foram mal expressas). Por isso o uso efetivo dos gêneros
textuais se faz importante, pois
“Se começamos a seguir padrões comunicativos com os quais as outras
pessoas estão familiarizadas, elas podem reconhecer mais facilmente o que
estamos dizendo e o que pretendemos realizar. Assim, podemos antecipar
melhor quais serão as reações das pessoas se seguimos essas formas
padronizadas e reconhecíveis. [...] As formas de comunicação
reconhecíveis e autorreforçadoras emergem como gêneros.” (BAZERMAN,
2011, p.30)
Dessa forma, para Bazerman (2011) pode-se definir gêneros textuais como
formas de comunicação padronizadas, e caso sejam utilizados efetivamente as
probabilidades de sermos mal compreendidos serão reduzidas. Por esse motivo, os
professores devem proporcionar aos alunos quanto mais gêneros textuais puderem
e seus diversos usos nas diferentes esferas sociais. Uma carta de reclamação é um
gênero que, caso não tenha sido utilizado ainda, será utilizado por cidadãos em
algum momento de suas vidas, e possui características intrínsecas que podem levar
ao sucesso ou insucesso da reclamação, dependendo da maneira como é escrita.
1
Para ter acesso aos formulários do PROCON, bem como do Juizado Especial Cível, verificar os
trabalhos realizados por um aluno na seção de anexos.
20
Mas é bom lembrar que, apesar de ter certas características em comum, um mesmo
gênero pode variar. Bazerman afirma que “Tentativas de reforçar a uniformidade de
gênero têm sido vistas sempre como restrições à criatividade e à expressão.” (2011,
p.51)
Algumas características semânticas e sintáticas são comuns ao gênero carta
de reclamação, e, afirma Bazerman (2011, p.61) “[...] maneiras como a organização
interna dos gêneros revela o processo linguístico dos eventos numa série de
movimentos tipificados [...]”. A linguagem formal, dados pessoais do consumidor a
fim de a empresa reclamada poder entrar em contato futuramente, o conteúdo
relevante – qual o motivo da reclamação em relação ao produto/serviço em questão,
data da aquisição, documentos anexos para provar data e local da compra e o que
se espera com tal carta (devolução de valores pagos, troca do produto, reparo ou
troca do serviço) - são alguns itens importantes quando se trata do gênero textual
carta de reclamação e que não são óbvios para os alunos, a menos que sejam
vistos de forma sistematizada em sala de aula. Novamente, são apenas alguns
itens, pois, conforme visto em Bazerman (2011), um mesmo gênero pode variar e
sua composição interna exigir diferentes itens composicionais. Isso acontece se
comparados os formulários do PROCON e do Juizado Especial Cível. No primeiro, o
reclamante pode requerer a troca do produto ou a devolução dos valores pagos. No
segundo, além disso, o reclamante pode requerer também indenização por danos
morais, algo que não pertence à alçada do PROCON. Daí as diferenças encontradas
em um mesmo gênero textual, considerando somente um caso de vários existentes.
O autor afirma que o gênero textual carta originou vários outros gêneros com
o passar do tempo e com as mudanças nas necessidades da sociedade. “As
pessoas reconhecem cada vez mais uma variedade de transações que pode ser
realizada a distância através de cartas, seguindo modelo para cada tipo de
transação” (BAZERMAN, 2011, p. 94) É o que acontece com a carta de reclamação:
no caso do PROCON, a transação de reclamação pode ser feita através dos
Correios, desde que o reclamante anexe ao formulário cópia de documentos
requeridos a fim de fundamentar a reclamação.
Através dos gêneros é possível fazer parte de atividades sociais que são
permeadas por eles. “O gênero traz para o momento local as ideias, os
21
conhecimentos, as instituições e as estruturas mais geralmente disponíveis que
reconhecemos como centrais á sua atividade.” (BAZERMAN, 2011, p.111)
1.3 GÊNEROS TEXTUAIS EM AÇÃO
O trabalho com carta de reclamação realizado em uma turma de oitavo ano,
trabalho esse que é citado no título deste TCC e que está mais detalhado no
capítulo derradeiro, foi desenvolvido com base em uma adaptação da sequência
didática proposta por Schneuwly e Dolz (2004). Definem os autores que essa prática
consiste-se de “[...] sequência de módulos de ensino, organizados conjuntamente
para melhorar uma determinada prática de linguagem.” (p.43, 2004) A escrita formal
foi a prática de linguagem selecionada para o trabalho realizado naquela turma de
oitavo ano, com ênfase no gênero textual carta de reclamação, porém não excluemse as práticas de leitura e oralidade. “A panóplia corrente de gêneros na vida
moderna depende de escritores e leitores terem complexos conhecimentos sociais e
institucionais das atividades que os gêneros medeiam.” (BAZERMAN, 2011, p.90). O
conteúdo de um texto escrito deve ser cuidadosamente elaborado, pois, conforme
explicita Bazerman (2011, p.30) “na modalidade escrita as oportunidades de reparo
são sempre [...] limitadas, mesmo que tenhamos informações suficientes para
suspeitar que podemos ter sido mal compreendidos.” Faz-se relevante, no caso da
escrita de carta de reclamação, utilizar a língua padrão, selecionar quais
informações são necessárias naquele texto e a maneira de expressar essas
informações a fim de conseguir se fazer compreendido e atingir o objetivo do texto –
a troca do produto ou serviço ou devolução dos valores requeridos.
O trabalho baseado nos autores mencionados vai de encontro com um dos
objetivos propostos pelos PCN, documento que estabelece conteúdos relevantes a
serem trabalhados pelos professores no ensino básico, conforme traz os PCN:
“organizar atividades que procurem recriar na sala de aula situações enunciativas de
outros espaços que não o escolar, considerando-se sua especificidade e a inevitável
transposição didática que o conteúdo sofrerá.” (BRASIL, 1998, p.22).
Ao
proporcionar aos alunos a escrita de cartas de reclamação, há a possibilidade de
inclusão social, tema esse defendido por Retorta (2012). Uma das maneiras de
22
alcançar a inclusão social é através do letramento crítico (ROJO, 2009) e, assim, os
alunos passarão a exercer um de seus direitos de cidadão – reclamar por direito.
1.4 INCLUIR É NECESSÁRIO
A escola deve sempre primar pela inclusão social, apesar de não ser tarefa
fácil; com aproximadamente 30 alunos em sala e apenas um professor, que nem
sempre está devidamente preparado para a função2, atender bem a todos os alunos
em sala de maneira igualitária e satisfatória torna-se nome de filme: Missão
Impossível. De acordo com Retorta (2012), o princípio maior da inclusão social é o
respeito à diversidade e o respeito às diferenças. A inclusão social tem como
proposta nivelar, sem rotular: independente de raça, condição financeira, deficiência
física ou cognitiva, a todos é permitido exercer cidadania. A inclusão social visa
possibilitar o acesso de todos os cidadãos a diversas esferas da sociedade, sem
diferenciação de tratamento de um indivíduo ou outro.
No entanto, a inclusão social não acontece por si só. Principalmente nas
camadas sociais financeiramente desfavorecidas, é necessário que haja uma forçatarefa a iniciar na escola. Pode-se afirmar que, no Brasil, a maior parte dos alunos
matriculados na rede pública é oriunda de classes sociais menos favorecidas. Se
esses alunos não obtiverem na escola a oportunidade de conhecer órgãos de defesa
pública, a citar PROCON, e maneiras de entrar em contato com esse órgão caso
necessitem, a probabilidade de conhecê-lo através de seus familiares é menor.
Menor ainda é a possibilidade de aprender a escrever uma carta de reclamação,
gênero textual que não visa apenas ensinar a diferença entre uma conjunção
adversativa e um advérbio de adição, mas também ensinar que é possível reclamar
2
Inúmeros professores de educação básica são contratados através do PSS no estado do
Paraná, processo seletivo que realiza a contratação de professores através de títulos dos
candidatos. Não é necessário possuir graduação na área que se deseja lecionar e os prérequisitos são a maioridade e nacionalidade brasileira. Dessa forma, pode acontecer de um
professor lecionar LP e ter graduação em História, bem como estar cursando outro curso de
graduação que não relacionado à área de atuação no ensino básico. Pode-se averiguar essas
informações através do portal da Secretaria de Educação do Paraná.
23
por direito e ter sua solicitação atendida. Para fazer parte da sociedade, portanto,
pode-se afirmar que em alguns casos decisões são tomadas pelo uso de textos.
Bronckart discute os usos e definições de texto e afirma que “Os textos são produtos
da atividade humana e, como tais, [...], estão articulados às necessidades, aos
interesses e às condições de funcionamento das formações sociais no seio das
quais são produzidos.” (BRONCKART, 2012, p.72)
De acordo com Bronckart (2012, p.34), “a linguagem é [...] uma
característica da atividade social humana, cuja função maior é de ordem
comunicativa ou pragmática.” A linguagem pode se manifestar de diferentes formas,
no caso do presente projeto os produtos finais da comunicação são composições de
cartas de reclamação, textos esses que são de ordem pragmática e tencionam
reclamar ou requerer algo de direito do consumidor. Prossegue Bronckart por
enumerar as características comuns dos textos (sejam orais ou escritos): relação de
interdependência com as propriedades do contexto de produção; modo específico
de organização de seu conteúdo referencial e frases do texto articuladas umas às
outras conforme regras composicionais mais ou menos estritas. “Enfim, cada texto
apresenta mecanismos enunciativos destinados a lhe assegurar coerência interna”
(2011, p.71). O trabalho realizado naquela turma de oitavo ano (mais especificado
no último capítulo) não visava incluir alunos apenas na escola, mas sim incluí-los na
sociedade, através do correto uso de textos escritos por eles.
24
2 PROCURA-SE CARTA DE RECLAMAÇÃO. RECOMPENSA IMPAGÁVEL.
Pesquisa realizada no portal da CAPES, percebe-se que, até o presente
momento, não há pesquisas ou trabalhos realizados em escolas públicas (ou
privadas) com o gênero textual carta de reclamação. Boa parte dos trabalhos sobre
carta de reclamação disponíveis na web é feita por discutir-se o gênero textual em
questão, como é o caso do artigo Caracterizando o gênero carta de reclamação, de
Silva e Leal (2007). Iniciam as autoras por fazer breve levantamento bibliográfico
com informações mais específicas sobre o gênero carta de reclamação e assim por
definir o gênero carta de reclamação e citar gêneros que também se enquadrariam
na ordem de argumentar, tais como textos de opinião, resenhas críticas e
dissertações. Na sequência, o estudo daquelas autoras não visou a realização de
uma sequência didática com enfoque em carta de reclamação, mas sim delimitou e
analisou o que já havia sido feito, cartas de reclamação pré-existentes e produzidas
por adultos, conforme explicam Silva e Leal (2007, p.2): “O corpus de análise foi de
cartas de reclamação escritas por proprietários de imóveis [...] de um importante
centro urbano do país dirigidas a uma empresa do ramo da construção civil.”
Concluem as autoras ser de extrema importância a maneira como o autor de
determinada carta de reclamação organiza seus argumentos, pois isso pode
influenciar no tempo de atendimento da solicitação que consta na carta.
Trabalhos recentes relacionados ao gênero carta de reclamação têm sido realizados
com foco no que já foi produzido, em cartas de reclamação publicadas em jornais ou
outros meios impressos, como acontece em Carta de Reclamação: Uma Análise do
Contexto de Produção e das Marcas Linguístico-Enunciativas, de Regina Maria
Gregório e Sandra Regina Cecílio. As autoras iniciam o artigo por chamar a atenção
do leitor para a necessidade de trabalhar o gênero textual carta de reclamação em
sala de aula por ser passível de atrelar esse trabalho com Análise Linguística e por
fim mostram uma carta de reclamação da Associação de Moradores e Amigos da
Zona 1 – Maringá – publicada no jornal O Diário do Norte do Paraná. Explicitam as
autoras, nas considerações finais, a importância de um efetivo trabalho com os
gêneros textuais no ensino de LP, pois assim o desenvolvimento das capacidades
discursivas aconteceria mais satisfatoriamente. Gregório e Cecílio preocuparam-se
25
em analisar as marcas linguístico-enunciativas presentes naquela carta de
reclamação, produzida por adultos, ao passo que o presente projeto pretende
analisar cartas produzidas pelos alunos daquela turma de oitavo ano após discussão
e modelização do gênero feita em sala, possibilidade de reescrita e exercícios feitos
no decorrer das aulas.
26
3 DESIGN METODOLÓGICO DA PESQUISA
A metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho nas aulas de LP
proporcionadas pelo no PIBID foi a Pesquisa-ação, que de acordo com Engel “se
procura intervir na prática de modo inovador já no decorrer do próprio processo de
pesquisa e não apenas como possível consequência de uma recomendação na
etapa final do projeto” (2000, p.181). A Pesquisa-ação, proposta por Engel (2000),
constitui-se de etapas, listadas a seguir: definição de um problema – no caso do
presente trabalho o problema definido foi a necessidade de se trabalhar carta de
reclamação no ensino básico, mais especificamente em uma turma de oitavo ano;
pesquisa preliminar - revisão bibliográfica, observação em sala de aula e
levantamento das necessidades; hipótese - a hipótese levantada foi de que na
escola pouco se trabalha com carta de reclamação pois é costumeiro seguir os
conteúdos trazidos pelos livros didáticos; desenvolvimento de um plano de ação – o
plano de ação foi desenvolvido com o consentimento da professora formadora da
turma; implementação do plano de ação – durante 19 aulas na mesma turma de
oitavo ano na qual as observações foram realizadas; avaliação do plano de
intervenção – juntamente com os alunos e a professora formadora no decorrer das
aulas; comunicação dos resultados – através de um relatório apresentado ao PIBID
e deste TCC.
O corpus ao qual a pesquisa é baseada constitui-se de textos, reescrita de
textos e exercícios realizados por alunos de uma turma de oitavo ano do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual Guaíra, nesta capital. As atividades desenvolvidas
foram proporcionadas pelo PIBID. A população em questão, portanto, é formada por
um grupo de 28 alunos - porém apenas alguns textos de três alunos foram
analisados neste TCC - e uma técnica utilizada antes do trabalho com leitura, escrita
e exercícios epilinguísticos foi a observação, já mencionada como uma das etapas
da Pesquisa-ação, que teve duração de cinco aulas e objetivo de determinar as
necessidades dos alunos daquela turma em relação ao ensino de língua materna. A
pesquisa também é exploratória, já que visa ampliar e acumular conhecimentos a
respeito do gênero textual carta de reclamação trabalhado em uma turma de oitavo
ano do Colégio Estadual Guaíra, nesta capital.
27
A abordagem de pesquisa que dá aporte a este trabalho é a qualitativa, pois
promove a reflexão com base em uma sequência didática composta por poucas
amostras de textos de três alunos da determinada turma.
A pesquisa bibliográfica está pautada em Jean-Paul Bronckart (2012) e sua
proposta de interacionismo sociodiscursivo, além de Charles Bazerman (2011) que
propõe o texto com tipos e gêneros textuais e Schneuwly e Dolz (2004) para a
fundamentação da realização das sequências didáticas aplicadas em sala de aula.
Para o tema inclusão social a pesquisa está fundada em Miriam Sester Retorta
(2012) e Roxane Rojo (2009).
O trabalho com o gênero textual carta de reclamação foi realizado ao longo
de 19 aulas com uma turma de oitavo ano do Colégio Estadual Guaíra. Para que o
objetivo fosse atingido, muito mais que solicitar que os alunos escrevessem cartas
de reclamação foi necessário; primeiramente cartas de reclamação foram levadas
aos alunos e realizada leitura delas, a fim de os alunos obterem modelos do gênero
em questão e poderem, assim, escrever suas cartas de reclamação, conforme
propõe Schneuwly e Dolz (2004). Na sequência, os textos dos alunos foram
corrigidos, devolvidos com comentários necessários e algumas dificuldades em
comum dos alunos foram exercitadas, principalmente em relação a questões
gramaticais, para que eles pudessem, então, reescrever as cartas de reclamação.
Três segmentos do trabalho realizado: a primeira carta destinada à empresa
reclamada, a segunda ao PROCON e a terceira carta destinada ao Juizado Especial
Cível, considerando que da primeira esfera a situação reclamada não foi atendida, o
PROCON não pôde resolver a questão e finalmente o caso teve de ser enviado ao
Juizado Especial Cível, última instância de reclamação pública e livre de ônus, antes
de o reclamante utilizar a justiça comum. Visto que analisar aqui todas as
sequências didáticas realizadas naquela turma ficaria inviável devido à extensão das
mesmas,
apenas
minuciosamente.
a
primeira
sequência
didática
foi
apresentada
mais
28
4 O TÃO COMENTADO TRABALHO REALIZADO ATRAVÉS DO PIBID
Esse capítulo traz informações sobre o PIBID e a descrição do trabalho com
carta de reclamação realizado em uma turma de oitavo ano numa escola da rede
pública do Paraná, citado nos capítulos anteriores.
4.1 A RESPEITO DO PIBID
O PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – visa
aperfeiçoar o processo de ensino-aprendizagem da educação básica, via
capacitação de estudantes de licenciatura em parceria com professores de
instituições de ensino superior e escolas públicas de educação básica. O PIBID é
mantido pela CAPES e concede bolsas tanto aos estudantes de licenciatura, quanto
aos professores da instituição de ensino superior de origem e das escolas de ensino
básico. Para participar do programa, é necessário observar as ofertas de vagas e
inscrever-se no processo de seleção, que avalia o coeficiente de rendimento do
aluno de licenciatura, disponibilidade de horário, disciplinas já cursadas e produções
acadêmicas. As atividades realizadas no decorrer da participação no PIBID
envolvem planejar aulas de determinada disciplina, juntamente com o coordenador
de área e com o professor formador – professor esse titular de determinada escola
de ensino básico – e ministra-las. Das aulas semanais de determinada disciplina, o
pibidiano tem a oportunidade de ministrar, aproximadamente, metade e tendo o
professor formador como observador das aulas.
O PIBID ao qual fiz parte é o de LP, à época coordenado na UTFPR pela
professora Andréia R. Gomes. Além de planejar aulas semanais para uma turma de
oitavo ano, supervisionadas pela professora de LP no Colégio Guaíra, formadora da
turma, Rosilane Beck Bensi, também pude participar de reuniões semanais
organizadas pela professora Andréia R. Gomes nas dependências da UTFPR,
reuniões nas quais os pibidianos de LP eram encorajados a ler, bem como discutir
textos teóricos que em muito contribuíram para o desenvolvimento das atividades
em sala de aula.
29
4.2 CARTA DE RECLAMAÇÃO EM UMA TURMA DE OITAVO ANO: EXERCÍCIO
DE CIDADANIA
Entre as dezenove aulas ministradas naquela turma de oitavo ano, aqui será
relatada com mais atenção a primeira sequência didática, composta por cinco aulas.
Por as aulas serem geminadas, a fim de facilitar as descrições, quando citadas aulas
1 e 2, ocorreram no mesmo dia e em sequência.
Visto que as aulas foram pensadas de acordo com a proposta de sequências
didáticas de Schneuwly e Dolz (2004), a primeira aula teve intenção de discutir o
gênero textual carta de reclamação com os alunos e proporcionar contato com dois
modelos do referido gênero, para que os alunos pudessem ter uma modelização do
mesmo. Após questionar os alunos se eles desejavam reclamar de algum produto
ou serviço do qual não estavam satisfeitos, a maioria relatou celulares defeituosos,
serviços de internet banda larga, calçados, jogos, entre outras reclamações. Na
sequência dessa breve discussão, os alunos foram questionados sobre as maneiras
possíveis de se efetivar uma reclamação – pessoalmente, por telefone, e-mail, carta
– até que o gênero carta de reclamação foi mencionado pela professora. Os alunos
receberam, então, cópias de cartas de reclamação e foram inquiridos a realizar
leitura silenciosa, bem como colaborativa com a professora. Dúvidas sanadas, os
elementos que compõem uma carta de reclamação foram escritos no quadro e os
alunos copiavam em seus cadernos, para utilizar os mesmos na escrita a seguir. Na
aula que se seguiu, os alunos escreveram cartas de reclamação destinadas a
empresas diversas – apenas um aluno daquele grupo de 28 relatou não ter
reclamação nenhuma para compor a carta3, e nesse caso foi ajudado pela
professora e acabou por compor reclamação de um celular defeituoso fictício. No
decorrer da escrita das cartas de reclamação, alguns alunos indagaram a professora
sobre dúvidas diversas, e essas foram sendo discutidas individualmente. A maioria
dos alunos conseguiu finalizar as cartas de reclamação em sala, e poucos
3
No decorrer das aulas seguintes, esse mesmo aluno apresentou dificuldades diversas, desde
sintáticas a semânticas, - inclusive em um dos trabalhos propostos escreveu seu próprio nome
com letra minúscula - o que pode explicar o fato de ele ter encontrado dificuldades com a
primeira atividade.
30
entregaram as mesmas na aula seguinte – aula essa da semana seguinte. As
reclamações foram diversas e nessa primeira produção poucos alunos conseguiram
atender a todos os requisitos propostos: alguns utilizaram uma linguagem muito
informal; outros não escreveram informações suficientes para que a empresa
obtivesse todos os dados do produto/serviço e pudesse dar encaminhamento correto
do caso; muitos erros em relação à sintaxe e grafia que comprometeram a
compreensão; e todos os alunos escreveram seus nomes no cabeçalho, e a maioria
identificou como 8D, algo que demonstra a falha na compreensão da atividade, pois
não eram alunos escrevendo uma carta de reclamação naquele momento, e sim,
consumidores.
Após a correção das cartas foi possível delinear quais pontos da escrita
geravam dúvidas comuns nos alunos. Na tentativa de utilizar uma linguagem formal,
percebeu-se que os alunos confundiam os usos de verbos no subjuntivo com a
forma impessoal que faz usos de ênclise – alguns alunos, com intenções de
escrever vendesse, escreveram vende-se e vice-versa. Outro ponto em comum é da
falta de acentuação em diversas palavras, inclusive acentos diferenciais em palavras
como esta, gerencia, fabrica, entre outras. Outras palavras que foram utilizadas
erroneamente pela maioria dos alunos foram mas e mais. Numa tentativa de
hipercorreção, alguns alunos utilizavam mas ao invés de mais, e vice-versa. Ao
analisar os textos dos alunos, foi perceptível que a maioria tentava da melhor
maneira utilizar uma linguagem formal, elementos sintáticos adequados para aquele
gênero textual, e isso é um ponto positivo. Dessa forma, os alunos não foram
penalizados por não atingir os objetivos propostos, mas forneceram material
suficiente para que suas dúvidas e dificuldades fossem exercitadas e, até mesmo,
sanadas em atividades futuras. Exercícios foram elaborados e entregues aos alunos
na aula da semana subsequente, uma folha por aluno, e cada um dos quatro
exercícios foi respondido após breve explicação coletiva. À medida que respondiam
os exercícios, os alunos reconheciam que algumas frases dali eram conhecidas –
haviam sido copiadas de seus textos com pequenas modificações – e ficavam
surpresos com isso. Alguns comentavam: “fui eu que escrevi isso!”, “essa frase é do
meu texto”! Os alunos não tiveram acesso aos textos uns dos outros, o que de certa
forma os manteve confortáveis em relação à privacidade – eles tinham consciência
de que frases da folha de exercícios haviam sido retiradas de seus textos, e ao
31
mesmo tempo estavam calmos, pois os demais colegas não caçoariam dos “erros”
alheios. Alguns alunos tiveram mais dificuldade na resolução dos exercícios, e
acabaram por realizar os mesmos no momento de correção. Após a correção, não
houve tempo hábil para a reescrita das cartas de reclamação, e optou-se por
protelar a reescrita para a aula da semana seguinte. Em virtude disso, nos planos de
aula 4 e 5 que se encontram nos apêndices, há temas parecidos por causa das
modificações que se fizeram necessárias quando da realização dos exercícios pelos
alunos.
Na primeira aula da terceira semana de regências, os alunos receberam
suas cartas de reclamação corrigidas, puderam observar erros e acertos, e
reescreveram incorporando dados faltantes e corrigindo questões sintáticas. Esse
trabalho deveria ser endereçado à empresa provedora do produto ou serviço
defeituoso e os alunos deviam manter o mesmo produto/serviço da primeira escrita.
Com a correção desses textos, novas questões que geravam dúvidas aos alunos
foram encontradas, e por isso justifica-se a afirmação na introdução deste TCC
sobre a adaptação das sequências didáticas de Schneuwly e Dolz (2004). Ao invés
de propor exercícios para solucionar dúvidas e pedir que os alunos reescrevessem o
texto com base na escrita anterior, ao final da segunda sequência didática aplicada
(subsequente dessa relatada anteriormente) os alunos foram desafiados a escrever
o mesmo gênero, porém não mais à empresa provedora do produto/serviço: ao
PROCON. Primeiramente, os alunos escreveram as cartas em folhas de caderno e,
quando da reescrita, os formulários do PROCON-PR foram entregues para que os
alunos, primeiramente, preenchessem-no com seus dados – após explicação de
como preencher cada campo do formulário – e após reescrevessem as cartas, com
as devidas modificações. Ao realizar a terceira sequência, os alunos foram inquiridos
a escrever uma carta ao Juizado Especial Cível, e as aulas foram conduzidas de
maneira similar às aulas com vistas a escrever e preencher formulário ao PROCON.
Visto que a cada escrita e reescrita novas necessidades surgiam em relação à
semântica e sintaxe, as sequências didáticas finais não iniciaram por modelizar o
gênero, mas sim por proporcionar exercícios para que os alunos melhorassem
questões sintáticas e semânticas que foram percebidas, como ainda não eram
dominadas por eles naquele gênero textual. Ao cabo das dezenove aulas, muitos
pontos de gramática normativa foram vistos com aqueles alunos, e alguns tiveram
32
que ser vistos e revistos com mais afinco, a notar: uso da voz passiva – muitos
alunos escreviam em seus textos “quero que vocês troquem meu celular”, ao invés
de “quero que meu celular seja trocado” –; a obrigatoriedade de utilizar a primeira
letra maiúscula em substantivos próprios, bem como substantivos simples e a
obrigatoriedade de letra minúscula (exceto casos de início de frase) e as diferenças
entre a conjunção adversativa mas e o advérbio de intensidade mais. Além de frases
retiradas dos próprios textos dos alunos, uma tira de revista em quadrinhos, um
vídeo e livros foram levados aos alunos para diversificar os exercícios epilinguísticos
e tornar as aulas mais interativas.
4.3 OLHAR SOBRE AMOSTRAS DE TRÊS ALUNOS
Os vinte e oito alunos daquela turma participaram ativamente no decorrer
das aulas; uns mais, outros menos, outros mais timidamente – temerosos de
represálias por parte dos colegas. Os trabalhos aqui selecionados – e que podem
ser visualizados na seção de anexos - pertencem a três alunos.
Após proposta de escrita da primeira carta, destinada à empresa, um aluno
questionou se poderia reclamar de um supermercado que não cumpria normas de
manter caixa preferencial com atendimento exclusivo a idosos, gestantes e
deficientes. Tema aceito, carta escrita, corrigida, pôde-se delimitar que o uso da voz
passiva, a maneira de escrever substantivos próprios com letra maiúscula e
substantivos simples com letra minúscula, bem como remetente e destinatário
precisavam ser revistas. Com relação à segunda carta de reclamação, destinada ao
PROCON-PR, a dificuldade maior era em relação ao preenchimento do formulário e
campos desconhecidos pelos alunos até então (procurador, empresa reclamante, só
para citar dois). O formulário do Juizado Especial Cível também gerou dúvidas,
porém em relação à descrição dos acontecimentos (a reclamação em si) o aluno
conseguiu melhorar a escrita e se sentiu mais confortável em relatar o
descumprimento da lei naquele supermercado.
No decorrer das aulas foi perceptível que muitos alunos ainda estão vivendo
uma cultura de atribuição de notas; não são capazes de realizar atividades por
estarem conscientes da importância delas em seu aprendizado. Para cada atividade
33
a ser realizada, questionavam “se valia nota”. Dessa forma, por sugestão da
professora formadora – sempre presente nas aulas – a cada atividade realizada por
eles era atribuída uma nota.
Na seção anexos os três trabalhos podem ser visualizados e o nome do
aluno foi ocultado a fim de preservar sua identidade.
Após os exercícios que visaram praticar o uso da voz passiva, os alunos
conseguiram fazer o uso efetivo e empregar a voz passiva em suas cartas de
reclamação. Pode-se perceber isso através dos excertos de dois alunos que seguem
(os nomes foram retirados para preservar a identidade dos alunos):
34
Através das frases finais dos textos dos alunos é possível notar que os
exercícios relacionados ao uso da voz passiva puderam auxiliar os alunos a melhor
utilizar essa ferramenta de linguagem.
Foi uma experiência de grande valia para ambas as partes: tanto para mim,
quanto para os alunos. No decorrer das aulas, sempre demonstravam interesse e
quando da despedida vieram agradecer e inclusive aplaudiram minha última aula,
como forma de agradecimento e como se um ciclo houvesse encerrado. O lucro foi
de todos!
35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se, através dos textos produzidos pelos alunos, que muito trabalho
há de ser feito em relação ao gênero textual carta de reclamação. Visto que a escola
tem trabalhado mais com gêneros escolares que gêneros textuais de práticas
sociais, os alunos ainda têm dificuldades de preencher formulários, tarefa que
deveria ser simples, porém gera dúvidas quando da sua realização por parte dos
alunos. Desvencilhar-se do “nome completo, ano, turma e data no cabeçalho” não é
fácil, visto que são práticas obrigatórias a todos os trabalhos realizados na escola,
independente do gênero textual trabalhado. No entanto, foi de grande valia a
proposta de escrever cartas de reclamação, pois despertou naqueles alunos o
exercício da cidadania – algo dantes não visto nas dependências da escola por
aquele grupo de alunos.
O aporte teórico no qual o desenvolvimento do trabalho se fundamentou
permitiu ampliação dos conhecimentos e foi possível perceber que a flexibilização
das sequências didáticas não deturpam a proposta de Schneuwly e Dolz (2004),
mas sim, corroboram com ela, visto que os citados autores deixam o professor livre
para adaptar as sequências de acordo com o público-alvo em questão.
As discussões em torno do conceito de gênero por Bazerman (2011) foram
valiosas, já que um mesmo gênero pode apresentar formas variadas, o que ficou
visível ao se analisar o formulário do PROCON, Juizado Especial Cível e outras
cartas de reclamação destinadas a empresas diversas.
A oportunidade de lecionar, mesmo que por poucas aulas, foi ímpar. Pude
perceber que não é tarefa fácil planejar aulas e pesquisar materiais relevantes para
determinado grupo de alunos. Porém, o envolvimento dos alunos no decorrer das
aulas e o verdadeiro interesse deles por trabalhar com cartas de reclamação,
escrevendo sobre situações vivenciadas por eles, algo até então inédito a eles, é a
maior gratificação pelas horas de dedicação no planejamento das aulas.
O referido trabalho conseguiu, mesmo que com uma pequena parcela da
população, proporcionar aos alunos momentos de reflexão sobre sua condição na
sociedade e que o exercício da cidadania também acontece por escrever uma carta
de reclamação. A inclusão social inicia-se assim: o cidadão tem uma queixa, e
36
descobre que pode reclamar em um órgão público, livre de ônus, por uma simples
atitude de escrever uma carta de reclamação. A clareza no texto determina, em
grande parte, o atendimento de sua solicitação. Independente de possuir bens
materiais, o cidadão passa a fazer parte de sua sociedade, plenamente. Dessa
forma, esse projeto contribuiu para inclusão social.
37
5 REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso . In: –––. Estética da criação verbal [trad.
francês: Maria Ermantina Galvão; revisão : Marina Appenzeller]. 3 ed. São Paulo:
Martins Fontes , 2000.
BAZERMAN, Charles. Gêneros Textuais, tipificação e interação. 4 ed. São Paulo:
Cortez, 2012.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
terceiro e quarto ciclos: língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRONCKART, Jean-Paul. Atividades de linguagem, textos e discursos: por um
interacionismo sociodiscursivo. 2 ed. São Paulo: Educ, 2011.
CECÍLIO, Sandra Regina e GREGÓRIO, Regina Maria. Carta de Reclamação: uma
análise do contexto de produção e das marcas linguístico-enunciativas. Universidade
Estadual de Londrina, 2006.
ENGEL, Guido Irineu. Pesquisa-ação. Educar, Curitiba, n. 16, p. 181-191. Editora da
UFPR, 2000.
RETORTA, Miriam Sester in MOHR, Allan Martins (organizador). Pensando a
Inclusão. Vários autores. 1 ed. Curitiba: Ed. UTFPR, 2012.
ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo:
Parábola Editorial, 2009.
SCHNEUWLY, Bernard e DOLZ, Joaquim. Tradução e Organização Roxane Rojo e
Glaís Sales Cordeiro. Vários Autores. Gêneros Orais e Escritos na Escola.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.
SILVA, Leila Nascimento da e LEAL, Telma Ferraz. Caracterizando o gênero carta
de reclamação. CEEL: UFPE, 2007.
38
APÊNDICES
1. Sequências didáticas
Colégio: Guaíra
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora Regente: Rosilane Beck
Estagiária: Karina Rosse Lopes
Título do Projeto:
Carta de reclamação
Turma: 8° D
Turno: tarde
Data: 05/08/2013
Aula nº 01
OBJETIVOS
Proporcionar aos alunos contato com cartas de reclamação, para modelização do gênero.
TEMAS DE ESTUDO
PROCEDIMENTOS E RECURSOS DIDÁTICOS

Leitura de carta
de reclamação
Funções da carta
de reclamação
Ativação do conhecimento prévio do aluno por meio da
seguinte pergunta: quem já comprou algum produto que
apresentou defeito? Na sequência, breve discussão de
maneiras de realizar uma reclamação e da linguagem a ser
utilizada. Dez minutos.

Distribuição e leitura (individual e colaborativa) de duas cartas
de reclamação. Quinze minutos.

Discussão e questionamentos sobre as cartas. Cinco minutos.

Modelização de elementos que compõem uma carta de
reclamação, através dos exemplos lidos. Dez minutos

Retomada do tema e das maneiras de ser efetuada uma
reclamação. Dez minutos.
Estrutura de carta
de reclamação
AVALIAÇÃO DE
APRENDIZAGEM

Participação do
aluno durante a
leitura

Envolvimento
durante a aula
REFERÊNCIAS:Produção
Textual:
carta
de
reclamação
–
Provas
Bimestrais.
http://eeepmartagiffoni.files.wordpress.com/2013/05/carta02.jpg. Acesso em 31/07/2013.
OBS.: O tempo de cada atividade pode variar de acordo com a participação da turma.
Disponível
em
39
Colégio: Guaíra
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora Regente: Rosilane Beck
Estagiária: Karina Rosse Lopes
Título do Projeto:
Carta de reclamação
Turma: 8° D
Turno: tarde
Data: 05/08/2013
Aula nº 02
OBJETIVO
Produzir uma carta de reclamação.
TEMA DE ESTUDO
PROCEDIMENTOS E RECURSOS DIDÁTICOS


Produção de carta de
reclamação


AVALIAÇÃO DE
APRENDIZAGEM
Solicitar que cada aluno produza, de acordo com modelos
lidos na aula anterior, uma carta de reclamação. Cinco
minutos.
Ao aluno será solicitado que escolha um produto ou
serviço e escreva uma carta à empresa provedora,
indicando os dados do informante conforme exemplo
escrito no quadro. Cinco minutos.
Os alunos deverão produzir o texto em uma folha de
caderno e entregar ao fim da aula. Quarenta minutos.

Produção do
texto proposto.
OBS.: No decorrer da produção textual, a professora poderá sanar possíveis dúvidas dos alunos, quando solicitada.
Colégio: Guaíra
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora Regente: Rosilane Beck
Estagiária: Karina Rosse Lopes
Título do Projeto:
Carta de reclamação
Turma: 8° D
Turno: tarde
Data: 13/08/2013
Aula nº 03
OBJETIVOS
Exercitar questões gramaticais com base nas dificuldades apresentadas na aula anterior.
TEMAS DE ESTUDO




PROCEDIMENTOS E RECURSOS DIDÁTICOS

Acentuação
Conjunções
Conjugação do verbo
haver
Voz passiva
Retomada do tema da aula anterior através
dos comentários em relação à carta de
reclamação;

Apresentação dos pontos positivos e
negativos da escrita da turma;

Resolução de exercícios baseados nos
pontos negativos da escrita da carta de
reclamação;

Cópia de algumas estruturas para fixação do
conteúdo;

Leitura colaborativa dos resultados dos
exercícios.
AVALIAÇÃO DE
APRENDIZAGEM

Participação do aluno durante
a realização dos exercícios.

Envolvimento durante a aula
OBS.: Caso haja tempo, pedir que os alunos realizem a colaborativa do tópico Vozes do Verbo em seus livros
didáticos.
40
Colégio: Guaíra
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora Regente: Rosilane Beck
Estagiária: Karina Rosse Lopes
Título do Projeto:
Carta de reclamação
Turma: 8° D
Turno: tarde
Data: 13/08/2013
Aula nº 04
OBJETIVO
Reescrever a carta de reclamação.
TEMA DE ESTUDO

Refacção de carta de
reclamação
PROCEDIMENTOS E RECURSOS DIDÁTICOS




AVALIAÇÃO DE
APRENDIZAGEM
Entrega das cartas produzidas na aula 02;
Leitura individual das cartas (dez minutos);
Refacção do texto proposto, individualmente (quinze
minutos);
Retomada da modelização de uma carta de reclamação.

Refacção do
texto proposto.
OBS.: No decorrer da produção textual, a professora poderá sanar possíveis dúvidas dos alunos, quando solicitada.
Colégio: Guaíra
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora Regente: Rosilane Beck
Estagiária: Karina Rosse Lopes
Título do Projeto:
Carta de reclamação
Turma: 8° D
Turno: tarde
Data: 20/08/2013
Aula nº 5
OBJETIVOS
Reescrita individual das cartas para reflexão e correção de questões gramaticais.
TEMAS DE ESTUDO




Acentuação
Conjunções
Conjugação do verbo
haver
Voz passiva
PROCEDIMENTOS E RECURSOS
DIDÁTICOS
 Retomada do tema da aula anterior através
dos comentários em relação aos exercícios
não finalizados;
 Entrega das cartas para que os alunos
reescrevam com as devidas correções.
AVALIAÇÃO DE
APRENDIZAGEM


Participação do aluno durante
a realização dos exercícios.
Envolvimento durante a aula
41
Exercícios da aula 03
1. Corrija as palavras em negrito e reescreva as seguintes frases:
a. Eu gostaria que o senhor troca-se o meu produto.
b. Se o senhor vende-se produtos bons, eu não precisaria reclamar.
c. Trocasse livros diversos no pátio.
d. Vendesse revistas e gibis usados a preços módicos.
e. Minha mercadoria esta defeituosa. Isso e decepcionante.
f. Está mercadoria tem varios defeitos: não funciona é veio quebrada na
superficie.
g. Meu celular venho com bateria fraca.
h. Veio na loja pois quero reclamar para a gerencia.
i. A gerencia fica no pizo superior.
j. O senhor Jurandir gerência as lojas Colombo.
k. Eu conversei com o gerete, mais ele não me reembolsou.
l. Comprei a máquina mas cara, porem não fuciona!
m. As lojas não podem ter mas vendedoras e sim, boas e atenciosas.
n. A vendedora que me atendeu era muito ma. Nem me atendeu!
o. A Motorola fábrica aparelhos diversos.
p. Eu estou cliente de que tomarei as providências cabíveis.
q. O ciente reclamou para o gerente e até recebeu um brinde!
r. A fabrica da Motorola esta localizada no estado de São Paulo.
s. Eu abre a embalagem e percebe que era outro DVD!
t. Os DVDs dele estragam porque ele sempre abri errado.
2. Reescreva as frases abaixo, substituindo os termos sublinhados por outros
formais. Modifique o que for necessário. Exemplo:
a. A gente foi conversar com a gerência e ajudou a gente. Nós fomos conversar com a
gerência e nos ajudou.
b. A gente reclamou, mas não trocaram a bolsa.
c. O gerente falou pra gente que era caso perdido e que a gente precisava
falar com a fábrica.
d. A gente falou com o gerente e aí ele mandou a gente reclamar no Procon.
e. A gente ligou na loja, aí o gerente foi muito educado e falou que ia trocar.
f. A gente levou o produto na loja, aí o funcionário falou que ia devolver o
dinheiro.
3. Substitua as palavras em negrito por uma conjunção adversativa (mas,
porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto):
“Eu comprei um jogo, só que veio riscado. Só que limpei ele e funcionou.
Só que minha mãe não gostou e mandou que eu trocasse o jogo. Só que
o gerente não quis trocar. Só que eu guardei a nota fiscal e reclamei no
Procon. Resultado: o gerente teve que trocar, só que tive que esperar um
ano para trocar meu jogo. Só que valeu esperar!”
4. Passe as frases abaixo para a voz passiva. Exemplo:
a. Eles trocaram meu produto sem demora. Meu produto foi trocado sem demora.
b. Eles entregaram meu colchão só dois meses depois da compra.
c. Eles devolveram meu dinheiro apenas quando entrei no Procon.
d. Eles me informaram que o produto era de ótima qualidade.
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ANEXOS
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carta de reclamação em uma turma de oitavo ano