Artigo Original
Análise da resistência de tensão de três diferentes
fios de sutura utilizados em cirurgia bucal
Analyzis of the traction resistance of three different suture
threads used in oral surgery
RESUMO
Gustavo José de Luna Campos
José Rodrigues Laureano Filho
Ricardo Wathson Feitosa de Carvalho1
Fábio Andrey da Costa Araújo1
Antonio Azoubel Antunes1
Paulo Germano de Carvalho Bezerra Falcão1
ABSTRACT
Introdução: A síntese das feridas cirúrgicas e/ou acidentais é parte
indispensável de seu tratamento haja vista que essa manobra
influencia diretamente na cicatrização. A boa coaptação de bordas
depende da resistência tênsil dos fios de sutura utilizados.
Objetivo: Avaliar a resistência à tração de três fios de sutura.
Métodos: Foram confeccionados corpos de prova com fios de
sutura do tipo categute simples e cromado, de diferentes marcas
(1. Bioline®; 2. Somerville®; 3. Ethicon®) com calibre 3-0 através
de uma investigação laboratorial comparativa. Resultados: Em
relação à resistência tênsil dos categutes simples, observou-se
que os fios do grupo 1 apresentaram uma média superior
(2,59kgf/cm²), sendo o grupo 3 o que apresentou a menor média
(2,09kgf/cm²). Aos categutes cromados observou-se a superioridade do grupo 2 (2,64kgf/cm²) seguido pelo grupo 1 (2,55kgf/cm²) e
grupo 3 (1,98kgf/cm²). Em relação às deformações sofridas
durantes os ensaios os fios que demonstraram maior deformação
foi o grupo 1A (16,59%). Os fios do grupo 3 apresentaram a menor
deformação média. Em relação à ruptura do fio, observou-se que a
maior parte ocorria no próprio nó, em todos os três grupos
observados. Conclusões: O categute simples da Bioline®
apresenta maior resistência tênsil do que os demais e, em relação
ao categute cromado, a maior resistência é do fio fabricado pela
Somerville®.
Introduction: As it influences directly the healing, the synthesis of
the surgical and traumatic wound is very important for the treatment
of these. The adequate margin coaptation depends of the tensile
resistance of the suture materials employed. Objective: To
evaluate the resistance of three suture string to the tensile strength.
Methods: Test bodies were prepared with simple and chromate
catgut suture strings of different brands (1. Bioline®; 2.
Somerville®; 3. Ethicon®) whose caliber was 3-0 through a
comparative laboratorial it was observed that the group 1 strings
presented highest rates (2.59kgf/cm²), whereas group 3 presented
the lowest rates (2.09kgf/cm²). Among the chromate catgut, group 2
was superior to the others (2.64kgf/cm²), followed by group 1
(2.55kgf/cm²) and group 3 (1.98kgf/cm²). Regarding the deformities
that occurred during the essays, the strings demonstrating the
highest deformation were from group 1A (16.59%). The group 3
strings presented the lowest deformation rates. Regarding the
string rupture, most part of them occurred in the knots themselves in
all the groups. Conclusion: The simple catgut of Bioline®
presented the highest tensile resistance compared to the others.
Regarding the chromate catgut, the highest resistance rates were
found in the Somerville® strings.
Key words: Sutures. Suture Techniques. Catgut. Tensile Strenght.
Descritores: Suturas. Técnicas de Sutura. Categute. Resistência
à tração.
INTRODUÇÃO
O fio de sutura é um material utilizado para síntese de feridas,
podendo ser produzido sinteticamente, derivado de fibras
vegetais ou estruturas orgânicas. Esse material tem a finalidade de unir e coaptar as bordas dos ferimentos provocados
cirúrgica ou traumaticamente, objetivando permitir o processo
fisiológico de cicatrização1. Um aspecto muito importante dos
materiais de sutura empregados em cirurgia é a resistência
tênsil, já que podem influir diretamente no resultado da cirurgia,
seja no sucesso ou no fracasso, em especial quando se trata de
realizar anastomoses entre dois órgãos2.
Existem vários fatores relacionados com o uso correto de uma
sutura. Fatores biológicos como a idade, gênero, estado
nutritivo, reação tissular, infecção ou potencial infeccioso;
mecânicos como a resistência aplicada à sutura e tensão ao
aproximar-se; além dos fatores materiais como pouca memória,
calibre adequado, segurança do laço, número de nós e
passagem entre os tecidos suavemente e a resistência tensil3.
Uma sutura “ideal” caracteriza-se por pouca ou nenhuma
reação tissular, permanência inerte por toda a vida, facilidade
de manejo, monofilamentar, nó fácil e seguro, pouca memória
do material, capacidade de deslizar sem danificar os tecidos e
uma alta resistência tênsil, com alta resistência em manter
unidos os tecidos até sua cicatrização4.
Devido à importância desse material nos procedimentos
cirúrgicos e a escassez de trabalhos sobre esse assunto, o que
acarreta a falta de evidência científica que impulsione e oriente
as decisões tomadas na rotina cirúrgica, esse trabalho objetiva
avaliar os fios de sutura tipo categute simples e cromado de três
) Residente em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Universitário Oswaldo Cruz – HUOC/UPE. Recife/PE, Brasil.
2) Professor Doutor da Disciplina de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia de Pernambuco da Universidade de Pernambuco FOP/UPE, Recife/PE, Brasil.
Instituição: Disciplina de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia de Pernambuco da Universidade de Pernambuco FOP/UPE, Recife/PE, Brasil.
Correspondência: Av. Bernardo Vieira de Melo, 5210 / 104 – 54450-020 Jaboatão dos Guararapes/PE, Brasil. E-mail: [email protected]
Recebido em: 05/09/2008; aceito para publicação em: 27/12/2008; publicado online em: 10/03/2009.
Conflito de interesse: nenhum. Fonte de fomento: nenhuma.
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diferentes marcas comerciais quanto a sua resistência à
tração.
MÉTODOS
Realizou-se estudo comparativo e laboratorial da resistência
tênsil de três marcas diferentes de fios de sutura do tipo
categute simples e cromado. Definiu-se como resistência tênsil
a carga máxima a que o fio de sutura é capaz de suportar até o
ponto de ruptura. Os fios utilizados nos experimentos foram o
Somerville®, Ethicon® e Bioline®, sendo divididos em três
grupos – Tabela 1.
Tabela 1 – Grupos e subgrupos dos fios de sutura estudados.
Os resultados foram obtidos em quilograma força por centímetro quadrado (Kgf/cm²), mediante experimentos laboratoriais
acima descritos, executados no laboratório de pesquisa da
Universidade de Pernambuco (UPE), Brasil.
Para a análise dos resultados foi utilizada a técnica estatística
descritiva e inferencial. As técnicas de estatística descritiva
envolveram a obtenção de distribuições absolutas e percentuais e a obtenção de medidas tipo média, desvio-padrão e
coeficiente de variação. A técnica inferencial envolveu a
utilização dos testes de Qui-quadrado de independência e o
teste do Qui-quadrado de igualdade de proporções.
O nível
de significância utilizado nas decisões estatísticas foi de 5,0% e
o software utilizado para a obtenção dos cálculos estatísticos foi
o SPSS, na versão 11.0.
RESULTADOS
Grupo
1
Marca do Fio
Bioline®,
2
Somerville®
3
Ethicon®
Subgrupo
A (Categute
Simples)
B (Categute
Cromado)
1
2
3
Bioline®
Somerville®
Ethicon®
Bioline®
Somerville®
Ethicon®
Os corpos de prova foram confeccionados com uma técnica
padronizada, de forma que o fio apresentasse um padrão de
10cm de comprimento. Utilizou-se um esforço único e executou
os nós de acordo com o método sugerido por Cuffari e Siqueira1
para amarrar os materiais de sutura monofilamentares.
Realizam-se os nós de forma manual, sendo o primeiro nó de
cirurgião duplo e depois três nós simples.
Foi realizado o teste piloto para determinação da velocidade a
ser utilizada e o deslocamento mínimo necessário para ruptura
dos corpos de prova. Assim se estabeleceu a velocidade de
tração de 10cm/min. Os corpos de prova, então, fixados a um
dispositivo especial que se acopla tanto ao ramo inferior quanto
ao ramo superior da máquina universal Kratos para teste de
resistência tênsil dos fios. A confecção desses corpos de prova
foi possível somente no momento da realização dos ensaios,
devido ao categute ser conservado sob conteúdo alcoólico,
preservando suas características físico-químicas.
Os fios estavam sujeitos a um extremo do tensiômetro, sendo
assim atados em seus extremos livres (Figura 1A). Fizeram-se
20 provas de ruptura para cada grupo. Compararam-se os
resultados das provas em grupos de mesmo calibre (3-0), tanto
para categute simples quanto para o cromado. Os ensaios
foram realizados de forma que todos os corpos de prova
sofressem ruptura (Figura 1B).
Figura 1. (A) Fio submetido à tensão; (B) Fio rompido ao término do
ensaio.
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Em relação à resistência tênsil dos categutes simples, observou-se que os fios do grupo 1 apresentaram uma média superior
(2,59kgf/cm²) quando comparado aos dos outros dois grupos. O
grupo 3 apresentou a menor média em relação à variável
resistência tênsil (2,09kgf/cm²).
Já em relação à resistência tênsil dos categutes cromados,
observou-se a superioridade do grupo 2 (2,64kgf/cm²), seguido
pelo grupo 1 (2,55kgf/cm²) e grupo 3 (1,98kgf/cm²).
Em relação aos maiores valores de resistência tênsil suportados pelos categutes, o fabricante que obteve o maior índice de
resistência foi o grupo 2, apresentando o mesmo valor tanto
para o subgrupo A e B, (3,6kgf/cm²). A exemplo do grupo
anterior, os fios do grupo 3 também demonstraram resultados
iguais para ambos os subgrupos (2,8kgf/cm²). Entretanto, os
fios do grupo 1 apresentaram valores diferentes para 1A
(3,4kgf/cm²) e 1B (3,0kgf/cm²) (Figura 2).
Figura 2 – Maiores valores de resistência tênsil (Kgf) dos categutes.
Em relação aos menores valores de resistência tênsil dos
categutes, foi observada igualdade de resultados, como acima
citados, apenas para o grupo 2 (1,8kgf/cm²). Os grupos 1 e 3
apresentaram resultados diferentes quando comparados os fios
do tipo simples (2,0 e 1,6kgf/cm²) e cromado (1,8 e 1,4kgf/cm²) –
Figura 3.
Em relação às deformações sofridas durantes os ensaios, os
grupos 1 e 3 apresentaram os mesmos valores quanto à sua
maior deformação para os dois grupos (22,06%). Apesar de o
grupo 2 apresentar valores diferentes dos achados anteriores,
estes são próximos aos resultados encontrados tanto para o
subgrupo 2A (22,05%) quanto para o 2B (22,60%). No que diz
respeito aos menores valores de deformação, encontraram-se
resultados mais variados quando comparamos com a variável
anterior, apresentando os fios do grupo 3 os menores valores
(3A – 5,76 e 3B – 7,17%), seguido pelo grupo 2 (7,04 e 8,77%) e
grupo 1 (8,44 e 8,18). Todavia, dentre os fios estudados, o que
demonstrou maior deformação antes de sofrer a ruptura em sua
maioria foi o grupo 1A (16,59%) e grupo 2B (14,79%). Os fios do
grupo 3 foram os que apresentaram a menor deformação média
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(Tabela 2).
Figura 3 – Menores valores de resistência tênsil (Kgf) dos categutes.
Em relação à ruptura do fio durante os ensaios, observou-se
que a maior parte ocorria no próprio nó, em todos os três grupos
observados. O grupo 2 apresentou os maiores percentuais
para essa variável tanto para o 2A (78,0%) quanto para o 2B
(81,7%), seguido pelo grupo 1 (75,4% e 80,4%) e grupo 3
(72,3% e 76,6%). O grupo 3 apresentou os maiores valores
para os dois subgrupos analisados (9,2% e 10,4%), seguido
grupo 2 (4,6% e 6,4%) e 3 (5,8% e 5,1%), quando analisou-se a
ruptura do fio distante do nó (Tabela 3).
Tabela 2 – Deformações sofridas durante os ensaios de resistência
tênsil.
Bioline
Somerville
Categute
Ethicon
Deformação
Deformação
Maior
Menor
Deformação
Média
Simples
22,06%
8,44%
16,59%
Cromado
Simples
22,06%
22,05%
8,18%
7,04%
13,49%
14,27%
Cromado
Simples
22,60%
22,06%
8,77%
5,76%
14,79%
13,19%
Cromado
22,06%
7,17%
12,48%
Tabela 3 – Localização da ruptura do fio durante os ensaios.
Bioline
Somerville
Ethicon
Simples
Ruptura no nó
Ruptura
distante do nó
Ruptura
próxima ao nó
75,40%
5,80%
18,80%
Cromado
Simples
Categute
Cromado
Simples
80,40%
78,00%
81,70%
72,30%
5,10%
4,60%
6,40%
9,20%
14,50%
17,40%
11,90%
18,50%
Cromado
76,60%
10,40%
13,00%
DISCUSSÃO
A grande variedade dos materiais de sutura cirúrgicos disponíveis provê considerável variação de escolha, selecionando um
material mais satisfatório para várias aplicações cirúrgicas. É
óbvio que um único material não será indicado para todas as
ocasiões de sutura. Resistência à tração e segurança de laço
são duas características pelas quais podem ser comparados os
materiais de sutura. Um terceiro fator importante é a reação
tecidual, que foi revisado recentemente e extensivamente por
Batista et al.5. Suturas com alta resistência à tração e boa
segurança de laço minimizam o risco de rompimento do fio de
sutura, reduzem a quantidade de material na região traumatizada e determina uma economia no que se refere ao material de
síntese utilizado.
Além de variáveis inerentes ao próprio material, podem-se citar
ainda como importantes fatores associados que influenciam na
segurança do laço, o indivíduo que executou o laço, uma vez
que indivíduos diferentes podem determinar laços diferentes e
até mesmo entre laços realizados pelo mesmo indivíduo em
ocasiões diferentes. Com isso, é perceptível que a segurança
no laço é uma característica muito mais variável que a resistência à tração.
Embora muitos fatores contribuam para avaliar a segurança do
laço, as fricções entre as áreas do próprio material pareceriam
representar um papel importante. Essa relação entre segurança
de laço e o coeficiente de fricção foi descrita inicialmente por
Taylor6. Entretanto, tais características não foram analisadas
em nosso trabalho por não fazer parte dos objetivos.
Domic et al.² permitem explanar que existem diferenças na
resistência tênsil para materiais de sutura teoricamente
similares. Portanto, cada equipe cirúrgica deverá avaliar as
suturas a serem utilizadas, de acordo com a experiência que o
cirurgião tenha em cada uma delas e o tipo de tecido no qual vai
ser empregada àquela sutura. Devem-se considerar também
outras variáveis, entre elas um aspecto muito importante que se
refere ao custo-benefício tanto em termos médicos como
econômicos.
Os resultados do presente estudo mostraram diferenças
estatisticamente significativas nas medições de resistência
tênsil para os diferentes materiais de sutura do tipo categute
simples e cromado empregado no mercado e devem ser
levadas em conta para decidir o material a ser utilizado.
Relacionando com os resultados obtidos nessa pesquisa o
primeiro fator a ser analisado foi a média de resistência tênsil
dos fios categutes simples das três marcas analisadas.
Observou-se que, apesar das diferenças numéricas acima
citadas, foi constatada significância estatística apenas comparando os grupos 1 e 3 (p = 0,0431), já que não houve expressão
condicional entre os grupos 1 e 2 (p = 0,4793) ou mesmo entre
os grupos 2 e 3 (p = 0,2657). Contudo, ao avaliar a média de
resistência tênsil dos categutes cromados dos mesmos
fabricantes, foi observada significância entre os grupos 1 e 3 (p
= 0,036) e também em 2 e 3 (p = 0,030). Da mesma forma, nos
categutes simples, não houve relação estatística entre a
variável e os grupos 1 e 2 (p = 0,4753). Em contraposição ao
trabalho publicado por Domic et al.² no qual se referia ao
categute cromado como fio de sutura que apresentava menor
resistência à tração, nosso estudo verificou discordância
desses dados relativos ao grupo 1, apresentando o valor menor
(2,38 kgf/cm²) comparado ao grupo 2 (2,64 kgf/cm²). Verificouse uma equivalência em relação ao fabricante do grupo 1
apresentando 2,59 e 2,55 kgf/cm² para os subgrupos 1A e 1B,
respectivamente. O único grupo que condiz com os resultados
descritos por Domic et al.² é o grupo 3, apresentando o valor
médio do subgrupo 3B menor (1,98kgf/cm²) do que o subgrupo
3A (2,09kgf/cm²), no entanto, sem uma diferença relevante.
Abordando o fator maior resistência tênsil suportada pelos
categutes antes de sofrer a ruptura, verificou-se que o grupo 2
que obteve o maior índice resistência igual tanto para o tipo
simples quanto para o cromado (3,6 kgf / cm²). A exemplo do fio
anterior, o grupo 3 também demonstrou resultados iguais para
ambos os subgrupos (2,8kgf/cm²). Porém, os fios do grupo 1
apresentaram valores diferentes para o subgrupo 1A
(3,4kgf/cm²) e 1B (3,0kgf/cm²). Apesar dessa disparidade de
valores, os mesmos não apresentam significância estatística
(p=0,6312).
Outro fator analisado foi o menor valor de resistência tênsil
suportada pelos categutes, onde apenas o grupo 2 (1,8kgf/cm²)
apresentou resultados iguais para os subgrupos. Os grupos 1 e
3 apresentaram resultados diferentes comparando os fios do
tipo simples 1 (2,0 e 1,6kgf/cm²) e cromado (1,8 e 1,4kgf/cm²).
Apesar dos valores desiguais, não há relevância significante
entre a variável marca e o tipo de sutura em ambos os casos
(p=0,5423).
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No que diz respeito às deformações sofridas durantes os
ensaios, verificou-se que os grupos 1 e 3 apresentaram os
mesmos valores quanto à sua maior deformação para os dois
subgrupos (22,06%). Apesar de o grupo 2 apresentar valores
diferentes dos achados anteriores, estes são próximos aos
resultados encontrados tanto para o tipo simples (22,05%)
quanto para o cromado (22,6%). Em relação aos menores
valores de deformação, encontram-se resultados mais
variados quando comparamos com a variável anterior;
observou-se o grupo 3 apresentando os menores valores (5,76
e 7,17%) seguido pelo grupo 2 (7,04 e 8,77%) e grupo 1 (8,44 e
8,18). Todavia, dentre os fios estudados, o que demonstrou
maior deformação antes de sofrer a ruptura em sua maioria foi o
grupo 1 para o tipo simples (16,59%) e grupo 2 para o tipo
cromado (14,79%). Dentre estes três fabricantes, o que
apresentou menor deformação média foi o grupo 3 (13,19% e
12,48%) – Tabela 1. Esses valores se referem ao módulo de
elasticidade de cada fio, confirmando os dados obtidos pelo
trabalho publicado por Herrmann7 quando citava os categutes
como os fios de maior elasticidade entre os diversos materiais
estudados, porém, contrariando outros achados8.
No que diz respeito à ruptura do fio durante os ensaios,
observou-se que a maior parte ocorria no próprio nó, em todos
os fabricantes observados. O fio do grupo 2 apresentou os
maiores percentuais para essa característica, tanto para o
simples (78,0%) quanto para o cromado (81,7%), seguido pelo
grupo 1 (75,4% e 80,4%) e grupo 3 (72,3% e 76,6%).
Entretanto, quando se avaliou ruptura distante do nó, foi
constatado que essa variável apresentaria uma significância
estatística relevante (p=0,0412), já que a variável anteriormente analisada não demonstrou essa relação (p=0,6423); os fios
do grupo 3 apresentaram os maiores valores para os dois
subgrupos analisados (9,2% e 10,4%) seguido pelo grupo 2
(4,6% e 6,4%) e grupo 1 (5,8% e 5,1%). Relacionando nossos
resultados com a pesquisa realizada por Othman et al.9,
observou-se concordância de dados ao afirmar que a maior
parte das rupturas ocorridas acontecem no próprio nó em
conseqüência de essa área sofrer maior pressão e também
estar sobre constante fricção, diminuindo a resistência do fio.
REFERÊNCIAS
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Bras Implant. 1997;3(4):12-7.
2. Domic SP, Cifuentes PK, Juhasz AC, Díaz JC, Pinto PB. Resistencia
tensil de materiales de sutura. Rev Chil Cir. 2000;52(1):49-54.
3. Shimi SM, Lirici M, Vander Velpen G, Cuschieri A. Comparative study
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ligature materials. Surg Endosc. 1994;8(11):1285-91.
4. Scholz KC, Lewis Jr RC, Baterman R. Clinical failure of polyglycolic
acid surgical suture. Surg Gynecol Obstet. 1972;135(4):525-8.
5. Batista FC, Batista JR, Fronza BR. Características microscópicas de
superfície e biocompatibilidade dos fios de sutura mais utilizados na
cirurgia bucal. BCI Curitiba. 2002;9(35):243-9.
6. Taylor FW. Surgical knots. Ann Surg. 1938;107(3):458-68.
7. Herrmann JB. Tensile strength and knot security of surgical suture
materials. Am Surg. 1971;37(4):209-17.
8. Shaw RJ, Negus TW, Mellor TK. A prospective clinical evaluation of
the longevity of resorbable sutures in oral mucosa. Br J Oral Maxillofac
Surg. 1996;34(3):252-4.
9. Othman MO, Qassem W, Shahalam AP. The mechanicals properties
of catgut in holding and bonding fractured bones. Med Eng Phys.
1996;18(7):584-90.
CONCLUSÕES
Para os fios de categute simples, o fabricante que obteve os
melhores resultados de resistência tênsil foi o Bioline®. Para os
fios do tipo categute cromado, pode-se afirmar que o fabricante
que apresentou as melhores especificações sobre os critérios
avaliados nesse experimento foi o Somerville®. Os maiores
valores de resistência à tração observada entre os categutes
simples sugerem que sejam realizadas pesquisas com uma
maior amostra, visto que, até o presente momento, não existem
estudos para elucidar tal questão.
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Artigo 04 - Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço