Relato de Pesquisa/Research Reports
Ciências Biológicas e Meio Ambiente
ISSN 2176-9095
Science in Health
2011 jan-abr; 2(1): 17-9
A PARAFINA GEL UTILIZADA COMO MEIO DE ESTOCAGEM PARA PEQUENOS VERTEBRADOS
DIAFANIZADOS
The paraffin gel used as a storage medium for small vertebrates diaphanized.
Sidney Gerônimo*
Thássia do Rosário Leite*
Resumo
Abstract
Este trabalho apresenta um novo método para estocagem
e conservação de espécimes de pequenos vertebrados
submetidos à técnica modificada de diafanização. O objetivo da técnica é colorir ossos e cartilagens, e deixar translúcidos tecidos moles, através do uso da glicerina. Este novo
método garante uma durabilidade maior aos exemplares
que serão utilizados como material didático nas áreas de
Ciências Biológicas.
This paper presents a new method for storage and preservation of specimens of small vertebrates that underwent
the modified technique for clearing. Aiming to color bones
and cartilage, and soft tissues leaving translucent strives by
the use of glycerin. This new method ensures a longer shelf
life to dogs that will be used as didactic material in the biological sciences.
Descriptores: Trasillumination • Staining and labeling.
Descritores: Transiluminação • Coloração e rotulagem.
*Universidade Cidade São Paulo – UNICID Ciências Biológicas email: [email protected]; [email protected]
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Artigos Originais/Original Articles
Ciências Biológicas e Meio Ambiente
Gerônimo S, Leite TR. A parafina gel utilizada como meio de estocagem para pequenos vertebrados diafanizados
São Paulo • Science in Health • 2011 jan-abr; 2(1): 17-9
ISSN 2176-9095
gel.
Cada espécime foi mergulhado em parafina gel
previamente derretida a 70ºC. Foram levados à estufa, por 20 minutos, para a eliminação de bolhas. Em
seguida, foram retirados e deixados à temperatura
ambiente para solidificação da parafina. Após o resfriamento e solidificação, as caixas foram fechadas e
ficaram completamente vedadas, tornando-se resistentes ao manuseio e ao transporte.
Este novo método proporciona o aproveitamento de animais já fixados ou diafanizados, e diminui a
necessidade de sacrifício de outros.
Introdução
O artigo de Richard Wassersug (1976) descreve
uma técnica de coloração de cartilagens e ossos e
clareamento de tecidos moles com glicerina em pequenos vertebrados. A coloração das cartilagens é
feita com Alcian Blue, um corante que tem afinidade
pelos polissacarídeos sulfatados da matriz cartilaginosa, enquanto a coloração dos ossos é feita com
Alizarina Red, um corante que tem afinidade por sais
de cálcio. O clareamento de tecidos moles é realizado com o uso de solução de Hidróxido de Potássio
a 5% e glicerina e o método de conservação convencional é a glicerina pura. A proposta deste trabalho é
utilizar a técnica de diafanização e testar novos meios
para conservação e estocagem dos espécimes com a
manutenção da coloração e estrutura morfológica.
O material proposto para este teste é a utilização
da parafina gel, como um meio mais resistente que
a glicerina, em relação ao manuseio e ao transporte
das peças por este fixado, o que protege mais as peças de pequenos impactos e permite que o material
fique exposto de modo a mostrar todos os detalhes
de ossos e cartilagens sem causar alteração nos resultados da técnica.
Resultados
Os espécimes que foram diafanizados apresentaram ossos e cartilagens corados em vermelho e
azul intensos, respectivamente, e tecidos musculares
translúcidos.
O emblocamento em parafina gel apresentou-se
satisfatório, a parafina gel ficou uniforme, sem a presença de bolhas de ar, e o exemplar diafanizado ficou
exposto de maneira a demonstrar todos os detalhes
dos ossos e cartilagens. A parafina mantém a qualidade esperada e não altera sua translucidez com o
passar do tempo. As peças continuam translúcidas e
coloridas mesmo alguns anos depois do experimento.
Metodologia
Foram utilizados 10 exemplares de Rana catesbeiana em diferentes fases do ciclo de vida: antes,
durante e após a metamorfose.
Esses espécimes foram sacrificados por congelamento, fixados em formol a 10%, eviscerados e lavados. Ficaram imersos em solução de Alcian Blue por
48 horas para coloração das cartilagens e passaram
por uma bateria de etanol em diferentes concentrações para hidratação, conforme a técnica demonstrada por Mahecha1 (1994).
Após este processo, as peças foram mergulhadas
em solução de hidróxido de potássio para maceração
e remoção de tecidos adiposos. Foram colocados em
solução de Alizarina Red por 48 horas para coloração dos ossos. A fase de clareamento dos tecidos
moles foi feita por baterias crescentes de soluções
aquosas de glicerina, até se alcançar glicerina pura.
Wassersung2 (1976).
Os exemplares ficaram sobre guardanapos para
absorção do excesso de glicerina. Foram confeccionadas caixas de acrílico de acordo com o tamanho
de cada exemplar para o emblocamento em parafina
Discussão e Conclusões
O procedimento de dissecar o espécime após sua
fixação em formol a 10%, segundo Wassersug2, é inconveniente durante as etapas do processo. Após a
fixação, a pele torna-se mais resistente e difícil de
ser removida, causando desarticulação dos dedos e
da cauda. Esse procedimento se mostra mais satisfatório ao realizar a dissecaçao logo após o sacrifício,
pois não causa desperdício dos espécimes.
Conforme o procedimento indicado pelo autor,
o clareamento dos tecidos moles deve ser realizado por solução de glicerina e água destilada, porém
os resultados mostram um clareamento superficial.
Comparando e testando a técnica proposta por Buononato3, os espécimes atingem um clareamento total
se deixados em solução de glicerina e hidróxido de
potássio e depois transferidos para a parafina gel.
Os resultados satisfatórios permitirão a formação
de um acervo didático para o estudo da Anatomia
comparada de pequenos vertebrados. As peças pre-
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paradas com parafina gel e caixas de acrílico garantem
uma maior durabilidade dos exemplares e se tornam
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um material resistente ao manuseio em aulas práticas e também ao transporte, pois não sofrem com o
problema de vazamento, como no caso da glicerina.
Referências
1.
ahecha, GAB. et al. Técnica modificada de diafanização e coloração diferencial de
M
cartilagens e ossos em pequenos vertebrados. Rev Bras de Ciências Morfol, 1994,
11(2):204-7
2.
assersug, RJ. A procedure for differential staining of cartilage and bone in whole
W
formalin-fixed vertebrates. Stain Technology, 1976, 51(2):131-4
3.
uononato, M.A. Preparação de serpentes para coleção científica e museu. Bioterium,
B
1-10, S/D
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