OS IMPACTOS do LANÇAMENTO dos EFLUENTES das LAVANDERIAS no
CÓRREGO BARRO PRETO do MUNICÍPIO de TRINDADE – GO
THE IMPACTS of the RELEASE of EFLUENTES of the LAUNDRIES in the
STREAM BARRO PRETO of the MUNICIPAL DISTRICT of TRINDADE - GO
_______________________________________________________________________________________
RICARDO DE TOLEDO BARCELOS
Acadêmico do curso de Engenharia Ambiental, da Universidade Católica de Goiás.
OSMAR MENDES FERREIRA
Engenheiro Sanitarista, Técnico da Agência Goiana de Meio Ambiente e Professor do
Departamento de Engenharia da Universidade Católica de Goiás.
RESUMO
O estudo dos impactos gerados pelo lançamento dos esgotos das Lavanderias
instaladas no município de Trindade – Goiás, na bacia do Córrego Barro Preto,
principal curso d’água que drena da área urbana, foi feito através de análise
crítica dos esgotos desses lançamentos, comparando-se com a legislação em
vigor. Os despejos líquidos gerados pelas lavanderias das indústrias têxteis
apresentam compostos orgânicos e inorgânicos, os quais são responsáveis pela
produção de esgoto com características diversas, especialmente Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO) média de 650mg/L, Potencial Hidrogeniônico (pH)
com variação de 8 a 11,2, grande volume de Sólidos Sedimentáveis (SP) e
consumo excessivo d’água, podendo chegar até 1,74L/s. Poucas lavanderias
tratam seus esgotos adequadamente devido à falta de espaço suficiente e/ou à
falta de gerenciamento dos mesmos, descartando-os no sistema público ou no
curso d’água mais próximo, ocasionando grandes impactos negativos de ordem
sanitária ao homem e ao meio ambiente.
PALAVRAS-CHAVE: Tratamento de esgoto de lavanderias; demanda bioquímica
de oxigênio; consumo de água; impactos negativos; curso hídrico.
ABSTRACT
The study of the impacts generated by the release of the sewers of the Laundries
installed in the municipal district of Trindade - Goiás, in the basin of the Stream
Barro Preto, the main course of water that drains from the urban area, was done
through critical analysis of the sewers of those releases, being compared with the
current legislation. The liquid spillings generated by the laundries of the textile
industries presented organic and inorganic composed, which are responsible for
the sewer production with several characteristics, especially Demand Biochemical
Oxygen (BOD) average of 650mg/L, Potencial Hydrogeniônic (pH) with variation
from 8 to 11,2, great volume of Solids Silted up (SP) and excessive consumption
of water could reach up to 1,74L/s. Few laundries treat their sewers appropriately
due to lack of enough space and/or lack of administration of the same ones,
2
discarding them in the public system or in the closer course of water, causing
great negative impacts of sanitary order to the man and the environment.
KEYWORDS: Treatment of sewer of laundries; demand biochemical oxygen;
consumption of water; negative impacts; river water.
1 INTRODUÇÃO
A cidade de Trindade, localizada na microrregião de Goiânia, abrange
uma área de 846 Km². Sua ocupação teve início à margem direita do Córrego
Barro Preto, que pertence a Bacia do Rio dos Bois, contribuinte do Rio Paranaíba,
formador da Bacia da Prata. Hoje, este curso d’água drena o perímetro urbano
central da cidade, com uma extensão aproximada de 2,4 km.
Na última década, Trindade apresentou um crescimento populacional
de 68%, este índice é superior à Cidade de Goiás que foi de 44%. Esse aumento
populacional acelerado, aliado ao rápido processo de urbanização têm propiciado
inúmeros problemas à infra-estrutura urbana. O vale do Córrego Barro Preto
passou por amplo processo de antropização em virtude desta ocupação urbana
acelerada, neste trecho sua mata ciliar foi devastada, transformando-se num
emissário de esgotos a céu aberto.
O parque industrial de Trindade destaca-se em vários segmentos
tipológicos, especialmente a indústria da confecção, setor ligado diretamente à
produção agrícola do algodão e da indústria têxtil. No âmbito do Estado, a
indústria da confecção desenvolve-se com mais força nos municípios de Goiânia,
Jaraguá e Trindade, formando o triângulo da moda do vestuário em Goiás, com
grande parte de sua produção exportada para outras regiões do país.
Com o crescimento das indústrias de confecção, surgiram as atividades
acessórias e complementares, destacando-se o segmento das lavanderias, que
são as prestadoras de serviços, que realizam operações de lavagem, tingimento,
estonagem e acabamento.
As
lavanderias, nosso
objetivos
de
estudo destacam-se pela
quantidade dos despejos líquidos gerados e por serem um dos principais
responsáveis pelo comprometimento das águas do Córrego Barro Preto.
3
Braile (1993) afirma que os despejos das lavanderias contêm sujeiras
removidas das roupas e substâncias adicionadas na lavagem. O sabão e outros
detergentes presentes na água produzem uma suspensão mais ou menos
permanente de terra e pedaços finos de fibras de tecidos. Em virtude da
prolongada
estagnação
de
tais
elementos,
se
processa
considerável
decomposição por bactérias. Nesse estágio, observa-se apenas uma separação
parcial de sólidos. A eficiência dos sabões e outros agentes de ativação de
superfície aumentam com o emprego de álcalis. Os álcalis mais usados são:
carbonato de sódio, fosfato trissódico e silicatos alcalinos. A soda cáustica é
utilizada em alguns casos, todavia, é mais empregada quando conjugada com
álcalis menos ativo, os quais atuam como agentes de tamponamento. Já os
fosfatos complexos e agentes de remoção têm seu emprego limitado como
amolecedores da água e ajudam a desmanchar o sabão nos tecidos.
Outra característica comum às lavanderias é o grande consumo de
água empregado pelas máquinas, com objetivo de liberar ou dissolver a sujeira
dos tecidos. Esse processo gera grande quantidade de Efluentes Líquidos, com
pH elevado e a presença de diversos tipos de produtos químicos.
Para serem descartados, os efluentes deviriam passar por tratamento
preliminar, antes do descarte na rede pública ou por tratamento físico-químico,
seguido de tratamento biológico antes do lançamento no curso d’água.
Entretanto, poucas lavanderias tratam seus Resíduos Líquidos
adequadamente, que, por estar situadas no aglomerado urbano, tem seus
espaços limitados para instalações de sistema de tratamento de esgoto,
descartando-os sem o devido tratamento nas redes públicas de esgotamento
sanitário e ou nos cursos d’água. Assim, tais lavanderias contribuem com uma
parcela considerável de Carga Orgânica e outros parâmetros como; pH, Cor,
Sólidos Sedimentáveis, que causam os impactos de magnitude significativa ao
Córrego Barro Preto.
1.2 OBJETIVO
No sentido de nortear nossa pesquisa elaboramos um objetivo geral:
4
Apresentar e discutir os impactos causados pelo lançamento dos
resíduos líquidos das lavanderias no Córrego Barro Preto no perímetro urbano de
Trindade – GO
Com o intuito de atingir o objetivo deste estudo, apoiamos-nos em
alguns trabalhos da área, conforme apresentamos a segui.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Goiás está se tornando forte no setor têxtil. É o segundo maior produtor
de algodão entre os estados brasileiros, com um pólo confeccionista desenvolvido
e modernizado, destacam-se os pólos de Jaraguá, Trindade, Anápolis, Jataí, Rio
Verde e Catalão (GOIÁS INDÚSTRIA, 2004).
As indústrias têxteis constituem fator de grande importância na
economia brasileira, “devido a sua grande expansão, nas últimas décadas, prevêse o aparecimento de leis mais rígidas regulamentando a qualidade de seus
efluentes” (BRAILE, 1993).
O processo industrial e os despejos líquidos gerados pelas lavanderias
das indústrias têxteis, variam à medida que a pesquisa e o desenvolvimento
produzem novos reagentes, novos processos, novos maquinários, novas técnicas
e, também, de acordo com a demanda do consumo por outros tecidos e cores
(CETESB, 1991).
“Os efluentes deverão passar por processos de tratamento
antes do descarte na rede pública ou em córrego, rios etc. O
órgão ambiental de cada Estado deve ser consultado para
verificação dos padrões em vigor” (ANEL, 1996).
Segundo Braile (1993), as lavanderias de um modo geral não fazem
tratamento algum de seu despejos, antes de lançá-los nas redes de esgotos ou
cursos d’água. Os tratamentos podem ser por meio químico seguido por
sedimentação e/ou filtração. A quantidade de reagentes químicos necessários
para tratar esses efluentes variará com o pH dos despejos e é aconselhável
investigarem os melhores tipos de tratamento em função da variação dos níveis
do pH.
5
2.1 Parâmetros importantes na caracterização das águas residuárias das
lavanderias.
De acordo com as definições apresentadas na apostila do Curso de
Gestão Ambiental da Faculdade Cambury Sergia (1999), os parâmetros
estudados neste caso e suas influências no Recurso Hídrico são: o potencial
hidrogeniônico, a demanda bioquímica de oxigênio, a demanda química de
oxigênio, o oxigênio dissolvidos, a cor, os metais pesados e os sólidos
sedimentáveis, os quais serão apresentado a seguir.
a) Potencial Hidrogeniônico
O Potencial Hidrogeniônico (pH) defini o caráter ácido, básico ou neutro
de uma solução, Ele deve ser considerado nos corpos hídricos porque os
organismos aquáticos, geralmente adaptados às condições de neutralidade,
sofrem sérias conseqüências com alterações bruscas do pH da água, podendo
até levar à sua morte. Valores do pH fora das faixas recomendadas podem alterar
o sabor da água e contribuir para corrosão do seu sistema de distribuição,
ocorrendo com isso, uma possível extração do ferro, cobre, chumbo, zinco e
cádmio, o que dificulta a descontaminação das águas.
b) Demanda Bioquímica de Oxigênio
A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) de uma água é a
quantidade de oxigênio necessário para oxidar a matéria orgânica por
decomposição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica estável. A DBO é
normalmente considerada como a quantidade de oxigênio consumido durante um
determinado período de tempo, numa temperatura de incubação específica. Um
intervalo de 5 dias numa temperatura de incubação de 20ºC é frequentemente
usado e referido como DBO520°C. Os maiores aumentos em termos de DBO, num
corpo d’água, são provocados por despejos de origem predominantemente
orgânica. A presença de um alto teor de matéria orgânica pode induzir à completa
6
extinção do oxigênio na água, provocando o desaparecimento de peixes e outras
formas de vida aquática.
Um elevado valor de DBO pode indicar um incremento da micro-flora
presente e interferir no equilíbrio da vida aquática, além de produzir sabores,
odores desagradáveis. Além disso pode obstruir os filtros de areias utilizadas nas
estações de tratamento de água. Pelo fato da DBO somente medir a quantidade
de oxigênio consumido num teste padronizado, não indica a presença de matéria
não biodegradável, nem leva em consideração o efeito tóxico ou inibidor de
materiais sobre a atividade microbiana.
c) Demanda Química de Oxigênio
Demanda Química de Oxigênio (DQO) é a quantidade de oxigênio
necessária para a oxidação da matéria orgânica de um agente químico. Os
valores da DQO são maiores que os da DBO, sendo o teste realizado num prazo
menor e em primeiro lugar, servindo os resultados de orientação para o teste da
DBO. O aumento da concentração de DQO num corpo d’água se deve
principalmente aos despejos de origem industrial.
d) Oxigênio Dissolvido
A presença de oxigênio dissolvido (OD) na água é fator de grande
importância na sua qualidade. Existem três mecanismos principais de introdução
desse gás na água. O primeiro se dá por meio do contato entre água e a
atmosfera, quando o oxigênio vai sendo disseminado no corpo hídrico, através de
sua superfície. O fenômeno é lento.
O segundo mecanismo é semelhante ao primeiro, mas acelerado pela
turbulência na superfície livre do líquido, provocada por uma queda d’água ou
pelo vento.
O terceiro mecanismo se dá dentro do próprio corpo hídrico, por
organismos clorofilados, principalmente algas e plantas, por meio da fotossíntese.
Esse fenômeno ocorre em grande escala nos oceanos, mares, lagos e rios e é
considerado o principal regenerador do oxigênio da atmosfera, já que sua
7
produção, em condições normais, excede em muito a capacidade de dissolução
ou consumo do gás pelo próprio meio.
O oxigênio dissolvido é um dos parâmetros mais importantes de que se
dispõe no campo do controle das águas. É um parâmetro fundamental para
verificar e manter as condições aeróbias num curso d’água que recebe material
poluidor. A determinação da quantidade de oxigênio dissolvido é utilizado para
controlar processos de aeração e é indispensável nos estudos das atividades
fotossintetizadoras e da corrosividade da água.
e) Cor
A cor tem pouca significação sanitária, exceto, possivelmente para
indicar a origem da água. A cor é provocada por corantes orgânicos e
inorgânicos. Os padrões de potabilidade limitam a intensidade da cor numa água
potável como aceitável até 10 mg/L e de preferência menor que 5,0 mg/L.
f) Metais Pesados:
Geralmente todos os metais pesados apresentam agressividade aos
organismos aquáticos. Metais como o cromo, chumbo, mercúrio, cádmio, cobre,
etc. são normalmente nocivos ao homem, à agricultura e a pecuária, seja na
forma direta (uso na água) ou através da cadeia alimentar.
g) Sólidos Sedimentáveis
Por definição, o teor de sólidos sedimentáveis (SP) de um despejo é o
volume de sólidos que se deposita no fundo de um cone Imhoff após um tempo
determinado de repouso do líquido.
O teste procura medir a quantidade de sólidos em suspensão grosseira
que pode ser retida por decantação simples, correspondendo ao material que, na
disposição do despejo nos rios, poderia ser o principal formador dos bancos de
lodo. Na legislação federal, o teor máximo aceito para a disposição dos despejos
é de 1 ml/L após uma hora de decantação.
8
2.2 Tratamento dos despejos das lavanderias
Os despejos das lavanderias, antes de serem descartados, devem ser
submetidos a operações tratamento físico-químicos ou primários e biológicos ou
secundários.
O tratamento preliminar ou primário tem por objetivo preparar o
efluente para ser tratado biologicamente e remover os sólidos grosseiros,
sedimentáveis ou flutuantes, evitando assim, problemas na rede hidráulica da
estação, o que proporciona uma melhor eficiência nas etapas seguintes.
O tratamento biológico ou secundário tem por objetivo reduzir o teor de
matéria orgânica biodegradável remanescente, que não foi possível remover nos
tratamentos anteriores.
3 METODOLOGIA
3.1 Obtenção das informações
-
Foram realizadas visitas de campo nos dias 14 de fevereiro de 2005
e 30 de abril de 2005, para identificação do cenário estudado,
acompanhado pela presença de um técnico da Agência Ambiental
de Goiás;
-
Os dados de caracterização das lavanderias instaladas em Trindade
foram obtidos junto ao banco de dados da Agência Goiana do Meio
Ambiente,
oriundas
do
Memorial
de
Caracterização
dos
Empreendimentos licenciados;
-
Junto a Diretoria Regional de Saneamento de Goiás S.A. de
Trindade foram obtidos os dados referentes ao número de
lavanderias cadastradas e as usuárias da rede pública de esgoto,
assim como à vazão diária dos efluentes líquidos, recebidos pelo
Sistema Público de Esgoto;
-
Os
produtos
químicos
utilizados
pelas
lavanderias
e
suas
implicações nas características dos efluentes gerados foram
9
levantados junto às empresas visitadas e nas fontes bibliográficas
(referenciadas);
-
A quantificação do volume de esgoto gerado pelas lavanderias e
lançados na rede pública e diretamente no leito do Córrego Barro
Preto, foram levantados junto às empresas visitadas;
3.2 Métodos Analíticos e Parâmetros Selecionados
As análises dos parâmetros Físico-químico selecionados foram
realizados pela Gerência de Monitoramento Ambiental da Agência Goiana de
Meio Ambiente, no período de 17/05/2000 a 27/04/2004, cujos resultados
obedecem às técnicas preconizadas pelo “STANDARD METHODS FOR THE
EXAMINATION OF WATER AND WASTEWATER DA AWWA” e devem ser
interpretadas como parte da composição da amostra no momento da análise.
3.3 Método de Medição de Vazão
Para as determinações de vazão do córrego Barro Preto, utilizou-se o
método do flutuador-integrador (AZEVEDO NETO, 1973), com três repetições de
tempo para uma distância de 10 metros conforme mostra a figura 1.1 e três tomadas
de seção a cada 50 cm como mostra na figura 1.2. A coleta de vazão foi realizada no
mês de abril de 2005 e os resultados encontrados foram:
V= Velocidade média ⇒ 1,224m/s
A= Área da seção do Córrego ⇒ 0,1675 m²
Q= Vazão do Córrego calculado ⇒ Q = V × A ⇒ 0,205 m³ /s
Figura 1.1: Mostra a medição de velocidade
da água do Córrego Barro Preto
Figura 1.2: Mostra a medição da profundidade
leito do Córrego.
do
10
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resíduos resultantes das várias seções das lavanderias constituem
em sua maioria, de compostos orgânicos (amido, dextrina, gomas, glucose,
graxas, pectina, álcoois, acido acético, sabões e detergentes) e inorgânicos
(hidróxido de sódio, carbonato, sulfato e cloreto).
O uso desses produtos que possuem baixo valor de tamponamento
eleva o valor do pH. Na figura 2, ilustra a variação e verifica-se que os valores
situaram-se na faixa compreendida entre 8 a 11 unidades de pH. Valores
elevados podem indicar efeitos fisiológicos, formação de incrustações ou
dificuldades na cloração.
Outro fator a ser considerado são os organismos
aquáticos que estão geralmente adaptados às condições de neutralidade e, como
conseqüências, as alterações bruscas do pH da água, podem acarretar no
desaparecimento ou funcionar como fator de seleção das espécies da fauna
aquática local.
12,0
11,0
10,2
10,0
8,0
PH
10,1
9,0
8,0
6,0
4,0
2,0
40
60
70
100
150
Q(m³/dia)
Figura 2: Avaliação da variação do pH dos despejos
Quanto aos parâmetros DBO e DQO, cujas tendências de variação
estão apresentadas na figura 3, verifica-se alta concentração da DQO, sendo o
maior valor registrado de 3248 mg/L e o menor de 988 mg/L. A concentração de
DBO apresentou-se menor comparado à concentração de DQO. No entanto,
estes resultados também tiveram grandes concentrações variando de 550 mg/L a
800 mg/L. Essas relações determinadas durante o trabalho apresentaram-se
sempre superiores ao valor permitido para lançamentos nos corpos receptores
11
conforme os padrões de emissão, sendo permitido DBO520 no máximo de 60mg/L,
necessitando, portanto, da adoção de sistema de tratamento antes do lançamento
no leito do Córrego Barro Preto.
(mg/L) DBO
e DQO
(mg/L) DBOind
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
(mg/L) DQO
3248
1856
1466
1248 988
600
40
800
700
60
70
600
100
550
150
Q (m ³/dia)
Figura 3: Correlação entre DBO e DQO
A figura 4 apresenta a relação entre a concentração de cloretos e
vazão do despejo. Nota-se que houve uma oscilação na concentração de cloreto
entre a faixa de 455mg/L a 1,654mg/L. Essa variação independe dos valores de
vazão do despejo, podendo ser característica comum do uso inconstante dos
produtos de tingimento de tecidos em um dos processos das lavanderias.
Embora alguns resultados apresentaram-se superiores a 1000mg/L,
estes valores não são prejudiciais aos organismos vivos. A restrição de sua
concentração está ligada ao gosto que o sal confere à água.
Cloretos
(m g/L)
1.800
1.600
1.400
1.200
1.000
800
600
400
200
0
1.654
1.318
626
527
455
40
60
70
Figura 4: Relação entre vazão e cloreto
100
150
Q(m³/dia)
12
A figura 5 mostra o comportamento da concentração da cor em relação
a vazão do despejo. Analisando o gráfico, verifica-se que 80% dos valores de cor
demonstrados foram acima de 2000mg/LPt, sendo que a maior quantidade atingiu
3540mg/LPt, os 20% restantes tiveram valores correspondentes a 810mg/LPt.
Embora observa-se grande variação e altas concentrações de cor no
efluente estudado. BRAILE (1993), afirma que a cor é provocada por corantes
orgânicos e inorgânicos,
e isso significa que se no processo não houver
utilização de corantes, não ocorrerá grandes concentrações de cor no efluente.
A cor é esteticamente indesejável, pode manchar materiais ou afetar
processos industriais. No tratamento da água pode interferir na etapa de
coagulação. Os padrões de potabilidade limitam a intensidade da cor numa água
potável como aceitável até 10mg/LPt e de preferência menor que 5,0mg/LPt.
Cor
(mg/LPt)
4.000
3.540
3.500
3.120
2.980
3.000
2.270
2.500
2.000
1.500
810
1.000
500
0
40
60
70
100
150
Q(m³/dia)
Figura 5: Avaliação da cor em relação a vazão do despejo.
A figura 6 mostra o comportamento de uma descarga da máquina de
lavar, depois de realizada a operação de lavagem de jeans, observa-se o grande
volume da descarga momentânea causando impacto de chegada no sistema de
tratamento.
13
Figura 6: Máquina de lavar despejando efluentes coloridos.
A figura 7 mostra a relação resultante dos teores de sólidos
sedimentáveis (SP) do despejo depositado no fundo de um cone Imhoff, após um
tempo determinado de repouso do líquido. Verifica-se que os resultados de
sólidos sedimentáveis, quantificados em função da vazão de despejo foram
elevados, sendo que os valores variaram de 300L/dia de sólidos sedimentáveis a
750L/dia. Observa-se que os despejos têm capacidade de gerar grandes cargas
de sólidos sedimentáveis com significadas variações.
Q(m³/dia )
160
140
120
100
80
60
40
20
0
750
900
300
560
400
400
300
560
900
750
SP (L/dia)
Figura 7: Relação entre vazão e concentração de sólidos sedimentados (SP)
14
Os sólidos sedimentáveis quando não passam por sistema de
tratamento físico e são lançados no Córrego podem causar bancos de lodo,
poluição estética (turvação das águas), perturbação à vida dos peixes, etc. O
padrão de emissão em cursos d’água (Legislação Estadual e Federal) é 1mL/L.
A figura 8 mostra a variação da Concentração Orgânica (C. O)
correlacionada com a vazão do despejo. Observa-se que a Carga Orgânica teve
uma relação direta com a vazão do despejo, notando-se um crescimento
contínuo, que os valores de C.O variaram de 24Kg/dia a 83kg/dia, com uma
média de 52,9kg/dia. Neste caso é possível proferir que a poluição aumenta
conforme cresce a vazão do despejo.
Q(m ³/dia)
C.O
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
24
42
56
60
83
C.O (Kg/dia)
Figura 8: Variação da concentração orgânica do despejo
A concentração orgânica total (C.O.T) dos despejos das lavanderias,
apresentada na figura 8 é igual a 264,5 kg/dia, estes resultados, quando
comparado a produção de esgoto de uma população, cuja contribuição per capita
de referência é de 0,054kg/ hab x dia, possui equivalente populacional (E.P) igual
a 4898,15 hab.
C.O.p = Contribuição orgânica per capita ⇒ 0,054 kg/habxdia
C.O.T= concentração orgânica total das industrias ⇒ 265,5 kg/dia
E.P = equivalente populacional ⇒ 4898,15hab.
E.P =
C.O.T .kg / dia
= Habitantes
C.Op.Kg / hab * dia
15
Com relação aos sistemas de tratamento de efluentes das lavanderias
do presente trabalho, nota-se que os métodos utilizados consistem em:
tratamentos físicos, através de gradeamento e em alguns casos complementando
com caixa desarenadora, seguido de tratamento químico, com uso de produtos
químicos como barrílha e cloreto de ferro.
Todas as lavanderias investigadas possuem sistemas de tratamento de
efluentes, no entanto, é fácil perceber operações de formas precárias, pela
ausência de manutenção. A figura 9 e 9.1 mostram que o fluxo do efluente ficou
praticamente obstruído devido a grande quantidade de sólidos grosseiros que
fixam nas grades e telas.
Figura 9: Tela obstruída por falta de limpeza.
Figura 9.1: Grade também obstruída.
No estudo de determinação da concentração da DBO520 no Córrego
Barro Preto, caso seja encontrado valores superiores a 0,24mg/L, nos
lançamentos dos efluentes das lavanderias sem o devido tratamento, poderá
resultar na alteração da classe do curso d’água segundo a resolução 357
(CONAMA, 2005) que classifica os cursos d’água, assim o Córrego Barro Preto
está classificado com classe ll.
Para o cálculo da DBO da mistura, utilizou-se os dados da tabela 1
onde estão apresentados os valores das vazões das lavanderias de Trindade.
Lavanderia
1
2
3
4
5
QTotal
Vazão (Q) m³/dia
150
100
70
60
40
420
Tabela 1: Valores das vazões das lavanderias de Trindade-GO.
16
DBOm =
Qind1 × DBO1 + Qind 2 × DBO 2 + Qind 3 × DBO3 + ...Qindx × DBOx
QI + Q 2 + Q3 + Q 4 + Q5
∑ Qind × DBOm + Qrio × DBO5 rio
∑ Qind + Qrio
20
5=
∑ Qind
⇒ DBO520 = 0,24mg/L
= Somatória da vazão industrial ⇒ 0,0049m³/s
DBOm = Demanda Bioquímica de Oxigênio da Mistura ⇒ 840,6mg/L
Qrio
= Vazão do rio ⇒ 0,205m³/s
5 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos no decorrer do trabalho de
levantamento de dados, avaliação e discussão, conclui-se que:
Os parâmetros dos efluentes das lavanderias apresentam grandes
concentrações de SP, pH, Cloretos, Cor e altos valores de DBO e DQO. Estes
resultados apontam à necessidade desses efluentes receberem tratamentos
adequados conforme as legislações pertinentes, antes de lançados no Córrego
Barro Preto. Cabe aos órgãos ambientais atuarem no controle e fiscalização, no
que diz respeito a conservação do meio ambiente, em particular ao combate à
poluição da água.
A pequena estrutura dos órgãos ambientais em Goiás compromete o
desempenho de suas atividades de monitoramento, fiscalização e licenciamento,
aliado ao descumprimento da legislação ambiental por parte das lavanderias, e a
falta de sistemas de tratamentos de efluentes capazes de promover a redução
das cargas poluidoras, contribuem para o rápido esgotamento do manancial.
Os lançamentos de efluentes sem o devido tratamento no Córrego
Barro Preto podem provocar danos pela contaminação de seus cursos hídricos,
levando a mortalidade e/ou seleção das espécies da flora e da fauna aquática,
assim como à inviabilizarção o tratamento para o abastecimento doméstico,
processamentos alimentícios, e a dessedentação de animais e a irrigação de
hortaliças.
17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS DE LAVANDERIA-ANEL. Guia de
Recomendações e Procedimentos para Lavanderias Hospitalares: Externa e
Interna. São Paulo. 1996. p. 42.
BRAILE, P. M. e CAVALCANTI, J. E.W. A. Manual de Tratamento de Águas
Residuárias Industriais. São Paulo. CETESB. 1993. p. 762.
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