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Autorregulação da aprendizagem e a procrastinação acadêmica em estudantes
universitários
Rita Karina Nobre Sampaio
Soely Aparecida Jorge Polydoro
Pedro Sales Luís de Fonseca Rosário
Resumo
Todo estudante é capaz de autorregular sua aprendizagem, ou seja, monitorar,
regular e controlar sua cognição, motivação e comportamento tendo em vista seus
objetivos. Contudo, alguns procrastinam tarefas acadêmicas, podendo prejudicar a
aprendizagem e o desempenho. A procrastinação se caracteriza pelo adiamento não
estratégico de ações, decorrente da disfuncionalidade no processo de
autorregulação. O presente estudo objetivou descrever e analisar a relação entre a
autorregulação da aprendizagem e a procrastinação acadêmica de universitários.
Participaram 663 estudantes, entre 18 e 56 anos, que consentiram responder ao
Inventário de Autorregulação da Aprendizagem e à Escala de Procrastinação
Acadêmica. O conjunto de resultados indicou que os universitários da amostra
autorregulam a aprendizagem entre algumas e muitas vezes, bem como,
apresentam índices de procrastinação entre poucas a algumas vezes. Além disso,
houve correlação negativa e significante entre a procrastinação acadêmica e a
autorregulação da aprendizagem.
Palavras-chave: Procrastinação; Aprendizagem Autorregulada; Ensino Superior;
Psicologia Educacional
Self-regulation of learning and academic procrastination in college students
Abstract
Students areable to self-regulate their learning, in the other words, monitor, regulate
and control their cognition, motivation and behavior oriented by their learning goals.
However, some students procrastinate their academic tasks, this way affecting their
learning and academic achievement. Academic procrastination has been
characterized by the postponement of non-strategic actions, resulting
from dysfunction in the process of self-regulation. The current study aimed at
analyzing the relations between self-regulation learning and academic
procrastination. The sample was comprised by 663 students, between 18 and 56
years, who agreed to participate. The results show that students can self-regulate
their learning from a few to many times, and also had rates of procrastination from a
few to several times. There was found a negative and significant correlation between
academic procrastination and self-regulation learning.
Key words: Procrastination; Higher Education; Educational Psychology.
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INTRODUÇÃO
A autorregulação tem adquirido um importante espaço nas discussões
sobre o aprendizado em ambiente escolar e acadêmico. Diversas abordagens da
Psicologia têm procurado compreender e explicar a autorregulação da aprendizagem
(ARA) ou Self-regulation Learning (SRL), tais como a teoria fenomenológica, a sóciohistórica, a social cognitiva, entre outras (SOUZA, 2006; BORUCHOVITCH, 2004;
ZIMMERMAN, 2001; ZIMMERMAN; SCHUNK, 2001). Embora, essas e outras
teorias discordem em muitos pontos, há um consenso de que a autorregulação da
aprendizagem se trata do grau em que os estudantes ativam metacognitiva,
motivacional e comportamentalmente seu próprio processo de aprendizagem
(ZIMMERMAN, 2001; PINTRICH, 2000; ZIMMERMAN, 1986).
O presente estudo trata a autorregulação da aprendizagem segundo a
visão da Teoria Social Cognitiva (TSC), visto que esta se centra em princípios
integrativos que operam em distintas esferas do funcionamento humano, uma vez
que considera o indivíduo como um ser agente que atua e sofre influencias
recíprocas das dimensões: ambientais, pessoais e comportamentais (Bandura, 2008;
1991). Pesquisadores da TSC têm compreendido esse construto, como um processo
consciente e autodirigido, que envolve agência, autonomia e estratégias, sendo
ativamente construída sob critérios e metas de aprendizagens. A autorregulação é
ainda entendida como o controle e a regulação do próprio estudante sobre seus
pensamentos, sua cognição, afeto, motivação, comportamento e ambiente em prol
de objetivos acadêmicos (ROSÁRIO, 2004b; ZIMMERMAN, 2001; BANDURA,
1991).
A autorregulação do aprender trata-se de um processo cíclico, dinâmico e
integrado, que se retroalimenta a partir do feedback das experiências de
aprendizagem do próprio aluno (Zimmerman, 2001). Segundo Zimmerman (1998;
2001) há três fases principais: antecipação, controle volitivo e autorreflexão. Em
cada uma dessas, o estudante deve dominar um conjunto de estratégias que
permitem a esse, assumir controle e responsabilidade em seu processo de
aprendizagem. O estudante com bom grau de autorregulação, ao iniciar uma
atividade, necessita, primeiramente, fazer uma análise prévia da mesma (criar
metas,
planejar,
escolher
estratégias),
assim
como
estabelecer
crenças
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motivacionais adequadas à situação (e.g, autoeficácia; expectativa de resultado;
interesse/valor intrínseco). No decorrer da atividade, é importante que o aluno
consiga autocontrolar seu foco nas tarefas e em seu desempenho (fazendo uso de
autoverbalização de ações, de imagem mental), sendo essencial a auto-observação
para colher informações sobre a extensão de seu progresso ou não, frente à meta
traçada. A última etapa da autorregulação trata de processos que ocorrem após os
esforços da aprendizagem, no qual o estudante se autoavalia e autorreage ao
resultado obtido, o que acaba impactando ciclicamente suas ações futuras
(ZIMMERMAN, 2001, 1998; ZIMMERMAN; SCHUNK, 2004).
Esse modelo de aprendizagem autorregulada proposto por Zimmerman
(1998) subsidia a proposta de Rosário (2004b), que entende a autorregulação como
um processo ativo, no qual o estudante monitora, regula e controla sua cognição,
motivação e comportamento tendo em vista a conquista dos objetivos de
aprendizagem estabelecidos (ROSÁRIO, 2004b). Nesse modelo, a ARA se
desenvolve em três fases recorrentes: o planejamento; a execução e a avaliação de
tarefas. O autor não propõe apenas, ao processo autorregulatório, um ciclo
sequenciado, mas uma dinâmica cíclica e interativa, na qual cada uma das fases se
interpenetram e operacionalizam em si próprias todo o processo geral citado
(ROSÁRIO, 2004b, 2007; ROSÁRIO et al, 2007). Desse modo, ao planejar uma
ação o estudante também executa e avalia ao mesmo tempo e assim
sucessivamente (ROSÁRIO, 2004b, 2007). Esse modelo foi intitulado por Rosário
(2004b) como PLEA (Planejamento, Execução, Avaliação).
A autonomia e as responsabilidades, inerentes ao processo de
autorregulação, iniciam-se com o planejamento da tarefa (ROSÁRIO, 2007). Esse
momento envolve a análise da tarefa, o estudo de recursos pessoais e ambientais
para desenvolvê-la, o estabelecimento de objetivos e, por fim, um plano para atingir
a meta desejada. A fase de execução traz a implementação de estratégias visando à
consecução da meta traçada. Além de utilizar as estratégias selecionadas o
estudante precisa automonitorar a eficácia dessas. Na avaliação ocorre a análise
entre o objetivo proposto e o resultado do processo, sendo fundamental que haja
possibilidade de que as estratégias utilizadas possam ser reformuladas e adaptadas
aos aspectos cognitivos, motivacionais, comportamentais e contextuais envolvidos
na atividade (ROSÁRIO et al., 2005; Rosário, 2004b). Frisa-se que as etapas da
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autorregulação da aprendizagem são apresentadas de forma separada meramente
por motivos didáticos, pois são processos integrados e dinâmicos.
Para os pesquisadores da temática, em algum nível, todo estudante é
capaz de autorregular sua aprendizagem (ROSÁRIO, 2007, 2004b; ZIMMERMAN;
SCHUNK, 2004). Contudo, alguns o fazem de forma menos eficiente. Quando a ARA
é realizada de modo inadequado há margem para diferenças marcantes, no que se
refere aos métodos, às crenças e aos comportamentos utilizados no processo de
aprendizagem, podendo culminar em eventos prejudiciais, como a procrastinação
(ZIMMERMAN, 1998).
De modo geral, a procrastinação é um fenômeno, relativamente, comum
entre estudantes, sendo, geralmente, tido como prejudicial à vida acadêmica
(SCHOUWENBURG, 2004). Frequentemente, os universitários precisam lidar com
inúmeras tarefas acadêmicas e de estudo, simples e complexas, que, muitas vezes,
apresentam
prazos
simultâneos
e
concorrentes
entre
si
(PASCARELLA;
TERENZINI, 2005). Considerando que a não realização ou o atraso dessas
atividades, pode prejudicar o desempenho acadêmico e o próprio processo de
autorregulação da aprendizagem, acredita-se ser pertinente compreender a natureza
da relação entre a autorregulação da aprendizagem e a procrastinação acadêmica.
Os estudos revelam grande pluralidade de interpretações, definições e
abordagens teóricas no estabelecimento da gênese e da definição da procrastinação
(SCHRAW, WADKINS; OLAFSON, 2007; STEEL, 2007; SCHOUWENBURG, 2004).
Entre os modelos explicativos, destacam-se dois posicionamentos teóricos
principais, os quais entendem a procrastinação como: um traço ou como um
comportamento (SCHOUWENBURG, 2004; MILGRAM, MEY-TAL; LEVISON, 1998).
Logo, tal fenômeno pode ser entendido como um hábito generalizado ou traço da
personalidade. Ou, ainda, como uma disposição comportamental, que se manifesta
diante de situações ambientais diversas (FERRARI, 2004; SCHOUWENBURG,
2004).
O presente estudo adota a perspectiva de que a procrastinação resulta de
influências menos estáveis, determinadas por situações ambientais. Desse modo,
compreende a procrastinação acadêmica como um fenômeno dinâmico e complexo,
que envolve aspectos pessoais, comportamentais e ambientais e que se caracteriza
pelo adiamento não estratégico de ações (MONTEIRO, 2009; COSTA, 2007;
SCHOUWENBURG, 2004), envolvendo, sobretudo, o adiamento de atividades de
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estudo, tais como, o estudo diário ou para provas (BESWICK, ROTHBLUM; MANN,
1988; SOLOMON; ROTHBLUM, 1984). Implica ainda no comportamento de adiar,
que se manifesta no “espaço” entre a intenção de estudar e o comportamento de
estudo propriamente dito, alude ainda a protelar o início ou a conclusão de um curso
de ação ou decisão voltado ao estudo e na preferência por outras atividades menos
prioritárias (SCHOUWENBURG, 2004; MILGRAM, MEY-TAL; LEVISON, 1998). A
manifestação da procrastinação vai além das contingências comportamentais e
ambientais e envolve um repertório pessoal, constituído por conjunto de
experiências, de valores morais, de percepções, de crenças e expectativas, entre
outros. Em acordo com a perceptiva da TSC, crê-se que toda situação deve ser
analisada como um processo interconectado que é determinado reciprocamente por
influências ambientais, por fatores pessoais e pelo comportamento (BANDURA,
2008). Reitera-se que essa é a perspectiva adotada para compreensão da
procrastinação acadêmica neste artigo.
Pesquisas recentes têm compreendido a procrastinação como uma falha
no processo de autorregulação da aprendizagem (MONTEIRO, 2009; KLASSEN;
KUZUCU, 2009; KLASSEN, KRAWCHUK; RAJANI, 2008; STEEL, 2007; COSTA,
2007). Estudantes que procrastinam contrastam com aqueles que autorregulam sua
aprendizagem de modo adequado. Primeiramente, porque os estudantes que fazem
a autorregulação da aprendizagem possuem bom conhecimento sobre estratégias
de aprendizagem e as utilizam de forma adequada. Segundo, porque utilizam a
metacognição de forma qualificada, pois refletem sobre o próprio processo de
aprendizagem e possuem estratégias para monitorar, controlar e atuar sobre o
próprio comportamento em prol da aprendizagem. Por fim, exibem crenças
motivacionais favoráveis, como a percepção de autoeficácia e a orientação para
meta-aprender (WOLTERS, 2003). Dessa maneira, esses estudantes tendem a
conseguir gerenciar sua aprendizagem de forma autônoma, independente e ativa,
em diferentes contextos (ROSÁRIO, 2004b).
Estudos indicam uma relação negativa e estatisticamente significante
entre a autorregulação da aprendizagem e a procrastinação nos estudos. Portanto, à
medida que o indivíduo autorregula sua aprendizagem com eficiência, tende a
procrastinar menos e vice versa (MONTEIRO, 2009; ROSÁRIO et al., 2009; COSTA,
2007). Há indícios ainda, de que o estudante que procrastina tem dificuldade em
utilizar estratégias autorreguladoras da aprendizagem, podendo ser estas de
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natureza cognitiva ou metacognitiva (VAN EERDE, 2003; WOLTERS, 2003;
FERRARI, 2001), apresentando, por exemplo, dificuldade em planejar e gerir seu
tempo. Geralmente, as ações proteladas não são justificadas por imprevistos ou por
algum tipo de prioridade, tão pouco em função da aquisição de benefícios ou de
utilidades percebidas por adiar (COSTA, 2007; ROSÁRIO, NÚÑEZ, PIENDA, 2006;
ROSÁRIO, 2004b; KERBAUY, 1997), logo, não há nesse adiamento interesses préestabelecidos, preferências e metas lógicas de natureza material ou psicológica
(STEEL, 2007; MILGRAM; MEY-TAL; LEVISON, 1998; BURKA; YUEN, 1991). Além
disso, estudantes procrastinadores tendem a não resistir a distratores, sendo mais
propensos a substituir a execução de tarefas acadêmicas por alternativas mais
atrativas e que oferecem retorno imediato, como ocorre com o uso de redes sociais
da internet (por exemplo: facebook, twitter, MSN), com dispositivos eletrônicos
(como Ipods e Iphones) ou ainda, ao assistir à televisão, encontrar amigos e
participar de eventos sociais do campus, entre outros (KLASSEN; KUZUCU, 2009;
KLASSEN, KRAWCHUK; RAJANI, 2008). Além disso, também podem ter
dificuldades de enfrentamento da tarefa em si e seus resultados. O engajamento
constante na procrastinação acadêmica pode colaborar com o processamento
superficial das informações e com um desempenho acadêmico abaixo do esperado,
portanto, justificam-se as investigações que buscam ampliar o conhecimento sobre a
natureza da procrastinação acadêmica na população estudantil do ensino superior.
Conforme descrito, a autorregulação é um processo construído, que
passa por diversas etapas até ser consolidado. Contudo, alguns estudantes
apresentam ARA disfuncional, e desenvolvem, por exemplo, comportamento de
procrastinar, que pode prejudicar não apenas seu processo de aprendizagem, mas
também o desempenho acadêmico. Desse modo, o presente estudo busca analisar
e descrever a percepção dos estudantes universitários sobre a autorregulação da
aprendizagem e a procrastinação acadêmica. Bem como, verificar a natureza da
relação existente entre essas variáveis.
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MÉTODO
Este trabalho compõe um projeto mais amplo, intitulado “Variáveis
envolvidas no processo de aprendizagem de estudantes universitários”, inserido nas
ações do Grupo de Pesquisa Psicologia e Educação Superior (PES), da Faculdade
de Educação da Universidade Estadual de Campinas. O projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 0061.0.146.000-10).
PARTICIPANTES
Compuseram a amostra desta pesquisa 663 universitários que aceitaram
participar de forma livre e esclarecida da pesquisa. Os participantes selecionados
eram de oito Universidades diferentes, sendo três privadas e cinco públicas. Os
estudantes da amostra eram predominantemente do sexo feminino (459; 69,44%). A
maioria dos universitários era solteiro (n=582; 87,78%), ao passo que 67 (10,11%)
eram casados, nove (1,36%) relataram algum tipo de união estável e os demais
eram divorciados (n=5; 0,75%). Quanto à idade, os participantes apresentaram um
perfil heterogêneo, sendo que esta variou de 18 a 56 anos, com média de 22,76
anos (desvio padrão 5,75) e mediana de 21 anos. Desse modo, a maior parte dos
estudantes estava na faixa de 18 a 21 anos de idade (n=380; 57,49%) e os demais
ficaram na faixa etária acima de 21 anos (281; 42,51%).
VARIÁVEIS E INSTRUMENTOS
Para contemplar o objetivo estabelecido para o presente estudo utilizouse, além do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido — TCLE (via pesquisador
e participante), uma ficha de identificação e dois instrumentos: o Inventário de
Autorregulação da Aprendizagem (IPAA) e a Escala de Procrastinação Acadêmica (
EPA), que são detalhados a seguir.
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Ficha de identificação – buscou levantar dados de caracterização
pessoal e acadêmica do participante, sendo constituído por 14 itens. Os elementos
de identificação pessoal referiam-se a: idade, sexo, estado civil, formação escolar
dos pais, exercício de atividade remunerada, e do recebimento de auxílio financeiro
para cursar a educação superior. As características acadêmicas diziam respeito ao
curso, turno e semestre frequentado, além disso, levantavam informações sobre a
escolha do curso, a expectativa de conclusão da graduação e a percepção do
estudante sobre o próprio desempenho acadêmico.
Inventário de Processos de Autorregulação da Aprendizagem Universidade (IPAA) – (ROSÁRIO, 2009b). Este instrumento é uma escala de
autorrelato que procura avaliar processos da aprendizagem autorregulada de
estudantes. Foi validado e aplicado na população portuguesa por Lourenço (2008),
havendo a presença de um único fator-dimensão, denominado autorregulação da
aprendizagem. Neste estudo o alpha de Cronbach do instrumento total foi de 0,87.
Esse mesmo alpha é encontrado nos estudos de Costa (2007), Monteiro (2009) e
Rosário e colaboradores (2009). O instrumento engloba três fases do processo de
autorregulação da aprendizagem, a saber: o planejamento, a execução e a
avaliação, que se influenciam e interpenetram de modo dinâmico (ROSÁRIO,
NÚNEZ, GONZALEZ-PIENDA, 2006; ROSÁRIO, 2004b). É constituído por nove
itens em formato Likert de cinco pontos, indicando a frequência de resposta entre (1)
Nunca e (5) Sempre, o escore elevado indica alta percepção de autorregulação da
aprendizagem (ARA) na situação descrita, assim como valores menores indicam
baixa percepção de ARA. A versão portuguesa foi adaptada para o contexto
brasileiro. Em estudo preliminar, por meio da análise fatorial foi excluído um item,
sendo que o IPAA passou a ser composto por oito itens agrupados em um único
fator-dimensão, que explica 36,47% da sua variância. O alpha de Cronbach obtido
para a escala foi de 0,75. A partir dessa análise psicométrica, o índice total passou a
ser obtido a partir da somatória de todos os itens, divididos por oito (POLYDORO,
ROSÁRIO, SAMPAIO; FREITAS, 2011).
Escala Procrastinação Acadêmica – EPA. Este instrumento é uma escala
de autorrelato, que visa avaliar comportamentos específicos de procrastinação
durante o estudo. Tem procedência portuguesa e foi validada para o Brasil.
Originalmente é intitulada: ― Questionário de Procrastinação no Estudo (ROSÁRIO
et al., 2009; COSTA, 2007), sendo destinada aos alunos do Ensino Fundamental e
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Médio. No Brasil, o instrumento foi adaptado semântica e culturalmente para a
realidade brasileira e para a educação brasileira. O estudo preliminar sobre a
evidência de validade da escala EPA, por meio da análise fatorial, foram obtidas
duas dimensões com cinco itens cada uma. A Dimensão I: Procrastinação no estudo
para prova refere-se aos comportamentos que interferem no estudo para as
avaliações e explicou 37,3% da variância (autovalor 3,73), com coeficiente de
consistência interna (alfa de Cronbach) de 0,73. A Dimensão II: Procrastinação no
estudo diário trata do adiamento da realização de tarefas em sala de aula, de
trabalhos escolares e do estudo contínuo, este explicou 11,3% da variância
(autovalor 1,13) e o coeficiente do alfa de Cronbach foi de 0,68. O coeficiente de
consistência interna da escala EPA, com dez itens, medido pelo alfa de Cronbach foi
de 0,79; sendo que explicavam 48,5% da variabilidade total. Destaca-se que a
organização fatorial da escala brasileira foi reafirmada na análise fatorial
confirmatória, sendo correspondente à organização da escala original. As
pontuações obtidas para cada uma das dimensões correspondem à soma e média
aritmética de seus itens. As respostas são apresentadas em formato Likert de cinco
pontos indicando a frequência do comportamento entre nunca (1) a sempre (5). A
interpretação da pontuação versa que índices elevados indicam maior probabilidade
em procrastinar, dito de outra forma, valores menores indicam baixa tendência em
apresentar a procrastinação acadêmica (POLYDORO, ROSÁRIO, SAMPAIO;
FREITAS, 2011; SAMPAIO, 2011).
PROCEDIMENTO DE COLETA
A coleta de dados contou com a colaboração de pesquisadores e/ou
docentes das IES envolvidas na pesquisa. A comunicação com esses colaboradores
foi feita pessoalmente ou por meio de correio eletrônico (e-mail) para enviar e
receber as cartas de autorização de coleta dados de cada IES, instruir sobre a
aplicação dos instrumentos e esclarecer possíveis dúvidas. Para as regiões do país
mais distantes os instrumentos foram enviados por correio convencional. Nas IES do
Estado de São Paulo, a maior parte das aplicações foi realizada pelos próprios
pesquisadores. As aplicações iniciaram na segunda quinzena de maio e se
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estenderam até junho de 2010. A aplicação dos instrumentos ocorreu de forma
pessoal e coletiva, após explicação das principais informações contidas no TCLE,
esclarecimento de dúvidas e aceite dos participantes, com duração média 40
minutos.
PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS
A partir dos objetivos adotados, os dados foram analisados utilizando-se a
estatística descritiva e inferencial. Para realizar as análises estatísticas os dados
foram codificados e analisados nos softwares: Statistical Package for Social Science
(SPSS, 17.0) e Statistical Analysis System (SAS). A confiabilidade da digitação dos
dados foi verificada em 20% dos casos, escolhidos de forma aleatória. Para as
análises estatísticas adotou-se o nível de significância de 5%, ou seja, p<0.05. As
respostas de cada um dos itens dos instrumentos utilizados na pesquisa foram
tabuladas, considerando as opções de respostas dos estudantes que variavam de
nunca a sempre, em ambos os instrumentos. A estas respostas foi atribuída uma
pontuação que variou de um (1) ponto para nunca a cinco (5) pontos para sempre.
Para a Escala de Procrastinação Acadêmica (EPA), que apresenta cinco dos dez
itens com sentido negativo, a pontuação desses foi invertida. Além disso, as
respostas dos participantes foram submetidas aos testes estatísticos Shapiro-Wilk e
Kolmogorov-Smirnov, com o intuito de verificar a adequação das mesmas à curva
normal, assim como os valores de assimetria e curtose. Mesmo considerando o
elevado número de respondentes, houve desvio significativo da normalidade, assim
como valores de assimetria e curtose diferentes de zero. Portanto, as respostas
obtidas por meio da Escala de Procrastinação Acadêmica (EPA) não se adequaram
à distribuição normal. Dessa maneira, como alternativa empírica para as análises de
dados, foram adotados testes estatísticos inferenciais não-paramétricos (JEKEL,
ELMORE; KATZ, 1996; FONSECA; MARTINS, 1994).
O delineamento quantitativo visou identificar médias, desvio padrão,
medianas e as respostas mínimas e máximas em cada item dos itens do IPAA e da
EPA. Em seguida, foi realizada a análise correlacional entre os construtos utilizandose o coeficiente de correlação de Spearman (r). Este teste permite averiguar o grau
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de associação entre duas variáveis dispostas em pontos ordenados, bem como
verificar a direção do relacionamento (se positivo, negativo ou neutro) e a magnitude
ou força dessa relação (DANCEY; REIDY, 2006). A magnitude da correlação pode
variar de zero (0) a um (1), assim sendo, os coeficientes podem não apresentar
correlação (ser igual a zero), ou ainda demonstrar magnitude fraca (índices de 0,1 a
0,3); moderada (0,4 a 0,6); forte (0,7 a 0,9) ou perfeita (igual a um). Ressalta-se que
isso independe da direção (positiva ou negativa) da correlação (DANCEY; REIDY,
2006).
RESULTADOS
Conforme mencionado, a percepção dos estudantes a respeito do próprio
processo de autorregulação da aprendizagem foi mensurada por meio da escala
Likert de cinco pontos do IPAA, na qual um (1) referia-se a nunca e cinco (5) a
sempre. O resultado da análise descritiva do instrumento apresentou mediana 3,75 e
média 3,74 (dp=0,58). Os valores da pontuação item a item permaneceram acima do
ponto central de distribuição dos pontos. Isso indica que os estudantes da amostra
autorregulam sua aprendizagem entre algumas e muitas vezes, como pode ser
observado na Tabela 1.
Tabela 1: Estatística descritiva do Inventário de Processos Autorregulação da Aprendizagem (n=663)
Itens
3. Procuro compreender o significado das
matérias que estou aprendendo.
4. Quando recebo uma nota/um feedback,
penso em coisas concretas que preciso
fazer para melhorar.
5. Analiso as correções dos trabalhos e/ou
provas feitas pelos professores, para ver
onde errei e saber o que preciso mudar
para melhorar.
2. Durante as aulas ou no meu estudo
pessoal, penso em coisas concretas que
posso/preciso
mudar
no
meu
comportamento para atingir os meus
objetivos.
1. Faço um plano antes de começar um
Mín. Máx. Mediana Média
Desvio
Padrão
2
5.
4.00
4.22
0.77
1
5
4.00
4.11
0.84
1
5
4.00
4.05
0.95
1
5
4.00
3.71
0.88
1
5
4.00
3.68
1.08
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trabalho/projeto, penso no que vou fazer e
no que é preciso para completá-lo.
7. Tenho segurança de que sou capaz de
compreender o que vão me ensinar e, por
1
isso, acho que vou ter boas notas.
8. Comparo as notas que tiro com os meus
1
objetivos em cada disciplina.
6. Se não cumpro o horário de estudo
estabelecido, penso porque é que isso
1
aconteceu e tiro conclusões para avaliar o
que houve.
IPAA Total
1.88
130
5
3.00
3.44
1.02
5
4.00
3.42
1.14
5
3.00
3.22
1.13
5.00
3.75
3.74
0.58
Verifica-se que o maior valor obtido no IPAA ocorreu no item três
(M=4,22; dp=0.77), que se refere à fase de planejamento na autorregulação da
aprendizagem. Seguido dos itens quatro (M=4.11; dp=084) e cinco (M=4,05;dp=
0.95), que se referem à fase de avaliação no processo de autorregulação e dos itens
dois (M= 3,71; dp= 0.88), que trata da fase de execução e do item um (M= 3,68;
dp=1.08), que também se refere à fase de planejamento. Quanto aos menores
escores, podem ser observados no item sete (M= 3,44; dp=1.02), que alude à fase
de planejamento, no item oito (M= 3,42; dp= 1.14), que diz respeito à fase de
avaliação e no item seis (M= 3,22; dp=1.13), que faz referência à fase de execução.
Sendo que os itens sete e oito apresentaram a menor mediana do instrumento
(3,00), visto que os demais obtiveram mediana 4,00. De modo geral, percebe-se que
os valores das médias dos itens do IPAA não ultrapassaram o intervalo médio de
respostas do instrumento (3,16 a 4,32). Esse intervalo foi obtido por meio da
subtração e soma do desvio padrão em relação à média total da escala.
Com relação à percepção dos estudantes sobre a procrastinação
acadêmica, a análise descritiva das respostas à EPA apresentou mediana de 2,60 e
média de 2,55 (dp= 0,61), como pode ser observado na Tabela 2. Além disso, a
média dessas respostas permaneceu no intervalo relativo médio de 1,94 a 3,16, o
que indica que os universitários da amostra tendem a procrastinar entre poucas a
algumas vezes seus estudos. Quanto à análise da dimensão Procrastinação no
estudo para prova (dimensão I) da escala EPA, obteve-se mediana de 2,40 e média
2,44 (dp= 0.71), sendo estes os menores valores obtidos na escala. A segunda
dimensão, Procrastinação no estudo diário, deteve a maior média da escala
(M=2,65; dp=0,70), sendo a mediana (2,60), a mesma obtida na escala EPA total. A
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análise comparativa das duas dimensões e do total da escala EPA assevera
diferença significante entre ambas (p<0.001), indicando que os participantes tendem
a procrastinar mais o estudo diário do que os estudos para provas e avaliações.
Tabela 2: Análise descritiva e comparativa dos escores das dimensões da Escala de Procrastinação
Acadêmica (n=663)
EPA
Mín Máx Mediana Média
Dimensão I – Procrastinação
Estudo Prova
Dimensão II – Procrastinação
Estudo Diário
Dimensão I - Procrastinação
Estudo Prova
EPA Total
Dimensão II - Procrastinação
Estudo Diário
EPA Total
Desvio
Padrão
1
5
2.40
2.44
0.71
1
5
2.60
2.65
0.70
1
5
2.40
2.44
0.71
1
5
2.60
2.55
0.61
1
5
2.60
2.65
0.70
1
5
2.60
2.55
0.61
Valor p*
p<0.001
p<0.001
p<0.001
* Valor-p referente ao teste de Wilcoxon para amostras relacionadas à comparação entre os escores
A fim de aprofundar a compreensão sobre a autorregulação da
aprendizagem e grau da possível relação com a procrastinação acadêmica foi
realizada análise de correlação. Destaca-se que essa análise não possibilita verificar
relações de causa e efeito, visto que duas variáveis podem estar correlacionadas
sem, no entanto, haver relação de causa e efeito entre elas. A Tabela 3 apresenta o
resultado da correlação entre as variáveis citadas.
Tabela 3: Correlação entre Procrastinação Acadêmica e a Autorregulação da Aprendizagem
Dimensão EPA
Dimensão I – Procrastinação no Estudo Prova
Dimensão II– Procrastinação no Estudo Diário
EPA total
r=
p=
n=
IPAA Total
-0.32284
<.0001**
651
r=
p=
n=
r=
p=
n=
-0.44980
<.0001**
651
-0.44252
<.0001**
651
* r=coeficiente de correlação de Spearman; P=Valor-P; n=número de sujeitos. ** índice significativo
(p≤0,01)
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132
Como pode se observar na Tabela 3, houve correlações negativas e
significantes entre a autorregulação da aprendizagem e a procrastinação acadêmica
(dimensões I e II e EPA total). É possível notar também que entre o fator ARA e a
Procrastinação no estudo para prova (dimensão I) houve uma correlação fraca (r= 0,32). Quanto à ARA e a Procrastinação no estudo diário observa-se, novamente,
correlação negativa e significante (r= -0.44), com destaque para força moderada
dessa relação. Por fim, a correlação entre a ARA e o escore total da escala EPA
apresentou correlação inversa e moderadamente significante (r= -0.44). A correlação
entre a procrastinação acadêmica e a autorregulação da aprendizagem indica que
estas estão inversamente relacionadas. Assim, quanto maior a percepção de
procrastinação acadêmica, menor será a percepção de autorregulação e vice e
versa. Portanto, os construtos analisados tendem a caminhar em direções opostas.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O presente trabalho foi instigado por indagações a respeito do processo
de aprendizagem dos universitários, especificamente, por questionamentos que
objetivavam compreender o processo de autorregulação da aprendizagem e uma
possível disfunção deste, como a procrastinação acadêmica. Em linhas gerais, as
análises das respostas ao Inventário de Processos Autorregulação da Aprendizagem
(IPAA) indicaram que os participantes da amostra autorregulam sua aprendizagem
entre algumas e muitas vezes (M=3,74; dp=0,58). E ainda que, geralmente, esses
universitários tendem a planejar, executar e avaliar suas ações de estudo, em prol
da realização dos objetivos de aprendizagem intencionados (ROSÁRIO, NÚÑEZ;
GONZÁLEZ-PIENDA,
2007;
ROSÁRIO,
2004b).
Resultado
semelhante
foi
encontrado em estudos portugueses, que também utilizaram o IPAA em estudantes
do ensino fundamental (MONTEIRO, 2009; COSTA 2007). Além disso, os resultados
indicam que os participantes tendem a avaliar e planejar mais seu processo de
aprendizagem do que executam suas ações de estudo. Destaca-se que falhas em
qualquer uma das fases do processo de autorregulação da aprendizagem culminam
em consequências para fase seguinte, pois este é um sistema cíclico e dinâmico, no
qual cada uma das fases está interconectada de modo recíproco. Segundo
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133
Zimmerman (2001;1998), estudantes com dificuldade para executar suas intenções
de estudo são facilmente distraídos por eventos ambientais e sociais, por aspectos
emocionais (estar ansioso) ou por pensamentos ruminantes, tais como pensar sobre
os erros obtidos. Para o autor, ao invés de utilizar estratégias para antever situações
de aprendizagem, confiam mais no “ensaio e erro” para fazer uso de novos métodos
de estudo. E ainda, tendem a falhar no monitoramento de seu desempenho,
garantindo
apenas
fragmentos
de
informação,
o
que
pode
culminar
na
superestimação do próprio desempenho.
Os valores obtidos nos itens do IPAA sugerem que os estudantes
executam o plano de aprendizagem traçado entre algumas e muitas vezes (item três:
M=4,22, dp=0,77; item um: M= 3,68, dp=1,08; e item sete: M=3,44; dp=1,02). Sendo
que, para isso, é preciso implementar um conjunto de estratégias de organização e
gestão de recursos materiais e pessoais e a mobilização de crenças motivacionais
para realizar a objetivo estabelecido. No entanto, a execução do plano traçado nem
sempre ocorre (item dois: M=3,71, dp=0,88; item seis: M=3,22, dp=1,13), sendo
preciso para isto executar estratégias de aprendizagem cognitivas e metacognitivas,
monitorando constantemente a eficácia destas (ROSÁRIO, NÚÑEZ; GONZÁLEZPIENDA, 2007; ZIMMERMAN, 2000). Com relação à avaliação do próprio
desempenho, a média dos itens indica que os estudantes se avaliam entre algumas
e muitas vezes (item quatro: M=4,11, dp=0,84; item cinco: M= 4,05, dp= 0,95; item
oito: M= 3,42, dp=1,14). O que indica que os participantes tendem a avaliar o próprio
desempenho de modo mais eficiente, julgando se as tarefas de aprendizagem
ocorreram conforme o previsto, analisando a relação entre o desempenho e as
metas estabelecidas. Considerando o PLEA, pode-se inferir que a execução das
intenções de aprendizagem, no presente estudo, é a fase da ARA que necessitaria
de mais atenção, isso dá indícios para compreensão da procrastinação acadêmica.
Quanto à Escala de Procrastinação Acadêmica (EPA), ao analisar as
médias da dimensão Procrastinação no estudo para prova (M= 2,44; dp=0,71) e
Procrastinação no estudo diário (M=2,65; dp= 0,70) e da escala EPA total (M=2,55;
dp=0,61), nota-se que os universitários desta amostra tendem a procrastinar entre
poucas e algumas vezes seus estudos acadêmicos. Outros trabalhos que também
utilizaram instrumentos de autorrelato, com escala tipo Likert de cinco pontos,
apresentaram médias que não ultrapassaram o ponto médio de respostas dos
instrumentos, indicando que os participantes desses estudos também tinham
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134
probabilidade de procrastinar entre poucas e algumas vezes (MONTEIRO, 2009;
COSTA, 2007; DAY; MENSINK; O´SULLIVAN, 2000).
Com relação a cada uma das dimensões da escala EPA, verificou-se que
os universitários tendiam a procrastinar mais o estudo diário (M=2,65; dp=0,70) que
o estudo para prova (M= 2,44; dp=0,71). Esse resultado corrobora com um estudo
semelhante, desenvolvido por Costa (2007), que também obteve os maiores valores
na procrastinação do estudo diário e na procrastinação acadêmica total. Esse
resultado talvez possa ser explicado ao considerar as características das tarefas de
estudo das duas dimensões. Visto que, geralmente, o estudo diário possui
direcionamentos mais vagos e metas estabelecidas pelo próprio estudante, o que
exige maior autocontrole e regulação pessoal. Ao passo que o estudo para provas,
normalmente, é caracterizado por metas de desempenho claras, conteúdo prévio
fornecido pelo professor e prazo delimitado. De acordo com a literatura, atividades
acadêmicas que possuem objetivos específicos e claros tendem a ser executadas
com mais precisão (ROSÁRIO, NÚÑEZ; GONZÁLEZ-PIENDA, 2007; ZIMMERMAN;
SCHUNK, 2004; ROSÁRIO, 2004b; ZIMMERMAN, 1998). De fato, o estudo torna-se
mais eficaz à medida que o estudante tem metas de aprendizagem e expectativas
de desempenho claras, como tende a ser o estudo para prova. Geralmente, o estudo
para avaliações possui uma série de guias pessoais e também orientações
fornecidas pelo professor ou pelos pares que direcionam sobre o motivo (objetivos;
valores; atribuições), o método (estratégias de aprendizagem) e o tempo preciso
(controle do tempo; prazo), para que este estudo seja executado (ROSÁRIO,
2004b). Ao passo que, para o estudo diário, muitas vezes, não se estabelece um
objetivo concreto, realizável e avaliável, o que não contribui com o controle sobre o
porquê, o como, o quando, o quê ou o onde (ambiente), dificultando o
desenvolvimento adequado do comportamento de estudo autorregulado (ROSÁRIO,
NÚÑEZ; GONZÁLEZPIENDA, 2007; ROSÁRIO, 2004b). O trabalho realizado por
Akcerman e Gross (2005) apresenta evidências de que tarefas de estudo com
orientações claras e objetivas e a fragmentação de atividades complexas em
submetas
interdependentes
podem
reduzir
a
probabilidade
do
estudante
procrastinar.
A hipótese de que há relação entre o processo ARA e a procrastinação
acadêmica foi confirmada pelo resultado encontrado na análise de correlação, que,
apresentou uma relação negativa e significante, embora com força moderada. Isso
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135
indica que a manifestação da procrastinação acadêmica pode evidenciar um
processo ineficiente de autorregulação da aprendizagem. Ou seja, um processo de
autorregulação que possivelmente apresenta falhas no monitoramento ou na
regulação de fatores pessoais, tais como: cognição, motivação e comportamento e
aspectos do ambiente (MONTEIRO, 2009; KLASSEN; KUZUCU, 2009; KLASSEN,
KRAWCHUK;
RAJANI,
2008;
STEEL,
2007;
COSTA,
2007).
Resultados
semelhantes aos obtidos na presente pesquisa também podem ser observados em
estudos internacionais (MONTEIRO, 2009; COSTA, 2007). Esses estudos sugerem
que a procrastinação trata-se de uma falha no processo de autorregulação da
aprendizagem, não podendo ser apenas compreendida como o comportamento de
adiar (KLASSEN, KRAWCHUK, RAJANI, 2008; STEEL, 2007; WOLTERS, 2003;
FERRARI, 2001; VAN-EERDE, 2000). Mas também, como um fenômeno composto
por elementos cognitivos (pensamentos irreais a respeito das condições e
consequências da atividade); metacognitivos (dificuldade em planejar, organizar e
gerenciar os afazeres); e motivacionais (baixa percepção de autoeficácia;
preferência por atividades prazerosas e fáceis) (STEEL, 2007; SCHOUWENBURG,
2004).
Essa perspectiva corrobora com os pressupostos da Teoria Social
Cognitiva, a qual postula que o funcionamento humano envolve interação ativa,
recíproca e interdependente entre as variáveis pessoais, comportamentais e
ambientais (BANDURA 2008; 1991). Desse modo, a procrastinação acadêmica pode
ser entendida como um fenômeno dinâmico, que faz com que os estudantes não
executem o que haviam intencionado realizar, sendo composto por aspectos
pessoais
(cognitivos,
afetivos,
motivacionais),
comportamentais
(evitação,
adiamento) e ambientais (características da tarefa, o contexto de estudo), que
podem se alterar ao longo das situações vividas (MONTERIO, 2009; ROSÁRIO,
NÚÑEZ, PIENDA, 2006; COSTA, 2007; SCHOUWENBURG, 2004).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A procrastinação pode ser compreendida como uma dificuldade
comportamental, cognitiva, motivacional ou ainda como uma desordem da
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136
personalidade. Independente da perspectiva adotada para compreensão de tal
fenômeno é fato que contextos acadêmicos pautados em objetivos, prazos e
desempenhos,
tendem
a
ser
intolerantes
com
os
procrastinadores
(SCHOUWENBRUG, 2004). Associado a isso, pessoas que procrastinam de modo
sistemático e crônico tem maior probabilidade de exibir baixa percepção de
autoeficácia e autoestima, maior ansiedade em situações de avaliação e menor
controle e autorregulação pessoal (STEEL, 2007; WOLTERS, 2003; FERRARI,
2001; VAN-EERDE, 2000). Logo, a procrastinação tende a não ser benéfica nem
para as instituições de ensino e, tão pouco, para a vida acadêmica de seus
estudantes.
Nesse contexto, o presente estudo procurou contribuir com a produção
nacional sobre alguns aspectos que envolvem o processo de aprendizagem de
estudantes universitários. Em consonância com outros estudos que investigaram a
temática, foi possível verificar que os participantes deste estudo, em certa medida,
tanto se envolviam em fases da autorregulação da aprendizagem como tendiam
procrastinar atividades de estudo entre poucas e algumas vezes. Além disso, foi
encontrada uma correlação negativa e significante entre a procrastinação acadêmica
e a autorregulação da aprendizagem, indicando direção inversa e proporcional entre
as duas variáveis.
Parte-se do princípio que nem a autorregulação da aprendizagem e, tão
pouco, a procrastinação acadêmica são fenômenos inerentes à personalidade
humana, mas, sim, eventos de caráter situacional, sendo o ambiente uma de suas
fontes de estimulação. Desse modo, entende-se que urge o estabelecimento de
medidas sistemáticas que visem atingir não apenas os resultados de desempenho,
mas também a proficiência no que diz respeito ao uso de ferramentas pessoais e
sociais por parte do estudante, para que o mesmo possa planejar e antever suas
ações de estudo, interpretar e atribuir significado às experiências pessoais; podendo
assim, direcionar conscientemente seu curso de vida acadêmico (BANDURA, 2008).
Nesse sentido, cuidados com o processo de aprendizagem e com o ambiente
acadêmico, necessita não apenas da atenção dos universitários, mas também dos
gestores dos cursos de graduação e dos professores do ensino superior, pois
apenas o olhar atento e consonante desses, possibilita identificar quais aspectos
têm dificultado um processo de autorregulação da aprendizagem adequado,
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137
facilitando o surgimento e a manutenção de comportamentos desadaptadores, como
o procrastinatório.
Os dados encontrados neste estudo não permitem afirmar que todos os
participantes são procrastinadores crônicos, visto que para isto seriam necessárias
novas análises. Assim como, não é possível asseverar a qualidade do processo de
autorregulação da aprendizagem realizada pelos estudantes desta amostra. No
entanto, as informações aqui contidas podem suscitar outras rotas de investigação
que tratem, por exemplo, da relação entre a procrastinação, o desempenho
acadêmico e a alta ansiedade frente a situações de avaliação. Ou ainda da
existência ou não da sensação de desconforto ao procrastinar; bem como das
consequências que os estudantes percebem em sua vida acadêmica por
procrastinar sistematicamente.
Conforme exposto, o presente estudo parte do princípio que a
aprendizagem é um processo complexo, constituído por fatores cognitivos, afetivos,
motivacionais, comportamentais e ambientais, que atuam de forma dinâmica e
integrada sobre a aprendizagem (ZIMMERMAN; SCHUNK, 2004). Mesmo que esta
pesquisa tenha se dedicado apenas a uma parte desse processo de aprendizagem,
acredita-se que estes dados tenham contribuído com informações a respeito da
aprendizagem dos estudantes universitários.
Reitera-se que a participação consciente do universitário em seu próprio
percurso educacional é primordial. Porém, também é relevante o investimento dos
docentes e das universidades na direção do desenvolvimento/fortalecimento da
aprendizagem autorregulada. As estratégias de ensino e de intervenção utilizados
nas instituições de ensino superior devem ser pautadas em fundamentação teórica
sólida, em estudos consistentes e em instrumentos e técnicas que garantam a
qualidade da avaliação e da construção de processos de aprendizagem autônomos
e significativos. Para tanto, é preciso que administradores, professores, estudantes e
pares regulem suas formas de atuação, tornando-se todos cúmplices na qualidade
do processo de ensino-aprendizagem.
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142
Rita Karina Nobre Sampaio
Formada em Psicologia e pós-graduada, Mestrado em Educação, com
ênfase na Psicologia Educacional, pela Unicamp, foi bolsista CNPq. Atua como
docente de Psicologia e orientadora vocacional de Curso pré- vestibular. Foi
estagiária docente na Faculdade de Educação da Unicamp e monitora de pesquisa
na Faculdade de Psicologia, da PUC-Campinas. Também atuou na área
organizacional, trabalhando com treinamento motivacional e operacional e com
empregabilidade. Permanece vinculada, como voluntária, ao grupo de pesquisa
Psicologia e Educação Superior (PES), da Unicamp, desenvolvendo pesquisas que
envolvem
estudantes
do
Ensino
Superior.
Atua
na
área
Clínica,
sendo
psicoterapeuta de jovens e adultos.
E-mail:[email protected]
Soely Aparecida Jorge Polydoro
É psicóloga e mestre em Psicologia Escolar pela Pontifícia Universidade
Católica de Campinas. Possui doutorado em Educação pela Universidade Estadual
de Campinas. É docente do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade
de Educação da Universidade Estadual de Campinas e vice-líder do Grupo de
Pesquisa Psicologia e Educação Superior da mesma instituição. A sua linha de
investigação está orientada para a formação do estudante da educação superior,
especialmente no que se refere à sua integração e autorregulação da aprendizagem.
E-mail: [email protected]
Pedro Sales Luís de Fonseca Rosário
É Professor Associado com Agregação e diretor do Mestrado integrado
em Psicologia. A sua investigação está orientada para o estudo dos processos de
autorregulação da aprendizagem e para os processos de ensino e aprendizagem em
crianças e adolescentes. É o investigador principal do grupo GUIA (Grupo
Universitário de Investigação em Autorregulação) www.guia-psiedu.com.
E-mail: [email protected]
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