UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA GERAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA
Tese de Doutorado
Estudo dos reguladores sigma alternativos de
Corynebacterium pseudotuberculosis: o fator transcricional
sigma C e a resposta ao estresse oxidativo
ORIENTADO: Thiago Luiz de Paula Castro
ORIENTADOR: Prof. Dr. Vasco Azevedo
COORIENTADOR: Prof. Dr. Anderson Miyoshi
BELO HORIZONTE
Agosto de 2013
1
Thiago Luiz de Paula Castro
Estudo dos reguladores sigma alternativos de
Corynebacterium pseudotuberculosis: o fator transcricional
sigma C e a resposta ao estresse oxidativo
Tese apresentada como requisito parcial para obtenção
do grau de Doutor pelo programa de Pós-Graduação
em Genética, Departamento de Biologia Geral, Instituto
de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas
Gerais.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Vasco Azevedo
COORIENTADOR: Prof. Dr. Anderson Miyoshi
BELO HORIZONTE
Agosto de 2013
2
AGRADECIMENTOS
Aos Prof. Vasco e Anderson, pelo companheirismo, orientação e oportunidades durante todos os
anos de LGCM;
Aos amigos do LGCM que contribuíram diretamente no desenvolvimento deste trabalho;
Ao Prof. Christopher Dowson, por me acolher durante o Doutorado Sanduíche;
À Dra. Nubia Seyffert, que tanto me apoiou no desenvolvimento deste trabalho;
Ao Prof. Luis Pacheco, por todas as suas contribuições no decorrer da minha trajetória no LGCM,
além da amizade e companheirismo;
Aos Profs. Artur Silva, Paula Scheneider, Rommel Ramos, Adriana Carneiro, Agenor Valadares,
Ana Guaraldi, Adriano Pimenta e Hélida Andrade, que tanto auxiliaram através da infraestrutura de
seus laboratórios, materiais ou metodologias necessárias para concretização desta tese;
Aos amigos e colegas Rodrigo Dias, Wanderson Marques, Renata Faria, Natayme Tartaglia,
Karina Santana, Mariana Santana, Anne Pinto, Fernanda Militão, Bianca Souza, Caroline
Dominguetti, Camila Antunes, Rachid Aref, Alfonso Gala-García, Fernanda Dorella, Boutros
Sarrouh, Kátia Aparecida, Flávia Rocha, Sintia Almeida, Dayana Ribeiro, Tessália Saraiva, Siomar
Soares, Marcela Pacheco, Jamil, Silvanira Barbosa, Rafael Baraúna, Pablo de Sá, Daniel Santos,
Cassiana, dentre outros;
Às secretárias Fernanda Magalhães, Sheila Magalhães, Márcia Natália e Mary;
Aos meus pais Lúcia e Sylvio, que tanto me apoiaram nesta jornada;
Aos demais familiares pelo apoio;
Às agências de fomento de pesquisa CNPq, FAPEMIG e CAPES.
3
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................. 6
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. 8
LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................................... 10
RESUMO ................................................................................................................................. 15
ABSTRACT ............................................................................................................................. 16
1. INTRODUÇÃO GERAL........................................................................................................ 17
1.1. Corynebacterium pseudotuberculosis e a Linfadenite Caseosa .......................................... 17
1.2. Estresse oxidativo em bactérias e mecanismos de detoxificação celular ............................ 19
1.3. Regulação gênica pelos fatores sigma (σ): envolvimento na virulência e na resposta ao
estresse..................................................................................................................................... 22
1.4. Estudo dos fatores sigma de C. pseudotuberculosis .......................................................... 30
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 33
2.1. Artigo de Revisão I ............................................................................................................. 34
2.2. Artigo de Revisão II ............................................................................................................ 34
2.3. Artigo de Revisão III ........................................................................................................... 34
3. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 35
3.1. Objetivo Geral .................................................................................................................... 35
3.2. Objetivos específicos .......................................................................................................... 35
4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 36
4.1. Linhagens de C. pseudotuberculosis .................................................................................. 36
4.2. Confecção de oligonucleotídeos iniciadores ....................................................................... 37
4.3. Realização de curvas de crescimento de C. pseudotuberculosis........................................ 38
4.4. Condições de estresse aplicadas às culturas in vitro de C. pseudotuberculosis ................. 40
4.5. PCR em tempo real ............................................................................................................ 41
4.5.1. Obtenção de RNA total de C. pseudotuberculosis ....................................................... 41
4.5.2. Realização dos ensaios de transcrição reversa e PCR quantitativa (qPCR) ................ 42
4.5.3. Análise dos dados obtidos por qPCR ........................................................................... 44
4.5.4. Determinação da especificidade das reações de qPCR e da eficiência de amplificação
dos iniciadores utilizados ....................................................................................................... 44
4.6. Análises Proteômicas ......................................................................................................... 44
4.6.1. Extração de proteínas citoplasmáticas das linhagens 1002(wt), 1002(ΔsigC) e
1002(ΔsigH) de C. pseudotuberculosis .................................................................................. 44
4.6.2. Eletroforese bidimensional em gel de poliacrilamida .................................................... 45
4.6.2.1. 2D SDS-PAGE ...................................................................................................... 45
4.6.2.2. 2D-DIGE ................................................................................................................ 46
4.6.3. Tripsinólise em gel de poliacrilamida ............................................................................ 46
4.6.4. Identificação das proteínas por Espectrometrias de Massa .......................................... 47
4.6.4.1. Matrix-assisted laser desorption/ionization ............................................................ 47
4.6.4.2. LC-MSE.................................................................................................................. 47
4.7. Análises Transcriptômicas .................................................................................................. 48
4.7.1. Padronização de um protocolo para a depleção do rRNA ............................................ 48
4.7.2. RNA seq das linhagens 1002(wt) e 1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis ................. 48
4.8. Ensaios experimentais em Caenorhabditis elegans............................................................ 49
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 50
PARTE 1 – Avaliação da resposta de Corynebacterium pseudotuberculosis 1002 (wt) ao
estresse oxidativo ................................................................................................................ 50
5.1. Suscetibilidade da linhagem 1002(wt) a agentes geradores de estresse oxidativo ............. 50
5.2. Expressão diferencial dos genes codificadores de fatores sigma alternativos de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) exposta ao estresse oxidativo em meio BHI ................................ 53
5.3. Expressão diferencial dos genes codificadores de fatores sigma alternativos de
C. pseudotuberculosis 1002(wt) sob estresse oxidativo em MQD ............................................. 55
4
5.4. Análise conjunta dos dados obtidos para a expressão diferencial dos genes codificadores
de fatores sigma em C. pseudotuberculosis 1002(wt) ............................................................... 58
5.5. Análise de proteínas diferencialmente expressas em C. pseudotuberculosis 1002(wt)
exposta à plumbagina ............................................................................................................... 63
PARTE 2 – Caracterização fenotípica de linhagens de C. pseudotuberculosis mutantes
para os genes codificadores dos fatores sigma alternativos ........................................... 73
5.6. Suscetibilidade diferencial das linhagens mutantes para os fatores sigma alternativos de C.
pseudotuberculosis ao estresse oxidativo ................................................................................. 73
5.7. Avaliação proteômica diferencial das linhagens de C. pseudotuberculosis mutantes para os
fatores sigma σH e σC em relação à parental 1002(wt) .............................................................. 81
5.7.1. Comparação do proteoma entre a linhagem mutante para o fator σH e 1002(wt) ......... 81
5.7.2. Comparação do proteoma entre a linhagem mutante para o fator σC e 1002(wt) ......... 89
5.8. Avaliação transcriptômica diferencial de C. pseudotuberculosis mutante para o fator σC em
relação à linhagem 1002(wt) ..................................................................................................... 94
5.9. Avaliação da virulência das linhagens 1002(wt) e 1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis 103
PARTE 3 – Estudo do papel do fator σC na resposta ao estresse oxidativo em
C. pseudotuberculosis .......................................................................................................... 105
5.10. Expressão diferencial dos genes codificadores de fatores sigma alternativos de C.
pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) submetida ao estresse oxidativo.......................................... 105
5.11. Análise de proteínas diferencialmente expressas na linhagem mutante para o fator σC
exposta à plumbagina ............................................................................................................. 109
6. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 116
6.1. PARTE I ........................................................................................................................... 116
6.2. PARTE II .......................................................................................................................... 116
6.3. PARTE III ......................................................................................................................... 117
7. PERSPECTIVAS ................................................................................................................ 118
8. REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 119
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Estrutura dos fatores sigma e sua interação com a RNA polimerase e região
promotora......................................................................................................................................23
Figura 2. Representação esquemática do envolvimento dos fatores sigma bacterianos na
transcrição gênica.........................................................................................................................24
Figura 3. Representação esquemática do evento de recombinação homóloga simples entre o
plasmídeo pCR®2.1-TOPO® (Invitrogen®) contendo o fragmento do gene que codifica o σC e o
gene que codifica este fator sigma no cromossomo bacteriano....................................................37
Figura 4. Estruturas moleculares dos compostos químicos empregados neste estudo para a
geração de estresse in vitro em culturas de C. pseudotuberculosis.............................................40
Figura
5.
Avaliação
da
suscetibilidade
de
C.
ao
pseudotuberculosis
peróxido
de
hidrogênio......................................................................................................................................51
Figura 6. Avaliação da suscetibilidade de C. pseudotuberculosis à plumbagina........................52
Figura
7.
Níveis
C.pseudotuberculosis
de
expressão
1002
dos
(wt)
genes
exposta
codificadores
ao
estresse
de
fatores
oxidativo
sigma
em
de
meio
BHI.................................................................................................................................................54
Figura 8. Níveis de expressão dos genes codificadores de fatores sigma de C.
pseudotuberculosis
1002
(wt)
exposta
a
15µM
de
plumbagina,
em
meio
MQD..............................................................................................................................................57
Figura 9. Representação em heat map dos níveis de expressão dos genes codificadores de
fatores sigma de C. pseudotuberculosis 1002(wt) exposta ao peróxido de hidrogênio 40mM e à
plumbagina 15µM..........................................................................................................................59
Figura 10. Resolução das proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt) exposta
ou não a plumbagina (15µM) através de 2D-DIGE.......................................................................68
Figura 11. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas na linhagem de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) exposta ou não à plumbagina (15µM)............................................69
Figura 12. Visualização dos vinte e dois spots correspondentes às proteínas citoplasmáticas
diferencialmente expressas na linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(wt) exposta ou não à
plumbagina (15µM).......................................................................................................................70
Figura 13. Curvas de crescimento em MQD das linhagens 1002(wt) e mutantes para os genes
codificadores
dos
fatores
σB,
σ C,
σ D,
σE,
σ H,
σK
e
σM
de
C.
pseudotuberculosis........................................................................................................................74
Figura 14. Curvas de crescimento representativas das linhagens 1002(wt) e mutantes para os
fatores sigma alternativos sob condição normal e plumbagina a 5µM..........................................77
6
Figura 15. Suscetibilidade das linhagens selvagem e mutantes de C. pseudotuberculosis aos
agentes geradores de estresse oxidativo (peróxido de hidrogênio e plumbagina).......................78
Figura 16. Curvas de crescimento para avaliação do efeito causado pelo peróxido de hidrogênio
sobre o crescimento das diferentes linhagens de C. pseudotuberculosis.....................................80
Figura 17. Resolução das proteínas citoplasmáticas das linhagens de C. pseudotuberculosis
1002(wt) e 1002(ΔsigH) através de 2D-DIGE...............................................................................84
Figura 18. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas nas linhagens de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigH).................................................................................85
Figura 19. Visualização dos doze spots correspondentes às proteínas citoplasmáticas
diferencialmente
expressas
nas
linhagens
de
C.
pseudotuberculosis
1002(wt)
e
1002(ΔsigH)...................................................................................................................................86
Figura 20. Resolução das proteínas citoplasmáticas das linhagens de C. pseudotuberculosis
1002(wt) e 1002(ΔsigC) através de 2D-DIGE...............................................................................91
Figura 21. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas nas linhagens de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigC).................................................................................92
Figura 22. Visualização dos cinco spots correspondentes às proteínas citoplasmáticas
diferencialmente
expressas
nas
linhagens
de
C.
pseudotuberculosis
1002(wt)
e
1002(ΔsigC)...................................................................................................................................93
Figura 23. Quantidade total de leituras geradas no sequenciamento do RNA (RNA seq)
distribuídas de acordo com o tamanho em pares de bases..........................................................98
Figura 24. Classificações funcionais e processuais dos genes mais expressos na linhagem 1002
(wt) de C. pseudotuberculosis.......................................................................................................99
Figura 25. Sobrevivência dos nematódeos após infecção com as linhagens 1002(wt) e
1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis.......................................................................................104
Figura 26. Níveis de expressão dos genes codificadores de fatores sigma de C.
pseudotuberculosis
1002(ΔsigC)
exposta
à
plumbagina
15µM,
em
meio
MQD............................................................................................................................................107
Figura 27. Níveis de expressão dos genes codificadores de fatores sigma de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) e (ΔsigC) expostas à plumbagina 15µM, em meio MQD..............108
Figura 28. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas na linhagem de C.
pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) exposta ou não à plumbagina (15µM)....................................112
Figura 29. Visualização dos vinte e quatro spots correspondentes as proteínas citoplasmáticas
diferencialmente expressas na linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) exposta ou não
à plumbagina (15µM)..................................................................................................................113
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Os fatores sigma de Mycobacterium tuberculosis e as suas funções.............................29
Tabela
2.
Fatores
sigma
identificados
em
C.
pseudotuberculosis
e
suas
principais
características..................................................................................................................................32
Tabela 3. Linhagens mutantes para os fatores sigma de C. pseudotuberculosis utilizadas neste
trabalho............................................................................................................................................36
Tabela 4. Oligonucleotídeos iniciadores selecionados e validados para as reações de qPCR, seus
alvos, e tamanhos dos produtos amplificados esperados...............................................................38
Tabela 5. Composição do meio quimicamente definido (MQD) utilizado para o cultivo de C.
pseudotuberculosis..........................................................................................................................39
Tabela 6. Condições de estresse testadas in vitro..........................................................................41
Tabela 7. Reagentes e suas quantidades utilizadas nas reações de qPCR...................................43
Tabela 8. Parâmetros configurados no termociclador 7900HT Fast Real-Time PCR System para
as reações de qPCR........................................................................................................................43
Tabela 9. Proteínas citoplasmáticas identificadas por espectrometria de massa MALDI-TOFMS/MS, após análise de expressão diferencial na linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(wt)
exposta ou não à plumbagina..........................................................................................................71
Tabela 10. Classificação das proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas na linhagem
de C. pseudotuberculosis 1002(wt) exposta ou não à plumbagina, de acordo com funções e
processos do Blast2go.....................................................................................................................72
Tabela 11. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas nas linhagens de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigH) que foram identificadas por espectrometria de massa
MALDI-TOF-MS/MS.........................................................................................................................87
Tabela 12. Classificação das proteínas citoplasmáticas das linhagens de C. pseudotuberculosis
1002(wt) e 1002(ΔsigH) identificadas por espectrometria de massa, de acordo com funções e
processos do Blast2go.....................................................................................................................88
Tabela 13. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas nas linhagens de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigC) que foram identificadas por espectrometria de massa
MALDI-TOF-MS/MS.........................................................................................................................93
Tabela 14. Classificação das proteínas citoplasmáticas das linhagens de C. pseudotuberculosis
1002(wt) e 1002(ΔsigC) identificadas por espectrometria de massa, de acordo com funções e
processos do Blast2go.....................................................................................................................94
Tabela 15. Genes mais expressos na linhagem 1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis e suas
respectivas funções e processos biológicos..................................................................................100
8
Tabela 16. Genes mais expressos na linhagem 1002(wt) de C. pseudotuberculosis e suas
respectivas funções e processos biológicos..................................................................................101
Tabela 17. Proteínas citoplasmáticas identificadas por espectrometria de massa MALDI-TOFMS/MS, após análise de expressão diferencial na linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC)
exposta ou não à plumbagina........................................................................................................114
Tabela 18. Classificação das proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas na linhagem
de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) exposta ou não à plumbagina, de acordo com funções e
processos do Blast2go...................................................................................................................115
9
LISTA DE ABREVIATURAS
2D
-
Gel bidimensional
ACN
-
Acetonitrila
ASC
-
Área sobre a curva
ATP
-
Trifosfato de adenosina
BHI
-
Brain Heart Infusion
BLAST
-
Basic Local Alignment Search Tool
cDNA
-
DNA complementar
CHAPS
-
3-[(3-colamidopropil)-dimetilamonio]-1-propano
sulfonato
CMNR
-
Corynebacterium-Mycobacterium-Nocardia-
cm
-
Rhodococcus
Centímetro
cm2
-
Centímetro quadrado
CsdA
-
Cisteina desulfurase
Ct
-
Cycle threshold
Cu
-
Cobre
CXXC
-
Motivo protéico com dois resíduos de cisteína
DIGE
-
Eletroforese em gel diferencial bidimensional
DNA
-
Ácido desoxirribonucléico
dNTPs
-
Desoxirribonucleotídeos trifosfatados
DMSO
-
Dimetilsulfóxido
DTT
-
Ditiotreitol
DEPC
-
Dietilpirocarbonato
DHPLC
-
Denaturing high-performance liquid chromatography
DO
-
Densidade óptica
2-ME
-
2-mercaptoetanol
ECF
-
Extracitoplasmic function
EDTA
-
Ácido etilenodiaminotetracético
EMBRAPA
-
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
10
Fe
-
Ferro
Fe-S
-
Ferro-enxofre
GND
-
6-fosfogluconato desidrogenase
G
-
Grama
GSH
-
Glutationa
H
-
hora
HCl
-
Ácido clorídrico
HPI
-
Catalase monofuncional
Hk
-
Histidina quinase
HPII
-
Catalase peroxidase
Hsp
-
heat shock protein
HTH
-
helix-turn-helix
H2O
-
Água
H2O2
-
Peróxido de hidrogênio
HOCl
-
Ácido hipocloroso
IEF
-
Focalização Isoelétrica
IHF
-
Integration host factor
IFN-g
-
Interferon-gama
IAA
-
Iodocetamida
LM
-
Lipomanano
Kg
-
Quilograma
L
-
Litro
LAN
-
Lipoarabinomanano
LC
-
Linfadenite Caseosa
LC-MSE
-
Liquid Chromatography–Mass Spectrometry
Electrospray
LN
-
Logaritmo natural
M
-
Molar
Min
-
Minuto
Mg
-
Miligrama
mL
-
Mililitros
11
mM
-
Milimolar
MALDI
-
Matrix-assisted laser desorption/ionization
Mn
-
Manganês
MQD
-
Meio Quimicamente Definido
MS
-
Espectrometria de massa
MSH
-
Micotiol
N
-
Normal
ND
-
Não definido
NDK
-
nucleosídeo difosfato quinase
NOX2
-
Oxidase fagocítica
NaCl
-
Cloreto de sódio
NADP
-
Nicotinamida adenina dinucleótido fosfato
NaOH
-
Hidróxido de sódio
NCBI
-
National Center for Biotechnology Information
ng
-
Nanograma
NH4HCO3
-
Bicarbonato de amônio
NL
-
não linear
nm
-
Nanômetro
NTC
-
No-template control
O2
-
Oxigênio
O2.-
-
Superóxido
O3
-
Ozônio
1
O2
-
Oxigênio singlete
O2.-
-
Ânion superóxido
OH.
-
Hidroxila
Ohr
-
Organic hydroperoxide resistance
ORF
-
Open reading frame
ºC
-
Grau Celsius
PAGE
-
Eletroforese em gel de poliacrilamida
pb
-
Pares de bases
12
Plb
-
Plumbagina
PCR
-
Polymerase chain reaction
PEG
-
Polietilenoglicol
pH
-
Potencial hidrogeniônico
Pip
-
Prolinaiminopeptidase
Pgk
-
Fosfogliceratoquinase
pM
-
Picomol
PMSR
-
Redutase de sulfóxido de metionina peptídica
qPCR
-
Quantitative PCR
Qsp
-
Quantidade suficiente para
rDNA
-
DNA codificador do RNA ribossomal
ROS
-
Reactive oxygen species
RGMG
-
Rede Genoma de Minas Gerais
Rpm
-
Revoluções por minuto
RNA
-
Ácido ribonucléico
RNAP
-
RNA polimerase
rRNA
-
RNA ribossomal
RT- qPCR
-
Quantitative reverse transcription-PCR
S
-
segundos
SDS
-
Dodecilsulfato de sódio
Sig
-
Sigma (σ)
SOD
-
Superóxido dismutase
Taq
-
Thermus aquaticus
Tat
-
Twin-arginine translocation
TBE
-
Tris-borato-EDTA
TCA
-
Ácido Tricarboxílico
TFA
-
ácido trifluoracético
TCS
-
Two component system
TE
-
Tris-EDTA
TOF
-
Time Of Flight
13
ufc
-
Unidade formadora de colônia
µg
-
Micrograma
µL
-
Microlitro
µM
-
Micromolar
Zn
-
Zinco
-SH
-
Grupo tiol
V
-
Volt
v
-
versão
v/v
-
volume por volume
vf
-
Volume final
xg
-
constante gravitacional
14
RESUMO
Corynebacterium pseudotuberculosis é uma bactéria Gram-positiva causadora da Linfadenite
Caseosa (LC) em caprinos e ovinos. A LC é uma doença infecto-contagiosa crônica que
prejudica a produção de carne, leite e lã em vários países, incluindo o Brasil, onde se tornam
cada vez mais importantes as atividades de ovino e caprinocultura. Uma vez que o tratamento da
doença é muitas vezes inviável e ineficaz, a eliminação dos animais infectados no rebanho tem
sido uma das principais medidas de contenção da enfermidade. Vários grupos de pesquisa têm se
dedicado ao estudo de C. pseudotuberculosis, visando à identificação de fatores moleculares
envolvidos na virulência e patogenicidade durante a infecção. Embora alguns destes componentes
já tenham sido descritos, como a fosfolipase D, novos estudos são necessários para que
possamos compreender as diversas interações regulatórias que são intrínsecas a esse
microrganismo. Assim, nos dedicamos, neste trabalho, à identificação e caracterização dos
reguladores transcricionais de C. pseudotuberculosis pertencentes à família dos fatores sigma.
Em outras bactérias patogênicas, os fatores sigma têm sido associados a processos relevantes
para a infecção, promovendo resistência a diversos tipos de estresse que são encontrados dentro
do hospedeiro. Por constituir uma das principais barreiras impostas a patógenos intracelulares
como C. pseudotuberculosis, o estresse oxidativo foi a principal condição avaliada no nosso
estudo. Com base em ensaios de RT-qPCR e curvas de suscetibilidade para linhagens mutantes,
sugerimos que os fatores sigma σC, σH e σK ocupam posição de destaque para a resistência ao
estresse oxidativo. Ainda, mostramos que vários dos mecanismos ativados para a resistência a
esse estresse se assemelham aos de outras bactérias patogênicas, além de propormos prováveis
funções para o fator σH e, principalmente, o fator σC em C. pseudotuberculosis.
15
ABSTRACT
Corynebacterium pseudotuberculosis is a Gram-positive bacterium which causes Caseous
Lymphadenitis (CL) in small ruminants. CL is a chronic infectious disease which impairs meat,
whool and milk production in many countries including Brazil, where sheep and goat industries
have been increasing in importance. Once the treatment for CL is not efficient, removing affected
animals from herds represents one of the major strategies to prevent the disease from spreading.
Many research groups have been looking for molecular components in C. pseudotuberculosis that
are involved in virulence and infection, among which phospholipase D stands out as the major one
described so far. However, new studies are necessary for the understanding of the
microorganism’s biology, including its intrinsic regulation mechanisms. In this context, we
attempted to characterize the sigma factors family-belonging transcriptional regulators of C.
pseudotuberculosis, as these proteins are reportedly related to processes relevant to infection and
stress-response in other pathogenic bacteria. As one of the most prominent barriers intracellular
pathogens like C. pseudotuberculosis are supposed to transpose, the oxidative stress was the
condition elected for most assays presented in this work. Considering our RT-qPCR results plus
susceptibility
C
H
testing
experiments
using
mutant
strains,
we
suggest
that
the
K
factors σ , σ and σ play important roles for the resistance to oxidative stress. We show also that
many of the mechanisms which are responsible for oxidative-stress response in other bacterial
pathogens are present in C. pseudotuberculosis. Finally, we indicate probable functions for σH and
more remarkably σC in this bacterium.
16
1. INTRODUÇÃO GERAL
1.1. Corynebacterium pseudotuberculosis e a Linfadenite Caseosa
Corynebacterium pseudotuberculosis é uma bactéria Gram-positiva, pleomórfica e imóvel,
que possui fímbrias, mas não é capaz de esporular ou formar cápsula. Embora possa ser
encontrada livre no ambiente, C. pseudotuberculosis apresenta grande relevância na medicina
veterinária por ser o agente etiológico de diferentes patogenias em diversos animais, como
cabras, ovelhas, cavalos, alpacas, lhamas, búfalos, camelos e antílopes (Baird & Fontaine, 2007).
No entanto, pelo menos 25 casos de infecção em humanos por C. pseudotuberculosis já foram
descritos, sendo que a maior parte deles foi associada principalmente ao contato com animais
portadores da bactéria (Liu et al., 2005).
Membro da Classe Actinobacteria, C. pseudotuberculosis possui um único cromossomo
com alto conteúdo de bases nitrogenadas guanina e citosina. Ao lado de outras espécies do
gênero Corynebacterium, considera-se que C. pseudotuberculosis é membro de um grupo
parafilético conhecido por CMNR, o qual abrange também espécies dos gêneros Mycobacterium,
Nocardia e Rhodococcus. Este grupo de bactérias pertencentes à Sub-ordem Corynebacterineae
apresenta como principal caractéristica em comum a parede celular baseada num grande
complexo polimérico de peptideoglicano, arabinogalactano e ácido micólico. Ainda, assim como C.
pseudotuberculosis, outras espécies do grupo CMNR são patógenos de grande relevância, como
Mycobacterium tuberculosis e Corynebacterium diphteriae
(causadoras, respectivamente, da
tuberculose e da difteria em humanos), além de Arcanobacterium pyogenes e Corynebacterium
renale, de interesse veterinário (Moore et al., 2010). O grupo CMNR também engloba espécies de
elevado interesse biotecnológico, como Corynebacterium glutamicum e Corynebacterium efficiens,
as quais são amplamente empregadas na indústria para a produção de aminoácidos e outros
compostos biossintéticos (Ikeda et al., 2003).
A enfermidade mais comumente associada à infecção por C. pseudotuberculosis é a
Linfadenite Caseosa (LC), a qual acomete os pequenos ruminantes (cabras e ovelhas) e ocasiona
expressivas perdas econômicas para a ovinocaprinocultura, principalmete devido à redução da
produção de carne, leite e lã. No estágio inicial de manifestação da LC há formação de abscessos
e granulomas nos linfonodos superficiais; no entanto, em estágio avançado, a doença também
afeta os linfonodos viscerais e compromete o funcionamento dos órgãos internos como pulmões,
rins, fígado e baço – podendo até mesmo causar a morte (Baird & Fontaine, 2007, Williamson,
2001).
A LC tem ampla distribuição no continente europeu, estando presente, por exemplo, na
Inglaterra, França, Holanda e Espanha (Baird & Fontaine, 2007; Ruiz et al., 2007). Casos de LC
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também já foram descritos na Oceania e Américas do Norte, Central e do Sul, abrangendo a
Austrália, os Estados Unidos, Cuba e Venezuela (Baird & Fontaine, 2007; Ruiz et al., 2007). O
Brasil tem relatado altos índices de prevalência da LC principalmente na região nordeste, onde se
concentra a maior parte dos rebanhos caprinos no país. No entanto, há relatos de que a
prevalência da LC pode alcançar 80% das cabras e ovelhas nos criadouros do sudeste brasileiro
(Guimarães et al., 2009; Seyffert et al., 2010).
A LC é geralmente introduzida em rebanhos sadios por animais adquiridos de rebanhos
onde há histórico de infecção por C. pseudotuberculosis. Estudos sugerem que a transmissão da
LC ocorra principalmente pela via cutânea, uma vez que procedimentos comuns que geram
feridas na pele - como tosa, castração e marcações de animais - parecem contribuir para a
disseminação da doença nos rebanhos. A alta incidência de lesões intra-torácicas decorrentes da
LC em animais que são mantidos em confinamento pode ser um indício de que a transmissão
também ocorre pela via aérea (Kuria et al., 2001; Dorella et al., 2006a).
O procedimento mais indicado para o controle da LC nos rebanhos inclui a remoção dos
animais infectados e a vacinação dos animais sadios (Guimarães et al. 2009); no entanto, tais
medidas apresentam baixa eficácia devido ao diagnóstico tardio da doença (em estágio clínico
avançado) e à indisponibilidade de vacinas comerciais capazes de conferir altos índices de
proteção (Dorella et al., 2006a; Dorella et al., 2009). C. pseudotuberculosis é sensível a diversos
antibióticos in vitro, mas os abscessos de consistência caseosa, que se formam envoltos por
cápsulas expessas, protegem as bactérias da ação dos antimicrobianos e dificultam o tratamento
da LC (Williamson, 2001).
Embora o processo patogênico da LC seja bem entendido, poucos determinantes
moleculares de virulência e patogenicidade de C. pseudotuberculosis foram descritos até o
momento. Dentre os principais determinantes se destacam os ácidos micólicos de cadeia curta,
que compõem a parede celular de C. pseudotuberculosis; a fosfolipase D, que é uma exotoxina
com atividade esfingomielinase; e as proteínas codificadas pelo operon fagABC e pelo gene fagD,
as quais estão relacionadas à aquisição de ferro pela célula (McKean et al., 2005 e 2007a;
Williamson, 2001; Billington et al., 2002). Outros determinantes de virulência já descritos incluem
uma sintetase peptídica não-ribossômica e a enzima propionil-CoA-carboxilase, ambas
codificadas por genes cuja a expressão é ativada durante a infecção em macrófagos (McKean et
al., 2005).
Assim como as bactérias de vida livre, C. pseudotuberculosis é capaz de sobreviver fora
do organismo hospedeiro e resisitr a diversas situações ambientais que podem prejudicar sua
homeostase. Além disso, ao infectar o hospedeiro, essa bactéria é exposta a condições que
também são desfavoráveis ao seu estabelecimento, precisando resistir aos mecanismos de
defesa do hospedeiro e também aos efeitos da baixa disponibilidade de oxigênio (hipóxia)
(McKean et al., 2007a; 2007b). Após serem internalizadas por macrófagos, as bactérias são
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enclausuradas em fagossomos que se fundem, em seguida, aos lisossomos. É interessante
observar que alguns patógenos intracelulares, como M. tuberculosis e Brucella abortus, são
capazes de impedir a fusão entre o fagossomo e o lisossomo quando internalizados (Tashjian &
Campbell, 1983; Rohde et al., 2007). Os fagolisossomos que se formam no caso de C.
pseudotuberculosis proporcionam um ambiente ácido e especialmente rico em proteases,
lisozima, espécies reativas de nitrogênio - como o óxido nítrico - e espécies reativas de oxigênio como o ácido hipocloroso (Rohde et al., 2007; Schaible, 2009). Combinados, estes elementos
agridem diversas estruturas bacterianas, incluindo o envelope celular, complexos protéicos e os
ácidos nucléicos.
Neste contexto, as proteínas secretadas pelo patógeno parecem desempenhar papel
importante para a neutralização dos mecanismos de ação do hospedeiro, colaborando para a
manutenção da homeostase durante a infecção (Bhasvar et al., 2007). Com os objetivos de
identificar alvos importantes para o processo infeccioso e padronizar métodos imunoprofiláticos
para o controle da LC, nosso grupo de pesquisa tem se dedicado à caracterização de proteínas
secretadas por C. pseudotuberculosis. Ao todo, cento e quatro exoproteínas dessa bactéria já
foram identificadas utilizando diferentes metodologias de proteômica (Pacheco et al., 2011; Silva
et al., 2013b). Ainda, dezenove destas mostraram ser antigênicas em análises sorológicas do
proteoma, dentre as quais se destacam as proteínas ortólogas às de outros microrganismos nos
quais são responsáveis pela invasão celular, pelo transporte de nutrientes, e pela adaptação a
fatores adversos do meio. Algumas exoproteínas identificadas ainda não possuem funções
conhecidas (Seyffert et al., 2011; Seyffert et al., 2013 - artigo em redação).
1.2. Estresse oxidativo em bactérias e mecanismos de detoxificação celular
As espécies reativas de oxigênio - ou ROS (do inglês, Reactive Oxygen Species) - são
formadas nos organismos aeróbios como subprodutos do metabolismo celular, em decorrência da
redução parcial do oxigênio molecular (O2) para ânion superóxido (O2.-), peróxido de hidrogênio
(H2O2) e radical reativo de hidroxila (OH.) (Merkamm & Guyonvarch, 2001). Em bactérias, a
maioria das ROS é gerada pelas enzimas da cadeia respiratória associadas à membrana
plasmática, responsáveis pela redução sequencial do oxigênio molecular (Cabiscol et al., 2000,
Cash et al., 2007). Foi demonstrado, por exemplo, que a cadeia respiratória é responsável por
cerca de 87% da produção total de H2O2 em Escherichia coli (González-flecha & Demple, 1995).
As ROS também compreendem outros derivados do oxigênio que não são considerados radicais
(embora sejam instáveis), como o ácido hipocloroso, (HOCl), o ozônio (O3) e o oxigênio singlete
(1O2) (Berra & Menck et al., 2006).
Além das ROS produzidas endogenamente, as bactérias são frequentemente expostas às
espécies reativas presentes no ambiente externo. Diversas actinobactérias, por exemplo, são
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capazes de resistir às ROS presentes no ambiente fagossomal, as quais são produzidas pelos
macrófagos como um importante mecanismo de defesa. Quando a quantidade de ROS excede a
capacidade fisiológica normal de processamento nas bactérias ocorre o estresse oxidativo. Como
diversos componentes celulares são vulneráveis às ROS – como o DNA e as proteínas - a
ativação de enzimas e compostos detoxificadores é fundamental para a manutenção da
sobrevivência sob tal condição. É importante destacar que a suscetibilidade bacteriana às ROS é
bastante diversificada, em parte devido à existência de diferentes mecanismos de tolerância que
podem estar presentes ou ausentes dependendo da espécie considerada (Hassett & Cohen,
1989; Hengst & Buttner, 2008).
O cromossomo bacteriano apresenta alta suscetibilidade às alterações promovidas pelas
ROS, que podem ocorrer mesmo na ausência do estresse oxidativo propriamente dito. As
modificações decorrentes da oxidação, se não reparadas, resultam no pareamento incorreto das
bases nucleotídicas na fita de DNA, durante o evento de replicação, causando alterações
indesejáveis na sequência nucleotídica herdada por uma das células descendentes . Em E. coli, o
controle dos mecanismos de reparo do DNA é realizado pela rede SOS regulatória, da qual fazem
parte cerca de 20 genes que têm sua expressão reprimida pela proteína LexA. Neste mesmo
microrganismo, a formação de cadeias simples de DNA, em decorrência de danos ou da
paralisação da replicação, ativa a proteína RecA, que por sua vez promove a inativação de LexA.
O reparo do DNA lesionado pode acontecer por eventos de recombinação homóloga ou pelo
recrutamento da DNA polimerase promovido pela própria RecA ligada à cadeia simples (Salles &
Paleoletti, 1983).
O exemplo mais comum de base nitrogenada modificada por ROS é a 8-oxodesoxiguanina, originada a partir da oxidação da guanina. Como a guanina apresenta alta
afinidade pela citosina e a 8-oxo-desoxiguanina se liga com maior facilidade à adenina, considerase que a alteração nucleotídica em questão promove a transversão de citosina para adenina
durante o evento de replicação. (Neeley & Essigmann, 2006). Em E coli, a eliminação da 8-oxodesoxiguanina depende principalmente de duas glicosilases: MutM, que remove a 8-oxodesoxiguanina ligada à citosina, na fita-dupla de DNA; e MutY, que remove eventuais adeninas
ligadas às bases 8-oxo-desoxiguanina. A MutT, enzima cuja atividade hidrolisa 8-oxodGTP livre a
8-oxo-dGMP, também auxilia na prevenção da ocorrência de erros de replicação induzidos pelo
estresse oxidativo (Michaels et al., 1991).
A oxidação também pode acarretar diversas alterações indesejáveis nas proteínas
(Hasset & Cohen, 1989). As células procariotas possuem enzimas capazes de reparar
diretamente algumas dessas modificações protéicas, como a metionina sulfóxido redutase - que
corrige o sulfóxido de metionina para metionina. Além disso, um sistema simples de proteção, que
pode ser considerado a última alternativa de "defesa" da proteína, se baseia na exposição de
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resíduos de metionina no entorno do sítio ativo. Dessa forma, os resíduos expostos são
preferencialmente oxidados e a função da proteína não é prejudicada (Levine et al., 1996).
Um mecanismo antioxidante de proteínas bastante difundido entre os organismos vivos
baseia-se no sistema tioredoxina, o qual é responsável pela manutenção dos grupos tiol (-SH) de
resíduos de cisteína na sua forma reduzida (Holmgren, 1989). Em adição a este sistema, a maior
parte dos organismos apresenta compostos tiol de baixo peso molecular que auxiliam na
prevenção da formação de pontes dissulfeto em proteínas citoplasmáticas, sendo o mais
importante deles o tripeptídeo glutationa (GSH) (Newton et al., 1993). Embora a glutationa não
esteja presente nos actinomicetos, estes microrganismos apresentam um outro sistema de função
similar, o micotiol (MSH, também conhecido por AcCys-GlcN-Ins) (Newton et al., 2008). Há
indícios de que o MSH seja importante para a viruência de M. tuberculosis, sendo que um dos
genes responsáveis pela sua biosíntese - o mshD - parece ser essencial para o estabelecimento
do patógeno durante a infecção de macrófagos (Rengarajan et al., 2005). Além disso, foi relatado
que a MSH tem sua produção aumentada durante a transição da fase exponencial para a fase
estacionária de crescimento de M. tuberculosis (Buchmeier et al., 2003).
Outro importante mecanismo de detoxificação celular compreende a catalase, que é a
enzima responsável pela conversão de peróxido de hidrogênio nas moléculas atóxicas H2O e O2.
A bactéria E. coli, por exemplo, é produtora de 2 catalases distintas: uma monofuncional conhecida como hidroperoxidase I (HPI) e codificada pelo gene katG -, e outra com atividade
peroxidase - hidroperoxidase II (HPII), variedade que ocorre comumente em bactérias e fungos e
que tem sua produção desencadeada pela ação do regulador sigma RpoS. Há evidências de que
bactérias patogênicas produzem altos níveis de catalase dentro do compartimento fagossômico
durante a infecção em macrófagos, sugerindo que esta enzima é importante para a virulência de
patógenos catalase-positivos como M. tuberculosis e Nocardia asteroides (Leblond-Francillard et
al., 1989).
Em E. coli, a catalase monofuncional HPI tem sua produção ativada pela proteína OxyR,
um exemplo clássico de regulador redox nesta espécie. Além de katG, a OxyR ativa um regulon
de mais de 20 genes envolvidos em ações antioxidantes, incluindo aqueles que codificam a alquil
hidroperóxido redutase (enzima que converte hidroperóxidos orgânicos em álcoois) e a GSH
(Hengst & Buttner, 2008). Entretanto, nem todas as actinobactérias apresentam o OxyR - caso de
M. tuberculosis - devido à ocorrência de múltiplas mutações e deleções. No entanto, o bacilo da
tuberculose produz a proteína FurA, que atua na repressão da catalase HPI, além de regular o
processo de aquisição de ferro . Portanto, para as micobactérias desprovidas de OxyR funcional,
FurA aparenta ser um importante regulador de mecanismos de resposta ao estresse oxidativo
(Zahrt et al. 2001).
Outros importantes agentes detoxificadores, as superóxido dismutases são metaloenzimas
multiméricas que catalisam a conversão do ânion superóxido para peróxido de hidrogênio. Elas
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são classificadas em 4 grupos distintos de acordo com o tipo de metal cofator: ferro (Fe-Sod ou
SodB), manganês (Mn-Sod ou SodA), níquel (Ni-Sod), e cobre e zinco (Cu/Zn-Sod ou SodC).
Enquanto as proteínas SodA e SodB estão presentes no citoplasma da maior parte das bactérias,
a SodC se encontra no espaço periplasmático de bactérias patogênicas (Merkamm & Guyonvarch,
2001). O envolvimento de SodC com patogenicidade foi demonstrado para o bacilo Gram-negativo
Burkholderia cenopacea. Patógeno oportunista, este microrganismo produz SodC para se
proteger dos ânions superóxido de origem exógena, o que parece contribuir para sua
sobrevivência durante a infecção de macrófagos (Keith & Valvano, 2007).
M. tuberculosis possui 2 genes codificadores de superóxido dismutases: sodA e sodC.
Assim como ocorre em B. cenopacea, a SodC de M. tuberculosis apresenta função de envelope
celular. A inativação do gene sodC aumenta a suscetibilidade dessa bactéria ao ânion superóxido,
ao óxido nítrico (NO) combinado com o ânion superóxido, e à morte por macrófagos murinos
peritoneais ativados com interferon gama (IFN-ɣ) (Piddington et al., 2001). Por outro lado,
macrófagos selvagens não-ativados e macrófagos ativados por IFN-ɣ, mas deficientes para a
enzima Nox2 (NADPH Oxidase 2), não foram capazes de eliminar o mutante para SodC durante a
infecção, demonstrando que esta superóxido dismutase contribui para a resistência da bactéria
contra espécies reativas de oxigêno no meio intracelular.
Em resumo, as modificações no ambiente causadoras do desequilíbrio reducional-oxidativo
podem ser deletérias ou até mesmo letais para as células bacterianas. Assim, a sobrevivência
desses microrganismos depende diretamente da ativação dos mecanismos voltados para a
prevenção da geração de ROS, o impedimento da propagação destas espécies, e o reparo de
eventuais danos causados por elas em diferentes componentes celulares (Cabiscol et al., 2000;
Lushechak, 2001). Nesse contexto, sendo a regulação dos processos envolvidos na adaptação às
condições adversas - como o estresse oxidativo - mediada principalmente através da ativação ou
repressão da transcrição gênica nos organismos procariotos, nosso grupo tem pesquisado o papel
dos fatores transcricionais pertencentes à família dos fatores sigma em C. pseudotuberculosis.
1.3. Regulação gênica pelos fatores sigma (σ): envolvimento na virulência e na resposta ao
estresse
A modulação da expressão gênica tem um papel definitivo nas adaptações e modificações
necessárias para a sobrevivência às alterações ambientais extremas e rápidas, sendo também
crucial para a bactéria realizar uma infecção de sucesso. Assim, a busca por novos determinantes
de virulência em patógenos como C. pseudotuberculosis tem levado ao estudo das proteínas
ativadoras/reguladoras da transcrição de genes especificamente voltados para a resposta às
alterações das condições ambientais (Kazmierczak et al., 2005).
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Os fatores sigma, comumente representados pela letra grega σ, são proteínas que se
ligam ao cerne da RNA polimerase - composto formado por diferentes subunidades protéicas (α2,
β, β’ e ω) - de forma a torná-lo uma holoenzima ativa e capaz de transcrever os genes bacterianos
(Figura 1). Os fatores sigma permitem à RNA polimerase reconhecer promotores gênicos de
maneira específica, uma vez que possuem afinidade diferencial às várias combinações de
sequências consenso situadas a montante das regiões codificadoras gênicas. Dessa maneira,
cada um dos fatores sigma presentes na bactéria assegura a ativação coordenada da expressão
de um determinado conjunto de genes (ou regulon) fisiologicamente ou desenvolvimentalmente
relacionados, os quais podem estar envolvidos na adaptação requerida durante o curso de
infecção em bactérias patogênicas (Nesvera & Pátek, 2008). A participação dos fatores sigma no
processo transcricional está demonstrada na Figura 2.
Traduzido e Adaptado: Paget & Helmann, 2003; Pátek & Nesvera, 2011.
Figura 1. Estrutura dos fatores sigma e sua interação com a RNA polimerase e região
promotora. A) A RNA polimerase ligada ao fator sigma origina uma holoenzima capaz de
reconhecer as seqüencias consenso dos promotores gênicos. B) Regiões e domínios conservados
dos fatores sigma da família σ70. As setas verticais indicam a interação dos domínios de ligação
ao DNA com os motivos conservados -10 e -35 dos promotores. Tais domínios se localizam nas
subregiões 2.4 e 4.2, respectivamente. A interação entre a subregião 3.0 e a região -10 extendida
(dímero TG) também ocorre em algumas bactérias. A seta dobrada indica o ponto de início da
transcrição (+1) e a direção desta.
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Traduzido e Adaptado: http://amolecularmatter.tumblr.com/post/21213985951/transcription-in-prokaryotes
Figura 2. Representação esquemática do envolvimento dos fatores sigma bacterianos na
transcrição gênica. Diferentes etapas da transcrição gênica são mostradas: (1-3) a holoenzima
da RNA polimerase se liga ao promotor formando o complexo fechado, e então mudanças
conformacionais abrem o complexo e permitem o reconhecimento específico das regiões
promotoras -10 e -35; (3-4) a RNA polimerase inicia a produção de pequenas moléculas de RNA,
de2 a 12 pares de bases, originando o complexo ternário; (4-7) o alongamento dos transcritos de
RNA acontece após a liberação do fator sigma do cerne da RNA polimerase.
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As eubactérias possuem pelo menos um fator sigma considerado principal (ou primário),
pertencente à família σ70, o qual é ativador da transcrição da maioria dos genes essenciais ao
crescimento exponencial sob condições ótimas de cultivo , também denominados housekeeping
(Halgasova et al., 2002). Como exemplos de fatores sigma essenciais descritos na literatura,
citamos o σA de Bacillus subtilis e o σ70 codificado pelo gene rpoD em E. coli. Na ocorrência de
estímulos ambientais diversos, fatores sigma alternativos - que são considerados não-essenciais à
viabilidade do organismo - podem substituir o sigma primário que está ligado ao cerne da RNA
polimerase e permitir a ativação da expressão de conjuntos gênicos necessários à resposta
adaptativa requerida (Helman, 2002; Kazmierczak et al., 2005).
Considerando-se suas características estruturais e funcionais, um fator sigma alternativo
pode ser classificado como pertencente a uma das seguintes famílias: σ54 ou σ70. Os fatores
sigma da família σ54 permitem à holoenzima da RNA polimerase reconhecer regiões promotoras 12 e -24, iniciando a transcrição gênica geralmente quando uma proteína ativadora se liga à
sequência acentuadora (ou enhancer) presente a montante do promotor. Em alguns casos, a
transcrição gênica pela RNA polimerase ligada ao fator σ 54 pode requerer um fator de integração
responsável por flexionar a dupla-fita de DNA, de modo a permitir a interação entre a holoenzima
e a proteína ativadora ligada ao enhancer. Um exemplo conhecido de fator σ54 é o σN de
Pseudomonas aeruginosa, controlador da transcrição de alguns dos genes responsáveis pela
síntese do exopolissacarídeo alginato (um dos principais fatores de virulência dessa bactéria) e de
genes relacionados ao desenvolvimento de flagelos e fímbrias (Wösten, 1998; Kazmierczak et al.,
2005).
Embora possam ativar a expressão de genes envolvidos na virulência bacteriana, os
fatores σ54 não estão presentes em todas as bactérias. As bactérias do gênero Corynebacterium,
por exemplo, apresentam apenas fatores sigma pertencentes à família σ 70, de estrutura protéica
homóloga à do fator σ70 de E. coli. Como anteriormente mencionado, os fatores sigma
classificados como σ70 conferem à holoenzima da RNA polimerase a capacidade de reconhecer
as sequências consenso -10 e -35 dos promotores gênicos, além de frequentemente permitirem a
iniciação da transcrição na ausência de proteínas ativadoras, diferentemente do que ocorre com
os membros da família σ54 (Wösten, 1998).
De forma geral, os fatores sigma alternativos relacionados à família σ70 podem ser
agrupados em três classes distintas, de acordo com a função que desempenham na célula: (i) a
dos sigmas ativadores de mecanismos gerais de resposta ao estresse, os quais apresentam a
maior similaridade estrutural com os fatores sigma primários; (ii) a dos sigmas envolvidos nas
alterações morfológicas do organismo, como formação de estruturas flagelares e esporulação; (iii)
a dos fatores σECF (do inglês, Extracytoplasmic Function), os quais estão principalmente
envolvidos na ativação de mecanismos de resposta às alterações do ambiente extracelular
(Kazmierczak et al., 2005; Potvin et al., 2008).
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Um dos primeiros fatores σ alternativos identificados, o σ B de B. Subtilis pertence à família
σ70 e apresenta domínios protéicos altamente similares aos fatores σ primários. Em C.
glutamicum, a avaliação da expressão gênica global de linhagens deficientes e proficientes para o
σB, pelo emprego da técnica de microarranjo de DNA, revelou que os genes mais fortemente
ativados por este fator apresentam seqüencias promotoras -10 idênticas às de genes
considerados housekeeping (Pátek et al., 2003; Nesvera & Pátek, 2008). Assim, é muito provável
que o σB funcione como uma proteína reguladora reserva, uma vez que é capaz de ativar a
transcrição de genes cujos promotores são similares aos reconhecidos por σA. Além disso, foi
demonstrado que o gene sigB de C. glutamicum é expresso em maiores níveis durante a transição
das culturas da fase de crescimento exponencial para a fase estacionária, enquanto ocorre
simultaneamente a redução da expresão de sigA (Larish et al., 2007; Nesvera & Pátek, 2008).
Ainda, vários estudos apontam que o fator σB está relacionado à ativação de mecanismos
gerais de resposta ao estresse. O σB de B. subtillis é responsável pela regulação da transcrição de
pelo menos 127 genes envolvidos em funções variadas, dentre as quais se destacam a
resistência ao etanol e às condições de alta temperatura (heat shock) e acidez. (Kazmierczak et
al., 2005). Também há evidêncas do envolvimento de σB de C. glutamicum na resposta aos
estresses ácido, osmótico, alcoólico e de temperatura, sendo que a expressão do gene sigB (que
codifica o fator σB) é provavelmente ativada por um fator sigma alternativo de função
extracitoplasmática (σECF) (Nesvera & Pátek, 2008). Foi demonstrado ainda que o σB responde a
condições de estresse nas bactérias patogênicas Listeria monocitogenes e B. anthracis, agentes
etiológicos da listeriose e do antraz, respectivamente. Em L. monocytogenes, especificamente, o
σB integra a rede regulatória dos genes de internalinas (proteínas que contribuem para a invasão
de células de mamíferos) e de outros genes envolvidos em virulência (McGann et al., 2007).
Os σECF se destacam dentre os fatores alternativos da família σ 70 por compreenderem
proteínas relativamente compactas que frequentemente controlam os mecanismos de secreção, a
síntese de exopolissacarídeos e a produção de proteases extracelulares (Helmann, 2002).
Diversos estudos têm relatado que a transcrição de vários genes codificadores de σECF pode ser
auto-regulada, sendo o fator sigma produzido indutor do aumento da expressão de seu próprio
gene codificador. Em muitos casos, os fatores sigma são cotranscritos com proteínas anti-sigma,
as quais possuem afinidade pelos sigmas cognatos e, assim, atuam como reguladores negativos
destes. Um fator anti-sigma se desliga do seu respectivo fator sigma geralmente na presença de
sinais específicos de origem extracelular (Nesvera & Pátek, 2008).
Análises comparativas entre seqüencias genômicas bacterianas disponíveis em bancos de
dados revelaram uma ampla variação no número de genes codificadores de fatores σECF em
diversos microrganismos: dois em E. coli, sete em B. subtilis, dez em M. tuberculosis, e cinquenta
em Streptomyces coelicolor (Helmann, 2002). É interessante destacarmos um trabalho que
buscou avaliar se há um conjunto mínimo de fatores σ ECF necessário ao crescimento in vitro de B.
26
subtilis. Os sete genes codificadores de fatores σECF puderam ser mutados no genoma de uma
mesma linhagem de B. subtilis, a qual demonstrou ser viável apenas na ausência de estresses.
Ainda, esta linhagem mostrou ser capaz de esporular como a bactéria selvagem (Asai et al.,
2008).
Um exemplo importante de σECF envolvido na virulência é o fator AlgU, que regula a
expressão de alguns dos genes envolvidos na síntese do alginato e também controla a resposta
ao estresse oxidativo em Pseudomonas aeruginosa (Potvin et al., 2008). De forma semelhante, o
fator σE de Salmonella enterica serovar Typhimurium, que é ortólogo ao AlgU de P. aeruginosa,
também regula genes que proporcionam resistência ao estresse oxidativo, auxiliando na
sobrevivência da bactéria dentro de macrófagos (Kazmierczak et al., 2005). Esses dois exemplos
nos mostram uma clara correlação entre o controle da transcrição gênica exercido pelos fatores
σECF a virulência em bactérias patogênicas, e a resistência destas ao estresse oxidativo.
Os fatores sigma de M. tuberculosis, que é um actinomiceto de importância médica,
apresentam diversas funções relevantes que estão enumeradas na Tabela 1. Dos treze fatores
sigma micobacterianos já estudados, os σB, σE, σF, σH e σJ participam da resposta ao estresse
oxidativo, enquanto que o σB também está relacionado à resposta geral ao estresse, ao lado do
fator σC.
Dentre as corinebactérias, C. glutamicum é a espécie mais estudada quanto aos seus
fatores sigma até o momento. A exemplo de outras bactérias amplamente estudadas, vários
artigos relatam o envolvimento de seus fatores sigma alternativos na adaptação às situações de
estresse, como o σB, que foi associado ao aumento da expressão de genes que codificam
moléculas com funções antioxidantes e de proteção bacteriana à falta de nutrientes e hipóxia
(Halgasova et al., 2002; Larish et al., 2007; Ehira et al., 2008). Nessa mesma espécie, o σH está
envolvido na modulação da expressão de genes necessários à sobrevivência em condições de
estresse ácido e heat shock (Barriuso-Iglesias et al., 2013; Ehira et al., 2009). Segundo Park et al.
(2008), o σE de C. glutamicum está envolvido na resposta a estresses de superfície celular,
podendo participar ainda da resistência a vários agentes antimicrobianos.
O estudo de uma linhagem de C. glutamicum desprovida de σM revelou que este fator
regula a atividade dos genes codificadores das proteínas tioredoxina e SufR, ambas envolvidas na
resposta ao estresse decorrente da oxidação de grupos (-SH). Além disso, o σM também ativa a
expressão de genes envolvidos na resposta ao estresse causado por heat shock, como groES,
groEL e clpB. Nesta condição, a frequência de formação de proteínas que não atingem sua
conformação correta é notória, sendo fundamental a ação das chaperoninas moleculares e das
proteases do complexo Clp (Ventura et al., 2006).
O estudo de diversas sequências gênicas de C. glutamicum revelou que promotores
reconhecidos por σM e σH possuem sequências consenso -10 e -35 muito parecidas entre si
(Nesvera & Pátek, 2008). Ainda, resultados interessantes alcançados por Nakunst et al. (2007)
27
mostraram que, após a deleção do gene sigH em C. glutamicum, a indução de choque térmico e
da oxidação de grupos tiólicos provoca o aumento da expressão de sigM apenas na linhagem
selvagem, o que constitui mais um indício de que este gene é regulado pelo fator σH. Como σM e
σH reconhecem promotores estruturalmente similares, é provável que a expressão de sigM seja
auto-regulada como ocorre com sigH (Nesvera & Pátek, 2008). Os dados obtidos até então acerca
da resposta ao estresse em C. glutamicum apontam para o fato de que essa bactéria se prepara
para uma maior ocorrência de ROS ao sofrer heat shock (Nesvera & Pátek, 2008).
De maneira geral, os fatores σB, σH, σE e σM de C. glutamicum foram os mais estudados
até o momento. Além dos trabalhos já citados, podemos destacar o de Ikeda et al. (2009), no qual
foi demonstrado que mutantes de C. glutamicum para o fator σD são mais suscetíveis do que a
bactéria selvagem à condição de hipóxia. O único regulador para o qual não há estudos
relevantes sobre sua função, tanto nesta espécie quanto nas demais do gênero Corynebacterium,
é o fator σC.
28
Tabela 1. Os fatores sigma de Mycobacterium tuberculosis e as suas funções.
Fatores Sigma
A
SigA (σ )
B
SigB (σ )
C
SigC (σ )
D
SigD (σ )
E
SigE (σ )
F
SigF (σ )
Funções em M. Tuberculosis
- Regulons Housekeeping
- Essencial para a viabilidade bacteriana
- Continuamente expressa, porém variável em certas condições
- Modula a expressão de genes de virulência
- Resposta geral ao estresse
- Crescimento na fase estacionária, em ambientes com escassez de nutrientes
- Respostas ao estresse incluindo estresses na superfície celular, heat-shock, oxidativo e exposição aos
antibióticos.
- Biossíntese de ácidos graxos, fosfolipídios e componentes da parede celular
- Metabolismo de energia
- Resposta geral ao estresse
- Letalidade durante infecção de camundongos
-Resposta a falta de nutrientes
-Parte do regulon RelA
-Virulência
- Essencial para a virulência
- Estresse na superfície celular
- Ambientes de estresse incluindo heat-shock, estresse oxidativo e no macrófago.
- Essencial para a virulência
- Induzido por hipóxia, antibióticos, estresse oxidativo, fase estacionária, cold-shock e falta de nutrientes.
G
- Infecção em macrófagos
H
- Induzido por heat-shock, estresse oxidativo e infecção em macrófagos
SigG (σ )
SigH (σ )
I
SigI (σ )
J
SigJ (σ )
k
SigK (σ )
L
SigL (σ )
- Fator sigma alternativo
- Induzido na fase estacionária e nos macrófagos
- Estresse oxidativo
- Expressão de proteínas antigênicas
- Processos do envelope celular, transporte de ácidos graxos, óxido-redução, proteínas exportadas.
- Regula genes necessários para a síntese de moléculas de superfície ou secretadas, incluindo genes que
M
SigM (σ )
podem ter função nas interações patógeno-hospedeiro.
Traduzido e adaptado: Newton-Foot et al., 2013.
Referências
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Hu et al., 2004
Hu et al., 2001
Charlet et al., 2005
Dainese et al., 2006
Raman et al., 2006
Agarwal et al., 2007
29
1.4. Estudo dos fatores sigma de C. pseudotuberculosis
Como já discutido no item anterior, os fatores sigma da RNA polimerase bacteriana têm
papel importante para a ativação da expressão de conjuntos gênicos que podem estar
diretamente envolvidos na resposta a estímulos externos e às situações de estresse. Alguns
desses reguladores transcricionais também podem estar envolvidos nos mecanismos de virulência
e patogenicidade bacterianos, sendo essenciais ao estabelecimento de uma infecção bem
sucedida. Muitos desses mecanismos já foram, ao menos em parte, descritos para diferentes
espécies patogênicas; e o estudo do papel dos fatores sigma tem contribuído bastante para o
entendimento dos processos celulares que dão sustentabilidade a eles. Ainda, o estudo dos
fatores sigma pode fornecer pistas para as prováveis funções de componentes celulares que
podem ser atuantes na resistência ao estresse tanto in vitro quanto in vivo.
Nesse contexto e de forma pioneira, há pelo menos sete anos nosso grupo de pesquisa
tem procurado caracterizar os fatores sigma alternativos de C. pseudotuberculosis. Inicialmente,
Pacheco (2010) procurou isolar os genes codificadores dos fatores sigma ECF σD, σE e σH em C.
pseudotuberculosis utilizando iniciadores com posições degeneradas, confeccionados segundo
análises de similaridade nas bactérias M tuberculosis, C. diphteriae, C. glutamicum e C. efficiens.
Entretanto, neste momento, foi possível a identificação apenas do fator σE, o qual foi então
eliminado de C. pseudotuberculosis através da recombinação homóloga simples entre o gene sigE
e um vetor comercial contendo parte da região codificadora desse gene.
Resultados interessantes foram obtidos com diversas análises fenotípicas envolvendo C.
pseudotuberculosis mutante para o gene sigE. Foi mostrado que esta linhagem tem seu
crescimento significativamente afetado, em relação à selvagem parental, quando exposta ao
estresse ácido e ao estresse de superfície celular causado pela exposição ao dodecil sulfato de
sódio (SDS) e à lisozima. Ainda, embora esta linhagem não tenha se mostrado mais suscetível ao
peróxido de hidrogênio (estresse oxidativo) do que a selvagem, houve redução significativa de seu
crescimento quando foi exposta ao agente nitrosativo óxido nítrico (NO.) e, principalmente, ao
peroxinitrito, composto altamente reativo formado pela combinação entre peróxido de hidrogênio e
NO.. Além disso, experimentos in vivo revelaram que a linhagem mutante apresenta menor
persistência em camundongos C57BL⁄6, mas se mostra muito mais virulenta ao infectar
camundongos deficientes para a enzima óxido nítrico sintase indutível (iNOS-/-), os quais são
incapazes de produzir NO.. Ainda, o exoproteoma tanto da linhagem mutante quanto da linhagem
selvagem foi comparado sob condição normal de crescimento e após a exposição ao NO. in vitro
(Pacheco et al., 2012).
Paralelamente,
outros trabalhos
possibilitaram
a
identificação
de
outros
genes
codificadores de fatores sigma no genoma de C. pseudotuberculosis. Um deles se baseou na
30
geração e caracterização de GSSs (ou Genome Survey Sequences) e permitiu a identificação do
fator sigma σK (D’Afonseca et al., 2009). Posteriormente, o genoma da linhagem 1002 de C.
pseudotuberculosis foi inteiramente sequenciado pela Rede Genoma de Minas Gerais, o qual foi
então anotado e analisado pelo nosso grupo de pesquisa. Com o apoio de diversas ferramentas
de bioinformática, como as disponíveis no banco de dados MiST2 (disponível em:
http://mistdb.com/), pudemos identificar um total de oito genes codificadores de fatores sigma
nessa bactéria, dos quais um é considerado essencial e sete são alternativos (Tabela 2). Desse
modo, fomos capazes de gerar linhagens mutantes para todos os genes que codificam fatores
sigma alternativos, utilizando a mesma estratégia de recombinação homóloga simples
previamente empregada na obtenção do mutante para o fator σE (Domingueti, 2011).
Testes fenotípicos preliminares foram feitos para analisarmos os perfis de crescimento e a
suscetibilidade dos mutantes para os genes sigC e sigH a várias condições ambientais geradoras
de estresse. Os resultados obtidos sugerem que a linhagem 1002(ΔsigH) é mais suscetível ao
estresse osmótico que a linhagem parental 1002(wt) (Souza, 2011). Por outro lado, em
comparação com 1002(wt), a linhagem 1002(ΔsigC) aparentou ser mais suscetível aos estresses
oxidativo, osmótico e térmico (Domingueti, 2011).
No presente trabalho, nos dedicamos principalmente ao estudo do envolvimento dos
fatores sigma alternativos de C. pseudotuberculosis na resposta ao estresse oxidativo, que é uma
condição altamente relevante para patógenos intracelulares. Inicialmente, nos propusemos a
avaliar quais fatores sigma alternativos seriam os mais relevantes para a resposta ao estresse
oxidativo nessa bactéria, após a exposição aos agentes oxidantes peróxido de hidrogênio e
plumbagina. Ainda, procuramos identificar as principais proteínas que fazem parte dos
mecanismos de resposta ao estresse em questão, além de descrever, mesmo que parcialmente,
diferenças fenotípicas entre a linhagem selvagem 1002(wt) e as linhagens mutantes para os
fatores sigma alternativos, com ênfase no σC.
31
Tabela 2. Fatores sigma identificados em C. pseudotuberculosis e suas principais
características.
Fator
Classificação
ORFs
Tamanho
Principais identidades (tBLASTx)
sigma /
(pares de
protéico
Produto
Gene
bases)
(aminoácidos)
gênico
“RNAp sigma
A
σ /
70
σ
sigA
/ primário
1554
517
Organismo
C. diphteriae
factor”
“Sigma 70
C. glutamicum
factor”
70
B
σ /
sigB
σ
“Sigma 70
/ alternativo
de resposta a
990
330
estresses
factor”
“Sigma factor
70
σ /
σ
sigC
ECF
/ alternativo
Brevibacterium flavum
SigB”
“ECF-family
C
C. diphteriae
564
188
C. aurimucosum
sigma C”
“RNAp sigma
C. diphteriae
factor”
“RNAp sigma
D
70
σ /
σ
sigD
ECF
/ alternativo
591
197
C. diphteriae
factor”
“RNAp sigma
C. efficiens
factor”
“ECF sigma
E
70
σ /
σ
sigE
ECF
/ alternativo
642
214
C. diphteriae
factor”
“RNAp sigma
C. efficiens
factor”
“Sigma-E
H
70
σ /
σ
sigH
ECF
/ alternativo
672
224
C. diphteriae
factor”
“Sigma factor
C. glutamicum
rpoE”
“RNAp sigma
K
70
σ /
σ
sigK
ECF
/ alternativo
588
196
C. diphteriae
factor”
“ECF-family
C. jeikeium
sigma K”
“RNAp sigma
M
70
σ /
σ
sigM
ECF
/ alternativo
669
223
C. efficiens
factor”
“RNAp sigma
C. aurimucosum
factor”
32
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No período de realização da minha tese, o nosso grupo de pesquisa redigiu três artigos de
revisão e um capítulo de livro, produções para as quais tive a oportunidade de contribuir
ativamente.
O Artigo de Revisão I apresenta as características gerais de C. pseudotuberculosis com
ênfase na imunopatogênese deste microrganismo. Os dados atuais da literatura sobre a
imunidade induzida por C. pseudotuberculosis indicam que a resistência à infecção por esta
bactéria se dá através de um processo complexo que envolve tanto a imunidade celular quanto a
humoral. Apesar da grande importância da LC e de todo o conhecimento acumulado sobre esta
doença, ainda há necessidade de se identificar e caracterizar novos alvos para o desenvolvimento
de vacinas capazes de conferir proteção satisfatória aos ovinos e caprinos. Além disso, o artigo
sugere que a implementação de um programa de controle que inclua um método de diagnóstico
eficaz é crucial para que a LC não seja disseminada dentro de rebanhos.
O Artigo de Revisão II foi elaborado com o intuito de descrevermos os avanços do nosso
grupo de pesquisa no trabalho com C. pseudotuberculosis, reunindo os dados mais importantes
obtidos nos campos da genômica, proteômica e transcriptômica para o estudo dos mecanismos
de virulência dessa bactéria.
Por último, o Artigo de Revisão III aborda as principais características e funções dos
fatores sigma já descritos em bactérias Gram-positivas. Inicialmente, informações relevantes são
apresentadas para o microrganismo modelo B. subtilis. Em seguida, é discutida no artigo a
regulação da transcrição gênica em algumas das principais espécies do grupo CMNR, tais como
M. tuberculosis e C. glutamicum.
33
2.1. Artigo de Revisão I
Bastos, B.L.; Portela, R.W.D.; Dorella, F. A.; Ribeiro, D.; Seyffert, N.; Castro, T.L.P.; Miyoshi, A.;
Oliveira, S.C.; Meyer, R.; Azevedo, A. Corynebacterium pseudotuberulosis: immunological
reponses in animal models and zoonotic potential. Journal of Clinical & Cellular Immunology. 2012.
doi:10.4272/2155-9899.S4-005 (Artigo em anexo).
2.2. Artigo de Revisão II
Dorella, F.A.; Gala-Garcia, A.; Pinto, A.C.; Sarrouh, B.; Antunes, C.A.; Ribeiro, D.; Aburjaile, F.F.;
Fiaux, K.K.; Guimarães, L.C.; Seyffert, N.; El-Aouar, R.A.; Silva, R.F.; Hassan, S.S., Castro, T.L.P.;
Silva, W.M.; Ramos, R.; Carneiro, A.; Silva, A.; Miyoshi, A.; Azevedo, V. Integrating genomic,
proteomic, and transcriptomic data to better understand the pathogenicity of Corynebacterium
pseudotuberculosis: the Brazilian experience. Computational and Structural Biotechnology Journal
(Artigo em anexo).
2.3. Artigo de Revisão III
Souza, B.; Castro, T.L.P.; Carvalho, R.D.O.; Seyffert, N.; Silva, A.; Azevedo, V.; Miyoshi, A. Gram-
positive bacteria ECF factors: a focus on the CMNR group. Em fase de submissão ao periódico
Virulence (Artigo em anexo).
34
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral

Estudar o papel dos fatores sigma alternativos de C. pseudotuberculosis na resposta ao
estresse oxidativo e caracterizar a linhagem mutante para o fator σC.
3.2. Objetivos específicos

Avaliar a expressão diferencial dos genes codificadores dos fatores sigma alternativos em
C. pseudotuberculosis submetida ao estresse oxidativo;

Investigar que proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis apresentam papel de
destaque na adaptação ao estresse oxidativo, bem como os mecanismos nos quais elas
estão envolvidas;

Identificar quais linhagens de C. pseudotuberculosis mutantes para os fatores sigma
alternativos são mais suscetíveis aos efeitos do estresse oxidativo;

Investigar o efeito causado pela mutação dos fatores σH e σC sobre o proteoma
citoplasmático de C. pseudotuberculosis;

Comparar o perfil transcricional global da linhagem mutante para o fator σ C com o da
linhagem selvagem parental de C. pseudotuberculosis;

Avaliar a virulência de C. pseudotuberculosis mutante para o fator σC;

Investigar o efeito causado pela mutação do fator σC sobre a expressão diferencial dos
genes codificadores dos fatores sigma alternativos, bem como sobre o proteoma
citoplasmático de C. pseudotuberculosis exposta ao estresse oxidativo.
35
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Linhagens de C. pseudotuberculosis
Para o desenvolvimento do presente trabalho foi utilizado como microrganismo modelo a
linhagem 1002(wt) de C. pseudotuberculosis, isolada de caprino naturalmente portador da LC e
cedida pela Universidade Federal da Bahia.
As linhagens mutantes de C. pseudotuberculosis utilizadas neste trabalho foram obtidas a
partir da linhagem 1002(wt), como descrito por Pacheco (2010) e Domingueti (2011) (Tabela 3).
Primeiramente, fragmentos internos dos genes codificadores dos fatores sigmas σB, σC, σD, σH, σK
e σM foram amplificados por reação de PCR a partir do DNA genômico extraído de C.
pseudotuberculosis. Os produtos das amplificações obtidas por PCR foram então inseridos no
plasmídeo pCR®2.1-TOPO®, sendo as construções resultantes utilizadas para a transformação na
linhagem 1002(wt) de C. pseudotuberculosis, com o intuito de induzirmos a ocorrência de
recombinação homóloga simples no genoma desta bactéria (Figura 3). A seleção dos clones
mutantes para os fatores sigma alternativos foi realizada em meio de infusão de cérebro e coração
(BHI, do inglês Brain Heart Infusion) contendo o antibiótico canamicina à concentração final de
25 µg/mL.
Tabela 3. Linhagens mutantes para os fatores sigma de C. pseudotuberculosis
utilizadas neste trabalho.
Linhagens
bacterianas
Antibiótico marcador de
seleção
Origem
CP1002(∆sigB)
Canamicina (25ng/µL)
Domingueti et al., 2011
CP1002(∆sigC)
Canamicina (25ng/µL)
Domingueti et al., 2011
CP1002(∆sigD)
Canamicina (25ng/µL)
Domingueti et al., 2011
CP1002(∆sigE)
Canamicina (25ng/µL)
Pacheco et al., 2010
CP1002(∆sigH)
Canamicina (25ng/µL)
Domingueti et al., 2011
CP1002(∆sigK)
Canamicina (25ng/µL)
Domingueti et al., 2011
CP1002(∆sigM)
Canamicina (25ng/µL)
Domingueti et al., 2011
36
Figura 3. Representação esquemática do evento de recombinação homóloga simples entre
o plasmídeo pCR®2.1-TOPO® (Invitrogen®) contendo o fragmento do gene que codifica o σC
e o gene que codifica este fator sigma no cromossomo bacteriano. Os mutantes para os
demais sigmas também foram gerados a partir dessa metodologia. Adaptado: Domingueti, 2011
4.2. Confecção de oligonucleotídeos iniciadores
O desenho de oligonucleotídeos iniciadores para as reações de PCR quantitativa (qPCR)
(Tabela 4) baseou-se nas seqüências únicas de DNA codificante identificadas para os genes de
fatores sigma de C. pseudotuberculosis. O software Primer Express v2.0 (Applied BiosystemsTM)
foi empregado. A temperatura de anelamento considerada para cada par de iniciadores foi de
aproximadamente 60ºC e o tamanho dos amplicons ficou entre 80pb (pares de bases) e 120pb.
Probabilidades de formação de grampos, homodímeros e heterodímeros foram avaliadas com o
auxílio da ferramenta de bioinformática Oligo Analyzer v3.1 (Integrated DNA Technologies®).
37
Tabela 4. Oligonucleotídeos iniciadores selecionados e validados para as reações de
qPCR, seus alvos, e tamanhos dos produtos amplificados esperados.
Iniciador
Par
Rt16SF
Rt16SR
RTsigA_F
RTsigA_R
1
RT_sigB2_F
RT_sigB2_R
RTsigC_F
RTsigC_R
RT_sigD2_F
RT_sigD2_R
RTsigE_F
RTsigE_R
RTsigH_F
RTsigH_R
RT_sigK2_F
RT_sigK2_R
RT_sigM2_F
RT_sigM2_R
3
2
4
5
6
7
8
9
Gene
Amplicon
alvo
(pb)
5’-CAGCTCGTGTCGTGAGATGT-3’
5’-CTCTCATGAGTCCCCACCAT-3’
5’-GTGAGCTGCTCCAGGATTTG-3’
5’-CGCGCATATTGTTGGATCTC-3’
16s rRNA
16s rRNA
sigA
sigA
92
5’-TGAAGACTCCGAAGCAACC-3’
5’-CGTCGCTCAAGTGTATCCAG-3’
5’-ACCTGGTCCGACTGGATTG-3’
5’-GAGCACTTGCGTCAGAATGAG-3’
5’-TTGTGTATGGCATCGCTTC-3’
5’-CGGTTTCTGGAACGTCTTC-3’
5’-CTTTCACCCAGCTCAAGCC-3’
5’-TCGATCCGATACCAGCGTC-3’
5’-GAATTGGCGTGAGCGAAAC-3’
5’-GATTCCCAGCGGCTATATCC-3’
5’-GTCATGCTGGCTTATTTCTCC-3’
5’-GGTTTTGGCAGTACCAAGG-3’
5’-AACGACACCGCAACACTATG-3’
5’-GGTCTTTGAGCGACACAGC-3’
sigB
sigB
sigC
sigC
sigD
sigD
sigE
sigE
sigH
sigH
sigK
sigK
sigM
sigM
Sequência do oligonucleotídeo
103
93
87
93
85
90
81
108
4.3. Realização de curvas de crescimento de C. pseudotuberculosis
As linhagens de C. pseudotuberculosis são regularmente cultivadas em caldo infusão
cérebro coração (BHI), a 37°C e sob agitação de 140rpm (rotações por minuto). A armazenagem
das linhagens é feita através do congelamento das alíquotas dos cultivos, a -80°C e em glicerol à
concentração final de 40%. As curvas de crescimento foram realizadas a partir da diluição em
caldo BHI fresco de culturas previamente cultivadas, sendo o recipiente para o cultivo mantido a
37°C e 140rpm durante o período requerido para a medição de densidade ótica e viabilidade
celular. Em intervalos regulares de tempo, 500µL da cultura, em triplicatas, foram submetidos à
leitura espectrofotométrica no comprimento de onda de 600nm, utilizando o equipamento
BioPhotometer Plus (Eppendorf). Para as análises de viabilidade celular, 100µL da cultura foram
submetidos a diluições seriadas, das quais 100µL foram retirados em duplicatas para a
semeadura em placas de Petri contendo o meio BHI acrescido de ágar bacteriológico a 1,5%.
Quando necessário, o antibiótico canamicina foi acrescentado à concentração final de 25µg/mL
(Domingueti, 2010). Além do meio BHI, um meio quimicamente definido (MQD) estabelecido por
38
Moura-Costa et al. (2002) também foi utilizado para a realização das curvas de crescimento das
linhagens selvagem e mutantes de C. pseudotuberculosis (Tabela 5).
Alternativamente, as culturas de C. pseudotuberculosis preparadas para a realização de
curvas de crescimento foram dispostas, no volume de 150µL, em poços de placas de cultivo
celular de fundo chato para 96 amostras (TPP®), que foram então lacrados com a membrana
Breathe-Easy™ (Sigma-Aldrich®) para permitir a troca de gases com o ambiente externo sem
permitir a contaminação. As densidades óticas (DO540nm) foram aferidas em intervalos regulares de
tempo com o auxílio da leitora de placas iEMS Absorbance PlateReader (Thermo Scientific).
Para a análise das curvas de crescimento de todas as condições testadas foi utilizado o
software GraphPad Prism v. 5 (GraphPad Software, Inc). Em alguns casos foi realizada a
integração das áreas sob as curvas (ASC) utilizando o mesmo software, sendo calculado o índice
de crescimento percentual das bactérias tratadas em comparação com as bactérias crescidas sob
condições normais, de acordo com a fórmula: GI (%) = (ASCTratado / ASCControle) X 100.
Tabela 5. Composição do meio quimicamente definido (MQD) utilizado
para o cultivo de C. pseudotuberculosis.
Tampão fosfato
(g/L)
Na2HPO4
12,93
KH2PO4
2,55
NH4Cl
1,00
CaCl2
0,02
MgSO4
0,20
Glicose
12,00
Vitaminas
(g/L)
Pantotenato de Ca
Cloreto de Colina
Ácido Fólico
Inositol
Niacinamida
Piridoxal
Riboflavina
Tiamina HCl
0,0040
0,0040
0,0040
0,0080
0,0040
0,0040
0,0004
0,0040
Aminoácidos
(g/L)
Arginina
0,0632
Cistina
0,0120
Histidina
0,0210
Isoleucina
0,0263
Leucina
0,0262
Lisina
0,0363
Metionina
0,0076
Fenilalanina 0,0165
Treonina
0,0238
Triptofano
0,0051
Tirosina
0,0180
Valina
0,0234
Alanina
0,0089
Asparagina
0,0132
Ác. Aspártico 0,0133
Ac.Glutâmico 0,0133
Glicina
0,0075
Serina
0.0105
Adaptado: Moura-Costa et al., 2002.
39
4.4. Condições de estresse aplicadas às culturas in vitro de C. pseudotuberculosis
Culturas de 16 a 24h da linhagem 1002(wt) e das linhagens mutantes para os fatores
sigma de C. pseudotuberculosis (item 4.1) foram reinoculadas ou em caldo BHI ou em MQD, e
incubadas por cerca de 6h a 37°C, 140rpm, até atingirem o início da fase exponencial
(logarítmica) de crescimento (DO540nm≈0,1; DO600nm≈0,2). Nesta etapa, as culturas foram divididas
em diferentes alíquotas, às quais os diferentes agentes geradores de estresse (Tabela 6) ou seus
respectivos solventes (para controle experimental) foram adicionados. As culturas foram então
reincubadas a 37°C, 140rpm, para o monitoramento dos efeitos causados pelas condições de
estresse sobre o crescimento das linhagens (como descrito no item 4.3). Quando necessário, o
antibiótico canamicina foi acrescentado à concentração de 25µg/mL nas culturas.
Ao todo, duas substâncias distintas foram empregadas para a indução do estresse
oxidativo nas culturas de C. pseudotuberculosis: peróxido de hidrogênio e plumbagina (Figura 4).
O peróxido de hidrogênio é um composto que também pode ter origem endógena e se destaca
como uma das substâncias mais comumente empregadas para a promoção de oxidação in vitro. A
plumbagina é uma naftoquinona extraída principalmente das raízes de plantas pertencentes à
família Plumbaginaceae (Gujar, 1990). A capacidade de geração de ROS pela plumbagina pode
ser explicada por dois motivos distintos: (i) as quinonas são eficientes agentes eletrófilos, capazes
de oxidar os grupos tióis dos resíduos de cisteína das proteínas, além do tripeptídeo GSH; (ii) as
quinonas podem reagir com as flavoproteínas, originando radicais semiquinona que interferem no
mecanismo de respiração celular e induzem à formação de ROS como íons superóxido e peróxido
de hidrogênio (Floreani et al., 1996).
As concentrações de peróxido de hidrogênio e plumbagina utilizadas neste trabalho estão
descritas na Tabela 6. Os trabalhos de Pacheco (2010) e Bhattacharya et al. (2013) dão suporte à
escolha das concentrações testadas.
Peróxido de hidrogênio
Plumbagina
Figura 4. Estruturas moleculares dos compostos químicos empregados neste
estudo para a geração de estresse in vitro em culturas de C. pseudotuberculosis.
Adaptado: Cao et al. 187(9), 2005.
40
Tabela 6. Condições de estresse testadas in vitro.
Composto químico
utilizado
Método para aplicação na cultura de
C. pseudotuberculosis
Concentrações finais
testadas nas culturas de
C. pseudotuberculosis
H2O2
Adição
de
solução
comercial
®
(Sigma-Aldrich ) de H2O2 (30% em H2O)
ao meio de cultura, à concentração final
desejada.
10mM*
Para condição controle: adição de água
ultrapura estéril.
40mM*
75mM*
100mM*
150mM
Plumbagina
Dissolução da plumbagina em pó em
solução DMSO 50%, à concentração de
1mM, seguida de diluição à concentração
desejada em cultura bacteriana.
15µM*
Para condição controle:
solução DMSO 50%.
50µM
adição
de
5µM*
25µM
* Concentrações empregadas nos experimentos de avaliação da suscetibilidade diferencial
das linhagens mutantes para fatores sigma ao estresse oxidativo.
4.5. PCR em tempo real
4.5.1. Obtenção de RNA total de C. pseudotuberculosis
Para
a
extração
do
RNA
total
das
linhagens
1002(wt)
e
1002(ΔsigC)
de
C. pseudotuberculosis, os procedimentos adotados foram realizados utilizando materiais
dedicados exclusivamente a esta finalidade. Os acessórios vítreos foram previamente submetidos
a 250ºC por 4h, em estufa de esterilização, para a inativação de eventuais RNases. Ponteiras
plásticas livres de RNase e contendo filtros foram autoclavadas e utilizadas para as pipetagens, e
o restante dos materiais plásticos empregados foram tratados por imersão em solução de
dietilpirocarbonato (DEPC) 0,01%, a 37ºC e durante 12h. O DEPC, reagente amplamente utilizado
para a inativação de RNases, também foi empregado no tratamento da água ultrapura utilizada,
sendo posteriormente inativado por 15min de autoclavação a 1,05 kg/cm2. As superfícies das
bancadas do laboratório, as micropipetas e os demais equipamentos utilizados foram previamente
higienizados com o auxílio da solução em aerosol RNAse Exterminator (BioAgency), conforme
recomendado pelo fabricante.
A obtenção do RNA total de C. pseudotuberculosis foi feita a partir de frações de 20mL das
culturas utilizadas para as curvas de crescimento (itens 4.3 e 4.4), após 15 e 60 minutos de
41
exposição aos agentes geradores de estresse ou aos seus respectivos solventes (Tabela 6). O
reagente RNAprotect® Bacteria Reagent” (Qiagen) foi misturado às culturas, nos tempos
indicados, para a estabilização da atividade transcricional e conservação da integridade do RNA.
Após a incubação à temperatura ambiente por 5min, as amostras foram submetidas à
centrifugação a 5.000g durante 10min, e então tiveram seus sobrenadantes descartados. Os
precipitados bacterianos estabilizados foram armazenados em freezer -80ºC.
As amostras estabilizadas com RNAprotect® Bacteria Reagent foram descongeladas em
gelo e os precipitados bacterianos foram ressuspendidos em 500µL de tampão RLT (Qiagen). As
amostras foram então transferidas para tubos contendo 250µL de beads VK01 (Bertin
Technologies), para a realização da lise mecânica das células no equipamento Prescellys 24
(Bertin Technologies). Após a lise, as amostras foram centrifugadas por 1min e o sobrenadante
dos tubos transferido para as colunas RNeasy Mini spin column (Qiagen). Em seguida, as colunas
foram processadas como descrito no manual do RNeasy® Mini Kit. Quando indicado, foram
acrescentados a cada coluna 80µL de solução DNase I incubation Mix (Qiagen), para a
eliminação de DNA genômico residual das amostras. A eluição do RNA purificado foi feita por
meio de duas centrifugações consecutivas, utilizando o volume total de 60µL de água mili-Q. As
quantidades de RNA total obtidas foram avaliadas com o auxílio do equipamento NanoDrop 1000
(Thermo Scientific), e as amostras foram armazenadas em freezer a -80ºC.
4.5.2. Realização dos ensaios de transcrição reversa e PCR quantitativa (qPCR)
Ensaios de transcrição reversa seguidos por qPCR foram realizados para a quantificação
relativa dos níveis transcricionais dos genes codificadores de fatores sigma quando C.
pseudotuberculosis é exposta aos agentes geradores de estresse selecionados. As amostras de
RNA total extraídas (item 4.6.1.) foram submetidas à reação de transcrição reversa com o uso do
kit High Capacity cDNA Master Mix (Applied BiosystemsTM). O cDNA foi gerado a partir de pelo
menos 100ng de RNA. As reações foram realizadas com auxílio do termociclador ATC 401
(NyxTechnik), programado de acordo com as recomendações da Applied BiosystemsTM. As
amostras de cDNA foram armazenadas a -80ºC, e posteriormente submetidas à amplificação por
qPCR (Tabela 7) com o uso dos pares de iniciadores confeccionados de acordo com o ítem 4.2,
sendo realizadas pelo menos cinco réplicas de reações para cada condição e gene avaliados. O
equipamento 7900HT Fast Real-Time PCR System (Applied BiosystemsTM) foi empregado para as
reações de qPCR em conjunto com o aplicativo SDS 2.4 (Applied BiosystemsTM), o qual permitiu
acompanhar em tempo real as amplificações dos fragmentos de DNA (Tabela 8).
42
Tabela 7. Reagentes e suas quantidades utilizadas nas reações de qPCR.
Reagente
Concentração do estoque
Concentração
Volume por reação
final na reação
®
“SYBR Green PCR
2X
1X
7,5 µL
Iniciador senso
2,5 pmol/ µL
0,16 pmol/ µL
1,0 µL
Iniciador anti-senso
2,5 pmol/ µL
0,16 pmol/ µL
1,0 µL
Amostra de cDNA
Diluída 3 vezes
-
3,0 µL (ausente para
Master Mix” (Applied
TM
Biosystems )
1
NTC )
H2O ultrapura estéril
1.
-
-
qsp 15 µL
Reações NTC (do inglês No Template Control) foram realizadas para a verificação da ausência de amplificação
quando a amostra de cDNA é substituída por água ultrapura estéril.
Tabela 8. Parâmetros configurados no termociclador 7900HT Fast RealTime PCR System para as reações de qPCR.
Etapa da reação de qPCR
Subetapa da reação de
Temperatura
Tempo
qPCR
Ativação
da
enzima
-
95ºC
10 min
Desnaturação
95ºC
15 s
Anelamento e extensão de
60ºC
1 min
Desnaturação
95ºC
15 s
Renaturação
60ºC
1 min
polimerase
Estágio
cíclico
com
44
repetições
iniciadores
Análise
contínua
de
dissociação
1
Desnaturação
1.
95ºC
30 s
A etapa de análise de dissociação contínua foi realizada para a confirmação da
amplificação de alvos específicos nas reações de qPCR.
43
4.5.3. Análise dos dados obtidos por qPCR
Após as reações de qPCR, o limiar (ou threshold) selecionado para a coleta dos dados a
serem utilizados nas análises de quantificação relativa foi configurado para cruzar a fase
exponencial das curvas de amplificação plotadas em escala logaritmica. As análises de
quantificação relativa se basearam nos valores dos ciclos da reação em que a fluorescência
detectada para os produtos amplificados atingiu o limiar estabelecido (Cycle Thresholds - CTs).
Para a avaliação da diferença nos níveis de expressão dos genes de interesse, foram
considerados os valores de CTs encontrados para os genes de controle endógeno 16s rRNA e
sigA. Todas as análises de expressão relativa se basearam na metodologia do 2-∆∆CT, utilizando o
software REST2009 (Qiagen).
4.5.4. Determinação da especificidade das reações de qPCR e da eficiência de amplificação
dos iniciadores utilizados
O termociclador 7900HT Fast Real-Time PCR System foi configurado para elevar, após as
etapas de amplificação do cDNA, a temperatura das amostras até 95ºC. Durante este processo,
as variações na emissão de fluorescência foram detectadas e analisadas com o auxílio do
aplicativo SDS 2.4. A especificidade da temperatura média de dissociação das moléculas de DNA
serviu como parâmetro para a constatação da presença de fragmentos amplificados de um só
tamanho. Além disso, os produtos das reações de qPCR também foram resolvidos em gel de
agarose 1,5% corado por brometo de etídio, com a finalidade de se confirmar a presença de
apenas uma banda de DNA de tamanho correspondente ao esperado. A eficiência de
amplificação para todos os iniciadores utilizados para os ensaios de quantificação relativa foi
estimada entre 90 e 110% (Rasmussen, 2001).
4.6. Análises Proteômicas
4.6.1. Extração de proteínas citoplasmáticas das linhagens 1002(wt), 1002(ΔsigC) e
1002(ΔsigH) de C. pseudotuberculosis
As linhagens 1002(wt), 1002(ΔsigC) e 1002(ΔsigH) de C. pseudotuberculosis foram
cultivadas em MQD até atingir a DO(600nm)=0,2, ponto da curva em que o agente de estresse
plumbagina foi aplicado a 15µM. Após 30min as bactérias foram centrifugadas a 4°C, 4000rpm por
10min, e em seguida o sobrenadante foi separado do precipitado. Para a extração das proteínas
citoplasmáticas, os precipitados bacterianos foram lavados 3 vezes com solução salina gelada e
centrifugados por 10 minutos cada. Os precipitados foram ressuspendidos em 4mL de solução TE
44
(Tris 10mM EDTA 1mM). Depois, as bactérias foram sonicadas com 6 pulsos de 10s (amplitude
40%). As amostras resultantes foram centrifugadas a 4°C, 4000rpm por 10min e o sobrenadante
foi separado para a ultracentrifugação a 4°C, 100000xg por 1,5h. Após, o sobrenadante foi
concentrado 5 vezes em SpeedVac® por 2h.
Para a obtenção das amostras mais concentradas, 150µL de cada aliquota foram
submetidos a um protocolo de precipitação. Seiscentos microlitros de metanol absoluto foram
adicionados aos microtubos contendo 150µL de proteínas. As amostras foram homogeneizadas e
150µL de clorofórmio foram adicionados, e novamente as amostras foram homogeneizadas. Após
a adição de 450µL de água ultrapura, as amostras foram centrifugadas a 13000rpm por 5min e a
parte superior ao disco protéico foi descartada. Quatrocentos e cinquenta microlitros de metanol
foram adicionados às amostras, que foram homogeneizadas e centrifugadas a 13000rpm por
5min. Os sobrenadantes foram secados à temperatura ambiente por 3min. Uma parte dessas
amostras foi ressuspendida para a quantificação de proteínas por Bradford e pelo kit Qubit®
Protein Assay (Life Technologies), enquanto que outra parte foi ressuspendida em tampão de
amostra para a resolução em SDS-PAGE, segundo Sambrook (2001). O restante das amostras foi
estocado a -20ºC.
4.6.2. Eletroforese bidimensional em gel de poliacrilamida
4.6.2.1. 2D SDS-PAGE
A primeira dimensão foi realizada utilizando tiras Immobiline DryStrip (GE Healthcare) de
24cm com gradiente de pH 3-10NL imobilizado. Cento e cinquenta microgramas de proteínas
foram ressuspendidos em tampão de reidratação [Uréia 7M, Tiouréia 2M, CHAPS 2%, Tris 40mM,
azul de bromofenol 0,002%, Ditiotreitol (DTT) 75mM e IPG Buffer 1% (GE Healthcare)] e
posteriormente incubados por 18h à temperatura ambiente. A focalização isoelétrica (IEF) foi
realizada no equipamento IPGphor 2 (GE Healthcare) nas seguintes condições: 200V/2h,
500V/1h, 1000V/1h, 10000V/2.5h,
10000V/200000Vh e 500V/4h. Após a IEF as tiras foram
equilibradas por 15min em 10mL da solução A (Tris-HCl 50mM pH 8.8, Uréia 6M, Glicerol 30%,
SDS 2%, azul debromofenol 0,002%) contendo 100mg de DTT. Posteriormente, as tiras foram
novamente equilibradas com 10mL da solução A com 250mg de Iodoacetamida (IAA). A segunda
dimensão foi realizada em gel de poliacrilamida 12% selado com agarose, utilizando um sistema
Ettan DaltSix (GE Healthcare). Os géis foram corados com Coomassie Brilliant Blue G-250
coloidal. Todos os experimentos foram realizados com réplicas biológicas. As imagens dos géis
foram geradas utilizando o Image Scanner II (Amersham Biosciences) e analisadas com o
programa ImageMaster 2D Platinum 7.0 (GE Healthcare).
45
4.6.2.2. 2D-DIGE
Paralelamente, os 2D-DIGEs foram realizados com proteínas citoplasmáticas extraídas de
acordo com o item 4.7.1. As amostras protéicas provenientes de cada linhagem a ser comparada
foram marcadas com os fluoróforos Cy3 e Cy5; já o fluoróforo Cy2 foi utilizado para a marcação
de quantidades iguais das duas amostras (padrão interno), conforme as recomendações do
fabricante (GE-Healthcare). Após a obtenção das amostras protéicas marcadas, a primeira
dimensão foi realizada de modo semelhante à metodologia descrita no item 4.7.2.1, com utilização
de tiras Immobiline DryStrip (GE-Healthcare) de 18cm e 24cm com gradientes de pH 3-10NL
imobilizados.
Cento e cinquenta microgramas da mistura das amostras marcadas com os
fluoróforos foram suspendidos em tampão de reidratação e adsorvidos nas tiras de 18 ou 24cm. A
IEF para a tira de 18cm foi realizada no equipamento IPGphor 2 (GE Helthcare) nas seguintes
condições: 100V/1h, 500V/2h, 1000V/2h, 10000V/3h, 10.000V/60.000Vh, 500V/4h. A IEF da tira
de 24cm, como também a etapa de equilíbrio das tiras dos dois tamanhos, foi realizada segundo
procedimentos descritos no item 4.7.2.1. A segunda dimensão foi realizada em gel de
poliacrilamida12% selado com agarose, utilizando um sistema Ettan DaltSix (GE Healthcare).
Todos os experimentos foram realizados com réplicas biológicas. Os géis foram digitalizados no
Scanner Ettan DIGE Imager (GE-Healthcare) e as imagens analisadas com o programa
ImageMaster 2D Platinum 7.0 (GE Healthcare). Para avaliar as diferenças significativas dos spots
entre as diferentes amostras dos géis (p<0,05) foi utilizado o teste ANOVA.
4.6.3. Tripsinólise em gel de poliacrilamida
Após as análises estatísticas, os spots com diferenças quantitativas significativas foram
excisados dos géis com o auxílio de ponteiras descartáveis. Esses fragmentos foram lavados com
350µL cada de água ultrapura por 5 min, desidratados com 190µL de acetonitrila (ACN) por 20min
em agitação, e então secados em SpeedVac®. Posteriormente, foram adicionados a cada
amostra 15µL de Tripsina Gold (Promega), previamente diluída em bicarbonato de amônio
(NH4HCO3) 50mM, na concentração de 33ng/µL para a digestão protéica. As amostras foram
mantidas em gelo por 60min, o excesso de Tripsina foi removido, e os fragmentos incubados em
banho-maria por 30min a 58°C. A digestão foi parada com 1µL de ácido fórmico a 5% (v/v). Trinta
microlitros desta mesma solução contendo ACN a 50% (v/v) foram adicionados às amostras, que
foram homogeneizadas em Vortex por 20s, ultrasonificadas por 10min e novamente
homogeneizadas em Vortex por 20s. A solução contendo os peptídeos extraídos dos géis foi
removida e guardada em novo microtubo. Esta etapa após a digestão por tripsina foi repetida uma
vez. As amostras foram concentradas para o volume de 10µL em SpeedVac® e armazenadas a -
46
20°C. Finalmente, as amostras dos peptídeos foram purificadas utilizando colunas Zip-Tip C18
(Millipore), segundo recomendações do fabricante.
4.6.4. Identificação das proteínas por Espectrometrias de Massa
4.6.4.1. Matrix-assisted laser desorption/ionization
A identificação das proteinas por MS/MS foram realizadas utilizando o espectrômetro de
massas MALDI TOF-TOF Autoflex III TM (Brucker Daltonics, Billerica USA). O equipamento foi
controlado no modo positivo/reflector utilizando o software FlexControl TM. A calibração foi
realizada utilizando amostras do peptídeo padrão II (Angiotensin II, Angiotensin I, ACTH clip 1-17,
ACTH clip 18-39, Bradykinin Fragment 1-7, Bombesin, Substance P, Renin Substrate
Tetradecapeptide porcine, Somatostatin 28) (Brucker Daltonics). Os peptídeos purificados foram
misturados na proporção 1:1 à matriz ácido alfaciano-4-hidroxicinâmico (Sigma), e aplicados em
uma placa AnchorChipTM 600 (Brucker Daltonics) para a análise no espectrômetro de massa. O
programa MASCOT® (http://www.matrixscience.com) foi utilizado para a busca por similaridades
com
sequências
bacterianas
já
depositadas
no
banco
de
dados
do
NCBI-nr
(http//www.ncbi.nlm.nih.gov).
4.6.4.2. LC-MSE
A identificação das proteínas por LC-MSE foi independente de um gel de acrilamida. Dessa
forma, após a extração e quantificação das proteínas citoplasmáticas de 1002(wt) e 1002(∆σC) de
C. pseudotuberculosis (item 4.7.1), 50µg de cada amostra foram centrifugados e 10µL da solução
NH4HCO3 50mM, pH 8.5 adicionados. Em seguida, as amostras foram homogeneizadas com 25µL
da solução RapiGest SF (Waters) 0,2%. As amostras foram incubadas a 80ºC por 15min,
centrifugadas, e 2,5µL de DTT 100mM foram adicionados para nova homogeneização.
Posteriormente, as amostras foram incubadas a 60ºC por 30min, resfriadas à temperatura
ambiente e centrifugadas para a adição de 2,5µL de IAA. Depois de nova homogeneização, as
amostras foram incubadas por 30min à temperatura ambiente e 10µL de Tripsina (Promega)
foram adicionados para a digestão a 37ºC por toda a noite. Dez microlitros de ácido
trifluoroacético (TFA) 5% foram adicionados, as amostras foram homogeneizadas e então
incubadas por 37ºC por 90min. Após a centrifugação das amostras a 14000 rpm, 6ºC por 30min, o
sobrenadante foi transferido para um tubo de coleta Total Recovery (Waters), e 5µL de hidróxido
de amônio 1N foram adicionados para a efetiva captação das amostras na primeira dimensão da
47
coluna (Waters). Os demais procedimentos de calibração do equipamento, captação das
amostras, eluição dos peptídeos, e geração dos espectros foram realizados segundo Pizzatti et al.
(2012). Todas as análises foram realizadas com Nano-Electrospray Ionization em um modo Ion
positivo nanoESI(+), com uma fonte NanoLockSpray (Waters). O banco de dados utilizado para a
busca de similaridades entre os espectros gerados e as proteínas descritas foi o UniprotKB
(www.uniprot.org), seguindo os procedimentos realizados por Pizzatt et al. (2012).
4.7. Análises Transcriptômicas
4.7.1. Padronização de um protocolo para a depleção do rRNA
Para a padronização do protocolo, C. pseudotuberculosis equi linhagem 31 foi cultivada em
meio BHI de acordo com o item 4.3, e o RNA total extraído de acordo com o item 4.6.1. Após a
verificação da concentração de RNA utilizando o kit Qubit® RNA Assay (Life Technologies), as
amostras foram submetidas à depleção do RNA ribossomal r(RNA) através de cromatografia em
coluna RNASep™ Cartridge (Transgenomic®), utilizando o equipamento Wave® System 4500
(Transgenomic®). Todos os procedimentos foram descritos detalhadamente por Castro et al.
(2012) (ANEXO IV).
4.7.2. RNA seq das linhagens 1002(wt) e 1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis
A extração do RNA total das linhagens 1002(wt) e 1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis,
a depleção do rRNA das amostras, os procedimentos de sequenciamento do RNA, e as análises
bioinformáticas, foram realizados segundo Castro et al., (2012), com algumas modificações. As
bibliotecas de cDNA foram preparadas utilizando o kit Ambion® RNA-Seq Library Construction.
Resumidamente, cem nanogramas de RNAs depletados foram fragmentados com RNAse III, e
adaptadores específicos (Ion adaptor mix) hibridizados de acordo com as recomendações do
fabricante (Life Technologies). Os fragmentos de cDNA menores que 100pb (Agencourt AMPure®
XP reagent, Beckman) foram eliminados e os cDNAs restantes purificados com o PureLink® PCR
Micro kit (Invitrogen). A PCR em emulsão e a ligação às esferas para posterior sequenciamento
em Ion Torrent Personal Machine™ (PGM) foram realizados com kits da Life Technologies,
segundo as recomendações do fabricante. As amostras foram marcadas com códigos de barra
(Ion Xpress™ RNA-seq Barcode kit, Life Technologies) e o chip Ion 318™ foi utilizado para os
sequenciamentos. As análises de expressão se basearam nos programas CLC Genomics
48
Workbench e DEGseq, segundo Pinto (2012). Os dados obtidos também foram distribuídos em
categorias utilizando Blast2go (disponível em http://www.blast2go.com/b2ghome).
4.8. Ensaios experimentais em Caenorhabditis elegans
O modelo animal utilizado foi o nematódeo C. elegans, de acordo com Ott et al., (2012).
Modificações nos procedimentos realizados são descritas a seguir. Resumidamente, as linhagens
bacterianas 1002(wt) e 1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis foram cultivadas em meio líquido
BHI por 48h a 37ºC, e a linhagem controle OP50 de E. coli foi cultivada em meio líquido BHI por
24h a 37ºC. Vinte microlitros de cada uma das linhagens de C. pseudotuberculosis foram
dispostos no centro das placas de Nematode Growth Medium (NGM), assim como 20µL da
linhagem de E. coli. As placas foram incubadas por 48 e 24h de acordo com a espécie bacteriana.
Vinte vermes previamente sincronizados (no mesmo estágio larval, L4) foram transferidos para
cada placa de NGM contendo uma das três linhagens bacterianas. Diariamente, os vermes foram
monitorados através da contagem dos vivos e transferidos para novas placas de NGM contendo
as linhagens bacterianas previamente cultivadas. O experimento foi realizado em triplicata por um
período de 10 dias e as análises estatísticas foram posteriormente realizadas no software
GraphPad Prism v. 5 (GraphPad Software, Inc).
49
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
PARTE 1 – Avaliação da resposta de Corynebacterium pseudotuberculosis 1002 (wt) ao
estresse oxidativo
5.1. Suscetibilidade da linhagem 1002(wt) a agentes geradores de estresse oxidativo
A resposta desencadeada pelos fatores sigma bacterianos aos estímulos associados à
ocorrência de estresse é extremamente complexa, podendo variar principalmente segundo o
organismo estudado e a natureza do desequilíbrio das condições fisiológicas. Neste contexto,
mesmo que sejam parcialmente conhecidos os papéis de alguns fatores sigma em organismos
pertencentes à mesma Ordem - como M. tuberculosis - ou mesmo ao gênero Corynebacterium como C. glutamicum -, apenas o estudo envolvendo C. pseudotuberculosis poderia fornecer pistas
sobre quais fatores sigma possuem papel mais relevante na resposta dessa bactéria ao estresse
oxidativo.
Para que fosse possível investigarmos o envolvimento dos fatores sigma alternativos de
C. pseudotuberculosis na resposta ao estresse oxidativo, optamos por avaliar, inicialmente, o
efeito de diferentes concentrações de peróxido de hidrogênio e plumbagina sobre o crescimento
dessa bactéria em meio complexo (BHI). Para tal, as bactérias foram cultivadas até que a fase de
crescimento exponencial inicial fosse atingida (momento em que as células se encontram com
atividade metabólica acelerada), sendo então expostas aos agentes geradores de estresse
seguindo a metodologia descrita no item 4.4.
Primeiramente, foi realizada uma curva de crescimento com a adição de peróxido de
hidrogênio à concentração final de 150mM, quando as culturas atingiram a DO(600nm)=0,2. Os
dados
de
densidade
ótica
coletados
indicaram
a
estagnação
do
crescimento
de
C. pseudotuberculosis sob esta condição de estresse (Figura 5A), fato confirmado pela
manutenção dos níveis de unidades formadoras de colônias ao decorrer do tempo (dados não
mostrados). Uma vez que não desejávamos a inibição forte e prolongada da atividade metabólica
bacteriana, para que fosse possível avaliarmos futuramente a ativação da transcrição dos genes
codificadores de fatores sigma alternativos em resposta ao estresse oxidativo, decidimos testar
uma concentração consideravelmente menor de peróxido de hidrogênio: 40mM.
Neste novo experimento, onde peróxido de hidrogênio à concentração final de 40mM foi
adicionado às culturas em DO(600nm)=0,2, foi possível observar uma clara redução na taxa de
replicação bacteriana em relação ao cultivo sob condições fisiológicas normais (Figura 5B). No
entanto, também foi nítida a ocorrência de um efeito bacteriostático de menor intensidade em
relação àquele causado por peróxido de hidrogênio a 150mM.
50
De modo semelhante aos experimentos envolvendo peróxido de hidrogênio, optamos por
adicionar às culturas em fase de crescimento exponencial inicial plumbagina à concentração final
de 50µM. Sob esta condição, C. pseudotuberculosis foi incapaz de esboçar reação suficiente para
que, em um período de 6 horas de exposição, fosse capaz de retomar o crescimento tal qual
quando cultivada sob condições fisiológicas normais (Figura 6A). Assim, testamos o emprego da
plumbagina a duas novas concentrações finais, inferiores à primeiramente utilizada: 25µM e
15µM. Em ambos os casos houve retardo no crescimento de C. pseudotuberculosis ao longo das
6 horas de monitoramento (Figuras 6B e C), o qual foi evidentemente maior na concentração de
25µM. A concentração de 15µM foi capaz de provocar um efeito bacteriostático mais brando, de
intensidade similar àquela anteriormente observada para os experimentos com peróxido de
hidrogênio a 40mM. Dessa forma, acreditamos que as concentrações finais de 40mM e 15µM
para peróxido de hidrogênio e plumbagina, respectivamente, seriam as ideiais para os ensaios de
expressão gênica baseados na metodologia de RT-qPCR.
(A)
(B)
Figura 5. Avaliação da suscetibilidade de C. pseudotuberculosis ao peróxido de hidrogênio.
A) Representação gráfica das densidades óticas (600nm) das culturas sob condição controle e
das culturas submetidas a 150mM de peróxido de hidrogênio. B) Representação gráfica das
densidades óticas (600nm) das culturas sob condição controle e das culturas submetidas a 40mM
de peróxido de hidrogênio.
51
(A)
(B)
(C)
Figura 6. Avaliação da suscetibilidade de C. pseudotuberculosis à plumbagina. A)
Representação gráfica das densidades óticas (600nm) das culturas sob condição controle e das
culturas submetidas a 50µM de plumbagina. B) Representação gráfica das densidades óticas
(600nm) das culturas sob condição controle e das culturas submetidas a 25µM de plumbagina. B)
Representação gráfica das densidades óticas (600nm) das culturas sob condição controle e das
culturas submetidas a 15µM de plumbagina.
52
5.2. Expressão diferencial dos genes codificadores de fatores sigma alternativos de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) exposta ao estresse oxidativo em meio BHI
Parte da ativação dos fatores sigma bacterianos ocorre através de eventos póstraducionais, quando por exemplo, há dissolução do complexo formado pelo fator transcricional
com seu fator anti-sigma cognato, ou mesmo uma mudança conformacional é induzida permitindo
a exposição de domínios essenciais à ligação ao cerne da RNA polimerase e ao reconhecimento
de sequências consenso na fita de DNA. Outra parte da regulação da atividade dos fatores sigma
ocorre em nível transcricional, onde a ativação do gene codificador do próprio fator sigma
determina a quantidade disponível dessa molécula e, por conseguinte, se a sua ação será
significativa ou não frente a determinado estímulo fisiológico.
Neste trabalho, avaliamos a atividade transcricional dos genes codificadores de fatores
sigma alternativos de C. pseudotuberculosis quando esta é exposta a agentes capazes de
interfervir no equilíbrio reducional-oxidativo celular. As concentrações finais de 40mM para
peróxido de hidrogênio e 15µM para plumbagina foram consideradas relevantes para este ensaio
por prejudicarem o crescimento bacteriano in vitro, mas sem paralisar a atividade metabólica do
microrganismo (item 5.1.).
O RNA total de C. pseudotuberculosis foi extraído como descrito no item 4.5.1, após a
cultura bacteriana atingir a DO(600nm)=0,2 e ser submetida durante 15 e 60 minutos ao peróxido de
hidrogênio ou à plumbagina. Após a realização da reação de transcrição reversa, procedemos
com os ensaios de quantificação relativa dos transcritos dos genes codificadores de fatores sigma
através de qPCR (item 4.5.2), utilizando os oligonucleotídeos citados do item 4.2. Estes
iniciadores foram confeccionados como descrito no item 4.2 e empregados com sucesso em todos
os ensaios de qPCR, uma vez que as eficiências de amplificação se aproximaram de 100% e os
produtos amplificados foram altamente específicos, de acordo com as curvas de dissociação e a
eletroforese em gel de agarose (dados não mostrados).
Com base nos ensaios de qPCR, foi observado o aumento significativo da expressão dos
genes codificadores dos fatores σC (sigC), σK (sigK) σH (sigH) após 15 minutos de exposição ao
peróxido de hidrogênio, sendo que o sigH permaneceu ativado mesmo após 1 hora de exposição
à condição de estresse. Ainda, o gene sigB - codificador do fator σB -, que mostrou apenas uma
tendência à ativação após 15 minutos de estresse, teve sua expressão significativamente
aumentada depois de 1 hora (Figura 7A e B).
53
Figura 7. Níveis de expressão dos genes codificadores de fatores sigma de C.
pseudotuberculosis 1002 (wt) exposta ao estresse oxidativo em meio BHI. Os gráficos foram
plotados e analisados com o auxílio do software REST2009 (Pfaffl et al., 2002). (A) Níveis
transcricionais referentes a 15 minutos de exposição ao peróxido de hidrogênio a 40mM. (B)
Níveis transcricionais referentes a 60 minutos de exposição ao peróxido de hidrogênio a 40mM.
(C) Níveis transcricionais referentes a 15 minutos de exposição à plumbagina a 15µM. (D) Níveis
transcricionais referentes a 60 minutos de exposição à plumbagina a 15µM.
54
Como realizado para a condição de peróxido de hidrogênio a 40mM, RNA total foi extraído
de C. pseudotuberculosis exposta por 15 e 60 minutos à plumbagina, em caldo BHI.Os resultados
alcançados pelos ensaios de qPCR indicam o aumento na expressão dos fatores σB, σC, σD, σE,
σH e σM após 15 minutos de exposição ao estresse (Figura 7C). No entanto, depois de 60 minutos
de exposição à plumbagina, apenas os genes sigC, sigH, sigK e sigM - este último codificador do
fator σM - tiveram sua expressão aumentada (Figura 7D), resultado que lembra aquele obtido para
a condição de peróxido de hidrogênio no tempo de 15 minutos. É interessante observar também a
redução da expressão do gene sigB, em comparação com a condição controle, após 60 minutos
de exposição à plumbagina. Como o fator σB está envolvido na resposta geral a estresses em
diversas espécies bacterianas, podemos sugerir que o seu menor nível de expressão reflita a
tendência à normalização do metabolismo celular e à neutralização da condição de estresse,
mesmo que a bactéria ainda esteja sujeita aos efeitos causados pelo agente oxidante.
Embora resultados interessantes tenham sido alcançados nos experimentos acima,
pudemos notar que todos os genes avaliados chegaram a apresentar, em algum momento,
expressão significativamente maior na condição de estresse em relação à condição controle. Este
panorama se deve, em parte, ao fato de os genes codificadores dos fatores σD e σE terem sido
ativados apenas no estresse causado pela plumbagina, após 15 minutos de exposição ao agente.
Dessa forma, embora fosse possível sugerir um menor envolvimento destes reguladores na
resposta ao estresse oxidativo em C. pseudotuberculosis, novos ensaios se fizeram necessários
para que pudéssemos especificar seguramente quais fatores sigma são mais relevantes para a
adaptação a esta condição ambiental.
5.3. Expressão diferencial dos genes codificadores de fatores sigma alternativos de
C. pseudotuberculosis 1002(wt) sob estresse oxidativo em MQD
Dados os resultados até então obtidos, foi possível sugerir um menor envolvimento dos
fatores σD e σE na resposta ao estresse oxidativo em C. pseudotuberculosis, enquanto que os
genes sigH e sigC apresentaram maior frequência de ativação perante os codificadores dos
demais fatores sigma alternativos. Para que novos ensaios de quantificação da transcrição desses
genes fossem realizados, consideramos utilizar um outro meio de cultura, quimicamente definido,
cuja composição fora previamente estabelecida e otimizada (Tabela 3) para o cultivo de C.
pseudotuberculosis (Moura-Costa et al., 2002). O meio BHI possui composição complexa,
baseada em componentes de origem animal que podem se apresentar sob diferentes quantidades
dependendo do lote comercializado. Além disso, não desconsideramos a possibilidade de que a
interação da própria bactéria com tais componentes intervenha nos mecanismos de resposta ao
estresse oxidativo. Em contrapartida, por apresentar formulação controlada (baseada em sais,
55
vitaminas, aminoácidos e glicose), o meio quimicamente definido (MQD) oferece um ambiente
mais controlado para a indução do estresse desejado.
Os novos experimentos realizados em MQD utilizaram exclusivamente a plumbagina como
agente oxidante, tendo em vista a inespecificidade ocasionada por esta na ativação dos genes
codificadores de fatores sigma alternativos em C. pseudotuberculosis cultivada em BHI. Assim
como para os experimentos envolvendo BHI, a bactéria foi cultivada até atingir a DO(600nm)=0,2,
quando a plumbagina foi adicionada à concentração de 15µM. Amostras de RNA bacteriano foram
extraídas para duas réplicas experimentais independentes, após 15 e 60 minutos de exposição ao
agente e respectivas condições-controle, e então submetidas à transcrição reversa e aos ensaios
de qPCR como descrito no item 4.5.2.
Foi observado que, nas duas réplicas experimentais, os genes sigB e sigH foram mais
expressos após 15 minutos de estresse. Neste tempo, ainda, o gene sigC teve sua expressão
significativamente aumentada na segunda réplica experimental de estresse, enquanto que houve
apenas uma clara tendência ao aumento da expressão deste no primeiro experimento. Além dos
genes já citados, tanto o sigK quanto o sigM esboçaram tendência ao aumento de expressão em
um dos experimentos, mas, em contrapartida, aparentaram ser menos ativados na outra réplica
experimental. Os genes sigD e sigE se destacaram pela sua expressão reprimida frente ao
estresse: enquanto a diferença na expressão de sigD foi significativa somente no primeiro
experimento, houve redução significativa para sigE nas duas réplicas experimentais (Figura 8A e
C).
Quanto à resposta ao estresse após 60 minutos de exposição à plumbagina, em MQD, os
genes sigH e sigM foram os únicos significativamente ativados em ambas as réplicas
experimentais. Os genes sigB, sigC e sigK foram significativamente ativados na primeira réplica
experimental, mas apresentaram tendência a uma menor atividade transcricional na segunda
réplica. Mais uma vez, o gene sigD foi significativamente reprimido em uma das réplicas e o gene
sigE nas duas réplicas experimentais (Figura 8B e D).
56
Figura 8. Níveis de expressão dos genes codificadores de fatores sigma de C.
pseudotuberculosis 1002 (wt) exposta à plumbagina 15µM de plumbagina, em meio MQD.
Os gráficos foram plotados com auxílio do software REST2009 (Pfaffl et al., 2002). (A) Níveis
transcricionais referentes a 15 minutos de estresse – Experimento I. (B) Níveis transcricionais
referentes a 60 minutos de estresse – Experimento I. (C) Níveis transcricionais referentes a 15
minutos de estresse – Experimento II. (D) Níveis transcricionais referentes a 60 minutos de
estresse – Experimento II.
57
5.4. Análise conjunta dos dados obtidos para a expressão diferencial dos genes
codificadores de fatores sigma em C. pseudotuberculosis 1002(wt)
Os dados obtidos para as análises da transcrição gênica diferencial, tanto em resposta ao
peróxido de hidrogênio quanto à plumbagina, em BHI e MQD, foram reunidos na Figura 9 para
uma melhor visualização dos perfis de ativação e repressão gênica. É possível observar no heat
map gerado que o gene sigH foi o único significativamente ativado em todas as condições de
estresse e tempos analisados, o que nos permite sugerir que o seu papel na resposta ao estresse
oxidativo é muito importante. A expressão de sigH, em relação à condição controle
correspondente, variou desde 1,2 após 60 minutos de exposição à plumbagina até 7,8 após
apenas 15 minutos de exposição ao mesmo agente. Ao compararmos os dois tempos analisados,
observamos que a magnitude do aumento da expressão de sigH foi menor após 60 minutos, o que
pode ser um indício de que a ação do fator σH é mais importante na resposta inicial ao estresse.
Estudos reportam o importante envolvimento do fator σH na resposta ao estresse oxidativo
em várias espécies bacterianas. Em M. tuberculosis, por exemplo, este regulador transcricional
permanece em seu estado reprimido, ligado a um fator anti-sigma (RshA), quando as condições
fisiológicas de crescimento são normais. Entretanto, na ocorrência de desequilíbrio no estado
reducional-oxidativo, os grupos tiol presentes no RshA sofrem oxidação ocasionando a mudança
conformacional desta proteína. Este evento resulta na liberação do σH, que pode então se ligar ao
cerne da RNA polimerase e assim ativar a transcrição dos genes que compõem o seu regulon.
Além disso, a ativação do σH promove a indução da expressão do gene sigH, uma vez que este
possui, a montante de sua sequência codificadora, promotor que é reconhecido pelo próprio fator
sigma em questão (Manganelli et al., 2004; Rodrigue et al., 2006). Este mecanismo autoregulatório permite que a bactéria potencialize ainda mais a ativação dos genes necessários à
resposta e adaptação ao estresse oxidativo.
Como já mencionado, no gênero Corynebacterium, C. glutamicum se destaca como o
organismo cujas funções de seus fatores sigma são as mais conhecidas até o momento. Nesta
bactéria, o gene sigH está situado a montante do gene codificador do fator anti-sigma rshA,
caracteristica
também
observada
em
outras
representantes
do
gênero,
incluindo
C.
pseudotuberculosis. Foi relatado que, além de regular a expressão do seu próprio gene
codificador (sigH) - assim como ocorre em M. tuberculosis -, o fator σH regula a expressão de pelo
menos 80 outros genes em C. glutamicum, de acordo com o banco de dados CoryneRegNet
(disponível em http://www.coryneregnet.de). Os genes que compõem o regulon σH estão
envolvidos não apenas na resposta ao estresse oxidativo, como os que codificam componentes
dos sistemas tiorredoxina e micotiol, mas também na resposta aos estresses provocados por
choque térmico e pela fase estacionária de crescimento - dentre os quais podemos citar os
codificadores de chaperoninas e proteases (Engels, 2004, Kim, 2005). Ainda, o fator σH está
58
envolvido na transcrição de vários outros genes codificadores de reguladores transcricionais,
dentre os quais se destacam sigE, sigB e sigM.
Figura 9. Representação em heat map dos níveis de expressão dos genes codificadores de
fatores sigma de C. pseudotuberculosis 1002(wt) exposta ao peróxido de hidrogênio 40mM
e à plumbagina 15µM. Os valores médios de variação da expressão gênica obtidos para os
experimentos de RT-qPCR realizados para a linhagem 1002(wt) sob estresse foram dispostos nos
quadrados, os quais foram preenchidos por cores representativas do nível de expressão em
relação à condição controle correspondente. Os tons mais claros da cor verde indicam redução da
expressão, enquanto que os tons avermelhados indicam o aumento da expressão. Quadrados
verdes sem valores indicados representam a ausência de variação significativa da expressão
gênica na condição considerada. Heat map elaborado com o auxílio da ferramenta web
Matrix2png, disponível em http://www.chibi.ubc.ca/matrix2png/bin/matrix2png.cgi.
59
Os resultados dos nossos experimentos de RT-qPCR indicam que a expressão de sigE foi
significativamente reprimida em três dos quatro experimentos relacionados aos 15 minutos de
exposição ao estresse. Neste tempo, apenas o estresse provocado pela plumbagina, em meio
BHI, foi capaz de induzir a expressão do gene sigE. No entanto, podemos observar que, nesta
condição experimental, a expressão de outros cinco genes codificadores de fatores sigma
alternativos também foi aumentada, o que pode significar a ativação simultânea de diversos
grupos gênicos que atuam de forma complementar na resposta ao estresse. Após 60 minutos de
estresse, a expressão de sigE pareceu similar à da condição controle, assim como ocorrido após
60 minutos de exposição ao peróxido de hidrogênio. Somado a isso, a expressão de sigE foi
sginificativamente reduzida nos dois experimentos envolvendo a adição de plumbgina no meio
MQD, também após 60 minutos de exposição. Dessa forma, podemos sugerir que, caso o fator σE
exerça papel relevante na resposta ao estresse oxidativo, este se dá nos primeiros minutos de
exposição ao agente oxidante. Esta possiblidade não pode ser descartada, uma vez que nosso
grupo de pesquisa demonstrou que o fator σE é importante para a resistência de
C. pseudotuberculosis ao estresse nitrosativo in vitro e in vivo (Pacheco et al., 2012).
Além do fator σH, o σM também se destaca na literatura pelo seu envolvimento na resposta
ao estresse oxidativo. Foi demonstrado, por exemplo, que M. smegmatis deficiente para o fator σM
é mais suscetível ao estresse oxidativo e não é capaz de induzir a atividade tiorredoxina redutase,
responsável pela redução de pontes dissulfeto indesejáveis (Arráiz et al., 2001). Já Raman et al.
(2006) e Agarwal et al. (2007) foram incapazes de mostrar o envolvimento do σM na resposta ao
estresse oxidativo em M. tuberculosis. Nesta espécie, o fator σM ativa, além do próprio gene sigM,
a expressão de vários genes envolvidos na produção de proteínas secretadas ou de membrana
plasmática - como EsxU e EsxT, as quais se assemelham ao conhecido antígeno ESAT-6 -,
apresentando papel relevante na resposta ao choque térmico (Raman et al., 2006).
Interessantemente, em C. glutamicum, o σM parece regular um subconjunto de genes
pertencentes ao regulon de σH, englobando principalmente aqueles que apresentam funções
voltadas para a manutenção do equilíbrio reducional-oxidativo, como a tiorredoxina redutase (trxB)
e os genes que compõem o operón suf - atuantes na formação de complexos Ferro-Enxofre (FeS), além do clpB - codificador da protease ClpB (Nakunst et al., 2007).
Nos nossos experimentos, o fator σM foi ativado apenas em resposta ao estresse causado
pela plumbagina. Isto pode se dever ao fato de que, diferentemente do peróxido de hidrogênio, a
plumbagina é um composto que apresenta atividade reducional-oxidativa cíclica capaz de
intensificar a oxidação dos grupos tiol no meio intracelular (Paget et al., 1998; Kim et al., 2005). O
gene sigM teve sua expressão aumentada após 15 minutos de exposição à plumbagina apenas
no experimento baseado no meio BHI, enquanto que sua atividade permaneceu inalterada aos 15
minutos de estresse em meio MQD. O fato da expressão relativa de sigM ter sido maior após 60
minutos de estresse em BHI, além de ter sido significativamente ativada em MQD apenas para
60
este mesmo tempo, nos permite sugerir que este regulador transcricional é requerido
principalmente para a resposta tardia ao estresse, quando provavelmente os níveis de oxidação
dos grupos tiol atingem patamares mais elevados pelo longo período de ação da plumbagina.
Finalmente, podemos supor que, no contexto onde σH é mais atuante nos primeiros minutos de
estresse, o papel central que este fator tende a exercer no controle dos mecanismos de resposta
ao estresse leva à ativação de outros reguladores transcricionais de menor abrangência - como o
fator σM -, os quais podem, por sua vez, direcionar de forma específica a resposta aos estímulos
sofridos pela célula (Pátek & Nesvera, 2010). A ativação simultânea de σH e σM poderia, também,
representar a potencialização da resposta ao estresse tiólico-oxidativo provocado pela
plumbagina.
Também regulado pelo fator σH em C. glutamicum, o gene sigB foi mais expresso após 15
minutos de estresse em três dos quatro experimentos realizados (a excessão foi após a exposição
ao peróxido de hidrogênio); enquanto que, após 60 minutos, foi mais expresso do que na condição
controle depois da exposição ao peróxido de hidrogênio e em apenas um dos experimentos em
MQD envolvendo a plumbagina. Contrastando com este útlimo experimento mencionado, a outra
réplica experimental feita em MQD mostrou redução significativa na expressão de sigB frente ao
estresse. A oscilação observada nos níveis de expressão diferencial deste gene, quando
comparamos os quatro experimentos de estresse, talvez possa ser explicada pela provável alta
complexidade dos mecanismos de regulação da atividade do fator σB em C. pseudotuberculosis.
Em C. glutamicum, por exemplo, foi demonstrado que o σB coopera com outros reguladores
transcricionais e está envolvido em diversas funções celulares, contribuindo para a modulação da
expressão gênica em todas as fases de crescimento in vitro. Apesar disso, são notáveis as suas
contribuições para a ativação de genes necessários à transição para a fase estacionária de
crescimento, promovendo resistência à condição de hipóxia e a intensificação do metabolismo da
glicose (Ehira et al., 2008).
Os ensaios de RT-qPCR também nos permitiram detectar a ativação da transcrição de
sigK aos 15 minutos de exposição ao peróxido de hidrogênio. No entanto, a expressão do gene
após 60 minutos de exposição a este agente oxidante foi equiparada à condição controle. Em
nenhum experimento utilizando a plumbagina o fator σ K foi ativado após 15 minutos de estresse,
havendo inclusive repressão de sigK no meio BHI. Aos 60 minutos, tendo acontecido discreta
ativação de σK sob estresse em um dos experimentos em MQD e discreta repressão deste fator
na outra réplica experimental com MQD, o grande aumento de 17 vezes na expressão de sigK
ante a plumbagina em meio BHI se destacou. Curiosamente, neste mesmo experimento onde
houve grande aumento da atividade de σK, após 60 minutos de estresse, a expressão relativa dos
genes sigM e sigC se apresentou sob os maiores níveis observados dentre todas as
quantificações realizadas para estes alvos. Este fato nos permite sugerir que as funções
61
desempenhadas por estes fatores sigma em C. pseudotuberculosis podem se sobrepor em algum
grau.
Em M. tuberculosis, o fator σK está diretamente envolvido na regulação da expressão de
genes que codificam para os antígenos MPT70 e MPT83 (Malkhed et al., 2011). Dessa forma,
embora o fator σK possa ter papel importante na expressão de genes envolvidos na interação com
o organismo hospedeiro, os estímulos responsáveis pela ativação deste regulador transcricional
não são bem conhecidos (Said-Salim et al., 2006). Assim, o fator σK constitui um alvo interessante
para futuros estudos em C. pseudotuberculosis, considerando-se ainda que este regulador
transcricional é o único dentre os descritos até o momento para esta espécie que não está
presente em C. glutamicum, bactéria não-patogênica com potencial biotecnológico (Pátek et al.,
2011).
O gene sigD teve sua expressão ativada, nos nossos experimentos, apenas aos 15
minutos de exposição à plumbagina em meio BHI, chegando a ser reprimido em outras três
ocasiões. Em M. tuberculosis, o fator σD está relacionado à regulação da expressão de genes
codificadores de constituintes do ribossomo, fatores de elongamento, proteínas com afinidade
pelo DNA, e enzimas envolvidas na biossíntese de adenosina trifosfato (ATP). Assim, o fator
sigma D parece ser importante para a manutenção da homeostase durante a fase estacionária de
crescimento de M. tuberculosis. Ainda, foi demonstrado que a inativação deste fator sigma causa
uma maior sobrevida de camundongos infectados com a bactéria, embora a persistência no
hospedeiro permaneça inalterada em relação à M. tuberculosis selvagem (Raman et al., 2004).
Em C. glutamicum, o fator σD foi relacionado à ativação de mecanismos importantes para a
sobrevivência em condições de hipóxia (Ikeda et al., 2009).
Por último, discutimos os resultados obtidos para o gene codificador do fator σC. Como
afirmado anteriormente, o gene sigC apresentou expressão bastante aumentada após 60 minutos
de exposição à plumbagina em meio BHI, concomitante com a evidente ativação de sigH, sigK e
sigM. Neste mesmo tempo, em apenas mais um dos quatro experimentos realizados houve
aumento significativo da expressão de sigC quando C. pseudotuberculosis foi exposta ao estresse
oxidativo. No entanto, uma vez que o gene sigC teve sua expressão aumentada em três dos
quatro experimentos após apenas 15 minutos de exposição ao estresse, é provável que o
regulador codificado por este gene seja igualmente importante para a resposta inicial ao estresse
oxidativo.
As funções do fator σC em M. tuberculosis estão relacionadas à fase de crescimento
exponencial in vitro, envolvendo o controle de processos biossintéticos de diversos componentes
celulares e a regulação do metabolismo energético. Além disso, o σC desempenha papel
importante para a resposta geral ao estresse nessa bactéria, e é requerido para a letalidade em
camundongos infectados por M. tuberculosis (Manganelli et al., 2004; Abdul-Majid et al., 2008).
Como as funções do σC ainda não são conhecidas em corinebactérias, consideramos altamente
62
relevante a obtenção de quaisquer informações que possam nos auxiliar na compreensão do
papel deste fator não somente na resposta ao estresse oxidativo, mas também na regulação da
transcrição gênica como um todo em C. pseudotuberculosis.
5.5. Análise de proteínas diferencialmente expressas em C. pseudotuberculosis 1002(wt)
exposta à plumbagina
Além de estudarmos o papel dos fatores sigma alternativos na resposta ao estresse
oxidativo, procuramos investigar os principais mecanismos de C. pseudotuberculosis que estão
relacionados à adaptação a esta condição. Considerando que agentes oxidantes podem alterar a
síntese (ou expressão) de diferentes proteínas bacterianas (Levine et al., 1996), optamos por
avaliar o perfil proteômico diferencial em culturas de 1002(wt) em crescimento exponencial inicial,
com 30min de exposição ou não à plumbagina (concentração final de 15µM). Inicialmente,
padronizamos um protocolo de extração de proteínas citoplasmáticas que nos permitiu a obtenção
de pelo menos 150µg de proteínas para cada 200mL de cultura em meio MQD. A comparação
entre o proteoma da bactéria sob estresse e sob crescimento normal foi então realizada segundo
a metodologia 2D-DIGE, como descrito no item 4.6.2.2.
As imagens obtidas para os géis e a sobreposição delas podem ser visualizadas na Figura
11. Na fluorescência verde (Figura 11A) podemos visualizar os spots referentes às proteínas
citoplasmáticas da linhagem 1002(wt) não exposta à plumbagina, enquanto que na fluorescência
vermelha (Figura 11B) são mostrados os spots das proteínas citoplasmáticas da mesma linhagem
exposta à plumbagina. À primeira vista, poucas diferenças podem ser notadas entre essas duas
imagens, no entanto, ao observarmos a sobreposição entre elas (Figura 11D) encontramos vários
spots relativos a proteínas que foram diferencialmente expressas. O experimento representado na
figura é relativo a apenas uma réplica experimental (biológica), e para que pudéssemos alcançar
maior confiabilidade nas comparações realizadas, nos baseamos também em outras duas
réplicas. Assim, fomos capazes de analisar o perfil proteômico diferencial combinando as três
réplicas obtidas, com auxílio do software ImageMaster.
No total, 22 spots apresentaram diferenças de expressão estatisticamente significativas
(Figuras 11 e 12). Desses 22 spots, 19 foram mais expressos na linhagem submetida ao estresse.
Por outro lado, os spots 3, 23 e 25 representados na figura apresentaram expressão diminuída na
linhagem submetida ao estresse (Figura 12A e B). Realizando espectrometria de massa MALDITOF-MS/MS, fomos capazes de identificar as protéinas presentes em 15 dos spots
diferencialmente expressos, como pode ser verificado na Tabela 9. Ao utilizarmos o aplicativo
Blast2go, pudemos classificar as proteínas identificadas de acordo com as suas funções e os
processos biológicos nos quais estão envolvidas em outros organismos (Tabela 10).
63
De acordo com a literatura, 10 das proteínas identificadas (spots 1,4, 5, 12, 13, 14, 15, 23 e
25) podem ter funções relevantes para o estresse oxidativo ou para o estabelecimento bacteriano
no organismo hospedeiro. Primeiramente, destacamos duas dessas proteínas: a transaldolase e o
fator de alongamento Tu. A transaldolase é uma enzima envolvida na glicólise e no metabolismo
das pentoses-fosfato, apresentando atividade predominantemente citoplasmática; no entanto, há
situações em que ela pode ser recrutada e exposta na superfície celular, através de uma via nãoclássica ou de um mecanismo de translocação ainda não elucidado. Neste caso, a transaldolase
pode atuar na adesão ou agregação bacteriana durante a colonização do hospedeiro (GonzálezRodríguez et al., 2012). Em P. aeruginosa, o fator de alongamento Tu é uma proteína que pode
ser exposta na superfície celular e se ligar a moléculas do plasma do hospedeiro, interferindo
assim na atividade do sistema do complemento e permitindo a evasão do sistema imune (Kunert
et al., 2007).
Outra proteína que apresentou expressão aumentada nas culturas submetidas à
plumbagina é a fosfoglicerato quinase (PGK) (spot 4). A PGK, enzima que participa da glicólise, foi
associada à virulência do patógeno intracelular Brucella abortus, causador da brucelose em
animais e humanos. Um estudo mostrou que uma linhagem de Brucella abortus mutante para o
gene pgk apresenta persistência reduzida durante a infecção em macrófagos e camundongos.
Ainda, ensaios de imunização em camundongos revelaram que esta linhagem mutante pode
conferir proteção contra a enfermidade superior à de vacinas comercialmente disponíveis (Trant et
al., 2010).
Diretamente envolvido na resposta ao estresse oxidativo, o fator trigger (Tig, spot 13) foi
encontrado em maior quantidade no nosso experimento com plumbagina. Ele é uma chaperonina
molecular bastante conservada nas bactérias, e apresenta função central na biogênese e
sobrevivência bacterianas em condições ambientais adversas. Foi demonstrado que, durante o
evento da tradução, o Tig se liga à subunidade ribossomal 50S próximo à região do túnel de saída
do ribossomo, sendo provavelmente a primeira proteína a interagir com os polipeptídeos recémsintetizados (Hesterkamp et al., 1996a). Desta maneira, o Tig parece ser importante para garantir
que proteínas novas sejam corretamente modeladas, ao limitar as taxas de isomerização da
prolina nestas. Além disso, já se sabe que o Tig pode interagir com a chaperonina GroEL,
estimulando a mesma a se ligar às proteínas desdobradas (Hesterkamp et al., 1996b; Kandror et
al., 1995).
A GroEL (spot 14) também foi identificada no nosso experimento como sendo mais
expressa no estresse. Além de assegurarem a estruturação protéica correta, as chaperoninas do
tipo GroEL (spot 14) impedem a formação de agregados no citoplasma e também participam dos
eventos de degradação e exportação de proteínas (Kusukawa et al., 1989; Kandror et al., 1994).
De modo geral, a GroEL apresenta elevada expressão sob condições de estresse oxidativo em
micobactérias (Dosanjh et al., 2005).
64
Ainda na condição de estresse, houve o aumento da expressão de uma outra chaperonina
cuja denominação se baseou na sua própria atividade molecular: peptidil-prolil cis-trans isomerase
A (spot 5). Esta atividade molecular, inclusive, é a mesma descrita para Tig, o que pode ser um
indício de que essas duas chaperoninas atuam de maneira coordenada. Uma vez que a prolina é
um dos aminoácidos mais sensíveis à hidroxilação - evento cuja frequência é intensificada sob
condições oxidantes -, sugerimos que a atividade de tais chaperoninas têm papel de destaque na
resistência de C. pseudotuberculosis ao estresse oxidativo (Hesterkamp et al., 1996b; Kandror et
al., 1995).
Uma proteína que também nos chamou a atenção por ser mais expressa em
C. pseudotuberculosis sob estresse é a D-alanil-D-alanina sintetase A (spot 9). A D-alanil-Dalanina é um dipeptídeo precursor do peptidoglicano, importante componente da parede celular
bacteriana. A redução na expressão de genes envolvidos na síntese do peptidoglicano pode
causar defeitos na parede celular e, assim, enfraquecer a resistência aos antibióticos de envelope
bacteriano e reduzir a viabilidade, além de induzir à autólise (Bitoun et al., 2012). Desse modo, é
provável que a parede celular de C. pseudotuberculosis exposta à plumbagina esteja sendo
danificada, o que poderia ativar os mecanismos de síntese de precursores desta importante
estrutura protetora.
Uma superóxido dismutase foi identificada entre as proteínas menos expressas na
condição de estresse: SodA (spot 23). Este resultado é surpreendente, uma vez que ions
superóxido parecem figurar entre as principais espécies reativas de oxigênio geradas por
quinonas como a plumbagina (Paget et al., 1998; Lin et al., 2010). Entretanto, estudos indicam
que, apesar de apresentar atividade no citoplasma em várias espécies bacterianas, a SodA pode
ser secretada através do sistema de secreção TAT (do inglês twin-arginine translocation), e então
atuar na detoxificação no espaço periplasmático (Krehenbrink et al., 2011).
Dessa forma, é possível que a linhagem 1002(wt) exposta à plumbagina tenha
intensificado a secreção de SodA, tendo em vista o fato de que nós procuramos analisar os perfis
apenas de proteínas citoplasmáticas nos nossos experimentos. Além disso, podemos considerar a
existência de outros grupos de superóxido dismutase - cujos elementos cofatores são geralmente
o cobre/zinco (SodC) e o ferro (SodB) - que poderiam apresentar papel mais relevante na
detoxificação do O2.- de origem intracelular (Yesilkaya et al., 2000). Outra possível causa para a
redução da expressão de SodA nos nossos experimentos diz respeito à provável menor
disponibilidade de compostos metálicos na célula tratada com plumbagina, o que será discutido
adiante. Ainda sobre a SodA, vários estudos têm demonstrado o envolvimento desta enzima na
virulência bacteriana; um exemplo envolve a bactéria Yersinia enterocolitica, cuja inativação de
SodA a tornou menos virulenta em camundongos (Roggenkamp et al., 1997). Por outro lado, a
mutação de sodA de Bordetella pertussis não afetou a virulência dessa bactéria em camundongos
(Graeff-Wohlleben et al., 1997).
65
Outra enzima menos expressa em 1002(wt) submetida ao estresse é a porfobilinogênio
desaminase (spot 3), que está envolvida na via biossintética das porfirinas - estruturas compostas
por anéis pirrólicos capazes de acomodar íons metálicos como o ferro (grupo heme). O
porfobilinogênio é um dos precursores de enzimas importantes para a detoxificação celular - como
as peroxidases e a catalase -, e é também necessário à síntese dos citocromos envolvidos na
cadeia respiratória celular (Biel et al., 2002).
Nesse contexto sugerimos que, sob estresse oxidativo, C. pseudotuberculosis sofre
importante interferência na via das porfirinas e, dessa forma, tem a respiração aeróbia diminuída.
Ainda, é provável que várias enzimas que utilizam íons metálicos como cofatores tenham sua
atividade anulada pela ação oxidante da plumbagina. Assim, uma alternativa interessante para a
neutralização dos efeitos causados por este composto na célula poderia ser justamente a inibição
da síntese de cofatores metálicos. A diminuição da disponibilidade destes cofatores provocaria a
redução no metabolismo de vários compostos celulares, o que, somado à redução da atividade de
fosforilação oxidativa, pode explicar em parte os resultados das curvas de crescimento in vitro
demonstrados no item 5.1. (Figura 6), nos quais C. pseudotuberculosis apresentou taxa de
crescimento visivelmente reduzida quando exposta à plumbagina. Entretanto, a bactéria sob
estresse pode também estar procurando compensar a deficiência na cadeia fosforilativa através
da indução da expressão da enzima ATP sintase (spot 11).
Adicionalmente, um estudo mostrou que a super-produção da porfobilinogênio desaminase
no fungo Aspergillus nidulans causou uma maior tolerância às espécies reativas de nitrogênio,
cuja ação tem natureza similar à da oxidação (Zhoue et al., 2011). Embora nosso resultado pareça
discordante deste, ressaltamos que a plumbagina possui atividade quinona e é capaz de drenar
elétrons de diversos compostos celulares envolvidos na atividade de óxido-redução. Como
discutido anteriormente, a indisponibilização de cofatores metálicos (mesmo que eles estejam
envolvidos na detoxificação) poderia ser um meio eficiente de diminuir os efeitos deletérios
causados pela plumbagina na célula. Biel et al. (2002) também relatam que a produção de
porfobilinogênio pode ser aumentada em condições de alta tensão de oxigênio, por intermédio da
ativação da enzima aminolevulinato sintase.
Por fim, encontramos na literatura informações relevantes a respeito da proteína prolina
iminopeptidase (PIP - spot 25), que foi menos expressa na condição de estresse. O gene
codificador da PIP é ortólogo ao gene luxR da bactéria Vibrio fischeri, o qual faz parte do
mecanismo de comunicação inter-celular quorum sensing, responsivo ao aumento da densidade
populacional. Embora nessa bactéria LuxR esteja envolvida na regulação da produção das
luciferases, há exemplos de sistemas regulatórios análogos a este em bactérias patogênicas. Em
P. aeruginosa, concentrações elevadas da molécula auto-indutora HSL promovem a ativação de
LasR (proteína ortóloga a LuxR), que induz a expressão de alguns genes que codificam para
fatores de virulência, como a elastase, a exotoxina A, e a fosfatase alcalina. Já em bactérias
66
Gram-positivas, as moléculas auto-indutoras são peptídeos secretados por intermédio do sistema
transportador ABC (do inglês ATP-binding cassette transporter). Diferentemente do que ocorre em
Gram-negativas, os peptídeos auto-indutores ativam proteínas de superfície que atuam por meio
de uma cascata de sinalização fosforilativa (sistema de dois componentes, do inglês twocomponent system), ocasionando assim a ativação do regulador transcricional requerido para a
resposta ao estímulo recebido (Miller & Bassler, 2001).
Nesse contexto, podemos sugerir que a repressão de PIP em C. pseudotuberculosis sob
estresse oxidativo pode estar associada ao aumento da atividade do sistema sensor de dois
componentes, ocasionando o aumento da atividade de PIP e por conseguinte a inibição da
expressão do gene codificador desta proteína. Neste caso, é possível que o estresse tenha
induzido os mecanismos de resposta bacterianos envolvidos no controle do crescimento
populacional, o que corrobora com os resultados de redução no crescimento in vitro observados
nos experimentos do item 5.1 (Figura 7).
De modo geral, os resultados obtidos apontam para a modulação de diferentes
mecanismos de natureza intra ou extracelular e que aparentemente contribuem para a adaptação
de C. pseudotuberculosis ao estresse oxidativo. Além de apresentar atividade chaperonina
aumentada, a bactéria sob estresse apresentou redução no metabolismo das porfirinas. Há
indícios, ainda, de alterações no sistema de comunicação inter-celular e na síntese de moléculas
importantes para a formação da parede celular, adesão e interação com o hospedeiro. Outro fato
que parece ser relevante para a ativação dos mecanismos de resposta ao estresse oxidativo é o
aumento da atividade enzimática na via glicolítica, o que contribui para a geração de energia na
célula e ainda para a síntese de diversos compostos celulares. Finalmente, sugerimos que a
indução de estresse oxidativo em C. pseudotuberculosis ocasionou a ativação de processos
potencialmente relevantes para uma eventual infecção.
67
Figura 10. Resolução das proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt)
exposta ou não a Plumbagina (15µM) através de 2D-DIGE. As proteínas foram marcadas com
CyDyes Cy3 (verde), Cy5 (vermelho) e Cy2 (amarelo), misturadas e resolvidas em um gel 2D.
Para a primeira dimensão foram utilizadas tiras de 18cm (pH 3-10) e para a segunda dimensão
um gel SDS-PAGE 12%. Os géis foram escaneados para a obtenção das imagens (A) Cy3: spots
referentes as proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt) não exposta a
plumbagina, (B) Cy5: spots referentes as proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis
1002(wt) exposta a plumbagina, (C) Cy2: Controle interno e (D) A sobreposição dos dyes (Cy3 e
Cy5) é observada em amarelo.
68
Figura 11. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas na linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(wt) exposta ou não à
plumbagina (15µM). (A) Spots referentes as proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt) não exposta a plumbagina. (B)
Spots referentes as proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt) exposta a plumbagina. A diferença de expressão foi
significativa para vinte e dois spots, de acordo com o teste ANOVA<0.05. Os números seguidos dos traços verdes indicam os spots menos
expressos e os números seguidos dos traços vermelhos indicam os spots mais expressos em cada condição avaliada. Para a primeira
dimensão foram utilizadas tiras de 18cm (pH 3-10) e para a segunda dimensão um gel SDS-PAGE 12%. O marcador de peso molecular (GE
Helthcare) está indicado à esquerda.
69
Figura 12. Visualização dos vinte e dois spots correspondentes às proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas na
linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(wt) exposta ou não à plumbagina (15µM). As análises foram realizadas com três replicas
experimentais através do programa ImageMaster 2D Platinum, considerando o teste ANOVA<0.05 e o fold change>1.2. As linhas identificadas
como wtN indicam os spots referentes as proteínas citoplasmáticas da condição sem plumbagina e as linhas identificadas como wtPlb indicam
os spots referentes às proteínas citoplasmáticas da condição com plumbagina. Os quadrados realçados em verde são referentes aos spots
menos expressos na condição avaliada e aqueles realçados em vermelho são referentes aos spots mais expressos na condição avaliada.
70
Tabela 9. Proteínas citoplasmáticas identificadas por espectrometria de massa MALDI-TOFMS/MS, após análise de expressão diferencial na linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(wt)
exposta ou não à plumbagina
Nº do spot
Genes
ADL
gi
Proteínas identificadas
1
Tal
20983
384504702
Transaldolase
3
hemC
20177
384503878
Porphobilinogen deaminase
4
Pgk
20990
384504709
Phosphoglycerate kinase
5
ppiA
19928
384503625
Peptidyl-prolyl cis-trans isomerase A
9
Ddl
20796
384504510
D-alanyl-D-alanine synthetase A
11
atpA
20733
384504445
ATP synthase subunit alpha
12
Ppa
21663
384505385
Inorganic pyrophosphatase
13
Tig
21470
384505192
Trigger fator
14
groEL
21673
384505396
Chaperonin
15
Tuf
20240
384503940
Elongation fator Tu
18
Mdh
21463
384505185
Malate dehydrogenase
19
Pnp
21147
384504868
Polyribonucleotide nucleotidyltransferase
23
sodA
21849
384505578
Manganese superoxide dismutase
25
Pip
20585
384504296
Proline iminopeptidase
26
manC
20396
384504102
Mannose-1-phosphate guanyltransferase
Nº do spot correspondente ao número do spot das Figuras 11 e 12.
ADL: identificação de locus gênico (NCBI);
gi: número de identificação das proteínas através do MASCOT (homologia p<0,05);
Média de números de peptídeos identificados: 2,5
Expressão diferencial: Teste ANOVA<0,05 e fold change>1,2.
71
Tabela 10. Classificação das proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas na linhagem
de C. pseudotuberculosis 1002(wt) exposta ou não à plumbagina, de acordo com funções e
processos do Blast2go.
Proteínas identificadas
Funções
Processos
Transaldolase
Atividade transferase
Metabolismo de carboidratos
Catabolismo
Porphobilinogen deaminase
Atividade transferase
Biossíntese e modificação de proteínas celulares
Phosphoglycerate kinase
Atividade quinase
Metabolismo
Ligação ao nucleotídeo
Metabolismo de carboidratos
Geração do precursor de metabólitos e energia
Catabolismo
Peptidyl-prolyl cis-trans isomerase a
Atividade catalítica
Modificação de proteínas celulares
D-alanyl-alanine synthetase a
Atividade catalítica
Organização da parede celular
Ligação
Biossíntese de carboidratos
Atividade hydrolase
Biossíntese de precursor de metabólitos e energia
Atividade de transporte
Transporte de íons
Atividade hidrolase
Metabolismo
ATP synthase subunit alpha
Inorganic pyrophosphatase
Ligação
Trigger factor
Atividade catalítica
Ciclo celular
Modificação e transporte de proteínas
Chaperonin
Atividade quinase
Metabolismo
Ligação ao nucleotídeo
Ligação à proteína
Elongation factor tu
Malate dehydrogenase
Atividade de fator de tradução
Metabolismo de ácidos nucléicos
Atividade hidrolase
Tradução
Ligação ao ácido nucléico
Catabolismo
Atividade catalítica
Metabolismo de carboidratos
Ligação ao nucleotídeo
Metabolismo
Geração do precursor de metabólitos e energia
Catabolismo
Polyribonucleotide
Atividade nuclease
Metabolismo de ácidos nucléicos
nucleotidyltransferase
Atividade transferase
Catabolismo
Ligação ao RNA
Manganese superoxide dismutase
Atividade catalítica
Metabolismo
Ligação
Proline iminopeptidase
Atividade peptidase
Metabolismo de proteínas
Mannose-1-phosphate
Atividade transferase
Tradução
guanyltransferase
Atividade de fator de tradução
Ligação aos ácidos nucléicos
Catabolismo
72
PARTE 2 – Caracterização fenotípica de linhagens de C. pseudotuberculosis mutantes para
os genes codificadores dos fatores sigma alternativos
5.6. Suscetibilidade diferencial das linhagens mutantes para os fatores sigma alternativos
de C. pseudotuberculosis ao estresse oxidativo
Como apresentado no item 5.4, obtivemos resultados interessantes que apontam para os
fatores sigma mais atuantes na resposta de C. pseudotuberculosis à condição de estresse
oxidativo. Os genes codificadores dos fatores σH e σC se destacaram como aqueles cuja
expressão foi induzida o maior número de vezes nos experimentos onde houve a indução do
estresse, o que pode ser constatado na Figura 9. Ainda, o gene sigM se destacou principalmente
pela sua ativação após 60 minutos de exposição à plumbagina, tanto em meio BHI quanto em
meio MQD, sendo sugerido o seu papel na resposta tardia ao estresse oxidativo. Outro gene que
nos chamou a atenção foi o sigK, cuja expressão após 60 minutos de exposição à plumbagina em
MQD apresentou níveis bastante elevados, cerca de 17 vezes maiores do que havia sido
encontrado na condição controle correspondente.
No período de execução do presente trabalho, e a exemplo do que fora previamente
realizado para o fator σE (Pacheco et al., 2012), fragmentos internos das regiões codificadoras dos
genes de fatores sigma alternativos de C. pseudotuberculosis foram amplificados e clonados em
vetor comercial não-replicativo nesta espécie, e então transformados na bactéria para a indução
do evento de recombinação homóloga simples e a consequente obtenção de linhagens mutantes
deficientes para os fatores sigma em questão (Figura 3). Após a obtenção e validação das
linhagens mutantes para os fatores sigma alternativos - a saber, 1002(ΔsigB), 1002(ΔsigC),
1002(ΔsigD), 1002(ΔsigE), 1002(ΔsigH), 1002(ΔsigK), e 1002(ΔsigM) -, procuramos investigar se
estas apresentam suscetibilidades aumentadas ou não ao estresse oxidativo em comparação com
a linhagem 1002(wt) selvagem parental. Assim, poderíamos avaliar através de uma nova
abordagem, complementar àquela apresentada no item 5.1, quais dos fatores sigma de C.
pseudotuberculosis são mais relevantes para a adaptação ao estresse oxidativo gerado in vitro.
Inicialmente, comparamos entre si os perfis de crescimento de todas as linhagens
cultivadas sob condições normais (sem indução de estresse), por 29 horas, em meio MQD (Figura
13). Partindo de inóculos em fase de crescimento exponencial inicial (DO 540nm=0,12), após 12 de
incubação a 37ºC todas as linhagens mutantes para os fatores sigma ECF (de função
extracitoplasmática) haviam atingido a fase estacionária de crescimento, à excessão do mutante
para o gene sigB. Portanto, a linhagem mutante para o fator σB apresenta a menor taxa de
crescimento dentre as linhagens avaliadas. Ainda, esta linhagem aparentou ser mais sensível ao
crescimento sob a condição de fase estacionária, pelo longo período de inflexão da curva durante
73
a transição do crescimento exponencial final para a próxima fase do crescimento. Sustentando
esta observação, estudos mostram que o gene sigB de C. glutamicum é mais expresso durante a
transição da fase de crescimento exponencial para a fase estacionária (Larish et al., 2007;
Nesvera & Pátek, 2008). Já o mutante para o fator σC aparentou apresentar a menor taxa de
crescimento dentre as linhagens deficientes para os fatores sigma ECF (σ D, σE, σH, σK, σM, além
do próprio σC).
Para a avaliação das suscetibilidades das linhagens mutantes para os fatores σB, σC, σD,
σE, σH, σK e σM, e comparação destas com a suscetibilidade da linhagem 1002(wt) cultivada sob
as mesmas condições de estresse, realizamos curvas de crescimento simultâneas em MQD onde,
para cinco réplicas experimentais, adicionamos ou não o agente gerador oxidante (plumbagina ou
peróxido de hidrogênio) às culturas em fase de crescimento exponencial inicial, utilizando as
diferentes concentrações listadas na Tabela 6.
Figura 13. Curvas de crescimento em MQD das linhagens 1002(wt) e mutantes para os
genes codificadores dos fatores σB, σC, σD, σE, σH, σK e σM de C. pseudotuberculosis.
74
Primeiramente, discutimos os efeitos causados pela adição de plumbagina às culturas
bacterianas (Figura 14). É possível observar, pelos perfis das curvas, que o crescimento da
linhagem selvagem foi pouco afetado pela adição de plumbagina à concentração final de 5µM, o
que se torna ainda mais perceptível quando observamos os perfis das curvas geradas para as
linhagens mutantes para os fatores sigma. De modo geral, a percepção desta diferença era
esperada, uma vez que vários fatores sigma podem contribuir em alguma extensão para os
mecanismos de adaptação ao estresse. Ainda, é possível observarmos que as maiores diferenças
entre condição de estresse e controle ocorreram para os mutantes para σH e σC, sendo mais
evidentes nesta última linhagem. O mutante para o fator σC submetido ao estresse apresenta um
evidente retardo na transição da fase inicial para a intermediária de crescimento exponencial, o
que comparado aos resultados obtidos para os demais mutantes, nos permite sugerir que nesta
linhagem a plumbagina tenha afetado de maneira mais significativa processos celulares
importantes para o aumento da multiplicação celular. Considerando que o fator σ C parece ser
relevante para o crescimento exponencial em M. tuberculosis (Manganelli et al., 1999), seria
plausível supor que a ausência deste regulador inativa parte dos mecanismos envolvidos na
adaptação de C. pseudotuberculosis a esta fase do crescimento in vitro, tornando-a mais
vulnerável ao desequilíbrio reducional-oxidativo.
Embora os gráficos representando as curvas de crescimento nos indiquem diferentes
aspectos relacionados à suscetibilidade de cada linhagem ao estresse, optamos por analisar
matematicamente os resultados obtidos seguindo metodologia descrita por Pacheco et al. (2012).
As áreas sob as curvas (até o tempo de 10h) foram calculadas e então comparadas entre si pela
razão do crescimento sob estresse e o crescimento sob a condição controle correspondente (item
4.3). As curvas de crescimento para o experimento com plumbagina a 5µM, assim como para a
plumbagina a 15µM, serviram de base para os resultados apresentados na Figura 15 C e D. Sob
esta nova abordagem, constatamos mais uma vez que o crescimento do mutante para sigC sob a
plumbagina a 5µM foi claramente mais afetado em relação ao ocorrido com a linhagem selvagem
parental 1002(wt) (Figura 15 C). Ainda, foi possível observar que nesta condição de estresse os
mutantes para os fatores σE, σH e σK também se mostraram mais suscetíveis ao estresse oxidativo
do que a linhagem 1002(wt), porém em menor magnitude do que o mutante para σC.
Ao aumentarmos a concentração de plumbagina para 15µM (Figura 15 D), observamos
que a linhagem 1002(ΔsigH) apresentou a redução mais evidente de crescimento em comparação
com todas as outras. Já o mutante para sigC aparentou ser mais suscetível que 1002(wt), embora
não possamos considerar que a diferença tenha sido significativa. Ainda assim, acreditamos que
este resultado seja complementar àquele obtido para a plumbagina a 5µM, uma vez que os
mutantes para sigC e sigH figuraram novamente entre os mais afetados pelo estresse. Os
mutantes para sigE e sigK, que mostraram suscetibilidade aumentada a 5µM de plumbagina, não
75
apresentaram diferenças significativas em relação à linhagem 1002(wt) neste experimento com
concentração maior.
Além dos experimentos com a plumbagina, realizamos outros dois experimentos de
suscetibilidade utilizando o peróxido de hidrogênio como agente oxidativo. Os resultados das
curvas de crescimento foram analisados segundo o modelo matemático já descrito, e são
apresentados na Figura 15, A e B. Podemos observar que a suscetibilidade do mutante para sigC
foi maior do que a de 1002(wt) após a exposição a 10mM de peróxido de hidrogênio. O mesmo
ocorreu quando a concentração de 40mM foi empregada, para a qual a linhagem 1002(ΔsigH)
apenas pareceu ser mais suscetível do que as demais analisadas. Finalmente, considerando os
quatro experimentos com estresse analisados, a linhagem 1002(ΔsigC) foi mais suscetível que a
1002(wt) em pelo menos três deles, ao passo que a mutante para sigH se mostrou mais suscetível
em dois e as mutantes para sigE e sigK em apenas um dos experimentos.
76
Figura 14. Curvas de crescimento representativas das linhagens 1002(wt) e mutantes para os fatores sigma alternativos sob
condição normal e plumbagina 5µM. Cada curva plotada no gráfico é representativa de cinco réplicas experimentais.
77
Figura 15. Suscetibilidade das linhagens selvagem e mutantes de C. pseudotuberculosis
aos agentes geradores de estresse oxidativo (peróxido de hidrogênio e plumbagina).
Diferentes concentrações dos agentes foram aplicadas às culturas bacterianas na DO(540nm)= 0,2
(início da fase de crescimento exponencial). Para compararmos os efeitos no crescimento, as
áreas sob as curvas foram calculadas usando o software GraphPad Prism 5. O crescimento de
cada linhagem sob a condição normal foi considerado como 100% e usado como referência para
avaliar o crescimento diferencial sob a condição de estresse. Os gráficos gerados representam os
efeitos do estresse no crescimento de todas as linhagens sob (A) 10µM de H2O2 (B) 40µM de
H2O2 (C) 5µM de plumbagina e (C) 15µM de plumbagina.
78
Em adição aos experimentos até então executados, decidimos realizar novas curvas de
crescimento utilizando concentrações maiores de peróxido de hidrogênio, de modo que fosse
possível detectar a total paralização do crescimento em pelo menos uma das linhagens.
Primeiramente, utilizamos peróxido de hidrogênio a 75mM nas culturas, o qual visivelmente
interfiriu no crescimento da linhagem 1002(wt) e das mutantes para os fatores sigma alternativos
(Figura 16 A). No entanto, a linhagem 1002(ΔsigC) foi a única dentre as analisadas que não foi
capaz de crescer (ou retomar o crescimento, visto que o estresse foi empregado nas culturas já
em crescimento exponencial inicial) durante o período de 20 horas. Este resultado confirmou que
a linhagem mutante para sigC é a mais suscetível ao estresse oxidativo nas condições
experimentais empregadas. Além disso, testamos o efeito da adição de peróxido de hidrogênio à
concentração de 100mM nas culturas (Figura 16 B). Podemos observar que nesta condição o
crescimento das linhagens é ainda mais afetado do que no experimento anterior, sendo que, além
do mutante para o gene sigC, os mutantes para os genes sigH e sigK não foram capazes de
crescer após 20 horas de observação.
Finalmente, consideramos que os nossos resultados envolvendo as curvas de crescimento
com os mutantes complementam os anteriormente mostrados para a expressão diferencial dos
genes codificadores de fatores sigma alternativos em resposta ao estresse oxidativo (Figura 9). A
transcrição do gene sigH foi ativada em todos os experimentos de estresse, após 15 e 60 minutos
de exposição aos agentes oxidativos. Este fato, somado à evidente maior suscetibilidade do
mutante 1002(ΔsigH) à plumbagina, indica que o fator σH tem papel de destaque para a ativação
dos mecanismos de resposta ao estresse oxidativo em C. pseudotuberculosis. Ainda, sugerimos
mais uma vez que o fator σC também desempenha papel importante para a adaptação a esta
condição, visto que o gene sigC teve sua expressão ativada sob o estresse em vários dos
experimentos realizados (Figura 9), e que a linhagem mutante 1002(ΔsigC) mostrou ser a mais
suscetível dentre todas na maior parte das vezes em que o peróxido de hidrogênio ou a
plumbagina foram acrescentados às culturas.
79
Figura 16. Curvas de crescimento para avaliação do efeito causado pelo peróxido de hidrogênio sobre o crescimento das diferentes
linhagens de C. pseudotuberculosis. A) Avaliação da suscetibilidade diferencial ao peróxido de hidrogênio a 75mM. B) Avaliação da
suscetibilidade diferencial ao peróxido de hidrogênio a 100mM.
80
5.7. Avaliação proteômica diferencial das linhagens de C. pseudotuberculosis mutantes
para os fatores sigma σH e σC em relação à parental 1002(wt)
5.7.1. Comparação do proteoma entre a linhagem mutante para o fator σH e 1002(wt)
Após chegarmos à conclusão de que os fatores σH e σC são provavelmente os mais
relevantes para a resposta ao estresse oxidativo, decidimos dar prosseguimento à caracterização
das linhagens mutantes para estes dois reguladores transcricionais. De forma geral, como os
fatores sigma ativam a expressão de determinados grupos gênicos, a eliminação de um destes
reguladores pode levar à diminuição da atividade de genes específicos - parte dos quais possui
região promotora reconhecida pelo fator sigma ausente - e também ao aumento da atividade de
outros genes - o que possivelmente representa a ativação de mecanismos compensatórios pela
não-indução de determinados processos celulares. Uma vez que muitas das mudanças que
ocorrem em nível transcricional se refletem na atividade de síntese protéica, optamos inicialmente
por empregar a metodologia 2D-DIGE (como descrito no item 4.6.2.2) para compararmos os perfis
de proteínas citoplasmáticas dos mutantes para sigH e sigC com o apresentado pela linhagem
1002(wt) parental, utilizando culturas em MQD e sob fase inicial de crescimento exponencial. A
seguir, discutiremos especificamente os resultados alcançados para a linhagem mutante para o
gene sigH.
Os 2D-DIGEs com as proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt) e
1002(ΔsigH) estão representados na Figura 17. Na imagem com fluorescência verde (Figura 17A)
podemos visualizar as proteínas citoplasmáticas da linhagem selvagem, enquanto que na imagem
com fluorescência vermelha (Figura 17B) podemos visualizar as proteínas citoplasmáticas da
linhagem mutante. Após a sobreposição das duas imagens (Figura 17D), alguns spots relativos a
proteínas que foram diferencialmente expressas puderam ser facilmente notados; no entanto, o
experimento representado na figura é relativo a apenas uma réplica experimental (biológica). Para
que pudéssemos alcançar maior confiabilidade nas comparações realizadas, nos baseamos
também em outras duas réplicas experimentais que serviram de suporte para a análise do perfil
proteômico diferencial utilizando o software ImageMaster.
Ao todo, apenas 12 spots apresentaram diferenças de expressão estatisticamente
significativas (Figuras 18 e 19). Desses 12 spots, 10 foram mais expressos na linhagem mutante e
dois mais expressos na selvagem (Figura 19). Através de espectrometria de massa MALDI-TOFMS/MS, fomos capazes de identificar oito proteínas (Tabela 11), cujos processos e funções
atribuídos pelo aplicativo Blast2go estão relacionados na Tabela 12. Das oito proteínas
identificadas, seis estão entre as que apresentaram expressão aumentada na linhagem mutante.
81
Primeiramente, apresentamos as duas proteínas mais expressas na linhagem selvagem
1002(wt). Uma delas é o fator de alongamento de transcrição GreA (spot 19), cuja função está
associada à promoção da eficiência e fidelidade da atividade da RNA polimerase durante o evento
transcricional. Foi mostrado que o aumento da atividade de GreA estimula principalmente a
expressão de genes que codificam para proteínas ribossomais (Stepanova et al., 2007). Como a
linhagem mutante para o gene sigH apresenta menores níveis de GreA, sugerimos que sua
maquinaria de tradução seja mais sensível a perturbações, o que pode explicar, em parte, sua
maior suscetibilidade ao estresse oxidativo. Além disso, é provável que o fator σ H seja um dos
principais ativadores da expressão do gene greA.
A outra proteína que também foi mais expressa na linhagem selvagem é um regulador
transcricional do sistema de dois componentes (ou TCS) (spot 6), cuja função está relacionada à
transdução de sinais do meio extra para o intracelular. O TCS é constituído de uma proteína
ligada à membrana, chamada histidina quinase (HK), e uma proteína reguladora de resposta
citosólica (RR). Na ocorrência de estímulos ambientais específicos, a HK se autofosforila e, então,
transfere o fosfato para a RR, que sofre modificações conformacionais e é liberada. O TCS é
comum em bactérias, estando inclusive relacionado ao controle da atividade de fatores sigma de
função extracitoplasmática. Dessa forma, a ativação de reguladores transcricionais associados ao
TCS pode modular mecanismos de osmoregulação, quimiotaxia, esporulação e patogenicidade
(Paterson et al., 2006; Churchward et al., 2007).
Discutiremos agora as proteínas que apresentaram expressão aumentada na linhagem
1002(ΔsigH). Duas delas são chaperoninas: GroEL (spot 9) e GroEL1 (spot 11). A GroEL já foi
relatada no item 5.5, onde apresentou expressão aumentada na linhagem 1002(wt) submetida ao
estresse oxidativo causado pela plumbagina. Ela está diretamente implicada em eventos de
degradação e exportação de proteínas (Kusukawa et al., 1989; Kandror et al., 1994). Já a GroEL1,
que assim como a chaperonina anterior, também está presente em micobactérias, se destaca pelo
seu envolvimento na biossíntese dos ácidos micólicos durante a formação de biofilme (Kong et al.,
1993; Ojha et al., 2005). Outra proteína já descrita no item 5.5 e que apresentou expressão
aumentada na linhagem 1002(ΔsigH) é a fosfoglicerato quinase (PGK) (spot 10). Ela é atuante na
glicólise e gliconeogênese, e já foi associada à virulência de B. abortus (Trant et al., 2010). A
maior atividade desta enzima na ausência do fator σH pode indicar que a linhagem mutante
apresenta respiração celular deficitária, o que a levaria a intensificar o processo de fermentação.
Outra proteína cuja expressão foi maior na linhagem mutante é a 6-fosfogluconato
desidrogenase (GND) (spot 5). Ela é uma enzima que participa do ciclo das pentoses-fostato, cuja
função é catalisar a descarboxilação oxidativa da 6-fosfogluconato à ribose 5-fosfato, com a
redução de NADP. A atividade da GND é a maior fonte de NADPH e pentose para a biossíntese
dos ácidos nucléicos (Novello & McClean, 1968). Apesar da GND ser uma proteína
82
essencialmente de função citoplasmática, ela já foi encontrada na superfície celular de
Streptococcus suis desempenhando atividade de adesina na patogenicidade (Tan et al., 2008).
Finalmente, identificamos a enzima fosforibosilamina-glicina ligase (PurD, spot 15) como
sendo mais expressa na linhagem mutante para sigH. Ela está envolvida na biossíntese
nucleotídica de novo das purinas, catalisando a conversão de 5-fosforibosilamina em 5fosforibosilglicinamida (Cersini et al., 2003). Foi relatado que a PurD, juntamente com outras
proteínas, apresenta um papel significativo na colonização precoce de Streptococcus uberis nas
glândulas mamárias de vacas (Dego et al., 2011).
A comparação dos perfis proteômicos entre as linhagens 1002(wt) e 1002(ΔsigH) revelou a
expressão diferencial de componentes que estão envolvidos principalmente no metabolismo de
proteínas e ácidos nucléicos. É possível sugerir, por exemplo, que apesar da linhagem mutante
apresentar deficiências que possam prejudicar a transcrição gênica e a tradução, ela procura
intensificar a produção de ácidos nucléicos para talvez contribuir com o aumento da atividade da
RNA polimerase e dos ribossomos. Ainda, um dos fatores que mais nos chamou a atenção foi a
produção em maior quantidade de chaperoninas, o que pode evidenciar uma maior
vulnerabilidade às condições que interferem na manutenção da integridade e atividade protéica,
como o estresse oxidativo. Por último, a expressão aumentada da enzima ATP sintase
subunidade beta (spot 7) na linhagem mutante é um indício do incremento no metabolismo
energético e na atividade metabólica geral da célula, o que também poderia deixá-la mais
vulnerável à ação de agentes oxidativos. Como mostrado no item 5.6, o mutante para sigH se
mostrou de fato mais suscetível principalmente ao estresse causado pela plumbagina.
83
Figura 17. Resolução das proteínas citoplasmáticas das linhagens de C. pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigH) através de 2DDIGE. As proteínas foram marcadas com CyDyes Cy3 (verde), Cy5 (vermelho) e Cy2 (amarelo), misturadas e resolvidas em um gel 2D. Para
a primeira dimensão foram utilizadas tiras de 24cm (pH 3-10) e para a segunda dimensão um gel SDS-PAGE 12%. Os géis foram escaneados
para a obtenção das imagens (A) Cy3: spots referentes às proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt), (B) Cy5: spots
referentes às proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigH), (C) Cy2: Controle interno e (D) A sobreposição dos dyes (Cy3
e Cy5) é observada em amarelo.
84
A
B
Figura 18. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas nas linhagens de C. pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigH). (A)
Spots referentes as proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt). (B) Spots referentes às proteínas citoplasmáticas de C.
pseudotuberculosis 1002(ΔsigH). A diferença de expressão foi significativa para doze spots, de acordo com o teste ANOVA<0.05. Os números
seguidos dos traços verdes indicam os spots menos expressos e os números seguidos dos traços vermelhos indicam os spots mais expressos
em cada linhagem avaliada. Para a primeira dimensão foram utilizadas tiras de 24cm (pH 3-10) e para a segunda dimensão um gel SDSPAGE 12%. O marcador de peso molecular (GE Helthcare) está indicado à esquerda.
85
Figura 19. Visualização dos doze spots correspondentes às proteínas citoplasmáticas
diferencialmente expressas nas linhagens de C. pseudotuberculosis 1002(wt) e
1002(ΔsigH). As análises foram realizadas com três replicas experimentais através do programa
ImageMaster 2D Platinum, considerando o teste ANOVA<0.05 e o fold change>1,2. As linhas
identificadas como wt indicam os spots referentes as proteínas citoplasmáticas da linhagem de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) e as linhas identificadas como ΔsigH indicam os spots referentes as
proteínas citoplasmáticas da linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigH). Os quadrados
realçados em verde são referentes aos spots menos expressos na linhagem avaliada e aqueles
realçados em vermelho são referentes aos spots mais expressos na linhagem avaliada.
86
Tabela 11. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas nas linhagens de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigH) que foram identificadas por espectrometria de massa
MALDI-TOF-MS/MS.
Nº do spot
Genes
ADL
gi
Proteínas identificadas
5
gnd
20890
384504607
6-phosphogluconate dehydrogenase
6
tcsR4
20553
384504261
Two-component system transcriptional regulatory protein
7
atpB
20735
384504447
ATP synthase subunit beta
9
groEL
21673
384505396
Chaperonin GroEL
10
pgk
20990
384504709
Phosphoglycerate kinase
11
groEL1
20319
384504021
Chaperonin GroEL 1
15
purD
21604
384505328
Phosphoribosylamine-glycine ligase
19
greA
20612
384504322
Transcription elongation factor GreA
Nº do spot correspondente ao número do spot das Figuras 18 e 19.
ADL: identificação de locus gênico (NCBI);
gi: número de identificação das proteínas através do MASCOT (homologia p<0,05); Média de números de peptídeos identificados: 2,9
Expressão diferencial: Teste ANOVA<0,05 e fold change>1,2.
87
Tabela 12. Classificação das proteínas citoplasmáticas das linhagens de C. pseudotuberculosis
1002(wt) e 1002(ΔsigH) identificadas por espectrometria de massa, de acordo com funções e
processos do Blast2go.
Descrição das proteínas
Funções
Processos
6-phosphogluconate
Ligação ao nucleotídeo
Metabolismo de ácidos nucléicos
dehydrogenase
Atividade Catalítica
Metabolismo de carboidratos
Two component system
Atividade de regulação
Transdução de sinal
response regulator
transcricional
Regulação de processos biológicos
Catabolismo
Atividade de transdução de
sinais
Ligação ao DNA
ATP synthase subunit beta
Atividade hidrolase
Biossíntese do precursor de metabólitos e
Atividade transportadora
energia
Metabolismo de ácidos nucléicos
Transporte de Íons
Biossíntese
Chaperonin
Atividade quinase
Metabolismo
Ligação ao nucleotídeo
Metabolismo de proteínas
Ligação a proteína
Phosphoglycerate kinase
Atividade quinase
Metabolismo
Ligação ao nucleotídeo
Biossíntese do precursor de metabólitos e
energia
Metabolismo de carboidratos
Catabolismo
Chaperonin
Ligação à proteína
Metabolismo de proteínas
Ligação ao nucleotídeo
Phosphoribosylamine--glycine
Atividade catalítica
Metabolismo de ácidos nucléicos
ligase
Ligação ao nucleotídeo
Biossíntese
Transcription elongation factor
Atividade de fator de tradução
Regulação de processos biológicos
Ligação ao ácido nucléico
Tradução
Ligação ao DNA
88
5.7.2. Comparação do proteoma entre a linhagem mutante para o fator σC e 1002(wt)
O mutante para o fator σC de C. pseudotuberculosis também foi submetido à
caracterização proteômica, pela sua importância já mencionada. Os 2D-DIGEs com as proteínas
citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigC) estão representados na Figura
20. Na fluorescência verde (Figura 20A) podemos visualizar as proteínas citoplasmáticas da
linhagem selvagem e na fluorescência vermelha (Figura 20B) podemos visualizar as proteínas
citoplasmáticas da linhagem mutante. Embora vários spots tenham sido diferencialmente
representados na comparação entre as duas linhagens, o que pode ser facilmente visualizado na
Figura 21D, as análises feitas no software ImageMaster se basearam na comparação entre três
réplicas experimentais distintas. No total, houve diferença significativa de expressão para apenas
cinco spots, sendo que todos eles representam proteínas que foram sintetizadas em maior
quantidade na linhagem mutante para sigC (Figuras 21 e 22). No entanto, apenas quatro spots
tiveram suas respectivas proteínas identificadas por espectrometria de massa MALDI-TOF-MS/MS
(Tabela 13). As funções e os processos dessas proteínas foram classificados de acordo com os
termos do aplicativo Blast2go (Tabela 14).
Uma das proteínas identificadas é a transaldolase, que pode atuar na adesão ou
agregação bacteriana durante a colonização do organismo hospedeiro (González-Rodríguez et al.,
2012). Curiosamente, esta proteína também foi mais expressa na linhagem 1002(wt) submetida à
plumbagina (em comparação com a mesma linhagem cultivada sem a indução do estresse) (item
5.5, Tabela 9). Embora possamos concluir que o fator σC não é requerido para a produção da
transaldolase, o fato desta ter sido encontrada em maior quantidade no citoplasma da linhagem
1002(ΔsigC) pode ser um indício da repressão ou da deficiência do mecanismo de exportação da
mesma.
Por outro lado, não podemos desconsiderar o fato de que a ativação da transaldolase
intensifica a glicólise e, assim, pode ser importante para a geração de mais energia e compostos
precursores de diversos componentes celulares. Como discutido no item 5.5, é provável que a
linhagem selvagem de C. pseudotuberculosis tenha seu metabolismo aeróbio reduzido em
decorrência do estresse oxidativo, o que a levaria a intensificar a atividade glicolítica para geração
de energia. Assim, é possível que a linhagem mutante para o fator σC também apresente
respiração aeróbia reduzida em comparação com a linhagem selvagem, o que poderia ocorrer
pela maior suscetibilidade ao estresse oxidativo de origem endógena. Além disso, a
fosfogliceromutase (spot 4), que assim como a transaldolase, está envolvida na glicólise, também
foi mais expressa na linhagem mutante para sigC.
As proteínas ribossomais 50S do tipo L7/L12 (spot 6) são componentes da estrutura da
subunidade maior do ribossomo. Esta subunidade contribui para o deslocamento do complexo
89
ribossomal durante a tradução da fita de RNA, e apresenta atividade peptidil-transferase para a
síntese protéica por conter a subunidade 23S. As proteínas ribossomais, como a que foi
identificada no nosso experimento, são importantes para processos de decodificação, formação
de sítios de ligação para fatores de tradução, e formação do túnel de saída para os petpídios
recém-sintetizados, além de contribuírem para a atividade helicase dos ribossomos (Soung et al.,
2009). É provável que a maior produção de tais proteínas possa servir de estímulo para o
aumento da atividade ribossomal, o que nos permite supor que a linhagem mutante para o gene
sigC, asim como a mutante para sigH, apresenta deficiências na maquinaria de tradução.
Embora a última proteína identificada (spot 2) esteja envolvida no metabolismo de
aminoácidos, segundo a classificação gerada pelo aplicativo Blast2go, ainda não obtivemos
informações adicionais sobre sua atividade.
O σC é um dos fatores sigma que ainda não foram caracterizados em bactérias do gênero
Corynebacterium. Como poucas proteínas diferencialmente expressas entre 1002(ΔsigC) e
1002(wt) puderam ser identificadas nos nossos experimentos, e levando em consideração a
importância que atribuímos ao fator σC para a resposta ao estresse oxidativo em C.
pseudotuberculosis, optamos por priorizar a continuidade do estudo deste regulador transcricional
no presente trabalho.
90
Figura 20. Resolução das proteínas citoplasmáticas das linhagens de C. pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigC) através de 2DDIGE. As proteínas foram marcadas com CyDyes Cy3 (verde), Cy5 (vermelho) e Cy2 (amarelo), misturadas e resolvidas em um gel 2D. Para
a primeira dimensão foram utilizadas tiras de 24cm (pH 3-10) e para a segunda dimensão um gel SDS-PAGE 12%. Os géis foram escaneados
para a obtenção das imagens (A) Cy3: Spots referentes às proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt), (B) Cy5: Spots
referentes às proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC), (C) Cy2: Controle interno, e (D) A sobreposição dos dyes (Cy3
e Cy5) é observada em amarelo.
91
Figura 21. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas nas linhagens de C. pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigC). (A)
Spots referentes às proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(wt). (B) Spots referentes às proteínas citoplasmáticas de C.
pseudotuberculosis 1002(ΔsigC). A diferença de expressão foi significativa para cinco spots, de acordo com o teste ANOVA<0.05. Os números
seguidos dos traços verdes indicam os spots menos expressos e os números seguidos dos traços vermelhos indicam os spots mais expressos
em cada linhagem avaliada. Para a primeira dimensão foram utilizadas tiras de 24cm (pH 3-10) e para a segunda dimensão um gel SDSPAGE 12%. O marcador de peso molecular (GE Helthcare) está indicado à esquerda.
92
Figura 22. Visualização dos cinco spots correspondentes às proteínas citoplasmáticas
diferencialmente expressas nas linhagens de C. pseudotuberculosis 1002(wt) e
1002(ΔsigC). As análises foram realizadas com três replicas experimentais através do programa
ImageMaster 2D Platinum, considerando o teste ANOVA<0,05 e o fold change>1,2. A linha
identificada como wt indica os spots referentes as proteínas citoplasmáticas da linhagem de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) e a linha identificada como ΔsigC indica os spots referentes as
proteínas citoplasmáticas da linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC). Os quadrados
realçados em verde são referentes aos spots menos expressos na linhagem avaliada e aqueles
realçados em vermelho são referentes aos spots mais expressos na linhagem avaliada.
Tabela 13. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas nas linhagens de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) e 1002(ΔsigC) que foram identificadas por espectrometria de massa
MALDI-TOF-MS/MS.
Nº do spot
Genes
ADL
gi
Proteínas identificadas
2
Cp1002_1242
21124
384504847
hypothetical protein Cp1002_1242
3
Tal
20983
384504702
Transaldolase
4
gpmA
20161
384503862
Phosphoglyceromutase
6
rplL
20216
384503917
50S ribosomal protein L7/L12
Nº do spot correspondente ao número do spot das Figuras 22 e 23.
ADL: identificação de locus gênico (NCBI);
gi: número de identificação das proteínas através do MASCOT (homologia p<0,05); Média de números de peptídeos identificados: 2,5
Expressão diferencial: Teste ANOVA<0,05 e fold change>1,2.
93
Tabela 14. Classificação das proteínas citoplasmáticas das linhagens de C. pseudotuberculosis
1002(wt) e 1002(ΔsigC) identificadas por espectrometria de massa, de acordo com funções e
processos do Blast2go.
Descrição das proteínas
Hypothetical protein cpfrc_01249
Transaldolase
Funções
ND
Atividade transferase
Phosphoglyceromutase
Atividade catalítica
Glyoxalase/Dihydroxybiphenyl
Dioxygenase
50s ribosomal protein l7 l12
ND: Não Determinados
Atividade catalítica
Processos
Metabolismo de aminoácidos
Metabolismo de carboidratos
Metabolismo de ácidos nucléicos
Catabolismo
Metabolismo de carboidratos
Geração do precursor de metabólitos e energia
Catabolismo
ND
Atividade de molécula estrutural
Tradução
5.8. Avaliação transcriptômica diferencial de C. pseudotuberculosis mutante para o fator σC
em relação à linhagem 1002(wt)
Após a avaliação do pefil proteômico diferencial de 1002(ΔsigC) em relação à linhagem
selvagem parental 1002(wt), tivemos a oportunidade de aprofundarmos nossos estudos
envolvendo esta linhagem mutante utilizando a tecnologia de sequenciamento de RNA (RNAseq).
No entanto, antes de avaliarmos o perfil transcriptômico dessa linhagem, padronizamos
uma nova metodologia para a depleção de RNA ribossomal das amostras de RNA total
bacteriano, a qual se baseou no emprego da cromatografia líquida desnaturante de alta
performance (ou DHPLC, do inglês Denaturing high-performance liquid chromatography). A
depleção do rRNA é comumente realizada para que se obtenha a menor quantidade possível de
leituras de sequenciamento (reads) correspondentes aos transcritos de RNA ribossomal, os quais
representam mais de 95% da atividade transcricional na célula. A metodologia padronizada pelo
nosso grupo nos permitiu atingir eficiências de depleção iguais ou superiores àquelas conferidas
por kits comerciais (em torno de 70 a 90%); no entanto, é financeiramente vantajosa quando se
tem acesso ao equipamento cromatográfico necessário. Maiores detalhes sobre este trabalho
podem ser encontrados na publicação em anexo (ANEXO IV). A seguir, apresentarei os
resultados de transcriptômica relacionados à linhagem mutante 1002(ΔsigC), os quais se valeram
do emprego da metodologia supracitada.
Os procedimentos adotados para as análises transcriptômicas estão descritos no item 4.7.
Resumidamente, comparamos neste experimento duas culturas bacterianas em fase inicial de
crescimento exponencial: uma referente à linhagem 1002(wt) e a outra referente à linhagem
1002(ΔsigC). As amostras de RNA extraído foram transformadas em bibliotecas de cDNA e então
sequenciadas pelo equipamento Ion Torrent PGMTM, originando quantidades de leituras (ou
94
sequências correspondentes aos transcritos) que representam a atividade transcricional dos
genes presentes nas linhagens. Utilizando o software CLC Genomics Workbench, mapeamos
contra o genoma de C. pseudotuberculosis 1.015.258 leituras de sequenciamento (ou
170.246.139 de bases) relativas à linhagem 1002(wt) e 888.738 leituras (ou 149.017.886 de
bases) relativas à linhagem 1002(ΔsigC). O tamanho médio das leituras obtidas para cada uma
das duas amostras sequenciadas está representado na Figura 24. A quantificação da expressão
de cada gene foi normalizada segundo valores de RPKM (Mortazavi et al., 2008), e então
verificamos através do software DEGseq se as diferenças detectadas entre as linhagens eram
estatisticamente significativas.
De um total de 2.203 genes anotados no genoma de C. pseudotuberculosis 1002, 1.987
foram representados no transcriptoma por pelo menos uma leitura (90,2% de cobertura). Deste
total, apenas dez genes foram mais expressos na linhagem mutante para sigC, os quais
apresentaram expressão (fold change) cerca de 1,5 até 4,5 vezes maior do que na linhagem
1002(wt) (Tabela 15). Todos estes genes mais expressos tiveram as proteínas para as quais eles
codificam identificadas e validadas através da técnica de LC-MSE, como descrito no item 4.6.4.2.
Três destes genes codificam para proteínas cuja função ainda é desconhecida, embora se saiba
que uma delas se localiza na membrana da célula. Um gene que codifica para um regulador
transcricional do tipo HTH (hélice-volta-hélice, do inglês helix-turn-helix) também foi identificado
como sendo mais expresso, no entanto, sua função é desconhecida. Além deste, foram
identificados outros dois genes que estão relacionados ao metabolismo dos ácidos nucléicos (xis
e ndk).
O gene ndk codifica para a nucleosídio difosfato quinase (NDK), enzima que cataliza a
síntese de nucleotídios trifosfatados para a incorporação de bases nas fitas de DNA e RNA. A
maior expressão de ndk pode ser um indício de que a linhagem mutante procura intensificar a
atividade de mecanismos envolvidos na replicação do DNA e transcrição gênica. Foi relatado que
a NDK possui papel importante no metabolismo celular e crescimento em diversos organismos,
incluindo as micobactérias (Arumugam & Ajitkumar, 2013). Já o gene xis é pertencente aos fagos
e codifica para a proteína exicionase (Xis), que é controladora dos processos de excisão e
integração de DNA viral. A Xis atua em conjunto com vários complexos nucleotídio-proteína
capazes de reconhecer sítios específicos no DNA bacteriano (Sam et al., 2006). Em bactérias
patogênicas como C. pseudotuberculosis, genes de origem viral frequentemente se localizam em
ilhas genômicas de patogenicidade e podem ter sua expressão induzida em resposta a uma
situação ambiental desfavorável, como durante a infecção do hospedeiro (Ruiz et al., 2011;
Soares et al., 2012). O aumento da atividade do gene xis pode ser um indício de que, na ausência
do fator σC, é facilitada a ocorrência de eventos de recombinação e incorporação de DNA
exógeno, o que poderia contribuir para a adaptação da bactéria a situações adversas. Além disso,
também foi relatado que a ativação de genes virais pode contribuir para que o próprio fago
95
complete seu ciclo de replicação antes que a bactéria hospedeira sofra lise, garantindo assim a
sua liberação ao ambiente e perpetuação em outros hospedeiros (Georgopoulos, 2006).
A maior parte dos genes que se apresentaram diferencialmente regulados entre as duas
linhagens foi mais expressa na bactéria selvagem parental. Neste caso, consideramos analisar os
genes que apresentaram maior variação de expressão (fold change maior ou igual a 4,0) e que
também tiveram valor de RPKM maior ou igual a 50 em pelo menos uma das duas linhagens
estudadas (Tabela 16). Todos os genes que se enquadraram nestes parâmetros tiveram as
proteínas para as quais eles codificam identificadas e validadas através da técnica de LC-MSE,
como descrito no item 4.6.4.2.
As funções e os processos atribuídos a cada um dos 64 genes mais expressos na
linhagem 1002(wt) estão listados na Tabela 16, de acordo com os termos do aplicativo Blast2go.
Para que as classificações desses genes pudessem ser agrupadas e facilmente visualizadas,
representamos graficamente a distribuição de processos e funções na Figura 25. Observamos
inicialmente que 19 genes (30% dos que foram mais expressos na linhagem selvagem) estão
diretamente envolvidos na composição estrutural/biogênese dos ribossomos, o que provavelmente
aponta para a menor eficiência na atividade da maquinaria de tradução na linhagem 1002(ΔsigC).
Esta hipótese já havia sido levantada anteriormente no item 5.7.2, onde relatamos o
aumento da produção da proteína ribossomal do tipo L7/L12 (Tabela 14) na linhagem mutante
para sigC. Embora a associação entre esta observação e os resultados de RNAseq possa sugerir
uma contradição, é importante observar que vários genes de outras proteínas ribossomais que
não L7/L12 foram mais expressos na linhagem selvagem do que na mutante. Dessa forma, temos
claros indícios de que a ausência do fator σC ocasiona a menor produção destas proteínas e,
como forma de compensação, há uma maior produção de L7/L12 e possivelmente de outras
proteínas que participam da biogênese ribossomal. Ainda, acreditamos que o fator σ C possa
induzir diretamente a expressão da maioria desses 19 genes de proteínas ribossomais aos quais
nos referimos; no entanto, é bastante provável que outros fatores sigma também estejam
envolvidos (em menor importância) na ativação da transcrição deles. Considerando os relatos de
que o fator σC atua principalmente na fase de crescimento exponencial em M. tuberculosis
(Manganelli et al., 1999), também sugerimos que as 19 proteínas ribossomais acima mencionadas
podem
atuar
ativamente
nesta fase
do
crescimento
na
linhagem
selvagem
de
C.
pseudotuberculosis.
Outro grupo de genes mais expressos na linhagem selvagem está diretamente implicado
na fosforilação oxidativa: os que codificam as subunidades alfa, beta e delta da ATP sintase
(enzima-chave no processo de respiração celular), e os que codificam duas subunidades
(flavoproteína e citocromo b556) da succinato desidrogenase. A menor expressão destes genes
no mutante para sigC corrobora a nossa hipótese anteriormente apresentada (item 5.7.2) de que
essa linhagem tem atividade respiratória reduzida em relação à parental 1002(wt). Alguns outros
96
genes também estão envolvidos no metabolismo energético celular, como aqueles que codificam
enzimas importantes para a conversão e utilização de açúcares (por exemplo, rpiB e ptsG, que
codificam a ribose-5-fosfato isomerase B e a fosfotransferase, respectivamente).
Outros genes mais expressos na linhagem selvagem estão envolvidos no metabolismo dos
aminoácidos: CP1002_0569, argS, e ansA, os quais participam do metabolismo da arginina,
alanina e prolina. O metabolismo das porfirinas também parece ser mais ativo na bactéria
selvagem, que apresentou expressão aumentada dos genes hemL (codificador da glutamato-1semialdeído) e ftn (codificador da ferritina). Também observamos uma maior atividade
transcricional do erpA, que codifica uma proteína de inserção de cofatores Fe-S.
Diretamente envolvidos na adaptação ao estresse, os genes sodA, ccsX, e trxA1, dnaJ e
dnaK também se encontram mais ativos na linhagem 1002(wt). Como já discutido anteriormente, a
SodA possui atividade importante para a detoxificação de íons superóxido gerados em
decorrência principalmente da respiração celular. Ainda, ccsX e trxA1 (que codificam duas
proteínas com atividade tiorredoxina) têm papel fundamental para a redução de pontes dissulfeto
que se formam nos grupos tiol de cisteínas em decorrência do desequilíbrio reducional-oxidativo.
Assim como as chaperoninas, as tiorredoxinas contribuem para a manutenção da homeostase
protéica celular (Salazar et al., 2001). Já os genes dnaJ e dnaK codificam duas proteínas (HSP40
e HSP70) conhecidas por heat shock proteins (proteínas do choque térmico). Estas proteínas
possuem atividade chaperonina e desempenham um papel para a sobrevivência principalmente
quando a bactéria é exposta a condições de estresse. Ainda, foi relatado que ambas HSP40 e
HSP70 desempenham papel essencial para a iniciação da replicação de sequências virais, sendo
que a HSP40 também está envolvida na replicação do DNA bacteriano (Costa et al., 2011; Suzuki
et al., 2012).
Assim como os demais fatores sigma alternativos ECF, é esperado que o fator σC esteja
envolvido na regulação de genes implicados nos mecanismos de secreção e comunicação com o
meio extracelular. Um dos genes mais expressos na linhagem 1002(wt) codifica uma porina
(PorH), que constitui um canal cuja função é facilitar o transporte de nutrientes através da parede
celular (Burkovski, 2013). Outro gene mais expresso foi o secG, codificador de um dos
componentes do complexo de secreção SecYEG. Estudos sugerem que a deleção de secG causa
fenótipo de sensibilidade a condições de baixa temperatura, além de defeitos severos na
exportação de proteínas (Flower et al., 2000; Ligon et al., 2012). Dessa forma, sugerimos que a
linhagem de C. pseudotuberculosis mutante para sigC apresenta deficiências no sistema de
transporte de moléculas através do envelope celular.
Finalmente, destacamos os genes que codificam duas proteínas descritas como sendo
importantes na patogenicidade de outras espécies bacterianas. Uma delas é a proteína de
invasão p60, que possui atividade hemolítica e atua na internalização de macrófagos em L.
monocytogenes (Krawczyk-Balska et al., 2005). A outra é a trealose corinomicolil transferase C,
97
que foi descrita como uma proteína com função de adesina por se ligar à fibronectina das células
do hospedeiro, facilitando a internalização do patógeno (Ramalu et al., 2006).
Considerando todos os aspectos levantados no nosso experimento de RNAseq,
concluímos que a inativação do fator σC em C. pseudotuberculosis ocasiona principalmente: (I)
redução da atividade ribossomal e do metabolismo energético e de aminoácidos; (II) prejuízos no
transporte e secreção de moléculas através do envelope celular; (III) redução da expressão de
genes que codificam enzimas relevantes para a neutralização de ROS, bem como para os efeitos
causados por estas sobre diversos componentes celulares; e (IV) redução da expressão de genes
que codificam fatores de virulência descritos para outras bactérias.
Figura 23. Quantidade total de leituras geradas no sequenciamento do RNA (RNA seq)
distribuídas de acordo com o tamanho em pares de bases. O software utilizado para a análise
foi o CLC Genomics Workbench.
98
Figura 24. Classificações funcionais e processuais dos genes mais expressos na linhagem
1002 (wt) de Corynebacterium pseudotuberculosis. As sequencias com fold change>4 e rpkm
50 foram consideradas. Gráficos do tipo multinível gerados com base no número de sequências
gênicas classificadas para cada termo do Blast2go. A) Processos Biológicos. B) Funções.
Representação apenas ilustrativa; redundâncias podem ocorrer tanto em A quanto em B.
99
Tabela 15. Genes mais expressos na linhagem 1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis e suas respectivas funções e processos biológicos
Genes
cp1002_0202
cp1002_0503
cp1002_2011
Hth
Xis
Ndk
Locus Tag
Cp1002_0202
Cp1002_0503
Cp1002_2011
Cp1002_1515
Cp1002_0266
Cp1002_1589
Descrição das proteínas
Conserved hypothetical protein
Hypothetical protein
Membrane protein
Family transcriptional regulator
DNA-binding protein
Nucleoside diphosphate kinase
*Fold change
2,741661613
4,569
1,592379219
3,849
1,849533628
3,198605215
Principais funções/processos biológicos (Blast2go)
ND
ND
ND
Ligação ao DNA/Transcrição
Ligação nucleotídica
Atividade quinase/Metabolismo dos nucleotídeos
ND: Não Determinados ; *Valores obtidos pela razão entre RPKM da linhagem mutante 1002 (ΔsigC) e RPKM da linhagem 1002(wt) de C. pseudotuberculosis.
100
Tabela 16. Genes mais expressos na linhagem 1002(wt) de C. pseudotuberculosis e suas respectivas funções e processos biológicos
Genes
cp1002_0825
cp1002_1242
cp1002_0126a
cp1002_0571
cp1002_0664
cp1002_0734
cp1002_1805
cp1002_2069
cp1002_1900
rsfS
cp1002_1960
cp1002_0524
cp1002_0569
argS
cp1002_1063
cp1002_1072a
cp1002_1799
erpA
Ftn
rplK
rplQ
rplC
rplE
rplA
rplJ
rpsL
rplD
rplB
rpsS
rpsC
rplN
rpmB
rplF
rpsM
rpsK
rpmG
Rpml
rpsT
infC
Locus Tag
Cp1002_0825
Cp1002_1242
Cp1002_0126a
Cp1002_0571
Cp1002_0664
Cp1002_0734
Cp1002_1805
Cp1002_2069
Cp1002_1900
Cp1002_1576
Cp1002_1960
Cp1002_0524
Cp1002_0569
Cp1002_0829
Cp1002_1063
Cp1002_1072a
Cp1002_1799
Cp1002_1427
Cp1002_1674
Cp1002_0308
Cp1002_0394
Cp1002_0347
Cp1002_0365
Cp1002_0309
Cp1002_0313
Cp1002_0335
Cp1002_0348
Cp1002_0350
Cp1002_0351
Cp1002_0353
Cp1002_0363
Cp1002_0657
Cp1002_0371
Cp1002_0390
Cp1002_0391
Cp1002_0656
Cp1002_0940
Cp1002_1568
Cp1002_0939
Descrição das proteínas
*Fold change
Uncharacterized protein
9,629197082
Uncharacterized protein
5,729770164
Uncharacterized protein
4,564489526
Uncharacterized protein
6,12767087
Uncharacterized protein
6,12767087
Uncharacterized protein
5,252289317
Uncharacterized protein
11,37996019
Uncharacterized protein
4,251853257
Uncharacterized protein
4,048639682
Ribosomal silencing factor
4,251853257
Membrane-associated phospholipid phosphatase
4,085113913
Stearoyl-CoA 9-desaturase electron transfer partner 5,570609882
Methylmalonyl-CoA carboxyltransferase 5S subunit
4,195426223
Arginine--tRNA ligase
4,705175847
Arginine/ornithine transport system ATPase
4,52280469
Invasion-associated protein p60
5,689980094
Rhodanese-related sulfurtransferase
6,565361647
Iron-sulfur cluster insertion protein erpA
4,026755143
Ferritin-like protein
8,170227827
50S ribosomal protein L11
4,46444592
50S ribosomal protein L17
5,377343825
50S ribosomal protein L3
6,252725378
50S ribosomal protein L5
5,010804751
50S ribosomal protein L1
7,003052423
50S ribosomal protein L10
6,577867097
30S ribosomal protein S12
4,158062376
50S ribosomal protein L4
4,949272626
50S ribosomal protein L2
6,477823491
30S ribosomal protein S19
4,158062376
30S ribosomal protein S3
8,503706514
50S ribosomal protein L14
4,501962272
50S ribosomal protein L28
4,683291308
50S ribosomal protein L6
4,699416758
30S ribosomal protein S13
5,446818551
30S ribosomal protein S11
5,398186243
50S ribosomal protein L33
5,331869458
50S ribosomal protein L35
4,376907764
30S ribosomal protein S20
5,602441938
Translation initiation factor IF-3
5,331869458
Principais funções/processos biológicos (Blast2go)
ND
ND
ND
ND
ND
ND
ND
ND
ND
ND
Atividade Catalítica
Atividade Oxidoredutase/ Oxidação-Redução
Metabolismo da arginina, alanina e prolina
Ligação ao ATP/ Metabolismo das argininas e prolinas
Fator de iniciação da Tradução/ Regulação da Tradução
Atividade hidrolase
Atividade transferase
Ligação ao grupo Fe-S/ Montagem do grupo Fe-S
Atividade ferroxidase/ Oxidação-Redução/Homeostase
Estrutura do ribossomo/ Tradução
Estrutura do ribossomo/ Tradução
Ligação ao ribossomo/ Biogênese ribossomal
Ligação ao tRNA/ Biogênese ribossomal
Ligação ao rRNA e tRNA/ Tradução
Estrutura do ribossomo/ Biogênese do ribossomo
Ligação ao tRNA/Tradução
Ligação ao rRNA/ Biogênese do ribossomo
Atividade transferase/ Tradução
Ligação ao rRNA/ Tradução
Ligação ao mRNA/ Tradução
Ligação ao rRNA/ Tradução
Estrutura do ribossomo/ Tradução
Ligação ao rRNA/ Tradução
Ligação ao rRNA e tRNA/ Tradução
Ligação ao rRNA/ Tradução
Estrutura do ribossomo/ Tradução
Estrutura do ribossomo/ Tradução
Ligação ao rRNA/ Tradução
Estrutura do ribossomo/ Tradução
101
Continua
Pnp
Cp1002_1266
Polyribonucleotide nucleotidyltransferase
4,197342318
dnaJ
dnak
lutA
lutB
Cp1002_1896
Cp1002_1898
Cp1002_0827
Cp1002_0826
Chaperone protein (Hsp40)
Uncharacterized protein (Hsp70)
Lactate utilization protein A
Lactate utilization protein B
6,419464721
4,877125795
6,252725378
4,376907764
sodA
ccsX
trxA1
ahpC
sdhA
Cp1002_1993
Cp1002_0284
Cp1002_2020
Cp1002_1219
Cp1002_0243
Superoxide dismutase
Thiol-disulfide isomerase/thioredoxin
Thioredoxin
Alkyl hydroperoxide reductase subunit C
Succinate dehydrogenase flavoprotein subunit
7,294846274
4,52280469
7,003052423
4,960495466
4,604746799
sdhC
rpiB
ptsG
hemL
Cp1002_0242
Cp1002_1606
Cp1002_0930
Cp1002_0282
Succinate dehydrogenase cytochrome b556 subunit
Ribose-5-phosphate isomerase B
Phosphotransferase system II Component
Glutamate-1-semialdehyde 2,1-aminomutase
4,251853257
6,002616363
4,041144977
4,713592977
mscL
ansA
malk
atpB
atpH
atpA
accBC
Cp1002_0665
Cp1002_0368
Cp1002_0383
Cp1002_0841
Cp1002_0844
Cp1002_0845
Cp1002_0476
Large-conductance mechanosensitive channel
L-asparaginase
Glycerol-3-phosphate-transporting ATPase
ATP synthase subunit beta
ATP synthase subunit delta
ATP synthase subunit alpha
Acyl coenzyme A carboxylase
4,727060386
4,409329303
6,12767087
5,454300445
6,674784341
5,19923589
4,284762338
doxX
secG
Cp1002_0936
Cp1002_1102
DoxX family protein
Protein-export membrane protein secG
6,455938953
4,668701615
porH
cmtC
Cp1002_1806a
Cp1002_1955
Cell wall channel
Trehalose corynomycolyl transferase C
8,024330901
4,178708168
Ligação ao rRNA/Exoribonuclease/
Catabolismo do RNA
Replicação do DNA/ Resposta ao choque térmico
Resposta ao estresse/ Modelamento de proteínas
CoB-CoM heterosulfito redutase/Oxidação-redução
Atividade Oxidoredutase/ Oxidação do lactato
Superóxido dismutase/ Oxidação-redução
Atividade antioxidante/ Oxidação-redução
Atividade de oxidoredutase/ Homeostase redox celular
Atividade Peroxidoxina/ Oxidação-Redução
Succinato desidrogenase (ubiquinona)/
Fosforilação oxidativa
Succinato desidrogenase/ Fosforilação oxidativa
Ribose-5-fosfato isomerase/ Pentose-fosfato shunt
Atividade quinase/ Fosforilação
Atividade Transaminase/ Biossíntese do
Protoporfobilinogênio
Atividade de canal iônico
Atividade de asparaginase/ Metabolismo da Alanina
Ligação à ATP/ Catabolismo de ATPs
Transporte de hidrogênio/ Geração de ATP
Mecanismo rotacional/ Geração de ATP
Transporte dehidrogênio/ Geração de ATP
Atividade de biotina carboxilase/ Biossíntese dos
Ácidos graxos
ND
Atividade transportadora transmembrânica/
Secreção de Proteínas
ND
Atividade trealose O-micoliltransferase
ND: Não Determinados ; *Valores obtidos pela razão entre RPKM da linhagem selvagem 1002(wt) e RPKM da linhagem 1002 (ΔsigC) de C. pseudotuberculosis.
102
5.9. Avaliação da virulência das linhagens 1002(wt) e 1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis
Os resultados até então apresentados apontam, de forma geral, que o fator σ C de C.
pseudotuberculosis está envolvido na resposta ao estresse oxidativo e pode regular diversos
processos celulares do metabolismo bacteriano. Nesse contexto, considerando ainda o provável
envolvimento deste regulador transcricional na expressão de genes relacionados ao processo
infeccioso (item 5.8), realizamos ensaios preliminares de virulência com a linhagem 1002(ΔsigC)
como descrito no item 4.8.
Diferentes modelos animais como amebas, insetos, peixes e nematódeos têm sido
descritos para o estudo das interações patógeno-hospedeiro (Dorer & Isberg, 2006).
Recentemente, o nematódeo C. elegans foi apresentado como um modelo apropriado para a
realização de triagens que possam apontar as diferenças de virulência entre diferentes linhagens
das corinebactérias (Ott et al., 2012).
Assim, foram realizadas infecções experimentais com as linhagens 1002(wt) e 1002(ΔsigC)
de C. pseudotuberculosis e os resultados são observados na Figura 25. Os dados demonstram
um pequeno decréscimo na porcentagem de sobrevivência (em torno de 25%) dos nematódeos
infectados com a linhagem mutante para o fator σ C, ao passo que a linhagem selvagem parental
provocou a morte de aproximadamente 75% dos animais infectados. A taxa de sobrevivência dos
nematódeos infectados pela linhagem controle E. coli OP50 se manteve próxima de 100% durante
os 10 dias de experimento. Essa triagem realizada nos fornece indícios de que a linhagem
mutante tem sua virulência reduzida, porém estudos em mamíferos ainda são necessários.
103
Figura 25. Sobrevivência dos nematódeos após infecção com as linhagens 1002(wt) e
1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis. Os dados representados são as médias de três réplicas
experimentais. O GraphPad Prism 6 foi utilizado para as análises de sobrevivência dos C.
elegans.
104
PARTE 3 – Estudo do papel do fator σC na resposta ao estresse oxidativo em
C. pseudotuberculosis
5.10. Expressão diferencial dos genes codificadores de fatores sigma alternativos de C.
pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) submetida ao estresse oxidativo
Seguindo a caracterização da linhagem de C. pseudotuberculosis mutante para o gene
sigC, o que foi feito até o momento sem a indução de estresse, realizamos novos experimentos
baseados em qRT-PCR para avaliarmos o efeito da ausência do fator σC sobre o perfil
transcricional dos genes codificadores de fatores sigma alternativos em resposta à plumbagina.
Para isso, o RNA total de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) foi extraído como descrito no item
4.6.1, após a cultura bacteriana atingir a DO(600nm)=0,2 e ser submetida durante 15 e 60 minutos à
plumbagina a 15µM. Após a realização da reação de transcrição reversa, procedemos com os
ensaios de quantificação relativa dos transcritos como descrito no item 4.5.2.
Os resultados de dois experimentos distintos (duas réplicas biológicas) para a análise da
expressão diferencial dos genes sigB, sigD, sigE, sigH, sigK e sigM estão representados na Figura
26. Primeiramente observamos que, aos 15 minutos de exposição à plumbagina, os genes sigB e
sigH foram significativamente mais expressos do que na condição controle (sem indução de
estresse). Além disso, podemos observar que a expressão dos genes sigD, sigK e sigM foi ativada
em apenas uma das réplicas avaliadas, enquanto que sigE não foi ativado. No tempo de 60
minutos, apenas o sigH teve sua expressão aumentada na condição de estresse. Os dados
sugerem que, na ausência do fator σC, os fatores σB e σH exercem papel de destaque na
adaptação ao estresse oxidativo, sendo que a participação do σB parece se restringir aos
primeiros minutos de estresse.
É interessante notarmos que o gene sigM não apresentou ativação tardia (aos 60 minutos
de exposição à plumbagina) como havia apresentado quando a linhagem selvagem foi exposta ao
mesmo agente oxidativo (Figuras 26 e 9). Este pode ser um indício de que o fator σC é um dos
responsáveis pela ativação da transcrição de sigM em C. pseudotuberculosis. Outra observação
relevante é a de que o aumento na expressão de sigB e sigH no mutante sob estresse também
ocorreu nos experimentos anteriormente realizados com a linhagem selvagem (Figuras 26 e 9), o
que inicialmente nos levou a sugerir que o fator σ C não é relevante para a ativação destes outros
reguladores transcricionais.
Nesse contexto, realizamos dois experimentos adicionais que nos permitiram avaliar se os
níveis de expressão dos genes sigB, sigD, sigE, sigH, sigK e sigM na linhagem 1002(ΔsigC)
submetida ao estresse são diferentes daqueles observados para a linhagem 1002(wt) também sob
condição de estresse (Figura 27). Surpreendentemente, encontramos que o gene sigB sofreu
maior ativação na linhagem 1002(ΔsigC) em relação à 1002(wt), o que parece indicar que o fator
105
σB compensa a ausência do fator σC na célula, ainda que parcialmente. Corroborando nossa
hipótese, estudos em M. tuberculosis mostraram que, assim como o fator σB, o fator σC está
envolvido na resposta geral ao estresse nessa bactéria (Newton-Foot et al., 2013). Assim, é
possível sugerir que as funções desempenhadas pelos fatores σ B e σC de C. pseudotuberculosis
(e por conseguinte os seus regulons) também se sobrepõem em algum grau.
Com base na Figura 27, observamos que em nenhum momento a expressão de sigH na
linhagem mutante sob estresse foi maior do que na linhagem selvagem sob a mesma condição.
Ainda, sua expressão chegou a ser significativamente menor no mutante no tempo de 15 minutos,
até atingir níveis similares aos de 1002(wt) depois de 60 minutos de estresse. Este resultado nos
chamou a atenção por indicar que a ativação de sigH após 15 minutos de exposição à plumbagina
parece depender em algum grau da ação de σC. Como o gene sigH é autoregulado em C.
glutamicum (Busche et al., 2012), é possível que ele também o seja em C. pseudotuberculosis;
neste sentido, podemos supor que a baixa expressão de sigH no tempo inicial leva gradualmente
ao aumento da sua própria expressão, que atinge então os níveis observados para a linhagem
selvagem após 60 minutos de estresse. Finalmente, também observamos pela Figura 27 que os
genes sigK e sigM são expressos em menores níveis na linhagem mutante sob estresse (em
relação à selvagem sob a mesma condição), o que pode indicar que a atividade destes
reguladores também é controlada em algum grau pelo fator σC.
106
Figura 26. Níveis de expressão dos genes codificadores de fatores sigma de C.
pseudotuberculosis 1002 (ΔsigC) exposta à plumbagina 15µM, em meio MQD. Os gráficos
foram plotados com auxílio do software REST2009 (Pfaffl et al., 2002).. (A) Níveis transcricionais
referentes a 15 minutos de estresse – Experimento I. (B) Níveis transcricionais referentes a 60
minutos de estresse – Experimento I. (C) Níveis transcricionais referentes a 15 minutos de
estresse – Experimento II. (D) Níveis transcricionais referentes a 60 minutos de estresse –
Experimento II.
107
Figura 27. Níveis de expressão dos genes codificadores de fatores sigma de C.
pseudotuberculosis 1002(wt) e (ΔsigC) expostas à plumbagina 15µM, em meio MQD. Os
gráficos foram plotados com auxílio do software REST2009 (Pfaffl et al., 2002). (A) Níveis
transcricionais referentes a 15 minutos de estresse – Experimento I. (B) Níveis transcricionais
referentes a 60 minutos de estresse – Experimento I. (C) Níveis transcricionais referentes a 15
minutos de estresse – Experimento II. (D) Níveis transcricionais referentes a 60 minutos de
estresse – Experimento II.
108
5.11. Análise de proteínas diferencialmente expressas na linhagem mutante para o fator σC
exposta à plumbagina
Como mostrado anteriormente, a linhagem 1002(ΔsigC) se destaca pela sua maior
suscetibilidade a agentes geradores de estresse oxidativo do que a selvagem parental 1002(wt)
(item 5.6.). Além disso, ela apresenta várias desordens de metabolismo e alterações nos sistemas
de comunicação com o meio extracelular e detoxificação (item 5.8). Nesse contexto, decidimos
investigar quais mecanismos estão envolvidos na resposta da linhagem mutante para sigC ao
estresse causado pela plumbagina.
Para esta finalidade, 2D-SDS-PAGE foram realizados após a extração de proteínas
citoplasmáticas de culturas de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) expostas ou não à plumbagina
(15µM). A análise dos géis utilizando o software ImageMaster nos permitiu identificar 27 spots
diferencialmente expressos entre as condições avaliadas (Figuras 28 e 29), considerando 3
réplicas biológicas. Todos estes 27 spots foram mais expressos na linhagem mutante cultivada
sob condição normal (Figura 28A). As proteínas relativas a 18 dos spots diferencialmente
expressos foram identificadas por espectrometria de massa MALDI-TOF-MS/MS (Tabela 17), e
suas funções e os processos nos quais elas estão envolvidas estão resumidos na Tabela 18. A
seguir, discutimos algumas das características relacionadas a estas proteínas.
Primeiramente, destacamos a proteína L5 (spot 19), que é componente do complexo 5S
rRNA-proteínas, um domínio estrutural autônomo e essencial para o correto funcionamento do
ribossomo. Em E. coli a L5 está localizada na parte superior da protuberância central da
subunidade ribossômica 50S, participando diretamente da montagem do ribossomo (Korepanov et
al., 2012). Experimentos nesta bactéria demonstraram que a L5 é extremamente importante para
a manutenção da viabilidade celular (Korepanov et al., 2007). Outra proteína identificada que é
parte da estrutura ribossomal é a S2 ribossomal 30S (spot 28). Além das duas proteínas
apresentadas, destacamos a identificação de uma proteína de tRNA denominada tRNA treonil
carbamoil adenosina, cuja ausência pode prejudicar maturação dos ribossomos (Yacoubi et al.,
2009).
A proteína ParB (spot 10) é componente de complexos de nucleoproteínas que participam
do evento de segregação cromossômica em bactérias (Gerdes et al., 2010). Foi descrito que a
depleção de ParB (assim como a de seu cognato ParA) pode afetar a citocinese, o crescimento, a
morfologia e a motilidade celular (Mohl et al., 2001; Bartosik et al., 2009; Lasocki et al., 2007).
A timidilato sintase (spot 1) é uma enzima que cataliza a metilação redutiva da deoxiuridina
monofosfato (dUMP) para a síntese de deoxitimidina monofosfato (dTMP), sendo importante para
o metabolismo dos nucleotídios. Foi demonstrado que a baixa atividade da timidilato sintase pode
dificultar o processo de replicação e reparo do DNA (Ahmad et al., 1998). Há ainda indícios de
que, em S. aureus, a atividade do gene thyA (que codifica para esta enzima) pode ser importante
109
para a expressão de diferentes genes necessários à virulência deste patógeno, como agr (gene
regulador acessório), hla (que codifica a alfa toxina) e spa (que codifica a proteína A) (Chatterjee
et al., 2008). Outras duas das proteínas identificadas também estão envolvidas no metabolismo
dos nucleotídios: a deoxiuridina 5-trifosfato nucleotidiohidrolase (spot 31) e a ribose 5-fosfato
isomerase B (spot 30). Curiosamente, nos nossos experimentos com RNAseq (item 5.8) o gene
codificador desta última enzima apresentou expressão reduzida no mutante para sigC, em
comparação com 1002(wt) (Tabela 16).
Como já discutido anteriormente, as proteínas que contém cofatores Fe-S são cruciais
para o funcionamento das células procarióticas (Kiley e Beinert, 2003; Johnson et al., 2005). Estes
cofatores conferem às proteínas funções diretamente envolvidas nas cadeias de transferência de
elétrons, vias metabólicas e biossintéticas, na modificação de RNA e reparo do DNA (RinconEnriquez et al., 2008). Os átomos de enxofre dos grupos Fe-S são obtidos a partir da L-cisteína,
como resultado da ação da cisteína desulfurase (CsdA), proteína identificada no nosso exprimento
(spot 20). A ação desta enzima degrada a L-cisteína em L-alanina e sequestra o átomo de enxofre
liberado sob a forma de persulfato, que é então transferido diretamente para o cofator Fe-S (Py &
Barras, 2010). As ROS podem inativar os cofatores Fe-S através da oxidação, ocasionando a
disponibilização de íons Fe2+ para a reação de Fenton. Desta maneira, radicais hidroxila altamente
reativos são produzidos e podem reagir com os componentes celulares presentes nas
proximidades, como o DNA (Py & Barras). Acreditamos que a redução na expressão da CsdA na
linhagem 1002(ΔsigC) sob estresse (Figura 29, spot 20) possa contribuir para a redução dos
efeitos causados pelas ROS, uma vez que menos cofatores Fe-S estarão disponíveis para a
oxidação.
Outra enzima identificada no experimento é a cisteína sintase (spot 6), que participa da
síntese de cisteína, um aminoácido que desempenha funções vitais na estrutura e atividade
catalítica de várias proteínas. Os resíduos de cisteína são fundamentais para a formação de
proteínas ligadas aos cofatores Fe-S, dentre as quais podemos destacar os citocromos envolvidos
na fosforilação oxidativa (Beinert et al., 1999). Além disso, este resíduo é importante para a
atividade das moléculas glutationa e tioredoxina, as quais desempenham funções importantes
para a manutenção de um ambiente intracelular redutor e a neutralização dos efeitos causados
pelo estresse oxidativo (Carmel-Harel & Storz, 2000). Podemos ainda citar a importância da
formação de pontes dissulfeto (propiciadas pelas cisteínas) para a atividade de reguladores
transcricionais como o OxyR e de chaperoninas como a Hsp33 (Zheng et al., 1998; Jakob et al.,
1999).
Também identificamos a enzima manose-1-fosfato guaniltransferase (spot 2) no nosso
experimento, a qual atua na etapa final de biossíntese da manose no citoplasma celular (Misha et
al., 2012). A manose é um constituinte essencial para várias glicoproteínas e glicolipídios de
micobactérias e corinebactérias, podendo atuar também na regulação da formação de septos e na
110
divisão celular bacteriana. Os componentes da parede celular Lipoarabinomanano (LAM) e
Lipomanano (LM) também possuem manose (Jackson & Brennan, 2009; Mishra et al., 2011;
Patterson et al,2003).
A citrato sintase (spot 13) é uma enzima que catalisa a condensação entre acetil-coenzima
A e oxaloacetato, dando origem ao citrato no ciclo do ácido tricarboxílico (TCA). Por ocupar uma
posição central no TCA, a citrato sintase atua como um ponto de controle importante para a
determinação da taxa metabólica da célula. Trabalhos demonstram que os níveis de citrato
sintase podem ser suprimidos pela glicose e em condições de anaerobiose, enquanto que se
elevam na presença de oxigênio e acetato (Park et al., 1994).
O fator de integração no hospedeiro (IHF) (spot 18) é uma proteína relacionada a uma
ampla variedade de processos celulares, como aqueles envolvidos no controle da expressão
gênica, no metabolismo do DNA e na patogênese (Freundlich et al., 1992; Goosen et al., 1995;
Mahan et al., 1993). Foi sugerido que o IHF atua na regulação de genes requeridos para o
estabelecimento da fase estacionária de crescimento em bactérias (Hengge-Aronis et al., 1996). O
IHF de C. pseudotuberculosis é ortólogo ao fator de integração no hospedeiro de M. tuberculosis
(Mihf).
A chaperonina GroES (spot 4) também se encontra dentre as proteínas identificadas. As
funções das chaperoninas foram descritas no item 5.5. A GroES é uma co-chaperonina de GroEL,
com a qual forma um sistema essencial para o modelamento de várias proteínas bacterianas
(Hartl et al., 2011; Chen et al., 2013). Interessantemente, mostramos em um experimento anterior
(item 5.4.1) que a GroEL é expressa em maior quantidade na linhagem mutante para o fator sigH
do que na linhagem selvagem 1002(wt). Nesse contexto, é mantida a possibilidade de que a
expressão de GroEL seja regulada pelo fator σ C, uma vez também que os experimentos de
RNAseq (item 5.8) indicaram que o gene codificador desta chaperonina é mais expresso na
linhagem 1002(wt) do que na linhagem mutante para o gene sigC.
Finalmente, a avaliação do perfil proteômico diferencial de C. pseudotuberculosis
submetida à plumbagina nos forneceu claros indícios de redução da atividade metabólica sob esta
condição, sendo principalmente prejudicados processos envolvidos na tradução gênica, na
utilização de fontes de energia, na regulação da biossíntese de diferentes compostos celulares, e
na detoxificação de ROS e neutralização dos efeitos causados por estas na célula. Quando
consideramos os efeitos causados pela plumbagina sobre o proteoma da linhagem selvagem
1002(wt) submetida à mesma condição de estresse, o que foi apresentado no item 5.5, torna-se
evidente o fato de que o fator σC é fundamental para a ativação direta ou indireta de uma ampla
gama de processos que contribuem para a coordenação da resposta ao estresse oxidativo.
111
Figura 28. Proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas na linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) exposta ou não
à plumbagina (15µM). (A) Spots referentes as proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) não exposta a plumbagina.
(B) Spots referentes as proteínas citoplasmáticas de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) exposta a plumbagina. A diferença de expressão foi
significativa para vinte e sete spots, de acordo com o teste ANOVA<0.05. Os números seguidos dos traços verdes indicam os spots menos
expressos e os números seguidos dos traços vermelhos indicam os spots mais expressos em cada condição avaliada. Para a primeira
dimensão foram utilizadas tiras de 24cm (pH 3-10) e para a segunda dimensão um gel SDS-PAGE 12%. O marcador de peso molecular (GE
Helthcare) está indicado à esquerda.
112
Figura 29. Visualização dos vinte e quatro spots correspondentes as proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas na
linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) exposta ou não à plumbagina (15µM). As análises foram realizadas com três replicas
experimentais através do programa ImageMaster 2D Platinum, considerando o teste ANOVA<0.05 e o fold change>1.2. As linhas identificadas
como ΔsigC-N indicam os spots referentes as proteínas citoplasmáticas da condição sem Plumbagina e as linhas identificadas como ΔsigCPlb indicam os spots referentes as proteínas citoplasmáticas da condição com Plumbagina. Os quadrados realçados em verde são referentes
aos spots menos expressos na condição avaliada e aqueles realçados em vermelho são referentes aos spots mais expressos na condição
avaliada.
113
Tabela 17. Proteínas citoplasmáticas identificadas por espectrometria de massa MALDI-TOFMS/MS, após análise de expressão diferencial na linhagem de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC)
exposta ou não à plumbagina.
Nº do spot
Genes
ADL
Gi
Proteínas identificadas
1
thyA
20525
384504233
Thymidylate synthase
2
manC
20396
384504102
Mannose-1-phosphate guanyltransferase
3
ywlC
20726
384504438
tRNA threonylcarbamoyladenosine biosynthesis Protein
4
GroES
20318
384504020
Chaperonin
6
cysK
21566
384505290
Cysteine synthase
7
pepC
20923
384504640
Aminopeptidase 2
8
dapC
20662
384504371
N-succinyldiaminopimelate aminotransferase
10
parB
21959
384505689
Chromosome partitioning protein ParB
13
gltA
20497
384504207
Citrate synthase
17
tcsR4
20553
384504261
Two component system response regulator
18
mihF
21010
384504729
Integration host factor MihF
19
rplE
20267
384503968
50S ribosomal protein L5
20
csdA
20972
384504691
Cysteine desulfurase (SufS)-like protein
28
rpsB
21188
384504908
30S ribosomal protein S2
29
Cp1002_1242
21124
384504847
Hypothetical protein Cp1002_1242
30
rpiB
21475
384505197
Ribose 5-phosphate isomerase B
31
dut
21084
384504806
Deoxyuridine 5-triphosphate nucleotidohydrolase
33
pckG
21799
384505527
Phosphoenol pyruvate carboxykinase
Nº do spot correspondente ao número do spot da Figuras 30 e 31.
ADL: identificação de locus gênico (NCBI);
gi: número de identificação das proteínas através do MASCOT (homologia p<0,05); Média de números de peptídeos identificados: 2,6
Expressão diferencial: Teste ANOVA<0,05 e fold change>1,2.
114
Tabela 18. Classificação das proteínas citoplasmáticas diferencialmente expressas na linhagem
de C. pseudotuberculosis 1002(ΔsigC) exposta ou não à plumbagina, de acordo com funções e
processos do Blast2go.
Descrição das proteínas
Thymidylate synthase
Funções
Atividade transferase
Mannose-1-phosphate
guanyltransferase
Atividade transferase
Atividade de fator traducional
Ligação ao ácido nucléico
ND
tRNA threonylcarbamoyladenosine
biosynthesis protein
Chaperonin
Cysteine synthase
Aminopeptidase 2
N-succinyldiaminopimelate
aminotransferase
Chromosome partitioning protein
Citrate synthase
Two component system response
regulator
Integration host factor
50s ribosomal protein l5
Cysteine desulfurase
30s ribosomal protein s2
Hypothetical protein cpfrc_01249
Ribose-5-phosphate isomerase b
Deoxyuridine 5 -triphosphate
nucleotidohydrolase
Phosphoenolpyruvate
carboxykinase
Ligação ao nucleotídeo
Ligação
Atividade catalítica
Atividade transferase
Atividade de peptidase
Ligação
Ligação
Atividade transferase
Ligação ao DNA
Atividade transferase
Ligação ao DNA;
Atividade sinalizadora para regulador
transcricional
Atividade transdutora
ND
Atividade de molécula estrutural
Ligação ao RNA
Ligação
Atividade catalítica
Atividade transferase
Atividade de molécula estrutural
ND
Atividade catalítica
Atividade hidrolase
Ligação
Atividade quinase
Ligação ao nucleotídeo
Atividade catalítica
Processos
Biossíntese
Metabolismo de ácidos nucléicos
Metabolismo
Tradução
ND
Metabolismo de proteínas
Biossíntese
Metabolismo de proteínas
Catabolismo
Biossíntese
ND
Biossíntese de precursor de metabólitos
e energia
Catabolismo
Metabolismo dos carboidratos
Transdução de Sinal
Regulação de processos biológicos
ND
Tradução
ND
Tradução
ND
Metabolismo de carboidratos
Biossíntese
Biossíntese
Metabolismo de carboidratos
Metabolismo
ND:Não Determinado
115
6. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos com o presente estudo representam um significativo avanço para a
compreensão da regulação gênica em C. pseudotuberculosis, contribuindo especialmente para o
melhor entendimento do papel dos fatores sigma alternativos na adaptação ao estresse oxidativo
nesta bactéria. Considerando as diferentes abordagens experimentais utilizadas, destacamos a
seguir as principais conclusões de cada uma das partes apresentadas no item 5 deste manuscrito.
6.1. PARTE I

Os genes codificadores dos fatores σH e σC de C. pseudotuberculosis 1002(wt) se
destacaram como os mais frequentemente ativados quando a bactéria é exposta ao

estresse oxidativo;
A linhagem 1002(wt) de C. pseudotuberculosis exposta ao estresse oxidativo pode
apresentar: (I) redução na produção de chaperoninas e porfirinas; (II) alterações no
sistema de comunicação intercelular; (III) alterações na síntese de moléculas importantes
para a parede celular, adesão e interação com o hospedeiro; e (IV) aumento da atividade
enzimática na via glicolítica.
6.2. PARTE II

As linhagens 1002(ΔsigC) e 1002(ΔsigH) de C. pseudotuberculosis são mais suscetíveis
ao estresse oxidativo do que a linhagem 1002(wt) e as demais linhagens mutantes para os

genes codificadores de fatores sigma alternativos;
A inativação do fator σC de C. pseudotuberculosis pode ocasionar: (I) redução da atividade
ribossomal e do metabolismo energético e de aminoácidos; (II) prejuízos no transporte e
secreção de moléculas através do envelope celular; (III) redução da expressão de genes
que codificam enzimas relevantes para a neutralização de ROS, bem como para os efeitos
causados por estas sobre diversos componentes celulares; e (IV) redução da expressão

de genes que codificam fatores de virulência descritos para outras bactérias;
A linhagem 1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis mostrou ser menos virulenta que a
selvagem parental 1002(wt) em modelo de infecção com o nematódeo C. elegans.
116
6.3. PARTE III

A expressão dos genes sigB e sigH é ativada quando a linhagem 1002(ΔsigC) é exposta
ao estresse oxidativo, embora possamos sugerir que a expressão de sigH - assim como a

de sigK e sigM - é estimulada pelo fator σC ;
A linhagem 1002(ΔsigC) de C. pseudotuberculosis submetida ao estresse oxidativo
apresentou redução da atividade metabólica, sendo principalmente prejudicados os
processos envolvidos na tradução gênica, na utilização de fontes de carbono, na regulação
da biossíntese de compostos celulares, e na detoxificação de ROS e neutralização dos
efeitos causados por elas.
117
7. PERSPECTIVAS
As principais persperctivas para a sequência deste trabalho são:


Analisar as sequências promotoras a montante dos genes mais expressos na linhagem
1002(wt) em relação à linhagem 1002(ΔsigC);
Clonar as sequências promotoras identificadas a montante da ORF codificadora de GFP
no plasmídio promoterless pSM20, com o intuito de avaliar a indução diferencial da
produção deste marcador nas linhagens 1002(ΔsigC) e 1002(wt) expostas a diferentes

condições de estresse in vitro;
Realizar experimentos de imunoprecipitação do fator σC seguida de sequenciamento de
RNA (ChIP-seq) para validação dos genes diretamente regulados por este fator

transcricional;
Analisar o transcriptoma diferencial das linhagens 1002(wt) e 1002(ΔsigC) expostas ao
estresse oxidativo in vitro.
118
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ANEXOS
ANEXO I
Bastos et al., J Clin Cell Immunol 2012, S4
http://dx.doi.org/10.4172/2155-9899.S4-005
Clinical & Cellular
Immunology
Research
Article
Review Article
Open
OpenAccess
Access
Corynebacterium pseudotuberculosis: Immunological Responses in
Animal Models and Zoonotic Potential
Bruno Lopes Bastos1, Ricardo Wagner Dias Portela1, Fernanda Alves Dorella2, Dayana Ribeiro2, Núbia Seyffert2, Thiago Luiz de Paula
Castro2, Anderson Miyoshi2, Sérgio Costa Oliveira3, Roberto Meyer1 and Vasco Azevedo2*
1
Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia, Salvador – BA, Brazil
Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG, Brazil
3
Departamento de Bioquímica e Imunologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG, Brazil
2
Abstract
Corynebacterium pseudotuberculosis is a member of the Corynebacterium, Mycobacterium and Nocardia (CMN)
group that comprises species of medical, veterinary and biotechnological interest. This pathogen mainly affects
small ruminants, causing caseous lymphadenitis (CLA), but it also infects bovines, equines, pigs, deer, camels and
humans, showing its zoonotic relevance. Phospholipase D (PLD) and the toxic lipid cell wall are the two most wellstudied virulence factors of this bacterium. They are responsible, in part, for the establishment of disease in the host.
Current knowledge on the immunity induced by C. pseudotuberculosis indicates that the resistance to infection is
a complex process involving components of both the non-speciic and speciic host responses, in which humoral
and cellular immune responses are both operative. Despite this knowledge and the importance of the disease, a
satisfactory vaccine model for sheep and goats has not been developed. Moreover, a control program that includes
an eficient diagnostic method in addition to vaccination is crucial for avoiding the spread of bacteria inside locks.
Further, because of its zoonotic potential, C. pseudotuberculosis infection of animals can contaminate meat and
milk, putting consumers at risk. The ability of C. pseudotuberculosis to infect both animals and humans makes
studies on prevention and diagnosis of this pathogen important.
Keywords: Corynebacterium pseudotuberculosis; Caseous lymphadenitis; Immunology; Zoonotic potential; Vaccine; Phospholipase D;
Diagnosis
Introduction
he genus Corynebacterium is classiied into the suborder
Corynebacterineae (Actinobacteria: Actinomycetales), which includes
the families Corynebacteriaceae, Mycobacteriaceae and Nocardiaceae
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Taxonomy), commonly designated
as the CMN group. Some characteristics common to this group
include the organization of the cell wall, which is composed mainly of
peptidoglycan, arabinogalactan and mycolic acids, as well as the high
guanine-cytosine (G + C) content of the genome (47-74%) [1].
he CMN group comprises species of signiicant medical,
veterinary and biotechnological interest, and thus has an important
socioeconomic role. For example, the CMN group includes the
species Mycobacterium tuberculosis and M. leprae, the etiologic
agents of tuberculosis and leprosy, respectively. Within the genus
Corynebacterium, there has been a signiicant expansion in the number
of described species in the last decade due to increased concern
regarding their potential pathogenic signiicance. he species that are of
major clinical relevance are Corynebacterium diphtheriae, C. jeikeium
and C. pseudotuberculosis, which are the causative agents of diphtheria,
nosocomial infections in humans and caseous lymphadenitis (CLA)
in goats and sheep, respectively [1-3]. C. glutamicum is used in the
production of amino acids such as L-aspartate and L-lysine [4], and C.
ulcerans causes pathologies in both humans and animals [5].
Most studies mainly report the incidence of C. pseudotuberculosis
infection in small ruminants. Afected animals have characteristic
abscesses in the lymph nodes, mainly in the parotid or retropharyngeal
and/or viscera [6]. However, some infected sheep may have only
internal abscesses, which are oten present in the lungs or mediastinal
lymph nodes, and show no major outward signs of infection [7]. his
J Clin Cell Immunol
pathogen has a broad spectrum of hosts and causes clinical disease in
cattle, horses, pigs, deer, camels and laboratory animals [8]. According
to the World Animal Health Organization, among the 201 countries
that described their sanitary conditions, 64 reported animals with CLA
within their borders in 2009 [9]. Although human cases of infection are
relatively rare, some case reports note the potential risks of infection of
veterinarians and farm practitioners [10]. In this review, we present the
general characteristics and virulence factors of C. pseudotuberculosis
related to its immunopathogenesis, the response of the immune
system, aspects associated with resistance to infection in animal models
and diagnostics. We also discuss the zoonotic potential of the bacteria,
presenting an update on human infections by C. pseudotuberculosis.
Finally, we suggest guidelines for future research.
General Characteristics of Corynebacterium pseudotuberculosis
Corynebacterium pseudotuberculosis is the etiological agent of CLA,
which mainly afects populations of small ruminants throughout the
world and generates signiicant economic losses [11]. his bacterium
was irst described in 1888 by a French veterinarian, Edmound Nocard,
*Corresponding author: Vasco Azevedo, Departamento de Biologia Geral,
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais. Avenida
Antonio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte, Brazil, 31270-901, Tel: 55 31
3409-2610; E-mail: [email protected]
Received November 11, 2011; Accepted February 06, 2012 Published February
11, 2012
Citation: Bastos BL, Dias Portela RW, Dorella FA, Ribeiro D, Seyffert N, et al.
(2012) Corynebacterium pseudotuberculosis: Immunological Responses in Animal
Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/21559899.S4-005
Copyright: © 2012 Bastos BL, et al. This is an open-access article distributed
under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits
unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the
original author and source are credited.
Vaccine Development and
Immune Response
ISSN:2155-9899 JCCI, an open access journal
Citation: Bastos BL, Dias Portela RW, Dorella FA, Ribeiro D, Seyffert N, et al. (2012) Corynebacterium pseudotuberculosis: Immunological Responses
in Animal Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/2155-9899.S4-005
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in a case of lymphangitis in cattle. In 1891, Hugo von Preisz isolated a
similar bacterium in a renal abscess in sheep. Hence, the pathogen was
named “Preisz-Nocard” bacillus, the name with which it was linked for
decades thereater. In Australia, which is currently the country with the
second largest sheep lock in the world, CLA was irstly described in
1934 by Churchward [8,12,13].
he current nomenclature was adopted in 1948 in the sixth
edition of Bergey’s Manual; however, the designation C. ovis was
used synonymously. C. pseudotuberculosis is characterized as a Grampositive facultative intracellular pathogen that displays pleomorphic
forms, ranging from coccoid to ilamentous rods and measures
approximately 0.5-0.6 µm in width and 1.0-3.0 µm in length. hese
bacteria do not have a capsule or lagella and they do not sporulate;
however, imbriae are present. he cell-wall peptidoglycan appears to
be based on meso-diaminopimelic acid (meso-DAP), and the sugars
arabinose and galactose are present in large quantities. Short chains of
mycolic acid have also been found [14-16].
C. pseudotuberculosis is a mesophilic facultative anaerobic
organism, and its optimum growth conditions are at 37ºC with pH
values ranging between 7.0 and 7.2 [12,17]. However, according to
Batey [18], C. pseudotuberculosis can grow well in a pH range of 7.0 to
8.0. C. pseudotuberculosis is a demanding organism from a nutritional
standpoint, growing well on enriched media such as blood agar,
brain heart infusion (BHI) agar or broth or enriched medium with
animal serum. Its cultivation improves when BHI is complemented
with yeast extract, tryptone or lactalbumin [19]. Its growth in a
solid culture medium is initially sparse on an agar surface and then
becomes organized in clumps or in palisades, taking on a cream to
yellowish coloration. Colonies are dry, opaque and concentrically
ringed, and ater several days of incubation, colonies can reach 3 mm
in diameter [20]. When grown in blood agar, it is possible to detect
beta-hemolysis ater a period of 48 to 72 hours of incubation [19,20].
Growth in liquid medium occurs as a bioilm on the surface, without
medium clouding. his ilm is dismantled by agitation, forming lakes
that precipitate [17,21]. he ilm formation is attributed to surface
lipids, and the amount of these lipids in the cell membrane is directly
correlated with the thickness of the bioilm and the virulence of the
bacterial strain [22]. Some authors have reported better growth in an
atmosphere of 5% CO2 [12,21]. Recently, a chemically deined medium
(CDM) for C. pseudotuberculosis cultivation composed of dibasic
phosphate, vitamins and amino acids was developed. his medium
is free of macromolecules in its composition, allowing researchers to
obtain the complex antigenic solution composed only of secreted/
excreted bacterial proteins, which would aid studies on this bacterium
[23]. his CDM has been recently used with success to obtain pure
secreted antigens for an exoproteome analysis of C. pseudotuberculosis
[24].
Biochemically, C. pseudotuberculosis is characterized by the
production of catalase, phospholipase D, and urease and by the
fermentation of carbohydrates such as maltose, mannose, glucose, and
galactose (the latter is used only occasionally) [17]. It does not perform
lactose fermentation or gas production [21,25-27], has no proteolytic
activity, does not have the ability to hydrolyze gelatin or digest casein
and is oxidase negative [17,20]. It has been suggested that there are two
biotypes of these bacteria based on the production of nitrate reductase,
demonstrated by analysis with restriction enzymes. he reduction of
nitrate to nitrite characterizes strains that infect mainly horses (biovar
equi) and present sensitivity to streptomycin, while the strains that
J Clin Cell Immunol
infect goats and sheep (biovar ovis) are mainly nitrate negative and
resistant to streptomycin [27,28]. Cattle are infected by both reducing
and non-reducing nitrate strains [25,26].
Antigens and Virulence Factors
Compared to other pathogenic bacteria, few studies have
investigated the virulence determinants of C. pseudotuberculosis.
However, an understanding of the molecular mechanisms and the
genetic basis of virulence in C. pseudotuberculosis has rapidly improved.
Two virulence determinants of C. pseudotuberculosis have been well
characterized: the exotoxin PLD and the toxic lipid cell wall. PLD
hydrolyzes phosphatidylcholine and sphingomyelin from mammalian
cell membranes, resulting in the formation of choline and ceramide
phosphate [29-31]. Biologically, this exotoxin works as a permeability
factor that promotes the dissemination of the pathogen from the initial
site of infection to all the body tissues of the host. Additionally, PLD
causes the dermonecrosis of endothelial cells, which contributes to the
passage of C. pseudotuberculosis from the dermis to small blood vessels,
thereby gaining access to lymphatic vessels [32,33]. Further, PLD is
considered a cytotoxic exotoxin for white blood cells, as it promotes the
destruction of goat macrophages during experimental infection [34].
Studies using speciic anti-PLD antibodies have demonstrated that
this exotoxin is essential to the spread of C. pseudotuberculosis, as the
use of this antibody prevents its spread. In addition, the vaccination
of goats with inactivated exotoxin is able to prevent the spread of
the bacteria ater experimental challenge [35]. he role of PLD as a
virulence determinant of C. pseudotuberculosis was demonstrated
by the generation of pld-mutants. he mutant was unable to spread
but did induce an immune response. However, these results suggest
that the use of this mutant as a live vaccine model for CLA would
be insuicient [36]. he spread of bacteria by the action of PLD can
be explained by its induction of dermonecrosis, which causes direct
damage to endothelial cells. During hydrolysis, PLD is able to work
synergistically with cholesterol oxidase and phospholipase C, which
are both, produced by Rhodococcus equi, and causes the β-hemolysis
of sheep erythrocytes when cultured in blood agar. he phosphate
ceramide generated, in turn, is hydrolyzed by phospholipase C of
R. equi, producing ceramide [14,30]. In addition to the degradation of
sphingomyelin to ceramide, PLD is also able to activate the complement
system through the alternative pathway, although the exact mechanism
is not well understood [37].
A 40-kDa protein from C. pseudotuberculosis that was previously
identiied as a protective antigen against ovine CLA [38] was further
investigated. Molecular and biochemical characterization revealed that
this protein is a 379 amino acid protein encoded by an open reading
frame of 1,137 bp. No signiicant homology with previously published
DNA or amino acid sequences in the databases was found, suggesting
that this is a novel protein. hus, the recombinant 40-kDa protein was
over-expressed in E. coli for the biochemical analysis of the native and
the recombinant 40-kDa proteins. he protein was found to be a serine
protease with proteolytic activity and was designated corynebacterial
protease 40 (CP40) [39].
Other antigens from both the secreted and somatic fractions were
identiied by an immunoblotting analysis. One study used the serum
of naturally infected sheep for immunoblotting to identify antigens
from sonicated C. pseudotuberculosis and found eleven antigens with
the following molecular weights: 20 kDa, 22.4 kDa, 31.6 kDa, 35.5 kDa,
36.3 kDa, 39.8 kDa, 45.7 kDa, 56.2 kDa, 63.1 kDa, 79.4 kDa and 100
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Immune Response
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in Animal Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/2155-9899.S4-005
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kDa. When the analyses were performed with secreted antigens from
the culture supernatant, antigens with the following molecular weights
were found: 20 kDa, 25.1 kDa, 31.6 kDa, 39.8 kDa and 63.1 kDa [40].
A previous immunoblotting analysis with sera from experimentally
infected goats on secreted antigens from bacterial culture supernatants
revealed antigens with the following molecular weights: 16, 20, 27, 30,
36, 40, 43, 58, 64, 68 and 125 kDa [41].
he introduction of more advanced technologies such as mass
spectrometry (MS) has brought new perspectives to the study of
bacterial secreted/excreted proteins. A comparative exoproteome
analysis of C. pseudotuberculosis was recently performed using a highthroughput proteomic strategy based on liquid chromatography-mass
spectrometry (LC-MS). his study investigated the proteins that are
exported from the bacteria, which might represent key components
of the host-pathogen interplay. Ninety-three diferent extracellular
proteins of C. pseudotuberculosis were identiied with high conidence
using this strategy; 44 proteins were commonly identiied in two
diferent strains that were isolated from distinct hosts, thus composing
the core of the C. pseudotuberculosis exoproteome. his study
generated a catalog of exoproteins, in which novel targets for future
work on C. pseudotuberculosis molecular determinants of virulence can
be identiied [24].
As C. pseudotuberculosis is classiied in the Actinomycetales
order, it shares some common characteristics with this group. C.
pseudotuberculosis has a signiicant amount of lipids in its cell wall
called corynomycolic acids, and they are similar to the mycolic acids in
M. tuberculosis cell walls. hese surface lipids have long been described
as important factors for the pathogenesis of the disease, as virulent
strains have more lipids than attenuated strains, and there is a direct
relationship between the percentage of surface lipids and chronic
abscesses [21]. his lipid layer protects against proteolytic enzymes
present in phagolysosomes, allowing the microorganism to adhere,
thereby promoting local cytotoxicity. he toxicity of the extracted lipid
material was demonstrated by the induction of hemorrhagic necrosis
ater intradermal injection into guinea pigs [22,42,43].
Recently, four genes within an operon that is involved in iron
acquisition, designated fag A, B, C and D, were shown to have an
important role in the virulence of C. pseudotuberculosis [44]. Recent
advances in the understanding of pathogenicity pathways used by
C. pseudotuberculosis in the infection process have been achieved
through complete genome sequencing [45]. A C. pseudotuberculosis
strain (FRC41) isolated from a 12-year-old girl with necrotizing
lymphadenitis was completely sequenced and assembled, yielding the
identiication of speciic gene sets associated with a variety of metabolic
and pathogenic bacterial functions. Two gene clusters encoding
proteins involved in the sortase-mediated polymerization of adhesive
pili were found, and these proteins likely mediate the adherence to host
tissue, thereby facilitating additional ligand-receptor interactions and
the delivery of virulence factors. In addition, the prominent virulence
factors PLD and CP40 were found in the genome of this human isolate.
he genome also revealed additional serine proteases, neuraminidase
H, nitric oxide reductase, an invasion-associated protein, and acyl-CoA
carboxylase subunits involved in mycolic acid biosynthesis as potential
virulence factors [46].
he genetic characterization of two strains of C. pseudotuberculosis
from goat (Cp1002) and sheep (CpC231) using a predicted genome
analysis contributed new information on genome evolution and
lateral acquisition of virulence functions. C. pseudotuberculosis was
J Clin Cell Immunol
compared with other Corynebacterium species, revealing that this
pathogenic species has lost numerous genes, resulting in one of the
smallest genomes in the genus. Other diferences found were a lower
GC content (approximately 52%) as well as a reduced gene repertoire.
hese characteristics suggest adaptations that give the bacteria its
pathogenesis. In addition, seven putative pathogenicity islands were
found in its genome that contain several classical virulence factors,
including genes for imbrial subunits, adhesion factors, iron uptake
and secreted toxins [9].
Immunopathogenesis of CLA
he progression of CLA in sheep and goats starts as primary wound
infection, with lymphatic and hematogenous dissemination, followed
by secondary infection of the lymph nodes and various visceral organs.
his is followed by the elimination or containment of infection, the
latter presenting as characteristic caseous lesions. he steps of infection
have been separated into the following phases: an initial phase (day 1–4
p.i.), characterized by the recruitment of neutrophils to the inoculation
site and the draining of the lymph nodes; an ampliication phase (day
5–10 p.i.), characterized by the development of pyogranuloma; and a
stabilization phase, characterized by the maturation and persistence of
the pyogranuloma [47]. Bacterial factors, including PLD and cytotoxic
lipids, contribute to pathogenesis at a local level but have little efect
on the systemic disease. Ater C. pseudotuberculosis is captured by
phagocytic cells such as neutrophils and macrophages, the phagosome
fuses with the lysosome, forming the phagolysosome [28]. However, C.
pseudotuberculosis is a facultative intracellular pathogen that is capable
of surviving within macrophages for more than 48 hours. During
that time, bacteria are released as a result of a process that leads to
phagocyte death, although this property varies among diferent strains.
he speciic mechanisms of cell death caused by C. pseudotuberculosis
are still unclear, as it does not induce the autophagy or apoptosis of
macrophages. his has been demonstrated in murine macrophage cell
lines, as evidenced by stable levels of microtubule-associated protein
I light chain 3 (MAP-I LC3) activity and caspase-3 activity and an
absence of nuclear fragmentation in infected macrophages [48]. he
bacteria survive within macrophages because some macrophages
cannot produce nitric oxide in response to C. pseudotuberculosis in
vivo, which results in inefective clearing of the organism [49]. hese
efects might be associated with the outer lipid layer in the cell wall of
C. pseudotuberculosis and other antigenic components that attenuate
the production of nitric oxide by macrophages.
As a result of the uncontrolled bacterial growth within
macrophages, the host attempts to restrain and limit the infection
through the formation of pyogranulomas, which are characterized
by the encapsulation of the C. pseudotuberculosis infected cells. he
formation of pyogranulomas is dependent on adaptive immunity, which
is a complex process in the case of infection by C. pseudotuberculosis
that involves both humoral and cell-mediated immunity [28,50].
Immunohistochemical studies on the cellular composition of the
pulmonary lesions in sheep infected by C. pseudotuberculosis have
revealed a predominance of large macrophages that express major
histocompatibility complex (MHC) class II molecules on their surfaces
in the abscess walls and surrounding lung parenchyma. T lymphocytes
were prominent in the same areas within the naturally occurring
lesions, with a CD4+ T cell to CD8+ T cell ratio of 3.5:1. B lymphocytes
and granulocytes comprised a minor portion of the iniltrating cells.
hese data revealed the participation of macrophages and MHC class
II-restricted T lymphocytes in the pathogenesis of CLA [51].
Vaccine Development and
Immune Response
ISSN:2155-9899 JCCI, an open access journal
Citation: Bastos BL, Dias Portela RW, Dorella FA, Ribeiro D, Seyffert N, et al. (2012) Corynebacterium pseudotuberculosis: Immunological Responses
in Animal Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/2155-9899.S4-005
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Another immunohistochemical study revealed more features of the
pyogranuloma cellular makeup. Lymphocytes localized to the inside of
the collagen capsule were found to be in close contact with necrotic
tissue and were organized into three layers. he innermost layer, which
is immediately adjacent to the central necrotic tissue, consists of a
narrow band of MHC class II-macrophages. CD4+, CD8+ and gamma
delta T cells were unevenly distributed throughout the lymphoid
layer, tending to be more numerous immediately peripheral to the
macrophage layer. he intracapsular lymphoid tissue contained a high
proportion of CD8+ lymphocytes (CD4:CD8, 1.5:1) and gamma delta
lymphocytes (CD4:CD8: gamma delta, 1:0.7:0.8). However, in contrast
to the previous immunohistochemical study, CD8+ and gamma delta+
T cells were found to be more abundant than CD4+ T cells [52].
Recent studies have clariied the cellular makeup of pyogranulomas.
In an experimental pyogranuloma induced in lambs infected with C.
pseudotuberculosis, three diferent monoclonal antibodies were used to
characterize the presence of macrophages in situ and demonstrated that
macrophages are the predominant cells in pyogranulomas [53]. Further
immunohistochemical experiments on the cellular composition of 46
experimentally induced pyogranulomas in sheep also demonstrated that
lesions localized to inoculation sites or draining lymph nodes consisted
of macrophage and lymphocyte layers distributed around the necrotic
center, surrounded by a ibrous capsule. However, the most signiicant
observation from this work was that in immature lesions, CD4+ T cells
were most predominant, whereas in mature lesions, the proportions
of CD8+ T lymphocytes and gamma/delta receptor-expressing cells
increased. In addition, this study found that many pyogranuloma cells
expressed the interleukin-2 receptor, and a large individual variability
in the proportions of macrophage and T cell subsets was observed in
lesions at the same maturation point, with particular discrepancies in
the number of epithelioid macrophages. his heterogeneity suggests
that there are diferent cellular patterns based on the persistence or
elimination of bacteria by the host [54].
A recent study aiming to evaluate the outcomes in mice ater
inoculation with four equine-origin C. pseudotuberculosis strains (slow
and rapid-growing strains) demonstrated that the tropism for the
liver, spleen, lungs, and mesenteric lymph nodes is distinct for each
strain. Speciically for the liver, the histological lesions associated with
rapidly growing strains included focally extensive unencapsulated
areas of acute, massive coagulative necrosis of hepatocytes. hese
areas had intralesional colonies of bacteria and variable portal
hepatitis characterized by the accumulation of mononuclear and
polymorphonuclear inlammatory cells. In contrast, the livers from
mice inoculated with slow-growing strains had multiple discrete,
randomly distributed foci of hepatocellular necrosis and neutrophilic
hepatitis that were considerably less severe than the lesions in the mice
inoculated with the rapidly growing strains [55].
In addition to the formation of pyogranulomas, infection with C.
pseudotuberculosis leads to the formation of subcutaneously located
abscesses that do not originate from primary lymph node lesions.
However, some abscesses can be closely association with lymph nodes,
and as a result of the tissue destruction associated with abscesses
and the expanding nature of these lesions, micro-abscesses that are
composed of multiple caseous lesions of 0.5–1.0 cm in diameter can
occur. Microscopically, these encapsulated abscesses contain partially
calciied pus arranged in a concentric lamellar structure [56].
J Clin Cell Immunol
Resistance to C. pseudotuberculosis
Resistance to infection by C. pseudotuberculosis is a complex
process involving components of both the non-speciic and speciic host
response, in which both the humoral and cellular immune responses are
operative [28,57,58]. he importance of humoral mechanisms has been
demonstrated by assessing numerous commercial and experimental
vaccine trials, which include preparations based on inactivated cellculture supernatant or toxoids [59,60], bacterial cell-wall fractions
[61,62], attenuated and killed bacteria [63,64], exotoxins and their
subunits [34,65] or genetically modiied pathogens [66,67]. Advances
regarding immunoprophylaxis have been made, and the use of these
preparations reduces the number and size of granulomas in challenged
animals. However, to adequately control infection, the activation of
macrophages needs to be improved; indeed, many researchers are now
focusing on the gamma IFN (IFN-γ) response.
Early studies in mice evaluated the ability of levamisole to promote
nonspeciic immunity to C. pseudotuberculosis infection. he enhanced
nonspeciic resistance was demonstrated with a quantitative reduction
in immunoglobulin levels; the levels of IgG2 and IgA were lower in mice
pretreated with levamisole. his result suggested that cell-mediated
immunity might play a more important role than humoral immunity
in resistance to C. pseudotuberculosis infection [68]. he role of IFN-γ
was irst demonstrated in experimental infections of mice deicient
for the IFN-γ receptor with attenuated C. pseudotuberculosis mutants.
he study found that the production of IFN-γ and the presence of its
receptors were directly associated with the control of primary infection
in mice [63]. Another important cytokine that controls primarily
infections by C. pseudotuberculosis is tumor necrosis factor alpha
(TNF-α) [63,69,70]. he administration of anti-TNF-α and anti-IFNγ-monoclonal antibodies (mAbs) increased bacterial proliferation in
infected mouse organs, leading to the death of the animals. Further, the
injection of anti-CD4 or anti-CD8 mAbs also resulted in signiicantly
increased mortality and a marked suppression of IFN-γ production but
had no efect on TNF-α production. herefore, endogenous TNF-α and
IFN-γ may have addictive efects on the anti-corynebacterial defense in
the early stage of infection and could be critical for the generation of
resistance [69].
he same group also investigated the role of these cytokines during
secondary C. pseudotuberculosis infection in mice. hey found that
both TNF-α and IFN-γ are required for survival and the development
of protective immunity. During secondary infection, the mice
recovered 50% faster, suggesting the importance of these cytokines in
activating macrophages. In this trial, the administration of anti-CD4
mAb alone or anti-CD4 plus anti-CD8 mAbs increased mortality,
bacterial proliferation and reduced the production of these cytokines,
while treatment with anti-CD8 mAb alone showed no efect on either
the resistance to infection or cytokine production. In conclusion, these
data suggest that CD4+ T cells, likely h1 T cells, play an important role
in immunity against secondary C. pseudotuberculosis infection [71].
Another study on the innate immune response during the early
course of infection revealed the participation of the complement
system in the defense against C. pseudotuberculosis. Experiments
demonstrated that the type 3 complement receptor (CR3) plays a key
role in inlammatory cell recruitment during the course of infection.
Indeed, the treatment of mice with an anti-CR3 mAb resulted in
the unrestricted proliferation of bacteria in the spleen and livers
and dramatically increased the mortality of the infected mice within
Vaccine Development and
Immune Response
ISSN:2155-9899 JCCI, an open access journal
Citation: Bastos BL, Dias Portela RW, Dorella FA, Ribeiro D, Seyffert N, et al. (2012) Corynebacterium pseudotuberculosis: Immunological Responses
in Animal Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/2155-9899.S4-005
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3 days of infection. A histological examination also revealed that
mononuclear phagocytes did not migrate to the sites of bacterial
multiplication, as evidenced by the inhibition of inlammatory cell
migration and large numbers of bacteria in their organs. hese results
revealed the importance of CR3 in the resistance against primary as
well as secondary C. pseudotuberculosis infection in mice [72].
Although the previous results highlight the importance of T cellmediated immunity against the infection, some evidence has also
indicated that the production of antitoxin may protect the host during
secondary exposures to the pathogen [14,57]. In mice previously
immunized with washed bacterial suspensions, the antitoxin was
unable to prevent the formation of pus ater inoculation, despite the
fact that the antitoxin was able to prevent the spread of infection
from the site of inoculation to internal organs [57]. hese results were
later reproduced in several experiments demonstrating that anti-PLD
antibodies present in host blood before infection exert a protective efect
by neutralizing the permeability induced by PLD, thereby hindering
the dissemination of C. pseudotuberculosis to draining lymph nodes.
Further, the antibodies reduced secondary spread and prevented lesion
development [73].
As CLA afects sheep and goats, a vast number of studies have
been performed in these species since the 1980s [28,50-54,62,74].
A groundbreaking study was conducted in sheep inoculated with
attenuated and wild-type strains of C. pseudotuberculosis; the authors
assessed the expression of cytokine mRNA during infection. his
study revealed that at the site of experimental inoculation, the levels
of the inlammatory cytokines TNF-α and interleukin-1β (IL-1β) were
increased, and the expression of interleukin-4 (IL-4) was decreased.
Further, the cytokines IL-2 and IL-4 were up-regulated. he highest
expression of TNF-α, IL-2 and IFN-γ occurred at the seventh day
post-inoculation, and the highest levels of IL-1β and IL-6 mRNA
were detected 28 days ater inoculation. he levels of mRNA for IL1β, IL-6, IL-8, TNF-α and MCP-1 (monocyte chemoattractant protein
1) were elevated in animals with granulomas in the draining lymph
nodes. hese results suggested that the development of granulomas
could be a consequence of the presence of h1 and h2 cells as well
as the elevated production of cytokines such as IFN-γ, IL-2, IL-4,
TNF-α and MCP-1. hese data suggest that granulomas constitute an
important factor for limiting C. pseudotuberculosis infection [47].
Another study assessed the kinetics of IgG and IFN-γ production
in Corynebacterium pseudotuberculosis primary infection in goats.
he authors demonstrated that the patterns of IgG production varied
between animals, but the maximum titers were detected between days
11 and 21 post infection (PI). he levels further declined until 140 days
PI. Serological positivity was detected from days 6 to 11 PI, but not all
individuals remained positive throughout the 20 weeks of follow-up,
indicating that humoral immunity is not long lasting. he same work
demonstrated the existence of two patterns of the IFN-γ response,
one considered high and another considered medium/low. In general,
IFN-γ production was observed as a short-lived primary response on
day 5 PI for the animals of both groups and a strong secondary response
starting on day 16 and declining from days 42 to 56 ater infection in
the high response group. he ‘‘IFN-γ low producer’’ group exhibited
only a short-lived peak on day 5 ater infection and thereater displayed
no further signiicant antigen-speciic cell-mediated stimulation [50].
his wide variation in the proiles of IFN-γ production was recently
conirmed in a large study of sheep and goats. hese diferences have
necessitated the use of assays with low sensitivity for measuring
J Clin Cell Immunol
IFN-γ produced by peripheral leukocytes ater stimulus with C.
pseudotuberculosis; nonetheless, the production of IFN-γ remains a
highly speciic indicator of CLA [75].
he role of the innate immune system in C. pseudotuberculosis
infection is currently under investigation, including the response proinlammatory cytokines and the acute phase protein. Previous studies
in sheep have demonstrated an acute phase response during the initial
phase of infection, with a signiicant increase in the concentrations of
haptoglobin approximately 5 days PI [76]. A recent study conirmed
the acute phase reaction of haptoglobin in CLA but also revealed that
serum amyloid A (SAA) and α1 acid glycoprotein (AGP) were increased
in an experimental model of CLA in sheep. he study also revealed
the continued production of AGP during the transition to the chronic
phase of the disease. hese data suggest that AGP may be a valuable
quantitative marker of the level of pathogenesis in experimental studies
of CLA as well as a useful biomarker of natural infection and of chronic
conditions in sheep [74]. Another recent study demonstrated that
sheep that did not develop clinical signs of CLA presented signiicantly
elevated levels of haptoglobin during the acute phase of the disease
compared to sheep that developed supericial abscesses. Although the
exact participation of this protein in the defense against infection by
C. pseudotuberculosis requires further investigation, this suggests that
innate immune mechanisms contribute to the resolution of infection
or resistance to the development of CLA pyogranulomas. Further,
haptoglobin has been suggested as a promising candidate marker for
the clinical progression of C. pseudotuberculosis infection in sheep [77].
Vaccine Models Tested for CLA
Studies have shown that primary infection with viable bacteria
induces strong protection against subsequent exposures. Indeed,
ewes with primary infection did not develop lesions as a result of
further exposure, whereas immune-naïve ewes developed numerous
pyogranulomas at diferent sites. However, ewes with primary infection
remained carriers of the bacterium as a result of primary inoculation
[78,79]. A study conducted in alpacas conirmed this observation,
showing that primary infection with a low dose of 1.1×103 CFU
protected animals against a signiicantly higher dose of 9×108 CFU of C.
pseudotuberculosis. he primary infected alpacas had a febrile response
and abscesses at the inoculation site and regional lymph nodes; however,
ater the challenge, the primary infected animals showed no supericial
lesions, in contrast to the immune-naïve alpacas that developed severe
disease characterized by fever and abscesses in regional lymph nodes.
In addition, primary infected alpacas had a robust antibody response
against a C. pseudotuberculosis cell wall antigen [61]. hese studies
have encouraged scientists to create a vaccine model based on the use
of killed bacterial cells, called bacterin. Killed C. pseudotuberculosis
cells can theoretically mimic the primary infection, promoting
immunoprotection without causing disease. A summary of data from
studies published in the last 40 years on vaccine models is presented
in Table 1, including the country of origin of the research, the animal
model, the composition of the immunogens, the type of adjuvants used
and the route of administration of the preparations. Killed bacteria
have been used by many scientists as potential vaccines [59,62,8084]. he degrees of protection have varied among these studies, but
a common feature is that the protective efects were only partial. he
immunogens did not completely prevent the disease, but the clinical
course was milder, with signiicantly lower numbers of granulomas in
immunized animals compared to unvaccinated control animals.
Another vaccine model uses the secreted exotoxins of C.
Vaccine Development and
Immune Response
ISSN:2155-9899 JCCI, an open access journal
Citation: Bastos BL, Dias Portela RW, Dorella FA, Ribeiro D, Seyffert N, et al. (2012) Corynebacterium pseudotuberculosis: Immunological Responses
in Animal Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/2155-9899.S4-005
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Reference
Year of
publication
Country of
origin
Animal model
Composition of the immunogens
Type of adjuvants
Route of
administration
[81]
1972
Australia
Sheep
Bacterins
AP
-----
[62]
1984
USA
Sheep
Bacterin or CW
WOE
IM
[119]
1985
USA
Mice
Bacterin or CW
MDP, TDM, BCG and Cpar
IP
[35]
1986
USA
Goat
Toxoid
FIA
SC
[120]
1987
USA
Sheep
Bacterin
-----
SC
[82]
1988
Brazil
Goat
Bacterin
AP
-----
[121]
1989
Norway
Goat
Bacterin or toxoid
Levamisole
-----
[122]
1989
Norway
Goat
Bacterin + toxoid
-----
-----
[123]
1990
USA
Sheep / mice
Bacterin
MDP
IM / IP
[83]
1991
USA
Sheep / goat
Dried whole Cp cells
MO + AA
IM
[40]
1991
USA
Sheep
CST
BPA
-----
[60]
1991
Australia
Sheep
Toxoid or bacterin + toxoid
AH
SC
[124]
1991
Australia
Sheep
Toxoid or toxoid Cp + 5 Clostridial toxoids
AH / Sodium selenate
SC
[125]
1991
Australia
Sheep
Varying concentrations of toxoid Cp + 5 Clostridial toxoids
AH
SC
[96]
1991
Brazil
Goat
Bacterin or live attenuated Cp
AP (bacterin)
ID
[36]
1992
Australia
Sheep
Toxminus Cp
-----
SC
[98]
1994
Australia
Sheep
Toxminus Cp or recombinant Toxminus Cp
-----
OR
[38]
1994
Australia
Sheep
40-kDa antigen
AH
SC
[84]
1996
USA
Sheep / goat
Bacterin
MDP + MO
IM
[3]
1997
Australia
Mice
Live Cp aroQ mutant or live Cp pld mutant
-----
IP
[64]
1998
Australia
Sheep
Live Cp aroQ mutant or live Cp pld mutant
-----
SC
[59]
1998
Canada
Sheep
Glanvac® 6, Case-Vac® or bacterin
MDP + MO (bacterin)
SC / IM
[91]
1998
USA
Sheep
Bacterin + toxoid
AH
SC
[65]
1999
Australia
Sheep
Glanvac 6 or recombinant Glanvac® 6
MA
SC
[126]
2000
German
Goat
CW
-----
-----
[127]
2000
Australia
Sheep
Toxoid Cp + 5 Clostridial toxoids
AH / Moxidectin
SC
[97]
2002
Brazil
Goat
Liophilized live attenuated Cp
no
ID
[128]
2003
Perú
Mice
CST
AH
SC
[58]
2005
Egypt
Mice
Bacterin, toxoid or bacterin + toxoid
MO
SC
[99]
2006
United
Kingdon
Sheep
Bacterin, rPLD, bacterin + rPLD, or Glanvac® 3
AH
SC
[61]
2007
Peru
Alpacas
Live Cp
----
SC
[92]
2007
Peru
Alpacas
CW or CST
MDP
SC
[129]
2007
Egypt
Mice
Bacterin, rPLD, or bacterin + rPLD
MO
SC
FIA
SC
[90]
2008
Brazil
Goat
Crude CST, concentrated CST + oligodeoxynucleotide
CpG, or live attenuated Cp
[93]
2009
Brazil
Mice
Recombinant Heat-shock protein 60 (rHsp60)
FCA / FIA
SC
[130]
2010
Egypt
Sheep
Bacterin, bacterin + rPLD, Gamma-irradiated Cp + rPLD
or BCG + rPLD
MO (except BCG)
SC
[131]
2010
USA
Mice
Bacterin + toxoid
-----
-----
[132]
2010
Turkey
Sheep
Bacterin + toxoid
FCA
SC
Olive oil
SC
[133]
2011
Saudi Arabia
Sheep
®
Glanvac 6
Abbreviations: Immunogens - Cp = Corynebacterium pseudotuberculosis; Bacterin = Cp killed whole cells; CW = sonicated Cp cell wall; CST = iltrated culture
supernatant exotoxins; Toxoid = inactivated exotoxins or phospholipase D (PLD); rPLD = recombinant PLD; Glanvac® and Case-Vac® = commercial vaccines; Toxminus
= Cp with deleted pld gene; Adjuvants - WOE = Water-in-oil emulsion; MO = mineral oil; AA = Arlacel A or monooleate of manitol; AH = aluminum hydroxide; AP =
Aluminum phosphate; MDP = muramyl dipeptide; TDM = trehalose dimycolate; BCG = heat-killed Mycobacterium bovis BCG; Cpar = heat killed Corynebacterium parvum;
FCA = complete Freund’s adjuvant; FIA = incomplete Freund’s adjuvant; BPA = block polymer adjuvant; MA= multicomponent adjuvant; Route of administration - SC =
subcutaneous; IM = intramuscular; IP = intraperitoneal; ID = intradermal; OR = oral.
Table 1: Summary of data from scientiic works published in the last 40 years related to vaccine models against infection caused by Corynebacterium pseudotuberculosis
in different animal models.
J Clin Cell Immunol
Vaccine Development and
Immune Response
ISSN:2155-9899 JCCI, an open access journal
Citation: Bastos BL, Dias Portela RW, Dorella FA, Ribeiro D, Seyffert N, et al. (2012) Corynebacterium pseudotuberculosis: Immunological Responses
in Animal Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/2155-9899.S4-005
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pseudotuberculosis. Speciically, PLD has been widely studied, as it is
one of the few virulence factors known and is the best characterized
protein of C. pseudotuberculosis. PLD has been puriied, cloned and
expressed in E. coli [32,85-87]. In some studies, the exotoxins are
treated with various concentrations of formaldehyde, producing
toxoids. hese toxoid-based vaccines have been tested and increase
antibody levels against the exotoxins as shown by ELISAs, which
decreases CLA spread in sheep [35,60,88,89]. his boost in humoral
immunity still only partially protected animals because vaccinated
animals only had reduced numbers of lesions ater challenge compared
to the unvaccinated sheep. In a recent study, animals inoculated with
secreted antigen associated with Freund’s incomplete adjuvant and
oligodeoxynucleotide containing unmethylated CpG dinucleotides
(CpG ODN) showed a strong humoral response, but this inoculation
could not prevent the spread of infection [90].
on live strains, researchers genetically engineered a mutant strain of
C. pseudotuberculosis in which the gene for PLD was deleted by sitespeciic mutagenesis, named “Toxminus”. When inoculated into sheep,
this mutant was less virulent, causing no local granulomas (108 CFU /
dose). With a dose of 1010 CFU of mutant Toxminus, small granulomas
were observed in draining lymph nodes, and the mutant bacterium was
isolated in only one of these granulomas. hese results conirmed that
PLD is essential for C. pseudotuberculosis survival in vivo. he humoral
and cellular responses to this mutant were assessed and were found to
be less severe than those induced by wild type strains. When animals
vaccinated with Toxminus were challenged with a wild type strain
(107 CFU), the number of granulomas and their extension were much
smaller when compared with control animals. hus, the Toxminus
strain that encodes a genetically modiied PLD is non-toxic and confers
immunoprotection [36].
Some studies have used a combination of bacterins and toxoids. A
product composed of killed C. pseudotuberculosis and PLD inactivated
by formaldehyde was tested in ield trials, and the serological results
demonstrated the presence of antibodies against PLD as well as
against cellular antigens of C. pseudotuberculosis. A progressive
signiicant increase in humoral response was observed in the eighth
week, but antibody titers decreased by the thirty-second week. Ater
the challenge, the number of granulomas was signiicantly lower in
vaccinated animals compared to controls, supporting the use of a
vaccine combining exotoxin with somatic antigens. However, the
immune protection was still not adequate [91].
In further studies, the Toxminus group developed a new mutant,
Toxminus with an additional gene encoding an inactive form of
PLD. his inactive form was obtained by substituting a histidine for
a tyrosine at the active site of the enzyme. Animals orally vaccinated
with this mutant were 100% protected against a wild type strain. hese
results conirmed the importance of PLD as a protective antigen and
demonstrated both the potential for developing an oral CLA vaccine
and C. pseudotuberculosis Toxminus as a live vaccine vector [98].
Subunit vaccine models have also been developed in an attempt to
improve the speciic immunological response and promote greater rates
of protection. he CP40 antigen protein from C. pseudotuberculosis was
identiied by a strategy that employs locally derived antibody-secreting
cells (ASCs). ASC probes generated by culture of ASCs obtained
from lymph nodes draining at the site of infection showed speciicity
for CP40. Sheep vaccinated twice with 100 µg per dose of CP40 in
aluminum hydroxide adjuvant were protected against infection with
C. pseudotuberculosis, with an 82% reduction in the number of infected
sheep and a 98% reduction in lung lesions, suggesting that the 40-kDa
antigen plays a major role in immunity to CLA [38]. Another study used
an antigen of the C. pseudotuberculosis cell wall with muramyl dipeptide
as an adjuvant and observed a reduction in CLA pyogranulomas [92].
C. pseudotuberculosis heat-shock protein (Hsp60) has also been tested
as a vaccine candidate against CLA. he immunization of BALB/c
mice with recombinant Hsp60 (rHsp60) that was expressed in E. coli
and puriied induced a signiicant anti-Hsp60 IgG response, with
greater production of IgG1 rather than IgG2a. Cell-mediated immune
responses induced by immunization were characterized by an elevated
production of IFN-γ and IL-10, while IL-4 concentrations were not
signiicantly increased. However, the subcutaneous administration
of rHsp60 did not induce efective protection against intraperitoneal
infection with C. pseudotuberculosis [93]. Other studies have identiied
immunodominant antigens by immunoblotting using the secreted/
excreted proteins of C. pseudotuberculosis with immune sera from
infected goats and sheep [50,94,95], but these antigens have not yet
been investigated in the context of vaccines.
Experiments with live attenuated bacterial strains as vaccine
models have also been performed, but the same pattern of results
have been observed: evident humoral induction, varied degrees
of immune protection and reduction only in the number of CLA
lesions [90,96,97]. To improve the results of vaccine models based
J Clin Cell Immunol
Another mutant strain of C. pseudotuberculosis, designated aroQ,
was constructed by allelic exchange [63] and tested in sheep models
for its ability to act as a vaccine against a homologous challenge. he
results demonstrated that aroQ mutants failed to elicit detectable
speciic IFN-γ-secreting lymphocytes and induced only low levels
of antibodies against C. pseudotuberculosis culture supernatant
antigens. Subcutaneous vaccination with aroQ did not protect sheep
from infection with the wild-type strain, but the clinical severity of
disease resulting from challenge did appear to be lower. Attempts to
improve the Toxminus strain have been made by replacing a histidine
residue at position 20 in the active site of PLD with a serine residue.
In vaccination trials, all the immunized sheep showed evidence of low
antibody titers to PLD; however, ater the challenge, the titers increased
signiicantly, indicating that animals had been sensitized by the vaccine.
Nevertheless, the protection rate of the immunized animals was only
44% [65].
Recombinant DNA vaccine strategies have been pursued further.
A model containing a DNA sequence for a genetically attenuated PLD
and a model for the sequence that encodes the protein CTLA-4 were
constructed. he goal of this study was to direct the toxin to the antigenpresenting cells (APCs) because CTLA-4 binds to B7-1 (CD80) or B7-2
(CD86) on APCs. Sheep vaccinated with the DNA vaccine for PLD
protected sheep against infection, and this protection was even more
pronounced in animals vaccinated with DNA for PLD associated with
CTLA-4. he immune protection rates conferred by these vaccines in
sheep were 56% and 70%, respectively [66]. he same DNA vaccine
was tested for diferent routes of administration. In sheep, the vaccine
was administered intramuscularly and subcutaneously. he route of
administration signiicantly inluenced the efectiveness of the vaccine,
and the intramuscular route was the most eicient for this vaccine
[67]. hese studies opened new possibilities for improvement and
innovation in veterinary immunoprophylaxis for CLA.
In a recent study, sheep were immunized with a recombinant
derivative of PLD, a formalin-killed bacterin, and a bacterin
supplemented with recombinant PLD. Following homologous
Vaccine Development and
Immune Response
ISSN:2155-9899 JCCI, an open access journal
Citation: Bastos BL, Dias Portela RW, Dorella FA, Ribeiro D, Seyffert N, et al. (2012) Corynebacterium pseudotuberculosis: Immunological Responses
in Animal Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/2155-9899.S4-005
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experimental challenge, the PLD and bacterin vaccines conferred
statistically signiicant protection against infection and appeared to
restrict the dissemination of bacteria beyond the inoculation site in
the majority of animals. he most interesting observation was that
the combined vaccine provided absolute protection against infection,
whereby challenge bacteria were eradicated from all the vaccinated
sheep. In this experiment, in addition to the experimental vaccines,
a commercially available CLA vaccine that is not licensed for use in
the European Union was assessed in a heterologous challenge. he
vaccine conferred signiicant protection, although the dissemination of
infection beyond the inoculation site was not restricted as it was with
the previous vaccines. he authors of this study highlighted the fact
that if a single commercial vaccine is chosen, it must have the capacity
to protect against infection by a variety of diferent isolates, irrespective
of their geographical origin; this must be considered when developing
and proposing any vaccine model [99].
Commercial vaccines are available in various regions of the world.
For example, Fort Dodge Animal Health (now Pizer, www.pizer.com.
br) produces a vaccine called Biodectin™ that is marketed in many
countries. he combined vaccines of the Glanvac™ series, which are
also marketed by Pizer, are available in Australia. Caseous D - T™ and
Case - Bac™ are produced in the United States by the Colorado Serum
Company (www.colorado-serum.com). A live attenuated strain of C.
pseudotuberculosis (strain 1002) was licensed in the year 2000 for use
as a vaccine in Brazil and was developed by the Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola (www.ebda.ba.gov.br) in collaboration with
the Health Sciences Institute of the Federal University of Bahia, Brazil.
Another attenuated live vaccine, LinfoVac (Laboratórios Vencofarma
do Brasil Ltda; www.vencofarma.com.br), which is licensed for use in
sheep and goats, is also currently available in Brazil. Despite the fact
that these vaccines have been commercially available for a long time,
CLA remains prevalent.
here have been great advances in understanding the immune
response against C. pseudotuberculosis, but improvements are still
needed to develop a vaccine model for sheep and goats that promotes
100% protection. he partial protection provided by the immunization
of goats and sheep with commercial vaccines may be associated
with the type of immune response elicited. Protection against C.
pseudotuberculosis is mainly dependent on an immune response that
involves INF-γ production and cytotoxic T cells. A humoral response
alone is insuicient to protect the animal, and a good cellular response
is not achieved with inactivated vaccines.
Once CLA is a long-term chronic disease, the success of a
vaccination program can to be attributed to the correct use of vaccines
and good practices of animal management. hese measures would
allow younger animals that are already vaccinated to replace the older
infected ones, thus eradicating the disease in the lock. In other words,
vaccines should only be a part, though an essential part, of CLA control
programs.
Serological Diagnosis of CLA
Currently, CLA diagnosis in small ruminants is based on
characteristic clinical symptoms and the microbiological identiication
of C. pseudotuberculosis in material collected from abscesses. However,
eicient control requires a serological diagnosis because infected
animals that have no apparent symptoms are a source of infection for
healthy animals [100]. To date, the isolation and identiication of C.
pseudotuberculosis by microbiological culture and biochemical testing
J Clin Cell Immunol
are still the most reliable methods of CLA diagnosis [101]. However, the
puncture of the abscess for the removal of purulent material for culture
infects the animal skin and the environment, representing a high risk
for pathogen transmission within a herd. As such, the development of
less invasive immunodiagnostic tests based on the detection of speciic
antibodies to C. pseudotuberculosis in the serum of animals has been
widely promoted throughout the world [6].
Several diagnostic methods have been proposed for the diagnosis
of CLA, including indirect hemagglutination [102], complement
ixation [100], immunodifusion [103], the synergistic inhibition of
hemolysis [35] and PCR [104]. Numerous serological tests have been
developed to detect antibodies against C. pseudotuberculosis in small
ruminants [105]. ELISAs have been frequently used to control CLA in
locks around the world, as they detect subclinical infections in a highly
speciic manner [106-109]. However, no test has been found to be
satisfactory alone [88]. Various antigen preparations have been assayed
in ELISAs, including bacterial culture supernatants [108], cell wall
antigens [7], PLD [106] and recombinant exotoxins [107]. Typically,
the tests work well for goats, but they have reduced sensitivity in sheep,
especially in sheep with subclinical infection or that only have internal
abscesses. Most of these ELISAs are still not commercially available,
and those that are have a relatively high cost [7,105,106].
As C. pseudotuberculosis is a facultative intracellular pathogen,
cell-mediated immunity is an important component of the protective
immune response [50]. hus, a whole-blood IFN-γ assay is a promising
detection tool for CLA in small ruminant locks [75, 107, 110]. his
method has been optimized, and its ability to correctly detect infected
animals has been compared to ELISAs. Indeed, the IFN-γ test accurately
detected C. pseudotuberculosis experimentally infected goats over a 363
day period with a reliability of 89.2% and in non-infected goats with a
reliability of 97.1%, while a recombinant PLD-based ELISA detected
C. pseudotuberculosis in experimentally infected goats over the same
period with a reliability of 81.0% and in non-infected goats with a
reliability of 97.0% [107]. A recent study developed an assay for the
in vitro quantiication of IFN-γ that is secreted in the supernatant of
antigen-stimulated cells and concentrated. he samples are simple
and fast to prepare, and the test is inexpensive and convenient for
IFN-γ quantiication. Although it is promising, the sensitivity of
this method needs improvement, including eforts to improve the
blood-cell culture conditions, antigen extraction procedures and
stimulation protocols [75]. Sensitivity and speciicity are important
factors that should be considered when selecting a diagnostic assay(s)
for a screening program. A test with a lower speciicity can lead to
false positives, whereas reduced sensitivity can lead to false-negative
results. An alternative approach to the diagnosis of CLA might be the
combined assessment of the in vitro cellular immune response to C.
pseudotuberculosis antigens combined with ELISAs, which would fully
evaluate the humoral response.
Zoonotic Potential of C. pseudotuberculosis
Sheep and goats are the most common animals infected within the
broad spectrum of hosts in which C. pseudotuberculosis causes clinical
disease. However, C. pseudotuberculosis is considered an emergent
public health problem. his bacterium can produce diphtheria toxin as
a consequence of lysogenization with a diphtheria phage. his has been
clearly demonstrated in vitro [111] and has led authorities from many
countries to urge their health services to be aware of diseases caused
by all the diphtheria toxin-producing species of Corynebacterium,
including C. pseudotuberculosis and C. ulcerans, in the diferential
Vaccine Development and
Immune Response
ISSN:2155-9899 JCCI, an open access journal
Citation: Bastos BL, Dias Portela RW, Dorella FA, Ribeiro D, Seyffert N, et al. (2012) Corynebacterium pseudotuberculosis: Immunological Responses
in Animal Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/2155-9899.S4-005
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diagnosis of diphtheria. For many years, the identiication of any
toxigenic C. pseudotuberculosis required notiication to communicable
disease control agencies [112]. Recently, a case of toxigenic C.
pseudotuberculosis was reported. his is the only report in the literature
of the isolation of toxigenic C. pseudotuberculosis from a human, and
this isolation occurred in the UK. he organism was isolated from the
aortic root vegetation of an intravenous drug user with endocarditis;
this patient had no history of animal contact, and no possible source
of infection was identiied [113]. In addition to the production of
diphtheria toxin by lysogenic C. pseudotuberculosis, common strains
can infect humans and cause suppurative lymphadenopathy; these
events are traditionally associated with farm animal contact and
contaminated dairy products. Pathologically, the infected lymph
node tissue is replaced by necrotizing granulomas, while the general
histological appearance resembles tuberculous lymphadenitis, catscratch disease and lymphogranuloma venereum, which must be
considered in the diferential diagnosis. A summary of the human cases
of infection is presented in Table 2, including the country of origin of
the report, the sex and age of the patients, the source of exposure to the
pathogen (professional or occasional), the main clinical presentations
of the disease and treatment.
he irst human case was described in 1966; a 37-year old man
from Panama that worked as a grass cutter developed an inguinal
lymphadenopathy. Initially, the clinical presentation was thought to
be a lymphogranuloma venereum, and the patient was treated with
tetracycline for a period of 3 weeks. he lymph node was excised
and presented a characteristic histological appearance of the CLA
pyogranulomas that normally occur in sheep and goats. he bacterial
strain was isolated and was found to produce acid from glucose,
fructose, galactose, sucrose, mannose, maltose, dextrin and xylose, as
well as from hydrogen sulide, but it did not reduce nitrate to nitrite
and was negative for the urease reaction [114]. Since that time, 32 new
clinical cases have been reported, and the 19 human cases reported
from Australia is higher than that from all other countries, with
reports varying between 1 and 3 cases per country. A proile including
the age, sex and source of exposure for the patients infected with C.
pseudotuberculosis found in the reviewed literature is presented in
Figure 1. Of the 33 human cases, most cases presented as axillary or
epitroclear lymphadenopathy, and the main group of infected patients
was men aged 21 to 40 years old that were exposed to farm animals,
mostly sheep, at work. hese data strongly indicate that human
infection by C. pseudotuberculosis constitutes a bona ide zoonosis.
In most cases, lymphadenopathy has a prolonged course, and the
formation of relapsing abscesses is frequent. Treatment with antibiotics
is prolonged, normally lasting for more than two weeks, and typically
comprises administration of intracellularly active antibiotics, such as
tetracycline and macrolides. Although antibiotic therapy alone has
been successful in a few cases, C. pseudotuberculosis is a facultative
intracellular pathogen, and it is very diicult for antibiotics to reach
the bacteria inside the pyogranuloma macrophages. hus, surgical
interventions including drainage or excision were oten required
to clear the purulent content of the thick collagen capsule. he
combination of antimicrobial therapy with excision and drainage is the
most successful course of treatment.
It should be noted that two speciic cases of human infection due to
C. pseudotuberculosis have involved clinical presentations other than the
characteristic lymphadenopathy. In the irst case, a veterinary student
who worked with equines was infected by C. pseudotuberculosis and
J Clin Cell Immunol
presented with an eosinophilic pneumonia [115]. In the second case, a
63-year old man presented an ocular infection by C. pseudotuberculosis,
involving a scleral buckle ater retinal reattachment intervention; this
case may be the irst human ocular C. pseudotuberculosis infection
[116].
he prevalence of the human disease caused by C. pseudotuberculosis
is likely underestimated, as only 33 cases have been reported over
a period of 42 years (from 1966 to 2008). In addition to this low
prevalence, some cases of human exposure to C. pseudotuberculosis
that are found in the literature were written in Russian, making them
diicult to utilize. In one report, a microbiological study of 69 Russian
patients with allergic annual rhinitis (AAR) and infectious rhinitis (IR)
was performed and demonstrated that among the species isolated in
IR, C. pseudotuberculosis was the predominant species associated with
Streptococci [117]. In another study from Russia, the bacteriologic
examination of 1589 patients showed that, aside from C. diphtheriae,
11% of acute upper respiratory tract infections were caused by
Corynebacterium species. he disease processes varied signiicantly,
presenting as bronchitis, pyelonephritis, urethritis, colpitis, dermatitis
and arthritis. Although C. pseudodiphtheriticum and C. xerosis were
isolated more frequently from clinical specimens, C. diphtheriae and
C. pseudotuberculosis were identiied as the most virulent species.
Corynebacterium species (but not C. diphtheriae) were frequently
isolated from clinical specimens with Staphylococci and Streptococci,
and in those cases, pathogenicity and resistance to antibiotics were
more pronounced; the strains isolated with other bacteria were resistant
to tetracycline, penicillin, and erythromycin [118], which are the most
common active antibiotics used for the treatment of intracellular
bacteria. hese two Russian studies provide evidence demonstrating
that C. pseudotuberculosis is a much more widespread pathogen
than suggested by the 33 published cases. Additionally, because the
published human cases involved zoonotic transmission due to work
with farm animals, the proper training and education of these workers
is needed.
Future Directions
he two virulence determinants of C. pseudotuberculosis, the toxic
lipid cell wall and the exotoxin PLD, have proved to be highly associated
with dissemination in tissues and development of granulomatous
lesions, respectively. However, knowledge of the molecular mechanisms
and genetic basis of virulence of C. pseudotuberculosis is central to
understanding the host-pathogen associations.
Because C. pseudotuberculosis is an intracellular pathogen, its
immunopathogenesis is characterized by pyogranulomas; biologically,
this represents a form of containment in the host’s tissues. Data suggest
that antibodies might help to protect animals against infection, but
full protection by any vaccine model must provide better stimulation
of cellular immunity, such as the activation of CD8+ cells and the
secretion of IFN-γ, to control the bacteria in an early phase of the
infection process. hus, the molecular mechanisms of infection by C.
pseudotuberculosis need to be more thoroughly understood so that
speciic stimulation of cellular immune responses can be accomplished
through immunization. A promising area of research is the acute
phase response of the infection, as innate immunity is responsible for
the early events in the control the bacterial spread; vaccines could be
improved to better stimulate innate immunity.
For the diagnosis of C. pseudotuberculosis infection, ELISA
and IFN-γ quantiication are promising techniques that provide
Vaccine Development and
Immune Response
ISSN:2155-9899 JCCI, an open access journal
Citation: Bastos BL, Dias Portela RW, Dorella FA, Ribeiro D, Seyffert N, et al. (2012) Corynebacterium pseudotuberculosis: Immunological Responses
in Animal Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/2155-9899.S4-005
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Case
nº
Year
Reference
Country of
origin
Sex, age of
patients
Occupation
/ Source of
exposition
Main clinical presentation
Treatment
1
1966
[114]
Panama
M, 37
Grass cutter
Inguinal lymphadenopathy
EX and TET
2
1967
[134]
Australia
M, 28
Manager of a sheep
and cattle farm
Lymphadenopathy in the inguinal, leg and
thigh lymph nodes
EX, DR and PEN
3
1968
[135]
Australia
M, 24
Sheep shearer
Asymptomatic axillary lymphadenopathy
EX, PEN and TET
4
1968
[136]
Australia
M, 23
Butcher
Axillary lymphadenopathy
EX and TET
5
1974
[137]
Australia
M, 20
Sheep rancher
Axillary lymphadenopathy
EX and DR
6
1974
[137]
Australia
M, 40
Rural worker
Inguinal lymphadenopathy
EX and ERY
Asymptomatic cervical lymphadenopathy
EX
Axillary lymphadenopathy
EX and CLO
7
1974
[137]
Australia
F, 50
Housewife of rural
worker
8
1979
[138]
Australia
M, 21
Abbatoir worker
9
1979
[115]
USA
M, 28
Veterinary student
Eosinophilic pneumonia
ERY
10
1980
[139]
France
M, 27
Shepherd
Axillary lymphadenopathy
EX, TET and CHL
11
1981
[140]
USA
M, 30
Raw milk ingestion
Cervical lymphadenopathy
EX, DR, PEN and ERY
Epitrochlear and axillary lymphadenopathy
EX, DR, PEN, FLU, TET and
ERY
12
1985
[141]
Australia
M, 18
Butcher
13
1985
[10]
Australia
M, 41
Farm worker
Axillary lymphadenopathy
EX
14
1985
[10]
Australia
F, 29
Farm worker
Inguinal lymphadenopathy
EX, PEN and FLU
15
1986
[142]
New Zeland
M, 29
Sheep rancher
Asymptomatic inguinal lymphadenopathy
EX, PEN, CLO, FLU and ERY
16
1986
[10]
Australia
M, 29
Meat inspector
Axillary lymphadenopathy
EX and DR
17
1988
[10]
Australia
M, 22
Butcher
Axillary lymphadenopathy
EX and ERY
18
1988
[10]
Australia
M, 20
Slaughterman
Axillary lymphadenopathy
EX, DR and ERY
19
1988
[10]
Australia
F, 53
Unknown exposure
Supraclavicular lymphadenopathy
EX
20
1989
[10]
Australia
M, 40
Abbatoir worker
Epitrochlear and axillary lymphadenopathy
EX and ERY
21
1991
[143]
Belgium
NF
NF
Axillary lymphadenopathy
NF
22
1992
[10]
Australia
M, 27
Worker of a sheep
saleyard
Axillary lymphadenopathy
EX, FLU and AMOX-CLAV
23
1992
[10]
Australia
M, 26
Abbatoir worker
Axillary lymphadenopathy
EX and PEN
24
1992
[10]
Australia
M, 40
Contact with sheep
Axillary lymphadenopathy
EX, ERY and FLU
25
1995
[144]
Spain
M, 34
Shepherd
Inguinal lymphadenopathy
EX and ERY
26
1997
[145]
Switzerland
M, 30
Sheep rancher and
butcher (Turkey)
Epitrochlear and axillary lymphadenopathy
EX and CLA
27
1997
[146]
Australia
M, 17
Contact with farm
animals
Suppurative lymphadenopathy
NF
28
1997
[147]
New Zeland
M, 22
Shepherd
Axillary lymphadenopathy
EX, DR and ATB
29
2004
[148]
Spain
F, 33
History of contact
with a white rat
Cervical lymphadenopathy
AMOX-CLAC
30
2004
[149]
France
F, 63
Living in a rural area
Axillary lymphadenopathy
EX, DR, CLO, GEN, CIP and PRI
31
2005
[117]
China
M, 63
Contact only with
a dog maintained
as pet
Ocular infection and mucopurulent
discharge
AMP, CLO, PEN and VAN
32
2006
[150]
France
F, 12
Contact with sheep
during vacation in a
rural area
Asymptomatic lymphadenopathy
EX, DR, IMI-CIL, RIF and OFL
33
2008
[113]
United Kingdon
NF
Injecting drug user,
unknown exposure
Endocarditis
NR
Legend: EX = excision of the lymph node; DR = drainage of the lymph node content; ATB = antibiotics; TET = tetracycline; PEN = penicillin; CLO = cloxacillin; FLU =
lucloxacillin; ERY = erythromycin; CHL = chloramphenicol; AMOX-CLAV = amoxicillin; CLA = clarithromycin; GEN = gentamicin; CIP = ciproloxacin; PRI = pristinamycin;
AMP = ampicillin; VAN = vancomycin; IMI-CIL = imipenem-cilastatin; RIF = rifampin; OFL = oloxacin; NR = not reported; NF = not found.
Table 2: Summary of data from 33 previously published cases of human infection by Corynebacterium pseudotuberculosis.
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Vaccine Development and
Immune Response
ISSN:2155-9899 JCCI, an open access journal
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in Animal Models and Zoonotic Potential. J Clin Cell Immunol S4:005. doi:10.4172/2155-9899.S4-005
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Figure 1: Proile of patients infected with C. pseudotuberculosis in 33 reviewed literature cases, according to sex, age and exposition to the pathogen.
high levels of reliability. With some improvement, a great variety of
tests will be available to lock owners and veterinarians. However,
these methodologies require a minimal laboratory structure for
implementation, including microplate readers and well-trained
professionals. hese requirements would not allow these tests to be
applied in ield situations during the routine care of small ruminant
locks or in the inspection of slaughterhouses. hus, scientists are also
encouraged to develop simpler technologies that could be used in ield
conditions, such as a rapid immune-chromatographic test.
Because of the zoonotic potential of C. pseudotuberculosis, studies
should be performed to characterize the presence of the bacteria in
carcasses and the rates of condemnation due to C. pseudotuberculosis.
Further, the risks to consumers who come into contact with or ingest
contaminated meat or milk need to be quantiied.
Acknowledgments
The authors are grateful for the inancial support from CAPES, CNPq,
FAPEMIG, FAPEX, FUNDECE and RENORBIO. R Meyer, S C Oliveira, A Miyoshi
and V Azevedo are research fellows of CNPq. BL Bastos and D Ribeiro are Ph.D.
students with scholarships from CNPq and CAPES, respectively.
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Vaccine Development and
Immune Response
ISSN:2155-9899 JCCI, an open access journal
ANEXO II
Volume No: 6, Issue: 7, e201303013, http://dx.doi.org/10.5936/csbj.201303013
CSBJ
Progression of 'OMICS' methodologies for understanding the
pathogenicity of Corynebacterium pseudotuberculosis: the Brazilian
experience
Fernanda A. Dorella a, Alfonso Gala-Garcia a, Anne C. Pinto a, Boutros Sarrouh a, Camila A. Antunes a, Dayana Ribeiro a, Flavia F. Aburjaile a,
Karina K. Fiaux a, Luis C. Guimarães a, Núbia Seyffert a, Rachid A. El-Aouar a, Renata Silva a, Syed S. Hassan a, Thiago L. P. Castro a, Wanderson
S. Marques a, Rommel Ramos b, Adriana Carneiro b, Pablo de Sá b, Anderson Miyoshi a, Vasco Azevedo a,*, Artur Silva b,*
Abstract: Since the first successful attempt at sequencing the Corynebacterium pseudotuberculosis genome, large amounts of
genomic, transcriptomic and proteomic data have been generated. C. pseudotuberculosis is an interesting bacterium due to its great
zoonotic potential and because it causes considerable economic losses worldwide. Furthermore, different strains of C.
pseudotuberculosis are capable of causing various diseases in different hosts. Currently, we seek information about the phylogenetic
relationships between different strains of C. pseudotuberculosis isolates from different hosts across the world and to employ these
data to develop tools to diagnose and eradicate the diseases these strains cause. In this review, we present the latest findings on C.
pseudotuberculosis that have been obtained with the most advanced techniques for sequencing and genomic organization. We also
discuss the development of in silico tools for processing these data to prompt a better understanding of this pathogen.
Background
Corynebacterium pseudotuberculosis is a Gram-positive
facultative intracellular pathogen that belongs to the class
Actinobacteria. This pathogen is aerobic, has mycolic acid in its cell
wall, displays pleomorphic forms, does not sporulate or encapsulate, is
non-motile and possesses fimbriae. C. pseudotuberculosis has great
infectious potential and implications for zoonotic transmission, as it
affects goats, sheep, horses, buffaloes, camels, cattle and primates,
causing different symptoms. Furthermore, it has already been reported
as the causative agent of more than 33 cases of infection in humans.
C. pseudotuberculosis presents two biovars, ovis (nitrate negative
reduction) and equi (nitrate positive reduction); the former biovar is
mainly associated with the globally-distributed disease Caseous
Lymph Adenitis (CLA), which affects the lymph nodes and visceral
organs of goats and sheep and causes economic losses by
compromising the skin, weight, milk and meat production of the
animals as well as causing death and compromising the carcass.
Although many vaccines exist, they are mainly intended for use in
sheep and goats and provide variable levels of protection [1, 2, 3].
C. pseudotuberculosis has interesting survival mechanisms and is
able to utilize different strategies to adapt to its environment. Once it
is successfully established within a host and able to replicate inside
phagocytic cells, this pathogen will evade the immune system with
apparent ease. As a result, chronic infections may last for most, if not
all, of an animal’s life [3]. In the present review, we report the latest
1
aLaboratório
de Genética Celular e Molecular, Instituto de Ciências
Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Brazil
bInstituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Belém-PA,
Brazil
* Corresponding author.
E-mail address: [email protected] (or) [email protected]
information regarding the genomic, proteomic and transcriptomic
features of this interesting microorganism, and we attempt to correlate
such information with its virulence and pathogenicity.
Genomics
The first attempt to identify the genomic sequence of C.
pseudotuberculosis was performed by Dorella and collaborators [4],
in which genomic libraries of the 1002 strain of this species were
constructed using a bacterial artificial chromosome (BAC) vector.
This high-quality genomic library, containing approximately 1,800
clones, harbored inserts ranging from 24.5-121 kbp. Partial
characterization of this library through a BAC end-sequencing
strategy, namely the identification of genome survey sequences (GSS),
generated 215 GSS at relatively low cost; these were deposited on the
NCBI website. Using these sequences for in silico analysis, it was
possible to identify putative genes involved in virulence based on their
similarity to other deposited sequences and generate a catalog of
genes, such as the putative siderophore-binding protein (GSS number
BH740428) that increased our biological knowledge of the
microorganism. The high quality, low redundancy and absence of
contaminants in the library, together with the large number of clones
it contained, permitted this library to serve as a physical map for the
characterization of the C. pseudotuberculosis genome. Moreover,
library characterization also allowed for confirmation of the close
phylogenetic relationship between C. pseudotuberculosis and C.
diphtheriae, C. glutamicum, C. efficiens and C. jeikeium [4]. Based on
this initiative, a project to sequence the first entire genome of C.
pseudotuberculosis 1002 strain was started by the Rede Genoma de
Minas Gerais (RGMG-Brazil) in 2006 and concluded in 2009. This
genome was sequenced using the Sanger di-deoxy method and has
now been assembled, annotated and deposited in the NCBI database
under accession number CP001809.
Genomes and proteomes of C. pseudotuberculosis
2
The C. pseudotuberculosis genome project has expanded its
boundaries and today the network includes the Rede Paraense de
Genômica e Proteômica, which has worked with all of the versions of
SOLiDTM (Life Technologies) since v.2 and now employs the most
advanced next-generation sequencing (NGS) platforms: the SOLiD TM
5500 series (Life Technologies) and Ion Torrent PGM (Life
Technologies). These NGS platforms can sequence more than one
bacterial genome per day, thus demonstrating the feasibility of
sequencing C. pseudotuberculosis strains. This important partnership
has also contributed computational resources to process the huge
amount of data generated by these new DNA-sequencing
technologies.
To date, fifteen strains of C. pseudotuberculosis have been
sequenced (Table 1), employing all of the presently available
technologies. Based on the data obtained by sequencing, the average
G+C content of all 15 strains is 52.2%; each genome has an average
of approximately 2,195 genes, and total genome sizes range from 2.28
to 2.34 Mb. The sequencing of several strains of C.
pseudotuberculosis is paving the way for further studies. In 2011,
Barh and colleagues compared four genomes of C. pseudotuberculosis
(strains FRC41, 1002, C231 and I19) with eight other sequenced
genomes of pathogens belonging to a group that includes genera such
Corynebacterium, Mycobacterium, Nocardia and Rhodococcus,
Volume No: 6, Issue: 7, e201303013
which are commonly found in humans, goats, sheep, cattle and horses
[5]. As a result of this comparative genomic analysis, potential
molecular targets were identified for the production of drugs and
vaccines.
The study of the diversity among strains promotes our
understanding of gene rearrangement, genomic plasticity as loss and
gains and inversions in the genome. In addition, this research provides
valuable
information
regarding
molecular
epidemiology,
microevolution, lineage-specific genes and common genes among the
isolates [6], contributing to the development of new therapies that are
more effective for the control of caseous lymphadenitis (CLA).
Of the fifteen genomes deposited at NCBI, nine belong to the
biovar ovis, and six belong to the biovar equi (Table 1). While the
ovis strains have almost no genetic differences, the grouping of the
equi strains appears to be asymmetric in relation to biovar ovis.
Therefore, it is important to detect the differences between ovis and
equi to develop a common vaccine or diagnostic tool for all of them.
Typically, vaccines against C. pseudotuberculosis infection designed
for sheep do not have equal efficacy in goats, although both species
are usually infected by bacteria belonging to the biovar ovis. Thus, the
vaccines developed for C. pseudotuberculosis biovar ovis may not
have the same efficacy in hosts infected with biovar equi, which
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Genomes and proteomes of C. pseudotuberculosis
further complicates treatment of C. pseudotuberculosis by different
animal breeders [1].
Interestingly, no major differences between the structural
characteristics of biovars equi and ovis have been observed, such as the
numbers of CDS, genes or proteins, which are very similar between
strains of both biovars (Table 1). The differential pathogenicities of
the biovars might be due to the presence of genes that are strainspecific, as each pathogen appears to preferentially infect particular
hosts, therefore causing different disease symptoms. Thus, specific
genes and other unknown process may underlie host preference and
determine the different symptoms of the infection process [1].
Features that are common among all of the strains are GC content
and the number of ribosomal clusters. GC content is related to
different intrinsic or extrinsic factors, and a high GC content suggests
that the genetic material has greater stability, providing a more robust
genome that suffers less from the influence of environmental
variations [7].
With regard to the number of rDNA operons, all strains present
four copies, and each ribosome consists of one 5S, one 16S and one
23S. This fact may possibly be related to the slower replication of C.
pseudotuberculosis compared to Escherichia coli, which has seven
copies of the rDNA operon, or C. glutamicum, which has six copies,
considering that ribosomal operons can perform diverse functions
related to the control of protein synthesis [8].
A rapid increase in the number of complete genomes over the past
few decades in the form of large molecular datasets in public
databases has provoked researchers to develop numerous
computational tools and public or proprietary databases. These
holistic approaches have facilitated the rapid study and understanding
of the innumerable biological functions that are encoded by genomic
DNA. The barrier to unraveling prokaryotic genomes has been
eliminated using the next generation of high-throughput sequencing
technologies, such as SOLiD, GS FLX, Ion Torrent PGM and
Illumina, which have prominent advantages over Sanger sequencing.
However, although these technologies significantly reduce the cost
and time for genome sequencing, they still pose challenges for various
aspects of data processing and analysis, such as the assembly of short
reads [9]. A number of user-friendly interfaces and stand-alone
computational tools have been developed to evaluate the genomic and
transcriptomic data obtained from these high-throughput platforms.
Presently, bioinformaticians have developed and are further
revising some useful tools and software packages using different
algorithms and in-house scripts. A brief description and application of
each software program for the data analysis of C. pseudotuberculosis
and/or taxonomically related organisms is presented below.
3
1- Pathogenicity Island-Prediction Software (PIPS):
This software is designed to predict the pathogenicity islands
(PAIs) in bacterial genomes, utilizing multiple features in an
integrative manner. PAIs are large genomic regions acquired through
horizontal gene transfer, which have in common the following:
deviations in G+C content and codon usage, the presence of
transposase and virulence factors, flanking insertion sequences and/or
tRNA genes and their absence in non-pathogenic organisms of the
same genus or related species. PIPS uses these multiple features to
detect PAIs. For validation purposes, PIPS was utilized with model
organisms of the genera Corynebacterium and Escherichia, and the
results showed that PIPS provided better accuracy (85-88%) and
superior efficiency compared with the other available software tools.
Volume No: 6, Issue: 7, e201303013
This software is easy to install on a personal computer and provides a
user-friendly interface for students and researchers [10].
2- Quality Assessment Software (QA):
This software is used to analyze the quality of sequence reads
from next-generation platforms. The software removes the reads,
which present average quality below the Phred quality cutoffs. The
process of quality filtering reduces miss-assemblies and incorrect
mapping against the reference genome that are attributable to low
quality sequences from the raw data. The software helps to review
graphs that show the distribution of quality values from the
sequencing reads, including the average and the accumulated quality
for each base. Libraries of fragments from SOLiD sequencing of C.
pseudotuberculosis (Cp162) and Exiguobacterium antarcticum (B7)
were used as sample data to test the software. QA is a Java-based
program that is available at http://qualevaluato.sourceforge.net [11].
A new version of this software, called Quality Assessment Long Reads
[12], was developed to apply the Phred quality filter over Ion Torrent
PGM data due to the read length: ≈120 bp for the first release of the
platform and ≈400 bp with a recent protocol.
3- Singular Value Decomposition (SVD):
This is a very useful technique for information retrieval that helps
to uncover the relationships between elements that are not prima facie
related. In turn, this leads to the improved inference of evolutionary
relationships between amino acid sequences of different species. SVD
produces a revised distance matrix for a set of related elements and
provides results resembling the internationally accepted scientific gold
standard of Linnaean taxonomy. The SVD-based computations
establish non-obvious, relevant relationships among the clustered
elements, providing a deterministic method for grouping related
species. This approach was initially developed to reduce the time
needed for information retrieval and analysis of very large-scale
genome and proteome data sets in the complex Internet environment.
The results obtained by this technique are in close approximation
with results based on Linnaean taxonomy, which indicates that SVD
can indicate evolutionary relationships of species and construct better
quality clusters and phylogenetic trees [13].
The analysis of prokaryotic genomes can be further aided with
new algorithmic methods and tools and advancements in
bioinformatics and computational biology. These techniques will
provide more opportunities to study in detail the “OMICS” of
specific organisms. Unifying current and upcoming computational
resources to provide a global and integral picture of biology is
important and can be achieved by mutual cooperation among
researchers from distinct areas.
4- Core StImulon (CSI)
One methodology for performing RNA sequencing (RNA-seq)
analyses is the de novo approach, which is commonly used when
reference genomes are not available in biological databases. An
important feature of this method is that it identifies shared transcripts
among stimulons (i.e., the set of expressed genes under a given
condition), which can permit the selection of possible candidates for
vaccine studies through searches for the specific genes of an organism
in addition to permitting the identification of new transcripts that
have not been previously annotated. We sequenced the cDNA of
Corynebacterium pseudotuberculosis strain 1002 using the SOLiD
V3 system under the following conditions: osmotic stress (2 M),
acidity (low pH), heat shock (50°C) and a control condition. To
identify the transcripts that were shared among the stimulons and
integrate this information with the BLAST and BLAST2GO results,
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Genomes and proteomes of C. pseudotuberculosis
the software CoreStImulon (CSI) was developed, which allows genes
to be characterized in terms of their ontology [14].
5- FunSys
FunSys software, which is a stand-alone tool with a user-friendly
interface, was developed to evaluate and correlate the differential
expression profiles from RNA-seq and proteomics datasets. FunSys
produces charts and reports based on the results of the analysis of
differential expression (generated using other software) to aid in the
interpretation of the results [15].
Proteomics
4
Unlike genomic studies, proteomics evaluates the protein profile
of a cell, tissue or organism [16, 17]. Proteomic studies can provide
valuable information about changes in protein synthesis, posttranslational modifications and protein-protein interactions, thereby
increasing knowledge of physiological phenomena for a specific
condition and helping to establish a fundamental understanding of an
organism’s cellular physiology and virulence factors [16, 18]. The
global expression of bacterial proteins is required for growth, survival
or pathogenicity, and cataloguing these proteins in response to a
determined condition is a key step toward understanding the
physiology of these microorganisms [18, 19]. To identify virulence
factors and obtain further information about the biology of
pathogenic bacteria, studies have been performed using proteomics to
characterize whole cells, cytoplasmic and membrane proteomes and
the secretome/exoproteome of these pathogens [18].
The primary proteomic studies involving C. pseudotuberculosis
were intended to analyze the extracellular protein fraction. This
protein fraction is associated with the uptake of nutrients, cell-to-cell
communication, proteolysis, hemolysis, detoxification, escape from
the immune system and destruction of competing microorganisms in
their respective environments. However, during the process of
adaptation and survival in hostile environments, pathogenic bacteria
need to secrete different molecules for adhesion, invasion,
proliferation and survival in the host cell [20, 21]. Thus, the study of
extracellular proteins is a useful strategy to identify new virulence
factors and target immunogenics [22].
Initially, with the aim of identifying new targets for the
development of immunodiagnostics and vaccine targets to combat
CLA, various research groups conducted proteomic studies using onedimensional electrophoresis based on sodium dodecyl sulfate
polyacrylamide gel electrophoresis (SDS-PAGE) and immunoblotting
to characterize the whole cell fraction and extracellular proteins of C.
pseudotuberculosis. The bacteria in these studies were grown in
complex media containing exogenous proteins that would
contaminate extractions of extracellular proteins [23, 24]. Studies
showed that the use of chemically defined medium (CDM) is an
effective strategy to identify bacterial components for therapeutic
applications [25]. In this context, a CDM for C. pseudotuberculosis
growth in macromolecule-free conditions was developed [26]. The
evaluation of humoral and cellular immune responses of goats
experimentally infected with C. pseudotuberculosis showed that
interferon-γ (IFN- γ) detection using excreted-secreted antigen after
cultivation of this pathogen in CDM provided more specific results
compared with the use of whole cell sonicated antigen [27]. This
suggested that the bacterial growth in CMD and use of the secreted
protein fraction may be an interesting strategy for the study of
immunogenic proteins of C. pseudotuberculosis.
Volume No: 6, Issue: 7, e201303013
To optimize the process of obtaining the extracellular fraction,
Paule and colleagues [27] established an efficient protocol for
extracting the extracellular proteins of C. pseudotuberculosis based on
the three-phase partitioning (TPP) technique. After analyzing the
protein extract by SDS-PAGE and immunoblotting, it was possible to
detect proteins that were not detected in previous studies [28].
Notably, all of the results obtained by Paule and colleagues [28] only
indicated the molecular weights of the proteins or reactivity of the
proteins against the sera of infected animals without protein
characterization by mass spectrometry (MS).
The C. pseudotuberculosis genome project [29] generated
information about the pathogenicity and virulence of this
microorganism. From the genomic data, the in silico pan-exoproteome
of C. pseudotuberculosis has been deduced [30]. However, how these
gene products interact and what their functions are in physiological
processes must be elucidated. To respond to these questions and
validate gene annotations, proteomic approaches have been applied to
characterize the exoproteome of C. pseudotuberculosis.
Studies have demonstrated that comparative proteomics is a
powerful strategy to characterize bacterial proteomes, and thus it has
been adopted to characterize the proteomes of various pathogenic
bacteria [21, 31, 32]. A comparative proteomic study was conducted
using the "shotgun proteomics" approach to characterize the
exoproteome of two strains, Cp1002 and CpC231, of C.
pseudotuberculosis, both of which belong to the biovar ovis but were
isolated from different hosts (goat and sheep, respectively). This
study combined the techniques of TPP [27] and gel-free separation
using liquid chromatography coupled with mass spectrometry (LCMS), called TPP-LC/MSE [33]. The two strains were maintained on
BHI agar or in broth and in CDM to study proteome growth. The
results obtained from this work showed quantitative and qualitative
changes between the exoproteomes of both strains. Furthermore, this
strategy permitted the characterization of 93 extracellular proteins of
C. pseudotuberculosis that were associated with the physiology and
virulence of this pathogen [33]. The identified proteins that play a
role in virulence include phospholipase D (PLD), the main virulence
factor of C. pseudotuberculosis, which is associated with the spread of
bacteria within the host [34]; iron siderophore binding protein
(FagD), a component of an iron uptake system [35]; and serine
proteinase (CP40), which showed protective activity against infection
by C. pseudotuberculosis [36]. However, these proteins were
identified only in the extracellular proteome of CpC231, suggesting
that these proteins may not be secreted by Cp1002, which may
influence the pathogenesis of this strain [33].
Another approach that has been employed to analyze the
exoproteome of C. pseudotuberculosis is serological proteome analysis
(SERPA), which involves 2-DE immunoblotting and identification of
antigenic spots by an MS technique. This strategy has been applied to
several pathogenic bacterial species to identify virulence factors, target
the development of drugs and vaccines and conduct
immunodiagnostics [37, 38]. In this context, Seyffert et al. [39]
conducted a preliminary serological secretome analysis of C.
pseudotuberculosis and evaluated the exoproteome of strain 1002
ovis. The use of the SERPA approach enabled the characterization of
six immunoreactive proteins against the serum of animals infected
with C. pseudotuberculosis. These identified proteins represent
potential targets for developing vaccine targets and diagnostics to
combat CLA.
Currently, with advances in proteomic studies, new techniques
have been developed and applied for the study of several pathogens.
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Genomes and proteomes of C. pseudotuberculosis
Thus, the application of different proteomic approaches is a powerful
strategy to characterize the proteome of C. pseudotuberculosis and
broaden our knowledge of the physiology and pathogenesis of this
pathogen.
Transcriptomics
5
The mechanisms with which pathogenic microorganisms surpass
the hostile conditions found in a host are of great importance for
successful infection, and the genes related to such adaptations
constitute clear targets for the development of new diagnostics and
vaccines. The advent of RNA microarrays and high-throughput
RNA-seq technologies has allowed not only the comprehensive
assessment of differential gene expression in bacteria but also the
identification of genetic structures such as operons, transcriptional
start sites, non-coding regulatory RNAs and small RNAs [40].
Similar to M. tuberculosis, C. pseudotuberculosis infects and
persists inside macrophages, although it does not prevent fusion
between the phagosome and lysosome. Because this bacterium is
subjected to different stresses in the phagolysosome, Pinto and
colleagues [14] evaluated its transcriptome following in vitro exposure
to high osmolarity (sodium chloride at a final concentration of 2 M),
heat shock (50°C) or acidic pH (5.0) by performing RNA-seq with
SOLiD technology. When the sets of genes expressed only under each
stress condition, which together compose the core stimulon of C.
pseudotuberculosis, were examined, most of the targets identified were
related to oxidation and reduction events, while cell division and the
cell cycle were the second- and third-most upregulated processes,
respectively. According to the Gene Ontology database, some of the
genes in the core stimulon are directly involved in stress responses;
one example involves an encoder of a two-component system
response-regulator protein that is also linked to pathogenesis. Other
genes highlighted by the authors include dps (a gene involved in
resistance to oxidative stress) and a gene that encodes for one
component of the ABC-type iron-uptake system.
The assessment of global transcriptional profiles in bacteria
constitutes a key strategy for unveiling mechanisms that are important
for virulence and pathogenicity; thus, any efforts to increase the
feasibility of RNA-seq experiments are welcome when studying
pathogens such as C. pseudotuberculosis. Because large portions of
sequencing reads are mapped to ribosomal RNA genes, Castro and
colleagues [41] tested a new methodology, based on denaturing highperformance liquid chromatography, to deplete ribosomal transcripts
from bacterial total RNA samples using C. pseudotuberculosis
(biovar equi) as a model organism. With the elimination of 78% to
92% of rRNA, which are levels that resemble those obtained with a
conventional subtraction kit, this new method offers financial
advantages for researchers who have access to a chromatographic
system.
The elucidation of which gene products of C. pseudotuberculosis
are directly involved in survival and adaptation during infection has
yet to come. As global gene expression profiling will most likely
provide key knowledge for the development of effective prophylactic
measures in the future, researchers will certainly take a step ahead by
integrating information from both transcriptomic and proteomic
approaches.
experimental methods, algorithms and tools and advances in
bioinformatics and computational biology.
The main objective of these studies is to find clues that may be
useful in developing a vaccine and a diagnostic approach that is
effective for all hosts that suffer from C. pseudotuberculosis infection.
Another goal is to elucidate the physiology, pathogenicity and
virulence mechanisms of this bacterium.
In response to advances in molecular biology in the last few years,
much information regarding biological systems has been elucidated via
a variety of genome-sequencing projects. However, sequencing reveals
little about how the proteins of an organism operate individually or
together to perform their functions. The integration of both current
and upcoming resources to provide a global and integral biological
picture is important and can be achieved by mutual cooperation
between researchers from distinct areas.
Future of this field
Studies of prokaryotic genomes, transcriptomes and proteomes
have been considerably improved with the development of new
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Genomes and proteomes of C. pseudotuberculosis
6
Volume No: 6, Issue: 7, e201303013
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Genomes and proteomes of C. pseudotuberculosis
Keywords:
Corynebacterium pseudotuberculosis, SOLiD next generation sequencing,
Ion Torrent next generation sequencing, SDS-PAGE, mass spectrometry,
RNA-seq
Competing Interests:
The authors have declared that no competing interests exist.
© 2013 Dorella et al.
Licensee: Computational and Structural Biotechnology Journal.
This is an open-access article distributed under the terms of the Creative
Commons Attribution License, which permits unrestricted use,
distribution, and reproduction in any medium, provided the original
author and source are properly cited.
7
Volume No: 6, Issue: 7, e201303013
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ANEXO III
Gram-positive bacteria σECF factors: a focus on Bacillus subtilis and the CMNR group
Running title: Bacillus subtilis and CMNR group bacteria σECF factors
Bianca Mendes Souza1, Thiago Luiz de Paula Castro1, Rodrigo Dias de Oliveira
Carvalho1, Nubia Seyffert1, Artur Silva2, Anderson Miyoshi1, Vasco Azevedo1*
1
Laboratório de Genética Celular e Molecular, Instituto de Ciências Biológicas,
Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, MG, Brazil.
2
Laboratório de Polimorfismo de DNA, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento
de Genética, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brazil.
*Correspondence to: Vasco Azevedo; Email: [email protected]
Conflict-of-interest disclosure statement
There are no conflicts of interest.
Financial disclosure statement
The authors have no relevant financial interests or conflicts related to this manuscript.
Keywords: transcription regulation, sigma factor, ECF, stress response, Bacillus subtilis,
Corynebacterium, Mycobacterium.
1
Abbreviations and acronyms: σ, sigma factor; σECF, extracytoplasmic function sigma
factor; ABC transporter, ATP-binding cassette transporter; Ag85A, constituent A of the
antigen 85 complex; Ag85C, constituent C of the antigen 85 complex; ATP, adenosine
triphosphate; BHI, brain heart infusion; C, cytosine; CMNR, Corynebacterium,
Mycobacterium, Nocardia and Rhodococcus; C-terminal, carboxi-terminal; DNA,
deoxyribonucleic acid; EDTA, ethylenediaminetetraacetic acid; Enoyl-ACP, enoyl-acyl
carrier protein; FBS, fetal bovine serum; Fe-S, iron-sulfur; G, guanine; GlcNAc, N-acetylglucosamine; H2O2, hidrogen peroxide; INH, isoniazid; iNOS, inducible nitric oxide
synthase; iNOS-/-, iNOS knockout; Kb, kilobase; kDa, kilodalton; mRNA, messenger RNA;
MurNAc, N-acetylmuramic acid;
phosphate;
N-terminal,
NADPH, nicotinamide
amino-terminal;
N-terminus,
adenine dinucleotide
amino-terminus;
PDIM,
phthiocerol dimycocerosate; PE, phosphatidiletanolamine; PGRS, polymorphic GC-rich
repetitive sequences; Poly(RboP), poly(ribitol phosphate); ppGpp, guanosine
tetraphosphate; qRT-PCR, quantitative real time-polymerase chain reaction; RNA,
ribonucleic acid; RNAP, RNA polymerase; SDS, sodium dodecyl sulfate; TB,
tuberculosis; T CD4+, CD4+ T helper lymphocyte; T CD8+, CD8+ T helper lymphocyte;
WHO, World Health Organization.
Abstract
In this review, we present an overview of the sigma factors, which are proteins that
interact with the RNA polymerase and act as transcriptional regulators. Then, we focus
on a specific group of alternative sigma factors – the so called σECF factors – of the
2
model Gram-positive bacterium – B. subtilis – and some of the main species that
comprise the CMNR Group - Corynebacterium glutamicum, Corynebacterium
pseudotuberculosis and Mycobacterium tuberculosis, providing information on the role
that such factors exert in the
i oo ga is
s ph siolog and pointing some of the
genes whose transcription is regulated by them.
Introduction
During their lifetime, bacteria are exposed to a range of different circumstances
in which the activation of adaptive mechanisms is essential for cell maintenance and
survival. The modulation of such activity is intricately driven by the means of gene
regulation, involving diverse events at the transcriptional, translational and posttranslational levels. Thus, since transcription initiation is considered to be the major
step in the control of bacterial genes, we discuss herein features and roles of the sigma
(σ) factors, a class of proteins which interact with the RNA polymerase (RNAP) and act
as transcriptional regulators.1-4
When inactive, the RNAP comprises only its core, which is formed by the
subunits α2, β, β a d ω. On the other hand, when in association with a sigma factor,
the core transiently becomes a RNAP holoenzyme, whose function is to transcribe the
DNA into RNA.1,4-7 Therefore, the sigma factors, when in association with core RNAP,
provide a dynamic mechanism for cellular responses held by redirecting the
transcription initiation.8,9 Also, not only they contain many, if not all, of the promoter
3
recognition determinants,1,5,7 but they contribute to DNA strand separation during this
process.8,9
Because these proteins preferentially recognize specific promoters in the
genome, having distinct combinations of several of them with RNAP consists an
effective way of modulating transcription profiles,3,10 switching expression of large
groups of genes – regulons – in response to various environmental stimuli and
changing extracellular and/or intracellular conditions4 in accordance with the
physiological requirements of the organism.6 In some cases, the genes that comprise a
specific regulon have a clearly defined primary function, like the ones regulated by the
sporulation sigma factors in Bacillus subtilis;9,11 and in other cases, these genes
contribute to multiple functions, such as those related to the stationary phase of
growth and general stress response, regulated by the alternative sigma factor σB in
Listeria monocytogenes.9,12 Also, particularly in the case of bacterial pathogens, the
mechanism of changing sigma factors regulates the expression of virulence genes that encode proteins whose functions are essential for the bacterium to effectively
establish an infection - and virulence associated genes - which contribute to survival in
the host and other environments.9
Most of the sigma factors are not essential for cell viability under optimum
growth conditions, so they are referred to as alternative sigma factors. Their functions
typically encompass recognition of promoters of genes that become active in response
to specific stimuli,4,7,13 like various stress conditions, in the stationary growth phase,
during starvation for various nutrients,4 and during morphological differentiation.14
Nevertheless, bacteria (mainly the rapidly growing ones) usually have a single primary
4
sigma factor that is responsible for the transcription of genes required for basic
survival, namely housekeeping genes.4,7,13
In fact, the number of alternative sigma factors in a bacterium may range from
two - as in Streptomyces pyogenes, a Gram-positive bacterium whose habitat is
restricted to the human oropharynx - to more than 60 - like in Streptomyces coelicolor,
a soil bacterium whose habitat, opposite to that of S. pyogenes, is highly variable in
terms of nutrients, stresses and competing microbial flora. Likewise, besides the fact
that, in general, the number of sigma factors usually increases with genome size,
bacteria that have developed differentiation programmes, like the ones that sporulate,
have a tendency of presenting higher ratios of alternative sigma factors per genome
size than those that are obligate pathogens or commensal bacteria.1,3,7
Classification overview of bacterial sigma factors
Bacterial sigma factors can be classified into two structurally, functionally and
phylogenetically distinct families designated σ54 family and σ70 family.1,4,6,7,9,15 The
sigma factors of the σ54 family, which belong to this family because of their similarity
to the 54 kDa sigma factor that is responsible for the regulation of the genes involved
in the metabolism of nitrogen in Escherichia coli, require ATP and the action of an
enhancer for exerting their function. Besides that, they are considered relatively
rare1,4,7,15 since there are no known representatives of this family in any GC-rich Grampositive bacteria and cyanobacteria. On the other hand, the sigma factors of the σ70
family, which belong to this family because of their similarity to the 70 kDa primary
5
sigma factor from E. coli, can be found in all bacterial species.1,7,15 One could also say
that this family includes the primary as well as their related alternative sigma factors
which can be further categorized by the physiological processes that they control.9,16
Generally, groupings by function are correlated to the phylogenetic
relationships among the sigma factors protein sequences 9,16 and, concerning this kind
of classification, it is possible to say that the sigma factors of the σ70 family are
modular proteins1,4 that are consisted of up to four conserved regions 1,3,4,17 that can
further be divided into subregions.
Region 1, which lies in the N-terminal portion of the protein, comprises
subregions 1.1 and 1.2, being, the former, responsible for inhibiting the sigma factors
that are not bound to the RNAP from biding to the DNA. Region 2, on the other hand,
is consisted of four subregions, being subregion 2.3 involved in the formation of the
transcription bubble and, subregion 2.4 required for the recognition of the -10
promoter element. Region 3, in turn, is composed of subregions 3.0, 3.1 and 3.2, being
subregion 3.0 implicated in the recognition of the extended -10 promoter element.
Lastly, region 4 includes subregions 4.1 and 4.2, being, the latter, responsible for
interacting to various transcription activators as well as being required for the
recognition of the -35 promoter element.1,3,4,16,18-25 Besides, all of these regions
contribute to the sigma factor biding to the core RNAP.3,26,27
Also, depending on their structure and function, the sigma factors that belong
to the σ70 family can still be divided into four groups. The first group (Group 1) is
o posed of the p i a
sig a fa to s , which have all four domains characteristic of
6
sigma factors and are considered to be essential to the survival of the microorganism,
since they are responsible for most housekeeping genes transcription.1,3,6,7,15,16,28
The se o d g oup G oup
like sig a fa to s ,
, o the othe ha d, is o posed of the p i a -
hi h, although ei g losel
elated to the sig a fa to s that
belong to Group 1, are not considered essential to the survival of bacteria in normal
growth conditions. Besides, they do not present most part of the conserved domain 1
in their structure. Also, the best characterized factors of this group are involved in the
transcription of general stress response genes and of genes required for the survival of
bacteria during the stationary growth phase. Nevertheless, these sigma factors are
encountered only in a limited number of bacterial species (Proteobacteria,
Cyanobacteria and Gram-positive bacteria with high G+C content in their
genomes).1,3,6,7,16,28
The third group (Group 3), in turn, is composed of sigma factors more distantly
related to the primary sigma factors, which present only the conserved domains 2, 3
and 4 in their structure. Also, the sigma factors that belong to this group are related to
the transcription of genes such as those required for heat shock response, sporulation
and flagellar biosynthesis.1,3,7,16,28
Finally, the fourth group (Group 4), considered being the largest and most
heterogeneous among the groups that belong to the σ70 family, is composed of the
e t a toplas i fu tio sig a fa to s σECF ,
hi h p ese t o l the o se ed
domains 2 and 4 in their structure. These factors contribute to controlling the
expression of genes whose products exert various functions in response to specific
extracellular signals that come from the environment that surrounds the bacterium;
7
such as the presence of denatured proteins or toxic molecules, changes in osmolality
or barometric pressure, nutrient limitation, oxidative and surface stresses. Besides
that, several sigma factors that belong to this group are involved in the regulation of
components that are considered to be important to the virulence of pathogenic
bacteria.1,3,6,7,16, 28-30
Post-translational regulation of bacterial sigma factors
One of the requirements for an effective bacterial gene expression is that it
should be well orchestrated by the correct modulation of both the activity and the
levels of its alternative sigma factors.7,31 In this sense, regulation of such factors could
also be considered a key to the a ti atio
of these
i oo ga is s ade uate
responses to specific external stimuli.4
The alternative sigma factors are regulated in the transcriptional, translational
and post-translational levels,32 being, the transcriptional regulation, possible since one
sigma factor may have more than one promoter. Additionally, these can be recognized
by more than one transcriptional regulator that, in turn, can be activated by certain
environmental stimuli. On the other hand, the translational regulation is often
accomplished by the action of factors that can either allow or inhibit the translation of
the mRNA. Interesting, however, is the fact that transcription of a gene that encodes a
sigma factor through the recognition of determined promoters result in the synthesis
of leaderless mRNAs, which preferentially bind to 70S ribosomes and, therefore, can
be more efficiently translated in situations – such as carbon starvation, stationary
8
growth phase and slow growth – when the presence of the 70S ribosome prevails.33
Lastly, the post-translational regulation can be directly done by the anti-sigma
factors.34 These factors act through a pa t e s it hi g s ste
7,31
in which protein-
protein interactions result in the prevention of an anti-sigma fa to s og ate sig a
factor bindi g to the o e ‘NAP, i hi iti g the sig a fa to s i fluence on gene
expression profiles until the appropriate stimulus is noticed by the bacteria.3
The anti-σECF factors are inner membrane proteins with at least one
transmembrane domain. It could also be said that, opposite to their C-terminal region,
these anti-sigma factors N-terminus is highly conserved.31 Nevertheless, such
characteristics are not without a purpose: the N-terminal region of these proteins,
which is located in the cytoplasm, interacts specifically with the anti-sigma s og ate
sigma factor. On the other hand, their C-terminus is projected to the periplasm, where
it can interact with a sensor protein. In case of sensing a specific stimulus, the sensor
protein interacts with the C-terminal portion of the anti-σECF factor, what modifies the
anti-sig a s st u tu al o fo
atio , leadi g to the disso iatio of the sig a fa to
from its cognate anti-sigma factor. This, in turn, leads to the activation of proteases in
order to degrade the anti-σECF factor. This way, the sig a fa to s i hi itio is a
ulled
and the genes that comprise its regulon are finally transcribed. However, the
transcription of such genes only lasts while the sensor protein is still able to sense that
stimulus and, once this extracellular signal is ceased, the regulation cycle reinitiates.30
9
The model Gram-positive a terium’s σECF factors
The non-pathogenic bacterium called B. subtilis is one of the best studied
microorganisms, being considered a model of study for Gram-positive bacteria with
low G+C contents – which encompass deadly pathogens, such as Bacillus anthracis;
and bacteria that are extensively used in industry, such as other bacilli and lactococci.35
This endospore-forming bacterium is one of the main sources of industrial enzymes –
chiefly amylases and proteases – and, because of that, they are also used to study
protein secretion and heterologous protein production.36
Found in association with plants, in water sources and, most commonly, in
soil;36 B. subtilis often faces different harsh environmental conditions, such as oxygen
and nutrient starvation, thermal, oxidative and osmotic stresses. Thus, this bacterium
has to make use of some strategies in order to maintain its viability under such stresses
and also to ensure its persistence and regrowth in that particular environment,37 being
one of these strategies the activation of alternative sigma factors, such as one of its
seven σECF factors: σM, σV, σW, σX, σY, σYlaC and σZ (Table 1).38-42
The σM factor of B. subtilis is encoded by a gene known as sigM. This gene is
part of an operon in which it is located upstream of genes yhdL and yhdK that, in turn,
encode for the anti-σM factor.43 Since σM is one of the best known σECF factors of B.
subtilis, significant progress has been made in defining the functions of this sigma
factor. This way, it has already been reported by several research groups that σM
10
contributes to B. subtilis response to cell wall antibiotics, such as vancomycin,
bacitracin and phosphomycin; heat shock; and osmotic, ethanol, acid and superoxide
stresses.42-46 Also, among the genes that comprise the σM regulon, it is more frequently
pointed up ponA, which codes for a penicillin-binding protein; bcrC, which encodes a
bacitracin resistance protein; yjbD, which seems to be involved in competence
development; ftsH, which codes for a protease that is located in the cytoplasmic
membrane; yqjL, which encodes a putative hydrolase; yceC, which belongs to the
yceCDEFGH detoxification operon; yrhJ, which codes for a cytochrome P450/NADPH
reductase; yraA, which encodes an intracellular protease PH1704 of Pyrococcus
horikoshii homologue that was the first protein found to be essential for acid stress
tolerance in this bacterial genus; yacK, which is a class III heat shock protein; yjbC and
yacL, which are members of the heat shock stimulon.43-46
On the other hand, σV, which is one of the least studied σECF factors of B.
subtilis, is encoded by a gene called sigV. This σECF factor is a member of an operon
where it is localized upstream of the following genes: rsiV (previously named as yrhM),
which encodes the anti-σV factor; oatA (previously named yrhL), which codes for a
peptidoglycan O-acetyltransferase; and yrhK, whose function is still unknown.42,47,48
Until now, there are only a limited number of studies reporting the functions of the σV
factor in the physiology of B. subtilis. Nevertheless, it has been recently reported by
two different research groups that this σECF factor is not only strongly, but also
specifically induced by lysozyme – an enzyme that hydrolyzes the β-1,4-glycosidic bond
between the N-acetylmuramic acid (MurNAc) and the N-acetyl-glucosamine (GlcNAc)
of the peptidoglycan polysaccharide backbone.42,48 Also, Guariglia-Oropeza and
11
Helmann42 suggested that σV is the main responsible for B. subtilis response to
lysozyme stress since the ΔsigV mutant and the mutant strain with null mutations in all
seven σECF factor genes presented almost the same level of sensitivity to the stress in
question. Besides, the intrinsic ability of B. subtilis to resist to lysozyme exposure is
probably due to the fact that its σV, sometimes along with other σECF factors, is
responsible for the upregulation of oatA, which encodes a peptidoglycan Oacetyltransferase; dltA, which is part of the dltABCDE operon that, in turn, codes for
enzymes for teichoic acid D-alanylation; and, apparently in a lesser extent, pbpX, which
is a penicillin-binding protein.42,48
The σW factor of B. subtilis, another one of the best studied sigma factors of this
bacterium, is encoded by a gene named sigW that is located upstream of the rsiW
gene, which codes for the anti-σW factor.49 It is already known that the σW regulon is
relatively large, being induced, most of the times, when the microorganism is exposed
to agents that interfere in the cell wall biosynthesis and/or in its proper functioning.50
In this sense, σW activates the expression of several genes that have an important role
in the detoxification of the bacterium, such as fosB, which encodes a phosphomycin
resistance protein; ybfO, which codes for an erythromycin esterase; ydjP, which
encodes a bromoperoxidase; yfhM, which codes for an epoxide hidrolase; pbpE, which
encodes a penicillin-binding protein and the already cited yceC, which belongs to the
yceCDEFGH detoxification operon and is also induced by the σM factor, that codes for a
tellurium resistance protein. Besides, σW can activate the expression of genes that,
probably, participate in the synthesis and/or secretion of bacteriocins, such as ywoA,
which codes for a predicted bacteriocin permease; yqeZ and sppA, which encode
12
protease IV homologues and the yknXYZ operon, which codes for an ABC transporter
that is supposedly involved in bacteriocins exportation.50,51 This way, Cao et al.50
suggested that the σW factor of B. subtilis o t ols a
a ti iosis regulon – as they
called it, which includes genes that code both defensive and offensive components for
the survival of the microorganism.
The σX of B. subtilis, which is encoded by a gene known as sigX, is found
upstream of the rsiX gene (previously named ypuN) that codes for the anti-σX factor.
Interestingly, sigX and rsiX are homologous to fecI and fecR of E. coli, being the former
the σECF factor responsible for activating the transcription of the fecABCDE operon,
which encodes the ferric citrate transport genes; and the latter a transmembrane
protein responsible for inducing the transcription of the ferric citrate transport genes
once ferric citrate binds to an outer membrane protein called FecA. Nonetheless,
inasmuch as the SG64 strain (trpC2, lacR1 and lacA17 genotype) does not use ferric
citrate as an iron source, studies showed that neither sigX nor rsiX are involved in ferric
citrate transport in B. subtilis.52 On the other hand, they appear to be involved in
controlling cell envelope modification processes, such as resistance to heat shock53
and to cationic antimicrobial peptides,54 septum and wall synthesis53 and biofilm
architecture.55 Among the genes that comprise the σX regulon are tarA, which is
related to poly(RboP) – the most important teichoic acid of the W23 strain
(prototroph, Strr phenotype) – synthesis; divIC, whose product is required for the
initiation of septum formation; lytR, whose product negatively regulates the lytABC
operon, being LytC an amidase; dltABCDE, which encodes enzymes for teichoic acid Dalanylation; csbB, which codes for a membrane-bound glucosyl transferase; rapD,
13
which encodes a response regulator aspartate phosphatase; pssA and psd, which code
for phosphatidiletanolamine (PE) biosynthesis enzymes; and abh, whose product is an
AbrB homologue that regulates biofilm architecture.53-55
The σY of B. subtilis, which is encoded by a gene known as sigY, appears to be
regulated by the product of the gene yxlC, located immediately downstream of sigY in
the sigY-yxlCDEFG operon.56,57 This factor, being another one of the least studied σECF
factors of this bacterium, does not have its functions well defined. Nevertheless,
Mendez et al.57 reported that, besides regulating the transcription of its own operon,
σY is required for maintaining the Spβ prophage, which is a viral genome of 135 Kb that
owns genes for the production of and resistance to the antibiotic sublancin, in the
chromosome of B. subtilis. This way, it was concluded that, like other σECF factors of B.
subtilis, σY is responsible for the regulation of genes that contribute to the survival of
the bacterium when it comes to the necessity of producing and resisting to the action
of antibiotics in a certain environment.57
The σYlaC of B. subtilis is encoded by a gene known as ylaC, which is found
upstream of the ylaD gene – whose product is the probable anti-σYlaC factor – in the
ylaABCD operon.58,59 This σECF factor, like σV and σY, does not have its functions well
elucidated. However, Matsumoto et al.58 as well as Ryu et al.59 have suggested that
this sigma factor contributes to B. subtilis resistance to oxidative stress, since YlaD is
very similar to RsrA, the anti-σR factor of S. coelicolor that presents several cysteine
residues that, in turn, sense the cytoplasmic thiol-disulphide status. Nevertheless, only
Ryu et al.59 were able to show that σYlaC, in fact, contributed to oxidative stress
resistance, when they observed that a strain overproducing this factor exhibited a
14
peroxidase activity of almost three times the activity of the control strain under
hydrogen peroxide treatment.
Lastly, the least studied σECF factor of B. subtilis – σZ – is encoded by a gene
known as sigZ. Interestingly, opposite to the other σECF factors of this bacterium, σZ
appears to be monocistronic and it does not seem to direct its own transcription. Also,
it looks like σZ does not regulate many genes, being gsiB – a proven σB target – and
yrpG the only genes which have been suggested so far to be possibly activated by this
sigma factor.60
σECF factors in the CMNR group
Within the Class Actinobacteria, which is mainly characterized by the high G+C
content in the genome of its members, there is a group of microorganisms referred to
as the CMNR Group. This, in turn, is characterized by the cell wall organization of its
members – which is based on the presence of a polymer complex that is composed by
peptidoglycans, arabinogalactans and mycolic acids – that belong to the genera
Corynebacterium, Mycobacterium, Nocardia and Rhodococcus.61 Nevertheless, it must
be highlighted that, until now, there are no reports on the σECF factors of the bacteria
belonging to the Nocardia and Rhodococcus genera and that is the reason why they
were not discussed here.
Corynebacterium’s σECF factors
15
Corynebacterium glutamicum
Some of the species that compose the CMNR Group stand out by their potential
to be used as biotechnological tools, such as C. glutamicum, which has been widely
used in the industrial production of several amino acids and nucleic acids.62
This bacterium, which is a non-pathogenic species of increasing interest as a
model organism to closely related pathogenic species, has only 5 σECF factors, namely
σC, σD, σE, σH and σM (Table 2). Of these, only σE, σH and σM have been studied in more
detail and, on the other hand, there are not any studies on σC published so far.4 Also,
to date, there is only one report that might give some hints about the functions of σD,
being suggested that this sigma factor contributes to the survival of C. glutamicum
under low oxygen concentrations.63
In this context, it has already been reported that σE – encoded by a gene called
sigE that is located upstream of cseE which codes for the anti-σE factor – has a role in
the resistance of C. glutamicum to cell surface stresses, such as those caused by the
addition of SDS, lysozyme, EDTA and antibiotics to the culture medium; deficiency of
magnesium and heat.64,65 Also, it appears that σE o t i utes to this
a te iu
s
response to nutritional stress, long-term exposure to lactic acid and microaerobic
conditions.63,66,67
In turn, it has been demonstrated that the σH of C. glutamicum, which is
encoded by a gene called sigH that is found upstream of the gene rshA that appears to
code for the anti-σH factor, regulates directly or indirectly the expression of more than
65 genes,68 among which are found genes that act in the response of this
16
microorganism to heat shock and oxidative stress. Besides, interestingly, this sigma
factor is involved in the regulation of transcription of sigB, sigE, sigH and sigM – genes
that code for alternative sigma factors; hspR, clgR, sufR, whcA and whcE – genes that
code for other stress response regulators. Thus, these data suggest that σH holds a
central position in the sigma factors regulatory network, playing a key role in the
response of C. glutamicum to several environmental stresses.4
Lastly, the σM of C. glutamicum – encoded by a gene called sigM – takes part in
this
a te iu
s esponse to cold, heat and oxidative stresses. In regard to the
response of C. glutamicum to disulfide stress, it appears that σM activates the
transcription of the suf genes – sufR and sufBDCUS, which are involved in the
formation of iron-sulfur (Fe-S) clusters and their insertion in proteins; trxB, trxC and
trxB1, which are involved in the ell s espo se to thiol o idizi g o ditio s; groES,
groEL and clpB, which code for chaperones. Noteworthy, as mentioned before, it was
also suggested that σH activates the transcription of σM when this microorganism is
exposed to oxidative stress.69
Corynebacterium pseudotuberculosis
C. pseudotuberculosis is a facultative intracellular pathogen that is capable of
infecting different types of animals, such as goats, sheep, horses, llamas, buffaloes,
camels, antelopes and primates.70 Until the year 2005, this bacterium had already
been associated to the occurrence of at least 25 cases of human infection, being the
majority of the infected people who had had contact with sick animals, such as
17
breeders and veterinarians, what indicates the high occupational zoonotic potential of
this bacterium.71,72
Thereby, it could be said that one of the reasons why C. pseudotuberculosis is
able to cause successful infections in such a wide range of hosts is due to transient
activation of its sigma factors, including its σECF factors: σC, σD, σE, σH, σK and σM (Table
2). To date, however, there are not any reports about the functions of sigma factors
other than σD and σE in this bacterium.
After conducting growth curves of C. pseudotuberculosis in Brain Heart Infusion
(BHI) broth and Fetal Bovine Serum (FBS), it was observed that the bacterium
presented an increased growth rate when cultured in FBS (a culture medium that
mimics the presence of some host factors, such as serum proteins, hormones, lipids
and vitamins), indicating that there had been changes in the physiology of C.
pseudotuberculosis under those conditions. Thus, in order to evaluate the differential
expression of the genes that code for the alternative sigma factors of this
microorganism in the presence of FBS, reactions of qRT-PCR (quantitative Real TimePolymerase Chain Reaction) were performed. From the results obtained, it was
possible to observe changes in the expression of the sigB, sigC, sigD, sigE, sigH, sigK
and sigM genes. However, only sigD presented significantly higher transcriptional
levels in the tested environmental condition. This, in turn, indicates that σD represents
an important target in the study of C. pseudotuberculosis molecular determinants of
virulence.73
Also, it was demonstrated that the σE of C. pseudotuberculosis – encoded by a
gene called sigE that is located upstream of the gene cseE, which, in turn, probably
18
codes for the anti-σE factor – has a role in the resistance of this bacterium to SDS,
lysozyme, acid, nitric oxide and nitric oxide/peroxide stresses. Noteworthy, it was also
reported that this sigma factor is required for the resistance of C. pseudotuberculosis
to nitric oxide stress during infection since, opposite to the sigE null mutant (ΔsigE)
that persisted only in the spleens of mice that were unable to produce nitric oxide in
their intraphagosomes - iNOS knockout (iNOS-/-) mice, the 1002 wild-type strain still
persisted in the spleens of C57BL/6 and iNOS-/- mice after three days of infection.74
Mycobacterium’s σECF factors
Mycobacterium tuberculosis
M. tuberculosis is the main etiologic agent of human tuberculosis (TB),75 being
TB an infectocontagious disease intimately associated to poverty that occurs mostly in
developing countries.76,77 Besides that, it was estimated by the World Health
Organization (WHO)78 that, by the year 2010, almost nine million people had
contracted and approximately 1.5 million people had died from this disease all over
the world.
One of the reasons why M. tuberculosis is such a successful intracellular
pathogen is its ability to respond to the different stresses that it is submitted to once it
has infected the host by transiently activating its alternative sigma factors, which
include the σECF factors σC, σD, σE, σG, σH, σI, σJ, σK, σL and σM (Table 3).
19
In this context, the σC of M. tuberculosis, which is encoded by a gene known as
sigC, appears to have a crucial role in the pathogenicity of this mycobacteria,79-81
regulating the transcription of virulence genes, such as hspX
-
crystalline homologue; senX3, which encodes a sensor kinase; mtrA, which codes for a
response regulator; and fbpC, which encodes the constituent C of the antigen 85
complex – Ag85C.79
In turn, σD, which is encoded by the sigD gene, appears to be related to the
response of M. tuberculosis to nutrient starvation that is, at least, partially dependent
on the activation of this sigma factor by the ppGpp synthase RelA. Besides that, σD
seems to promote optimum growth of this microorganism in the beginning of
infection, having an important role in nascent protein folding.82 Also, during the
stationary phase of growth, this σECF sigma factor appears to activate the transcription
of genes that code for ribosome components and factors that participate in ATP
biosynthesis, DNA repair, the elongation step of translation and bacterial virulence;
such as atpC and atpD, which code for subunits of a proton-gradient ATP synthase;
hns, which encodes a histone-like protein; recR, which codes for a DNA repair enzyme;
tsf, fusA and tuf, which are elongation factors; pks10, which encodes a polyketide-like
chalcone synthase; fbpA, which codes for the constituent A of the antigen 85 complex
– Ag85A; and mce1, which encodes a protein that has a role in M. tuberculosis uptake
into cells that are not phagocytic.83
σE, one of the best studied σECF factors of M. tuberculosis – encoded by the
gene sigE, seems to be related to the response of this bacterium to heat shock,
oxidative stress, vancomycin and membrane-disrupting agents, such as SDS. Besides, it
20
has already been reported that mutants deficient for σE show some difficulty to grow
inside inactivated murine and human macrophages and are more sensitive to the
microbicide activity of activated murine macrophages.84-87 Also, this sigma factor
appears to regulate the transcription of genes involved in fatty acid degradation, such
as aceA – which codes for an isocitrate lyase – and fadB2 – which encodes a 3hydroxyacyl-CoA dehydrogenase; heat shock proteins, such as hsp – which codes for a
chaperone – and htpX – which encodes a membrane prenyl-protease; and other
transcriptional regulators, such as sigB – which codes for the primary-like sigma factor
σB.84
σG - which is encoded by a gene called sigG – is one of the least studied σECF
factors of M. tuberculosis, along with σI and σJ. This factor, which, according to Lee et
al.88, appears to be involved in the response of M. tuberculosis to DNA damage and
seems to regulate directly and/or indirectly genes that have a role in the SOS system,
such as lexA – which codes for a repressor of the activity of other genes that take part
in this response. However, according to Smollett et al.89, σG is only part of the RecAindependent regulon and appears to control the transcription of secondary genes that
are not directly responsible for the repair of damaged DNA. Nevertheless, this σECF
sigma factor also seems to regulate, in a direct and/or indirect manner, genes that are
induced in the murine model of infection, such as lat – which codes for an L-lysineepsilon aminotransferase; have a role in fatty acid metabolism, such as aceA – which
encodes an isocitrate lyase that is also part of the σE regulon; fadE5 – which codes for
an acyl-CoA dehydrogenase; and scoA – which encodes a succinyl-CoA. Also, σG
appears to be involved in the regulation of genes that are part of other transcriptional
21
regulators regulons, such as rpfC – which encodes a resuscitation-promoting factor
regulated by σD; clpB, dnaK – which code for heat shock proteins – and trxB2 – which
encodes a thioredoxin reductase – regulated by σH.88
The alternative sigma factor σH – which is encoded by the gene sigH – has an
important role in the response of M. tuberculosis to heat shock and oxidative stress9094
and presents its transcriptional levels increased during macrophage infection in
vitro.90,91 It appears to regulate the transcription of genes involved in the response to
heat shock, such as dnaK and clpB – which code for heat shock proteins/chaperones;
genes involved in the response to oxidative stress, such as trxB2 – which encodes a
thioredoxin reductase – and trxC – which codes for a thioredoxin; and other
transcriptional regulators involved in the response to the same stresses, such as sigB –
which encodes the primary-like sigma factor σB – and sigE – which codes for the
alternative sigma factor σE.91 Besides that, the infection of resistant (B57BL/6) and
sensitive (C3H) mice with the wild-type and mutant (ΔsigH) strains of M. tuberculosis
showed that the former presents an increased immunopathology when compared to
the latter, what seems to be due to the reduced recruitment of T CD4 + and CD8+ cells
by the mutant strain.92 This, in turn, suggests that the regulon of σH is required for the
modulation of the innate immune response of the host against M. tuberculosis.94
σI, one of the least studied σECF factors of M. tuberculosis, is encoded by the
gene sigI. This sigma factor, which appears to regulate directly or indirectly the
transcription of the genes that code an ATP synthase (Rv1304), heat shock proteins
(Rv0440, Rv0350 and Rv3417) and the catalase/peroxidase KatG; seems to have a role
in the response of this microorganism to isoniazid (INH) – one of the drugs that are
22
commonly used in the treatment of tuberculosis. However, interestingly, opposite to
what is usually seen, it is the ΔsigI mutant strain – and not the wild-type strain – that is
resistant to the antibiotic. In fact, this happens once the absence of σI contributes to
the decrease of the transcription of the gene katG, which encodes the
catalase/peroxidase KatG. The reduced levels of this enzyme, in turn, contributes to
the decrease of the activation of INH and, this way, there is a reduction of the
inhibition of the enoyl-ACP reductase InhA, which is needed for mycolic acid
biosynthesis. Besides that, also noteworthy is the fact that the mutant strain was
considered hypervirulent in the mouse model of tuberculosis when compared to the
wild-type strain.95
According to Hu and Coates,96 the sigJ gene – which codifies the poorly studied
σJ, had its transcription highly increased in M. tuberculosis cultures in the late
stationary phase, being the level of transcription of sigJ not altered when the antibiotic
rifampicin was added to the cultures. Thereby, it was concluded that the σJ factor
appea ed to e i po ta t to the a te iu
s su i al in the stationary phase even in
the presence of antibiotics. However, a few years later, the same research group
showed that, in a microaerophilic in vitro model, the survival of the ΔsigJ mutant strain
was similar to the survival of the wild-type strain. Also, it was demonstrated that, even
with the addition of rifampicin, the viability of both strains was still the same. Besides
that, it was shown that the growth of the wild-type and mutant strains was similar in
an immune stasis murine model. Thus, this time, it was concluded that σJ did not
contribute to M. tuberculosis survival in the stationary phase of growth either in the
presence or in the absence of antibiotics. Interestingly, it was also concluded that the
23
ΔsigJ mutant strain was more sensitive to oxidative stress caused by hydrogen
peroxide (H2O2) than the wild-type one.97
The σK factor of M. tuberculosis – codified by the sigK gene, which is regulated
by the anti-σK factor RskA, has a relatively small regulon when compared to the
regulons of the other σECF factors, being the σK regulated genes those found in the sigK
and mpt70/mpt83 loci. An interesting fact, however, is that, in M. tuberculosis, the
transcription of the Mpt70 and Mpt83 proteins – whose functions are still unknown –
only increases during infection and, in Mycobacterium bovis, the transcription of these
proteins is constitutively high due to two mutations in the anti-σK factor codifying gene
– rskA.98-100
σL, which is codified by the sigL gene, does not seem to be a stress response
regulator like the other σECF factors of M. tuberculosis. Instead, it appears to regulate
the transcription of genes that have a role in polyketide-lipid synthesis and genes that
codify membrane associated genes that, in turn, are involved in proteins posttranslational modifications. In fact, this σECF factor has a relatively small regulon that
comprises four small operons: sigL-rslA – which code for the σL factor and the anti-σL
factor; mpt53-Rv2877c – which encode a disulfide oxidoreductase and a thiol disulfide;
pks10-pks7 – which code for a type III polyketide synthase and a multifunctional
enzyme; and Rv1139c-Rv1138c – which encode an oxidoreductase and a membrane
protein with a isoprenylcysteine carboxylmethyltransferase motif. Besides, it is
possible that it regulates four PE-PGRS genes indirectly. Also, it is noteworthy that the
ΔsigL strain is highly attenuated in an in vivo mouse model of infection. That, together
24
with the data presented above, indicates that σL probably contributes to M.
tuberculosis pathogenicity.101
σM – the last σECF factor of M. tuberculosis – is encoded by the gene sigM. This
sigma factor seems to positively regulate genes such as those that codify ESAT-6-like
proteins – esxU-esxT and esxE-esxF, members of the PPE protein family and a
nonribosomal peptide synthase. Also, it appears to negatively regulate genes involved
in phthiocerol dimycocerosate (PDIM) synthesis and the kasA-kasB operon, which is
related to the mycolic acid synthesis, among others.102,103 However, according to
Agarwal et al.,103 the transcripts of the genes regulated by σM accumulate – also in
relatively low levels – only during the stationary phase of growth and when the
bacteria is submitted to heat shock. Besides that, a ΔsigM mutant strain had the same
behavior as the wild-type strain in an in vitro macrophage infection and in an in vivo
mouse infection.103 Thus, in accordance with Raman et al.,102 it is likely that σM is one
of the transcriptional regulators responsible for promoting successful host-pathogen
interactions at the later stages of infection.
Conclusions
A great part of bacteria s e satilit – at least the ones cited here – is due to the
role of their sigma factors, especially their σECF factors, as positive and/or negative
regulators of gene transcription, what, in turn, influences the adaptation of the
microorganisms to changes in the surrounding environments. Thus, the elucidation of
the specific stimuli that activate the σECF factors, the genes whose expression is
25
regulated by them and their regulatory networks would contribute to a better
understanding of the overall regulation of gene expression and, hence, of the
physiology of these microorganisms. Also, it could provide information on new
bacterial strains with biotechnological potential and/or on how to improve the
capability of currently used strains, such as those of B. subtilis and C. glutamicum.
Finally, it could assist in the search for virulence factors of pathogens, such as C.
pseudotuberculosis and M. tuberculosis, what could point to therapeutic and vaccine
targets.
Acknowledgments
We acknowledge the financial support from Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) and Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG).
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39
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40
Table 1: Bacillus subtilis’ σ
Sigma
Coding
factor
gene
ECF
σ
M
sigM
V
σ
sigV
σ
W
sigW
σ
sigX
σ
YlaC
σ
Z
σ
sigY
ylaC
sigZ
X
Y
factors and their corresponding functions.
Function
-Response to cell wall antibiotics; heat shock; and osmotic,
ethanol, acid and superoxide stresses
-Response to lysozyme stress
-Response to agents that interfere in cell wall biosynthesis and/or
in its proper functioning
-Detoxification of the bacterium
-Synthesis and/or secretion of bacteriocins
-Control of cell envelope modification processes
-Response to heat shock and cationic antimicrobial peptides
-Septum and wall synthesis;
-Biofilm architecture
-Production of and resistance to the antibiotic sublancin
-Response to oxidative stress
-To be elucidated
Table 2: Corynebacterium’s σ
factors and their corresponding functions.
Sigma
Coding
Species
Function
factor
gene
C
sigC
σ
-To be elucidated
D
sigD
σ
-Response to microaerobic conditions
-Response to nutritional and cell surface
stresses; heat shock; deficiency of
E
sigE
σ
magnesium; long exposure to lactic acid;
Corynebacterium
and microaerobic conditions
glutamicum
-Response to heat shock and oxidative
H
sigH
σ
stress
-Response to heat shock, cold and
M
sigM
oxidative stresses
σ
Reference
42-46
42,48
50,51
53-55
57
59
60
ECF
σ
D
σ
sigC
sigD
σ
E
sigE
σ
K
σ
M
σ
sigH
sigK
sigM
C
Corynebacterium
pseudotuberculosis
H
-To be elucidated
-Appears to have a role in virulence
-Response to SDS, lysozyme, acid, nitric
oxide and nitric oxide/peroxide stresses
-To be elucidated
-To be elucidated
-To be elucidated
Reference
4
63
63-67
4
69
73
74
-
41
Table 3: Mycobacterium tuberculosis’ σ
factors and their corresponding functions.
Sigma
Coding
Function
factor
gene
C
sigC
σ
-Appears to have a role in virulence
-Response to nutrient starvation
-Promotion of optimum growth in the beginning of infection
D
sigD
σ
-Folding of nascent protein
-Role in ATP biosynthesis, DNA repair, the elongation step of
translation and bacterial virulence
-Response to heat shock, oxidative stress, vancomycin and
membrane-disrupting agents
E
sigE
σ
-Appears to have a role in virulence
-Role in fatty acid degradation
-Appears to have a role in DNA repair, virulence and fatty acid
G
sigG
σ
metabolism
-Response to heat shock and oxidative stress
H
sigH
σ
-Appears to have a role in virulence
-Response to heat shock and to the drug isoniazid
I
sigI
σ
-Role in ATP biosynthesis
J
sigJ
σ
-Appears to have a role in the response to oxidative stress
K
sigK
σ
-To be elucidated
-Appears to have a role in proteins post-translational
L
sigL
σ
modifications and virulence
-Appears to promote successful host-pathogen interactions at
M
sigM
σ
the later stages of infection
ECF
Reference
79-81
82,83
84-87
88,89
90-94
95
97
98-100
101
102,103
42
ANEXO IV
bs_bs_banner
Ion Torrent-based transcriptional assessment of a
Corynebacterium pseudotuberculosis equi strain
reveals denaturing high-performance liquid
chromatography a promising rRNA depletion method
Thiago L. P. Castro,1 Nubia Seyffert,1 Rommel T. J.
Ramos,2 Silvanira Barbosa,2 Rodrigo D. O.
Carvalho,1 Anne Cybelle Pinto,1 Adriana Ribeiro
Carneiro,2 Wanderson Marques Silva,1 Luis G. C.
Pacheco,3 Christopher Downson,4 Maria P. C.
Schneider,2 Anderson Miyoshi,1 Vasco Azevedo1 and
Artur Silva2*
1
Institute of Biological Sciences, Universidade Federal
de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brazil.
2
Genome and Proteome Network of the State of Pará,
Universidade Federal do Pará, Brazil.
3
Institute of Health Sciences, Universidade Federal da
Bahia, Salvador, Brazil.
4
School of Life Sciences, University of Warwick,
Coventry, UK.
Summary
Corynebacterium pseudotuberculosis equi is a Grampositive pathogenic bacterium which affects a variety
of hosts. Besides the great economic losses it causes
to horse-breeders, this organism is also known to be
an important infectious agent to cattle and buffaloes.
As an outcome of the efforts in characterizing the
molecular basis of its virulence, several complete
genome sequences were made available in recent
years, enabling the large-scale assessment of genes
throughout distinct isolates. Meanwhile, the RNA-seq
stood out as the technology of choice for comprehensive transcriptome studies, which may bring valuable information regarding active genomic regions,
despite of the still impeditive associated costs. In an
attempt to increase the use of generated reads per
instrument run, by effectively eliminating unwanted
rRNAs from total RNA samples without relying on any
commercially available kits, we applied denaturing
high-performance liquid chromatography (DHPLC) as
Received 1 October, 2012; revised 13 November, 2012; accepted 14
November, 2012. *For correspondence. E-mail [email protected];
Tel. +55-91-32018426; Fax +55-91-31837931.
doi:10.1111/1751-7915.12020
Funding Information This work was supported by Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) and
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES).
an alternative method to assess the transcriptional
profile of C. pseudotuberculosis. We have found that
the DHPLC depletion method, allied to Ion Torrent
sequencing, allows mapping of transcripts in a comprehensive way and identifying novel transcripts
when a de novo approach is used. These data encourage us to use DHPLC in future transcriptional evaluations in C. pseudotuberculosis.
Introduction
Corynebacterium pseudotuberculosis is a Gram-positive
and facultative intracellular bacterium that does not sporulate, has fimbriae, and displays pleomorphic cells which
vary from coccoid to filamentary rods, measuring up to
0.6 mm per 3 mm in size (Jones and Collins, 1986; Baird
and Fontaine, 2007). Two biovars have been described
for C. pseudotuberculosis, ovis and equi; they are mainly
distinguished by their ability to reduce nitrate and tropism
for infecting particular kinds of animals (Biberstein et al.,
1971).
Caprine, ovine, equine and bovine are among the
most prominent hosts, to whom the infection by C. pseudotuberculosis can cause distinct clinical signals. The
nitrate-negative biovar ovis, the most studied of C. pseudotuberculosis, causes caseous lymphadenitis in sheep
and goats, a chronic disease characterized by the
abscessation of external and internal lymphnodes. On the
other hand, the biovar equi commonly tests positive for
nitrate reduction, and is associated to distinct diseases in
a variety of hosts, including ulcerative lymphangitis in
horses and contagious acne in cattle (Paton et al., 1994;
Braverman et al., 1999; Spier et al., 2004). Corynebacterium pseudotuberculosis biovar equi is also the causative
agent of oedematous skin disease in buffaloes, characterized by superficial swellings which culminate in the
formation of abscesses and release of serous bloody
exudates (Barakat et al., 1984).
Recent efforts in elucidating the molecular features
associated to host tropism and virulence have led to the
acquisition of whole-genome sequences of six different
strains of C. pseudotuberculosis equi, all of them made
public in the National Center for Biotechnology Information databases (NCBI). However, additional studies
© 2013 The Authors. Published by Society for Applied Microbiology and Blackwell Publishing Ltd. This is an open access article under
the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits use, distribution and reproduction in any medium, provided the
original work is properly cited.
2
T. L. P. Castro et al.
comparing such sequenced strains are necessary, similarly to what is already being done with biovar ovis specimens. Two distinct studies have lately benefited from
genomic data to compare traits among the strains 1002
and C231, isolated from goat and sheep respectively.
Ruiz and colleagues (2011) revealed that C231 lacks
genes involved in gluconeogenesis and triacylglycerol
degradation, while these pathways are likely to be present
in 1002. Still, the availability of annotated features, combined to LC-MSE proteomics, has allowed Pacheco and
colleagues (2011) to accurately identify 49 proteins which
are exported uniquely by one of these two strains.
The assessment of differences between intraspecies
genomes is challenging due to their strong evolutionary
links, but this process may be largely facilitated by associating high-quality genomic information with comprehensive transcriptomic data. In this context, the massively
parallel RNA-sequencing technologies (so-called RNAseq) stand out providing the ultimate strategy for validating regions in the genome which are predicted to be
transcribed, as well as estimating their transcriptional
levels. By performing RNA-seq of an organism, it is also
possible to identify operon structures and set new coding
sequences (CDS), including untranslated regulatory elements (ncRNAs), what allows a more precise annotation
of features present in the genome (Sorek and Cossart,
2010). The first RNA-seq work involving C. pseudotuberculosis was published recently by Pinto and colleagues
(2012). The authors describe a set of genes from the 1002
strain which are co-regulated in response to adverse environmental conditions, such as high temperature and
elevated osmolarity in the growth medium.
Despite being of great value for structural genomics,
RNA-seq experiments are limited by the large quantity of
reads which correspond to ribosomal RNA sequences.
This is explained by the fact that more than 80% of the
overall synthesized RNA in bacteria and eukatyotes is
ribosomal (Westermann et al., 2012). Therefore, it is
usual to submit total RNA to rRNA subtraction prior to the
cDNA library construction, using commercially available
kits based on rRNA exonuclease digestion or hybridization with specific probes. In the specific case of eukaryotic
transcriptomes, it is also possible to enrich mRNA molecules with poly(A) selection (Martin and Wang, 2011).
Although the effectiveness of these methods can be questioned, due to the presence of residual rRNAs in sequencing samples and additional costs involved, none
remarkable published work regarding RNA-seq analysis
in prokaryotes have ignored the depletion step (van Vliet,
2010).
Considering the current demand on RNA-seq experiments for C. pseudotuberculosis and other related bacteria, and the desire to improve the rates of mRNA
sequences compared with those obtained with a commer-
cially available kit, we decided to test denaturing highperformance liquid chromatography (DHPLC) as an
alternative method for rRNA depletion. This chromatographic method allows the separation of nucleic acid molecules according to their hydrophobic characters, relying
on a nonporous alkylated poly(styrene divinylbenzene)
bead matrix as stationary phase. (Azarani and Hecker,
2000). In spite of being usually applied to mutational
analysis and gene mapping purposes, the DHPLC could
fit our needs since fractional recovery of initially loaded
samples for downstream applications is possible, besides
the fact that differences between rRNAs and mRNAs are
visualized in the UV (260 nm) absorption-based chromatograms. In order to evaluate the outcomes brought about
by DHPLC treatment, we have chosen the Ion Torrent
Personal Genome Machine (PGM™) for cDNA library
sequencing, once it is recognized as providing satisfactory read lengths in a time- and cost-effective manner
(Meldrum et al., 2011; Jünemann et al., 2012). Therefore,
by assessing the transcriptional activity of a C. pseudotuberculosis equi strain, we report a novel strategy combining DHPLC rRNA depletion and high-throughput
sequencing, which could be employed in additional works
on this species, apart from potentially extended to other
model organisms.
Results and discussion
DHPLC depletion of rRNA and qRT-PCR validation
All extracted total RNA samples from C. pseudotuberculosis 31 showed similar chromatogram profiles after
DHPLC analysis, such as the one illustrated in Fig. 1A.
This is an important result for us, once in order to standardize the DHPLC rRNA depletion methodology we had to
set a reliable interval representing our fraction of interest.
Taking into account the WAVE® DHPLC System manufacturer’s recommendations (Transgenomic) and the separation profiles generated for C. pseudotuberculosis, the
retention period from 10 up to 14 min constituted the
fraction to be collected for further evaluations of depletion
in this work. The collected material was reanalysed using
DHPLC, and a prominent peak likely to be formed by
mRNA molecules came out in the chromatographic profile
(Fig. 1B).
Quantitative reverse transcription PCR assays (qRTPCR) showed partial removal of 16S rRNA after DHPLC
fractioning, as occurred with samples treated in a parallel
way using the commercial depletion kit RiboMinus (Chen
and Duan, 2011) (Fig. 2). The rates of depletion with
DHPLC ranged from 78.2% up to 92.2% in relation to
the initial rRNA levels observed in non-treated total RNA
samples. For the RiboMinus treatment, the rates ranged
from 58.8% up to 88%, with a greater experimental variation in depletion efficiency when compared with what was
© 2013 The Authors. Published by Society for Applied Microbiology and Blackwell Publishing Ltd.
An alternative methodology for rRNA depletion
3
Fig. 1. Chromatograms of a RNA sample
before and after DHPLC fractionation for
rRNA removal. A. Total RNA sample
chromatographic profile. The two highest
spikes correspond to ribosomal RNAs, and
the red dashed lines delimitate the interval
of run corresponding to the collected
sample (mRNA) for downstream
applications. B. Chromatographic profile of
sample submitted to depletion with DHPLC.
The green dashed lines virtually represent
the previously selected area for sample
collection. The proportion between the
selected peak and the rRNA-related spikes
appears to be more balanced in this case.
seen for DHPLC. This leads us to suggest that the DHPLC
fractionation method is probably less sensitive to minor
inter-sample variations than the hybridization subtractionbased RiboMinus kit. However, it was not possible to state
DHPLC as the most efficient depletion method, since it
significantly demonstrated better performance in only two
out of four independent experiments. In this context, it is
prudent to consider that for our model organism, DHPLC
provides at least the same depletion levels of a wellestablished and broadly trusted commercially available kit.
Fig. 2. Percentages of 16S rRNA depletion
for each of four independently prepared
biological replicates, in relation to the sigA
gene mRNA levels. DHPLC and RiboMinus
treatments were performed in a parallel
way for each replicate. The asterisks
indicate the cases where the levels of
depletion observed for DHPLC were
significantly different from those seen for
RiboMinus, according to the software REST
2009.
© 2013 The Authors. Published by Society for Applied Microbiology and Blackwell Publishing Ltd.
4
T. L. P. Castro et al.
Reference-based transcriptional assessment
The transcriptome of C. pseudotuberculosis 31 was
assessed based on the RiboMinus- and DHPLC-depleted
RNA samples, both derived from the same extraction but
independently converted into cDNA for Ion Torrent
sequencing. For RiboMinus, we estimated 58.75% of all
sequences with Phred quality score greater or equal to 15
as being related to rRNA-coding genes (198 366 out of
337 645 reads), while for DHPLC the proportion of rRNArelated sequences decreased to 45.08% of total with
Phred 15 score (183 963 out of 408 082 reads). The reads
which have mapped against the CDS from the reference
genome but are not ribosomal totalize 53 679 and 74 029
for RiboMinus and DHPLC respectively. The average
length of total mapped reads was 143.35 nucleotide
bases for RiboMinus and 144.59 bases for DHPLC.
For both transcriptomes, we investigated the representativity of biological processes and molecular functions attributed by Gene Ontology (GO) (Fig. 3). By
comparing the samples, we noticed some similarity in the
distribution of transcribed genes across the different
classes considered, and this was expected since the
same biological condition was addressed. However, the
majority of classes presented a higher number of different
transcripts in the case of DHPLC, what can be partially
attributed to the larger number of non-ribosomal mapped
reads acquired for the sample treated by this method.
The process represented by the greatest number of transcripts was oxidation-reduction, whereas only a few transcribed elements were related to pathogenesis or cell
adhesion, what is supported by the fact that the bacteria
had been cultured without interacting with any hosts.
Taking into account the functional classification, while
transcripts for the class of structural constituents of ribosomes were the most abundant ones in the RiboMinustreated sample, there was a greater representativity for
the class of nucleic acid binding in the case of DHPLC
depletion, including genes directly involved in transcriptional regulation.
Many of the identified transcripts were shared by both
transcriptomes; among them we highlight the antigen 84,
which is reported to be essential for Mycobacterium
smegmatis polarization during cellular division, besides
acting in the modulation of cell shape in pleiomorphic
actinobacteria (Nguyen et al., 2007). Other interesting
detected transcript codifies for a protein similar to the
diphteria toxin (DT). The DT is described as the main
virulence factor produced by Corynebacterium diphtheriae, and other proteins which are similar to DT in molecular weight and immunological structure have been
detected in other pathogenic corynebacteria (Wong and
Groman, 1984; Efstratiou et al., 1998). We can also
mention the transcript for superoxide dismutase, known to
be important for survival of M. tuberculosis inside activated macrophage cells (Piddington et al., 2001). Finally,
we cite the transcripts for heat shock proteins (HSPs),
which are involved in thermal stress adaptation and are
also capable of inducing both humoral and cellular
immune responses in the host (Pinho et al., 2009).
Among the transcripts uniquely identified following
DHPLC fractionation we highlight those coding for a
thioredoxin-related protein, engaged in oxidationreduction processes; an urease accessory protein, which
has been correlated to pathogenicity in corynebacteria;
and the cell adhesion involved manganese ABC transporter substrate-binding protein and periplasmic zincbinding protein TroA (Nolden et al., 2000; Hantke, 2005;
Papp-Wallace and Maguire, 2006; Colbert et al., 2006).
As uniquely identified in the RiboMinus-treated sample,
we emphasize the transcripts linked to the transcriptional
regulator sigma factor K and the detoxification-related
mycothione glutathione reductase (Patel and Blanchard,
1999).
Analysis of the genome of C. pseudotuberculosis 31
using the Rfam software allowed us to predict eleven
non-coding functional RNAs (ncRNAs), other than rRNAs
and tRNAs, which belong to three distinct known families:
riboswitches, ribozymes and small RNAs (Table 1). Many
of these ncRNAs are codified by bacteria of the genus
Streptomyces and Clostridium (Weinberg et al., 2010;
Chen et al., 2011), but their functions are not yet well
understood. Among the predicted features, eight ncRNAs
were confirmed to be transcribed, of which the tmRNA
appeared as the most represented one in both
RiboMinus- and DHPLC-related transcriptomes. The
Bacillus subtilis tmRNA is required for growth at high
temperature condition, beyond under cadmium and
ethanol in vitro exposure (Muto et al., 2000). Other
ncRNA relatively known and whose transcript was
detected only in the RiboMinus-treated sample is the
6C.1, which plays a role in dormancy in Streptomyces
coelicolor (Swiercz et al., 2008). In conclusion, although it
may seem that the RiboMinus performed slightly better
than DHPLC in maintaining ncRNA molecules in the pool
of RNAs subjected to sequencing, further evaluations are
necessary to better compare the efficiency of the two
depletion methods on this issue. We also speculate that
alternative fractions following the DHPLC treatment can
be tested on their content of ncRNAs or any other specific
group of RNAs.
De novo strategy for new transcripts screening
One key possibility arising from transcriptome assessments is the identification of non-predicted CDS in the
genome. Aiming to evaluate how our RiboMinus- and
DHPLC-depleted RNA-sequencing data perform to allow
© 2013 The Authors. Published by Society for Applied Microbiology and Blackwell Publishing Ltd.
An alternative methodology for rRNA depletion
5
Fig. 3. Classification of reads mapped
against the CDS of C. pseudotuberculosis
31, according to terms of Gene Ontology.
A. The identified transcripts were grouped
by the biological processes to which
their products are associated with. The
horizontal bars indicate the amounts of
grouped transcripts (genes) for each
category, considering transcriptome results
for both RiboMinus- and DHPLC-treated
samples. B. In a similar way as before, the
identified transcripts were sorted by their
association with different classes of
molecular functions.
the detection of new genes in C. pseudotuberculosis 31,
we assembled all reads that had not mapped against the
CDS from the reference genome into contigs (Table 2).
Despite observing a higher number of non-mapped reads
for the DHPLC sample, and a higher total of assembled
contigs in this case as well, the removal of redundant
sequences evidenced a larger amount of different contigs
for RiboMinus (3836 against 1247 for DHPLC) (Table 3).
One explanation for such inversion resides in the fact that
larger contigs could be generated for DHPLC, what is in
accordance with its greater N50 value (455 against 399
for RiboMinus).
Following redundancy removal, we found that 487
DHPLC assembled contigs and 3058 RiboMinus assembled ones presented no matches against CDS of C. pseudotuberculosis 31 (Table 3). These considerable amounts
of dissimilar sequences could be explained by intrinsic
sequencing errors, which have caused penalties to
matches under the criteria adopted by us (alignments
should be larger than or equal to 30 bp and present
© 2013 The Authors. Published by Society for Applied Microbiology and Blackwell Publishing Ltd.
6 T. L. P. Castro et al.
Table 1. Evaluation of ncRNAs present in C. pseudotuberculosis 31 by combining genomic with transcriptomic data.
Corresponding read counts (RNA-seq)
ncRNAs predicted
in the genome
Corresponding
strand
Rfam bits
score
Genomic stancea (bp)
RiboMinus-treated
sample
DHPLC-treated
sample
tmRNA.1
RNaseP_bact_a.1
cspA.1
msiK.1
Bacteria_small_SRP.1
mraW.1
6C.1
Cobalamin.2
Cobalamin.1
TPP.1
yybP-ykoY.1
+
+
+
+
+
+
+
-
136.29
250.04
55.15
54.15
55.35
48.99
32.18
72.55
74.77
57.38
40.90
605 717–606 098
1 601 151–1 601 563
231 046–231 384
398 399–398 458
149 269–149 361
1 528 518–1 528 622
223 511–223 577
724 215–724 451
924 216–924 412
793 275–793 405
1 362 468–1 362 614
1497
16
12
0
0
1
1
2
0
0
0
444
13
5
1
1
0
0
0
0
0
0
a. In reference to the whole-genome sequence of C. pseudotuberculosis 31 (NC_017730.1).
e-value lower than or equal to 1e-05). Furthermore, our
reference genome underwent automatic annotation
process based on previously annotated genomes from
other C. pseudotuberculosis strains, so it is plausible to
consider that a number of CDS may have not been annotated in strain 31.
To analyse the similarity of all unknown contigs to the
non-redundant nucleotide collection from the NCBI, we
decided to use more strict criteria: only matches of at least
100 bp and with e-value lower than or equal to 1e-05 were
considered. In spite of sequencing errors, which may
have hampered our analysis, we could identify 15 different genes that were not previously annotated in the
C. pseudotuberculosis 31 genome, six out of them related
to hypothetical proteins in other organisms and one of
unknown function (Table 4). Among the newly identified
features are various genes coding for surface-anchored
proteins, which participate in the bacterial pilli assembly
and belong in their majority to the Spa family. Predicted to
be present in the C. pseudotuberculosis ovis FRC41
strain, these proteins were proved to mediate, in
C. diphteriae and other pathogens, bacterial attachment
and colonization of host tissues (Gaspar and Ton-That,
2006; Trost et al., 2010). The remaining new transcripts,
exclusively identified for the DHPLC-depleted sample,
codify for anaerobic dehydrogenase and subunits alpha
and beta of nitrate reductase, enzyme which plays an
important role in the nitrogen assimilation (Richardson
et al., 2001).
With respect to these findings, we highlight that the
DHPLC depletion method associated with Ion Torrent
sequencing allowed us to successfully discover nonannotated genes in the genome of C. pseudotuberculosis
31, as occurred when RiboMinus was used. The next step
to be taken is to thoroughly analyse and correct all annotation errors, collaborating with upcoming studies regarding this organism.
In case the differences observed between the
RiboMinus- and DHPLC-treated samples are caused by
peculiarities of each depletion procedure, additional
transcriptome evaluations are necessary for indicating to
what extent these could alter the set of transcripts to be
sequenced. Recent improvements on Ion Torrent technology will certainly benefit such work, by providing larger
Table 2. Statistics concerning the use of Oases software in the de novo approach.
rRNA depletion
method
RiboMinus
DHPLC
Non-mapped
reads useda
85 600
150 090
Assembly
round
Total of contigs
assembled
N50 of the
contigs
Total base
pairs assembled
MergeK25
MergeK27
MergeK29
MergeK31
MergeK33
MergeK35
MergeK25
MergeK27
MergeK29
MergeK31
MergeK33
MergeK35
674
1 225
2 358
4 595
9 032
17 822
1 681
2 740
4 799
8 834
16 948
32 659
282
283
288
291
296
310
429
441
445
447
450
456
172 401
318 679
623 789
1 229 563
2 454 627
5 195 511
564 199
949 402
1 706 112
3 200 016
6 210 773
12 134 747
a. Reads which did not match against CDS from C. pseudotuberculosis 31 (query coverage < 60% and similarity < 70%).
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An alternative methodology for rRNA depletion
Table 3. Statistics for the de novo approach after removal of redundant contigs using the Simplifier software.
7
Experimental procedures
Bacterial strain, growth condition and preparation of
bacterial pellet
Non-redundant
contigs
(transcripts)
rRNA depletion method
RiboMinus
DHPLC
Total number
Total base pairs
N50
Longer
Smaller
With hitsa
Without hitsa
3 836
1 392 183
399
1 712
103
778 (407 620 bp)
3 058 (984 563 bp)
1 247
449 947
455
2 237
100
760 (295 852 bp)
487 (154 095 bp)
a. Alignments performed against CDS of C. psedutoberculosis 31.
Were considered negligible alignments < 30 bp with e-value
> 1e-0.5).
reads in a more efficient high-throughput way, and therefore minimizing the adverse effects caused by errors in
sequences. Still, we speculate that the DHPLC rRNA
depletion method could also be applied to the RNA-seq
analysis intended for differential expression purposes,
representing a cost-effective alternative for those groups
which have access to the required equipment, since the
expenses with depletion kits surely overcome those associated with the reagents for chromatography. On the other
hand, in cases where only restricted amounts of total RNA
are available, the DHPLC method is not likely to provide
sufficient material for downstream applications. In conclusion, this work outlines a new rRNA depletion strategy
which will be strongly considered to be applied in our
future works about the transcriptional activity of
C. pseudotuberculosis.
A Corynebacterium pseudotuberculosis equi strain, identified
as 31, was previously isolated from an infected buffalo in
Egypt and confirmed by biochemical and molecular methods.
This strain was regularly cultivated in Brain Heart Infusion
broth (BHI, HiMedia Laboratories) and stored at -80°C with
50% glycerol. For the transcriptional assessments, Tween 80
(Sigma-Aldrich) was added to the BHI medium at 0.05% to
avoid clumping of cells in suspension. The inoculated bacteria were grown at 37°C, 140 r.p.m., until the exponential
phase was reached (OD600nm = 0.4). For each culture, 20 ml
were centrifuged at 5000 r.p.m. for 5 min, and then 5 ml of
RNAlater® stabilizing reagent (Ambion) were added prior to
storing at -80°C.
RNA extraction from C. pseudotuberculosis C31
Stabilized bacteria were thawed on ice and then pelleted at
5000 r.p.m. for 5 min. Then they were suspended in RLT
buffer (Qiagen) and submitted to mechanical disruption,
using glass beads with 0.1 mm of diameter (VK01, Berthold
Technologies). Two homogenization cycles were performed
at 6500 r.p.m., 30 s each, with interval of 30 s between them,
in a Precellys®24 equipment (Bertin Technologies). The total
RNA was purified using RNeasy Mini kit (Qiagen), according
to the manufacturer’s recommendations. Optional on-column
DNase treatment was carried out with the RNase-Free
DNase set (Qiagen). The RNA was eluted from the purification column using RNase-free water, yielding at least 140 mg
according to the Qubit® Fluorometric Quantitation kit (Invitrogen). Additionally, the RNA integrity was checked by electrophoresis in 1% agarose gels, in an RNase-free environment
Table 4. New gene products found among the C. pseudotuberculosis 31 assembled transcripts.
Gene product
Number of
matching
contigsa
Average
size of
contigs (bp)
Hypothetical protein
20
1510
Hypothetical protein
31
1235
Hypothetical protein
Hypothetical protein
2
1
782
366
Hypothetical protein
2
1040
Conserved hypothetical protein
Unknown protein
spaF gene product
spaE gene product
spaY gene product
spaC gene product
Surface-anchored fimbrial protein
Anaerobic dehydrogenase
Nitrate reductase beta subunit
nitrate reductase alpha subunit
1
1
8
6
3
1
8
1
2
4
572
344
1732
880
642
958
958
332
554
651
Matching strain/product
Propionibacterium acnes HL053PA2
(HMPREF9565_01483 protein)
Propionibacterium acnes HL074PA1
(HMPREF9574_00607 protein)
Corynebacterium glutamicum R (cgr 1268 protein)
Bacteroides capillosus ATCC 29799
(BACCAP_03832 protein)
Collinsella aerofaciens ATCC 25986
(COLAER_01671 protein)
Lactobacillus jensenii JV-V16
Streptococcus suis 98HAH33
Corynebacterium pseudotuberculosis FRC41
Corynebacterium pseudotuberculosis FRC41
Corynebacterium pseudotuberculosis FRC41
Corynebacterium ulcerans 809
Corynebacterium ulcerans BR-AD22
Corynebacterium glutamicum ATCC 13032
Propionibacterium acnes HL074PA1
Corynebacterium diphtheriae HC04
a. Only matches ⱖ 100 bp with e-value ⱕ 1e-05 were considered.
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Depletion
method used
DHPLC/RiboMinus
RiboMinus
DHPLC
RiboMinus
RiboMinus
RiboMinus
RiboMinus
DHPLC
DHPLC
DHPLC
DHPLC
DHPLC
DHPLC
DHPLC
DHPLC
8
T. L. P. Castro et al.
(Sambrook and Russell, 2001). Total extracted RNAs were
stored at -80°C until use.
rRNA depletion
For the rRNA depletion through DHPLC, four subsamples of
20 mg of total RNA each, provenient from the same extraction, were separately injected into the WAVE® System 4500
equipment loaded with the RNASep™ Cartridge (Transgenomic®). This procedure was necessary to achieve, at the
end of the process, depleted RNA in sufficient amount for
subsequent assays (over than 200 ng). The chromatographic
process was carried out at fully denaturing condition (75°C).
The buffers A [0.1 M triethylammonium acetate (TEAA) at
pH 7.0] and B [0.1 M TEAA (at pH 7.0) containing 25%
acetonitrile] were used to elute samples at the flow rate of
0.9 ml min-1, under a gradient condition as described by
Azarani and Hecker (2001): 38% to 40% B in 1 min, 40% to
60% B in 15 min, 60% to 66% B in 6 min, 66% to 70% B in
0.5 min, 70% to 100% B in 0.5 min, kept at 100% B for 1 min,
100% to 38% B in 1 min, kept at 38% B for 2 min. The fraction
corresponding to rRNA-depleted sample was collected, and
then the subsamples were co-precipitated with sodium
acetate (3 M), ethanol and glycogen (20 mg ml-1). The RNA
pellets were dried and resuspended with RNase-free water.
The chromatograms were analysed using the Wave®
System’s Navigator™ software (Transgenomic®). For each
procedure of rRNA depletion through the RiboMinus™ Transcriptome Isolation Kit (Invitrogen), 6 mg of total RNA were
loaded and treated according to the manufacturer’s recommendations. Each RiboMinus-depleted sample, as occurred
for DHPLC, yielded over than 200 ng of RNA, according to
the Qubit® Fluorometric Quantitation kit (Invitrogen). All
depleted RNA samples were stored at -80°C prior to further
manipulations.
Quantitative RT-PCR analysis
Fifty nanograms of each RNA sample, submitted or not to
rRNA depletion procedures, were converted into cDNA using
the Affinity Script QPCR cDNA Synthesis Kit (Agilent Technologies), according to the manufacturer’s protocol. Reverse
transcription was conducted as the following steps: 5 min at
25°C, 5 min at 42°C, 15 min at 55°C, and 5 min at 95°C. For
the real-time PCR assays, we employed two distinct sets of
oligonucleotide primers. The first pair anneals to the 16S
rRNA-coding region in the genome of C. pseudotuberculosis,
promoting a 92 bp amplicon, and the second is complementary to the sigma factor A locus (sigA gene). Both pairs
provided amplification efficiencies greater than 0.95 under
the tested conditions. The reactions for relative quantification
were prepared as follows: 7.5 ml Brilliant SYBR® Green qPCR
reagent (Agilent Technologies), 0.375 ml ROX reference dye
(50¥ diluted), 1 ml forward primer (2 pmol), 1 ml reverse
primer (2 pmol), 2 ml template cDNA (10¥ diluted), and ultrapure water to final 15 ml volume. All amplifications were performed using the Applied Biosystems 7900HT Real-Time
PCR System supplied with the software SDS, version 2.4.
Dissociation curves were performed as follows: 95°C for 15 s,
60°C for 15 s, and 95°C for 15 s. For each of the four experimental replicates, the generated cycle-threshold values were
loaded into the REST 2009 software (Qiagen), and then the
16S rRNA levels were assessed in relation to the corresponding housekeeping sigA gene transcription levels, as
described by Pfaffl and colleagues (2002). In general lines,
the qRT-PCR assays were performed in accordance with
Bustin and colleagues (2009). Following the relative quantification, the mean and standard error values calculated for
the 16S rRNA were converted into percentages, which were
considered for all comparisons between the depletion
methods. The outcome data were plotted with the software
GraphPad Prism, version 5.0 (GraphPad Software, San
Diego, CA, USA).
RNA-sequencing
For RNA-sequencing, we started from a single total RNA
sample, which was subdivided and passed through two independent rRNA depletion procedures: one with the RiboMinus
kit and the other based on the DHPLC method. The cDNA
libraries were prepared using Ambion® RNA-Seq Library Construction Kit. Briefly, 200 ng of fresh depleted RNA were fragmented with RNase III. After clean up, specific adapters (Ion
adaptor mix, Life Technologies) were hybridized with 100 ng
of each sample. The reverse transcription was carried out
following the manufacturer’s recommendations, and the
resulting cDNA samples were purified. Only molecules with
more than 100 bp were selected using the Agencourt
AMPure® XP reagent (Beckman). After this stage, the cDNA
was amplified and then purified with PureLink® PCR Micro Kit
(Invitrogen). Quantification of amplified DNA samples was
performed with the Qubit® dsDNA HS Assay Kit (Invitrogen).
Subsequently, the IKA® Ultra-Turrax® Tube Drive system
was applied for an emulsion PCR, performed with reagents
from the Ion Template Reagents Kit and the Ion Template
Preparation Kit (Life Technologies). In brief, the DNA fragments were bonded onto spheres (Ion Sphere™ particles)
and then amplified. Following the amplification, the emulsion
was broken with successive washes (Ion Template Solutions
Kit, Life Technologies), and the spheres without template
were removed using the Dynabeads® MyOne™ Streptavidin
C1 Magnetic Beads (Invitrogen). The spheres-bonded amplified fragments were mixed with the Ion Torrent sequencing
primers and the sequencing polymerase enzyme, using the
Ion Sequencing Reagents Kit (Life Technologies). The resulting mixtures were loaded on the Ion 314™ Chip for sequencing with the Ion Torrent Personal Genome Machine™ (PGM)
(Life Technologies). All procedures adopted are in agreement
with what is recommended by the handbooks of Ion
Sequencing Reagent Kit and Ion Xpress™ Template Kit (Life
Technologies).
Bioinformatic analysis
The Ion Torrent-generated reads were trimmed and filtered
according to in-house bioinformatic scripts. Sequences presenting an average Phred quality score inferior to 15 were
eliminated by the Quality Assessment Software (Ramos
et al., 2011). The reference-based assessment relied on the
genome of C. pseudotuberculosis 31, obtained from the
NCBI (NC_017730.1); and alignments which covered at least
60% of query sequences and achieved 70% or more of
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An alternative methodology for rRNA depletion
similarity with annotated CDS were considered for our analysis. To categorize the gene products into biological processes
and molecular functions, the transcripts were processed with
the Blast2GO software (Conesa et al., 2005). The outcome
data were plotted using GraphPad Prism.
With respect to the ncRNAs identification, genomes
RefSeq of the CMNR group members were obtained from the
NCBI, and then a local database was built for predictions with
the GeneMark software (Lukashin and Borodovsky, 1998).
Subsequently, the Rfam software (http://rfam.sanger.ac.uk/)
was used for prediction of ncRNAs. The identification of transcribed ncRNAs was performed as described for the
reference-based assessment.
For the de novo strategy, we used all non-mapped reads
from the reference-based analysis on the Velvet assembler
(Zerbino and Birney, 2008) combined with the Oases software (Schulz et al., 2012). In brief, initial assemblies with
different k-mers (25, 27, 29, 31, 33 and 35) were generated
with Velvet. Subsequently, the transcripts obtained in each
assembly were added into a single file, which was then submitted to new assemblies with Oases (k-mers 25–35). All
assembled contigs for each rRNA depletion method were
combined into a single multifasta file, and then undesired
redundancies were removed by the Simplifier software
(Ramos et al., 2012). The resulting contigs were blasted
against the CDS of C. pseudotuberculosis 31, and were considered negligible alignments of less than 30 bp and which
presented e-value greater than 1e-05. The dissimilar transcripts were then selected and blasted against the NCBI
non-redundant nucleotide collection, and were considered
new genes the hits covering 100 bp or more of queries and
presenting e-value lower than or equal to 1e-05.
Acknowledgements
We thank Salah Abdel Karim Selim and Mohamed Salah
Moawad (University of Cairo) for providing the C. pseudotuberculosis 31 strain.
Conflict of interest
None declared.
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Estudo dos reguladores sigma alternativos de - ICB