PAX CHRISTI – SECÇÃO PORTUGUESA
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Folha Informativa – O Muro / Barreira de Separação
Histórias
Faheema Saleem tem 11 filhos e um marido deficiente. A sua família é agora uma das mais
pobres da aldeia porque uma grande parte das suas terras foram confiscadas e destruídas pelos
trabalhadores da construção israelitas que as “limparam” para construir o muro. “A nossa terra
está para lá do muro”, explica ela.
“Tínhamos dois celeiros, dois hectares de terra irrigada, um grande olival e terra de pastagem.
Agora temos isto,” aponta para uma pequena horta na frente da sua casa, “e 13 oliveiras.”
Faheema vive na aldeia de Jayyous.
(Divide and Destroy, website da Christian Aid, Dezembro de 2003)
A construção do muro continua no nosso bairro onde a vida parece ter parado. A estrada para
a nossa casa está deserta, vazia de todos os estudantes que costumavam passar por aqui,
mesmo por detrás do muro. Não sabemos o que se passa do outro lado. Agora, as únicas
pessoas que vemos são os militares e as poucas famílias que vivem perto de nós na encosta.
As visitas das famílias e amigos dos nossos idosos estão a tornar-se cada vez mais raras.
Alguns não podem passar nos postos de controlo... Já estamos a ter problemas para tratar dos
idosos e gerir a nossa casa. Como será quando as diferentes secções do muro que já estão
construídas forem ligadas entre si?
(Comunidade das Filhas da Senhora das Lamentações, Jerusalém, Fevereiro de 2004)
Citação
“A vedação anti-terrorista está a ser erguida com o único propósito de proteger os israelitas do
terrorismo palestino. O princípio que presidiu ao planeamento do trajecto da vedação é o de
proteger o máximo de israelitas possível e simultaneamente deixar o mínimo de palestinos do
lado ocidental da vedação. Este trajecto foi definido de acordo com critérios de segurança bem
como factores topográficos locais.”
(A Vedação Anti-Terrorista – Resumos, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Embaixada de Israel, Reino
Unido)
Contexto
Porque construir um muro?
Desde Setembro de 2000 tem havido uma escalada da violência em Israel/Palestina.
Bombistas suicidas palestinianos que entram nas cidades e centros Israelitas, contra-ataques e
incursões das Forças Militares Israelitas nas cidades Palestinianas. Em Março de 2004 já
tinham sido mortos 824 Israelitas e 3.379 Palestinos. Cada vez mais Israelitas pediam uma
completa separação física dos Palestinos. O Governo de Israel, por seu turno, declara que este
impedirá ataques terroristas.
Em Junho de 2002 Israel começou a construção daquilo a que chama “uma vedação antiterrorista” e outros chamam “O Muro” ou “Barreira de Separação”. Pensou-se que esta
vedação ou muro seguisse a “Linha Verde” ou seja, a fronteira estabelecida em 1967 e que
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marca a divisão entre a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Israel. O objectivo declarado do
projecto é o de impedir os Palestinianos de passar clandestinamente da Cisjordânia para Israel.
No entanto grande parte da barreira de separação está a ser construída em território Palestino,
dentro da Cisjordânia de modo a incluir as colónias Israelitas.
O que é o Muro?
•
A sua forma é variável. Em algumas zonas é uma vedação electrificada, equipada com
detectores de movimento. Noutras é uma parede de betão com 8 metros de altura e torres
de vigia colocadas espaçadas em todo o seu comprimento. Ao longo da vedação,
independentemente da sua forma, há “zonas de ninguém” com 30 a 100 metros de largura,
para permitir a instalação de vedações eléctricas, trincheiras, arame farpado e estradas para
as patrulhas de segurança.
•
Está a ser construído desde o Noroeste até Sudoeste da Cisjordânia. Espera-se que atinja
700 Km de comprimento. Até agora foram construídos 150 Km.
•
As partes já existentes da vedação/muro entram nas áreas palestinianas em vez de
seguirem a Linha Verde. Em alguns locais está a ser construído 6 km para dentro desta
Linha.
Impacto Humano e económico
•
As Nações Unidas publicaram um relatório em Setembro de 2003 declarando que o muro
é ilegal, “um acto ilegal de anexação”. Avisaram que cerca de 120.000 palestinianos que
vivem nas zonas entre o muro e Israel ficariam separados dos serviços sociais, das escolas e
dos seus locais de trabalho. Israel considerou o relatório como politizado e tendencioso.
•
Com a construção do muro, um número cada vez maior de Palestinos estão confinados
em enclaves e separados das suas terras de cultivo. As passagens indicadas, guardadas
como postos de controlo, estão frequentemente fechadas ao sabor da vontade dos militares.
Qualquilya: uma cidade ou uma prisão?
•
Terra de 40.000 Palestinianos, Qualquilya está completamente cercada por uma parede
de betão de 8 metros de altura com um único posto de controlo para entrar e sair da cidade.
O muro foi construído para proteger e anexar colónias a nordeste e sudeste da cidade.
•
Qualquilya está rodeada de aldeias – com aproximadamente 20.000 Palestinianos - que se
encontram agora isolados da sua cidade. Uma população total de 60.000 pessoas foi
confinada num território idêntico em área ao de 3.000 Israelitas da colónia de Alfe
Menashe na proximidade.
•
Não há lugar para o crescimento urbano natural. 85% da economia local estagnou. Mais
de 700 comércios – de um total de 1.200 – fecharam e entre 6.000 a 8.000 residentes já
abandonaram a cidade. 15% do território urbano e 50% de terra de cultivo foram
absorvidos pelo muro. Poderão vir a ser destruídas mais habitações e terras se as Forças
Militares Israelitas criarem a “terra de ninguém” (zona de segurança) com 60 a 100 metros
de largura.
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Citações
“A Terra Santa não precisa de muros mas sim de pontes! Sem uma reconciliação dos espíritos,
não haverá paz. Que os responsáveis tenham a coragem de voltar ao diálogo e às negociações,
abrindo assim o caminho para construir um Médio Oriente reconciliado na justiça e na paz”.
(Papa João Paulo II, Novembro de 2003)
“Os problemas que afectam a vida quotidiana da população palestiniana demonstram
claramente que este (o muro) vai contra a obrigação que, de acordo com a lei internacional,
Israel tem de assegurar um tratamento humano e o bem-estar da população que vive sob a sua
ocupação na Palestina. O Comité Internacional da Cruz Vermelha apela ao Estado de Israel
para não planear, construir ou manter esta barreira nos territórios ocupados.” (Declaração do
Comité Internacional da Cruz Vermelha, 18 de Fevereiro de 2004)
Reflexão
...O Senhor acabará com o seu orgulho e todos os seus actos malvados. As altas muralhas de
Moabe serão demolidas e feitas em pó. Isaías 25, 11-12
Não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos são um
em Cristo Jesus.
E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa. Gálatas
3, 28-29
13
Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que outrora estavam longe, foram aproximados
mediante o sangue de Cristo.
14
Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade,
15
anulando em seu corpo a lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O seu objectivo era
criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz,
16
e reconciliar com Deus os dois num só corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a
inimizade. Efésios, 2, 14-16
Oração
Abençoados os criadores da paz,
aqueles que constróem estradas que unem
e não muros que dividem,
aqueles que abençoam o mundo
com o poder reconciliador da sua presença.
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