Revista Filosófica de Coimbra
Publicação semestral
Vol. 13 • N.° 25 • Março de 2004
Artigos
Miguel Baptista Pereira - Para uma Filosofia do Símbolo ..........
3
Amândio Coxito - O que Significam as Palavras ? O Curso Conimbricense no Contexto da Semiótica Medieval .. ..........................
3 1
Alexandre Sá - Um olhar teológico -político sobre o liberalismo
político contemporâneo .................................................................
63
Pedro M. Gonçalo Parcerias - Heterogeneidade e afirmação do
ente: Duns escoto e a estrutura da ontologia ...........................
95
Anne Schippling - O "não-idêntico" da ideia de razão de Theodor
W. Adorno e a resultante possibilidade de unia filosofia fértil
para a pós-modernidade ..............................................................
129
Estudos
José Reis - O tempo em Husserl ........ .............................................
141
Notícias ...............................................................................................
271
Recensões ............................................................................................
287
VIII SIMPÓSIO DA SOCIEDADE: IBERO - AMERICANA
DE FILOSOFIA POLÍTICA:
A política na era ela globalização
(Universidade de Valparaíso , Chile, 12- 14 de Novembro de 2003)
O VIII Simpósio da Associação Ibero-americana de Filosofia Política decorreu
nas instalações da Faculdade de Direito da Universidade de Valparaíso (Chile),
entre os dias 12 e 14 de Novembro de 2003. O seu tema geral foi: La política en
la era de la globalización. Com este tema, a organização propunha-se, antes de
mais, estreitar as relações entre investigadores na área da filosofia política provenientes de Espanha, de Portugal e dos países da América Hispânica, sugerindo-lhes
que aproveitassem a enorme diversidade das suas especialidades e os diferentes
contextos da sua formação de base para a abordagem daquele que é um dos temas
mais actuais e controversos que anima uma reflexão filosófica sobre a política.
No Simpósio, que se estendeu ao longo de três dias - de 12 a 14 de Novembro
de 2003 -, os participantes distribuíram-se por oitos Mesas distintas, cujos trabalhos decorreram paralelamente. Dir-se-ia que os temas escolhidos para cada Mesa
obedeceram à tentativa de abordagem da questão da globalização a partir de unia
tripla perspectiva. Em primeira lugar, procurou-se abordar a globalização no
contexto daquilo a que se poderia chamar os temas fundamentais da filosofia
política. Foi neste sentido que decorreram os trabalhos da Mesa 1, subordinada ao
tema "Ética, Política e Direito" e coordenada por Juán Ornar Cofre, assim como
os da Mesa 3, intitulada "Cidadania e Reconhecimento" e coordenada por Carlos
Pena. Uma segunda perspectiva para a abordagem do tema da globalização consistiu na sua consideração à luz das transformações que caracterizam especificamente
a nossa situação política actual. Foi na perspectiva desta abordagem que
decorreram os temas da Mesa 2, intitulada "A despolitização da vida civil" e
coordenada por Fernando Longas, da Mesa 4, intitulada "As tensões entre identidade e globalização" e coordenada por Tomás Pérez e Acílio Estanqueiro da
Rocha, e da Mesa 7, intitulada "Globalização, conflito e resistência" e coordenada
por Guillermo Hoyos Vasquéz e Oscar Mejía Quintana. Finalmente, em terceiro
lugar, impunha-se o tratamento do tema da globalização em referência às
características próprias das actuais sociedades ocidentais - como é o caso, por
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exemplo, da sua constituição multicultural -, confrontando a reflexão sobre a
globalização com a necessidade de repensar as relações que se estabelecem entre
a sociedade civil e o Estado, ou com a necessidade de indagar a eficácia de teorias
neo-contratualistas na estruturação das nossas sociedades actuais. Assim, a Mesa
5, coordenada por Hugo Quiroga, Luzia Hermann de Oliveira e Bernat Riutort
Serra, dedicou-se ao tema "A legitimidade democrática na era da globalização";
a Mesa 6, coordenada por Francisco Colón González, teve como tema "Justiça
intercultural "; e a Mesa 8, coordenada por José María Hernández e Jesús Rodríguez, decorreu sob o título: "Passado e futuro do contratualismo: Ene direcção a
um novo horizonte do contrato social?".
No final de cada dia, os trabalhos foram encerrados por uma sessão plenária.
No dia 12 de Novembro, teve lugar a conferência plenária do Prof. Doutor Humberto Giannini, sob o título Ciudadania v inundo. Partindo do conceito heideggeriano de ser- no-mundo, a conferência procurou abordar as consequências que para
o tema da cidadania tem a concepção do homem como já sempre situado, como
já sempre lançado no mundo, e não como uni su jeito desvinculado da sua situação
própria. A segunda conferência plenária, que teve lugar a 13 de Novembro, ficou
entregue ao Prof. Doutor Ernesto Gárzon Valdês e foi intitulada Globali„ación v
dennocracia. Nesta conferência, procurou-se indagar da possibilidade de estabelecer uma analogia entre a relação entre o indivíduo e o Estado, por uni lado, e
entre o Estado e uma organização internacional de Estados, por outro. A partir
desta questão, a conferência procurou apresentar argumentos que justifiquem a
defesa da impossibilidade do estabelecimento de uma tal analogia. Finalmente, no
dia 14 de Novembro, a terceira e última conferência plenária foi proferida pela
Prof. Doutora Carla Cordua e intitulada Globali;ación v Planeta Tierra. Partindo
do conceito heideggeriano de "terra", na sua íntima relação com o "mundo",
procurou -se considerar o modo como o homem habita o mundo a partir do contexto da globalização, abordando a relação entre o homem e a terra sob uma situação marcada sobretudo por uma mobilização técnica de alcance planetário.
Para além de ter alcançado plenamente os seus objectivos, proporcionando um
debate intenso e muito participado acerca dos temas que se propôs tratar, o Simpósio beneficiou também da boa organização que lhe proporcionou a Universidade
de Valparaíso. Como testemunho desta boa organização está não apenas o cumprimento rigoroso do programa, mas também a pronta publicação das Actas, disponíveis já numa edição em CD-Rom.
Alexandre Franco de Sá
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RECENSÕES
Miguel Real , Eduardo Lourenço - Os Anos de Formação, INCM, Lisboa,
2003.
O Essencial sobre Eduardo Lourenço, INCM, Lisboa, 2003.
1. E sempre complicado escrever sobre pessoas que conhecemos e estimamos, ou
melhor, sobre a sua obra. Situações de «proximidade crítica», para citar Boaventura Sousa
Santos em Pela Mão de Alice, estas referências entusiásticas e reticentes sobre Eduardo
Lourenço - os Anos da Formação (1945-1958) de Miguel Real não deixam por isso de ser
natural continuação de um diálogo desde o início crítico, iniciado com a leitura de Portugal
- Ser e Representação (Difel, 1998). «Diálogo» não é aqui palavra descabida e nele Eduardo
Lourenço tem sido personagem central. Não como um ponto de equilíbrio comum sobre
aspectos centrais da importância cultural de Eduardo Lourenço, que alcançámos nuns texto
coassinado para um colóquio sobre Sérgio (Universidade Católica do Porto, 2003, a publicar
pela INCM nas Actas do encontro), este livro, originalmente tese de mestrado do autor,
define uma posição própria sobre Eduardo Lourenço que Miguel Real tem construído nos
últimos anos e em que, neste momento, ainda trabalha. Aspectos parciais dessa imagem são
já conhecidos: além do que se lê em Portugal - Ser e Representação, também é regular a
sua intervenção no Jornal de Letras e em publicações académicas (cl., p. ex., Metacrítica,
n°2, sobre a questão política em Lourenço, e a actualização online da mesma revista cm
Junho, cf. www. ulusofona.pt, com uma visão de conjunto da sua Obra). Com este livro
sobre os anos de formação de E. Lourenço é o horizonte de compreensão da leitura de
Miguel Real que nos é dado.
2. Ao contrário do que é hábito, dada a cooptação de Eduardo Lourenço pelos Estudos
Literários portugueses desde a década de 1960, não é como crítico e teórico da nossa
Literatura que o agora octogenário autor de Heterodoxia é analisado, pelo menos em
primeira instância . Ainda que reconhecendo a iniciação nas Letras de Lourenço por via da
sua actividade como crítico literário, Miguel Real enfatiza como a originalidade dessa
intervenção - dita heterodoxa e simbolizada por Migdar - provém da sua fundamentação
filosófica. E não do mesmo modo como tal se poderia afirmar de um Adolfo Casais
Monteiro, também ele formado em Filosofia para dela partir, pois aqui trata-se de urna
fundamentação em plena acepção formativa: é a relação de Eduardo Lourenço com a
História da Filosofia que o conduz à centralidade da Literatura na cultura portuguesa. De
novo, não pela via de uma alegada natureza não-filosófica nacional, mas pela via da análise
cultural que viu o diálogo que nos faltava, diálogo com a Europa, e que percebeu nessa
nossa singularidade há quatro séculos crepuscular um entorse decisivo na nossa forma
mentis (para usar um termo do livro de 1998 de Miguel Real). Desse diálogo em falta
discutido em Heterodoxia 1 e repensado logo em 1951 em páginas de Unicórnio, como
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Miguel Real cuidadosamente analisa e contextualiza com um acervo de outros textos (entre
os quais os da Revista Filosófica de Coimbra mais tarde incluídos em Heterodoxia II),
surgiu a vinculação da Literatura contemporânea (tnaxime, Modernismo) à Filosofia
existencialista. Não foi coincidência, antes a mesma função expressiva, em meados do
século XX, da morte de Deus e do declínio da forma mais duradoura de Tradição (a
religiosa) sob a influência da Modernidade.
Justamente a imagem da Modernidade no pensamento do jovem Eduardo Lourenço (e
do actual, a meu ver) é não só a fonte da sua bem-aventurança junto dos Estudos Literários
como do seu alheamento da Filosofia. Como é sensato, a modernidade não é pensada como
um processo homogéneo e coerente, mas como contraditório e incerto (e diga-se que desde
o Positivismo assim sc é vista - e mesmo o Positivismo não deve ser reduzido às suas leis
estáticas). Mas a sua percepção como fatalidade, como destino e não como condição (a
associação do moderno ao trágico Antigo, como se a Liberdade de Antigos e Modernos
fosse a mesma é disso sinal), e a linguagem sempre religiosa com que Lourenço pensa as
suas imagens de cultura muito antes até de falar em «imagologia », redundam num discurso
funcionalmente mais próximo de uma teologia (negativa, talvez acrescentasse o autor da
tese da Presença como contra-revolução) do que de uma Filosofia. Ora é esta sensibilidade,
esta estética de tipo místico que dá como análise aquilo que são sugestões, que ressalta como
mais problemático no estudo do seu pensamento (e não só do da juventude, veja-se a gradual
remoção da sociologia das suas referências, usual ainda na década de 1960). Mesmo se essa
estética foi a chave de um sucesso intelectual único em Portugal.
3. Neste ponto, como é evidente, estamos já a falar da Obra de Eduardo Lourenço e
não da sua análise por Miguel Real. Uma virtude de Os Anos de Formação é a capacidade
com que Miguel Real esclarece cada texto em concreto e as relações entre todos eles. Como
não quero criticar o que o livro não é (uma crítica a Eduardo Lourenço) mas sim o que o
livro é (como pretende, uma exposição da formação intelectual de E. Lourenço), cinjo-me
ao que é comprovável no texto: esta é a primeira, e provavelmente a derradeira por muito
tempo, análise filosófica de Eduardo Lourenço e, nisso, constitui elemento precioso para
o resgate cultural do seu pensamento hoje erigido em doutrina literária e não em prática
crítica. Entenda-se: não se trata de um filósofo, ele que abdicou, por força da sua
interpretação da História da Filosofia, de o ser. Trata-se de alguém que elaborou, e não só
nestes anos de formação, um discurso sobre Portugal, a sua História e a sua identidade
cultural, de um modo singular, de tipo inatrios/ika - um trânsito entre o quotidiano (a
experiência histórica) e o imaginário (a mitologia identitária) sem mediação lógica (teórica),
antes insistindo na alogicidade e na descontinuidade desse trânsito como chave para o
compreender (a primeira epígrafe da Parte 11 do livro de Miguel Real sintetiza bem o que
dizemos). Que o tenha feito sobretudo a partir da década de 1960. quando o cesurismo
cultural (noção de Hermínio Martins aqui pertinente) começou a ser visível não apenas na
Academia, explica em parte o seu sucesso num país como Portugal. em que a Universidade,
desde essa década, supriu várias carências sociais e gerou a massa crítica de um Espaço
Público moderno como nunca o tínhamos tido. Por isso, por maiores que sejam as reservas
que, de um ponto de vista filosófico, se possa ter às associações de leibnizianismo e
hegelianismo ou à concepção da Modernidade como processo de plenitude ateística (numa
argumentação a nosso ver contraditória), elas não podem ser matéria para reservas ao
trabalho de Miguel Real mas ao de Eduardo Lourenço, aqui detidamente exposto.
4. Este ponto é relevante por a Obra de Eduardo Lourenço ser habitualmente vítima
de leituras atrozes (como o próprio recentemente se queixou, cf. a sua intervenção em
Crespo Andrade, org., Revistas, Doutrinas e Ideias, Livros Horizonte, 2003). E, tal como
a Obra de Lourenço é aqui descrita e analisada mas não criticada, também tais leituras não
são aqui contestadas. Mas se essas leituras atrozes são as mais numerosas, e se este trabalho
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se enquadra num outro registo, o da exposição especializada, parece inevitável que o
prosseguimento do trabalho sobre a Obra de Eduardo Lourenço, que Miguel Real empreende hoje, se encaminhe para o registo crítico que lhe conhecemos de trabalhos como
o de 1998 e A Geração de 90 (Campo das Letras, 2001), Isto porque a natureza polémica
da intervenção crítica de Eduardo Lourenço, incidindo sobre os maiores nomes da cultura
portuguesa (Sérgio, Pessoa, Régio, Gaspar Simões, neo-realismo, grupo da Filosofia Portuguesa) é por natureza gerador de problemas teóricos que não se deixam elidir pela actual
aclamação generalizada . Mesmo nos casos em que a proximidade de posições foi frequente
(pense-se em Sena, em Casais Monteiro, em Eduardo Prado Coelho) nunca Eduardo Lourenço se eximiu a marcar a sua distância e a sua diferença e, assim, também a descrição
da sua Obra tenderá a enveredar por uma discussão não só de uma visão da cultura
portuguesa mas pela discussão da própria actividade cultural em causa. E, de facto, não se
vê ninguém em melhor posição para o fazer do que Miguel Real.
5. Quem duvide do que acima se escreve pode avaliar por si - e não apenas em Os Anos
da Formação. Sem espanto , a Imprensa Nacional solicitou a Miguel Real que escrevesse
O Essencial sobre Eduardo Lourenço (INCM, 2003) e a própria estruturação do trabalho
(que parte do filosófico para o literário e, deste, passa a incidir sobre a historiografia cultural
portuguesa em particular face à Europa) atesta o que afirmamos. Hesitando quanto à
designação a dar a Lourenço (sábio ou pensador? A flutuação dos termos na Introdução
deriva de uma distinção entre «crítico» e «teórico» a nosso ver improfícua, mas isso é outra
questão ), Miguel Real nota como a sua afirmação como autor original se deveu à revisão
da história da literatura portuguesa do século XX mas que isso foi apenas um passo no
ensaio de análise cultural mais amplo, que se estende desde a Pintura à Política, dos mass
media ao «benfiquismo nacional» . Que tal passo tenha sido dado ao conferir uma teoria
filosófica ( a célebre «aventura ontológica negativa») que travejou a afirmação académica
da «nova crítica» na década de 1960 e estabeleceu o actual cânone literário sobre os
pretendentes anteriores (tanto o da Universidade conservadora como o do Presencismo e
o do neo-realismo ), é apenas sinal da centralidade da Obra de Eduardo Lourenço na história
das ideias, e mesmo das instituições, do século XX português. Mais uma razão para se
seguir com atenção a investigação de Miguel Real.
Carlos Leone
(BD/FCT e Univ. Lusófona)
WIERCINSKI, Andrzej, (Editor) Between Suspicion and Svmpathv. Paril
Ricoeur's Unstable Equilibrium, ed. The Hermeneutic Press, Toronto,
2003. (731 pp.)
No ano do nonagésimo aniversário daquele que é também o seu mais ilustre membro,
em boa hora empreendeu o International Institute for Hermeneutics de Toronto, pela mão
do Prof. A. Wiercinski, a publicação da obra que aqui se apresenta, justa homenagem a um
dos maiores, senão o maior, filósofo vivo. Após dois textos introdutórios da autoria do
editor, breves mas úteis viagens pelas principais obras e temas da hermenêutica de Ricoeur,
bem como pelos principais momentos dos próprios textos incluídos no volume, a obra
organiza-se ao longo de cinco secções. Cada uma dessas secções agrupa um conjunto de
ensaios em redor de um horizonte identificável no trabalho de Ricoeur: as influências e as
leituras críticas; a hermenêutica da identidade; a hermenêutica do testemunho; o signo, o
símbolo, a metáfora e a narrativa; a filosofia social e política.
A primeira secção inclui onze trabalhos que procuram analisar a hermenêutica
ricoeuriana à luz dos fios das heranças da hermenêutica romântica, da fenomenologia
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husserliana , da hermenêutica de Heidegger e Gadamer, da influência de K. Jaspers e Gabriel
Marcel , bem como da herança da filosofia reflexiva francesa. Neste sentido , sublinhando
a dificuldade de uma leitura unitária da obra de Ricoeur, mas assumindo a procura de uma
unidade possível como via de acesso à respectiva compreensão , Domenico Jervolino
apresenta um texto organizado em redor do tema do homem capaz ( p. 3 e ss ). Segue-se a
proposta de Olivier Abel apresentada ao longo das categorias de interpretação, distancioção,
narração , poética e círculo hermenêutico ( p. 11 e ss ) e a de Lorenzo Altieri que elege o tema
da "ontologia incompleta" de Ricoeur ( p. 22 e ss ) como nuclear. A estes trabalhos se poderia
juntar a meditação de Cezary Wodziriski sobre o mal (p. 143 e ss ) e a sua escandalosa
capacidade para provocar o pensar. Os restantes ensaios incluídos nesta divisão da obra
procuram , de modo explícito , iluminar o diálogo entre Ricocur e aqueles com os quais
fortaleceu o seu pensamento . Assim , propõe-se Agata Biclik-Robson , num trabalho
intitulado Hernteneutics as Via Negativa : Paul Ricoeur and the Romantics, avaliar a
influência da hermenêutica romântica sobre a hermenêutica ricoeuriana . Segue-se-lhe a
contribuição de James Di Censo que analisa o modo de apropriação crítica da é tica de Kant
em Soi-niême contate un autre, obra que tem , defende, "uma das suas mais fortes linhas de
pensamento (...) erigida em redor da reconstrução da ética kantiana" ( p. 67). Peter Kemp,
por seu lado , apresenta-nos uma reflexão com o título Memora' and Oblivion : Reshaping
Bergson According to Paul Ricoeu, cujo escopo é enunciado nos seguintes termos : " poucos
filósofos analisaram tão profundamente o fenómeno [ da memória humana ] como Bergson,
e nenhum outro filósofo poderia alimentar melhor uma nova teoria da memória " ( p. 80),
nomeadamente , aquela que Ricoeur se propõe situar no espaço de impensado aberto pela
ligação da experiência temporal à operação narrativa . Este trabalho de análise da linhagem
filosófica de Ricoeur motiva igualmente a reflexão de Boyd Blundell que, em Creatire
Fidelih': Gabriel Marcel 's Influente on Paul Ricoeur, procura recuperar a figura
injustamente esquecida do "grande mentor de Ricoeur ", para o revelar como " influência
profunda que talvez nos permita compreender melhor o movimento itinerante de Ricoeur
por entre as versões reflexiva , fenomenológica e hermenêutica da sua filosofia " ( p. 89).
Markus Enders escreve sobre concepções de verdade em Ricoeur e K. Jaspers ( p. 103 e ss),
construindo um estudo comparado que evocará nos leitores de Ricoeur a influência do
mestre alemão , primeiro acolhido através de um texto de Marcel (Situation fondamentale
et situation limite chez K. Jaspers) e meditado , depois, profundamente com M . Dufrenne
(Karl Jaspers et Ia philosophie de l'existence ), na situação - limite dos campos de
prisioneiros da Pomerânia Oriental ( não esquecemos , naturalmente , o texto de 1948 Gabriel
Marcel et Karl Jaspers . Philosophie du mvstère et philosophie du paradoxe ). Stefen Orth
apresenta - nos um trabalho - From Freedom to God? The lmpact of Jean Nabert 's Philosophy of Religion on Paul Ricoeur ( p. 120 e ss) - dedicado à influência da filosofia reflexiva
francesa ( onde se entrecruza a herança do espiritualismo francês ) de cujo espaço Ricoeur
se reclamará . O horizonte de uma teia de leituras que engloba os nomes de Descartes, Maine
de Biran, Boutroux , Ravaisson , Lachelier, Lagneau, J. Nabert, entre outros poderia ser aqui
invocado, no entanto, o artigo em questão não se propõe seguir os fios dessas influências,
mas tão só acompanhar em particular a importância de J. Nabert nos momentos em que
Ricoeur procura "combinar a reflexão sobre o homem com a hermenêutica bíblica, sem
negligenciar a diferença entre argumentação filosófica e teológica" ( p. 130). Falta-nos
apenas referir, nesta secção , o ensaio de Paul Fairfield sobre Hans-Georg Gadamer, Paul
Ricoeur and Practical Judgement ( p. 131 e ss ), trabalho que se propõe cruzar a interpretação
gadameriana da phronesis aristotélica com o cunho fenomenológico do pensamento de
Ricoeur, enquanto este permanece visível nas suas concepções do acto de julgar, na sua ética
e na sua hermenêutica da suspeita.
A segunda secção da obra é dedicada à hermenêutica da identidade . Em Ricoeur, este
tema alicerça - se numa ideia de identidade pessoal entendida em termos de identidade
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narrativa, o que impõe à reflexão a necessidade de pensar a identidade como questão do
mesmo e do diferente. A questão do si é, neste sentido, em grande parte a questão do outro,
melhor, a questão de uma alteridade de que não posso dispor mas me faz numa relação de
máxima proximidade. Dão configuração ao horizonte desta problemática cinco artigos
assinados por Richard Kearney, Mark I. Wallace, Henry Venema, Peter Welsen e HansHelmuth Gander. As propostas de análise aproximam-se em vários pontos. Assim, a
perspectiva de Kearney sobre uma "hermenêutica diacrítica" reveladora da "consciência"
ética (p. 160) que proclama os limites da clausura do ego-cogito, encontra-se com a tese
de Wallace, segundo a qual "Ricoeur media com sucesso no seu pensamento ético a
dialéctica entre auto-estima e solidariedade pelos outros" (p. 161); a este encontro se
poderia juntar com proveito tanto o estudo sobre o tema da responsabilidade que Wenema
introduz a partir de um diálogo entre Ricoeur e Derrida (p. 172 e ss), como a perspectiva
enriquecedora do artigo de Gander sobre o tema da amizade em Platão (p. 203 e ss), ou
ainda as teses de Welsen (p. 192 e ss) que aborda o tema da identidade partindo da relação
entre "mesmidade" e "ipseidade", passando pelas perspectivas de Parfit e respectiva opinião
de Ricoeur, para terminar com uma referência - breve - à questão da identidade narrativa.
A terceira secção recebeu como título The Hermeneutics of Testimonv: Hearing the
Message. Como objecto de análise comum ao conjunto das contribuições aqui recolhidas,
podemos identificar as zonas de fronteira que bordejam o esforço filosófico e a religião, a
hermenêutica filosófica e a hermenêutica teológica. No seu trabalho intitulado Critique and
Conviction: Paul Ricoeur's Philosophy of Religion, Francesca Brezi propõe-se analisar as
três fases que, no pensamento de Ricoeur, assume a reflexão sobre Deus (p. 224): a fase
do "embargo a Deus", sob a influência de Karl Barth; a fase do "armistício"; e, finalmente,
a fase de regresso e aceitação das suas próprias exigências filosóficas mais profundas,
exigências que se cruzam com preocupações de fronteira entre filosofia e fé. Seguem-se os
textos da autoria de Jan Sochofi e Gerhard Ludwig Müller, que se propõem analisar dois
temas delicados: aquele procura em Ricoeur os elementos que permitam pensar
hermeneuticamente uma teodiceia (p. 231); este indaga da possibilidade de pensar uma nova
antropologia que tenha como base também a hermenêutica teológica (p. 234). Nesta secção
são ainda tratados os temas do mal, da generosidade, do testemunho, da revelação, ou da
empatia , num esforço que se pode dizer conjunto para pensar , em (ou com) Ricoeur, a
"coexistência criativa" (p. XV) - assente numa separação mantida por uma rigorosa divisão
metodológica - entre pensamento filosófico e teológico. Por aprofundar perspectivas ainda
pouco exploradas do pensamento de Ricoeur e por permitir uma abordagem multívoca à
meditação filosófica de um "intelectual cristão" (p. XXVI) esta secção encontra-se talvez
entre as mais interessantes , mas seguramente entre as mais polémicas.
As categorias de signo, símbolo, metáfora e narrativa dão título à quarta secção da
obra. Os dois primeiros artigos aqui apresentados são da autoria de Patrick Bourgeois
(p. 333 e ss) e Leonard Lawlor (p. 351 e ss) e procuram situar as referidas categorias no
contexto do diálogo, no mínimo difícil, entre a dimensão propriamente hermenêutica da
interpretação e a dimensão desconstrutivista da leitura textual (p. XIII). O primeiro deste
dois autores procura, seguindo as propostas de Ricoeur, esclarecer o percurso de uma
hermenêutica dos símbolos através da dimensão metáforica da linguagem e de uma nova
hermenêutica dos textos que se sabe incrustada no tempo; o segundo aponta como via de
acesso à relação supra enunciada o tema da criatividade e, através dele, o da alteridade radical que também é a do texto. Segue-se um trabalho de Michal Markowski - The Two Faces
of the Logos: Michel Foulcault, Paul Ricoeur and lhe Hermeneutic Tradition (p. 357 e ss)
- que interpela, a partir da posição de cada um destes filósofos face aos "mestres da
suspeita" (p. 368), o legado da denominada tradição logocêntrica da hermenêutica nos
respectivos percursos filosóficos. O quarto texto deste bloco é de David Pellaner e tem por
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objectivo central ponderar o contributo de Ricoeur para uma "hermenêutica literária"
(p. 371), embora assuma igualmente, como contexto mais lato, o tema geral da interpretação
na sua relação com a teoria e prática hermenêutica . De algum modo, poderia ligar-se com
proveito este texto àquele que lhe sucede da autoria de Jacob Rendtorff e com o título,
enigmático mas sugestivo , Paul Ricoeur's Poetic Ontologv: Metaphor as Tensional Resemblance (p. 379 e ss). Trata-se aqui de, partindo da leitura de La Métaphore vive, explorar "o
significado ontológico do ponto de vista tensional de Ricoeur sobre a metáfora" (p. 379),
ponto de vista que obriga a referir a formação de sentidos à imaginação humana enraizada
no inundo e , por aí, a meditar de modo renovado a relação entre "metáfora, pensamento e
ontologia" (p. 380). Segue-se o texto assinado por Marcelino Agis Villaverde e dedicado
ao tema Textual Interpretation Theory in Paul Ricoeur (p. 398 e ss). Neste trabalho se pode
acompanhar , num estilo claro e esquemático , o arco hermenêutico que liga, nas suas mais
diversas dimensões e implicações, o texto à acção; de entre essas implicações, nota o professor de Santiago de Compostela, a não menos importante é, seguramente , a de que a
hermenêutica de Ricoeur terá como um dos seus centros a ideia de distanciação que nos
afasta da compreensão directa dos factos e exige, por isso, uma interpretação que se faça
mediação. Numa palavra, a hermenêutica de Ricoeur é aquela que situa o compreender na
história. O sétimo texto desta secção é marcado pelas perspectivas da chamada filosofia da
mente, assim abrindo o debate em curso ao diálogo que o próprio Ricoeur manteve com a
filosofia anglo-saxónica de inspiração analítica. Referimo-nos ao ensaio da autoria de Shaun
Gallagher que pretende identificar as condições de possibilidade de uma simbólica de si ou
"narrativa de si" (p. 409), sem esquecer as novas propostas da neurobiologia. O debate é
conduzido no sentido de uma concepção de si marcada por um corpo capaz de acções, por
princípio, socialmente contextualizáveis. Ficaria incompleto o tema da "abertura crítica ao
signo, símbolo, metáfora e narrativa", que orienta este momento da obra em análise, sem
uma referência às transformações que essa abertura impõe aos conceitos tradicionais de
"subjectividade" e "objectividade". Tema necessariamente sempre presente em qualquer
estudo sobre a hermenêutica de Ricoeur, é assumido explicitamente por Axel Schmidt e
Winfried Schmidt de um modo inesperado: procurando, na história da física, o esforço de
estabelecimento dos limites do que é objectivável (p. 425) para, por analogia, chegar a
debater a questão no âmbito hermenêutico. A física clássica partiu da separação entre
sujeito que observa e objecto observado vazio de qualquer dado subjectivo. A teoria quântica
veio demostrar os limites desta concepção sem negar, no entanto, a existência de um objecto
para um sujeito; demonstrou assim, ao mesmo tempo, os limites da validade do antigo
modelo de objectividade e uma nova ideia de "objectividade" que se encontra nos próprios
limites, possibilidades ou probabilidades do sentido. Encerra-se da melhor maneira esta
secção com três ensaios que assumem a obra de arte como guia de caminho na hermenêutica
de Ricoeur. Assim, Birgit Schaaff analisa a interpretação de Antígona que Ricoeur insere,
em Soi-méme co+nme un autre, no centro da sua "petite éthique" (p. 437); André LaCoque,
por outro lado, procura estudar o tema da "autoria" (p. 447) a partir das concepções
ricoeurianas de texto, leitor e autor; Paul Kidder tem em vista, com o seu texto Interpretation and Speechless Image, avaliar "o papel que a hermenêutica filosófica pode
desempenhar na interpretação das artes visuais" (p. 460) para assim demonstrar o alcance
do contributo de Ricoeur para o estudo da compreensão; finalmente, Mário J. Valdés propõese meditar a Hermeneutics of Painting (p. 469 e ss) de Paul Ricoeur, permitindo a sua
investigação concluir que "apesar de ser verdade que Ricoeur não colocou a pintura no
centro do seu trabalho, a sua reflexão sobre o trabalho dos vários artistas que admirou
constitui um aspecto profundo da sua filosofia" (p. 475).
A quinta secção desta obra tem por título Ideologv and Utopia: Hermeneutics and
Socio-Political Philosophv. Os dez trabalhos que inclui agrupam-se, de modo evidente, em
redor de dois núcleos temáticos. Numa primeira sub-divisão englobariamos os seis primeiros
pp. 287 - 293
Revista Filosófica de Coimbra - n." 25 (2004)
Recensões
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ensaios: Paul Ricoeur: Philosoplier of Being-Human (Zuoren) de Gary Madison; Paul
Ricoeur's Practical Wisdom: Reflections on the Social Plrilosopliie of Oneself as Another
de Frederick Lawrence; Recognition on the Work of Paul Ricoeur de Morny Joy: Justice
and Interpretation de David Rasmussen; Ou Paul Ricoeur's Philosopltie of Law: Reílections on His Latest Works de Giuzeppe Zaccaria; Judging Action: Paul Ricoeur's Contribution to the Legal Interpretation of Facts de Henrik Lesaar. Ligam estas propostas de
análise a reabilitação, empreendida por Ricoeur, do âmbito conceptual tradicional da
filosofia política. Neste contexto, podemos acompanhar ao longo dos trabalhos referidos,
por um lado, estudos sobre os temas do muliculturalismo e encontro de culturas (p. 481),
do justo (p. 488), do reconhecimento (p. 494), da ordem social (p.504), do sujeito de direito
(p. 536), da aplicação da lei (p. 539), da interpretação da acção (p. 557), ou da reconstituição
de situações de facto; por outro lado, é possível seguir simultaneamente um conjunto de
reflexões sobre diálogos de referência que Ricoeur enceta, por exemplo, com o âmbito da
filosofia prática kantiana (p. 503), com o horizonte de uma teoria da justiça tal como é
meditado por J. Rawls (p. 506), ou com a concepção aristotélica de plironesis (p. 508). Num
segundo grupo, incluiríamos os restantes quatro ensaios que formam a quinta secção: Swnbol and Symptont: Paul Ricoeur's Readings of Freud de Pawel Dybel (p. 563 e ss); Paul
Ricoeur's Durcharbeiten de Kathleen Blamey (p. 575 e ss); Text, huerpretation, and the Unconscious in the Thought of Paul Ricoeur de Jamcs Phillips (p. 585 e ss); The Poverty oí
the Semiotic Turn in Psychoanalvtic Theorv, anal Therapy de Adolf Griìnbaum (p. 602 e ss).
Estes trabalhos partilham o mesmo espaço de análise, ao situarem-se no contexto da leitura
crítica do projecto psicanalítico de Freud desenvolvida por Ricocur. Falamos aqui,
naturalmente, dos trilhos de uma hermenêutica que, atribuindo-se a tarefa de pesquisar e
desvelar os sentidos que no símbolo dão que pensar, se reconhece num gesto de de.cnritologização, entendido como recuperação de sentidos escondidos no símbolo, e num gesto
de desntistificação, entendido como recuperação de sentidos que não se resumem ã literalidade do fixado objectivamente pelo símbolo. Estes serão caminhos, entre outros, de unia
hermenêutica da via longa, ou seja, caminhos de uma reflexão que se exerce sobre a
expressão ou objectivação simbólica, mas se situa na distanciação que não pode ser já
objectivante. De facto, quando nos referimos à hermenêutica de Paul Ricoeur, do que
falamos é de uma reflexão que se sabe possível apenas no espaço de mediação exigido por
aquele que, já tendo sido tomado pelo sentido (nomeadamente de si mesmo e do outro), não
tem deste nem uma imagem cristalina, nem a ele tem uni modo de acesso imediato.
O volume termina com um Postscript onde se inclui, primeiro, um trabalho que
apresenta de modo panorâmico a obra de Ricoeur (p. 620 e ss), depois, a transcrição das
entrevistas que Paul Ricoeur concedeu respectivamente a Tamás Tóth (em Junho de 1991
e Junho de 1996) e a Yvanka Raynova (em 1993 e 1996) e, por último, um precioso capítulo
onde se apresentam os autores dos textos aqui reunidos. Essa apresentação é feita através
da identificação da instituição onde cada um prossegue a sua investigação e do registo das
principais publicações.
Ao permitir que diferentes abordagens se cruzem numa leitura de horizonte, ao contribuir para o franquear de novas perspectivas críticas sobre o pensamento hermenêutico de
Ricoeur e, finalmente, ao dar a conhecer o trabalho que se realiza, um pouco por todo o
mundo, em redor do filósofo de Valence, Between Suspicion and Svmpatliv'. Paul Ricoeur s
Unstable Equilibrium, é bem uma obra de importância considerável que interessará,
seguramente, a todos quantos acolhem e redobram a interpelação hermenêutica do sentido.
Luís António Umbelino
Revista Filosófica de Coimbra - n.° 25 (2004)
pp. 287-293
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