CADERNOS UniFOA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
ISSN 1809-9475
CADERNOS UniFOA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
ANO IV - Nº 10 - agosto/2009
FOA
EXPEDIENTE
FOA
Presidente
Dauro Peixoto Aragão
UniFOA
Reitor
Alexandre Fernandes Habibe
Vice-Presidente
Jairo Conde Jogaib
Pró-reitora Acadêmica
Cláudia Yamada Utagawa
Diretor Administrativo - Finaceiro
José Vinciprova
Pró-reitora de Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão
Maria Auxiliadora Motta Barreto
Diretor de Relações Institucionais
Iram Natividade Pinto
Superintendente Executivo
Eduardo Guimarães Prado
Superintendência Geral
José Ivo de Souza
Cadernos UniFOA
Editora Executiva
Flávia Lages de Castro
Editora Científica
Maria Auxiliadora Motta Barreto
Comitê Editorial
Conselho Editorial ad hoc
Agamêmnom Rocha Souza
Mauro César Tavares de Souza
Ranieri Carli de Oliveira
Rosana Aparecida Ravaglia Soares
Doutor em Engenharia de Materiais - Escola de Engenharia de
Lorena - Universidade de São Paulo - EEL/USP
Conselho Editorial
Antônio Henriques de Araújo Junior
Carlos Roberto Xavier
Clifford Neves Pinto
Edson Teixeira da Silva Junior
Flávio Edmundo N. Hegenberg
Ilda Cecília Moreira da Silva
Renato Porrozi de Almeida
Denise Celeste Godoy de Andrade Rodrigues
Revisão de textos
Maricinéia Pereira Meireles da Silva
Marcel Alvaro de Amorim
Claudinei dos Santos Ribeiro
Diamar Costa Pinto
Doutor em Biologia Parasitária - Fundação Oswaldo Cruz
Fabio Aguiar Alves
Doutor em Biologia Celular e Molecular - Universidade Federal
Fluminense
Igor José de Renó Machado
Doutor em Ciências Sociais - Universidade Estadual de Campinas
- Professor do Departamento de Antropologia - UFSCAR
Maria José Panichi Vieira
Doutora em Engenharia Metalúrgica pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro
Ruthberg dos Santos
Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo
Douglas Mansur da Silva
Doutor em Antropologia Social – Univercidade Federal de Viçosa
Capa
Editoração
Daniel Ventura
Laert dos Santos
Centro Universtitário de Volta Redonda - UniFOA
Campus Três Poços
Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325
Três Poços, Volta Redonda /RJ
CEP 27240-560
Tel.: (24) 3340-8400 - FAX: 3340-8404
www.unifoa.edu.br
Versão On-line da Revista Cadernos UniFOA
http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/index.html
FICHA CATALOGRÁFICA
Bibliotecária Alice Tacão Wagner - CRB 7 - 4316
UniFOA. Cadernos UniFOA. Ano IV nº 10, agosto.
Volta Redonda: FOA, 2009.
Periodicidade Quadrimestral
ISSN 1809-9475
1. Publicação Periódica. 2. Ciências Exatas - Periódicos.
3. Ciências Sociais aplicadas - Periódicos. 4,. Ciências da
Saúde - Periódicos. I. Fundação Oswaldo Aranha.
II. UniFOA - Centro Universitário de Volta Redonda.
III. Título
CDD 050
SUMÁRIO
EDITORIAL ................................................................................................................................................................. 09
CIÊNCIAS EXATAS
Laboratório Virtual de um Sistema Elétrico de Alta Potência
Jason Paulo Tavares Faria Junior ...............................................................................................................................................................11
Projeto e Construção do Aparato Jominy: Uma Contribuição para a Pesquisa no UniFOA
Professor Doutor Carlos Roberto Xavier, Tarcisio dos Santos Gonçalves, João Antonio de Araújo Sousa, Luiz Carlos de Andrade Vieira e
Célio de Jesus Marcelo......................................................................................................................................................................15
Tuning em Banco de Dados
Ana Paula dos Santos Souza, Bruno Fidelis Campos, Carla Glênia Guedes Dias, Michel Batista Alves, Carlos Eduardo Costa Vieira, Flávio
Campos Carelli e Luiz Fabiano Costa de Sá ................................................................................................................................................19
CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS
A dificuldade no aprendizado da Língua Inglesa
Bethania Márcia Montrezor e Alexandre Batista da Silva .........................................................................................................................27
Aplicações do Enfoque Sistêmico nas Estruturas de Ensino e Pesquisa em Administração
Agamêmnom Rocha Souza, Cláudia Cristine Zamboti Francisco e Cinthia Cristine Zamboti Francisco ...................................................33
CSN e Responsabilidade Sócio-Ambiental: Conscientização, Estratégia ou Necessidade?
Rita de Cássia Santos Carvalho, José Luiz Trinta e Fátima Cristina Trindade Bacellar ...........................................................................41
CIÊNCIAS DA SAÚDE
Aneurisma Dissecante de Aorta: A importância do diagnóstico precoce. Revisão de Literatura e Relato de Caso
Fernanda Lopes Marinho, Lucas Mendes, Renata F. Carvalho e Mauro Tavares .................................................................................................55
Perfil Nutricional de Idosas frequentadoras da Faculdade da Terceira Idade
Érica Cristina Moreira Guimarães, Lorena Silva dos Santos, Bruna Moraes de Jesus, Natalia Almeida Pastana e Margareth Lopes Galvão Saron
..................................................................................................................................................................................................................67
Propriedades de cerâmicas dentárias consolidadas pela técnica gelcasting
Arthur Kimura, Claudinei dos Santos, Fernando dos Santos Ortega, Rockfeller Maciel Peçanha, Alexandre Fernandes Habibe e Sizue Ota Rogero
....................................................................................................................................................................................................................73
LIST OF CONTRIBUTIONS
EDITORIAL ................................................................................................................................................................. 09
ACCURATE SCIENCES
Virtual laboratory of an Electrical system of High Power
Jason Paulo Tavares Faria Junior ...............................................................................................................................................................11
Design and Construction of the Jominy Apparatus: A Contribution for the Research at the UniFOA
Professor Doutor Carlos Roberto Xavier, Tarcisio dos Santos Gonçalves, João Antonio de Araújo Sousa, Luiz Carlos de Andrade Vieira e
Célio de Jesus Marcelo......................................................................................................................................................................15
Data base Tuning
Ana Paula dos Santos Souza, Bruno Fidelis Campos, Carla Glênia Guedes Dias, Michel Batista Alves, Carlos Eduardo Costa Vieira, Flávio
Campos Carelli e Luiz Fabiano Costa de Sá ................................................................................................................................................19
SOCIAL SCIENCES APPLIED AND HUMAN BEINGS
The difficulty in English Language Learning
Bethania Márcia Montrezor e Alexandre Batista da Silva .........................................................................................................................27
Systemic Aspect Applications of the Education and Research Structures in Administration
Agamêmnom Rocha Souza, Cláudia Cristine Zamboti Francisco e Cinthia Cristine Zamboti Francisco ...................................................33
CSN and Corporate Social Responsibility: Awareness, Strategy or Necessity?
Rita de Cássia Santos Carvalho, José Luiz Trinta e Fátima Cristina Trindade Bacellar ...........................................................................41
SCIENCES OF THE HEALTH
Dissecting aortic aneurysm: the importance of the early diagnostic. Literature review and reported case
Fernanda Lopes Marinho, Lucas Mendes, Renata F. Carvalho e Mauro Tavares .................................................................................................55
Nutritional profile of elderly who frequent The Third Age Faculty
Érica Cristina Moreira Guimarães, Lorena Silva dos Santos, Bruna Moraes de Jesus, Natalia Almeida Pastana e Margareth Lopes Galvão Saron
..................................................................................................................................................................................................................67
Properties of dental ceramics obtained by gelcasting method
Arthur Kimura, Claudinei dos Santos, Fernando dos Santos Ortega, Rockfeller Maciel Peçanha, Alexandre Fernandes Habibe e Sizue Ota Rogero
....................................................................................................................................................................................................................73
9
Editorial
Aqueles que já nos conhecem, sabem que a revista Cadernos UniFOA é a concretização de
um desejo institucional de publicar idéias e pesquisas desenvolvidas por nossos professores e alunos.
Ao longo dos dez números publicados, nossa preocupação foi sempre estabelecer a revista como um
referencial para projetos científicos que denotem a importância e a necessidade da investigação e
de sua expressão escrita, permitindo a troca de informações interna e externamente. Dessa forma,
através do Cadernos Unifoa, marcamos nossa presença na comunidade científica e acadêmica num
enfoque inter e transdisciplinar.
Neste editorial, como Pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, venho afirmar
minha satisfação em fazer parte da consolidação do Cadernos UniFOA, representada nesta 10ª
edição, como veículo de divulgação, reformulação, estabilização e sedimentação de práticas que nos
ajudam na construção uma identidade científica.
Reconhecendo que iniciar um projeto editorial é um trabalho difícil, ainda mais difícil é
manter o projeto em constante aprimoramento. Assim, a revista número dez apresenta resultados
ainda mais próximos dos que almejamos, em direção à maturidade acadêmico-científica. Atualmente
temos uma oferta cada vez maior de artigos, internos e externos, o que demonstra a incorporação
gradual da cultura de produzir pesquisa acompanhada de sua divulgação. Dando continuidade a
reformas gráficas, editoriais e de linguagem, podemos perceber a preocupação constante em
transformar o Cadernos UniFOA em uma publicação científica de referência.
Parabenizo o trabalho da equipe editorial e a todos os docentes e discentes que fazem
parte deste número, que, seguindo os mesmos princípios de multidisciplinaridade que nortearam a
publicação desde seu início, apresenta artigos nas áreas de exatas, humanas e biológicas.
Termino com a frase de meu último editorial, publicado na revista número cinco,
prenunciando os próximos números, e que retrata a disposição de todos envolvidos neste projeto: se
não há mudança, não há crescimento e o momento é de crescer.
Uma ótima leitura!
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
Profa. Dra. Maria Auxiliadora Motta Barreto
Pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão do UniFOA
11
Laboratório Virtual de um Sistema Elétrico de Alta Potência
Virtual laboratory of an Electrical system of High Power
Jason Paulo Tavares Faria Junior
Artigo
Original
1
Original
Paper
Palavras-chaves:
Resumo
Realidade Virtual
Neste Trabalho foi utilizado a Realidade Virtual (Oh, Ji-Young e Stverzlinger, Wolfgang) e suas aplicações no processo de ensino/aprendizado
(Pinheiro, C.D.B., Ribeiro Filho, M.), onde se pretende utilizar as potencialidades provenientes da Realidade Virtual (RV) para auxiliar o ensino
e o treinamento de profissionais da área de sistemas elétricos de alta
potência. O usuário poderá observar o comportamento do sistema em
tempo real, alterando a potência elétrica e a posição da visualização dos
fenômenos com total segurança.
Abstract
Key words:
In this Work the Virtual Reality was used (Oh, Ji-Young and
Stverzlinger, Wolfgang ) and its applications in the education process/
learning (Pine, C.D.B., Ribeiro Son, M), where if it intends to use the
potentialities proceeding from Realidade Virtual (RV) to assist the
education and the training of professionals of the area of electrical
systems of high power. The user will be able to observe the behavior
of the system in real time, and to interact with the virtual environment
in diverse ways, being modified the electric power and position of the
visualization them phenomena with total security.
Virtual reality
1. Introdução
As características básicas da Realidade
Virtual como interação, imersão e navegação
têm potencial para propiciar um ensino que
oferece ao aprendiz a oportunidade de uma
melhor compreensão do assunto que está sendo estudado, na medida em que este explora,
descobre, observa e interage com o mundo
virtual, que representa o objeto de estudo.
Kirner discute essa questão com profundidade
e mostra, com base em diversos autores recentes com publicações relevantes, que existe o
consenso definitivo de que a Realidade Virtual
1
Doutor em Engenharia Elétrica- UniFOA
Electrical systems
Visualization
pode ajudar efetivamente no processo de iteração ensino-aprendizagem.
2. Objetivos
Neste trabalho foi desenvolvido um procedimento automatizado que permite a visualização tridimensional de um laboratório virtual de
um sistema elétrico de alta potência, envolvendo várias disciplinas como computação gráfica,
engenharia elétrica, matemática, linguagem de
programação e física. Este projeto foi orientado
aos alunos de iniciação científica. A Realidade
edição nº 10, agosto/2009
Visualização
Cadernos UniFOA
Sistemas Elétricos
12
Virtual pode ajudar efetivamente no processo
de iteração ensino-aprendizagem, permitindo
obter uma visão mais realista de um laboratório
virtual. Utilizando técnicas de computação gráfica tridimensionais, haverá um melhor entendimento das experiências. Esse processo é mais
acessível financeiramente e muitas escolas não
possuem condições de manter estes laboratórios na realidade. Adquirir essa tecnologia e a
elaboração de um software nesta área permite o
desenvolvimento de experiências e simulações
precisas por parte dos usuários.
Figura 1- Visualização do cenário real
3. Metodologia
Inicialmente foi realizada a etapa de análise em que se verificou a melhor maneira de
executar a tarefa e os recursos necessários (números de programadores, linguagem de programação, hardware, etc.). Na próxima fase,
chamada de Projeto, determinou-se os “Layouts” das telas e características do software.
Posteriormente, insere-se o código do software na linguagem de programação determinada
na fase de análise. Em seguida realiza-se os
testes no produto para verificar se os requisitos
concordados na especificação (Fase de projeto) estão sendo atendidos. Ao final do desenvolvimento do procedimento automatizado,
iniciou-se a fase de manutenção.
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
4. Implementação do Programa
de Computador
O programa desenvolvido nesse trabalho
implementa técnicas de computação gráficas
como a Renderização em cenários tridimensionais, onde defini-se um tipo de textura para
os objetos existentes, sua cor, transparência e
efeito de reflexão em relação a luz. O laboratório virtual é visualizado como um cenário real
(Figura 1), onde se realiza ensaios dielétricos,
pesquisa e desenvolvimento relacionados aos
efeitos de campos elétricos em equipamentos
de tensão até 350 kVef. Para o laboratório
virtual, são aplicados os algoritmos de Ray
Tracing para simular os efeitos das descargas
elétricas e iluminação, sendo que o posicionamento da câmera de visualização é escolhido
pelo usuário com o auxílio do mouse.
Figura 2- Exemplo da interface gráfica do Software
A interface gráfica para o usuário (Figura
2) foi projetada para operar com tela de apresentação, caixas de diálogo e formulários de
ajuda ao usuário.
O ambiente é formado por uma matriz
tridimensional. As rotações nos cenários são
realizadas através da multiplicação dessa matriz, que representa todos os pontos do cenário,
pela matriz apresentada na Equação 1, obtida
pela Álgebra Linear.
Onde :
T – Matriz de rotação
q - Ângulo de rotação, conforme figura 5
Figura 5 – Representação da rotação de um ponto no eixo xyz.
O dimensionamento, a rotação e a translação de um objeto tridimensional são necessárias para melhor visualização dos ambientes
tridimensionais no computador.
Pinheiro, C. D. B., Ribeiro Filho, M.. (2005) “L
V R- Laboratório Virtual de Redes - Protótipo
para Auxilio ao Aprendizado em Disciplinas
de Redes de Computadores”. Anais do XVI
SBIE, pag 82-92.
5. Considerações Finais
SEBESTA, Robert W. Conceitos de Linguagens
de Programação. 5ª. Ed. Porto Alegre: Bookman,
2003.
Neste trabalho foi desenvolvido um
Software que permite a visualização tridimensional de um laboratório virtual de um sistema
elétrico de alta potência para auxiliar o ensino
e o treinamento de profissionais desta área. O
usuário poderá observar o comportamento do
sistema em tempo real e interagir com o ambiente virtual, alterando a potência elétrica e
posição da visualização dos fenômenos com
total segurança e envolvendo várias disciplinas como computação gráfica, engenharia elétrica, matemática, linguagem de programação
e física. Este projeto foi orientado aos alunos
de iniciação científica.
13
Squires, D., McDougall, A. Computer based
microworlds – A definition to aid design.
Computers and Education.Vol.10, No.3,
pp.375-378, 1986.
SOUZA, Alexandre; CÓRDOVA, Antônio;
LAGE; Guilherme; RIBEIRO, Roberto.
Desenvolvimento de Jogos Eletrônicos Teoria
e Prática. São Paulo: Editora Novatec, 2005.
6. Referências
HAWKINS, K.; ASTLE, D. OpenGL game
programming. Roseville: Prima Tech, 2001.
Kirner, C., Tori, R., “Realidade Virtual:
Conceitos e Tendências”, Pré-Simpósio do
SVR, 2004.
Kundur, P. “Power System Stability and
Control”, Electric Power Research Institue,
McGraw-Hill, 1994.
Oh, Ji-Young e Stverzlinger, Wolfgang.
(2004) “A system for desktop conceptual
3D design”. Virtual Reality. Springer-Verlag
London Limited, pag 198-211.
Endereço para Correspondência:
Jason Paulo Tavares Faria Junior
Curso de Sistema de Informação - UniFOA
[email protected]
Centro Universitário de Volta Redonda
Campus Três Poços
Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
Três Poços - Volta Redonda / RJ
CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Faria Junior, Jason Paulo Tavares. Laboratório Virtual de um Sistema Elétrico de Alta Potência. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009.
Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/11.pdf>
edição nº 10, agosto/2009
FERREIRA JÚNIOR, W.T.; OLIVEIRA, A.
B.; DIAS JUNIOR, J. B.; DAMASCENO, E.
F. Implementação de um protótipo de jogo 3d
de computador com a biblioteca glscene para
plataforma linux. Workshop de Realidade
Virtual Aumentada. Itumbiara – GO, 2007.
Cadernos UniFOA
AZEVEDO, Eduardo. Desenvolvimento de
Jogos 3D e Aplicações em Realidade Virtual.
Rio de Janeiro: Editora Campus, 2005.
15
Projeto e Construção do Aparato Jominy: Uma Contribuição para a Pesquisa
no UniFOA
Design and Construction of the Jominy Apparatus: A Contribution for the
Research at the UniFOA
Carlos Roberto Xavier
Tarcisio dos Santos Gonçalves 2
João Antonio de Araújo Sousa 3
Luiz Carlos de Andrade Vieira 4
Célio de Jesus Marcelo 4
1
Original
Paper
Palavras-chaves:
Resumo
Aços
Este trabalho diz respeito ao projeto e construção do aparato experimental
Jominy para a realização do ensaio de temperabilidade em aços no UniFOA.
Essa iniciativa partiu do curso de Engenharia Mecânica, tendo como objetivo
a construção de um instrumento prático e confiável para o estudo das transformações que ocorrem nos metais, em especial nos aços, quando submetidos a
um determinado ciclo térmico. Dessa forma, com o empenho dos alunos e dos
técnicos de laboratório da instituição, foi possível, baseado na norma NBR
6339/89, projetar e construir o aparato Jominy para a determinação da temperabilidade dos aços. Isso possibilitou aos alunos uma melhor compreensão do
comportamento e das transformações sofridas pelos metais quando tratados
termicamente e as influências destes tratamentos sobre as suas propriedades.
Abstract
Key words:
This report refers to the design and construction of the Jominy experimental
apparatus for the accomplishment of the steels hardenability test at the UniFOA.
This initiative had origin at the Mechanical Engineering course, with the
purpose of obtaining an effective and reliable instrument for the study of the
transformations that occur in metals, specially the steel transformations when
steel is submitted to a determinate thermal cycle. Thus, with the dedication of
the graduation students and laboratory technicians, it was possible, based in the
standard specification NBR 6339/89, to project and to build the Jominy apparatus,
aiming the steels hardenability determination. This made possible to the students a
better understanding about the behavior and transformations in metals when it is
submitted to the heat treating and the effects of these treatments on its properties.
Steels
1. Introdução
1.1. O Ensaio Jominy
O ensaio Jominy é um dos métodos utilizados para se avaliar a temperabilidade dos
aços. Este ensaio, padronizado pela norma
NBR-6339 da ABNT, utiliza corpos-de-prova
Doutor e Docente do Curso de Engenharia Mecânica – UniFOA
Graduado em Engenharia Mecânica – UniFOA
3
Graduando em Engenharia Mecânica – UniFOA
4
Técnico de Laboratório – UniFOA
1
2
Hardenability
Jominy Test
classificados como corpo-de-prova convencional, corpo-de-prova reduzido e corpo-deprova fundido, em função das suas dimensões
ou de seu material de origem. Neste ensaio, o
corpo-de-prova é aquecido até a temperatura
de austenitização do aço do qual o mesmo é fabricado e resfriado rapidamente em condições
padronizadas, através de um jato d’água. Após
edição nº 10, agosto/2009
Ensaio Jominy
Cadernos UniFOA
Temperabilidade
Artigo
Original
16
o resfriamento do corpo-de-prova, é feito um
mapeamento da dureza no sentido longitudinal
do mesmo, a partir da extremidade resfriada,
sendo esses resultados exibidos graficamente
como uma variação da dureza em função da
distância. Pode ser visto, na Figura 1, um esquema da realização do ensaio e da obtenção
da curva de temperabilidade Jominy.
Figura 1. Ensaio Jominy esquemático: (a)
ensaio; (b) curva de dureza x distância
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
1.2. Aplicação Prática do Ensaio Jominy
Compete ao engenheiro a aplicação de
conhecimentos adquiridos com a teoria associados à experiência, a fim de obter-se o
melhor desempenho possível dos materiais
selecionados para a fabricação de componentes mecânicos e estruturais, tudo isso aliado,
preferencialmente, a um menor custo.
O conhecimento das transformações metalúrgicas sofridas pelas ligas metálicas, como
é o caso dos aços, pode possibilitar a adequação da sua estrutura metalúrgica e, consequentemente, das suas propriedades mecânicas para
uma aplicação específica, sem a necessidade
de maiores investimentos como a aquisição de
ligas mais nobres ou especialmente processadas para aquele fim.
O ensaio Jominy é uma ferramenta que nos
permite entender melhor essas transformações,
já que possibilita estudar e comparar a evolução
microestrutural de diversos tipos de aços, quando submetidos, controladamente, a um rápido
resfriamento a partir da região austenítica.
Além disso, para exemplificar a praticidade da utilização do ensaio Jominy, pode-se
citar o seu uso para determinar, com boa aproximação, a dureza de barras de aço temperadas, como cilindros de laminação ou eixos mecânicos. Neste caso, veremos que é possível
prever o perfil de durezas destes componentes
depois de temperados em um meio de resfriamento qualquer, sem que tenha que se recorrer
ao corte dos mesmos.
Isso pode ser feito ao associar os resultados do ensaio Jominy aos resultados obtidos
ao se estudar o resfriamento contínuo, a partir
de uma elevada temperatura, de barras com diversos diâmetros. Admite-se, nesse caso, que
a dureza e as propriedades físicas adquiridas
por um aço depois da têmpera, efetuada em
condições normais, são sempre funções exclusivas do processo de resfriamento.
A velocidade de resfriamento de uma
peça depende do tamanho desta, do meio de
resfriamento e da temperatura de têmpera. Isso
quer dizer que, se é conhecida a dureza que adquire um aço depois da têmpera, quando o resfriamento foi feito de uma forma determinada,
conheceremos também a dureza de qualquer
ponto do mesmo aço que tenha se resfriado de
forma análoga, independentemente de sua posição na peça, da forma e tamanho desta, bem
como do meio de resfriamento empregado.
Conhecendo as durezas obtidas ao se
efetuar o ensaio Jominy de um aço e as condições de resfriamento dos diferentes pontos
do corpo-de-prova, pode-se conhecer a dureza
que se obtém no interior de peças resfriadas
nas mesmas condições. Desse modo, as curvas
Jominy podem ser utilizadas para se predizer
a distribuição de dureza em barras de aço de
diferentes dimensões, resfriadas em vários
meios de resfriamento.
As velocidades de resfriamento nos
vários pontos do corpo-de-prova Jominy podem ser comparadas com as velocidades de
resfriamento em barras de vários diâmetros
resfriadas em vários meios de resfriamento.
Esta comparação pode ser feita pelo uso dos
gráficos de Lamont, os quais servem para
poder encontrarem-se as velocidades de resfriamento em diversas posições de uma barra, partindo do seu centro até a sua superfície,
quando resfriada em condições normais, ou
seja, mergulhando-a totalmente em um meio
de resfriamento.
Uma vez encontrada a velocidade de
resfriamento em uma determinada posição da
barra, podemos utilizar um gráfico de ensaio
Jominy de um aço específico para sabermos a
dureza resultante na mesma.
2. Projeto e Construção do
Aparato Jominy
Figura 3. Teste do Aparato Jominy.
Figura 4. Aparato Jominy instalado no
laboratório de tratamentos térmicos.
3. Resultados
edição nº 10, agosto/2009
A Figura 5 mostra parte do procedimento para a realização do ensaio Jominy. Nela
pode ser vista a retirada do corpo-de-prova do
forno e a realização, propriamente dita, do ensaio Jominy.
Cadernos UniFOA
O aparato Jomyny foi projetado e construído segundo a norma NBR 6339/89 da ABNT.
Esta norma permite o ensaio de diferentes modalidades de corpos-de-prova, que é função de
suas dimensões e origens, sendo classificados
como corpos-de-prova convencional, reduzido
e fundido. Neste caso, o aparato possibilita, a
partir de um pequeno e fácil ajuste para fins
de adaptação ao modelo de corpo-de-prova
utilizado, o ensaio de uma ampla faixa de diferentes tipos de aços, independentemente do
método de fabricação, processamento e dimensões disponíveis dos mesmos, o que nos fornece uma versatilidade muito grande em termos
operacionais e de pesquisa.
Foram utilizados diversos tipos de materiais na construção do aparato, podendo-se
citar o uso de polímeros, metais não ferrosos
e ferrosos. A escolha para cada item do dispositivo, ainda na etapa do projeto, foi feita
de forma que tivéssemos um aparato eficiente,
robusto e duradouro, que ficasse operacional
por vários anos, sem a necessidade de manutenção frequente. Daí, pode-se mencionar,
como exemplo, o amplo uso do aço inoxidável, como na construção da estrutura do aparato, a fim de evitar danos por corrosão ao mesmo, ao passo que se obteve, ainda, um bom
acabamento estético.
Pode ser visto nas Figuras 2 a 4 o aparato
Jominy em algumas de suas fases do projeto.
17
Figura 2. Aparato Jominy em construção
18
Figura 5. Retirada do corpo-de-prova do
forno e realização do ensaio Jominy.
Esse procedimento foi utilizado para
a obtenção das curvas de temperabilidade
Jominy dos aços SAE 1045 e SAE 4340, os
quais possuem uma grande aplicação industrial. Essas curvas são apresentadas na Figura
6, podendo se observar facilmente a superior
capacidade de temperabilidade do aço SAE
4340 quando comparada a do aço SAE 1045.
Apesar de esperado, este resultado vem a consolidar os conhecimentos teóricos adquiridos,
servindo, ainda, como uma ferramenta para
propiciar uma melhor compreensão das transformações e comportamento dos aços, o que
muito irá contribuir quando da seleção dos
mesmos para uma determinada aplicação.
é fundamental uma complementação prática
que contribua na consolidação desta teoria.
Essa complementação foi, em parte, obtida com o aparato Jominy, o qual, além de
possibilitar o ensaio de vários tipos de aços,
permite fazer uma comparação entre o comportamento dos mesmos. O aparato serve, ainda, como uma ferramenta para poder inferir
a dureza em peças e componentes mecânicos
submetidos a um processo de têmpera, sem a
necessidade de destruí-los.
Muito ainda pode ser obtido do aparato,
e o mesmo se encontra apto para ser utilizado
em aulas, pesquisas e otimização de projetos,
contribuindo para o avanço e a qualidade do
ensino e da pesquisa no UniFOA.
5. Referências Bibliográficas
CALLISTER Jr., W. D. - Ciência e Engenharia
de Materiais: Uma Introdução. 5a edição,
LTC, Rio de Janeiro, 2002.
ASM HANDBOOK. Heat Treating. 10th edition, ASM International, vol. 4, USA, 1991.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS – ABNT. Aço, Determinação da
Temperabilidade (Jominy). NBR 6339, 1989.
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
Steel Heat Treatment Handbook: Metallurgy
and Tachnologies, 2th Ed. Edited by George
E. Totten, CRC Press, 2007.
Figura 6. Curvas de temperabilidade: Aços SAE 1045 e 4340
4. Conclusão
O objetivo do trabalho foi o de construir
um aparato que permitisse à comunidade acadêmica, uma ferramenta para uma melhor compreensão do comportamento dos aços quando
submetidos a um determinado ciclo térmico.
Vários fenômenos ocorrem, e os mesmos afetam as propriedades dos aços. Fenômenos, tais
como ocorrem na transformação de fases, são
expostos e debatidos em aulas teóricas, mas
Endereço para Correspondência:
Carlos Roberto Xavier
Curso de Engenharia Mecânica - UniFOA
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Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Xavier, Carlos Roberto; Gonçalves, Tarcisio dos Santos; Sousa, João Antonio de Araújo; Vieira, Luiz Carlos de Andrade; Marcelo, Célio de Jesus. Projeto e Construção do Aparato Jominy:
Uma Contribuição para a Pesquisa no UniFOA. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/15.pdf>
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Tuning em Banco de Dados
Data base Tuning
Artigo
Original
Ana Paula dos Santos Souza 1
Bruno Fidelis Campos 1
Carla Glênia Guedes Dias 1
Michel Batista Alves 1
Carlos Eduardo Costa Vieira 2
Flávio Campos Carelli 3
Luiz Fabiano Costa de Sá 3
Resumo
Otimização
Devido ao grande volume de dados que são gerados pelas Empresas que
utilizam Sistemas de Informação, é fundamental o papel do Banco de
Dados (BD). Geralmente os dados precisam ser acessados a todo instante, logo, a disponibilidade dos resultados nem sempre são satisfatórias.
Nesse contexto, entra a questão do desempenho ao se obter informações
de um BD e como otimizá-las. Muitos problemas de performance não
estão relacionados a infraestrutura, sistemas operacionais ou mesmo ao
hardware. Pode-se encontrar problemas de perda de performance dentro
do próprio BD, sendo a consulta a principal causadora desses problemas.
Ajustar e otimizar uma consulta e o próprio BD tornam-se fatores importantes, podendo-se ter um ganho de performance aceitável, visto que
cada consulta é tratada de forma diferente, dependendo do Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD). Este artigo avalia como melhorar
o desempenho de consultas Transact-Structured Query Language (TSQL) em um ambiente Microsoft SQL Server 2005, sugerindo possíveis
alterações que possam levar a um ganho de performance considerável.
Consultas
T-SQL
Microsoft SQL Server
2005
Abstract
Key words:
Due to large volume of data generated by companies that use
information systems, the role of Database (DB) is fundamental. In
general, data must be accessed at any time and the availability of
results are not always satisfactory. In this context, begins the question
of the performance in obtain information from a DB and optimize them.
Many performance problems are not related to the infrastructure,
operating systems or even the hardware. You can encounter problems
of performance within DB, and queries are primary cause of these
problems. Adjust and optimize queries and the DB becomes an
important factor, it may have a acceptable gain of performance,
since each query is treated differently depending on the Data Base
Management System (DBMS). This paper evaluates how to improve
performance of Transact-Structured Query Language (T-SQL) in a
Microsoft SQL Server 2005, suggesting possible changes that could
lead to a considerable gain in performance.
Optimization
Discente do Curso de Sistemas de Informação – UniFOA
Doutor e Docente do Curso de Sistemas de Informação – UniFOA
3
Docente Especialista do Curso de Sistemas de Informação – UniFOA
1
2
Queries
T-SQL
Microsoft SQL Server
2005.
edição nº 10, agosto/2009
Palavras-chaves:
Cadernos UniFOA
Original
Paper
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
20
1. Introdução
O mercado atual está competitivo. Com
isso, as empresas estão apostando, cada vez
mais, em sistemas informatizados que forneçam apoio à melhoria de seus processos.
Dentro desse contexto, surgem os
Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados
(SGBD`s) com o intuito de armazenar e gerenciar as informações, garantindo sua disponibilidade de forma rápida e eficaz. Mas, em geral,
SGBD`s não são ferramentas auto suficientes
no que diz respeito a otimização de consultas
a Banco de Dados (BD). Por esse motivo, esforços são despendidos na forma de aperfeiçoar
seu funcionamento interno, melhorando a organização das informações e como são obtidas.
Segundo Ikematu (2003), tuning é a sintonia ou ajuste de algo para que funcione melhor.
O tuning fornece suporte ao Administrador de
BD (Database Administrator ou DBA) através
de um mecanismo que simplifica a análise de
desempenho, fazendo com que pequenos ajustes
afetem significativamente a performance do BD,
transformando uma tarefa de alto custo e complexidade em um processo simples e rápido.
Neste artigo serão demonstrados procedimentos de como se pode realizar a identificação de onde está o problema de performance da aplicação, otimizações de consultas
Transact-Structured Query Language (T-SQL)
e boas práticas ao elaborá-las.
Para uma análise sobre o desempenho
das consultas SQL em SGDB’s, foi escolhido o Microsoft SQL Server 2005, “pois é
muito utilizado pelas empresas além de possuir ferramentas que facilitam uma auditoria
das consultas que estão sendo realizadas”
(ANDRADE, 2005, p. 10).
Este artigo está organizado da seguinte maneira: A Seção 2 apresentará conceitos
e definições de tuning. A Seção 3 descreverá
a definição dos problemas de desempenho de
um BD. A Seção 4 mostrará como identificar
problemas de performance no SQL Server. A
Seção 5 apresentará algumas ferramentas de
apoio na identificação de gargalos no SQL
Server. A Seção 6 descreverá a otimização de
consultas T-SQL. A Seção 7 apresentará boas
práticas na elaboração de consultas. Por último, a Seção 8 mostrará as considerações finais
e possíveis propostas de trabalhos futuros.
2. Conceitos e Definições de
Tuning
Segundo Baptista (2008, p. 15), “tuning
diz respeito ao ajuste do SGBD para melhor
utilização dos recursos, provendo um uso eficaz e eficiente do SGBD”.
A fase de tuning de um BD é um processo de refinamento que envolve modificações
em vários aspectos, abordando desde mudanças nos conceitos aprendidos nos Diagramas
Entidade-Relacionamento (DER) até a troca
de hardware, passando pela configuração dos
softwares que executam nesse sistema.
Em termos didáticos, pode-se dividir
as ações de tuning em três grandes tipos: (1)
refinamento do esquema das relações e as
consultas/atualizações feitas no BD, (2) configuração do sistema operacional em uso e
(3) configuração dos parâmetros dos SGBD’s
(TRAMONTINA, 2008, p. 2). O foco do artigo será no primeiro tipo.
Em debate com profissionais com mais
de 10 anos de expêriencia em gerenciamento de banco de dados, os Srs. Lúcio Gomes
Peixoto Júnior (Microsoft Certified Trainers,
Microsoft Certified Systems Engineer,
Microsoft Certified Technical Specialist,
Microsoft Certified IT Professional e
Oracle Certified Professional) e Erick de
Souza Carvalho (Mestre em Engenharia da
Computação pelo Instituto Tecnológico da
Aeronáutica e Oracle Certified Professional),
constata-se que 45% das ações de tuning
são destinadas a configuração do Sistema
Operacional, 35% destinadas a configuração
do SGBD e 20% destinadas ao refinamento
das consultas, como mostra a Figura 1.
Fonte: Peixoto Júnior e Carvalho (2008)
Figura 1 – Fases do Tuning
3.1 Problemas de Desempenho
Segundo Andrade (2005), o principal
problema relacionado aos BD’s é que eles são
ambientes dinâmicos. Também, a população
de dados cresce constantemente e suas configurações podem mudar.
Dessa forma, complica-se a análise ou
previsão do desempenho. Geralmente os problemas de desempenho de um BD estão relacionados a índices e consultas SQL, como
mostra a Tabela 1.
Problemas de Desempenho
70% a 80% de todos os problemas de desempenho em aplicações que utilizam BD são causados por consultas SQL mal feitas (MULLINS,
1998, apud ANDRADE, 2005, p. 13)
Instruções SQL e índices são responsáveis
por 60% a 90% dos problemas de desempenho de aplicações (LECCO, 2003, apud
ANDRADE, 2005, p. 13);
Atividades relacionadas às consultas SQL
consomem entre 70% e 90% dos recursos
dos BDs (LECCO, 2003, apud ANDRADE,
2005, p. 14);
Tabela 1 – Problemas de Desempenho
Apesar dos cuidados com o desempenho
do BD iniciarem desde a sua concepção, passando pelo design e normalização das tabelas
21
4. Identificando Gargalos no
Microsoft SQL Server
Segundo Biggs e Venezia (2006, p. 1),
“gargalos significam restrições em determinadas formas de comunicação, interação ou
transferência de informações.”
O principal problema dos gargalos de
desempenho nas empresas (em particular na
área de Tecnologia da Informação) é que eles
podem ser difíceis de identificar. Alguns são
mais óbvios do que outros.
Segundo Fernandes (2006), para encontrar possíveis gargalos e processos com problemas no SQL Server, é recomendado que se
utilize a tabela de sistema sysprocesses, como
mostra a Tabela 2.
Passos
select * from master..sysprocesses where
status = ‘runnable’ ou
select * from master..sysprocesses where
dbid = xx
(Este passo serve quando há suspeita de um
gargalo em um BD)
Para saber o DataBase ID (DBID) de um BD,
deverá ser executado o seguinte comando:
select DB_ID(‘nome do BD)
ou então deve-se executar diretamente a query
passando o nome do BD como parâmetro:
select * from master..sysprocesses where
dbid = db_id(‘Pubs’)
Esta query retornará o status de cada processo no SQL Server: spid | kpid | blocked
| waittype | waittime | lastwaittype | waitresource | dbid | uid | ...
Convém observar se existe algum tempo em
que um processo está em espera, verificando
o status waittime, waittype ou lastwaittype.
Identificando o tipo de espera, é possível saber o que está acontecendo, se o problema é
de Entrada/Saída (E/S), lock de um objeto
(LATCH), ou memória (MEMORY), etc.
edição nº 10, agosto/2009
Antes de pesquisar os problemas de desempenho nas consultas SQL, é vital saber se
realmente há problemas. Se existem, é preciso
identificar corretamente a causa. Uma vez verificado que existem problemas nas consultas à
base de dados, é preciso saná-los, e, realmente, as consultas SQL são responsáveis por boa
parte dos problemas de desempenho das aplicações que utilizam BD (ANDRADE, 2005).
Atualmente o desempenho de um BD é
um fator que determina efetivamente sua disponibilidade. O objetivo do tuning é fornecer
suporte ao DBA através de um mecanismo
que simplifique a análise de desempenho em
BD, transformando uma tarefa de alto custo e
complexidade em um processo simples e rápido (DIAS, 2005, p. 1).
até a sua configuração, são as consultas que determinam quão bom é o desempenho do BD.
“Dentre os problemas de desempenho
que um SGBD abrange, estão incluídos o consumo de processamento, utilização ineficaz de
comandos SQL, bloqueios, esperas e atividade
de disco” (DIAS, 2005, p. 1).
Cadernos UniFOA
3. Problema
22
Passos
É recomendado utilizar o comando Database
Consistence Check (DBCC) e SQLPERF
(threads) por último. Este comando fornece o status de cada thread aberta pelo SQL
Server, bem como cada processo associado
a esta thread, retornando as seguintes informações de status: E/S, CPU (processador) e
MEMORY.
Fonte: Fernandes (2006)
Tabela 2 – Passos para Encontrar Possíveis Gargalos
5.1 SQL Server Profiler
Segundo Moraes (2007, p. 4), o SQL
Server Profiler (Figura 2):
é utilizado para capturar as informações
que estão chegando no banco de dados.
Trata-se de uma ferramenta extremamente útil para detecção de problemas
de performance, depurar a aplicação
ou mesmo entender de que maneira e
quando as aplicações estão em interação
com o SQL Server, sem a necessidade de
abrir o código fonte da aplicação.
Sysprocesses é uma tabela do sistema que
contém informações sobre o Server Process
ID (Servidor de Identificação de Processos ou
SPID) ativo, que estão em execução no SQL
Server (MICROSOFT, 2007).
Existem outros pontos de gargalo que
são decorrentes de ajustes no sistema, que
consomem mais tempo de processamento
(processador), E/S e memória, cujas possíveis
causas são:
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
•
Alteração ou atualização que possa ter
levado a uma queda no desempenho do
sistema, ou seja, em relação ao software:
alguma nova instalação ou atualização. Já
em relação ao banco de dados: adição e/
ou remoção de bases de dados, funções,
procedimentos, consultas, tabelas, linhas,
colunas e etc. É de extrema importância o
planejamento de mudança e sua documentação, seja ela no software ou no BD;
•
Limitação de hardware, ou seja, trabalhando próximo de sua capacidade máxima;
•
Consultas mal elaboradas.
5. Ferramentas de Apoio
Figura 2 – SQL Server Profiler
5.2 Database Engine Tuning Advisor
Segundo Moraes (2007, p. 18), o Database
Engine Tuning Advisor (DTA) (Figura 3):
é uma poderosa ferramenta que auxilia
os Administradores de Banco de Dados
na seleção apropriada de projeto físico de
uma instalação do Microsoft SQL Server
2005. O DTA pode ser utilizado tanto para
ajuste de pequenas consultas que possam
estar mal desenhadas e que apresentem
problemas de desempenho, quanto para
consultas mais complexas e que requerem
maior conhecimento do DBA em relação
ao desenho físico do banco de dados.
Existem ferramentas disponibilizadas
pelo SGBD que fornecem melhorias de desempenho nos sistemas de bancos de dados já
existentes. A seguir serão apresentadas breves
descrições das ferramentas que estão presentes no Microsoft SQL Server 2005.
Figura 3 – Database Engine Tuning Advisor
provê um diagrama visual de como o
SQL Server está executando uma determinada consulta, quais índices estão
sendo utilizados, além de uma série de
outras informações que podem auxiliar
os DBA’s no processo de otimização de
índices ou outros dados requeridos pelo
SQL Server para aumentar o desempenho das consultas.
Figura 4 – Execution Plan
6. Otimização de Consultas
T-SQL
A Figura 5 apresenta um fluxograma
ilustrando a otimização de consultas T-SQL.
Segundo os passos mostrados no fluxograma, pode-se obter uma redução de custos e
melhoria de qualidade, que está relacionada à
disponibilidade da informação em tempo hábil, permitindo tomadas de decisões mais rápidas (SILVA, 2006, p. 6).
A Tabela 3 sugere boas práticas ao se
trabalhar com consultas T-SQL no SQL Server
2005 com o objetivo de melhorar significativamente o desempenho do BD.
Boas Práticas em Consultas T-SQL
Procurar escrever consultas levando em
consideração boas práticas de desenvolvimento, tais como indentação e comentários
(/* */ ou --).
Informar os campos que devem aparecer na
consulta, evitando utilizar o famoso select *
from <NomeDaTabela>.
Quando for utilizar operadores de comparação, evitar usar NOT em condições de pesquisa, pois podem diminuir a velocidade de
recuperação de dados porque todos os registros em uma tabela são avaliados.
Usar de forma restritiva a cláusula WHERE,
pois é uma grande causadora de problemas
em relação ao processador.
Para testes de existência é sempre mais eficiente utilizar EXISTS ao invés de COUNT.
Quando se utiliza COUNT, o BD não sabe
que está sendo feito um teste de existência e
continua pesquisando todas as linhas qualificadas. Já utilizando EXISTS, o BD sabe que é
um teste de existência e interrompe a pesquisa
quando encontra a primeira linha qualificada.
Analisar a necessidade de utilização de
CHAR e VARCHAR.
Analisar a possibilidade de se usar o operador UNION ALL em substituição ao
UNION – DISTINCT.
As Procedures sempre devem retornar um
valor de status de execução.
Utilizar COUNT(1) ou COUNT
(NomeDoCampo) ao invés de COUNT(*) .
Utilizar as funções COALESCE e ISNULL.
Não chamar funções SQL repetidamente, ao
em vez disso, deve-se armazenar o valor em
uma variável.
Fonte: Silva (2006)
Figura 5 – Fluxograma para Otimização de Consultas
23
Utilizar variáveis do tipo TABLE em
substituição a tabelas temporárias –
Recompilações.
Usar SET NOCOUNT em Procedures,
Functions e Triggers.
edição nº 10, agosto/2009
Segundo Moraes (2007, p. 10), o
Execution Plan (Figura 4):
7. Boas Práticas na Elaboração de
Consultas T-SQL
Cadernos UniFOA
5.3 Execution Plan
24
Boas Práticas em Consultas T-SQL
Utilizar índices sempre que necessário.
Em relação aos parâmetros, o ideal é garantir que tenha o mesmo datatype da coluna
com a qual ele será comparado.
Tabela 3 – Boas Práticas na Elaboração de Consultas
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
8. Considerações Finais
Para a elaboração deste artigo foi realizado um estudo teórico sobre tuning em
Banco de Dados, demonstrando sua importância para o desenvolvimento e manutenção
de aplicações. É necessário uma monitoração
constante assim como, ajuste e administração
do ambiente, consistindo de políticas, procedimentos, ferramentas e utilitários integrados de
gerenciamento de performance.
Para conseguir melhores resultados no
acesso ao Banco de Dados, critérios de desempenho devem ser considerados nas fases iniciais
do desenvolvimento de software. Com isso
também evita-se que seja necessário um grande
esforço com re-projeto ou re-codificação para
se atingir um nível de desempenho satisfatório
e nem sempre consegue-se os mesmos resultados se os critérios de performance fossem considerados desde o início do desenvolvimento.
A utilização de boas práticas em Banco de
Dados traz benefícios para a organização, pois
o tempo de resposta em uma consulta T-SQL é
minimizado e a performance é garantida.
Como trabalhos futuros, poderia-se utilizar o SBGD Oracle ou qualquer outro SGBD
para avaliação em termos de tuning.
9. Referências
ANDRADE, L. D. Otimização de Consultas de
Aplicações T-SQL em Ambiente SQL Server
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Ciência da Computação, Instituto de Matemática,
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and lastwaittype columns in the master.dbo.
sysprocesses table in SQL Server 2000 and
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25
PEIXOTO JÚNIOR, L. G.; CARVALHO, E.
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TRAMONTINA, G. B. Database Tuning:
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Campinas, 2008. Disponível em: <http://www.
ic.unicamp.br/~geovane/mo410-091/Ch20ConfigInterbasePosgres-art.pdf >. Acesso em:
29 abr. 2008.
Carlos Eduardo Costa Vieira
Sistemas de Informação – UniFOA
[email protected]
Centro Universitário de Volta Redonda
Campus Três Poços
Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
Três Poços - Volta Redonda / RJ
CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Souza, Ana Paula dos Santos; Campos, Bruno Fidelis, Dias, Carla Glênia Guedes; Alves, Michel Batista; Vieira, Carlos Eduardo Costa, Carelli, Flávio Campos. e Luiz Fabiano
Costa de Sá. Tuning em Banco de Dados. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/19.pdf>
edição nº 10, agosto/2009
Endereço para Correspondência:
Cadernos UniFOA
SILVA, C. B. Otimizando o Desempenho
de um Banco de Dados em um Ambiente
Altamente Crítico. 2006. 79f. Monografia
( Bacharel em Sistemas de Informação ) Departamento de Sistemas de Informação,
UNIMINAS, Uberlândia, 2006. Disponível
em: <http://si.uniminas.br/TFC/monografias/
MONOGRAFIA-CLESIO.pdf>. Acesso em:
30 abr. 2008.
27
A dificuldade no aprendizado da Língua Inglesa
The difficulty in English Language Learning
Original
Paper
Palavras-chaves:
Resumo
Aprendizado
O objetivo deste trabalho é mostrar que a grande dificuldade no aprendizado
de uma determinada língua estrangeira não pode se resumir simplesmente ao
fato de que ela seja diferente de nossa língua materna. A língua estrangeira
- neste caso o Inglês - deve ser ministrada de forma que o aluno sinta que
pode adquiri-la e não crie medos ou frustrações prévias. De acordo com
estudiosos, este artigo fala de métodos e técnicas que podem facilitar o
processo de aquisição de uma segunda língua, bem como o estímulo que o
professor pode dar a seu aluno para que ele esteja seguro de seu aprendizado
e saiba contextualizá-lo com sua realidade.
Realidade
Abstract
Key words:
The aim of this work is to show that the big difficulty in learning a foreign
language can not be summarized to the fact of being different from the
mother tongue. The foreign language - in this case English - must be taught
so that the learner feels that he / she can acquire it and does not develop
previous fears or frustration. According to researchers, this work talks
about methods and techniques which can facilitate the acquisition process
of a second language, as well as the incentive the teacher can provide to
the student so he / she can be confident of their learning e be able to use it
according to real situations.
Learning
1. Por que o Inglês é uma língua
difícil para muitos estudantes?
Muitos estudantes brasileiros têm dificuldades em aprender uma língua estrangeira
e, ao acompanhar individualmente o desempenho de cada um, em diferentes faixas etárias, pode-se perceber que as dificuldades são
maiores se o estudo da língua em questão é
iniciado após os 10 anos de idade.
O Inglês é a principal língua usada para
comunicação internacional e, por isso, é o idioma estudado por um maior número de brasileiros. No entanto, se comparado ao Espanhol ou
1
2
Speech
Reality
Francês, por exemplo, pode ser considerado,
por alguns estudantes, o idioma mais difícil de
ser compreendido.
Vários métodos são constantemente
criados e inovados para tornar eficaz o processo ensino ↔ aprendizagem no inglês. O que
faz então, com que ainda muitos adolescentes
e adultos apontem-no como uma língua muito
difícil? O que falta fazer para que esse senso
comum possa ser diminuído ou pelo menos,
compreendido?
Para responder a essas questões, deve-se
levar em conta, primeiramente, que a estrutura
e origem da Língua Inglesa são diferentes da
Pós-Graduada em Docência do Ensino Superior - Centro Universitário Geraldo Di Biasi - UGB
Mestrando em Letras Vernáculas - UFRJ
edição nº 10, agosto/2009
Discurso
Cadernos UniFOA
Bethania Márcia Montrezor
Alexandre Batista da Silva 2
Artigo
Original
1
28
nossa Língua materna, o Português; em segundo lugar, é importante que aluno e professor
tenham consciência de que para se aprender
uma nova língua, é necessária a compreensão
de alguns aspectos sociais e culturais dos falantes nativos desta.
Finalmente, deve-se lembrar que, antes
mesmo de aprender a falar, o ser humano passa por um processo de aquisição de linguagem
desde os primeiros dias de vida e isso, de forma alguma, pode ser ignorado ao se tratar da
aquisição de uma nova língua.
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
2. A aquisição da linguagem
No início do século XX, com Saussure e
Bloomfield, a linguística passa a ser reconhecida como um estudo científico e torna-se a ciência da linguagem. Na segunda metade do século, Chomsky propõe uma análise linguística
mais interessada na elaboração de uma teoria
que explique as fases que poderiam ter sido
produzidas por uma falante. Hoje, portanto, a
linguística é descritiva e explicativa.
O Empirismo foi uma das primeiras
abordagens quanto à questão da aquisição da
linguagem, serviu de base para a teoria behaviorista, em que o indivíduo só desenvolve
conhecimento por meio de estímulo-resposta,
imitação e reforço. Nessa teoria, Skinner encara o processo de aquisição da linguagem
como um comportamento que possa aprendido, como outros comportamentos e ações.
Com o Racionalismo, Noam Chomsky
faz críticas às abordagens de Skinner e, na década de 1950, introduz, na linguística, a noção de Gramática Gerativa Transformacional.
Chomsky propõe uma teoria que se baseia na
convivência de uma criança num meio em que
se fala determinada língua e, com o tempo, o
indivíduo (criança) começa a produzir sons
dessa língua, mais tarde a desenvolvê-la e,
por fim, adquiri-la. Segundo esses estudos, as
propriedades da língua são transmitidas geneticamente, contudo, esse conhecimento só é
ativado no contato com outro falante.
Chomsky analisa vários princípios e
baseia-se na intuição do falante, pois com seu
conhecimento internalizado, apenas ele será
capaz de organizar uma frase e dizer o que é ou
não permitido em sua língua. Intuitivamente,
o indivíduo sabe “medir” a gramática de sua
língua, porém, uma criança precisa ir à escola
para que se torne capaz de elaborar enunciados mais complexos.
Outros elementos que enfatizam essa
competência são estudados por J. Piaget
(cognitivismo) e por L. S. Vygotsky (interacionismo). Ambos baseiam a construção do
conhecimento desde as primeiras interações
da criança com o meio e, depois, a partir da
comunicação entre a criança e o adulto.
3. A aquisição da Língua estrangeira
Para entender como acontece a aquisição
e apropriação de uma segunda língua deve-se,
em primeiro lugar, estabelecer quais aspectos
serão observados e estudados.
Durante anos, o estudo e ensino da língua
estrangeira estiveram atrelados à observação
dos aspectos gramaticais para que estes fossem
imitados e, consequentemente, interiorizados.
Mais tarde, vários autores traziam à tona
outro campo de estudos que chamaram de interlíngue, que seria um dialeto do aprendiz. O
interlíngue seria determinado pela capacidade
do aluno/locutor de entender uma língua estrangeira e pelo ponto em que esta língua seria
compreendida, dada uma situação em que o
locutor precisasse se comunicar1.
As propostas e metodologias recomendadas por Corder, entre 1970 e 1990, foram as
responsáveis pelos conhecimentos e avanços
da evolução de língua dos aprendizes.
Para estudar a interlíngue (dialeto/língua
do aprendiz) devem ser levadas em conta três
dimensões. Primeiramente, a dimensão sincrônica, que descreve os aspectos do sistema
linguístico do aprendiz/locutor e as formas utilizadas por ele para comunicação; segue depois a dimensão diacrônica, que consiste em
acompanhar, ao longo do tempo, as produções
de um mesmo locutor e introduzir nelas a evolução das regras. A terceira dimensão é a comparação dos sistemas sincrônico e diacrônico,
que podem estar relacionados a um ou mais
locutores.
Entre os anos 1983 e 1988, um projeto
foi conduzido por cinco equipes europeias
para realização de uma análise comparativa
que visava distinguir traços interindividuais,
29
edição nº 10, agosto/2009
aprendiz, a competência no novo idioma será
desenvolvida.
Finalmente, Castro diz que a Teoria
Cognitiva: vê o aprendizado da segunda língua como um processo mental, que passa pela
prática estruturada de várias sub-habilidades
até a automação e integração de padrões linguísticos. Essa teoria afirma que as habilidades tornam-se automáticas ou rotinizadas apenas após processos analíticos... Por outro lado,
a Teoria Cognitiva postula uma reestruturação
e integração constante e contínua dos aspectos
linguísticos trabalhados para que o aprendiz
desenvolva a linguagem.
Segundo a teoria sociocultural (TSC),
baseada em Vygotsky, a língua é um artefato
cultural utilizada para mediações em atividades
sociais. Portanto, a aprendizagem de uma segunda língua é um processo socialmente mediado, em que o aprendiz precisa interagir com
outros indivíduos para poder observar e imitar.
Voltando à corrente behaviorista, lembramos que Skinner explicava que a linguagem se
fundamentava em estímulos externos, atribuindo relevante importância ao papel didático do
professor no ato de ensinar. Com suas ideias
nativistas, Chomsky reconhece a linguagem
como característica geneticamente determinada e que, basta um mínimo conjunto de regras
presente na mente do falante para que ele possa
aprender sistemas mais complexos. Para alguns
autores existem ainda as teorias interacionais,
que combinam fatores inatos e ambientais para
explicar a aprendizagem da língua.
Há também um consenso entre a maioria
dos estudiosos desse campo no fato de haver
uma maior dificuldade no aprendizado de uma
segunda língua na idade adulta. Um fato que
pode explicar a dificuldade de aquisição da
língua estrangeira após a adolescência é a falta
de acesso à Gramática Universal por parte do
aprendiz. Assim, a aquisição torna-se função
exclusiva do processo cognitivo.
Por um lado, possuir fluência numa língua significa também saber a realização adequada de fonemas e entonação. Quanto mais
velho o aprendiz, menor flexibilidade ele terá
para a aprendizagem desses novos automatismos. Já por outro lado, o conhecimento de um
maior número de palavras e a capacidade de
planejar discursos podem tornar-se mais fáceis
com a maturidade. O indivíduo adulto pode,
Cadernos UniFOA
translinguísticos e do desenvolvimento da língua estrangeira. Como resultado das pesquisas, a preocupação com a interação do locutor
com a língua na expressão de tempo e espaço
ficou concretizada. Os meios linguísticos (léxico, morfologia, sintaxe e semântica) podem
estar em diferentes níveis e, de certa forma,
essa diferença marcará o desenvolvimento da
nova língua.
Estudos mostraram que depois da construção de uma base lexical (conjunto de palavras conhecidas pelo locutor) e gramatical
(conhecimento construído ao longo do tempo)
mínimas, deve-se priorizar a produção de narrativas, provocadas ou espontâneas, no âmbito
dos assuntos mais comuns entre os aprendizes.
Quando o indivíduo é inserido numa situação
não-escolar em que precisa se comunicar na
língua “do outro”, ele acaba por esforçar-se
mais, independente das lacunas existentes no
seu potencial linguístico.
No ano de 1970, os estudos sobre língua
estrangeira foram inseridos na área de linguística aplicada. Com isso, as pesquisas sobre o
ensino ↔ aprendizagem de línguas, no Brasil,
passaram a estabelecer que, em sala de aula, o
ensino deve partir de estudos textuais para a
produção de narrativas e descrições de acordo
com as necessidades do aluno. Várias disciplinas se inter-relacionaram para auxiliar nessa
questão de aprendizagem da nova língua para
que todos tivessem suas ideias ouvidas, colaborando com o desenvolvimento do aprendiz.
Segundo Castro (1996), algumas teorias foram elaboradas em relação à aquisição da língua estrangeira. A Psicolinguística
Vygotskiana relaciona pensamento e linguagem e enfoca a compreensão do processo de
aquisição, não somente o produto deste1.
O Modelo do Monitor aparece com
Krashen, que enfoca a aquisição de uma nova
língua por adultos. Na teoria são descritos a
distinção entre aquisição e aprendizagem; a
ordem de aquisição da segunda língua diferente da língua materna; a motivação intrínseca
do aluno, entre outros.
A Teoria dos Universais Linguísticos
classifica os aspectos gramaticais específicos
de uma língua bem como as estruturas encontradas em todas as línguas.
A Teoria do Discurso deixa claro que,
somente através da interação comunicativa do
30
por exemplo, apoiar-se no uso da gramática,
enquanto a criança chega às suas conclusões
por inferência.
É importante que o professor esteja preparado para uma situação comunicativa de
ensino, em que promova o envolvimento do
aluno com os aspectos a serem adquiridos e
temas a serem discutidos. Dessa forma, o objeto a ser estudado torna-se mais familiar ao
aluno e este, enquanto sujeito da linguagem,
torna-se cada vez mais seguro no momento de
formular seus próprios discursos e consciente
do conhecimento que possui.
4. Ensino ↔ aprendizagem na
prática
Como professora de Inglês, tenho observado que cada vez mais, as metodologias para
o Ensino da Língua Estrangeira têm tornadose mais interessantes e relacionados com a
realidade dos estudantes, mas ainda são encontrados métodos que enfatizam somente a
gramática, sem envolvê-la em contextos reais.
Para exemplificar essas práticas transcrevo um
texto bem humorado de Rubem Braga, publicado em 1945, intitulado “Aula de Inglês”.
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
– Is this an elephant?
– Is it a book?
(...)
– Is it a handkerchief?
Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o que
poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca... Não, hipoteca não. Por que haveria
de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de
pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi impávido:
– No, it’s not!
(...)
– Is it an ash-tray?
Uma grande alegria me inundou a alma.
Em primeiro lugar porque eu sei o que é um
ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque, fitando o objeto que ela
me apresentava, notei uma extraordinária
semelhança entre ele e um ash-tray. Era um
objeto de louça de forma oval, com cerca de
13 centímetros de comprimento.
Minha tendência imediata foi responder
que não; mas a gente não deve se deixar levar
pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que
lancei à professora bastou para ver que ela
falava com seriedade, e tinha o ar de quem
propõe um grave problema. Em vista disso,
examinei com a maior atenção o objeto que
ela me apresentava.
As bordas eram da altura aproximada
de um centímetro, e nelas havia reentrâncias
curvas – duas ou três – na parte superior. Na
depressão central, uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno
pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e,
aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito
de fósforos já riscado. Respondi:
– Yes!
Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse convincentemente:
(...)
– Very well! Very well!
Sou um homem de natural tímido, e ain
da mais no lidar com mulheres. A efusão com
que ela festejava minha vitória me perturbou;
tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.
Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com passo
(...)
– No, it’s not!
Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia deixado apreensiva. Imediatamente perguntou:
– It’s not an ash-tray!
E ele na certa ficaria muito satisfeito
por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser
sempre agradável a um embaixador ver que
sua língua natal começa a ser versada pelas
pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é acreditado.
Maio, 1945
Vê-se que o método de memorização de
gramática e vocabulário apenas, ignorandose a produção coerente de textos, bem como
a finalidade do estudo da língua leva o aluno
a protagonizar situações sem qualquer correspondência com a vida real.
Há materiais didáticos hoje disponíveis
que levam o aluno a imaginar ou vivenciar situações possíveis em sua realidade.
Por exemplo, após o ensino de regras
gramaticais do Simple Present, e a introdução de alguns exemplos de atividades diárias
e um vocabulário pequeno em Inglês é possível pedir que os alunos façam uma redação
descrevendo-se ou mesmo descrevendo outra
pessoa. Esse mesmo tipo de exercício pode ser
feito oralmente para desenvolver a habilidade
de comunicação, desde que o professor apresente ao aluno um roteiro com a finalidade de
facilitar o raciocínio e a organização das frases
em um contexto. Vejamos o texto a seguir:
My name’s Alessandra and I live in
Argentina. I have a small family. My mother
works in a bank and she gets home about 7.00
in the evening. She’s very hard-working and
she usually brings her laptop home and does
some more work after dinner. My father’s
unemployed, so he doesn’t get up at the same
time as my mother. He stays in bed until 9.00.
I have a brother who really likes computers.
He has a job with a computer company. We
don’t have the same interests. He hates sport,
but I love it. He’s 21 years old and I’m 19. I’m
31
Textos assim podem ser lidos ou escutados, em atividades de listening. Após interpretação, o professor pode solicitar ao aluno que
fale um pouco de si mesmo e sua família. Para
que não ocorra a “cópia” do texto, o professor
apresentaria questões que serviriam de roteiro
para a fala do aluno. Por exemplo:
– What’s your name? Where do you
live?
– Do you live with your family? Do you
have brothers and sisters?
– What do the people in your family do?
– What do you do? What do you like?
What don’t you like?
Essas questões podem ser aplicadas tanto para turmas de adolescentes quanto para
adultos, e fazem com que os alunos não se desesperem por terem que falar a outros alunos
ou ao professor. À medida que o aluno adquire novos conhecimentos, outros textos, em níveis mais complexos são usados. As aulas de
Inglês devem se apresentar como um estímulo
na forma de desafio, mas devem respeitar o nível de compreensão do aluno. Se forem muito
fáceis ou muito difíceis, o aluno se desaponta,
desiste e perde o incentivo que o levou a querer aprender.
Em sala de aula também, o professor
precisa estimular o uso do dicionário em diversas atividades como leitura de textos, músicas, vídeos ou charges.
5. Conclusões
De acordo com alguns artigos que tratam
do ensino de línguas estrangeiras e sua importância na atualidade, um novo idioma só é realmente compreendido a partir do momento
em que o aluno passa a entender os conteúdos
comunicativos da língua e não somente seus
aspectos gramaticais. Ou seja, só realmente
tem-se o conhecimento da língua quando se
conhece a cultura do povo. A gramática precisa ser apresentada ao aprendiz de forma que
ele veja a finalidade do aprendizado e saiba
edição nº 10, agosto/2009
in college and I study Economics. In my free
time I like going to the movies and listening to
music.
Cadernos UniFOA
firme e ao ver, na vitrine de uma loja,alguns
belos cachimbos ingleses, tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma longa conversação com o embaixador
britânico, se o encontrasse naquele momento.
Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:
32
como usufruir da nova língua para seu crescimento profissional e pessoal.
Como professora de Inglês, tenho alunos
em diversas faixas etárias e, ao longo dos 4
anos lecionando a Língua Inglesa, pude perceber a diferença no aprendizado do Inglês,
entre crianças, adolescentes e adultos. Alunos
mais velhos ou que começam a estudar uma
segunda língua mais tarde, podem ter maiores
dificuldades para quebrar alguns paradigmas
devido à cristalização de estruturas gramaticais da língua materna. Mas ainda assim, eles
podem aproveitar o fato de serem mais experientes e terem um maior vocabulário para,
consequentemente, construir discursos mais
complexos.
Independentemente da idade, o aluno
precisa estar motivado. Ele precisa ver como
o aprendizado pode ajudá-lo a transformar-se,
ele precisa saber aonde pode chegar e o que
é capaz de fazer. O aprendizado verdadeiro
de uma nova língua não ocorre simplesmente com a repetição automática de enunciados,
mas com a relação que o aluno encontra com a
sua língua materna e sua realidade.
6. Referências
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
DEL RÉ, A. Aquisição da Linguagem – Uma
Abordagem Psicolinguística. São Paulo,
2006.
OLIVEIRA E PAIVA, V. L. M. de. A
Complexidade da Aquisição de Segunda
Língua. 2008. Disponível em www.veramenezes.com
OLIVEIRA E PAIVA, V. L. M. de. Como o
Sujeito Vê a Aquisição da 2ª Língua. 2009.
Disponível em www.veramenezes.com
OLIVEIRA E PAIVA, V. L. M. de. Linguagem,
Gênero e Aprendizagem de Língua Inglesa.
2005. Disponível em www.veramenezes.com
Endereço para Correspondência:
Bethania M. Montrezor
[email protected]
Joy English Course
Rua 40, n° 20 - sala 715
Vila - Volta Redonda - RJ
CEP: 27260-200
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Montrezor, Bethania Márcia; Silva, Alexandre Batista da. A dificuldade no aprendizado da Língua Inglesa. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009.
Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/27.pdf>
33
Aplicações do Enfoque Sistêmico nas Estruturas de Ensino e Pesquisa em Administração
Systemic Aspect Applications of the Education and Research Structures in Administration
Artigo
Original
Agamêmnom Rocha Souza 1
Cláudia Cristine Zamboti Francisco 2
Cinthia Cristine Zamboti Francisco 3
Original
Paper
Palavras-chaves:
Resumo
Teoria geral dos sistemas
A Teoria Geral dos Sistemas, conhecida também como T.G.S.,
é uma teoria interdisciplinar, desenvolvida pelo biólogo alemão
Karl Ludwig Von Bertalanffy. Essa teoria nos possibilita uma
visão mais abrangente, em que podemos integrar diversos campos do conhecimento. As Instituições de Ensino Superior têm
buscado apoio nos conhecimentos administrativos por ter a função de tornar seus alunos agentes participativos nos processos
políticos e sociais.
Abstract
Key words:
The Systems Gerenal Theory, also known as T.G.S., is an
interdisciplinary theory developed by a german biologist Karl
Ludwig Von Bertalanffy. This theory enables us to a wide vison,
where we can integrate a lot of knowledge areas. The Higher
Education Institutes are looking for support in the administrative
knowledge, because their function to turn their students in
participative agents in the political and social process.
System general theory
1. Introdução
1.1 Investigação Inicial
A Teoria Geral dos Sistemas, também
conhecida pela sigla T.G.S., foi desenvolvida pelo biólogo alemão Karl Ludwig Von
Bertalanffy e publicada entre 1950 e 1968. Ela
não visa solucionar problemas ou experimentar
as soluções consideradas práticas, mas busca
produzir teorias e formulações conceituais que
criem condições de aplicação na realidade empírica. Por ser uma teoria de caráter geral, isto
é, uma teoria interdisciplinar, pode ser aplicada em diversos campos do conhecimento.
2
Higher education institutes
Segundo BOULDING (1964), existem
cinco postulados que devem ser considerados
pontos de partida para o desenvolvimento da
T.G.S. moderna, dos quais aproveitamos quatro deles para o presente trabalho:
• Ordem e regularidade não randômicas
são preferíveis à falta de ordem ou irregularidade randômica;
• Regularidade no mundo empírico faz o
bem mundial;
• Para estabelecer ordem, a quantificação
e a matemática são de grande ajuda;
Mestre e Docente do UniFOA. Graduado em Administração e Ciências Contábeis (UCL)
Bióloga, pós-graduada em Administração Pública - UCAM/RJ
3
Discente do Curso de Administração do UniFOA
1
Systemic approach
edição nº 10, agosto/2009
Instituições de ensino superior.
Cadernos UniFOA
Abordagem sistêmica
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
34
• A procura para ordem e lei necessariamente envolve a indagação para as realidades que absorvem estas leis abstratas e
ordem – a referência empírica delas.
Essa teoria pode apresentar uma visão
mais abrangente para estudar os campos não
físicos da ciência, especialmente das ciências
sociais. Ela começou a ser aplicada na administração devido à necessidade de uma síntese
e uma integração entre as teorias já existentes
e do aumento da informatização das organizações. Por isso, deve-se identificar o maior número possível de variáveis internas e externas,
que possam exercer algum tipo de influência
no processo (tomado como um todo) existente
na organização.
Segundo MAXIMIANO (2004), uma das
premissas mais importantes desse enfoque é
a noção de que a natureza dos sistemas é definida pelo observador. É preciso aprender a
delimitar as fronteiras dos sistemas para compreendê-los e manejá-los, isso se chama fazer
recortes na realidade.
A Teoria de Sistemas utiliza o conceito
do “homem funcional” em detrimento ao conceito do homo economicus da Teoria Clássica,
do “homem social” da Teoria das Relações
Humanas, do “homem organizacional” da Teoria
Estruturalista e do “homem administrativo” da
Teoria Behaviorista, segundo CHIAVENATO
(2004). Em suas ações, o “homem funcional”
mantém expectativas quanto ao papel dos outros participantes e procura enviar aos demais as
suas próprias expectativas de papel. Essa interação altera ou reforça o desempenho, visto que
as organizações são sistemas de papéis, onde os
participantes desempenham funções.
A abordagem sistêmica “integra as funções universais da administração, a abordagem das funções do adminstrador e o planejamento estratégico, levando em conta fatores
externos”(MEGGINSON, MOSLEY e PIETRI
JR. apud ARAUJO, 2004).
2. Características de sistemas
A característica mais importante, dentro
do conceito de sistema, é a ideia de conjunto
de elementos interligados formando um todo,
que apresenta propriedades e características
próprias as quais não são encontrados em
nenhum dos elementos formadores, tomados
individualmente. É o que chamam emergente
sistêmico, segundo CHIAVENATO (2004).
Ainda segundo o autor, do conceito de sistema decorrem outro dois: o de propósito e o de
globalismo. Esses dois conceitos definem duas
características consideradas básicas do sistema:
Propósito – todo sistema tem um ou alguns
propósitos. Seus elementos formadores e os
relacionamentos definem uma organização que
visa, sempre, a um objetivo ou uma finalidade.
Globalismo – todo sistema possui uma natureza orgânica, através da qual uma mudança em
uma das unidades do sistema acarreta mudanças
nas outras unidades, devido ao relacionamento
entre elas. O efeito total dessas mudanças acarretará em um ajustamento sistemático de todo o
sistema; este sempre reagirá globalmente.
O sistema pode ser estável, quando uma
parte compensa a outra; e instável, quando não
há compensação, sendo subdividido em uma
parte de crescimento e outra de decrescimento.
3. Tipo de Sistemas
Há uma variedade de sistemas e uma
ampla tipologia para classificar, de acordo
com suas características. Por exemplo, quanto
à sua constituição, os sistemas podem ser:
Físicos ou concretos – quando são compostos por
equipamentos, maquinário, coisas reais.
Abstratos ou conceituais – quando são compostos por conceitos, hipóteses, ideias.
Os sistemas físicos e abstratos se complementam, pois os sistemas físicos precisam dos
abstratos para funcionar, e os sistemas abstratos precisam ser aplicados a um sistema físico.
Quanto à natureza, podem ser:
Fechados – quando não recebem influências externas e nada do que é produzido é exportado.
Abertos – quando apresentam entrada e saída
de energia e matéria.
• Nas partes não orgânicas.
• Nas partes animais.
• Na sociedade.
A parte que interage no sistema (parte
potencial) é chamada de potencial livre, e a
parte que não interage é chamada de potencial
próprio. Um sistema é alterado qualitativamente quando o potencial próprio é alterado
quantitativamente. Através da concentração
do potencial próprio podemos saber a quantidade relativa de potencial do sistema.
Quando o potencial livre aumenta ou reduz, há um aumento ou redução do potencial
total do sistema, haja vista que com o aumento
do potencial livre, as interrelações e as interações também aumentam, e com a diminuição
deste, elas também diminuem. O aumento desse
potencial ocorre com a redução dele em um outro sistema, ambos fazendo parte de um sistema
maior; mais potencial livre implica interações
maiores e mais longas entre os componentes de
um sistema. Essas permutas causam uma equivalência e simultaneidade entre dois processos
opostos, o de concentração e o de separação.
5. A organização como um sistema
aberto
De acordo com KATZ e KAHN apud
SOUZA e FERREIRA (2004), a organização
como um sistema aberto apresenta as seguintes características, dentre outras:
Transformação – a organização reorganiza
as entradas, transformando os insumos em
produtos acabados.
35
Ciclos de eventos – o funcionamento da organização é baseado nos ciclos decorrentes da
importação-transformação-exportação.
Entropia negativa – a organização procura
fugir do esgotamento.
Informação como insumo, retroação negativa e processo de decodificação – a organização importa informações sobre o ambiente
externo, dele obtendo o necessário feedback.
Estado firme e homeostase dinâmica – a
organização precisa equilibrar a sua adaptabilidade às mudanças ambientais, preservando
algumas características internas.
Diferenciação – a organização tende a substituir padrões difusos por funções mais especializadas.
Equifinalidade – um sistema pode alcançar, através de vários meios distintos, o mesmo resultado
final, a partir de diferentes condições iniciais.
Limites ou fronteiras – o espaço interno, a
esfera de ação e o grau de abertura da organização são delimitados por limites ou fronteiras, em relação ao ambiente.
Bertalanffy acreditava no sistema aberto como “um complexo de elementos em interação e em intercâmbio contínuo com o ambiente” (MOTTA e VASCONCELOS apud
ARAUJO, 2004).
6. Sistemas sócio-técnicos
Considerar a organização como um sistema sócio-técnico, significa prestar atenção
no processo de transformação ou conversão,
através da qual a organização tenta alcançar
suas metas. Esses sistemas se relacionam com
as interações entre os fatores psicológicos e
sociais, e entre as demandas do fator humano
da organização e seus requisitos estruturais e
tecnológicos.
Um estudo importante foi realizado pelo
Instituto Tavistock de Relações Humanas,
edição nº 10, agosto/2009
Os sistemas possuem um potencial que
mostra suas situações internas, evidenciando sua
estabilidade (que é proporcional ao potencial) e
as forças e estabilidades das interrelações entre
seus componentes. O potencial total de um sistema é o somatório dos potenciais de suas partes.
A interação entre os componentes do sistema (movimentação), altera o seu potencial.
Ela pode ocorrer de três maneiras distintas,
dando suporte a existência do sistema, assim
como as alterações de potencial:
Exportação – a organização exporta produtos
e serviços para o meio externo.
Cadernos UniFOA
4. Potencial do sistema
36
em Londres, também conhecido como sistema sócio-técnico de Tavistock, sob o comando de Eric Trist em colaboração com K. W.
Bamforth. Seu objetivo era o estudo dos efeitos da mecanização nas minas de carvão em
Londres. O trabalho de Trist usa uma abordagem sistêmica para entender o comportamento
organizacional.
7. Paralelos entre organismos e
organizações
ORGANISMOS
ORGANIZAÇÕES
São seres completos
(não precisam pra- São seres incompleticar parasitismo ou tos
simbiose)
O problema é um
A doença é um disdesvio nos procetúrbio no processo
dimentos adotados
vital
pela organização
Fonte: FERREIRA et al apud SOUZA e FERREIRA, 2004.
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
Os sistemas vivos, sejam considerados
individualmente ou em grupos, são considerados sistemas abertos, mantendo uma troca com
ambiente constante de matéria/energia/informações. De acordo com SOUZA e FERREIRA
(2004), a abordagem sistêmica da administração adota na análise das organizações o modelo dos organismos vivos, em detrimento do
modelo mecânico da concepção clássica.
De acordo com SILVA (2002), as organizações são sistemas construídos pelos indivíduos em interação com o ambiente – consumidores, clientes, concorrentes, organizações de
mão-de-obra, etc. Também são sistemas de partes inter-relacionadas que trabalham em conjunto para alcançar determinado número de metas,
tantos das organizações como dos participantes.
A intenção da T.G.S. é a tomada de decisão.
Porém, é preciso que as diferenças existentes entre os seres vivos e as organizações
sejam consideradas. O quadro a seguir ajuda
na compreensão:
Tabela 1: Diferenças existentes entre os seres vivos e as organizações.
ORGANISMOS
ORGANIZAÇÕES
Herdam seus traços
Adquirem estruturas
em estágios
Morrem
Podem ser reorganizadas
Têm um ciclo de Não têm um ciclo de
vida predeterminado vida definido
São seres concretos
São seres abstratos
Quando dizemos que os organismos herdam seus traços, estamos falando de genética
e seleção natural, por exemplo. Mas quando
se trata das estruturas adquiridas pelas organizações em estágios, estamos nos referindo ao
ciclo de vida das organizações, da abordagem
de Greiner, por exemplo.
A abordagem de Greiner considera cinco fases sequenciais de crescimento lento e
revolução rápida, onde cada estágio cria sua
nova crise, que acabará em um novo estágio:
Fase 1 – crescimento pela criatividade, crise
pela liderança.
Fase 2 – crescimento pela direção, crise de
autonomia.
Fase 3 – crescimento pela delegação, crise de
controle.
Fase 4 – crescimento pela coordenação, crise
de burocracia.
Fase 5 – crescimento pela colaboração, crise
da saturação psicológica.
É necessário frisar que, por mais que
existam semelhanças entre um e outro, as diferenças devem sempre ser levada em consideração. Dessa forma, não é difícil admitirse que as Instituições de Ensino Superior,
nesse contexto, estão inseridas, sendo os
Cursos de Administração inegavelmente
responsáveis pelas contribuições científicas,
em nível de ensino e pesquisa, já que se esmeram para esse binômio acadêmico fluam
constantemente.
9. Teoria Geral dos Sistemas e
Sistemas Escolares (Educativos)
Dentro do contexto atual de que a escola
tem que formar integralmente o aluno, tornando-o um efetivo participante dos processos políticos e sociais, atuando principalmente como
agente transformador destes sistemas e preparado
para a competitividade do mercado de trabalho,
as Instituições de Ensino Superior têm buscado
Entradas (Input): Todo recurso material
ou humano capaz de gerar insumos pedagógicos e administrativos;
• Processamento (Trougput): Utilização
dos insumos objetivando cumprir o papel de tranformação do aluno;
• Saída (Output): Alunos preparados para
o enfrentamento social e profissional;
37
edição nº 10, agosto/2009
A Teoria Geral dos Sistemas é muito abstrata para ser aplicada em situações gerenciais
práticas. Mesmo apresentando “uma aplicabilidade geral ao comportamento de diferentes tipos de organizações e indivíduos em diferentes
meios culturais” (ISARD apud CHIAVENATO,
2004), essa abordagem é muito geral, cobrindo
todos os fenômenos da organização.
Se especificarmos um problema dentro
das quatro dimensões organizacionais (concepção organizacional, planejamento e controle organizacional, processos comportamentais
e tomada de decisão), é só fazer as mudanças
necessárias dentro de uma ou mais dimensões
e resolvê-lo. Na T.G.S., essa especificidade
não existe. Ela é uma síntese dos conceitos da
abordagem clássica, neoclássica, estruturalista
e behaviorista. Não identifica as relações específicas que existem entre as dimensões organizacionais e não faz distinção entre variáveis.
A T.G.S. se apoia em hipóteses questionáveis. Segundo ANDRADE e AMBONI
(2007), ela pode ser responsável por uma ilusão científica, pois apesar de apresentar semelhanças com um sistema biológico, o sistema
administrativo possui características próprias.
As relações entre a empresa e o ambiente externo devem ser consideradas dentro de limites claros, sem exageros de paralelismo.
Ainda segundo os autores, os estudiosos parecem enfatizar mais o ambiente do que
as relações entre organização e ambiente. A
organização depende do crescimento e eficiência da sua adaptabilidade ao ambiente para
sobreviver, o que implica na maior chance de
sobrevivência das organizações nas quais as
normas e os valores estejam mais de acordo
com as demandas do ambiente.
se orientarem à luz de conceitos administrativos,
tendo em vista, tratar-se de uma organização
composta por vários atores com papéis definidos
e objetivos comuns. Por isso necessita planejar
suas ações, organizar sua estrutura, executar
seus planos e controlar seus resultados.
Por apresentar um organograma com
eixo definido e unidades inter-relacionáveis,
o sistema escolar está mais suscetível aos
critérios estabelecidos pela Teoria Geral dos
Sistemas, uma vez que a escola é um sistema
social (humano) complexo e aberto à influência ambiental, mais adaptativo pela capacidade de acumulação de conhecimento coletivo e
diversidade de perfis individuais.
O sistema escolar, devido sua complexidade, utiliza como ferramenta o enfoque
sistêmico para visualizar a interação de seus
componentes, entender a multiplicidade e
interdependência das causas e variáveis dos
problemas ( e. g. evasão, baixo rendimento,
infrequência, desmotivação docente e discente.) e criar soluções para estes problemas. “
O sistema educativo formal organiza-se por
níveis etários e segmentos educacionais que
se caracterizam segundo finalidades e tipos
de educação a prosseguir, de acordo com as
funções sociais da escola e as necessidades
de desenvolvimento pessoal e social dos educandos”, (RIBEIRO, ANTÓNIO CARRILHO
apud SILVA, 2006).
Na estrutura do sistema escolar, podemos
considerar de uma forma simplificada que hierarquicamente ou funcionalmente, a classe dos
alunos subordina-se à dos professores, e ambas
se subordinam à direção. O sistema escolar
apresenta componentes físicos e abstratos.
Como um sistema dinâmico, o sistema
escolar trabalha com elementos comuns aos
da T.G.S., envolvendo o ensino e a pesquisa,
especialmente nos Cursos de Administração:
Cadernos UniFOA
8. Avaliando a T.G.S.
38
• Retroalimentação (Feedback): Informações
relevantes para ajustar atividades e procedimentos administrativos/pedagógicos
de modo a melhorar o desempenho (conselho de classe)
• Controle ou Cibernética (Control or
cybernation): Atividades ou processos
utilizados para avaliar o desempenho da
escola ( avaliações internas e externas);
• Sistemas abertos (Open systems): A escola interage com todos os setores da sociedade realizando trocas de informações;
• Subsistema (Subsystem): A escola está
dividida em setores que compõem o sistema escolar (administrativo, pedagógico);
• Objetivo (Goal): A escola tem como objetivo principal transformar o aluno em um
cidadão integral, capaz de interagir na sociedade modificando-a quando necessário
e preparado para o mercado de trabalho.
• Equifinalidade (Equifinality): A escola utiliza de recursos, abordagens e procedimentos variados para atingir seus objetivos;
edição nº 10, agosto/2009
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• Entropia negativa (Negative entropy):
Como sistema aberto, a escola tem que
manter o equlíbrio antecipando prováveis problemas (desistências, trancamento de matrícula)
“Pode dizer-se que, em linhas gerais, no
sistema escolar são considerados os seguintes
subsistemas maiores: a) o curricular e o pedagógico (referente a planos de estudos, programa de ensino, métodos, organização pedagógica e avaliação do ensino-aprendizagem; b)
o dos recursos humanos, designadamente pessoas e demais agentes educativos (referente à
sua formação e regime de docência ou intervenção; c) o dos recursos físicos (respeitante
à rede, instalações e equipamentos escolares);
d) o de administração, organização e gestão
escolares; e) o dos apoios e complementos
educativos (designadamente a orientação educacional, saúde, apoios sócio-educativos e vários serviços complementares)”, ( RIBEIRO,
ANTÓNIO CARRILHO apud SILVA, 2006).
10. Aplicações do Enfoque Sistêmico
nos Sistemas Escolares
A escola tanto pública quanto a privada,
trabalha em busca da qualidade total, avaliando
sempre os resultados de todos os setores que a
compõe. Com isso é capaz de uma re-engenharia e redesenho de seus processos, o que leva a
mudanças visando ajustes situacionais. A organização escolar para ser bem sucedida tem que
assegurar o equilíbrio entre o sistema interno e
externo através de estratégias que reduzam sua
vulnerabilidade, garantindo assim sua existência.
11. Considerações Finais
Por derradeiro, emerge como real necessidade, tão iminente quanto eminente, nas
Organizações Escolares Superiores ofertantes de
Curso de Administração, a inclusão ou manutenção da pesquisa, via PIC – Programa de Iniciação
Científica ou similares, com a finalidade precípua de aprimorar o ensino, dotando, da merecida
qualidade, todos os processos que se vinculem à
formação do futuro Bacharel em Administrração,
fechando-se o ciclo sistêmico educativo, de enorme importância para as Instituições de Ensino e,
em consequência, para o Brasil.
12. Bibliografia
ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de
e AMBONI, Nério. Teoria Geral da
Administração – Das Origens às Perspectivas
Contemporâneas. São Paulo: M. Books, 2007.
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Agregados pelas Escolas. Disponível em:
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Geral da Administração das Organizações.
Rio de Janeiro: Campus, 2004.
39
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria
Geral da Administração: Da Revolução Urbana
à Revolução Digital. São Paulo: Atlas, 2004.
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Comunicação: Uma simbiose perfeita.
Disponível em: http://www.ipg.pt. Acesso
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SILVA, Reinaldo Oliveira da. Teorias da
Administração. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2002.
Agamêmnom Rocha Souza
[email protected]
Centro Universitário de Volta Redonda
Campus Três Poços
Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
Três Poços - Volta Redonda / RJ
CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Souza, Agamêmnom Rocha; Francisco, Cláudia Cristine Zamboti; Francisco, Cinthia Cristine Zamboti. Aplicações do Enfoque Sistêmico nas Estruturas de Ensino e
Pesquisa em Administração. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/33.pdf>
edição nº 10, agosto/2009
Endereço para Correspondência:
Cadernos UniFOA
SOUZA, Agamêmnon Rocha e FERREIRA,
Victor Cláudio Paradela. Introdução à
Administração: Uma Iniciação ao Mundo das
Organizações. Rio de Janeiro: Pontal, 2006.
41
CSN e Responsabilidade Sócio-Ambiental: Conscientização, Estratégia ou
Necessidade?
CSN and Corporate Social and Environmental Responsibility: Awareness,
Strategy or Necessity?
Rita de Cássia Santos Carvalho 1
José Luiz Trinta 2
Fátima Cristina Trindade Bacellar 3
Teoria geral dos
sistemas
O presente caso para ensino aborda temas relacionados à Responsabilidade Sócio-Ambiental em ações praticadas pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Para tal, primeiramente é relatado o histórico da
empresa, começando por sua fundação como uma empresa estatal que,
após passar por um processo de privatização, tornou-se uma empresa
internacionalizada e de capital aberto. Em seguida, dentro desse contexto, busca-se caracterizar a responsabilidade sócio-ambiental como
elemento do planejamento estratégico da empresa, bem como de sua internacionalização e da diversificação do campo de negócios. O objetivo
é discutir, no caso da empresa, como tais ações podem contribuir para a
sustentabilidade, trazer vantagens competitivas e auxiliar na ampliação
de seus negócios, principalmente, no exterior. Também estão incluídas
neste trabalho questões para discussão em sala de aula, assim como, notas de ensino que, além de relacionar a literatura pertinente ao tema, são
finalizadas com depoimentos de especialistas em Meio Ambiente sobre
a importância dos programas de responsabilidade social empresarial.
Espera-se que este caso proporcione uma estimulante discussão junto a
alunos de graduação e de pós-graduação, em especial de programas lato
sensu, sobre um tema tão importante e atual.
Instituições de ensino
superior.
Abstract
Key words:
This case for teaching addresses issues related to Social and
Environmental Responsibility in actions taken by Companhia
Siderurgica Nacional (CSN). To do this, first reported the company’s
history beginning with its founding as a state body, after going through
a privatization process, has become an internationalized company and
traded. Then, within this context, we seek to characterize the social
and environmental responsibility as part of strategic planning, as well
as internationalization and the diversification of the business field.
The objective is to discuss the case of the company, as such actions
can contribute to sustainability, bringing competitive advantage and
assist in growing their business, especially abroad. Also included
in this study questions for discussion in the classroom, as well as
teaching notes that in addition to the literature relating to the subject,
are finished with testimony from experts on the Environment on the
importance of the corporate social responsibility. It is hoped that this
case provides a stimulating discussion with students at undergraduate
and postgraduate, in particular, programs broadly on an issue as
important and current.
System general theory
Mestre e Docente do UniFOA. Graduada em Comunicação Social (SOBEU) e em Pedagogia (FERP)
Doutor em Administração - FEA/USP e Mestre em Administração - COPPEAD/UFRJ
3
Doutora em Administração - USP e Mestre em Administração - COPPEAD / UFRJ
1
2
Systemic approach
Higher education
institutes
edição nº 10, agosto/2009
Resumo
Cadernos UniFOA
Original
Paper
Palavras-chaves:
Abordagem sistêmica
Artigo
Original
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
42
1. Introdução
Na medida em que trouxe implícita a
evolução dos meios de comunicação e das
tecnologias de informação, a globalização
influenciou também a conduta das empresas,
que passaram a observar com mais cuidado a
imagem que a organização transmite ao público, pois seus atos passaram a ser mais divulgados e, portanto, mais sujeitos ao controle da
sociedade. Esta passou, então, a ter uma tendência crescente de esperar das empresas um
comportamento mais socialmente aceitável,
incluindo desde a responsabilidade de assumir
pelos atos por ela praticados- entre eles problemas ambientais - até o envolvimento em
problemas sociais básicos, participando ativamente do crescimento e bem estar social das
comunidades onde estão inseridas.
Por outro lado, também é preciso considerar que o ritmo acelerado com que o homem
vem consumindo os recursos naturais da Terra
e poluindo a sua atmosfera, criou uma grande
preocupação com o meio ambiente e com o desenvolvimento futuro da humanidade, que fica
evidenciado pelas sucessivas reuniões e eventos, ocorridos a partir de 1972, sob o patrocínio
da ONU, dos quais se destacam a Conferência
das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano
(Estocolmo, 1972) e o Relatório Brundtland
(1987), também chamado de “Nosso Futuro
Comum” – que já consolidava o conceito de
Desenvolvimento Sustentável, Rio 92 (Rio de
Janeiro, 1992) – que lançou as bases para a
Agenda 21 e o Protocolo de Kioto e Cúpula
sobre Desenvolvimento Sustentável.
Essa pressão por parte da sociedade
como um todo, juntamente com a preocupação
em relação à sustentabilidade, está se tornando
um dos fatores responsáveis pela criação nas
empresas de uma cultura de responsabilidade
social que vai bem além da tecnologia e do processo produtivo, reconhecendo a importância
do meio ambiente como fator de sobrevivência das empresas no século XXI. Nota-se uma
crescente conscientização das organizações no
sentido de assumir um papel mais amplo dentro
da sociedade, tendência que fica cada vez mais
evidente pelos balanços sociais das empresas,
publicados em seus relatórios anuais. Entre as
organizações que estão assumindo esse novo
papel destacam-se as do ramo siderúrgico, con-
siderado de alto impacto ambiental, e dentro
desse setor, a Companhia Siderúrgica Nacional
– CSN, objeto do presente caso para ensino.
Para a elaboração deste trabalho, foram
utilizados documentos de diversas fontes,
dentre elas: Relatórios Anuais da CSN (2004
2005 e 2006); sites da CSN, da Vale e do
Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) além
de entrevistas com a Gerente de Relações
Institucionais da Fundação CSN – FCSN e
dois especialistas em Meio Ambiente.
2. O Contexto Siderúrgico
A siderurgia é o ramo da indústria que se
dedica à obtenção e ao tratamento do ferro e do
aço. É uma indústria de base composta, em sua
maioria, por empresas de grande porte. A crescente demanda por produtos de ferro e aço fez
com que o setor evoluísse tecnologicamente e
aumentasse sua produção. Em contrapartida, e
como decorrência da própria natureza dos processos siderúrgicos, que trabalham com altas
temperaturas e geram poeiras e gases, aumentaram também os problemas ambientais e os
riscos para os operários e para as comunidades.
Apesar dos protestos e dos movimentos sociais,
somente a partir da segunda metade do século
XX é que as empresas siderúrgicas passaram a
investir mais em tecnologia e equipamentos, de
modo a reduzir a emissão de poluentes e aumentar a segurança de seus operários e da comunidade, bem como diminuir o consumo relativo
de matérias primas e insumos, principalmente a
água. Graças a esse fato, o aço é hoje o produto
mais reciclável e reciclado do mundo.
O parque siderúrgico brasileiro em 2006
era composto por 25 usinas operadas por 11
empresas e dispunha de uma capacidade de
produção instalada de 36,5 milhões de toneladas de aço bruto/ano. Essa capacidade colocou
o Brasil como o oitavo maior produtor mundial de aço e o primeiro da América Latina.
Nesse ano, a produção brasileira foi de 30,6
milhões de toneladas de aço, representando
3,1% da produção mundial e 51,5% da produção da América Latina. O faturamento do setor foi da ordem de US$ 53,8 bilhões, e gerou
110 mil empregos, dos quais 60 mil diretos e
efetuou recolhimentos de impostos de aproximadamente R$10,4 bilhões.
A Companhia Siderúrgica Nacional –
CSN – foi fundada em 9 de abril de 1941, por
ato do então Presidente da República, Getúlio
Vargas e começou a operar na cidade de Volta
Redonda – RJ, em 12 de outubro de 1946, data
oficial da sua inauguração. É a primeira usina
siderúrgica integrada a funcionar no Brasil,
sendo considerado um marco no processo de
industrialização brasileira. Sua produção de
aços planos e não planos na época viabilizou
a implantação das primeiras indústrias nacionais do parque fabril brasileiro.
Atualmente, possui na Usina Presidente
Vargas em Volta Redonda uma capacidade
de produção instalada de 5,8 milhões de toneladas de aço por ano, empregando diretamente cerca de 8 mil pessoas. Com tecnologia
inovadora e modernos equipamentos, oferece
uma das mais completas linhas de aços planos e revestidos da América do Sul, de alto
valor agregado. Seus produtos estão presentes em diversos segmentos, entre os quais se
destacam o automotivo, da construção civil,
de embalagem e linha branca, fornecidos para
clientes no Brasil e no exterior.
Após privatização, em 1993, a CSN se
tornou uma empresa de capital aberto, com
ações negociadas nas Bolsas de São Paulo e
de Nova Iorque. Nos anos seguintes, a empresa experimentou um forte crescimento e
diversificou sua atuação. Em 2001, iniciou
um processo de internacionalização, com a
aquisição dos ativos da Heartland Steel, constituindo a CSN LLC, nos Estados Unidos.
Hoje, a CSN, possui entre seus ativos uma
usina siderúrgica integrada, cinco unidades industriais, sendo duas delas no exterior
(Estados Unidos e Portugal), minas de minério de ferro, calcário, dolomita e estanho,
uma distribuidora de aços planos, terminais
portuários, participação em estradas de ferro
e em duas usinas hidroelétricas.
43
3.1. A fase estatal
As medidas efetivas para a implantação
da CSN tiveram início em 1931, com a criação,
no governo Vargas, da Comissão Nacional de
Siderurgia. Após 10 anos de disputas internas
e externas, agravadas pela Segunda Guerra
Mundial, foi realizada em 9 de abril de 1941, na
cidade do Rio de Janeiro, a Assembleia Geral
de constituição da Companhia Siderúrgica
Nacional, que segundo o estatuto aprovado nessa assembleia (1941, art. 4), seria uma sociedade anônima com domicílio no Rio de Janeiro,
“que tem por fim a fabricação e transformação
de ferro gusa, de ferro, de aço e seus derivados,
bem como o estabelecimento e exploração de
qualquer indústria que, direta ou indiretamente,
se relacione com esses objetivos.”
A partir dessa data, deu-se início à construção da usina, no então distrito de Barra
Mansa, Santo Antônio de Volta Redonda, hoje
município de Volta Redonda – RJ. Em 1946,
foi aceso o Alto Forno 1 e, em 12 de outubro
de 1946, a usina foi inaugurada oficialmente
pelo Presidente da República, na época, o general Eurico Gaspar Dutra. Em 1961, a usina
passou a ser denominada Usina Presidente
Vargas e, nesse mesmo ano, a mineração de
ferro, Minerações Casa de Pedra, situada em
Casa de Pedra – MG e a mineradora de fundentes (calcário e dolomita), Arcos, situada
em Arcos – MG, foram incorporadas à CSN.
Em 1954, a empresa concluiu a segunda
fase do seu plano de expansão e a produção
alcançou 680 mil toneladas/ano de aço bruto.
Dando sequência à expansão, em 1960, a produção foi elevada para 1 milhão de toneladas
e, em 1963, atingiu a marca de 1,3 milhões de
toneladas/ano. Ainda em 1960, dois fatos sociais relevantes ocorreram: foi fundada a Caixa
Beneficente dos Empregados da CSN – CSN
Previdência, entidade fechada, de previdência
privada, para os empregados da empresa, e foi
instituída a Fundação General Edmundo de
Macedo Soares e Silva, com a finalidade de
manter a Escola Técnica de Congonhas, que a
edição nº 10, agosto/2009
3. A Companhia Siderúrgica
Nacional – CSN
A empresa adota o gerenciamento da
qualidade e meio ambiente, certificados pelas
normas ISO 14001 e concentra suas ações de
responsabilidade social na fundação por ela
instituída, a Fundação CSN.
Cadernos UniFOA
O setor siderúrgico nacional está em
franca expansão e prevê o investimento de
US$ 13 bilhões, até 2010, para ampliar a capacidade de produção de aço bruto para 49 milhões de toneladas anuais.
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
44
CSN criou no município de Congonhas – MG.
No decorrer do tempo, o campo de atuação da
Fundação foi sendo ampliado e, em 1998, já
como empresa privada, seu estatuto foi alterado, o nome foi mudado para Fundação CSN
e passou a constituir o braço social da CSN,
com o objetivo de realizar ações voltadas para
a construção da cidadania junto às comunidades onde a empresa atua.
Dando sequência a um novo plano de
expansão, iniciado em 1974, a CSN alcançou
a capacidade de produção instalada de 2,5
milhões de toneladas em 1977 e 4,6 milhões
de toneladas/ano, em 1989, com a construção do terceiro alto forno. No ano seguinte,
1990, com a implantação de novos processos
e novos equipamentos, a empresa se torna a
maior produtora mundial de folhas metálicas,
em uma mesma usina, com a marca de 1 milhão de toneladas/ano. Nesse mesmo ano, o
Governo Federal decide pela privatização da
CSN e dá início ao processo de saneamento e
reestruturação, preparando-a para a venda.
Desde sua criação, na década de 1940, a
CSN vem desenvolvendo políticas socialmente
responsáveis. Na fase de implantação, devido
à pobreza do local escolhido para construção
da usina e à orientação governamental, da época, a política era de total assistencialismo, que
garantia, ao empregado e seus dependentes,
moradia a custo simbólico, assistência médica
e odontológica inteiramente gratuitas, além de
facilidades para aquisição de víveres, roupas,
mobiliário e utensílios domésticos. Até a década de 1960 esta política foi pouco alterada.
A partir da década seguinte, com o passar do
tempo, essa política foi sendo modificada e se
adequando à realidade do país e do mundo.
Com relação ao meio ambiente, até a década de 1970, as ações de preservação eram mínimas e não sistematizadas. Somente a partir de
1980, no Estágio III do Plano de Expansão, em
que predominou a instalação de equipamentos
e tecnologia de origem japonesa é que as ações
de preservação começaram a ser sistematizadas, dando início a um processo de conscientização ambiental, que foi crescendo gradativamente até o início da década de 1990, quando
começou um tumultuado período em que a empresa se tornou altamente deficitária e teve seu
fechamento cogitado pelo Governo Collor. Em
1993, a CSN foi vendida na Bolsa de Valores
do Rio de Janeiro. O Governo se desfez de
91% das ações da Companhia e o controlador
atual, Grupo Vicunha, passou a ser um dos sócios controladores. A Companhia emite ADRs
(American Depositary Receipts) de nível I
(mercado de balcão) na Bolsa de Nova Iorque.
3.2. A fase pós-privatização
Logo após a privatização, teve início
um período de grandes investimentos com o
objetivo de aprimorar a qualidade dos produtos e aumentar a produtividade das unidades
produtoras. Esse objetivo buscava capacitar a
empresa a competir no mercado, visando a sua
recuperação financeira. Em contrapartida a demissão de quase dez mil empregados, trouxe
sérios problemas para a cidade de Redonda e
região, gerando uma grave crise social.
Em 1996, a empresa amplia o seu Volta
campo de atuação para os setores de infraestrutura e logística, passando a participar dos
projetos de construção de duas novas usinas hidroelétricas, do Porto de Sepetiba, em
Itaguaí – RJ e da ferrovia MRS.
Em 1997, com pouco mais de cinquenta anos de existência, atinge a marca histórica
de 100 milhões de toneladas de aço produzida. Nesse mesmo ano, outro fato importante
acontece, a CSN passa a ter ações listadas no
nível II da Bolsa de Valores de Nova Iorque.
Os anos que se seguem são de aquisições
e crescimento. Em 1998, a empresa adquire a
INAL e a Intermesa, duas importantes distribuidoras de aço, que têm suas operações fundidas, dando origem à nova INAL, empresa
que passou a fazer parte do grupo CSN. Em
1999, foi inaugurada a central de cogeração
termoelétrica na Usina Presidente Vargas, em
Volta Redonda - RJ, que além de suprir 60%
das necessidades de energia elétrica da usina,
representa um enorme benefício para o meio
ambiente, pois utiliza, na sua operação, gases
gerados no processo produtivo da usina que
anteriormente eram lançados na atmosfera.
Em 2000, foi inaugurada a hidroelétrica de Itá,
em Santa Catarina, que torna a CSN autossuficiente em energia elétrica. É inaugurado, também, o TECON, Terminal de Contêineres, no
Porto de Sepetiba-RJ, construído pela CSN em
conjunto com a Companhia Vale do Rio Doce.
Nesse mesmo ano, ocorre a reestruturação so-
45
edição nº 10, agosto/2009
Lusosider, em Portugal, passando a deter a totalidade do capital dessa empresa.
Em 2006, a CSN adquiriu a PRADA,
maior fabricante de embalagens de aço para
a indústria química e alimentícia do país, com
quatro unidades de produção, localizadas em
São Paulo, Araçatuba, Gaspar e Uberlândia.
Em 2007, a CSN deu início à construção
da sua fábrica de cimento, que fica situada no
interior da própria usina, em Volta Redonda,
devendo iniciar a produção em 2008. Em 27
de setembro, a CSN realizou, no auditório
da Associação Comercial Industrial e Agro
Pastoril – ACIAP, em Volta Redonda, audiência pública, com a participação de seus dirigentes, empresários e autoridades locais, confirmando a construção, na cidade, de um dos
seis módulos de produção de placas de aço,
com os quais pretende elevar sua capacidade
de produção de aços planos em 9 milhões de
toneladas anuais. O investimento, orçado em
U$ 805 milhões (cerca de R$1,5 bilhão), deve
gerar mil empregos na operação, sendo 800 diretos na CSN e 200 em empresas terceirizadas.
O empreendimento ficará pronto 36 meses,
após o início da obra, condicionada ao recebimento da licença ambiental. O projeto do
módulo de Volta Redondo inclui a construção
do Alto Forno 4, cuja localização vinha sendo
discutido pela empresa há algum tempo.
Outro projeto importante para Volta
Redonda é a “Fábrica de Aços Longos”, que vai
produzir 500 mil toneladas por ano – 370 mil
de barras, perfis e vergalhões e 130 mil de fio
máquina. A fábrica deverá iniciar sua operação
um ano antes do módulo de placas e o investimento será de U$ 112,7 milhões. Na operação
dessa nova unidade, a CSN vai empregar 421
empregados diretos e gerar outros 100 postos
terceirizados, totalizando 521 novos empregos.
Além da fábrica em si, outro aspecto importante a ser destacado é que o fio-máquina a ser
produzido pela fábrica de aços longos é matéria
prima para vários outros segmentos industriais
representando um forte atrativo para a instalação de novas indústrias na região.
Quanto aos demais módulos de produção,
que compõem o atual plano de expansão da empresa, ficarão assim localizados: dois em Itaguaí
– RJ, onde a empresa tem o terminal portuário,
na Baía de Sepetiba; dois em Congonhas – MG,
próximo da mina de Casa de Pedra e o quinto,
Cadernos UniFOA
cietária em que a CSN realiza o descruzamento de participação acionária com a Companhia
Vale do Rio Doce. A Vicunha Siderurgia aumenta sua participação de 14,1% para 46,5%
na CSN e passa a ser o sócio controlador da
empresa. Ainda nesse ano, a CSN vende sua
participação acionária na Light.
Em 2001, a empresa dá início ao processo de internacionalização, ao adquirir os
direitos de compra dos ativos da concordatária americana Heartland Steel, constituindo a CSN LLC. Nesse mesmo ano, obtém a
certificação na ISO 14001. Também realiza
reformas no Alto Forno 3 e no Laminador
de Tiras à Quente 2 (equipamentos vitais da
Usina Presidente Vargas), que possibilitaram
alcançar a capacidade nominal de 5,6 milhões
de toneladas/ano de aço bruto e 5,1 milhões de
toneladas/ano de produtos laminados.
Em 2002, a CSN adquire a Metalic, fábrica de latas de aço de duas peças, localizada
em Fortaleza – CE, sendo a única empresa da
América Latina a fabricar esse produto, considerado de alta tecnologia.
Em 2003, a CSN alcança a marca recorde de 5,3 milhões de toneladas de aço produzido. Nesse mesmo ano, inaugura uma nova linha de galvanização, a CSN Paraná, destinada
à produção de aços revestidos e pré-pintados.
Ainda nesse mesmo ano, em prosseguimento
ao seu processo de internacionalização, adquire 50% do capital da Lusosider, em Portugal,
e adquire o controle total da CSN LLC. Ainda
nesse ano é feito o descruzamento em participações logísticas, entre a CSN e Vale do Rio
Doce. A CSN passa a deter 100% do terminal
de contêineres do Porto de Sepetiba (TECON),
49,9% das ações da Companhia Ferroviária do
Nordeste e abre mão da sua participação na
Ferrovia Centro Atlântica (FCA).
Em 2004, a CSN adquire os 50% restantes do capital da Galvasud, situada em Porto
Real – RJ, passando a deter a totalidade do capital dessa empresa.
Em 2005, adquire 100% das ações da
ERSA – Estanhos de Rondônia S.A., empresa composta por uma mina de estanho
(Mineração Santa Bárbara) e uma fundição
de estanho, ambas localizadas no estado de
Rondônia. Nesse mesmo ano, em prosseguimento ao seu processo de internacionalização,
a CSN adquire os 50% restantes das ações da
46
na Região Nordeste em local ainda não definido, no estado que oferecer, além da infraestrutura, o melhor pacote de incentivos tributários.
Os investimentos totais previstos para esse plano são da ordem de U$ 6 bilhões.
Assim, foram definidos como pilares do
planejamento estratégico da empresa:
• Aumentar valor para os acionistas.
• Manter sua posição de indústria siderúrgica com o menor custo mundial e maior
margem EBITDA.
• Tornar-se uma global player otimizando
seus ativos de infraestrutura (minas, portos e ferrovias) e suas vantagens competitivas de custo, permitindo um maior
crescimento da CSN.
• Focar no cliente e oferecer soluções
completas em aço, apoiadas por produtos e serviços de excelente qualidade, no
Brasil e no mundo.
• Proporcionar aos seus colaboradores um
ambiente de trabalho seguro e saudável.
• Respeitar o meio ambiente e as comunidades onde atua.
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
3.3. Ações de Responsabilidade Sócio-Ambiental
Com a privatização em 1993, as políticas
de responsabilidade social continuaram, com
o apoio a projetos nas áreas de educação, desenvolvimento comunitário, saúde, cultura e
esporte, agora concentradas na fundação instituída pela empresa, a Fundação CSN. Segundo
dados da empresa, no ano de 2006, foram investidos R$ 13 milhões em projetos sociais,
beneficiando mais de 400 mil pessoas, em doze
municípios de cinco estados brasileiros.
Em relação ao meio ambiente, a CSN
herdou um grande passivo ambiental. Porém,
consciente da necessidade estratégica de cuidar do meio ambiente celebrou acordo com a
FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia
do Meio Ambiente) em 27 de janeiro de 2000
pelo qual a empresa se comprometeu a realizar 130 projetos ambientais e atingir metas de
desempenho relacionadas ao meio ambiente
em Volta Redonda. Esse acordo, denominado Termo de Ajuste de Conduta (TAC), foi
concluído em abril de 2003 e no total foram
investidos R$ 252 milhões em equipamentos
e ações de controle da poluição atmosférica e
hídrica, tratamento de resíduos sólidos, monitoramento, estudos para desativação de equipamentos e gestão de risco.
Das 130 obras do TAC, 55 foram voltadas para o controle da poluição do ar e representaram investimentos de R$ 162,2 milhões.
A poluição da água mereceu outros R$ 66,7
milhões distribuídos em 41 ações. O tratamento de resíduos sólidos foi contemplado com 18
ações que somaram R$ 15,8 milhões. Outros
R$ 4,1 milhões foram investidos em estudos
para desativação de equipamentos, atividades
de monitoramento e implementação de sistemas de gestão de risco.
Além dessas obras, a comunidade de
Volta Redonda recebeu da CSN três medidas
compensatórias do TAC: duplicação da capacidade da Estação de Tratamento de Água
Potável de Volta Redonda, doação de terreno
para construção da Estação de Tratamento de
Esgotos Domésticos e construção de moderno
Aterro Sanitário para o lixo da cidade, em área
escolhida pela Prefeitura Municipal.
A conclusão das obras do TAC da Usina
Presidente Vargas possibilitou à CSN atingir
um novo patamar de desenvolvimento ambiental. A partir daí, os investimentos diminuíram,
concentrando-se em dois tipos de iniciativas:
projetos de melhoria e projetos de crescimento. Em contrapartida, as despesas com custeio aumentaram, isso porque a manutenção e
operação dos novos equipamentos de controle
ambiental são contabilizadas como custeio.
O ano de 2004 representou para a CSN
o início de uma nova etapa de crescimento e
diversificação, com o desenvolvimento do
novo negócio de exportação de minério de ferro. Para viabilizá-lo, ao longo do ano, foram
solicitadas as licenças ambientais para os projetos de ampliação da mina de Casa de Pedra
(Congonhas – MG) e para melhoria e ampliação do Terminal de Carvão, em Itaguaí – RJ.
Foram solicitadas, também, as licenças para o
Terminal Graneleiro do Tecon (Terminal de
Contêineres), no Porto de Sepetiba.
Outros focos do período, relacionados
ao meio ambiente, foram a manutenção da certificação segundo a ISO 14001 para o sistema
de gestão ambiental da empresa e a solicitação
de licenças ambientais para projetos a serem
realizados a partir de 2005.
No ano de 2006, o grande destaque no
campo dos investimentos em meio ambiente
foi a conclusão das obras previstas no Termo de
Compromisso Ambiental (TCA) do Terminal
de Granéis Sólidos do porto de Itaguaí. Esse
termo foi assinado com o Governo do estado
do Rio de Janeiro em 30/11/2001, aditado em
28/05/2004 e previa a instalação de todos os
sistemas de controle ambiental necessários à
operação do Terminal.
47
A Tabela 1 mostra os dispêndios da empresa com meio ambiente entre 2004 e 2006.
DISPÊNDIOS EM MEIO AMBIENTE
INVESTIMENTOS DE CAPITAL (R$)
2004
2005
2006
Controle de Poluição Atmosférica
Controle de Poluição Recursos Hídricos
Controle de Poluição do Solo/
Gerenciamento de Resíduos
Administração de Meio Ambiente
Total de investimentos
4.401.445,00
4.410.939,00
13.378.064,00
49.124.044,00
22.777.421,00
16.357.899,00
2.063.844,00
3.242.443,00
6.578.247,00
774.583,00
11.650.812,00
602.622,00
66.347.175,00
12.740,00
58.453.728,00
CUSTEIO EM MEIO AMBIENTE (R$)
2004
2005
2006
58.281.258,00
71.288.743,00
82.906.820,00
65.974.828,00
69.445.441,00
77.349.972,00
11.594.846,00
12.102.503,00
7.025.172,00
11.934.761,00
147.785.694,00
159.436.507,00
10.059.464,00
162.896.151,00
229.243.326,00
11.549.098,00
178.831.063,00
237.284.791,00
Controle de Poluição Atmosférica
Controle de Poluição de
Recursos Hídricos
Controle da Poluição do Solo/
Gerenciamento de Resíduos
Administração de Meio Ambiente
Total de Custeio
TOTAL
produzido, em 1998, para 39,07 m3 por tonelada, em 2006, ou seja, economizando mais de
61% desse insumo.
Os resíduos gerados em sua maioria são
reaproveitados seja como matéria prima na
própria empresa ou vendidos para outros segmentos industriais ou para a construção civil.
Em 2006, dos 660 quilos de resíduos gerados
por tonelada de aço produzida, 26% foram reciclados na própria empresa e 73% vendidos,
gerando um faturamento de R$ 190 milhões.
3.4. Resgatando erros do passado - CSN é
condenada a reparar danos ambientais de
período de estatal
Em 2005, a CSN foi condenada a pagar
indenização por seu passado de produção industrial ambientalmente irresponsável, embora, segundo palavras da juíza que condenou a
empresa, Adriana Rizzoto, hoje ela seja um
modelo de gestão ambiental, de acordo com a
legislação vigente.
edição nº 10, agosto/2009
O sistema de gestão ambiental da CSN
estabelece indicadores ambientais para a qualidade do ar, para o consumo específico de água
e para o controle de resíduos gerados. Com
relação à qualidade do ar, atualmente, os equipamentos produtivos da CSN que podem gerar
impactos atmosféricos contam com sistemas
de controle de poluição próprios e específicos.
Além disso, a empresa dispõe de uma rede de
monitoramento da qualidade do ar de Volta
Redonda, formada por estações de monitoramento que transmitem o Índice de Qualidade
do Ar (IQA) diretamente para a FEEMA, que
o disponibiliza, diariamente para os interessados, através do seu site. O mesmo indicador
é divulgado 24 horas por dia, através de um
painel eletrônico, situado em praça pública no
centro da cidade.
Com relação à água, importante insumo
de qualquer processo siderúrgico, a CSN recircula 85% da água captada do Rio Paraíba
do Sul, possibilitando a redução de seu consumo específico de 100,5 m3 por tonelada de aço
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Fonte: Relatório Anual 2006 – CSN, p.83
edição nº 10, agosto/2009
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48
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)
foi condenada a reparar os danos ambientais causados no passado pela sua atividade industrial
por meio do pagamento de uma multa. A principal usina da companhia, a Presidente Vargas, é
apontada como responsável pela deterioração da
bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.
Segundo a juíza responsável pela sentença, os danos ambientais causados pela CSN,
além de confessados pela empresa, ficaram
evidenciados em relatório feito pela Feema,
o órgão estadual responsável pela fiscalização da aplicação das leis ambientais no Rio
de Janeiro. Verificou-se a geração de bilhões
de toneladas de resíduos industriais, o lançamento de cerca de 35 mil toneladas/ano de
poluente na atmosfera e a contaminação das
águas do Rio Paraíba do Sul, responsável pelo
abastecimento de 10 milhões de pessoas.
Em sua decisão, a juíza ressalva a postura
de vanguarda da empresa no respeito ao meio
ambiente: “Cumpre salientar o fato notório de
que, alguns anos após a privatização, a CSN,
sob nova administração, passou a adotar política de gestão ambiental de vanguarda, bem como
a investir seriamente em processos industriais
mais limpos e eficientes”. No entanto, a juíza
afirma que a “interrupção da causa degradadora
ao ecossistema com o ajustamento da conduta
atual da empresa às exigências da legislação
ambiental, entretanto, não exclui o dever da Ré
de indenizar a comunidade pelos danos causados durante sucessivos anos de produção industrial ambientalmente irresponsável”.
4. Considerações finais
As transformações sociais e econômicas
observadas a partir da publicação do Relatório
Brundtland têm afetado profundamente o comportamento das organizações até então acostumadas em sua maioria à pura e exclusiva
maximização do lucro. Pode-se perceber uma
preocupação cada vez maior por parte das empresas e das comunidades, inclusive no Brasil,
sobre temas ligados à responsabilidade sócioambiental. Observa-se o surgimento de novas
demandas e maior pressão por transparência
nos negócios, fazendo com que as empresas
incorporem a ideia de responsabilidade sócioambiental às suas estratégias de negócios.
Percebe-se que a gestão sócio-ambiental
incorporada aos negócios das empresas é relativamente recente. Por outro lado, está em movimento crescente e sua prática vem se institucionalizando com o surgimento de organismos
nacionais e internacionais que criaram indicadores, dispositivos e normas para aferir as ações
de responsabilidade sócio-ambientais praticadas
pelas organizações. É importante ressaltar a influência dos resultados dessas medições na imagem das empresas, com reflexos diretos nos negócios, estes atualmente vinculados ao processo
de globalização. Ações sociais e postura em relação ao meio ambiente são reconhecidas pela
sociedade e pelo mercado e passaram a fazer
parte do planejamento estratégico das empresas.
No caso da CSN, que tem planos para
continuar a ampliação de seus negócios, inclusive no exterior, a prática da responsabilidade
sócio-ambiental aparenta ser de fundamental
importância, conforme evidenciado em seus
relatórios anuais, com destaque para o Sistema
de Gestão Ambiental adotado pela empresa e
considerado indispensável para a sobrevivência da mesma, pois garante a gestão do desempenho ambiental da organização, bem como a
gestão das informações ambientais demandadas pelo mercado (consumidores e mercado de
capitais). Na mesma linha, há de se ressaltar
a importância da sustentabilidade para os negócios da empresa, que no futuro, será fator
de sobrevivência não apenas da CSN, mas de
todas as empresas do setor de siderurgia.
5. Questões para discussão:
1 – Discuta as ações sócio-ambientais desenvolvidas pela CSN, em suas fases de empresa estatal e empresa privada, tendo em vista os conceitos de Filantropia e Responsabilidade Social.
2 – De que forma a prática da responsabilidade
sócio-ambiental das organizações pode colaborar para o fortalecimento da marca junto aos
seus stakeholders e demais públicos de uma empresa de siderurgia e, em especial, para a CSN?
3 – Quais possíveis vantagens competitivas as
práticas de responsabilidade sócio-ambiental e
de desenvolvimento sustentável podem trazer
para uma organização como a CSN? Que pa-
6.1. Metas de Aprendizagem
O caso de ensino apresentado é preferencialmente destinado a alunos de cursos de
pós-graduação lato sensu e stricto sensu de administração. Entretanto, pode ser também aplicado em cursos de graduação de administração, desde que respeitadas algumas limitações
de seus alunos (por exemplo, modificando-se
o grau de dificuldade das questões ou não as
aplicando em sua integralidade).
De acordo com a classificação proposta
por Ikeda, Veludo-de-Oliveira e Campomar
(2005), o caso em questão se enquadra como
um caso com foco de decisão posto que sua
finalidade pedagógica é despertar insights nos
alunos, sua disponibilidade de informação é
suficiente e seus níveis de estruturação e de
complexidade são moderados.
Considerando-se as três dimensões de
dificuldade de casos (analítica, conceitual e de
apresentação) propostas pelo modelo denominado Case Difficulty Cube, (LEENDERS;
MAUFFETTE-LEENDERS; ERSKINE, 2001)
que contemplam o desenvolvimento de um caso,
verifica-se que o caso apresentado enquadra-se
no chamado grau de dificuldade 3 da dimensão
analítica. Tal enquadramento se justifica pelo
fato do caso não fornecer uma pergunta específica para a tomada de decisão, mas sim um conjunto de ações que deve ser objeto de análise e
discussão por parte dos alunos, inclusive podendo resultar em sugestões de outras atividades a
serem realizadas pela empresa (CSN). Já na dimensão conceitual, pode-se dizer que o caso é
compatível com o grau 2, pois embora os conceitos possam ser claramente entendidos pelos estudantes após cuidadosa leitura – característica do
grau de dificuldade 1 – o tema é contraditório e
polêmico sob o ponto de vista de alguns autores,
não havendo ainda um consenso acerca das definições de marketing social, nem tampouco para
as de marketing para causas sociais. O caso ainda
exige conhecimentos simultâneos e de relativa
complexidade que o leitor deverá trazer consigo
como pré-requisito ao estudo do caso.
49
• Responsabilidade sócio-ambiental
• Processo de internacionalização
• Estratégia
Ressalta-se que a não inclusão da teoria
como elemento textual do caso baseou-se nos
pressupostos de Mascarenhas et al (2007) que
têm o entendimento de que o aluno ao qual se
destina tem domínio das teorias e disciplinas
que envolvem a narrativa e, ainda, este é um
formato que tende a ser mais desafiador, já que
incita o aluno à reflexão dos aspectos organizacionais que ligam a teoria à prática.
O caso possibilita ao leitor se colocar no
lugar do tomador de decisões ou solucionador
de problemas. Em especial, o caso apresentado
desafia e provoca o estudante a fazer uso de teorias implícitas, analisando-as e colocando-as
em prática de modo a proporcionar o melhor
resultado para a empresa.
6.2. Análise do caso
Para a análise deste caso, aconselha-se o
emprego de uma hora e meia, levando-se em
consideração uma leitura prévia por parte da
turma, com vistas a uma melhor compreensão
do assunto. Previamente ao debate, devem ser
formados grupos com não mais que quatro integrantes, de maneira que os alunos exponham
seus pontos de vista e persigam um consenso.
Tal tarefa deverá ter um tempo médio de 30
minutos. Em seguida, o professor poderá propor que a turma se disponha na formação de
um círculo e em seguida inicie provocando e
mediando as opiniões. Essa etapa deverá durar cerca de 30 minutos. Ao final, o professor
deverá realizar um fechamento, gastando um
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6. Notas de Ensino
Finalmente, no que tange a dimensão de
apresentação, verifica-se que o caso pode ser
enquadrado no grau de dificuldade 2 em função
de sua relativa extensão de leitura. O caso ainda
apresenta informações relevantes não concentradas em um único ponto do texto, ou seja, exige
uma leitura atenta por parte do leitor. Embora
haja um esforço em se organizar as informações,
verifica-se que a realidade existente no mundo
prático proporciona informações e dados muitas
vezes espalhados pela linha do tempo, ou mesmo
pelos diversos departamentos da organização. O
caso tem por premissa explorar as temáticas:
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péis elas podem exercer para o crescimento e
internacionalização da empresa?
50
tempo médio de 30 minutos. Nessa etapa, o
professor poderá tecer comentários em relação
às decisões adotadas pelos membros do debate
fazendo uma ligação entre tais propostas e os
pontos chaves da teoria.
6.3. Conceitos teóricos
1 - Melo Neto e Froes (2004) consideram que
a responsabilidade social surgiu com a filantropia e tem a ver com a consciência social e o
dever cívico, não é individual, reflete a ação de
uma empresa em prol da cidadania. Sua ética
social é centrada no dever cívico. As ações de
responsabilidade social são extensivas a todos
que participam da vida em sociedade – indivíduos, governo, empresas, grupos sociais, movimentos sociais, igrejas, partidos políticos e
outras instituições. A filantropia se baseia no
assistencialismo, que objetiva contribuir para
a sobrevivência de grupos sociais menos favorecidos. Sua ética social é centrada no dever
moral. Suas ações partem de vontades e desejos individuais.
Quadro 1 - Diferenças entre filantropia e responsabilidade social
Filantropia
Responsabilidade Social
Ações individuais e voluntárias
Ação coletiva
Fomento da caridade
Fomento da cidadania
Base assistencialista
Base estratégica
Restrita a empresários, filantrópicos e abnegados
Extensiva a todos
Prescinde de gerenciamento
Demanda gerenciamento
Decisão individual
Decisão consensual
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Fonte: Melo Neto e Froes. Responsabilidade Social & cidadania empresarial: a administração do terceiro setor (2004, p28)
2 - Segundo Ashley (2002) “a nova realidade
de mercado fez com que as empresas investissem mais em outros atributos hoje essenciais,
além de preço e qualidade: confiabilidade, serviço de pós-venda, produtos ambientalmente
corretos e relacionamento ético da empresa
com seus consumidores, fornecedores e varejistas, além da valorização de práticas ligadas
ao ambiente interno, como a política adotada
em relação à segurança de seus funcionários
ou produtos e à qualidade e preservação do
meio ambiente.”
3 - Para Kotler (1998), “as empresas devem assumir a responsabilidade pelo meio ambiente,
atendendo a três critérios quanto aos seus produtos: satisfação do cliente, interesse público e
lucro da empresa”, abordagem que confirma a
importância do meio ambiente como fator de sobrevivência das empresas no século XXI, numa
clara alusão de com relação ao produto, “a qualidade é uma imagem que não mais se separa do
impacto ambiental” (OTTMAN, 1983, p.8)
4 - Segundo Trevisan (2002), percebe-se no
Brasil, um movimento crescente de empresas
que estão assumindo responsabilidades em
relação a seus “stakeholders”, pois cada vez
mais essas empresas estão se defrontando com
a necessidade de incorporar a responsabilidade
social aos seus objetivos de lucro. “Para elas,
ação socialmente responsável já se transformou em estratégia corporativa, deixando para
trás o estágio de mera tendência.”
5 - Para Borger (2001), na década de 1980,
surgiu a teoria do stakeholder, que visa atingir
vários objetivos, tanto os da empresa quanto
os propostos pelos agentes envolvidos. Essa
teoria incorpora, ao modelo teórico da responsabilidade social empresarial, a visão sistêmica, segundo a qual as companhias interagem
com vários agentes influindo no meio ambiente e recebendo a influência deste.
6 - Na década de 1990, a Responsabilidade
Social Empresarial passou a integrar o desenvolvimento sustentável, dando origem a um
novo conceito, cujo objetivo, segundo Tenório
(2004), é obter crescimento econômico com a
melhoria da qualidade de vida da sociedade,
por meio da preservação do meio ambiente e
pelo respeito aos anseios dos diversos agentes
sociais. Dessa forma, as empresas conquista-
8 - Stakeholders – são todos os impactados
e interessados direta e indiretamente por um
negócio e que afetam estrategicamente o mesmo. De forma geral, podemos dizer que são
stakeholders os seguintes atores: fornecedores, clientes, comunidade, sociedade civil, governo, etc. (HOMEM DA COSTA, 2007).
9 – Capra (2005) sustenta que “a humanidade
tem a capacidade de atingir o desenvolvimento sustentável, ou seja, a capacidade de atender
às necessidades do presente sem comprometer
a capacidade das futuras gerações de atender
às próprias necessidades”.
10 - Para Castells (1999) “os processos estruturais da economia, da tecnologia da comunicação, estão, sim, cada vez mais globalizados.
Assim é o caso dos mercados financeiros, das
redes produtivas e comerciais, das principais
empresas industriais, dos serviços estratégicos das empresas (finanças, publicidade,
marketing), dos grandes meios de comunicação, da ciência e da tecnologia. Este sistema
global tem estrutura de rede que, valendo-se
da flexibilidade proporcionada pelas tecnolo-
51
11 – De acordo com Sanches (2000), fatos
como transformação na economia internacional e globalização da produção e do consumo
têm sido acompanhados de outras mudanças
como, por exemplo, um crescente grau de
exigência dos consumidores, que por meio de
seu poder de compra, estão mudando a própria sociedade quanto a valores e ideologias
que envolvem suas expectativas em relação
às empresas e aos negócios. “As empresas industriais que procuram se manter competitivas
percebem cada vez mais que, diante das questões ambientais, são exigidas novas posturas,
num processo de renovação contínua.”
12 - Segundo Capra (2005), a teoria dos sistemas vivos é o melhor arcabouço científico
para o estudo da ecologia. Essa teoria tem raízes em vários campos da ciência e envolve
uma nova maneira de ver o mundo e uma nova
forma de pensar, conhecida como pensamento
sistêmico, que significa pensar em termos de
relações, padrões e contextos- um novo conjunto de conceitos utilizados para descrever
a complexidade dos sistemas vivos. Quando
essa nova forma de pensamento é aplicada ao
estudo das múltiplas relações que interligam
os membros da Casa Terra, alguns princípios
básicos, que esse autor denomina “princípios
da ecologia”, podem ser reconhecidos, dentre
os quais um se destaca pelos ensinamentos
que nele estão implícitos, e que se mostra tão
necessário nos dias atuais: “a vida, desde o
seu início há mais de três bilhões de anos, não
conquistou o planeta pela força e, sim, através
de cooperação, parcerias e trabalho em rede”.
13 - Para Melo Neto e Froes (2004), o marketing, tornou-se um imperativo de sucesso
empresarial em qualquer setor de atividades.
Expandindo suas ações, alcançou recentemente o social, fazendo surgir um questionamento:
afinal, existe marketing social?
14 - Segundo Zenone (2006) “o papel até então do marketing, de satisfazer a necessidade
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7 – Ainda de acordo com Borger (2001), “as
questões éticas e sociais são complexas e voláteis, sendo extremamente difícil definir o que é
um comportamento socialmente responsável,
com uma percepção clara do que é certo ou errado, preto ou branco; as decisões são dicotômicas. Depende do momento histórico, varia
de cultura para cultura, constituindo-se num
desafio para a gestão empresarial e determina
a busca de modelos teóricos para engajar na
responsabilidade social. Algumas perguntas
são levantadas: As empresas devem ser responsáveis pelo quê? Quanto é o suficiente?
E quem decide? Não há respostas para essas
perguntas, não podemos apertar os botões automáticos e detonar um processo de reconstrução moral e social para resolvermos os problemas sócio-ambientais que as empresas e a
sociedade enfrentam; não existe um modelo
que sirva para todos.”
gias de informação, conecta tudo o que vale
e desconecta tudo aquilo que não vale ou se
desvaloriza: pessoas, empresas, territórios, organizações. Por isso, a globalização é por vez
segmentação e diferenciação.”
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riam o respeito e admiração de empregados,
consumidores, fornecedores e sociedade, garantindo a sustentabilidade e a continuidade
dos negócios no longo prazo.
52
do cliente a qualquer custo, está se alterando
– e com isso vem incorporando a preocupação
com o bem estar social. Além de conhecer os
consumidores, as empresas devem analisar o
impacto dos seus produtos no ambiente onde
são comercializados.”
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15 - Segundo Etzel et al. (2001), hoje uma empresa orientada para o marketing “deve ter como
filosofia satisfazer as necessidades dos consumidores e, ao mesmo tempo, cumprir sua responsabilidade social”. Essa situação requer um
novo estágio que amplie a visão do marketing:
a orientação social. A orientação social leva as
empresas a incluir os conceitos de responsabilidade social e ética empresarial em suas práticas de marketing. O marketing institucional
atua na sociedade onde a empresa está inserida
fisicamente ou através de seus produtos, com
o objetivo de garantir a boa imagem da marca.
No marketing institucional, o objetivo é formar
uma boa imagem institucional (goodwill) perante o público de interesse, que, mesmo que
indiretamente, auxilia na comercialização do
produto ou serviço. É no marketing institucional que há a aproximação da empresa com as
causas sociais. A palavra institucional é usada
para identificar as iniciativas através das quais
uma empresa procura fixar no público uma
imagem positiva. Para tanto, busca associar
seu nome a determinados valores e conceitos
consagrados pela opinião pública. A expressão
marketing institucional deve ser classificada
como uma categoria geral, na qual a expressão
marketing de causas sociais está incluída.
16 - Não existe nenhum mal em uma empresa
se aproximar de causas sociais, desde que isso
seja feito de forma transparente e clara, a fim
de não induzir a sociedade de uma falsa percepção da imagem da organização. Segundo
Credidio (2002), o que as empresas devem
evitar é “mostrar através da mídia que apoiam
determinadas causas sociais e estão comprometidas com elas, o que na maioria das vezes
não é totalmente verdade”.
6.4. Depoimentos obtidos junto a especialistas em Meio Ambiente sobre a importância
dos programas de responsabilidade social
empresarial
1 - Depoimento fornecido por Sonia Morcerf,
Gerente de Relações Institucionais da
Fundação CSN (FCSN).
“O programa de Responsabilidade Social
Empresarial, hoje, é tão requerido para se
manter num mercado altamente competitivo,
como foram os programas e as certificações
em Qualidade Total na década de 1990. Todo
o mercado quer se relacionar com empresas
socialmente responsáveis e que minimizem
impactos negativos. A empresa deve prever
ações de responsabilidade social para, pelo
menos, sete públicos de sua interface: empregados, comunidade, meio ambiente, fornecedores, clientes, governos e acionistas [...]. E
por último a empresa deve ser rentável para os
seus investidores e acionistas, remunerando,
adequadamente o capital investido na organização. Agindo dessa forma, as organizações
gerenciam seus riscos, junto aos diversos públicos de interesse, e se tornam alvos de bons
investimentos no mercado do mundo todo,
pois sua reputação e sua marca são reconhecidas e requeridas.”
2 - Depoimento fornecido por Marcus Vinicius
Araujo (Mestre em Meio ambiente), professor e coordenador do Curso de Engenharia
Ambiental do Centro Universitário de Volta
Redonda (UniFOA).
“Produtos ambientalmente corretos tendem a agregar, em seus preços, os custos com
a proteção ambiental, fazendo com que os
mesmos sejam mais caros. [...] No Brasil, os
governos investem pouco em educação/conscientização ambiental, devido a outras prioridades como: segurança pública, habitação,
saúde, etc.”
3 - Depoimento fornecido por Rosana Ravaglia
(Doutora em Meio Ambiente), professora e
pesquisadora do Centro Universitário de Volta
Redonda (UniFOA).
“A consciência ambiental tem crescido
muito desde a década de 1980, após a publicação do relatório da ONU sobre as questões
ambientais mundiais (Nosso Futuro Comum).
Dessa forma, as empresas que investem em
responsabilidade sócio-ambiental ganham
cada vez mais credibilidade, porque estão
aplicando os conceitos atuais de meio ambiente e desenvolvimento sustentável.”
CARVALHO, Rita. Responsabilidade social
empresarial e gestão ambiental: o caso da
CSN. 2008. 142 f. Dissertação (Mestrado em
Administração) – Universidade Estácio de Sá,
Rio de Janeiro, 2008.
Companhia Siderúrgica Nacional – CSN.
Relatório anual 2004. Rio de Janeiro, 2005
_____ . Relatório anual 2005. Rio de Janeiro,
2006.
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2007.
Companhia Siderúrgica Nacional – CSN.
Disponível em http://www.csn.com.br. Acesso
em 22/mai./2007.
Instituto Brasileiro de Siderurgia – IBS.
Disponível em http://www.ibs.org.br Acesso
em 16/jul./2007.
DANTAS, Edna. CSN é condenada a reparar danos ambientais do passado. Disponível em http://
www.conjur.com.br/2005-jul-06/csn_condenada_reparar_danos_ambientais_passado.
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MORCERF, Sonia. Estudo de Caso CSN.
Volta Redonda: 2007. Entrevista concedida
em 11 set. 2007.
RAVAGLIA, Rosana. Estudo de Caso CSN.
Volta Redonda: 2007. Entrevista concedida
em 24 set. 2007.
Nota 3
KOTLER, P. Marketing para organizações que
não visam o lucro. São Paulo: Atlas, 1978.
Nota 4
TREVISAN, F. A. Balanço social como instrumento de marketing. RAEletrônica, São
Paulo, v. 1, n. 2, p. 1–12, 2002.
Notas 5 e 7
BORGER, F. G. Responsabilidade Social: efeitos da atuação social na dinâmica empresarial.
Tese (Doutorado em Administração) apresentada à Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade (FEA) da Universidade de
São Paulo. São Paulo: USP, 2001.
Nota 6
TENÓRIO, F. G. Responsabilidade social
empresarial: teoria e prática. Rio de Janeiro:
FGV, 2004.
Nota 8
HOMEM da COSTA, E. Fundamentos de
responsabilidade social empresarial. Rio de
Janeiro: La Salle, 2007.
Notas 9 e 12
CAPRA, F. Educação. In: TRIGUEIRO, A.
(Org.). Meio ambiente no século 21. Rio de
Janeiro: Autores Associados, 2005, p. 19-33.
Nota 10
CASTELLS, M. A era da informação: economia, sociedade e cultura. V.1 – A sociedade
em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
VALE. Disponível em http://www.vale.com.
br. Acesso em 02/ago./2007.
Nota 11
SANCHES, C. S. Gestão ambiental proativa. RA
Eletrônica, São Paulo, v. 40, n. 1, p. 76-87, 2000.
8. Referências
Nota 14
ZENONE, L. C. Marketing social. São Paulo:
Thomson Learning, 2006.
Notas 1 e 13
MELO NETO, F. P.; FROES C.
Responsabilidade Social & cidadania empresarial: a administração do terceiro setor. Rio
de Janeiro: Qualitymark, 2001.
53
Nota 15
ETZEL, M. J. et al. Marketing. São Paulo:
Makron Books, 2001.
edição nº 10, agosto/2009
ARAUJO, Marcus Vinicius. Estudo de Caso
CSN. Volta Redonda: 2007. Entrevista concedida em 24 set. 2007.
Nota 2
ASHLEY, P. A. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002.
Cadernos UniFOA
7. Fontes
54
Nota 16
CREDIDIO, F. A. Empresas e marketing cultural. Revista Marketing Cultural, São Paulo,
n. 72, p. 29-30, nov. 2002.
9. Bibliografia
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Endereço para Correspondência:
Rita de Cassia Santos Carvalho
[email protected]
Centro Universitário de Volta Redonda
Campus Três Poços
Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
Três Poços - Volta Redonda / RJ
CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Carvalho, Rita de Cássia Santos; Trinta, José Luiz; Bacellar, Fátima Cristina Trindade. CSN e Responsabilidade Sócio-Ambiental: Conscientização, Estratégia ou
Necessidade? Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/41.pdf>
55
Aneurisma Dissecante de Aorta: A importância do diagnóstico precoce.
Revisão de Literatura e Relato de Caso
Dissecting aortic aneurysm: the importance of the early diagnostic.
Literature review and reported case.
Original
Paper
Fernanda Lopes Marinho 1
Lucas Mendes 1
Renata F. Carvalho 1
Mauro Tavares 2
Palavras-chaves:
Resumo
Aneurisma
Dissecante de Aorta
Os autores fizeram uma revisão de literatura, enfatizando aspectos
semiológicos e histológicos, sendo este último o ponto essencial para o
entendimento sobre a dissecção aórtica. Abordam, também, aspectos
patológicos da doença, incluindo sua definição, classificação e etiologia,
suas principais manifestações clínicas, o manejo clínico inicial e tratamento
cirúrgico. Concomitantemente, relata-se um caso clínico oriundo do SPA
do Hospital SAMER, em Resende no estado do Rio de Janeiro.
Abstract
Key words:
The authors did a literature review,about aspects of semiology and
histology,and the last one is the most important point to understanding the
pathology of dissecting aortic aneurysm.They also tell us about the sickness
itself,how it happens,how the pacient fells,clinical manifestations,how is
the treatment of the pacient on the beggining of the desease and the
surgery. Also,they report about a real case that hapenned at the Hospital
SAMAER in Resende,Rio de Janeiro.
Dissecting Aortic
Aneurysm
1. Introdução
Entre as razões que definiram a escolha
do tema, influiu a dificuldade do seu diagnóstico, podendo variar do simples, se os sintomas do paciente são claros, ao complexo, por
apresentar sintomas que confundem o clínico,
levando ao diagnóstico errôneo de embolia
pulmonar ou infarto agudo do miocárdio, entre outros (HURST, 1977).
1
2
Surgery
Semiology
A aorta, maior e principal artéria do
organismo, recebe todo o sangue ejetado do
ventrículo esquerdo, distribuindo-o para todo
o corpo, com exceção dos dois pulmões. Sua
parede apresenta três elementos principais: a
íntima (revestimento interno em contato direto com o sangue), a camada média (formada
por camadas circulares, dispostas de forma
concêntrica, de fibras elásticas e musculares,
e que chega a representar 80% da espessura
Monitores da disciplina de Técnica Operatória do Curso de Medicina do UniFOA
Doutor e Docente do Curso de Medicina do UniFOA
edição nº 10, agosto/2009
Semiologia
Cadernos UniFOA
Cirurgia
Artigo
Original
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
56
total da parede do vaso) e a adventícia (camada mais externa, constituída por tecido conjuntivo com fibras elásticas) (JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 1974).
A aorta apresenta características peculiares. Admiravelmente constituída para resistir a pressão sistólica e iniciar a retração diastólica, tem suas paredes nutridas pelos “vasa
vasorum” originados de seus próprios ramos
e também contém fibras pressoreceptoras cuja
estimulação produz “reação” vagal, com queda da pressão arterial e da frequência cardíaca
(GARDENER, 1988).
O aneurisma dissecante decorre da penetração de sangue na parede da aorta, quase sempre associada à ruptura da íntima, com dissecção
das fibras elásticas, separação das camadas e
formação de um “falso lúmen” de extensão variável. Na dissecção aórtica, ocorre hemorragia,
com formação ou não de hematoma, na túnica
média da parede aórtica o que leva a uma separação das camadas. De extensão variável, pode
ou não recanalizar para a luz verdadeira, não necessitando, obrigatoriamente, de uma ruptura da
íntima para seu início (RESENDE, 1974).
O aneurisma dissecante da aorta é muito menos comum, mas bem mais grave que o
infarto agudo do miocárdio, sendo as manifestações clínicas derivadas, principalmente, da
própria dissecção e da oclusão de ramos da
aorta, com alterações nos órgãos terminais supridos por estes vasos (HURST, 1977).
Na fase aguda da doença, costuma surgir
dor retroesternal lancinante, opressiva, sem
melhora com a medicação habitual, sendo
que o alívio vem apenas com grandes doses
de morfina. Geralmente a dor se irradia para
o dorso, podendo também irradiar-se para o
abdome, membro superior, cabeça, pescoço
e membro inferior, dependendo do local para
onde se estende a dissecção. A principal característica da dor é a sua instalação com intensidade máxima, com a sensação de que
“algo está se rasgando”, ao contrario do infarto do miocárdio, que tem caráter progressivo
(RESENDE, 1974 e HURST, 1977).
É uma doença incomum, mas potencialmente catastrófica. É, das patologias que se
manifestam por dor torácica, de maior mortalidade, com 1% por hora nas primeiras 48h e
75% ao final da segunda semana. Para evitar
esse quadro é necessária a aplicação do trata-
mento adequado, ou seja, uma medida clínica
inicial para deter a progressão adicional da
dissecção e reduzir o risco de ruptura e lançar
mão de tratamento cirúrgico nos casos adequados (HURST, 1977).
Assim, desenvolvemos este artigo, cujo
principal objetivo é chamar a atenção para o
diagnóstico precoce do aneurisma dissecante
de aorta, identificando sua etiologia e os segmentos aórticos acometidos, cotejando com a
sua fisiopatologia.
2. Revisão de Literatura
2.1 Definição
Segundo BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
(2003, p. 1476):
a dissecção aórtica se inicia pelo desenvolvimento súbito de uma laceração na
íntima aórtica, que expõe diretamente
a camada ‘média comprometida subjacente à força propulsora (ou pressão de
pulso) do sangue intraluminal. O sangue penetra na camada média comprometida, separando-a longitudinalmente,
desta forma, dissecando a parede da
aorta. O espaço preenchido por sangue
entre as camadas dissecadas da parede
da aorta torna-se o falso lúmem.
Conforme KNOBEL (2006, p. 436) “define-se dissecção da aorta como a delaminação
das suas paredes produzidas pela infiltração de
uma coluna de sangue que percorre um espaço
virtual (luz falsa) entre a adventícia e a íntima”.
Para GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis
(2005, p. 533)
a dissecção aórtica classicamente começa com uma laceração na íntima da
aorta que expõe uma camada da média
já lesada à pressão sistêmica do sangue
intraluminal. O sangue penetra dentro
da média, clivando-a em duas camadas longitudinalmente, e produzindo
um falso lúmem cheio de sangue dentro da parede aórtica. Este falso lúmem
propaga-se distalmente (ou, algumas
vezes, retrogradamente) a uma distância variável ao longo da aorta a partir
do local da laceração intimal.
Já para GOLDMAN, Lee; AUSIELLO,
Dennis (2005, p.533,534):
grande parte dos esquemas de classificação da dissecção aórtica está baseada no
fato de que a vasta maioria das dissecções
aórticas inicia-se num desses dois locais:
1. aorta ascendente, a alguns centímetros
da válvula aórtica; e 2. aorta descendente, distalmente à origem da artéria subclávia esquerda, no local do ligamento
arterioso. Cerca de 65% das lacerações
da íntima ocorrem na aorta ascendente , 20% na aorta descendente, 10% no
arco aórtico e 5% na aorta abdominal.
Utilizam-se três sistemas principais de
classificação para definir a localização e
a extensão do comprometimento aórtico
conforme demonstrado na tabela 1.1.
Tipo
Ponto de Origem e Extensão
do Envolvimento da Aorta
DeBakey
Tipo I
Origina-se na aorta ascendente e
propaga-se, pelo menos, para o
arco aórtico e, com frequência,
além deste no sentido distal.
Tipo II
Origina-se a aorta ascendente e é
confinado a ela.
Tipo III
Origina-se na aorta descendente e estende-se distalmente para
baixo nesta ou, raramente, é retrógrado para o arco aórtico e
aorta ascendente.
Stanford
Tipo A
Todas as dissecções envolvendo
a aorta ascendente, independentemente do ponto de origem.
Tipo B
Todas as dissecções que não envolvem a aorta ascendente
Descritivo
Proximal
Inclui os Tipos I e II de DeBakey
ou tipo A de Stanford
Distal
Inclui o Tipo III de DeBakey ou
o Tipo B de Stanford
Tabela 1.1. Sistemas de classificação
comumente utilizados para descrever
a localização de uma dissecção aórtica
pode ser descrita de acordo com um dos
diversos tipos de classificação. Dois
terços da dissecção aórtica são do Tipo
A (proximal) e o outro terço é do tipo B
(distal). Todos os esquemas de classificação servem ao mesmo propósito, ou
seja, distinguir as dissecções que envolvem a aorta ascendente das dissecções
que não o fazem.
2.3 Etiologia e Patogênese
De acordo com BRAUNWALD, ZIPES,
LIBBY (2003, p. 1478).
A degeneração da camada média, evidenciada pela deterioração do colágeno e da elastina desta, é considerada o principal fator predisponente na
maioria dos casos não traumáticos de
dissecção aórtica. Portanto, qualquer
processo mórbido ou outra condição
que comprometa a integridade dos
componentes musculares ou elásticos
da média predispõem a aorta à dissecção. A degeneração cística da média é
uma característica intrínseca de várias
alterações hereditárias do tecido conjuntivo, principalmente as síndromes
de Marfan e de Ehles-Danlos.
O pico de incidência de dissecção aórtica é na sexta e sétima décadas de vida
e os homens são afetados duas vezes
mais do que as mulheres. Encontra-se
a concomitância em 72% a 80% dos casos de dissecção aórtica.
Existe uma inexplicável relação entre
gravidez e dissecção aórtica. “[...] metade das dissecções aórticas na mulher
abaixo de 40 anos ocorre durante a gravidez [...]”. O trauma iatrogênico, por
outro lado, associa-se a verdadeira dissecção da aorta. “[...] cateterismo intraluminal a inserção de balão intra-aórtico
podem induzir à dissecção aórtica [...]”.
A cirurgia cardíaca se associa a um risco muito pequeno de dissecção.
edição nº 10, agosto/2009
BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY (2003,
p. 1477) definem que:
57
Cadernos UniFOA
2.2 Classificação
58
Conforme GOLDMAN, Lee; AUSIELLO,
Dennis (2005, p. 534):
a doença da média da aorta, com a degeneração do colágeno e da elastina
medial, representa o fator predisponente mais comum para dissecção aórtica.
Pacientes com síndrome de Marfan
têm uma clássica degeneração cística
da média e estão sob um risco particularmente alto de dissecção aórtica em
uma idade relativamente jovem. [...]
Raramente uma dissecção aórtica pode
ocorrer em uma mulher jovem durante
o período periparto. O trauma iatrogênico pelos procedimentos de cateterismo
intra-aórticos ou cirurgia cardíaca também podem causar dissecção aórtica.
Ressalta CARVALHO (1993)
ainda não é conhecida uma causa da doença. Entre as diversas condições associadas à sua presença, a mais frequente
é a hipertensão arterial. A produção e
a extensão da dissecção dependiam da
pressão elevada associada a fluxo pulsátil. Como as forças hidrodinâmicas
atuam mais intensamente na aorta proximal, que recebe toda a pressão de ejeção
do ventrículo esquerdo, considera-se ser
esta a razão do maior envolvimento da
aorta ascendente na doença.
2.4 Quadro Clínico
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
KNOBEL (2006, p. 438) define que
a manifestação principal da dissecção
aórtica e de suas variantes é a dor torácica, habitualmente de forte intensidade e que é acompanhada de sintomas
neurovegetativos. A dor tem localização variada com tendência a migrar
para as costas e para o abdômen, não
melhorando com decúbito, uso de vasodilatadores e analgésicos habituais.
Frequentemente na fase de instalação a
dor se confunde com a dor do infarto
do miocárdio, todavia na evolução pode
haver sintomas decorrentes dos ramos
da aorta dissecados acometidos pelo
processo de delaminação.
KNOBEL (2006, p. 439) diz ainda que
poderemos ter sintomas neurológicos
discretos ou permanentes decorrentes
da compressão de vasos da base ou ramos medulares, determinando acidentes vasculares cerebrais, paraparesia ou
paraplegia, sintomas gastrointestinais
decorrentes de obstrução de vasos mesentéricos e ainda isquemia de membros inferiores.
A hematúria com oligúria ou anúria, embora rara, pressupõe comprometimento
das artérias renais. O choque cardiogênico súbito deve levantar a suspeita de
rotura intrapericárdica da aorta (causa
mais comum de morte nas dissecções)
ou insuficiência aórtica maciça.
Conforme GOLDMAN, Lee; AUSIELLO,
Dennis (2005, p. 534):
a dor, que ocorre em 96% dos casos, e
é tipicamente intensa, constitui o sintoma de apresentação mais comum de
dissecção aórtica. A dor pode ser retroesternal, no pescoço, na garganta,
interescapular, na região inferior das
costas, abdominal ou nas extremidades
inferiores, dependendo da localização
da dissecção aórtica. A dor pode migrar conforme a dissecção migra distalmente. “[...] Os pacientes também
podem apresentar-se com insuficiência
aórtica aguda, oclusão da artéria coronária direita, hemopericárdio, síncope,
acidente cerebrovascular ou neuropatia
periférica isquêmica”.
GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis
(2005, p. 534) ressalta ainda que
a hipertensão é um achado comum no
exame clínico e está presente em 70%
dos pacientes com dissecção aórtica distal. A hipotensão também pode ocorrer,
particularmente entre os pacientes com
dissecções proximais, e geralmente deve-se a uma ruptura para dentro do pericárdio ou por insuficiência aórtica grave.
Completa ainda “[...] A insuficiência
aórtica é um outro achado clínico importante, que ocorre em um terço dos pacientes com
dissecção proximal”.
[...] quando uma dissecção estende-se
para dentro da aorta abdominal, pode haver um comprometimento do fluxo para
uma ou ambas as artérias renais, produzindo insuficiência renal aguda, que
pode exacerbar a hipertensão. “[...] a dissecção pode estender-se distalmente para
a bifurcação aórtica e comprometer ou
ocluir uma das artérias ilíacas comuns,
produzindo um déficit no pulso femoral
e isquemia nas extremidades inferiores”.
Para BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
(2003, p. 1481)
Uma vez que haja suspeita diagnóstica
de dissecção aórtica em termos clínicos,
é essencial confirmar este diagnóstico
com rapidez e precisão. As modalidades diagnósticas disponíveis atualmente
para essa finalidade incluem a aortografia, TC intensificada por contraste, IRM
e ecocardigrafia trasntorácica ou transesofágica. Quando se comparam as quatro modalidades de imagem, deve-se
iniciar considerando qual informação
diagnóstica é necessária [...].
Segundo COLAFRANCESCHI (2008)
o diagnóstico diferencial é feito com
infarto agudo do miocárdio,ruptura de
aneurisma de seio de valsalva, acidente vascular cerebral, abdome agudo
cirúrgico,embolia pulmonar, pericardite, insuficiência aórtica sem dissecção,
aneurisma da aorta sem dissecção, dor
musculoesquelética, trombo-embolia
arterial periférica.
2.5.1 Ecocardigrafia Transtorácico/
Transesofágico
Conforme KNOBEL (2006, p. 439)
A suspeita clínica é a chave do diagnóstico e fundamental para implementação
das medidas terapêuticas. Além da suspeita clínica, o diagnóstico deve ser confirmado por exames de imagem. Nesses
exames são informações fundamentais:
• Presença de dupla luz;
• Envolvimento da aorta ascendente
• Presença de derrame pericárdico.
A presença da dupla luz confirma o
diagnóstico de dissecção aórtica, enquanto o envolvimento da aorta ascendente ou a presença de derrame pericárdico determina a tratamento cirúrgico
de emergência pelo alto risco de rotura
aórtica destes pacientes.
Para KNOBEL (2006, p. 439)
O ecocardiograma transtorácico é de
grande importância na dissecção aórtica por ser um método disponível na
maioria dos hospitais, é barato e não invasivo. Sua principal vantagem é poder
ser realizado à beira do leito e repetido
várias vezes. É muito mais sensível e
específico nas dissecções do tipo A,
sendo pouco informativo nas dissecções da aorta descendente.
2.5 DIAGNÓSTICO
59
[...] para obter estas informações, são
quatro os exames subsidiários empregados para o diagnóstico e para orientação terapêutica das dissecções aórticas:
ecocardiografia transtorácico ou transesofágico; tomografia com contraste
convencional ou helicoidal; ressonância magnética nuclear e aortografia.
GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis
(2005, p. 534) conclui que “Uma anormalidade em uma radiografia frequentemente levanta
a primeira suspeita de dissecção aórtica. No
entanto, os achados na radiografia de tórax são
inespecíficos e raramente diagnósticos”.
Ressalta ainda KNOBEL (2006, p.439) que
KNOBEL (2006, p. 439) relata que
a ecocardiografia fornece ainda informações a respeito da função ventricular, presença ou não de insufuciência
aórtica e derrame pericárdico, e fluxos
anterógrado e retrógado na luz falsa,
dados que os outros exames apresentam
falhas diagnósticas. É capaz de determinar a localização das lesões intimais.
edição nº 10, agosto/2009
O autor continua, completando que
Cadernos UniFOA
60
Conforme BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
(2003, p. 1484) “a ecocardiografia é bem apropiada para avaliação dos pacientes com suspeita de dissecção aórtica porque se encontra
disponível na maioria dos hospitais, não é invasiva, é realizada com rapidez e todo o exame pode ser completado à beira do leito”.
Completa ainda que “[...] o achado ecocardiográfico, considerado diagnóstico para dissecção aórtica, é a identificação de um retalho
da íntima ondulante dentro do lúmem da aorta
separando os canais falso e verdadeiro [...]”.
2.5.3 Ressonância Magnética
Conforme BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
(2003, p. 1482,1483)
a utilização da IRM tem um papel especial no diagnóstico de dissecção aórtica,
uma vez que é inteiramente não invasiva e não requer o uso de contraste endovenoso ou radiação ionizante. Além
disso, a IRM fornece imagens de alta
qualidade no planos transversal, sagital
e coronal, bem como na incidência oblíqua anterior esquerda, que exibe a aorta
toarácica interna num único plano.
2.5.2 Tomografia Computadorizada
[...] A IRM é ideal para a avaliação de
pacientes com doença aórtica preexistente, como os portadores de aneurismas aórticos torácicos ou tratamento
cirúrgico prévio com enxerto da aorta,
porque fornece detalhes anatômicos suficientes para distinguir dissecção aórtica de outras patologias dessa artéria.
De acordo com KNOBEL (2006, p. 440)
a tomografia computadorizada é
[...] exame não invasivo que permite
imagens em dois planos que dão uma
ideia muito fidedigna do envolvimento
da aorta em toda sua extensão, assim
como o comprometimento dos seus
ramos. Tem alta sensibilidade e especificidade sendo comparável em eficiência à aortografia e à ecocardiografia.
Permite ainda a detecção de derrame
pericárdico ou pleural.
Ainda de acordo com BRAUNWALD,
ZIPES, LIBBY (2003, p. 1483)
A precisão caracteristicamente elevada
da IRM trasnformou-se no padrão ouro
anual para o diagnóstico da presença ou
ausência de dissecção aórtica. Mesmo
assim, a IRM tem várias desvantagens.
[...] pacientes com marca-passo, estão
contraindicados certos tipos de clipes
vasculares e certos tipos mais antigos
de próteses valvares metálicas.
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
O autor ainda diz que o exame “[...] dificilmente detecta o local da lesão íntima, informação de interesse fundamental para o planejamento do ato cirúrgico ou endovascular”.
BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY (2003,
p. 1482) sustentam que
na TC intensificada por contraste, a dissecção aórtica é diagnosticada pela presença de dois lumens aórticos distintos,
visivelmente separados por um retalho
da íntima ou distinguidos por um índice
de opacificação diferencial do contraste. [...] a desvantagem da TC é que o
local de laceração da íntima raramente é identificado, ainda, o método não
pode detectar com segurança o desenvolvimento de regurgitação aórtica”.
Ainda BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
(2003, p. 1482) dizem “[...] A TC espiral, que
foi introduzida mais recentemente e permite uma
imagem tridimensional da aorta e seus ramos, melhorou a precisão da TC para o diagnóstico [...]”.
Sustenta ainda BRAUNWALD, ZIPES,
LIBBY(2003,p.1483)“[...]Compreensivelmente,
a preocupação com a segurança dos pacientes
instáveis levou muitos médicos a concluir que
o uso da IRM está relativamente contraindicado
para os pacientes instáveis”.
KNOBEL (2006, p. 440) afirma que
Apesar de ser não invasiva, não tem
sido usada como rotina no diagnóstico
em virtude de não estar disponível na
maioria dos locais de atendimento, e
pelo fato de exigir imobilidade do paciente por períodos de tempo por maiores do que seria aceitável. É um exame
inadequado para pacientes instáveis do
ponto de vista clínico.
KNOBEL (2006, p. 442) afirma que “sedação e analgesia são medidas fundamentais,
pois a dor, pelo aumento do tônus adrenérgico,
leva a um aumento na frequência cardíaca e
na pressão arterial, podendo contribuir com o
processo da dissecção”.
Para o controle da pressão arterial, conforme KNOBEL (2006, p. 442) “O tratamento
clínico tem por objetivo um rigoroso controle da pressão arterial, o que é frequentemente
conseguido pela associação de um agente betabloqueador com um vasodilatador, habitualmente o nitroprussiato de sódio”.
O autor relata que “[...] A dose a ser administrada é aquela que permite uma pressão
arterial mínima, porém, com perfusão tecidual
satisfatória, e o parâmetro clínico de eficácia
desse agente é a manutenção de uma frequência cardíaca entre 55-65 bpm”.
KNOBEL (2006, p. 442) ainda afirma
que “O nitroprussiato de sódio é o agente vasodilatador de escolha no tratamento dos pacientes com suspeita de dissecção aórtica e
hipertensão arterial, pelo fato de produzir seu
efeito de forma rápida e com dose que pode
ser titulável”.
De acordo com BRAUNWALD, ZIPES,
LIBBY (2003, p. 1488,1489) “o tamponamento
cardíaco frequentemente complica a dissecção
aórtica aguda proximal e é um dos mecanismos
mais comuns de morte nesses pacientes”.
Conforme KNOBEL (2006, p. 441) a técnica
permite localizar as lesões da íntima,
o flapping, a luz verdadeira e a luz falsa. Demonstra ainda com propriedade
quais os ramos da aorta estão acometidos pela dissecção e permite visualizar os orifícios da reentrada distais na
porção descendente e abdominal, frequentes nas dissecções crônicas. O cateterismo cardíaco permite a realização
de coronariografia, sendo insubstituível
para esta finalidade.
De acordo com BRAUNWALD, ZIPES,
LIBBY (2003, p. 1483) “A aortografia é considerada há muito tempo o método diagnóstico padrão para avaliação de dissecção aórtica
porque, por várias décadas, foi o único exame
preciso para o diagnóstico antemortem de dissecção aórtica, embora sua verdadeira sensibilidade não possa ser definida”.
2.6 TRATAMENTO
De acordo com KNOBEL (2006, p. 442)
por ser uma patologia com alta mortalidade, todo paciente com suspeita clínica deve ser admitido em uma unidade
de tratamento intensivo, e os exames
de imagem devem ser solicitados em
caráter de emergência para definição
diagnóstica. O tratamento clínico deve
iniciar imediatamente e visa, basicamente, ao controle da dor e da pressão
arterial.
ConformeGOLDMAN,Lee;AUSIELLO,
Dennis (2005, p. 534)
O objetivo do tratamento clínico inicial
para dissecção aórtica aguda é deter a
progressão adicional da dissecção aórtica e reduzir o risco de ruptura. Sempre
que existir uma suspeita de dissecção
aórtica, deve-se instituir imediatamente
uma terapia enquanto se realizam os estudos de imagens, independentemente
da confirmação do diagnóstico.
Sustentam BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
(2003, p. 1489)
[...] quando um paciente com dissecção
aórtica aguda desenvolve tamponamento cardíaco e se encontra relativamente
estável, os riscos da pericardiocentese
provavelmente superam os benefícios e
deve-se fazer todo o esforço para encaminhá-lo o mais urgente possível à sala
de cirurgia, para intervenção cirúrgica
direta da aorta, com drenagem intraoperatória do hemopericárdio.
61
edição nº 10, agosto/2009
2.6.1 Tratamento Medicamentoso
Cadernos UniFOA
2.5.4 Aortografia
62
2.6.2 Tratamento Cirúrgico
Conforme BRAUNWALD, ZIPES, LIBBY
(2003, p. 1489)
Apesar de pequenas variações de centro para centro, surgiu um consenso
razoável sobre a terapêutica definitiva
da dissecção aórtica nas últimas décadas. Há uma concordância universal de
que o tratamento cirúrgico é superior
ao clínico para a dissecção proximal
aguda. Com a progressão ainda limitada da dissecção proximal, os pacientes
podem sofrer consequências potencialmente devastadoras, como ruptura da
aorta ou tamponamento cardíaco [...].
Ainda de acordo com BRAUNWALD,
ZIPES, LIBBY (2003, p. 1489)
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
[...] os pacientes que desenvolvem dissecção aórtica aguda distal geralmente
têm menor risco de óbito precoce decorrente das complicações da dissecção
do que aqueles com dissecção proximal. Ainda, como os pacientes com dissecção distal tendem a ser mais velhos
e a ter uma prevalência relativamente
elevada de aterosclerose avançada ou
doença cardiopulmonar, com frequência o risco cirúrgico é consideravelmente mais alto.
Sustentam ainda BRAUNWALD, ZIPES,
LIBBY (2003, p. 1489) “A indicação cirúrgica
deve ser determinada sempre que possível no
início da avaliação do paciente, porque nesta opção orienta a seleção dos exames diagnósticos.”
Explicam ainda BRAUNWALD, ZIPES,
LIBBY (2003, p. 1489)
Os objetivos da terapêutica cirúrgica
definitiva incluem a ressecção do segmento mais intensamente danificado da
aorta, excisão da laceração da íntima,
quando possível e obliteração da entrada para o lúmen falso, pela sutura das
bordas da aorta dissecada proximal e
distalmente. Após a ressecção do segmento doente contendo a laceração da
íntima, tipicamente um segmento da
aorta ascendente nas dissecções proximais ou da aorta descendente proximal
nas distais, a continuidade da aorta é
restabelecida pela interposição de um
enxerto protético conectando as duas
extremidades da aorta.
Relata ainda o autor “[...] algumas vezes,
é necessária a substituição da valva aórtica por
prótese, porque as tentativas de reparação da
valva não foram bem-sucedidas ou já existia
uma valvopatia ou da síndrome de Marfan”.
De acordo com GOLDMAN, Lee;
AUSIELLO, Dennis,
sempre que uma dissecção aórtica envolver a aorta ascendente, está indicado um reparo cirúrgico para minizar
o risco de complicações ameaçadoras
à vida, como ruptura, tamponamento
cardíaco, insuficiência aórtica grave, ou
acidente vascular cerebral. Pacientes
com dissecção aguda confinada à aorta
descendente estão sob um risco muito
mais baixo destas complicações e tendem a evoluir tão bem com a terapia
medicamentosa quanto com a cirurgia.
Completam ainda GOLDMAN, Lee;
AUSIELLO, Dennis “ Quando a dissecção do
tipo B está associada a uma complicação grave, no entanto, tal como isquemia de órgãoalvo, a cirurgia está indicada.”
3. Relato de um caso clínico
Paciente LLP, 53 anos, branco, natural de Santa Catarina, deu entrada no SPA do
Hospital SAMER, Resende-RJ, às 15:45h do
dia 20/10/2008, com quadro de: ansiedade, e
queixando-se de dor precordial. Sem história
pregressa de cardiopatia ou outras doenças. Ao
exame clínico: indivíduo ansioso, normolíneo,
massa: 78 kg, mucosas coradas, hidratadas,
acianótico, anictérico, afebril com fácies ansiosa
(sentindo dor). Pressão arterial: 160 x 90 mmHg,
em ambos os braços; pulso: 155bpm. ACV: RCI
2T. MV + bilateralmente e sem ruídos adventíceos. A dor descrita pelo paciente era forte, do
tipo lancenante, que ia do precórdio até a região
interescapular. Abdome normal. Membros inferiores normais. Sistema neurológico normal. O
paciente foi medicado com: analgésicos (diclofenaco sódico 75mg IM, 3ml de dipirona sódica
venosa), O2 úmido nasal 6l/min.
Além disso, Braunwald, Zipes, Libby
(2003) e Goldman, Ausiello (2005) consideram como principal fator predisponerte dos
casos não traumáticos de dissecção aórtica a
doença da média da aorta, com a degeneração
do colágeno e da elastina medial. Segundo
eles, o trauma iatrogênico pelos procedimentos de cateterismo intra-aórticos ou cirurgia
cardíaca também podem causar dissecção aórtica. Além disso, ambos concordam que os homens são mais afetados do que as mulheres. Já
Carvalho (1993) relata ser a hipertensão arterial como à condição mais frequente associada
à dissecção aórtica.
Knobel (2006) e Goldman, Ausiello
(2005) definem como a principal manifestação
clínica a dor que é tipicamente intensa, sendo
na maioria dos casos uma dor torácica, mas
pode variar dependendo da localização da dissecção aórtica. Essa dor pode migrar conforme
a dissecção migra distalmente e ainda pode vir
acompanhada de sintomas neurovegetativos.
Fig 2 – Tomografia computadorizada de tórax, com
contraste, evidenciando um derrame pericárdico.
Segundo Goldman, Ausiello (2005) a
hipertensão é um achado comum no exame
clínico e está presente em 70% dos pacientes
com dissecção aórtica distal. Além de estar
presente a insuficiência aórtica em um terço
dos pacientes com dissecção proximal.
Às 16:15h foi realizado um ecocardiograma, em que foi confirmado um aneurisma
dissecante de aorta ascendente. O paciente foi
encaminhado ao Serviço de Cirurgia Cardíaca
da Santa Casa da Misericórdia de Barra
Mansa-RJ, onde foi operado. Teve alta hospitalar em 10 dias e ficou sob acompanhamento
ambulatorial.
Knobel (2006) e Braunwald, Zipes,
Libby (2003) relatam que a suspeita clínica
é essencial para um rápido diagnóstico e que
esse deve ser confirmado através de exames de
imagem como ecocardiografia transtorácico
ou transesofágico; tomografia com contraste
convencional ou helicoidal; ressonância magnética nuclear e aortografia.
4. Discussão
Os autores Braunwald, Zipes, Libby
(2003) relatam que cerca de 65% das lacerações da íntima ocorrem na aorta ascendente , 20% na aorta descendente, 10% no arco
63
Em relação à ecocardigrafia Knobel
(2006) e Braunwald, Zipes, Libby (2003) dizem ser de grande importância por estar disponível na maioria dos hospitais, ter baixo custo,
ser não invasivo, além de poder ser realizado
na beira do leito.
edição nº 10, agosto/2009
Fig 1 – Tomografia computadorizada de
tórax, com contraste, evidenciando acúmulo
de sangue junto ao arco aórtico.
aórtico e 5% na aorta abdominal. Goldman,
Ausiello (2005) mostram que dois terços da
dissecção aórtica são do tipo A (proximal) e o
outro terço é do tipo B (distal).
Cadernos UniFOA
Foi solicitado ECG, cujo laudo era
TAQUICARDIA SINUSAL. Foi dosada a
troponina, cujo valor encontrado foi 1,6 ng/
ml. A CK/MB foi de 15 U/L na admissão do
paciente; e a LDH-1 de 17 UI/L.
Em função da dor não ter sido abolida,
o paciente recebeu 30mg de meperidina + 2
ml de metoclopramida endovenosos. A radiografia de tórax demonstrou uma área cardíaca
ligeiramente aumentada. Foi solicitada uma
tomografia de tórax (Fig. 1 e 2).
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
64
Já em relação à tomografia computadorizada Knobel (2006) e Braunwald, Zipes,
Libby (2003) sustentam que a desvantagem do
seu uso é que ele raramente identifica o local
de laceração da íntima.
Ainda em relação aos exames diagnósticos Braunwald, Zipes, Libby (2003) afirmam
que a ressonância trasnformou-se no padrão
ouro anual para o diagnóstico da presença ou
ausência de dissecção aórtica. Diferente de
Knobel (2006) que acredita que a ressonância
não é utilizada na rotina do diagnóstico por não
estar disponível na maioria dos locais e exigir a
imobilidade do paciente. Porém ambos concordam que existem algumas desvantagem no uso
da ressonância como ele ser inadequado para
pacientes instáveis do ponto de vista clínico.
5. Conclusão
Conforme Knobel (2006) a aortografia
tem sua importância, pois permite localizar as
lesões da íntima, o flapping, a luz verdadeira e
a luz falsa, além dos ramos da aorta que podem
estar acometidos pela dissecção. Braunwald,
Zipes, Libby (2003) sustentam que esse exame
é o método diagnóstico padrão para avaliação
de dissecção aórtica, embora sua verdadeira
sensibilidade não possa ser definida.
KNOBEL, Elias. Condutas do paciente grave.
3 ª ed. São Paulo. Atheneu. 2006.
Sobre o tratamento da dissecção aórtica,
Knobel (2006) acredita que todo paciente com
suspeita clínica deve ser admitido em uma unidade de tratamento intensivo e devem ser solicitados os exames de imagem. O tratamento
clínico deve iniciar imediatamente para controle da dor para que impeça o aumento do tônus
adrenérgico, e da pressão para que se permita
uma pressão arterial mínima, porém, que mantenha uma perfusão tecidual satisfatória.
Em relação ao tratamento cirúrgico, os
autores Braunwald, Zipes, Libby (2003) e
Goldman, Ausiello (2005) acreditam que exista um consenso sobre a terapêutica definitiva
da dissecção aórtica assim, quando a dissecção
aórtica envolver a aorta ascendente, está indicado um reparo cirúrgico devido aos riscos de
complicações, porém se ela estiver restrita a
aorta descendente ela tende a evoluir bem com
terapia medicamentosa.
O aneurisma dissecante de aorta é uma
doença grave que exige terapêutica adequada
e rápida. É fundamental para o médico que
atende em unidades de urgências/emergências,
o conhecimento não só da fisiopatologia desta
doença, como também o propedêutica aplicada,
pois o diagnóstico precoce diminuirá sensivelmente o prognóstico desta entidade mórbida.
6. Referências Bibliográficas
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Endereço para Correspondência:
Mauro Tavares
Curso de Medicina do UniFOA
[email protected]
Centro Universitário de Volta Redonda
Campus Três Poços
Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
Três Poços - Volta Redonda / RJ
CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Marinho, Fernanda Lopes; Mendes, Lucas; Carvalho, Renata F.; Tavares, Mauro. Aneurisma Dissecante de Aorta: A importância do diagnóstico precoce. Revisão de
Literatura e Relato de Caso. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/55.pdf>
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65
67
Perfil Nutricional de Idosas frequentadoras da Faculdade da Terceira Idade
Nutritional profile of elderly who frequent The Third Age Faculty
Original
Paper
Palavras-chaves:
Resumo
Antropometria
O objetivo deste foi avaliar o perfil nutricional de idosas frequentadoras da
Faculdade da Terceira Idade, de São José dos Campos, Estado de São Paulo.
A pesquisa foi transversal e controlada, constituída por 40 idosas, com média de idade de 68,22 anos. Foi realizada a avaliação antropométrica (índice de massa corporal, circunferência da cintura, razão cintura-quadril, prega
cutânea triciptal e circunferência muscular braquial) e aplicação do inquérito alimentar. Os resultados mostraram inadequação do estado nutricional da
maioria (52,5%) das idosas pelo índice de massa corporal, circunferência da
cintura (75%) e razão cintura-quadril (90%). A maioria das idosas apresentou adequação em relação à reserva de tecido adiposo e muscular braquial.
Verificou-se neste grupo uma baixa ingestão de fibra alimentar, com média de
10,76 g. Pode-se concluir que prevaleceu a inadequação do estado nutricional, indicativa de sua maior susceptibilidade à morbidade e à mortalidade e
inadequação pela maioria idosas em relação ao consumo alimentar de fibra.
Idosa
Estado Nutricional
Abstract
Key words:
The aim of work was evaluate the nutritional profile elderly women who
frequent the Third Age Faculty in São José dos Campos, São Paulo State,
Brazil. The research was a controlled transverse study constituted by 40
elderly women with average age of 68.22 years old. It was carried out
anthropometric evaluation (body mass index, waist circumference, waist-hip
ratio, triceps skinfold thicknesses and midarm circumference) and alimentary
injury. The results showed inadequacy of nutritional status for majority
(52.5%) of the elderly women by body mass index, waist circumference
(75%) and waist-hip ratio (90%). The majority of elderly women presented
adequacy for fat and muscular tissue reserves. It was noted in this group a
low ingestion of alimentary fiber with average of 10.76 g. It is concluded
that prevailed the inadequacy of nutritional status, which indicate the higher
susceptibility to the morbidity and mortality and inadequacy of alimentary
fiber use by the elderly women.
Anthropometry
1. Introdução
O aumento gradativo da população com
60 anos ou mais de idade no Brasil nos últimos
1
2
Alimentary Injury
Elderly
Nutritional Status
anos indica que o país se encontra em processo de envelhecimento populacional. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (PNAD), a população brasileira de
Acadêmicas do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do Paraíba, SP.
Docente do Curso de Nutrição da Faculdade de Ciência da Saúde, Universidade do Vale do Paraíba, SP.
edição nº 10, agosto/2009
Inquérito Alimentar
Cadernos UniFOA
Érica Cristina Moreira Guimarães
Lorena Silva dos Santos 1
Bruna Moraes de Jesus 1
Natalia Almeida Pastana 1
Margareth Lopes Galvão Saron 2
Artigo
Original
1
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
68
idosos, no período de 1997 a 2007, apresentou
um crescimento relativo da ordem de 47,8%.
Em 2007, a PNAD revelou a existência no
Brasil de quase 20 milhões de idosos, correspondendo a 10,5% do total da população.
A distribuição etária da população
mundial tem apresentado visível alteração
nas últimas décadas, em razão da expansão
da expectativa de vida e do consequente
aumento de idosos, o que representa novos
desafios no campo da pesquisa nutricional. Esse fato gera maior necessidade em
aprofundar a compreensão sobre o papel
da nutrição na promoção e manutenção da
independência e autonomia dos idosos. Nas
últimas décadas, a população brasileira vem
mostrando importantes mudanças em seus
hábitos alimentares e estilo de vida, existindo uma escassez de informações sobre a
situação alimentar dos idosos.
Com o envelhecimento, além do aumento da gordura corporal, observa-se redistribuição desse tecido, havendo diminuição
nos membros e acúmulo preferencialmente na
região abdominal. A massa muscular tende a
diminuir, assim como há modificações no padrão de distribuição da gordura corporal, onde
o tecido gorduroso dos braços e pernas diminui, no entanto aumenta no tronco.
A identificação do tipo de distribuição de
gordura corporal é importante, pois o acúmulo
de gordura na região abdominal apresenta estreita relação com alterações metabólicas, as
quais podem desencadear o aparecimento de
enfermidades como as cardiovasculares e diabetes mellitus. Estudos evidenciam que, com
o avançar da idade, ocorre aumento da gordura visceral e que a relação entre acúmulo de
gordura abdominal e alterações metabólicas se
mantém com a idade.
Dentre os métodos mais utilizados para
a determinação de fator de risco coronariano,
destacam-se o índice de massa corporal (IMC),
razão cintura quadril (RCQ), circunferência da
cintura (CC), índice de conicidade (IC) e medidas de espessura de pregas cutâneas.
No âmbito educacional, as Universidades
Abertas à Terceira Idade têm favorecido a implementação de recursos auxiliares, procurando suprir a escassez de projetos sociais e educacionais mais densos e abrangentes para esta
faixa etária.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o
perfil nutricional das idosas frequentadoras de
uma Faculdade da Terceira Idade do município
de São José dos Campos, Estado de São Paulo.
2. Metodologia
A pesquisa foi realizada na Faculdade
da Terceira Idade da Universidade do Vale do
Paraíba (UNIVAP) de São José dos Campos,
São Paulo, Brasil. O estudo foi transversal e
controlado, sendo aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da UNIVAP, parecer H168/
CEP/2008. O Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido foi obtido de todas as participantes.
Os critérios de inclusão das idosas foram:
estar matriculada na Faculdade da Terceira
Idade da UNIVAP, ser do gênero feminino, de
todas as etnias, com idade superior ou igual a
60 anos, demonstrar interesse em participar da
pesquisa e assinar o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. Os critérios de exclusão
foram a presença de ascite e/ou edema.
As medidas antropométricas utilizadas
neste estudo foram a massa corporal e a estatura, de acordo com a técnica recomendada
por Lohman et al. Com os dados da massa
corporal e estatura, foi calculado o Índice de
Massa Corpórea (IMC) (WHO, 1995). O IMC
foi classificado de acordo com a Organização
Pan-Americana de Saúde – OPAS.
A composição corporal foi determinada
a partir da obtenção da prega cutânea triciptal (PCT), da circunferência braquial (CB) e
da circunferência muscular braquial (CMB),
utilizando-se a seguinte equação: CMB (cm)
= [CB (cm) – (π x PCT (cm))] de acordo com
o procedimento descrito por Lohman et al. Os
valores de referência para PCT e CMB foram
do National Health and Nutrition Examination
Survey (NHANES III).
As medidas de circunferência da cintura
(CC) e circunferência do quadril (CQ) foram
aferidas conforme o procedimento descrito
por Lohman et al. A circunferência da cintura (CC) foi utilizada para classificar as idosas
com relação ao risco de doenças crônicas e
complicações metabólicas associadas à obesidade tendo como ponto de corte a CC ≥ 88 cm
(WHO). A razão cintura-quadril (RCQ) foi obtida dividindo-se o valor numérico da circun-
Legenda de figuras
ferência da cintura pelo do quadril, ambos em
centímetros. O resultado foi avaliado segundo
o ponto de corte para RCQ ≥ 0,85 (WHO).
O inquérito alimentar foi determinado
por meio da aplicação do recordatório habitual. Para os cálculos da ingestão de energia,
do percentual de macronutrientes e de fibra
total, as informações do registro alimentar
foram analisadas no programa computacional
Dietpro, versão 5.
O tratamento estatístico de todos os resultados foi efetuado por meio do Programa
SPSS (Statistical Package for Social Science).
Utilizou-se a estatística descritiva (média, desvio padrão, mínimo e máximo) para as variáveis
contínuas e os gráficos para a frequência das variáveis categóricas (classificação nutricional).
50%
69
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Baixo Peso
Eutrófico
Sobrepeso
Obesidade
Figura
1. Distribuição
das idosas
segundo
o estadonutricional pelo índice de
Figura
1. Distribuição
das idosas
segundo
o estado
nutricional pelo índice de massa corporal (IMC).
massa corporal (IMC).
A Figura 2 mostra a frequência das idosas
segundo a presença ou ausência de risco de doenças cardiovasculares pelos parâmetros de CC
e RCQ. Os resultados mostraram uma elevada
prevalência de risco de doenças cardiovasculares na população estudada por meio das medidas de CC (75%) e do índice de RCQ (90%).
100%
3. Resultados
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
Legenda
de tabelas
0%
CC
Sem Risco
68,14 (± 12,01)
Estatura (cm)
1,56 (± 0,084)
Índice de Massa Corporal (kg/m2)
27,93 (± 4,61)
Circunferência da Cintura (cm)
95,83 (± 9,68)
Circunferência do Quadril (cm)
102,93 (± 8,53)
Razão Cintura-Quadril
0,94 (± 0,058)
Tabela 1. Valores médios dos parâmetros
antropométricos das idosas.
circunferência muscular braquial.
Tabela 2. Distribuição das idosas segundo a prega cutânea
2. Distribuição
idosas com
Figura Figura
2. Distribuição
dasdasidosas
com relação
relação ao risco de doenças
Média (Desvio Padrão)
ao risco depor
doenças
por
cardiovasculares,
meio cardiovasculares,
das medidas de
circunferência da cintura (CC) e
n (40)
meio das medidas de circunferência da cintura
razão
cintura
quadril
(RCQ).
Massa
Corporal
(kg)
68,14 (± 12,01)
(CC)
e razão cintura quadril (RCQ).
Estatura (cm)
1,56 (± 0,084)
Índice de Massa Corporal (kg/m2)
27,93 (± 4,61)
Cintura (cm)
95,83 (± 9,68)
Circunferência
Comdarelação
à PCT e CMB,
observouCircunferência do Quadril (cm)
102,93 (± 8,53)
se
queCintura-Quadril
a maioria das idosas apresenta
reservas
Razão
0,94 (± 0,058)
adequadas de tecido adiposo braquial (80%) e
Tabela 2. Distribuição das idosas segundo a prega cutânea
dee tecido muscular
braquial (60%) (Tabela 2).
muscular braquial.
triciptal circunferência
Classificação
Os valores médios de IMC das idosas foPrega cutânea triciptal
ram
de 27,93 Kg/m2, esse índice
apresentou-se
Depleção severa
1
5%
Risco de depleção
3
dentro
da normalidade, de acordo
com7,5%
o ponEutrofia
32
80%
toExcesso
de de
corte
proposto pela Organização
Pangordura
4
10%
Circunferência
muscular
braquial
Americana de Saúde. O valor médio do parâmeDepleção severa
7
17,5%
tro
da CC foi de 95,83 cm e a RCQ
foi 22,5%
de 0,94;
Risco de depleção
9
Eutrofia apresentaram valores acima
24
ambos
dos60%
pontos
de corte utilizados para a determinação de risco
à saúde em mulheres. A classificação nutricional das idosas pelo parâmetro IMC revelou a
prevalência (52,5%) de risco nutricional (baixo peso, sobrepeso e obesidade) em relação ao
IMC normal (47,5%), conforme mostra a Figura
1. O percentual de ocorrência do risco nutricional das idosas foi para a obesidade de 25%, sobrepeso de 22,50% e baixo peso de 5%.
Classificação
N
%
RCQ
Com Risco
N
%
Prega cutânea triciptal
Depleção severa
1
5%
Risco de depleção
3
7,5%
Eutrofia
32
80%
Excesso de gordura
4
10%
Circunferência muscular braquial
Depleção severa
7
17,5%
Risco de depleção
9
22,5%
Eutrofia
24
60%
Tabela 2. Distribuição das idosas segundo a prega
cutânea triciptal e circunferência muscular braquial.
A análise da ingestão alimentar das idosas participantes da pesquisa está apresentada
na Tabela 3. Observa-se que as idosas consomem em média 1455,38 Kcal, variando de
889,82 a 2740,52 Kcal, enquanto o desvio-padrão foi de 482,82 Kcal. A média de distribuição percentual dos macronutrientes ingeridos
triciptal e
edição nº 10, agosto/2009
n (40)
Massa Corporal (kg)
CC
Com Risco
Tabela 1. Valores médios dos parâmetros antropométricos das idosas.
Tabela 1. Valores médios dos parâmetros antropométricos das idosas.
Média (Desvio Padrão)
RCQ
Sem Risco
Cadernos UniFOA
Foram avaliadas 40 idosas, com média de
idade de 68,22 anos, variando entre 60 a 84 anos,
enquanto o desvio-padrão foi de 6,41 anos. Os
valores obtidos dos parâmetros antropométricos
Legenda de tabelas
como
massa corporal, estatura, IMC, CC, CQ e
RCQ das idosas estão apresentados na Tabela 1.
70
pelas idosas está dentro da faixa de normalidade, porém verificou-se uma baixa ingestão de
fibra
com
média
de 10,76
g. da Faculdade
Tabelaalimentar
3. Ingestão de
calorias
e nutrientes
pelas idosas
da
Terceira Idade.
Média (Desvio Padrão)
Energia (kcal)
1455,38 (± 482,82)
Fibra (g)
10,76 (± 16,18)
Distribuição dos macronutrientes
Carboidrato (%)
56,89 (± 9,91)
Lipídio (%)
27,09 (± 8,47)
16,47 (± 4,65)
Proteína (%)
Tabela 3. Ingestão de calorias e nutrientes pelas
Faculdade da Terceira Idade.
Legenda de
figurasda
idosas
50%
4. Discussão
45%
40%
35%
30%
Os valores médios encontrados de IMC
das idosas avaliadas estão dentro da faixa de
normalidade, conforme recomendado pela
OPAS, porém a classificação nutricional, por
meio
IMC, indicou,
a preFigura do
1. Distribuição
das idosas nessa
segundo população,
o estado nutricional
pelo índice de
massa corporal (IMC).
valência da inadequação do estado nutricional
com predominância da obesidade (25%) e sobrepeso (22,50%), sendo também encontrado
o baixo peso (5%).
A elevada prevalência de desvio nutricional na população idosa vem sendo demonstrada por meio de diferentes estudos em vários países, onde a desnutrição, o sobrepeso e
a obesidade predominam sobre os indivíduos
eutróficos. O baixo peso entre a população
idosa é apontado como fator fortemente associado à morbidade e mortalidade, pois o
impacto da desnutrição na saúde dos idosos
provoca pior prognóstico para os agravos da
saúde. Por outro lado, a obesidade também representa um problema nutricional com grande
repercussão e está claramente associado também com o aumento da morbidade e mortalidade e este risco aumenta progressivamente de
acordo com o ganho de peso. Observou-se que
o diabetes mellitus e a hipertensão ocorrem
2,9 vezes mais em indivíduos obesos do que
naqueles com peso adequado e, embora não
haja uma associação absolutamente definida
entre a obesidade e as doenças cardiovasculares, alguns autores consideram que um indivíduo obeso tem 1,5 vezes mais propensão
a apresentar níveis sanguíneos elevados de
triglicerídeos e colesterol.
Apesar do uso frequente do IMC, ele
deve estar sempre associado a outros indicadores, tendo em vista que o mesmo não reflete
25%
20%
15%
10%
5%
0%
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
Baixo Peso
Eutrófico
Sobrepeso
Obesidade
a distribuição regional de gordura ou qualquer
mudança na distribuição de gordura ocorrida
com o processo de envelhecimento, sendo
considerado, portanto, um indicador pobre
para avaliar riscos em idosos.
Os resultados do estudo feito por Cabrera
e colaboradores ressaltam a importância da
aferição da RCQ como parâmetro antropométrico de distribuição de gordura central na
análise de risco entre as idosas, cujo aumento
demonstrou ser um fator de risco para a mortalidade total.
Os valores médios e a própria classificação nutricional obtidos da CC e RCQ neste estudo, sugerem que as idosas apresentam
risco para doenças cardiovasculares e distúrbios metabólicos. No estudo feito por Tinoco
e colaboradores com idosos da Zona da Mata
Mineira, os resultados mostraram a frequência
de CC aumentada e de RCQ inadequada foi
alta em ambos os sexos (61,4%), sendo significativamente maior nas mulheres.
Uma das principais limitações desses dois
indicadores (CC e RCQ) de distribuição de gordura corporal é a ausência de pontos de corte
específicos para população idosa. Utilizam-se,
até o momento, as recomendações propostas
para os adultos jovens, sem considerar as alterações na distribuição de gordura inerentes ao
processo de envelhecimento.
Com relação à prega cutânea triciptal observou-se neste estudo baixa porcentagem de
idosas com redução do tecido adiposo braquial
e também com baixa perda de massa muscular pelo parâmetro de circunferência muscular
braquial. Apesar deste estudo apresentar baixa
porcentagem de idosas com redução do tecido
adiposo e massa magra, sabe-se que com o envelhecimento, ocorrem a redistribuição do tecido adiposo. Nos membros inferiores e superiores, a quantidade de tecido adiposo diminui
e seu acúmulo aumenta progressivamente na
região abdominal, podendo ainda ser observada a diminuição da massa corporal magra.
Neste estudo, a distribuição percentual
dos macronutrientes está de acordo com recomendação do Food and Nutrition Board que
recomenda 45-65% para carboidrato, 10-35%
de proteína e 20-35% de lipídios, enquanto
que a ingestão de fibra alimentar pelas idosas
avaliadas apresentou-se inferior à quantidade
padronizada como normal para adultos, que é
As idosas participantes da Universidade
da Terceira Idade têm maior prevalência da
inadequação do estado nutricional, assim
como verificado em estudos nacionais. A inadequação é revelada tanto pelo índice de massa
corporal quanto pela circunferência da cintura
e razão cintura-quadril, que indicam a maior
susceptibilidade destas idosas à morbidade e à
mortalidade. Com relação às reservas de gordura e de massa muscular braquial, a maioria
das idosas apresenta reservas adequadas, que é
um fator positivo.
Assim, faz-se necessário adotar medidas
para recuperar o baixo peso e prevenir o sobrepeso ou obesidade entre as idosas. Para tanto, recomenda-se uma prática regular de atividade física
e a adoção de hábitos alimentares saudáveis.
6. Referências
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E ESTATÍSTICA. Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão. Diretoria de pesquisas,
Coordenação de população e indicadores sociais. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2008. IBGE, 2008.
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4- TINOCO, A.L.A. et al. Sobrepeso e obesidade medidos pelo índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC) e
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um município da Zona da Mata Mineira. Rev.
Bras. Geriatr. Gerontol., v.9, n.2, 2006.
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12- WORLD HEALTH ORGANIZATION
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New York: Orford; p.217-244. 1990.
14- CAMPOS, M.T.F.S. Efeitos da suplementação alimentar em idosos [dissertação]. Viçosa:
Universidade Federal de Viçosa; 1996.
edição nº 10, agosto/2009
5. Conclusões
5- MENEZES, T.N.; MARUCCI, M.F.N.
Perfil dos indicadores de gordura e massa muscular corporal dos idosos de Fortaleza,Ceará,
Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
v.23, n.12, p.2887-2895, 2007.
Cadernos UniFOA
de 20 a 30 g/dia, 5 a 10g destas devendo ser
solúveis, como medida adicional para a redução do colesterol. De forma semelhante, no
estudo feito por Lopes e colaboradores a inadequação do consumo de fibra esteve presente
na população de idosos investigada.
72
15- OTERO, B.U. et al. Morbidade por
desnutrição em idosos, região Sudeste do
Brasil, 1980-1987. Rev Saúde Pública. 2002;
32(2):141-8.
16- WAITZBERG, D.L. Nutrição Oral,
Enteral e Parenteral. 3ª ed. Editora Atheneu.
São Paulo, 2000.
17- CABRERA, M.A.S. et al. Relação do
índice de massa corporal, da relação cinturaquadril e da circunferência abdominal com a
mortalidade em mulheres idosas: seguimento
de 5 anos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
v. 21, n.3, p.767-775, 2005.
18- SAMPAIO, L.R.; FIGUEIREDO, V.C.
Correlação entre o índice de massa corporal
e os indicadores antropométricos de distribuição de gordura corporal em adultos e idosos.
Revista de Nutrição, Campinas, v.18, n.1,
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19- FOOD AND NUTRITION BOARD. Dietary
reference intakes for energy, carbohydrate, fiber,
fat, fatty acids, cholesterol, protein, and amino
acids (macronutrients). Washington: National
Academy Press; 2002. 936p.
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
20- Departamento de Aterosclerose da
Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz
Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção
da Aterosclerose. Arquivos Brasileitos de
Cardiologia, v. 88, supl. I, Abril, 2007.
21- LOPES, A.C.S. et al. Consumo de nutrientes em adultos e idosos em estudo de base
populacional: Projeto Bambuí. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, n.21, n.4, p.12011209, 2005.
Endereço para Correspondência:
Margareth Lopes Galvão Saron
Curso de Nutrição - Faculdade de Ciência da Saúde. Universidade do Vale do Paraíba, SP
[email protected]
Av. Shishima Hifumi, 2911,
Urbanova - São José dos Campos - SP
CEP: 12.244-000
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Guimarães, Érica Cristina Moreira; Santos, Lorena Silva dos; Jesus, Bruna Moraes de; Pastana, Natalia Almeida; Saron, Margareth Lopes Galvão. Perfil Nutricional de Idosas
frequentadoras da Faculdade da Terceira Idade. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/67.pdf>
73
Propriedades de cerâmicas dentárias consolidadas pela técnica gelcasting
Properties of dental ceramics obtained by gelcasting method
Arthur Kimura 1
Claudinei dos Santos 2
Fernando dos Santos Ortega 3
Rockfeller Maciel Peçanha 4
Alexandre Fernandes Habibe 5
Sizue Ota Rogero 6
Artigo
Original
Resumo
Cerâmicas
Gelcastng é uma nova técnica de consolidação de partes cerâmicas que
tem sido empregada com muito sucesso na preparação de peças cerâmicas estruturais de geometrias extremamente complexas. Neste trabalho,
cerâmicas biocompatíveis a base de óxido de alumínio Al2O3, óxido de
zircônio ZrO2 e seus compósitos foram moldados por gelcasting, usando
monômeros do sistema MAM-MBAM, com subsequente sinterização
e caracterizações preliminares. Pós de alta pureza de ZrO2 tetragonal
(3%Y2O3) e a–Al2O3 foram usados como matérias-primas. Misturas de
pós contendo 80% em peso de alumina e 20% de zircônia foram obtidas
por moagem/homogeneização. Em todos os casos, as suspensões obtidas
apresentaram aproximadamente 55% vol. de carga sólida. Após consolidação em molde de borracha, os corpos cerâmicos foram desmoldados,
secados e caracterizados por sua densidade relativa a verde. Os compactos foram sinterizados ao ar a 1575ºC, por 120 minutos, com taxas
de aquecimento controladas para facilitar a remoção dos orgânicos responsáveis pela polimerização. As amostras sinterizadas foram caracterizadas por sua densidade relativa e analisadas por difração de raios –X, e
microscopia eletrônica de varredura. Os valores de dureza e tenacidade à
fratura foram determinados usando método de indentação Vickers.
Gelcasting
Sinterização
Propriedades mecânicas
Caracterização
Abstract
Key words:
Gelcasting is a novel method of forming ceramics and has been
increasingly employed in preparing complex-shaped, near-net-shape
advanced materials. In this work, alumina, zirconia and aluminazirconia bioceramics were shaped by gelcasting, using MAM-MBAM
monomer system, with subsequent sintering and characterization.
High purity tetragonal ZrO2 (3mol%Y2O3) and a–Al2O3 powders
were used as starting powders. Powder mixture containing 80 wt.% of
alumina and 20 wt.% of tetragonal zirconia were obtained by milling/
homogenization. In all cases, the suspension obtained had at least
55 vol.% solid loading. Ceramic bodies were demolded, dried and
characterized by green relative density. The compacts were sintered
in air at 1550 and 1575ºC, for 120 minutes, with controlled heatingrate to facilitate organic compounds removal. Sintered samples were
characterized by relative density, and analyzed by X-Ray diffraction
and scanning electronic microscopy. Hardness and fracture toughness
were determined using Vicker’s indentation method.
Ceramics
Discente do Curso de Engenharia Mecânica - UNIFOA
Pós-Doutor em Biomateriais - EEL-USP
Doutor em Engenharia de Materiais - UFSCAR
4
Doutor em Engenharoa Mecânica - UNICAMP
5
Mestre em Engenharia de Materiais - EEL-USP
6
Mestre em Biotecnologia - IPEN
1
2
3
Gelcasting
Sintering
Mechanical properties
Characterization
edição nº 10, agosto/2009
Palavras-chaves:
Cadernos UniFOA
Original
Paper
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
74
1. Introdução
Ligas metálicas têm sido correntemente utilizadas como materiais para coroas ou abutments
(pilares) em sistemas de próteses ou implantes
osseointegráveis. Os materiais que se apresentam
para tais aplicações devem apresentar biocompatibilidade, não devem promover adesão de placas bacterianas, além de possuírem resistência,
permitirem forças oclusais do implante para o
osso, entre outras propriedades como resistência
a fadiga. Além das propriedades previamente
descritas, um outro fator de extrema significância é a estética, a qual facilita manter os aspectos
naturais dos dentes. Todas essas propriedades são
necessárias e se complementam visando a aplicações intraorais [1-3]. Um grande avanço tem sido
obtido pelo uso de sistemas “metal free”, a base
de materiais cerâmicos.
Os sistemas “all-ceramic” são atrativos
à comunidade odontológica devido à maior
resistência e resistência a abrasão melhor
biocompatibilidade e estética quando comparados com restaurações metálicas e de resina
[2,4]. Por outro lado, a aplicação de coroas
ou pontes totalmente cerâmicas tem sido limitada devido ao seu comportamento frágil,
longos tempos de processamento e usinagem
[5-6]. Os materiais cerâmicos mais utilizados
são alumina (Al2O3) e zircônia (ZrO2), devido
a sua excelente biocompatibilidade e estética.
A principal vantagem do Al2O3 é a alta dureza,
resistência ao desgaste e estabilidade química,
enquanto o ZrO2 exibe maior resistência mecânica e tenacidade à fratura [7-8].
Gelcasting é uma nova e atrativa técnica
de conformação de cerâmicas, sendo um processo de fabricação indicado quando se deseja
produtos de complexa geometria com qualidade superficial [9-12].
Nessa técnica, uma suspensão devidamente homogeneizada e isenta de bolhas, consistindo de pós cerâmicos e uma solução a base
de água e monômeros é despejada em um molde de borracha, visando ao preenchimento de
todos os espaços desse molde com a suspensão
e, em seguida, essa suspensão é polimerizada
in-situ para a imobilização das partículas pela
gelificação da suspensão e pela aplicação de
um catalisador do processo de polimerização.
O corpo gelificado é secado e, em seguida, segue para o processo de sinterização.
O objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento e a caracterização de cerâmica à base
de ZrO2, Al2O3 e Al2O3 -ZrO2 (80:20) % em
peso, pela técnica gelcasting, visando à obtenção de peças cerâmicas sinterizadas de geometria complexa para futuro uso em materiais de
sistemas de próteses dentárias.
2. Procedimentos Experimentais
Pós comerciais de alta pureza ZrO2(3mol.%Y2O3) (tamanho médio de partículas
de 0.65mm) contendo 15% vol. de fase ZrO2Monoclinica (Tosoh Grade TZ3YSB-Japão) e
a-Al2O3 (A-1000 SG, Almatis-USA) (tamanho médio de partículas de 0.45mm) foram
usados como pós de partida. Três composições
foram estudadas nesse trabalho, baseadas em
pó ZrO2(3Y2O3) monolítico, pó de Al2O3 e
uma mistura de pós composta de Al2O3-ZrO2
(80:20.%peso), previamente misturada/homogeneizada por moagem.
Suspensões cerâmicas foram preparadas
para cada composição com cerca de 50 %vol.
de carga sólida dispersa em água destilada,
contendo 20% peso de monômeros previamente misturados. Metacrilamida-MAM foi usada
como monômero principal e metilenobisacrilamida-MBAM foi o comonômero cruzado, a
uma razão molar de 3:1, ambos adquiridos da
empresa Acros Organics (Bélgica). Poliacrilato
de amônia (Dispersal 130, Lubrizol) foi usado
como defloculante e as suspensões foram moídas em moinho de bolas por 15 minutos para
completa dispersão dos componentes da mistura. A concentração otima de defloculante foi
previamente determinada por testes reologicos
como sendo 0.8% em peso. Os pH’s das suspensões foram ajustados para 9,0 com pequenas adições de KOH (Synth) para melhorar a
dispersão. Pequenas quantidades de persulfato
de amônio - APS (iniciador, Acros Organics)
e tetrametilmetilenodiamida-TMED (catalizador, Sigma-Aldrich) foram adicionados às
suspensões, as quais foram vigorosamente
misturadas e preenchidas em moldes onde a
gelificação ocorreu. Vários tipos de moldes e
de formas foram testadas visando a melhor reprodução dos pequenos detalhes superficiais.
As suspensões gelificaram em poucos minutos e puderam ser facilmente desmoldados. As
75
3. Resultados e Discussão
3.1. Corpos a verde
Após gelificação e secagem, os compactos apresentaram densidade relativa próxima a
60% da densidade teórica, para todas as composições. A maior compactação obtida por esta
técnica promove um aumento do número de
contatos entre partículas individuais, ao contrário do que acontece com sistemas particulados
sólidos consolidados por prensagem, onde dominam os aglomerados e agregados. O maior
número de contatos favorece a ativação de mecanismos difusionais durante a sinterização por
fase sólida. Além disso, a alta qualidade das
superfícies e a reprodução precisa dos detalhes
dos moldes foram observadas nas peças desenvolvidas, conforme apresentado na Figura 2.
edição nº 10, agosto/2009
Figura 1 - Representação esquemática do campo
de tensões gerado em diferentes sistemas de
trincas gerados por impressão Vickers.
Os testes in vitro para a análise da citotoxicidade, através do método de incorporação do Vermelho Neutro, foram realizados de
acordo com a ISO 10993-5 [14]. Amostras dos
materiais foram esterilizadas e adicionadas
em Meio Mínimo de Eagle (MEM) na proporção de 1 cm2/mL e incubado por 48h a 37ºC.
Diluições seriadas foram feitas dos extratos de
amostras, de Al2O3 (controle negativo) e de
solução de fenol 2% (controle positivo).
O ensaio propriamente dito foi realizado
através da adição de 200mL de cada diluição
do extrato em contato com as células aderidas
em cada poço, em triplicata. Controles positivo
e negativo receberam o mesmo procedimento
da amostra, com concentrações de extrato de:
1= 100%; 2= 50%; 3= 25%; 4= 12,5% e 5=
6,25%. Os poços com controle de células receberam Meio uso e este controle corresponde
a 100% de sobrevida celular.
Por último, foi calculada a média das
leituras de densidade óptica de cada diluição
e feita a comparação com a média do controle
de células (100%), obtendo-se a % de sobrevida das células em cada diluição. Projetando-se
em gráfico a % de sobrevida em função da diluição do extrato obteve-se uma curva, na qual
pode ser encontrado o índice de citotoxicidade
(IC50%) do material. IC50% significa a concentração do extrato que lesa ou mata 50% da população celular no ensaio de citotoxicidade.
Cadernos UniFOA
amostras foram inicialmente secas a temperatura ambiente por 24h e então secas em estufa
a 110ºC por 48h.
Corpos a verde foram sinterizados a
1575ºC, por 60 minutos. Diferentes taxas de
aquecimento foram usadas, dependendo da
temperatura alcançada: 10ºC/min até 300ºC,
1ºC/min de 300 a 600ºC e 10ºC/min de 600ºC
até a temperatura final de sinterização. A taxa
de resfriamento foi de 8ºC/min.
A densidade a verde foi determinada a
partir da razão entre a massa e o volume das
amostras. Além disso, método de Arquimedes
foi utilizado para determinar a densidade das
amostras sinterizadas. As fases cristalinas
foram determinadas por difração de raios X
(XRD) usando radiação Cu-ka na faixa de 2q
entre 20º e 80º, com passos angulares de 0.05º
e 3s como tempo de exposição a radiação, por
ponto de contagem. Aspectos microestruturais
das amostras sinterizadas foram examinados por microscopia eletrônica de varredura
(MEV), usando microscópio LEO-1450VP.
As superfícies foram lixadas, polidas e, em
seguida, atacadas termicamente a 1400ºC por
15min, com taxa de aquecimento e resfriamento de 25ºC/min.
Dureza e tenacidade a fratura, KIC, foram determinadas, usando o método indentação Vickers e usando um microdurômetro. A
seção transversal polida de cada amostra foi
submetida a 10 indentações sob uma carga de
2000gf por 30s. 5 amostras de cada composição foram utilizadas nestes testes, perfazendo
um total de 50 medidas. A tenacidade à fratura
foi calculada pela medida da relação entre o
comprimento da trinca (c) e o comprimento da
indentação (a), conforme Figura 1, usando a
relação proposta por Niihara et al [13], válida
para trincas do tipo Palmqvist, as quais apresentam uma relação c/a < 3,5.
76
Figura 2. Modelos de amostras de ZrO2 e Al2O3 obtidas pelo método gelcasting, após sinterização.
3.2. Caracterizações após sinterização
licitadas. Densificação próxima a 99% foi obtida
para zirconia monolítica e para os compósitos
alumina zircônia. A similaridade de densidade a
verde reflete nos valores de retração linear próximos a 18%, para todas as composições estudadas. A Figura 3 mostra difratogramas de raios X
representativos das amostras sinterizadas.
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
As amostras sinterizadas apresentaram densidade relativa de 99,2%±0,3 (ZrO2),
94,6%±0,8 (Al2O3) e 98,8%±0.4 (Al2O3-ZrO2).
As cerâmicas a base de alumina, como esperado,
apresentaram menor densificação. Ao contrario,
cerâmicas a base de ZrO2(3%Y2O3) responderam bem às condições de sinterizações a elas so-
a)
b)
c)
Figura 3. Difratogramas das amostras sinterizadas a 1575ºC: (a) Al2O3, (b) ZrO2 e (c) Al2O3 ZrO2.
Os difratogramas apresentados na Figura
3(a) indicam a presença somente da fase cristalina corundum, a-Al2O3. Na Fig 3(b), somente a fase cristalina ZrO2 tetragonal foi detectada, indicando que toda a fase monoclinica
residual presente no pó-de-partida foi convertida em fase tetragonal durante a sinterização.
Na Fig. 3(c), a presença de a-Al2O3, t-ZrO2 e
m-ZrO2 indica que, durante o resfriamento,
tensões térmicas residuais geradas pela diferença de coeficientes de expansão térmica de
Al2O3 (a = 7.5 x 10-6/ºC) e ZrO2 (a = 10.5 x
10-6/ºC) promoveu transformação martensítica parcial (cerca de 10%) da fase ZrO2.
A Figura 4 apresenta micrografias obtidas por MEV das cerâmicas sinterizadas. Os
resultados apresentados na Fig. 4 mostram
típicas microestruturas de Al2O3 e ZrO2 com
tamanho de grão compatível com o tamanho
de partículas inicial fornecido pelo fabricante
e com a temperatura de sinterização utilizada. Por outro lado, os compósitos Al2O3-ZrO2
apresentaram alguma heterogeneidade na distribuição de ZrO2 na matriz de alumina, provavelmente devido a não eficiência do processo
de mistura realizado na suspensão. A homogeneidade pode ser facilmente melhorada pelo
aumento do tempo de moagem/mistura.
77
Figura 4. Microestruturas de amostras sinterizadas a 1575ºC.
Tabela 1 apresenta resultados de dureza
Vickers e KIC das amostras sinterizadas. Pode
ser observado que amostras a base de Al2O3
apresentam maior dureza, mesmo com densidade relativa menor que as amostras ricas
de ZrO2. Por outro lado, a presença de ZrO2
aumenta a tenacidade dos corpos cerâmicos
devido a dois mecanismos principais, a transformação martensítica, que ocorre durante o
crescimento de trincas, a qual promove uma
expansão volumétrica de 3 a 5% nos grãos
transformados, e como consequência, promove uma barreira ao crescimento da trinca. Um
outro mecanismo ocorre em compósitos cerâmicos com diferentes coeficientes de expansão térmica, gerando campos de tensão compressiva ao redor dos grãos de diferentes fases,
os quais dificultam o crescimento de trincas.
Os valores de tenacidade a fratura foram 4,9
MPam1/2 para amostras de Al2O3 resultados
que estão bem de acordo com dados obtidos
na literatura [10]. Os valores de
Amostras
Temperatura de
Sinterização (ºC)
Módulo de
Elasticidade
Dureza
(HV)
Tenacidade
à Fratura
KIC (MPa•m1/2)
Al2O3
1575
390
1474 ± 63
4,9±0,3
ZrO2
1575
190
1265 ± 31
8,2 ± 0,3
Al2O3:ZrO2 (80:20%)
1575
340
1402 ± 86
6,2 ± 0,3
toxicidade, ou seja, o material não causa dano
ao crescimento celular periférico.
edição nº 10, agosto/2009
A tenacidade à fratura das amostras de zircônia foram maiores, alcançando
8MPa•m1/2 para os materiais monoliticos
e 6,2 MPa•m1/2 para os compósitos. Como
já foi dito, esses resultados ocorrem devido
a esse material exibir uma transformação de
fase martensítica (tetragonal-monoclinica), a
qual ativa o mecanismo de tenacificação por
transformação de fases [6]. Os baixos valores
de desvio-padrão apresentados pelos materiais
desenvolvidos neste trabalho indicam uma alta
homogeneidade microestrutural das amostras
produzidas por gelcasting. Os resultados dos
testes biológicos são apresentados na Figura
5, e indicam que o material não apresenta cito-
Cadernos UniFOA
Tabela 1 – Propriedades mecânicas dos corpos sinterizados.
Figura 5 – Teste de citotoxicidade das amostras
sinterizadas, obtidas por gelcasting.
78
4. Conclusões
Os resultados apresentados indicam
que as condições de processamento, usadas nesse trabalho para fabricação de peças
cerâmicas por gelcasting, foram eficientes
para produzir biocerâmicas à base de Al2O3
e ZrO2. Os materiais apresentaram acabamento superficial, propriedades mecânicas
satisfatórias e compatibilidade biológica. O
uso de condições otimizadas de processamento (relação líquido-sólido, concentração
de monômeros, ajuste de pH, temperatura de
sinterização, etc), e a capacidade de produzir partes com geometrias complexas favorece seu uso no desenvolvimento de partes
cerâmicas dentárias. Os resultados de citotoxicidade indicam que os diferentes extratos preparados com os materiais cerâmicos
desenvolvidos não causaram morte celular,
indicando que o material não apresenta citotoxicidade.
[7] D. Basu, B.K. Sarkar, J. Mater. Res., 11
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[10]. M. A. Janney, O. O. Omatete, C. A.
Walls, S. D. Nunn, R. J. Ogle, and C.G.
Westmoreland, J. Am. Ceram. Soc., 1998.
[11] J. Ma, Zhongzhou Yi, et al. Ceram
Internat, 31 (2005) 1015–1019
[12] J. Wang, L. Gao, Ceramics International
26 (2000) 187-191
[13] K. Niihara, R.Moreno, D.P.H. Hasselman,
J Mat. Sci. Letters (1) (1982), 13-16.
5. Agradecimentos
Os autores agradecem a FAPESP, a
UNIFOA e ao CNPq pelo fornecimento de
bolsas de estudo.
[14] ISO document 10993-5, 1992 Biological
evaluation of medical devices, Part 5, Tests
for cytotoxicity: in vitro methods.
6. Referências Bibliográficas
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
[1] B. I. Ardlin, Dental Materials, 18 (8)
(2002) 590-595.
[2] M. Guazzato, M. Albakry, et. al. Dental
Materials, 20 (5) (2004) 449-456.
[3] D.-J. Kim, M.-H. Lee, D. Y. Lee, J.-S. Han,
J. Biomed Mater Res, 2000 53 (4) 438-443.
[4] X.-J. Sheng, H. Xu, Z.-H. Jin, Y-L.Wang,
Materials Letters, 58 (11) (2004) 1750-1753.
[5] J.-M. Tang, Y.-L. Zhang, S.-X. Zhang, J.
Am. Ceram. Soc. 82 (6) (1999) 1592.
[6] R. Stevens, An introduction to zirconia: Zirconia and zirconia ceramics. 2nd Ed
Twickenham: Magnesium elektrum, (1986),
(Magnesium Elektron Publications, n113).
Endereço para Correspondência:
Claudinei dos Santos
[email protected]
Centro Universitário de Volta Redonda
Campus Três Poços
Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325,
Três Poços - Volta Redonda / RJ
CEP: 27240-560
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Kimura, Arthur; Santos, Claudinei dos; Ortega, Fernando dos Santos; Peçanha, Rockfeller Maciel; Habibe, Alexandre Fernandes; Rogero, Sizue Ota. Propriedades de cerâmicas
dentárias consolidadas pela técnica gelcasting. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, ano IV, n. 10, agosto. 2009. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/edicao/10/73.pdf>
Apresentação do Texto
Serão aceitas contribuições em português ou inglês. O original deve ser apresentado em espaço duplo e submetido eletronicamente, fonte Arial Times New Roman,
tamanho 12, com margens de 2,5cm. Deve
ser enviado com uma página de rosto, onde
constará título completo (no idioma original
e em inglês) e título corrido, nome(s) do(s)
autor(es) e da(s) respectiva(s) instituição(ões)
por extenso, com endereço completo apenas
do autor responsável pela correspondência.
Todos os artigos deverão ser encaminhados
acompanhados de disquete ou CD contendo
o arquivo do trabalho e indicação quanto ao
programa e à versão utilizada (somente programas compatíveis com Windows). Notas de
rodapé não serão aceitas. É imprescindível o
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edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA é uma publicação semestral arbitrada que visa sustentar um
espaço editorial de natureza inter e multidisciplinar. Publica prioritariamente pesquisas
originais e contribuições de caráter descritivo
e interpretativo, baseadas na literatura recente,
bem como artigos sobre temas atuais ou emergentes e comunicações breves sobre temas relevantes e inéditos desenvolvidos em nível de
Pós-graduação Lato e Stricto Sensu.
Serão aceitos trabalhos para as seguintes seções: (1) Revisão - revisão crítica
da literatura sobre temas pertinentes à saúde
pública (máximo de 10.000 palavras); (2) Artigos - resultado de pesquisa de natureza empírica, experimental ou conceitual (máximo
de 8.000 palavras); (3) Notas - nota prévia,
relatando resultados parciais ou preliminares
de pesquisa (máximo de 2.000 palavras); (4)
Resenhas - resenha crítica de livro relacionado ao campo temático de CSP, publicado
nos últimos dois anos (máximo de 1.200 palavras); (5) Cartas - crítica a artigo publicado
em fascículo anterior do Cadernos UniFOA
– Pós-graduação ou nota curta, relatando observações de campo ou laboratório (máximo
de 1.200 palavras); (6) Artigos especiais - os
interessados em contribuir com artigos para
estas seções deverão consultar previamente o
Editor: (7) Debate - artigo teórico que se faz
acompanhar de cartas críticas assinadas por
autores de diferentes instituições, convidados
pelo Editor, seguidas de resposta do autor do
artigo principal (máximo de 6.000 palavras);
(8) Fórum - seção destinada à publicação de
2 a 3 artigos coordenados entre si, de diferentes autores, e versando sobre tema de interesse
atual (máximo de 12.000 palavras no total).
O limite de palavras inclui texto e referências bibliográficas (folha de rosto, resumos e ilustrações serão considerados à parte).
envio de carta informando se o artigo está sendo encaminhado pela primeira vez ou sendo
reapresentado à nossa secretaria.
No envio da segunda versão do artigo
deverá ser encaminhada uma cópia impressa,
acompanhada de disquete ou CD.
Ilustrações: as figuras deverão ser
enviadas em impressão de alta qualidade, em
preto-e-branco e/ou diferentes tons de cinza
e/ou hachuras. Os custos adicionais para publicação de figuras em cores serão de total
responsabilidade dos autores. É necessário o
envio dos gráficos, separadamente, no formato do programa em que foram gerados (SPSS,
Excel, Harvard Graphics etc.), acompanhados
de seus parâmetros quantitativos, em forma de
tabela e com nome de todas as variáveis. Também é necessário o envio de mapas no formato
WMF, observando que os custos daqueles em
cores serão de responsabilidade dos autores.
Os mapas que não forem gerados em meio
eletrônico devem ser encaminhados em papel
branco (não utilizar papel vegetal). O número de tabelas e/ou figuras deverá ser mantido
ao mínimo (máximo de sete tabelas e/ou figuras).
Resumos: Com exceção das contribuições enviadas às seções Resenha ou Cartas, todos os artigos submetidos em português
deverão ter resumo na língua principal e em
inglês. Os artigos submetidos em inglês deverão vir acompanhados de resumo em português, além do abstract em inglês. Os resumos
não deverão exceder o limite de 250 palavras
e deverão ser acompanhados de 3 a 5 palavraschave.
Nomenclatura: devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura
zoológica e botânica, assim como abreviaturas
e convenções adotadas em disciplinas especializadas.
Pesquisas envolvendo seres humanos: A publicação de artigos que trazem resultados de pesquisas envolvendo seres humanos
está condicionada ao cumprimento dos princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki
(1964, reformulada em 1975, 1983, 1989, 1996
e 2000), da World Medical Association (http://
www.wma.net/e/policy/b3.htm), além do
atendimento a legislações específicas (quando houver) do país no qual a pesquisa foi realizada. Artigos que apresentem resultados de
pesquisas envolvendo seres humanos deverão
conter uma clara afirmação deste cumprimento (tal afirmação deverá constituir o último parágrafo da seção Metodologia do artigo). Após
a aceitação do trabalho para publicação, todos
os autores deverão assinar um formulário, a
ser fornecido pela Secretaria Editorial do Cadernos UniFOA – Pós-Graduação, indicando
o cumprimento integral de princípios éticos e
legislações específicas.
Cadernos UniFOA
Instruções para Autores
80
Agradecimentos - Contribuições de
pessoas que prestaram colaboração intelectual
ao trabalho como assessoria científica, revisão crítica da pesquisa, coleta de dados entre
outras, mas que não preencham os requisitos
para participar de autoria, devem constar dos
“Agradecimentos”. Também podem constar
desta parte agradecimentos a instituições pelo
apoio econômico, material ou outros.
Declarações: o autor principal deve
enviar, via correio, declaração sobre a Conflito de interesses e Transferência de Direitos
Autorais.
Referências: as referências devem
ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a ordem em que forem sendo citadas
no texto. Devem ser identificadas por números
arábicos sobrescritos (Ex.: Oliveira1). As referências citadas somente em tabelas e figuras
devem ser numeradas a partir do número da última referência citada no texto. As referências
citadas deverão ser listadas ao final do artigo,
em ordem numérica. Todas as referências devem ser apresentadas de modo correto e completo. A veracidade das informações contidas
na lista de referências é de responsabilidade
do(s) autor(es).
edição nº 10, agosto/2009
Cadernos UniFOA
Exemplos:
a) Artigos de periódicos
Hedberg B, Cederborg AC, Johanson M.
Care-planning meetings with stroke survivors: nurses as moderators of the communication. J Nurs Manag, 15(2):214-21,
2007.
b) Instituição como autor
European Cardiac Arrhythmia Society 2nd Annual Congress, April 2-4, 2006,
Marseille, France. Pacing Clin Electrophysiol. Suppl 1:S1-103, 2006.
c) Sem indicação de autoria
Rubitecan: 9-NC, 9-Nitro-20(S)-camptothecin, 9-nitro-camptothecin, 9-nitrocamptothecin, RFS 2000, RFS2000. Drugs R D.
5(5):305-11, 2004.
d) Livros e outras monografias
Freire P e Shor I. Medo e ousadia – O cotidiano do professor. 8 ed. Rio de Janeiro:
Ed. Paz e Terra, 2000.
· Editor ou organizador como autor
Denzin NK, Lincoln YS, editors. Handbook of qualitative research. Thousand
Oaks: Sage Publications; 1994.
· Instituição como autor e publicador
Institute of Medicine recommends new
P4P system for Medicare. Healthcare
Benchmarks Qual Improv., 13(12):133-7,
2006.
e) Capítulo de livro
Aggio OA. A revolução passiva como hipótese interpretativa da história política latino- americana. In: Aggio, Alberto (org.).
Gramsci: a vitalidade de um pensamento.
São Paulo: Unesp, 1998.
f) Eventos (anais de conferências)
Vitti G.C. & Malavolta E. Fosfogesso - Uso
Agrícola. In: Malavolta E, Coord., SEMINÁRIO SOBRE CORRETIVOS AGRÍCOLAS. Campinas,SP. Fundação Cargill,
p. 161-201, 1985.
g) Trabalho apresentado em evento
Bengtson S, Solheim BG. Enforcement of
data protection, privacy and security in medical informatics. In: Lun KC, Degoulet P,
Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDINFO 92. Proceedings of the 7th World Coangress on Medical Informatics. Amsterdam:
North Holland; 1992. p. 1561-5.
h) Dissertação e tese
Rodriques GL. Poeira e ruído na produção
de brita a partir de basalto e gnaisse nas
regiões de Londrina e Curitiba, Paraná:
Incidência sobre os trabalhadores e Meio
Ambiente. Tese (Doutorado). Universidade
Federal do Paraná.Curitiba, 2004.
i) Outros trabalhos publicados
· Artigo de jornal
Lee G. Hospitalizations tied to ozone
pollution: study estimates 50,000 admissions annually. The Washington Post 1996
Jun 21; Sect. A:3.
· Documentos legais
Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Segurança do Trabalho. Portaria
N°. 25 de 29/12/1994. Norma Regulamentadora N° 9: Programas de Prevenção
de Riscos Ambientais.
j) Material eletrônico
· CD-ROM
Severino LS, Vale LS, Lima RLS, Silva
MIL, Beltrão NEM, Cardoso GDC. Repicagem de plântulas de mamoneira visando
à produção de mudas. In: I Congresso Brasileiro de Mamona - Energia e Sustentabilidade (CD-ROM). Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004.
· Internet
UMI ProQuest Digital Dissertations. Disponível em: <http://wwwlib.umi.com/dissertations/>. Acesso em: 20 Nov. 2001.
Envio de manuscritos
Os artigos devem ser enviados para
o seguinte endereço eletrônico: [email protected]. Documentos adicionais (declarações, fotos, mapas), devem ser enviados
para UniFOA - Campus Universitário Olezio
Galotti - Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº
1325, Três Poços, Volta Redonda - RJ. CEP:
27240-560 – Prédio 1 - Núcleo de Pesquisa/
NUPE.
Permutas Institucionais
informações sobre permuta
[email protected]
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ABMES - Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior – Brasília/DF
ANGRAD - Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração - Duque de Caxias/RJ
Centro de Ensino Superior de Jatí - Jataí/GO
Centro Universitário Assunção - São Paulo/SP
Centro Universitário Claretiano - Batatais/SP
Centro Universitário de Barra Mansa - Barra Mansa/RJ
Centro Universitário de Goiás - Goiânia/GO
Centro Universitário Evangélica - Anápolis/GO
Centro Universitário Feevale - Novo Hamburgo/RS
Centro Universitário Leonardo da Vinci - Indaial/SC
Centro Universitário Moura Lacerda - Riberão Preto/SP
Centro Universitário Paulistano - São Paulo/SP
Centro Universitário São Leopoldo Mandic - Campinas/SP
CESUC - Centro Superior Catalão - Catalão/GO
CESUPA - Centro de Ensino Superior do Pará - Belém/PA
EBAPE - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas - Rio de Janeiro/RJ
Escola de Serviço Social da UFRJ - Rio de Janeiro/RJ
FABES - Faculdades Bethencourt da Silva - Rio de Janeiro/RJ
FACESM - Faculdade de Ciencias Sociais Aplicadas do Sul de Minas - Itajubá/MG
FACI- Faculdade Ideal - Belém/PA
Facudade 2 de Julho - Salvador/BA
Facudades Integradas de Cassilândia - Cassilândia/MS
Faculdade Arthur Sá - Petrópolis/RJ
Faculdade de Ciências - Bauru/SP
Faculdade de Direito de Olinda - Olinda/PE
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - UFBA - Salvador/BA
Faculdade de Pimenta Bueno - Pimenta Bueno/RO
Faculdade de Tecnologia e Ciência - Salvador/BA
Faculdade Internacional de Curitiba - Curitiba/PR
Faculdade Metodista IPA - Porto Alegre/RS
Faculdade SPEI - Curitiba/PR
Faculdades Guarapuava - Guarapuava/PA
Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo - Presidente Prudente/SP
Faculdades Integradas Curitiba - Curitiba/PR
Faculdades Integradas de Cassilândia - Cassilândia/MS
Faculdades Integradas do Ceará - Fortaleza/CE
Faculdades Integradas Torricelli - Guarulhos/SP
Faculdades Santa Cruz - Curitiba/PR
FAFICH - Universidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG
FAFIJAN - Faculdade de Jandaia do Sul - Jandaia do Sul/PA
edição nº 10, agosto/2009
Faculdade de Minas - Muriaé/MG
Cadernos UniFOA
Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - Uberaba/MG
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Permutas Institucionais
informações sobre permuta
[email protected]
FAFIL - Filadélfia Centro Educacional - Santa Cruz do Rio Pardo/SP
FAPAM - Faculdade de Pará de Minas - Pará de Minas/MG
FCAP: Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco - Recife/PE
FECAP - Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado - São Paulo/SP
FGV - Fundação Getúlio Vargas - Rio de Janeiro/RJ
FOCCA - Faculdade Olindense de Ciências Contábeis e Administrativas - Olinda/PE
FUNADESP - Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular - Brasília/DF
Fundação Educacional de Patos de Minas - Patos de Minas/MG
Fundação Santo André - Santo André/SP
Fundação Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Rio Grande/RS
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Centro de Documentação e Disseminação
de Informações - Rio de Janeiro/RJ
Instituição São Judas Tadeu - Porto Alegre/RS
Instituto Catarinense de Pós-Graduação -Blumenau/SC
Instituto de Administração do Rio de Janeiro - IARJ - Tijuca/RJ
Instituto de Estudo Superiores da Amazônia - Belém/PA
Instituto Municipal de Ensino Superior - São Caetano/SP
Mestrado em Integração Latino-Americana - Santa Maria/RS
MPF - Ministério Público Federal - Brasília/DF
MPRJ - Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ
Organização Paulista Educacional e Cultural - São Paulo/SP
PUC - Campinas: Pontifícia Universidade Católica - Campinas/SP
PUC - SP: Pontifícia Universidade Católica - Campinas/SP
TCE - Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG
The U.S. Library Of Congress Office - Washington, DC/USA
TJ - Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ
edição nº 10, agosto/2009
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TRF - Tribunal Reginal Federal - RJ - Rio de Janeiro/RJ
Ucam - Universidade Cândido Mendes - Rio de Janeiro/RJ
UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ
UFF - Universidade Federal Fluminense - Niterói/RJ
UGB - Faculdades Integradas Geraldo Di Biase - Volta Redonda/RJ
UNB - Universidade de Brasília - Brasília/DF
UNIABEU - Assossiação de Ensino Superior - Belford Roxo/RJ
União das Faculdades de Alta Floresta - Alta Floresta/MT
Unibrasil - Faculdades Integradas do Brasil - Curitiba/PR
Unicapital - Centro Universitário Capital - São Paulo/SP
Unicastelo - Universidade Camilo Castelo Branco - São Paulo/SP
UNIDERP - Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - Campo Grande/MS
UNIFAC - Assossiação de Ensino de Botucatu - Botucatu/SP
Unifeso - Centro Universitário da Serra dos Órgãos - Teresópolis/RJ
UniNilton Lins - Centro Universitário Nilton Lins - Amazonas/AM
Uninove - Universidade Nove de Julho - Vila Maria/SP
Permutas Institucionais
informações sobre permuta
[email protected]
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UNIPAR - Universidade Paranaense - Cianorte/PR
UNISAL - Centro Universitário Salesiano - Americana/SP
Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos - São Leopoldo/RS
UNIVEM - Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha - Marília/SP
Universidade Bandeirante de São Paulo - São Paulo/SP
Universidade Brás Cubas - Mogi das Cruzes/SP
Universidade Católica de Brasília - Brasília/DF
Universidade da Cidade de São Paulo - Tatuapé/SP
Universidade da Região de Joinville - Joinville/SC
Universidade de Brasília - Brasília/DF
Universidade de Caxias do Sul - Caxias do Sul/RS
Universidade de Coimbra - Pólo II - Coimbra/RJ
Universidade de Cuiabá - Cuiabá/MT
Universidade de Marília - Marília/SP
Universidade de Passo Fundo - Passos Findo/RS
Universidade de Sorocaba - Sorocaba/SP
Universidade de Taubaté - Taubaté/SP
Universidade do Vale do Paraíba - São José dos Campos/SP
Universidade Estácio de Sá - Rio de Janeiro/RJ
Universidade Estadual de Maringá - Maringá/PR
Universidade Federal de Alfenas - Alfenas/MG
Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis/SC
Universidade Luterana do Brasil - Paraná/RO
Universidade Metodista de São Paulo - São Bernardo do Campo/SP
Universidade Paranaense - Umuarama/PR
Universidade Paulista - São Paulo/SP
Universidade Severino Sombra - Vassouras/RJ
Universidade Vale do Rio Verde de Três Corações - Três Corações/MG
UnoChapeco - Centro Universitário de Chapecó - Chapecó/SC
UPIS - União Pioneira de Integração Social - Brasília/DF
UVA - Universidade Veiga de Almeida - Tijuca/RJ
UVV - Centro Universitário de Vila Velha - Vila Velha/ES
edição nº 10, agosto/2009
Universidade São Francisco - São Paulo/SP
Cadernos UniFOA
Universidade Regional de Blumenau - Blumenau/SC
Formando para vida.
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