SUSANA MENDES ALVES
Comunicação Não-verbal de Instrutores de Atividades de
Grupo de Fitness
Estudo da comunicação cinésica e proxémica de instrutores com diferentes níveis de
experiência profissional e em diferentes atividades de grupo
Tese apresentada com vista à obtenção do grau de
Doutor em Ciências do Desporto nos termos de
Decreto-Lei nº 216/92 de 13 de Outubro, sob
orientação do Professor Doutor José Jesus Fernandes
Rodrigues (ESDRM) e co-orientação da Professora
Doutora Susana Carla Alves Franco (ESDRM).
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
VILA REAL, 2013
Para o João, Leonor e Joãozinho
Por serem a melhor parte de mim,
porque juntos somos um só!
Obrigada por todos os vossos gestos
de amor eterno e incondicional.
II
AGRADECIMENTOS
Apesar do carácter individual deste trabalho, a sua consecução só se tornou
possível graças à colaboração e participação de várias pessoas e instituições. Gostaria
assim de aqui expressar os mais profundos e sinceros agradecimentos a todos aqueles
que de uma forma direta ou indireta, muito me ajudaram e apoiaram ao longo da sua
realização, particularmente:
Ao Professor José Rodrigues por toda a confiança que depositou no meu
trabalho, pela prontidão com que sempre me recebeu e ajudou, e pelas sugestões de
melhoria deste trabalho. Fica aqui um agradecimento sincero pela amizade, apoio e
pelas palavras de incentivo, entre as quais não esquecerei: “Vivemos, aprendemos e
nunca desistimos.”;
À Professora Susana Franco por ter caminhado ao meu lado em mais um
desafio, por todos os ensinamentos académicos e pessoais, com a certeza que hoje sou
uma pessoa mais rica. Muito obrigada pelo rigor e minuciosidade das correções
efetuadas, sem esquecer claro, o apoio e a amizade de uma vida;
Aos Professores Marta Castañer e Oleguer Camerino por terem gentilmente
disponibilizado o Sistema de Observação SOCOP, pela colaboração nas fases de
tradução, desenvolvimento e validação do SOPROX ao contexto do fitness, pela ajuda
na compreensão da metodologia dos Padrões temporais e pela prontidão das suas
respostas;
À Professora Doutora Rita Santos Rocha, pela amizade e pelo apoio pessoal e
instucional que deu à realização deste trabalho;
Aos professores Pedro Sequeira, Ágata Aranha, Vera Simões, Nuno Pimenta,
Hugo Louro, Alice Rodrigues, José Carlos Leitão e Hugo Sarmento pela partilha de
conhecimento e tempo dispensado, com a certeza de que sem a vossa ajuda este
trabalho seria mais pobre. Agradeço também a vossa amizade e simpatia;
Aos instrutores que aceitaram fazer parte deste estudo e que gentilmente
abriram as portas das suas salas, aos seus praticantes e aos responsáveis dos ginásios
III
que colocaram as suas instituições à disponibilidade e dessa forma possibilitaram a
realização deste estudo. Obrigada também pela forma simpática como me receberam;
À família fitness da ESDRM (Susana Franco, Nuno Pimenta, João Moutão, Vera
Simões e Fátima Ramalho) por serem quem são e pelo que significam para mim;
Aos funcionários docentes e não docentes da ESDRM, pelo vosso apoio, carinho
e pela vossa simpatia, que é simplesmente, única! Muito obrigada a todos;
A todos os meus queridos alunos, pelo apoio, pelo vosso carinho constante e
por serem a minha inspiração para a realização deste trabalho. Espero continuar a
contribuir para a vossa formação profissional e pessoal;
Ao amigo Miguel Silva, pela sua amizade, apoio e por todas as recordações boas
aglomeradas ao longo do Doutoramento, que muito contribuiu para alcançar este
objetivo final. Sem ti podia ser? Podia! Mas não era a mesma coisa…;
À minha treinadora Elisabete Martinho, porque sempre acreditou em mim.
“Treina”: Consegui!;
À Esmeralda, Cláudia, Vanessa e Sr. João pelo incentivo, carinho e por estarem
a meu lado sempre que precisei de ajuda. Muito obrigada por tudo!;
Aos meus queridos Pais, “Sr. Alves” e “Dona Elvira” e maninho Octávio,
simplesmente, por TUDO! Sem o vosso amor nada seria possível!;
Aos meus filhotes Leonor e João, por todas as demonstrações de amor
incondicional, verbais e não-verbais. Vocês são a minha VIDA!;
Por último, deixo um agradecimento muito especial ao João, pelo apoio
incondicional e por nunca me ter deixado rir ou chorar sozinha! Obrigada por seres TU!
MUITO OBRIGADA, do fundo do coração, a todos vocês!
IV
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ...............................................................................................................................III
ÍNDICE GERAL ....................................................................................................................................... V
ÍNDICE DE QUADROS ............................................................................................................................IX
ÍNDICE DE FIGURAS ...............................................................................................................................XI
ÍNDICE DE ANEXOS...............................................................................................................................XII
RESUMO .............................................................................................................................................XIII
ABSTRACT .......................................................................................................................................... XIV
1
2
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 15
1.1
ENQUADRAMENTO ................................................................................................................. 16
1.2
PROBLEMA ............................................................................................................................. 22
1.3
OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO ................................................................................................. 23
1.4
ORGANIZAÇÃO DA TESE .......................................................................................................... 24
1.5
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 26
ENQUADRAMENTO TEÓRICO ...................................................................................................... 30
2.1
2.1.1
Comunicação cinésica .................................................................................................... 33
2.1.2
Comunicação proxémica ................................................................................................ 35
2.2
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL.................................................................................................... 38
2.2.1
Fases de desenvolvimento profissional ........................................................................... 38
2.2.2
Caraterísticas dos diferentes níveis de experiência profissional ....................................... 41
2.3
ATIVIDADES DE FITNESS .......................................................................................................... 44
2.3.1
Atividade de Ginástica Localizada .................................................................................. 47
2.3.2
Atividade de Step ........................................................................................................... 48
2.3.3
Atividade de Indoor Cycling ............................................................................................ 49
2.3.4
Atividade de Hidroginástica ........................................................................................... 51
2.4
3
COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL ................................................................................................. 31
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 53
METODOLOGIA ........................................................................................................................... 57
3.1
AMOSTRA ............................................................................................................................... 58
3.2
CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS ........................................................................................ 58
3.2.1
Metodologia observacional ............................................................................................ 58
3.2.2
Desenho observacional .................................................................................................. 59
V
3.2.3
Fases de desenvolvimento da investigação ..................................................................... 60
3.2.4
Metodologia de tradução do SOPROX-Fitness................................................................. 63
3.2.5
Metodologia de desenvolvimento e validação do SOPROX-Fitness .................................. 65
3.3
3.3.1
Sistema de observação da comunicação cinésica (SOCIN-Fitness) ................................... 72
3.3.2
Sistema de observação da comunicação proxémica (SOPROX-Fitness) ............................ 78
3.3.3
Desenvolvimento e validação do SOPROX ao contexto do fitness .................................... 78
3.3.4
Fiabilidade inter-observadores e intra-observador do SOPROX original ........................... 78
3.3.5
Aperfeiçoamento do SOPROX para o contexto das atividades de grupo de fitness ........... 81
3.3.6
Validação facial do SOPROX-Fitness por especialistas (experts)....................................... 84
3.3.7
Fiabilidade inter-observadores SOPROX-Fitness .............................................................. 88
3.3.8
Fiabilidade intra-observador SOPROX-Fitness ................................................................. 89
3.3.9
Ilustração das categorias da versão final SOPROX-Fitness............................................... 90
3.4
PROCEDIMENTOS ................................................................................................................... 95
3.4.1
Procedimentos de recolha dos dados.............................................................................. 95
3.4.2
Procedimentos de codificação ........................................................................................ 97
3.5
TÉCNICAS ESTATÍSTICAS APLICADAS NO TRATAMENTO DOS DADOS ......................................... 98
3.5.1
Análise descritiva dos dados........................................................................................... 98
3.5.2
Análise comparativa dos dados ...................................................................................... 98
3.5.3
Análise dos padrões temporais de comportamento ...................................................... 101
3.6
4
INSTRUMENTOS...................................................................................................................... 71
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 103
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DO INSTRUTOR DE
FITNESS (SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO ............................ 109
4.1
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 110
4.2
MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DO SISTEMA DE OBSERVAÇÃO...................... 112
4.2.1
4.3
5
As cinco fases de desenvolvimento e validação do sistema de observação .................... 112
MÉTODO DO ESTUDO PILOTO ............................................................................................... 115
4.3.1
Participantes no estudo piloto ...................................................................................... 116
4.3.2
Instrumentos ............................................................................................................... 117
4.3.3
Materiais e procedimentos de recolha de dados no estudo piloto ................................. 117
4.3.4
Procedimentos estatísticos no estudo piloto ................................................................. 117
4.4
RESULTADOS DO ESTUDO PILOTO ......................................................................................... 118
4.5
DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 121
4.6
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 125
4.7
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 126
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE
INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS ............................................................ 130
VI
5.1
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 131
5.2
MÉTODO .............................................................................................................................. 132
5.2.1
Participantes ............................................................................................................... 132
5.2.2
Instrumentos ............................................................................................................... 133
5.2.3
Procedimentos de recolha e registo de dados ............................................................... 134
5.2.4
Procedimentos estatísticos........................................................................................... 134
5.3
6
RESULTADOS ........................................................................................................................ 135
5.3.1
Gestos com intenção comunicativa .............................................................................. 135
5.3.2
Gestos sem intenção comunicativa............................................................................... 137
5.4
DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 138
5.5
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 141
5.6
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 143
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE
INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS ............................................................ 146
6.1
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 147
6.2
MÉTODO .............................................................................................................................. 148
6.2.1
Participantes ............................................................................................................... 149
6.2.2
Instrumentos ............................................................................................................... 149
6.2.3
Procedimentos de recolha e registo de dados ............................................................... 150
6.2.4
Procedimentos estatísticos........................................................................................... 150
6.3
RESULTADOS ........................................................................................................................ 151
6.3.1
7
Análise da comunicação proxémica .............................................................................. 152
6.4
DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 153
6.5
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 156
6.6
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 157
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA
EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS.................................................... 161
7.1
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 162
7.2
MÉTODO .............................................................................................................................. 163
7.2.1
Participantes ............................................................................................................... 164
7.2.2
Instrumentos ............................................................................................................... 165
7.2.3
Procedimentos ............................................................................................................. 165
7.3
RESULTADOS ........................................................................................................................ 166
7.3.1
Configurações de comportamentos .............................................................................. 167
7.3.2
Padrões-T dos instrutores experientes .......................................................................... 167
7.3.3
Padrões-T dos instrutores estagiários ........................................................................... 169
7.4
DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 170
VII
8
7.5
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 174
7.6
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 175
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE
DIFERENTES ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS ........................................ 180
8.1
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 181
8.2
MÉTODO .............................................................................................................................. 182
8.2.1
Participantes ............................................................................................................... 183
8.2.2
Instrumentos ............................................................................................................... 183
8.2.3
Procedimentos ............................................................................................................. 184
8.3
9
RESULTADOS ........................................................................................................................ 185
8.3.1
Configurações de comportamentos .............................................................................. 185
8.3.2
Padrões-T na atividade de Step .................................................................................... 186
8.3.3
Padrões-T na atividade de Localizada ........................................................................... 188
8.3.4
Padrões-T na atividade Hidroginástica ......................................................................... 189
8.3.5
Padrões-T na atividade de Indoor Cycling ..................................................................... 190
8.4
DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 191
8.5
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 195
8.6
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 196
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................... 200
9.1
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 201
9.2
LIMITAÇÕES .......................................................................................................................... 204
9.3
RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................ 206
9.4
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 207
ANEXOS ............................................................................................................................................. 209
VIII
ÍNDICE DE QUADROS
QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO SEMIÓTICA E FUNCIONAL DOS GESTOS. ..................................................................... 35
QUADRO 2 – COMPARAÇÃO ENTRE PROFESSORES EXPERIENTES E PRINCIPIANTES RELATIVAMENTE AO PERFIL PRÉINTERATIVO REFERENTE À DIMENSÃO “INSTRUÇÃO”.
............................................................................... 43
QUADRO 3 – COMPARAÇÃO ENTRE PROFESSORES EXPERIENTES E PRINCIPIANTES RELATIVAMENTE AO PERFIL INTERATIVO
REFERENTE À DIMENSÃO “INSTRUÇÃO”. ................................................................................................ 44
QUADRO 4 – DIMENSÕES E CATEGORIAS DO SOCOP. ...................................................................................... 72
QUADRO 5 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO SOCIN-FITNESS. .................................................................................. 73
QUADRO 6 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIMENSÃO “FUNÇÃO” DO SOCIN-FITNESS. ..................................... 74
QUADRO 7 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIMENSÃO “MORFOLOGIA” E RESPETIVOS GRAUS DE ABERTURA, DO
SOCIN-FITNESS. ............................................................................................................................. 74
QUADRO 8 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIMENSÃO “SITUAÇÃO” E RESPETIVOS GRAUS DE ABERTURA, DO SOCINFITNESS. ........................................................................................................................................ 76
QUADRO 9 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIMENSÃO “EXERCÍCIO” DO SOCIN-FITNESS. ................................... 77
QUADRO 10 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIMENSÃO “ADAPTADOR” DO SOCIN-FITNESS. .............................. 77
QUADRO 11 – DIMENSÕES E CATEGORIAS DO SOPROX. .................................................................................. 78
QUADRO 12 - FIABILIDADE INTER-OBSERVADORES ENTRE O OBSERVADOR E OBSERVADOR-TREINADOR EM CADA UMA DAS
CATEGORIAS DO SOPROX................................................................................................................. 79
QUADRO 13 - FIABILIDADE INTRA-OBSERVADOR EM CADA UMA DAS CATEGORIAS DO SOPROX. ................................ 80
QUADRO 14 - CARACTERIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DOS ESPECIALISTAS, QUE APERFEIÇOARAM O SISTEMA DE OBSERVAÇÃO
SOPROX AO CONTEXTO DAS ATIVIDADES DE GRUPO DE FITNESS. ............................................................... 82
QUADRO 15 – DESCRIÇÃO E JUSTIFICAÇÃO DAS ADAPTAÇÕES INTRODUZIDAS NO SISTEMA DE OBSERVAÇÃO SOPROX..... 83
QUADRO 16 – CARACTERIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS EM ATIVIDADES DE GRUPO DE FITNESS. ..................................... 85
QUADRO 17 - CARACTERIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS EM OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA. ............................................... 85
QUADRO 18 – SUGESTÕES REALIZADAS AO SOPROX-FITNESS PELOS DOIS PAINÉIS DE ESPECIALISTAS. ......................... 86
QUADRO 19 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO SOPROX-FITNESS. ............................................................................ 87
QUADRO 20 - FIABILIDADE INTER-OBSERVADORES ENTRE O OBSERVADOR E OBSERVADOR-TREINADOR EM CADA UMA DAS
CATEGORIAS DO SOPROX-FITNESS. .................................................................................................... 88
QUADRO 21 - FIABILIDADE INTRA-OBSERVADOR EM CADA UMA DAS CATEGORIAS DO SOPROX-FITNESS. .................... 90
QUADRO 22 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIMENSÃO “GRUPO” DO SOPROX-FITNESS................................... 91
QUADRO 23 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIMENSÃO “TOPOLOGIA” DO SOPROX-FITNESS. ............................ 92
QUADRO 24 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIMENSÃO “INTERAÇÃO” DO SOPROX-FITNESS. ............................ 92
QUADRO 25 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIMENSÃO “ORIENTAÇÃO” DO SOPROX-FITNESS. .......................... 93
QUADRO 26 – ILUSTRAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIMENSÃO “TRANSIÇÃO” DO SOPROX-FITNESS. ............................ 94
QUADRO 27 – ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS DE NORMALIDADE DE DISTRIBUIÇÃO E HOMOGENEIDADE DE VARIÂNCIA DOS
RESULTADOS OBTIDOS ATRAVÉS DO SOCIN-FITNESS................................................................................ 99
IX
QUADRO 28 – ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS DE NORMALIDADE DE DISTRIBUIÇÃO E HOMOGENEIDADE DE VARIÂNCIA DOS
RESULTADOS OBTIDOS EM ATRAVÉS DO SOPROX-FITNESS.
.................................................................... 100
QUADRO 29 – ANÁLISE DESCRITIVA E COMPARATIVA DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS REGISTADAS EM CADA UMA DAS
CATEGORIAS DO SOPROX-FITNESS. .................................................................................................. 119
QUADRO 30 – ANÁLISE DESCRITIVA E COMPARATIVA DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DE GESTOS COM INTENÇÃO
COMUNICATIVA. ............................................................................................................................ 136
QUADRO 31 – ANÁLISE COMPARATIVA DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DE GESTOS SEM INTENÇÃO COMUNICATIVA. ........ 137
QUADRO 32 – ESTATÍSTICA DESCRITIVA E ANÁLISE COMPARATIVA DAS FREQUÊNCIAS RELATIVAS DA COMUNICAÇÃO
PROXÉMICA. ................................................................................................................................. 152
QUADRO 33 – CONFIGURAÇÕES DE COMPORTAMENTOS MAIS FREQUENTES ENCONTRADAS EM CADA UM DOS GRUPOS DE
INSTRUTORES. ............................................................................................................................... 167
QUADRO 34 – CONFIGURAÇÕES DE COMPORTAMENTO MAIS FREQUENTES ENCONTRADAS EM CADA UMA DAS ATIVIDADES.
................................................................................................................................................. 186
X
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1 – DIFERENTES COMPONENTES DA COMUNICAÇÃO CINÉSICA EM ANÁLISE. .................................................. 34
FIGURA 2 – MODELO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL (FAUCHER, 2011). ..................................................... 40
FIGURA 3 – CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS PRINCIPAIS MARCOS EVOLUCIONÁRIOS ASSOCIADOS ÀS ATIVIDADES DE FITNESS AO
LONGO DAS ÚLTIMAS DÉCADAS. .......................................................................................................... 46
FIGURA 4 – ATIVIDADE DE GINÁSTICA LOCALIZADA. ......................................................................................... 47
FIGURA 5 – ATIVIDADE DE STEP. .................................................................................................................. 48
FIGURA 6 – ATIVIDADE DE INDOOR CYCLING. .................................................................................................. 50
FIGURA 7 – ATIVIDADE DE HIDROGINÁSTICA. .................................................................................................. 51
FIGURA 8 – FASES DE DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO. ............................................................................. 60
FIGURA 9 - MÉTODO DE REGISTO DOS COMPORTAMENTOS DOS INSTRUTORES. ....................................................... 62
FIGURA 10 – SÍNTESE DAS ETAPAS ADOTADAS AO LONGO DO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO DOS INSTRUMENTOS
DE OBSERVAÇÃO. ............................................................................................................................. 65
FIGURA 11 – SÍNTESE DAS ETAPAS ADOTADAS AO LONGO DO PROCESSO DE TREINO DOS OBSERVADORES ENVOLVIDOS NA
FASE DE FIABILIDADE INTER-OBSERVADORES. .......................................................................................... 70
FIGURA 12 – SÍNTESE DOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS AO LONGO DO PROCESSO DE RECOLHA DE DADOS. ................... 95
FIGURA 13 – SÍNTESE DOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS NAS FILMAGENS DOS INSTRUTORES. ..................................... 96
FIGURA 14 – JANELA DE TRABALHO DO PROGRAMA INFORMÁTICO LINCE® ONDE FORAM VISIONADOS E CODIFICADOS OS
VÍDEOS. ......................................................................................................................................... 97
FIGURA 15 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM PADRÃO TEMPORAL (MAGNUSSON, 1996, 2000). .................. 101
FIGURA 16 – REPRESENTAÇÃO DO PADRÃO-T DETETADO RELATIVAMENTE À COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA A
PARTIR DA ANÁLISE DOS SEIS INSTRUTORES EXPERIENTES DA ATIVIDADE DE LOCALIZADA. ................................ 168
FIGURA 17 – REPRESENTAÇÃO DO PADRÃO-T DETETADO RELATIVAMENTE À COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA A
PARTIR DA ANÁLISE DOS SEIS INSTRUTORES ESTAGIÁRIOS DA ATIVIDADE DE LOCALIZADA. ................................ 169
FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DO PADRÃO-T DETETADO RELATIVAMENTE À COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA A
PARTIR DA ANÁLISE DOS TRÊS INSTRUTORES DA ATIVIDADE DE STEP ........................................................... 187
FIGURA 19 – REPRESENTAÇÃO DO PADRÃO-T DETETADO RELATIVAMENTE À COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA A
PARTIR DA ANÁLISE DOS TRÊS INSTRUTORES DA ATIVIDADE DE LOCALIZADA ................................................. 188
FIGURA 20 – REPRESENTAÇÃO DO PADRÃO-T DETETADO RELATIVAMENTE À COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA A
PARTIR DA ANÁLISE DOS TRÊS INSTRUTORES DA ATIVIDADE DE HIDROGINÁSTICA ........................................... 189
FIGURA 21 – REPRESENTAÇÃO DO PADRÃO-T DETETADO RELATIVAMENTE À COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA A
PARTIR DA ANÁLISE DOS TRÊS INSTRUTORES DA ATIVIDADE DE INDOOR CYCLING ........................................... 190
XI
ÍNDICE DE ANEXOS
ANEXO A: CRONOGRAMA TEMPORAL DA INVESTIGAÇÃO ................................................................................. 210
ANEXO B: PLANO DE SUBMISSÃO DOS ARTIGOS ............................................................................................. 211
ANEXO C: FOLHA DE APRESENTAÇÃO DO SISTEMA DE OBSERVAÇÃO SOPROX-FITNESS AO PAINEL DE ESPECIALISTAS. .... 212
ANEXO D: MODELO DA CARTA DE PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AOS GINÁSIOS PARA EFETUAR A RECOLHAS DOS DADOS. .... 215
ANEXO E: FREQUÊNCIA TOTAL DE GESTOS E DA DURAÇÃO DAS SESSÕES (INSTRUTORES ESTAGIÁRIOS). ....................... 216
ANEXO F: FREQUÊNCIAS ABSOLUTAS OBTIDAS NAS CATEGORIAS DO SOCIN-FITNESS (INSTRUTORES ESTAGIÁRIOS). ...... 217
ANEXO G: FREQUÊNCIAS ABSOLUTAS OBTIDAS NAS CATEGORIAS DO SOPROX-FITNESS (INSTRUTORES ESTAGIÁRIOS). .. 218
ANEXO H: FREQUÊNCIA TOTAL DE GESTOS E DA DURAÇÃO DAS SESSÕES (INSTRUTORES EXPERIENTES). ....................... 219
ANEXO I: FREQUÊNCIAS ABSOLUTAS OBTIDAS NAS CATEGORIAS DO SOCIN-FITNESS (INSTRUTORES EXPERIENTES). ....... 220
ANEXO J: FREQUÊNCIAS ABSOLUTAS OBTIDAS NAS CATEGORIAS DO SOPROX-FITNESS (INSTRUTORES EXPERIENTES). ... 221
ANEXO K: ESTATÍSTICA DESCRITIVA (SOCIN-FITNESS - INSTRUTORES ESTAGIÁRIOS). ............................................. 222
ANEXO L: ESTATÍSTICA DESCRITIVA (SOCIN-FITNESS - INSTRUTORES EXPERIENTES). .............................................. 223
ANEXO M: ESTATÍSTICA DESCRITIVA (SOPROX-FITNESS - INSTRUTORES ESTAGIÁRIOS).......................................... 224
ANEXO N: ESTATÍSTICA DESCRITIVA (SOPROX -FITNESS - INSTRUTORES EXPERIENTES). ......................................... 225
ANEXO O: ANÁLISE DA NORMALIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DOS DADOS (SOCIN-FITNESS). ........................................ 226
ANEXO P: ANÁLISE DE NORMALIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DOS DADOS (SOPROX-FITNESS). ...................................... 227
ANEXO Q: ANÁLISE DA HOMOGENEIDADE DE VARIÂNCIA DOS DADOS (SOCIN-FITNESS). ........................................ 228
ANEXO R: ANÁLISE DA HOMOGENEIDADE DE VARIÂNCIA DOS DADOS (SOPROX-FITNESS). ..................................... 229
ANEXO S: ANÁLISE DE DIFERENÇAS ENTRE ATIVIDADES DE FITNESS (SOPROX-FITNESS). ......................................... 230
ANEXO T: ANÁLISE DE DIFERENÇAS ENTRE INSTRUTORES (SOCIN-FITNESS – GESTOS COM INTENÇÃO COMUNICATIVA). . 231
ANEXO U: ANÁLISE DE DIFERENÇAS ENTRE INSTRUTORES (SOCIN-FITNESS – GESTOS ADAPTADORES). ....................... 233
ANEXO V: ANÁLISE DE DIFERENÇAS ENTRE INSTRUTORES (SOPROX-FITNESS). ..................................................... 234
XII
RESUMO
Esta investigação centra-se na análise da comunicação não-verbal cinésica e
proxémica dos instrutores fitness em contexto real de ensino de atividades de grupo.
Para tal, primeiramente é abordada a problemática subjacente a esta
investigação e definidos os objetivos do trabalho a ser realizado. Seguidamente é feito
um enquadramento teórico onde se clarificam os principais conceitos abordados, e
descritas as principais opções metodológicas inerentes a esta investigação. A
componente experimental foi organizada em 5 estudos: estudo 1 - desenvolvido e
validado um sistema de observação da comunicação proxémica do instrutor de fitness
(SOPROX-Fitness) e sua a aplicação piloto; estudo 2 - a análise descritiva e comparativa
entre instrutores experientes e estagiários ao nível da sua comunicação cinésica;
estudo 3 - análise descritiva e comparativa entre instrutores experientes e estagiários
ao nível da sua comunicação proxémica; estudo 4 - deteção de padrões temporais de
comunicação cinésica e proxémica em instrutores de Localizada experientes e
estagiários; estudo 5 - deteção de padrões temporais de comunicação cinésica e
proxémica em instrutores de fitness de diferentes atividades de grupo.
Os resultados obtidos nos diferentes estudos indicam a validade e fiabilidade
do SOPROX-Fitness, bem como a existência de diferenças significativas entre
instrutores experientes e estagiários de aulas de grupo de Localizada ao nível do
comportamento cinésico e proxémico, sendo o comportamento dos instrutores
experientes organizado em padrões temporais mais consistentes e complexos, os quais
se diferenciam mediante o tipo de atividade de grupo.
A informação recolhida poderá contribuir para a aprendizagem e reflexão
futura sobre a utilização da comunicação não-verbal no contexto das atividades de
grupo de fitness, tendo por base o pressuposto de que a comunicação não-verbal pode
ser treinada e potenciada, e considerando as limitações inerentes a esta investigação.
XIII
ABSTRACT
This dissertation focuses on the analysis of fitness instructors´ non-verbal
kinesics and proxemics communication, in real context of group activities teaching.
For this, it is first addressed the issue underlying this research and defined the
objectives of the work to be performed. Then it´s clarified the theoretical framework,
discussed the key concepts, and described the main methodological options inherent in
this research. The experimental component was organized in 5 studies: Study 1 development and validation of an observational system to analyse the fitness
instructors´ proxemics communication (SOPROX-Fitness) and its pilot application; study
2 - descriptive and comparative analysis between expert and novices fitness instructors
in relation to their kinesics communication; study 3 - descriptive and comparative
analysis between expert and novices fitness instructors in relation to their proxemics
communication; study 4 - detection of kinesics and proxemics communication temporal
patterns of expert and novices fitness instructors; study 5 - detection of kinesics and
proxemics communication temporal patterns of expert fitness instructors in different
group activities.
The results obtained in the different studies show the validity and reliability of
the SOPROX-Fitness, and the existence of significant differences between expert and
novices fitness instructors in relation to their kinesics and proxemics communication
behaviours, indicating that the expert instructors behaviour is organized in more
consistent and complex temporal patterns, witch differ from each group activity.
The collected information can contribute to the future learning and reflection
about the use of nonverbal communication in the context of group fitness activities,
based on the assumption that nonverbal communication can be trained and enhanced,
and considering the limitations inherent in this research.
XIV
Capítulo I
1
INTRODUÇÃO
RESUMO
Neste capítulo é feito um enquadramento geral desta investigação através da
problematização que motivou a sua realização, a descrição do contexto onde se desenrola, e
a descrição dos principais objetivos de estudo e questões a que procuramos dar resposta.
É também feita uma explicação sobre a forma como este trabalho se encontra estruturado,
de forma a ajudar à sua leitura e compreensão.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
1.1 ENQUADRAMENTO
A organização mundial de saúde (WHO) reconhece a atividade física como um
dos comportamentos de saúde mais determinantes no combate à morbilidade e morte
prematura (WHO, 2011). O exercício tem sido apontado como a “pílula mágica”
(Pimlott, 2010) que pode aumentar substancialmente a longevidade e a expetativa de
vida (Wen et al., 2011).
Apesar disso, o mais recente estudo realizado sobre os hábitos de prática de
atividade física dos europeus (Eurobarometer-334, 2010) demonstra que em média
55% dos portugueses não pratica, ou raramente pratica, uma atividade física ou
exercício, valor que está acima da média europeia (39%).
Estes dados também estão espelhados no estudo de monitorização mundial da
prática de atividade física, onde se verificou que em Portugal mais de metade da
população (51%), com mais de 15 anos, não cumpre os critérios mínimos de atividade
física recomendados1, sendo que o género feminino é o mais sedentário (Hallal et al.,
2012).
As atividades de grupo de fitness apresentam-se como uma boa oportunidade
para os indivíduos atingirem os níveis de atividade física recomendadas para a saúde.
Esta forma estruturada de exercício possibilita a realização de atividade física vigorosa
(Battista et al., 2008; Berry, Cline, Berry, & Davis, 1992), a qual tem demonstrado ter
mais benefícios cardiorrespiratórios comparativamente com as atividades físicas de
intensidade moderada (Haskell et al., 2007). Não obstante, as atividades de grupo de
fitness podem ser também adaptadas ao nível de condição física dos praticantes pouco
condicionados, permitido a realização de exercício com intensidade baixa a moderada.
Todavia, grande parte destes benefícios depende da qualidade dos instrutores,
já que são estes, que em última instância, têm a responsabilidade de organizar e
1
O American College of Sports Medicine (ACSM) e a American Heart Association (AHA), apresentaram
em conjunto uma atualização das recomendações para a atividade física (Haskell et al., 2007),
apontando 20 a 30 minutos de atividade física (aeróbia) moderada a vigorosa, 5 dias por semana,
combinada com exercícios de força e flexibilidade 2 vezes por semana. Estas recomendações são
apoiadas pela World Health Organization (WHO, 2010).
Susana Mendes Alves
16
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
estruturar as atividades. Isso mesmo é corroborado por alguns estudos que têm
demonstrado a existência de uma relação entre a forma como os instrutores lideram e
comunicam e, o clima de aula e a adesão às atividades de grupo de fitness (Bray,
Millen, Eidsness, & Leuzinger, 2005; Martin & Fox, 2001). Esta adesão ao exercício faz
com que a satisfação dos praticantes seja uma preocupação central dos instrutores,
até porque, como constataram Collishaw, Dyer e Boies (2008), existe uma relação
positiva entre a satisfação dos praticantes e a sua fidelização para com o instrutor de
fitness.
Dessa forma, no contexto do ensino das atividades de grupo de fitness, a
desmotivação dos praticantes, considerada como um reflexo da falta de eficácia
pedagógica, pode também ser resultante de falhas de comunicação entre o instrutor e
os praticantes. Talvez seja por essa razão que autores como Weinberg e Gould (2010)
considerem que, no contexto das atividades físico-desportivas, a eficácia do processo
comunicativo seja frequentemente a diferença entre técnicos com e sem sucesso. O
mesmo é válido para o contexto das atividades de grupo de fitness, conforme
corroboram diferentes autores que abordam os aspetos técnicos do ensino de aulas de
grupo de fitness, e que referem que a capacidade de comunicação do instrutor é um
dos factores que influencia a qualidade de intervenção neste contexto (Cerca, 2000;
Colado & Moreno, 2001; Diégues & Pallarés, 2001; Franco & Santos, 1999; Franks &
Howley, 2004; Papi, 2000; Sanchez, 1999; Shechtman, 2000).
Uma das razões para esta importância pode estar relacionada com o facto de os
instrutores estarem grande parte do tempo de aula em comportamentos de
comunicação, conforme verificado no estudo realizado por Franco, Rodrigues, e
Balcells (2008) onde se constatou que 60% dos comportamentos dos instrutores de
ginástica localizada são de Instrução. Todavia, neste contexto específico, as condições
acústicas dificultam a comunicação verbal (e.g. música com volume elevado; muitos
praticantes; salas grandes).
Este condicionalismo faz com que o recurso à comunicação não-verbal seja uma
necessidade, pelo que o seu domínio e conhecimento são fundamentais, já que a sua
utilização permite uma maior rapidez e clareza na comunicação, para além de ser mais
cómoda e minimizar o uso da voz, protegendo as cordas vocais de possíveis lesões.
Susana Mendes Alves
17
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
Note-se que no estudo realizado por Franco, Rodrigues, e Balcells (2008) os principais
comportamentos pedagógicos (e.g., Instrução, Controlo) ocorreram maioritariamente
em simultâneo com a realização de exercício, o que demonstra que os instrutores
tendem a utilizar o seu próprio corpo como modelo para comunicar de forma nãoverbal.
Para além da utilização do corpo, os instrutores de aulas de grupo de fitness
tendem também a substituir as principais instruções verbais por um código gestual
universal e/ou previamente estabelecido, que seja interpretado de igual forma pelos
praticantes. Estes gestos, também denominados de “ordens de comando gestuais”
encontram-se universalizados no contexto das aulas de grupo de fitness (Sanchez,
1999) e são utilizados pelos instrutores com diferentes funções ao longo da aula
(Franco & Santos, 1999), tais como: o de retomar ao início da coreografia ou do
exercício; solicitar a atenção dos praticantes; juntar blocos coreográficos ou exercícios;
solicitar aos praticantes que parem de realizar os exercícios, etc..
Estes gestos não têm necessariamente de substituir a comunicação verbal
podendo funcionar como seu reforço ou complemento. Por exemplo, Goldin-Meadow
(2004) enfatizam a importância que os gestos podem assumir ao nível da componente
visual do discurso verbal. No contexto do fitness essa componente visual ocorre, por
exemplo, quando um instrutor informa os praticantes sobre a necessidade de
realizarem um “pivot” girando o dedo indicador a apontar para cima, ilustrando dessa
forma o movimento a realizar. Este gesto sugere um determinado pensamento que
muitas vezes não é possível ser expresso por palavras, tendo dessa forma um impacto
importante na aprendizagem das atividades (Goldin-Meadow, 2004). Por seu turno,
Knapp e Hall (2007) identificam ainda um conjunto de outras funções, tais como:
regular o fluxo e o ritmo da interação, manter a atenção, dar ênfase ou clareza ao
discurso, ajudar a caraterizar e guardar na memória o conteúdo do discurso e agir
como indicadores do discurso que está por vir.
Sanchez (1999) refere ainda a existência de gestos caraterísticos de cada
instrutor, os quais vão sendo criados ao longo da sua experiência profissional,
originando a sua própria linguagem cinésico-gestual mediante aquilo que ao longo do
tempo verifica ser mais eficaz para o processo de ensino-aprendizagem.
Susana Mendes Alves
18
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
Pelas razões evocadas anteriormente, é fácil entender que o estudo da
comunicação cinésica vai muito para além do simples estudo das ordens de comando,
já que inclui também a análise de outras morfologias de gestos que são realizados
pelos instrutores de fitness com outras finalidades.
Outro aspeto de natureza não-verbal que carateriza o ensino das atividades de
grupo de fitness é a dinâmica de mudança de posição do instrutor ao longo da sessão.
Assim, é possível verificar, neste contexto de interações, que o instrutor e praticantes
vão estabelecendo diferentes relações espaciais ao longo da aula.
O instrutor pode, por exemplo, posicionar-se à frente da classe com o intuito de
dar instrução ao grupo, colocando-se para tal a uma distância de carácter pessoal ou
social relativamente aos praticantes. No entanto, durante o controlo da execução dos
exercícios, o instrutor pode deslocar-se ao longo da sala e interagir a uma distância
íntima com algum praticante, no sentido de fornecer um feedback individualizado.
Daqui se conclui que as diferentes relações espaciais que são estabelecidas
entre o instrutor e os praticantes, em ambiente real de aula, podem ter contribuições
específicas no contexto do processo de ensino-aprendizagem das atividades de fitness.
Todavia, apesar da redução da distância existente entre o instrutor e os
praticantes poder contribuir para a eficácia do processo de ensino aprendizagem, a
disposição habitual dos praticantes de fitness na sala de aula faz com que o instrutor
privilegie os praticantes que estão na frente da sala e que estabeleça uma posição
mais distante com os praticantes que estão no fundo da sala.
Uma forma de os instrutores melhorarem a sua comunicação em aulas de
grupo pode passar por deixarem, sempre que possível, a sua zona de conforto em
frente à sala e se colocarem mais perto dos praticantes, contribuindo dessa forma para
fortalecer os laços sociais e a acessibilidade ao “líder”.
Esta constatação remete-nos para a necessidade de estudarmos as distâncias
pessoais que normalmente são estabelecidas, mesmo as que não são intencionais, mas
sim resultado do processo de aculturação, para estarmos conscientes das suas
implicações no âmbito do processo de ensino das atividades de grupo de fitness.
Susana Mendes Alves
19
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
Dada a importância dos aspetos comunicativos anteriormente referidos, alguns
autores têm alertado para a pertinência dos instrutores de fitness estudarem a sua
comunicação não-verbal, através da filmagem e análise da sua intervenção (Gavin,
2005). Este alerta tem por base o facto de a comunicação não-verbal ser considerada
uma habilidade que, como tal, pode ser ensinada, aprendida e melhorada através do
treino (Hargie, 1997). De acordo com Bull (2001) o treino das habilidades de
comunicação não-verbal aplica-se a diversos contextos, tais como grupos profissionais
de professores, médicos, enfermeiros, policias, etc.. Ainda de acordo com Bull (2001)
estes programas de treino têm demonstrado valor na melhoria das competências de
comunicação não-verbal, facilitando a mudança de comportamento, com base na
análise detalhada de gravações em vídeo.
Tendo em conta que os indivíduos se vão tornando mais competentes e
eficazes na realização das suas atividades à medida que vão ganhando experiência
(Berliner, 2001), será analisado este tipo de comunicação não-verbal em função da
experiência profissional dos instrutores. Este tipo de análise comparativa, entre
professores com e sem experiência, possibilita um melhor entendimento sobre o que
constitui uma comunicação de sucesso, como refere Webster (2008), já que ao se ter
acesso aos automatismos caraterísticos dos professores experientes (Berliner, 2001;
Sabers, Cushing, & Berliner, 1991), se proporciona a aprendizagem dos professores
menos experientes (Farrington-Darby & Wilson, 2006).
A análise do comportamento tem como premissa a impossibilidade de se
observar e reter todos os aspetos críticos presentes nesse mesmo comportamento
(Franks & Miller, 1986). Por essa razão, é assumido que a observação do
comportamento beneficia de uma recolha de informação complementar, de cariz
quantitativo e qualitativo, que possa ser tratada e analisada. Este tipo de análise
auxilia o processo de melhoria de um determinado comportamento, pois permite uma
reflexão mais cuidadosa, sendo comum a elaboração de sistemas de observação para
este efeito.
Apesar destas evidências, Castañer (1999) adverte para o facto de os sistemas
de observação desenvolvidos até ao momento se centrarem essencialmente nas
funções mais gerais do ensino de conteúdos (informação, demostração, explicação…),
Susana Mendes Alves
20
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
bem como de organização, feedback e observação. De forma análoga, consta-se que
também no contexto do fitness os estudos desenvolvidos até ao momento se têm
centrado essencialmente na análise dos comportamentos pedagógicos mais gerais dos
instrutores de fitness (Franco et al., 2008) e do feedback pedagógico (Simões, Franco,
& Rodrigues, 2009). Porém, como já foi referido anteriormente, a comunicação verbal
é apenas uma parte do processo comunicativo e, como refere Zeki (2009), por vezes
tende-se a subestimar a importância da comunicação não-verbal em contexto de
ensino.
Este tipo de análise tem-se tradicionalmente centrado num paradigma
quantitativo, ou seja, utiliza a frequência de ocorrências como indicador (e.g., número
de gestos realizados pelos instrutores por minuto ao longo da sessão). Todavia, num
contexto onde um vasto conjunto de variáveis interagem entre si, este tipo de análise
quantitativa reflete apenas uma parte da realidade (Jonsson et al., 2010). Para fazer
face a esta situação novos métodos de análise têm sido desenvolvidos e explorados,
como por exemplo, a deteção de padrões temporais que permite a análise de
estruturas de comportamento que sucedem ao longo do tempo e que têm uma
relação entre si.
Os estudos com recurso aos padrões temporais têm conhecido um crescimento
exponencial nos últimos anos no âmbito desportivo (Jonsson et al., 2010), sendo
aplicado em modalidades tão distintas como a natação (Louro et al., 2010) o futebol
(Sarmento, Anguera, Campaniço, & Leitão, 2010) e o Basquetebol (Fernandez,
Camerino, Anguera, & Jonsson, 2009). Esta diversidade de aplicação dá garantias
quanto à robustez desta abordagem.
Tendo por base, as necessidades anteriormente identificadas e dando
seguimento aos trabalhos anteriormente desenvolvidos sobre a análise dos
comportamentos dos instrutores de fitness, pretenderemos com esta investigação
centrarmo-nos na análise da comunicação cinésica (i.e. movimentos corporais) e
proxémica (i.e. uso do espaço) dos instrutores de fitness no contexto das atividades de
grupo. Para tal iremos analisar diferentes atividades de grupo e instrutores com
diferentes níveis de experiência profissional, conjugando a análise quantitativa com a
análise qualitativa do comportamento.
Susana Mendes Alves
21
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
1.2 PROBLEMA
A problemática que está subjacente a esta investigação relaciona-se com o
conhecimento do perfil de comunicação cinésica e proxémica dos instrutores de
atividades de grupo de fitness, considerando que: 1) este tipo de comunicação assume
uma grande importância neste contexto de prática; 2) não existem estudos realizados
sobre esta temática, pelo que este estudo apresenta uma abordagem inovadora e
especializada ao contexto do fitness; 3) a inexistência de um instrumento que permita
a análise da componente proxémica da comunicação não-verbal no contexto das
atividades de grupo de fitness; 4) o conhecimento deste perfil de comunicação permite
a definição de estratégias para a sua melhoria.
Partindo desta problemática pretende-se saber em concreto:

Quais os comportamentos proxémicos mais frequentes de instrutores
de diferentes atividades de grupo de fitness?

Será que os instrutores de localizada com mais anos de experiência
utilizam a comunicação cinésica de forma diferenciada, por
comparação com os estagiários?

Será que os instrutores de localizada com mais anos de experiência
utilizam a comunicação proxémica de forma diferenciada, por
comparação com os estagiários?

Será que os Instrutores de localizada com mais anos de experiência
apresentam um padrão de comportamento cinésico e proxémico
diferente dos menos experientes?

Será que o padrão de comunicação cinésica e proxémica dos instrutores
difere entre atividades de grupo de fitness?
Estas são algumas das questões a que pretenderemos dar resposta com o
desenvolvimento desta investigação e que serão objetivadas seguidamente.
Susana Mendes Alves
22
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
1.3 OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO
De acordo com a problemática definida no ponto anterior, foram definidos
cinco grandes objetivos sobre os quais assentam a operacionalização desta
investigação:

1º Objetivo – Desenvolver, validar e realizar um aplicação piloto de um
instrumento ad hoc que permita a análise da componente proxémica da
comunicação não-verbal do instrutor de atividades de grupo de fitness,
designadamente o Sistema de Observação da Comunicação Proxémica (SOPROXFitness);

2º Objetivo – Realizar uma análise quantitativa descritiva e comparativa da
comunicação cinésica de instrutores de Localizada experientes e estagiários, com
recurso ao sistema de observação SOCIN-Fitness;

3º Objetivo – Realizar uma análise quantitativa descritiva e comparativa da
comunicação proxémica de instrutores de Localizada experientes e estagiários,
com recurso aos sistemas de observação SOPROX-Fitness;

4º Objetivo – Realizar uma análise qualitativa da comunicação cinésica e
proxémica de instrutores de Localizada experientes e estagiários, através da
deteção de padrões temporais de comportamento.

5º Objetivo – Realizar uma análise qualitativa da comunicação cinésica e
proxémica de instrutores de diferentes atividades de grupo, através da deteção de
padrões temporais de comportamento.
Cada um destes objetivos será concretizado separadamente em cada um dos
cinco estudos que fazem parte desta investigação.
Susana Mendes Alves
23
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
1.4 ORGANIZAÇÃO DA TESE
Tendo em consideração a quantidade de dados recolhidos, o número de
variáveis em estudo e, sobretudo, a diversidade das questões acima indicadas, optouse por organizar esta tese por estudos individuais. A opção por este modelo relacionase com a intenção de publicação dos resultados da investigação realizada, sendo que a
organização das análises em diferentes artigos ajusta-se melhor a este propósito,
dando mais eficiência ao trabalho desenvolvido. Este formato irá também permitir
uma mais fácil leitura já que a informação estará organizada em torno de objetivos
mais específicos.
Por estas razões a componente empírica será desenvolvida em cinco estudos
desenvolvidos sobre a forma de artigo dividido nas seções tradicionais (Resumo,
Introdução, Métodos, Resultados, Discussão e Conclusões).
Apesar de neste formato de tese não ser usual a inclusão de um capítulo de
revisão da literatura, já que esta se encontra realizada no âmbito da introdução dos
diferentes estudos, no presente trabalho optou-se pela inclusão de um capítulo
adicional denominado de enquadramento teórico onde serão abordados de forma
mais extensiva alguns dos pressupostos teóricos que estão por base dos principais
conceitos abordados (e.g., comunicação não-verbal; experiência profissional,
atividades de fitness). Este capítulo poderá ser útil para o entendimento de alguns
pressupostos que por razões de limitação de espaço nos artigos, para futura submissão
a revistas científicas, não podem ser exaustivamente abordados no âmbito dos
estudos.
Pelas mesmas razões, optou-se pela inclusão de um capítulo adicional
destinado à clarificação mais exaustiva dos diferentes pressupostos metodológicos
adotados, onde estará incluída também uma apresentação mais exaustiva, com
ilustrações, dos dois sistemas de observação que estão na base deste trabalho.
Susana Mendes Alves
24
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
Em suma, o presente trabalho organiza-se em oito capítulos distintos:

Capítulo 1 – Introdução: é dedicada à presente introdução, onde é
abordada a problemática subjacente a esta investigação e definidos os
objetivos que são estruturantes do trabalho a ser realizado;

Capítulo 2 – Enquadramento teórico: iremos neste capítulo clarificar de
forma mais exaustiva os principais conceitos abordados;

Capítulo 3 – Metodologia: está orientada para a descrição dos aspetos
metodológicos gerais inerentes à componente experimental;

Capítulo 4 – Estudo 1: neste estudo objetiva-se o desenvolvimento,
validação e aplicação piloto do sistema de observação da comunicação
proxémica do instrutor de fitness (SOPROX-Fitness);

Capítulo 5 – Estudo 2: neste estudo objetiva-se a análise descritiva e
comparativa entre instrutores experientes e estagiários ao nível da sua
comunicação cinésica;

Capítulo 6 – Estudo 3: neste estudo objetiva-se a análise descritiva e
comparativa entre instrutores experientes e estagiários ao nível da sua
comunicação proxémica;

Capítulo 7 – Estudo 4: neste estudo objetiva-se a deteção de padrões
temporais de comunicação cinésica e proxémica em instrutores de
Localizada experientes e estagiários;

Capítulo 8 – Estudo 5: neste estudo objetiva-se a deteção de padrões
temporais de comunicação cinésica e proxémica em instrutores de fitness
de diferentes aulas de grupo;

Capítulo
9
–
Conclusões,
recomendações
e
limitações:
serão
apresentadas as conclusões finais, procurando dar resposta às questões
em estudo, sugerindo implicações práticas e novas linhas de investigação
tendo em consideração as limitações identificadas.
Susana Mendes Alves
25
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
1.5 REFERÊNCIAS
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Susana Mendes Alves
29
Capítulo II
2
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
RESUMO
Neste capítulo são expostos aspetos relativos às conceptualizações e bases teóricas que
suportam esta investigação e que serão abordados ao longo dos diferentes estudos
desenvolvidos. Desta forma, é realizado um enquadramento dos conceitos de comunicação
não-verbal, com especial ênfase sobre a comunicação cinésica e proxémica, bem como o
conceito de experiência profissional, através da apresentação dos modelos conceptuais que
suportam a classificação e caracterização dos vários níveis de experiência profissional.
É dada também uma especial atenção, à caraterização de cada uma das atividades de grupo
de fitness que fazem parte desta investigação, designadamente: Localizada, Step, Indoor
Cycling e Hidroginástica.
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
2.1 COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL
Ao longo desta investigação iremos mencionar recorrentemente o conceito de
“comunicação não-verbal”. Começando pela sua delimitação conceptual podemos
referir que a comunicação não-verbal representa “todos os aspetos da comunicação
que vão para além das palavras ditas ou escritas” (Knapp & Hall, 2010, p. 32).
Ao invés de comunicação não-verbal, Castañer (2009) sugere a utilização
alternativa de “comunicação paraverbal” que, no seu entender, não tem implícita uma
relação de oposição e exclusividade relativamente à comunicação verbal, já que na
maior parte das vezes estes dois tipos de comunicação se coadjuvam e ocorrem de
forma paralela. Sendo estes conceitos sinónimos é provável que, ao longo deste
trabalho ambos “comunicação não-verbal e “comunicação paraverbal” sejam referidos
em função das fontes bibliográficas consultadas.
A importância da comunicação não-verbal ao nível do comportamento humano
tem sido corroborada através de variadas perspetivas. Por exemplo, Mehrabian
(1968), nas suas investigações pioneiras sobre esta temática, verificou que o impacto
total da comunicação no recetor era 7% verbal, 38% vocal e 55% não-verbal. Apesar de
outros estudos terem encontrado valores diferentes de importância relativa para os
diferentes tipos de comunicação, a preponderância da comunicação não-verbal no ato
comunicativo é transversal a todos (Prabhu, 2010). Ainda, Remland (2000) destaca o
facto de as pessoas tenderem a julgar a qualidade da comunicação por intermédio de
sinais não-verbais. Em linha com o posicionamento de vários outros autores que
referem que a comunicação não-verbal é mais credível do que a comunicação verbal
quando estas duas formas de comunicação são incongruentes (Knapp, 1972; Malandro
& Barker, 1983; Mehrabian, 1981).
Segundo Argyle (1988), as cinco funções principais do comportamento nãoverbal são:
i.
a expressão de emoções através do rosto, do corpo e da voz;
Susana Mendes Alves
31
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
ii.
CAPÍTULO II
a comunicação de atitudes interpessoais, em que o estabelecimento e
manutenção das relações é feita através de sinais não-verbais (tom de
voz, olhar, toque, etc.);
iii.
o acompanhamento e suporte do discurso, onde a vocalização e os
comportamentos não-verbais são sincronizados com o discurso na
conversação;
iv.
a autoapresentação por meio de atributos não-verbais, como a
aparência e os adereços;
v.
e a realização de rituais do dia-a-dia (cumprimentos, apertos de mão,
etc.).
Richmond e McCroskey (2004) defendem ainda que uma outra função da
comunicação não-verbal é definir o estatuto dos indivíduos dentro de um contexto de
interação. A liderança é assim transmitida através de sinais não-verbais, como o
contacto visual, a postura, o tempo gasto na comunicação e a colocação de ênfase nas
palavras (Riggio & Feldman, 2005). Em ambientes informais a comunicação não-verbal
assume uma importância ainda maior pelo facto de ser principalmente através desta
que os papéis de liderança e afiliação são demonstrados (Richmond, McCroskey, &
Payne, 1987).
Dada a sua abrangência, a comunicação não-verbal tende a ser considerada sob
o ponto de vista de quatro componentes distintas (Knapp & Hall, 2010),
designadamente:

A Cinésica - relativa ao estudo do movimento corporal que tem significado
comunicativo, como a forma de gesticular, movimentar e posicionar o corpo;

A Proxémica - descreve o espaço pessoal de indivíduos num meio social, definindoo como o conjunto das observações e teorias referentes ao uso que o homem faz
do espaço enquanto produto cultural específico;

A Paralinguística - ocupa-se dos aspetos semânticos da linguagem, prestando mais
atenção à forma como se dizem as coisas do que com o seu conteúdo. A voz, a
entoação, o ritmo do discurso, as pausas, são considerados elementos
paralinguísticos. Através de vocalizações, transmitimos diferentes emoções:
autoridade, sossego, raiva, felicidade, segurança, etc.;
Susana Mendes Alves
32
ENQUADRAMENTO TEÓRICO

CAPÍTULO II
A Cronémica - relativa ao estudo dos factores temporais que, em geral, incidem
sobre as situações de comunicação.
Apesar de singulares, estas dimensões de comunicação não-verbal podem
ocorrer de forma simultânea ou concorrente, complexificando o estudo da
comunicação não-verbal. Na presente investigação iremos centrar as atenções
essencialmente nos aspetos da comunicação cinésica e proxémica. Por este motivo,
em seguida exploradas mais detalhadamente cada uma destas formas de
comunicação.
2.1.1 Comunicação cinésica
O início do estudo da cinésica está associado a Birdwhistell, nas suas obras
iniciais Introduction to Kinesics (Birdwhistell, 1952) e Kinesics and context (Birdwhistell,
1970). Nessas obras Birdwhistell define a cinésica como sendo a forma de gesticular,
movimentar e posicionar o corpo, a qual considera ser responsável por 65 % da
mensagem social numa conversa entre duas pessoas, sendo os restantes 35%
transmitidos por intermédio das palavras.
Ao longo do tempo vários autores têm-se dedicado ao estudo da comunicação
cinésica nos mais variados contextos. Todavia, Castañer (2009) alerta para a
dificuldade e complexidade do seu estudo, já que as diferentes partes do corpo
produzem movimentos com morfologias e trajetórias muito próprias (e.g.,
movimentos da cabeça, movimentos dos braços e das mãos, movimentos do tronco),
as quais podem ocorrer em simultâneo. Por exemplo, quando alguém pretende
qualificar algo de “pequeno”, pode curvar os ombros para a frente, diminuindo a sua
envergadura, cerrar os olhos e fazer um gesto de pinça, isto é, colocando o polegar
perto do indicador esticado, marcando uma distância curta, ou fazendo outro gesto
qualquer cujas características morfológicas indiquem uma distância curta. Por esta
razão, como refere Rodrigues (2006), não existe uma unidade morfológica uniforme
que possa ser usada na análise de todas as componentes da cinésica em simultâneo.
Susana Mendes Alves
33
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
Esta diversidade de formas de movimento levou a que diferentes autores se
tenham especializado numa determinada cinésica corporal, também conhecidas por
microcinésicas. As unidades de movimento que inicialmente mereceram mais atenção
foram a mímica (Ekman, 1992; Ekman, Friesen, & Ellsworth, 1972), o olhar (Kendon,
1990) e os gestos (Efron, 1941; Ekman & Friesen, 1969). No caso específico desta
investigação o objeto de estudo será a cinésica dos instrutores de fitness associada aos
gestos que realizam, bem como à utilização do seu corpo para acompanhar os
praticantes na realização dos exercícios, conforme ilustra a Figura 1.
CINÉSICA
(Movimento)
Gestos
Movimentos
do corpo
Figura 1 – Diferentes componentes da comunicação cinésica em análise.
Uma vez que iremos analisar a componente cinésico-gestual, importa desde
logo delimitar o conceito de gesto. A esse respeito, Knapp e Hall (2010) referem que
“Typically, gestures are thought of as arm and hands moviments” (p. 223). Essa mesma
perspetiva é corroborada por autores nacionais como Rodrigues (2005) que
mencionam que “o termo gesto designa a subunidade de movimento das mãos e dos
braços” (Rodrigues, 2005, p. 492). Contudo, como realça McNeill (1992), “gestures are
not just the arms waving in the air but symbols that exhibit meaning in their own right”
(p.105).
Tendo em conta os diferentes significados atribuídos aos gestos, alguns autores
propuseram-se a desenvolver sistemas para a sua classificação. Os autores que
primeiramente desenvolveram um sistema de classificação dos gestos foram Ekman e
Friesen (1969). Este sistema de classificação continua a ser ainda hoje utilizado e foi o
quadro de referência utilizado também nesta investigação. Seguidamente, no Quadro
Susana Mendes Alves
34
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
1, são resumidas as tipologias de classificação semióticas e funcionais dos gestos
conforme definidas inicialmente por Ekman e Friesen (1969).
Quadro 1 - Classificação semiótica e funcional dos gestos.
Dimensão dos gestos
Categoria dos gestos
Descrição
Emblemas
Atos não-verbais com tradução verbal direta,
culturalmente aprendidos.
Ilustradores
Acompanham a fala e ilustram ou enfatizam o
conteúdo da mensagem.
Deícticos
Apontam
Cinetográficos
Descrevem uma ação física
Pictográficos
Desenham uma figura no espaço
Ideográficos
Ilustram uma ideia ou pensamento
Batutas
Movimentos enfáticos
Espaciais
Identificam o espaço
Rítmicos
Acompanham a pulsação rítmica do discurso
Adaptadores
Gestos sem intenção comunicativa, facilitam a
libertação de tensões
Reguladores
Controlam e coordenam a interação entre dois
ou mais interlocutores
Fonte: Ekman e Friesen (1969).
2.1.2 Comunicação proxémica
O termo “proxémica” foi definido por Edward Hall, em 1963, como sendo o
conjunto das observações e teorias referentes ao uso que o homem faz do espaço
enquanto produto cultural específico (Hall, 1963). A partir deste trabalho inicial foi
possível a definição de quatro tipos de distâncias sociais (Knapp & Hall, 2010),
designadamente:

Distância íntima: para abraçar, tocar ou sussurrar; envolve contacto físico entre os
corpos; não permitida em público nalgumas das culturas (0-45 cm);
o
Modo próximo: maior proximidade possível, contacto entre a pele e
músculos;
Susana Mendes Alves
35
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
o
CAPÍTULO II
Modo afastado: apenas as mãos estão em contacto; proximidade provoca
visão distorcida do outro, distância na qual se fala aos sussurros.

Distância pessoal: para interação com amigos próximos; distância que o indivíduo
guarda dos outros (45-120 cm);
o
Modo próximo: permite tocar no outro com os braços; a posição/distância
revela o relacionamento que existe entre os indivíduos;
o
Modo afastado: limite do alcance físico em relação ao outro; distância
habitual da conversação pessoal;

Distância social: para interação entre conhecidos; a esta distância os indivíduos não
se tocam (1,2-3,5 m);
o
Modo próximo: adotado quando várias pessoas dividem o mesmo espaço
de trabalho ou em reuniões pouco formais;
o
Modo afastado: adotado quando de relações sociais ou profissionais
formais;

Distância pública: para falar em público; situa-se fora do círculo mais imediato do
indivíduo; vista em conferências. (acima de 3,5 m).
o
Modo próximo: relações formais; permite a fuga ou a defesa caso o
indivíduo se sinta ameaçado;
o
Modo afastado: modo no qual a possibilidade de estabelecer contato com
alguém é nula, devido à distância.
Geralmente a intimidade da relação que une os interlocutores tende a ditar
também uma maior aproximação corporal no decurso da conversa, ao passo que o seu
distanciamento corresponde também a uma maior distância da sua relação (Prabhu,
2010).
De acordo com Knapp e Hall (2010) as diferenças na utilização do espaço
dependem das características dos interlocutores (e.g., género e idade), o tema de
conversa, a situação social e, principalmente, do grau de intimidade (e.g., quando
Susana Mendes Alves
36
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
alguém que não conhecemos está sentado numa extremidade de um banco tendemos
a sentar na extremidade oposta, preservando o nosso espaço íntimo e pessoal).
Uma outra componente da proxémica diz respeito ao estudo da organização
física dos espaços e disposição dos objetos. Para Hogan (2003) a proxémica poderá
considerar o estudo de três componentes espaciais:

Espaço fixo: referente à organização dos limites inamovíveis do espaço como as
divisões dentro de um apartamento ou as salas dentro de uma escola;

Espaço semifixo: referente à disposição no espaço de objetos amovíveis, como
mesas e cadeiras;

Espaço informal: referente ao espaço pessoal.
De acordo com Prabhu (2010), ao nível educativo, vários estudos têm
corroborado o impacto que os diferentes designs de salas e de disposições de cadeiras
sobre o processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, a tradicional disposição das
salas de aulas tem sido demonstrado menos eficaz devido à grande distância espacial
existente entre o professor e os alunos, especialmente os colocados na última fila. Em
resultado disso, várias outros tipos de disposição têm sido propostos, como a
disposição dos alunos em semicírculo, que permite que o professor esteja à mesma
distância de todos os alunos.
Os mais recentes estudos de proxémica têm também sugerido como positivo a
disposição dos alunos em pequenos grupos, de forma a permitir que haja uma maior
interação entre eles e com o professor durante os processos de discussão (Prabhu,
2010).
Nas atividades de grupo de fitness, a interação humana e o uso do espaço é
algo inerente à própria atividade, pelo que poderão ser planeadas como parte da
estratégia de ensino e, desta forma, potenciadas.
Na presente investigação iremos centrar-nos sobre os aspetos da comunicação
proxémica relacionados com o espaço semifixo e informal, já que são estes que
poderão ser modificados pelos instrutores de fitness.
Susana Mendes Alves
37
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
No caso de uma classe de fitness o posicionamento do professor em frente e ao
meio de uma classe permite-lhe ter uma visão de todos os alunos, e o seu comando é
sentido também em virtude dessa posição que ocupa no espaço. Todavia, os
praticantes que se encontram à frente, mais próximos do instrutor, são normalmente
os praticantes mais antigos, que se sentem mais à-vontade, por oposição aos mais
tímidos e/ou menos confiantes que geralmente se posicionam no fundo da sala,
mantendo uma maior distância para o professor.
2.2 EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
2.2.1 Fases de desenvolvimento profissional
O desenvolvimento profissional é um processo de aprendizagem complexo que
envolve não só a aquisição de conhecimentos e competências mas também o
desenvolvimento de uma identidade profissional (Penna, 1992). Para tal é necessário a
integração de factores como a prática, a cultura e valores profissionais (Faucher,
2011), onde o factor tempo é determinante.
As evidências acumuladas sobre as diferenças entre profissionais novatos e
experientes verificadas no contexto do ensino e em outros contextos de atuação,
tornaram clara a necessidade da existência de um modelo de caracterização das
diferentes fases de desenvolvimento profissional (Berliner, 2004).
Shuell (1990) analisou algumas teorias sobre o desempenho profissional,
concluindo que as mesmas geralmente especificam três níveis ou estádios de
desenvolvimento. O nível iniciado, onde os erros são frequentes. Um nível intermédio,
onde existe a consolidação do desempenho profissional e é desenvolvida a
automaticidade do comportamento. E, um nível avançado só para os profissionais que
trabalham muito para atingir níveis elevados de performance é um estádio onde
ocorrem altos níveis de desempenho.
Susana Mendes Alves
38
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
Dreyfus e Dreyfus (1980) apresentaram um modelo de desenvolvimento mais
complexo. Este modelo foi posteriormente adaptado por Berliner (1994), que
apresentou um modelo de desenvolvimento profissional de professores com formação
superior, baseando-se
em
dados
coletados
relativamente
à
aquisição de
conhecimentos pedagógicos. Este modelo holístico, especifica cinco fases de
desenvolvimento, desde o professor novato ao especialista:
Fase 1: Novato
Aluno-professor no primeiro ano como profissional que apresenta um
comportamento do professor iniciante sendo geralmente racional, relativamente
inflexível e tende a comportar-se de acordo com as regras e procedimentos para os
quais foram orientados a seguir. Este é um estágio para aprender os objetivos e as
características das situações profissionais. Assim, nesta fase o principal objetivo é a
obtenção de experiência no contexto de atuação, pois com essa experiência o alunoprofessor apercebe que a atuação vai para além da informação aprendida.
Fase 2: Novato-Avançado
Professor no segundo ou terceiro ano profissional, apresentando-se como
suscetível ao desenvolvimento. Reconhece semelhanças nas situações, acumula na sua
memória episódios que pode utilizar na sua experiência atual. Procura desenvolver um
conhecimento estratégico relativo, isto é, quando pode intervir e como deve fazê-lo,
respondendo assim ao contexto de uma forma mais apropriada.
Fase 3: Competente
Professor no terceiro ou quarto ano profissional, apresentando-se como
professor com mais experiência, pois seleciona conscientemente o que é necessário
para atuar e para tal recorre aos conhecimentos chave na condução da aula. Apresenta
ainda, um comportamento que revela alguma motivação para ter sucesso. Pensa-se
que a maioria dos novato-avançados, tornam-se competentes e adquirem habilidades
necessárias na sua área de interesse.
Susana Mendes Alves
39
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
Fase 4: Experiente
Professor a partir do quinto ano profissional, sendo esta a fase em que a
intuição ou conhecimento se torna proeminente, pois já possue um vasto rol de
experiências e de meios. Ensina de uma forma mais fluida e quase automática, sendo
capaz de pôr em prática atos pedagógicos de forma consciente e espontânea. De
acordo com o autor, talvez sobre o quinto ano, um número modesto de professores
transitam para fase de desenvolvimento proficiente.
Fase 5: Especialista
Professor que possue um sentido global da situação, responde com fluidez e de
forma automática. Atua de forma intuitiva, quase de forma inconsciente até que um
problema específico exige uma intervenção do seu pensamento analítico. O autor
afirma que só alguns conseguem atingir este nível.
Recentemente Faucher (2011) apresenta um modelo também composto por
cinco fases, que corrobora o modelo anteriormente apresentado. Todavia, este
modelo divide o processo de desenvolvimento em duas partes, ou seja, a fase de
profissionalização enquanto estudantes e a fase profissional, pelo facto de existirem
cursos de formação superior que possuem uma grande componente técnica. (Figura
2).
Figura 2 – Modelo de desenvolvimento profissional (Faucher, 2011).
Susana Mendes Alves
40
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
Importa salientar que os vários autores analisados indicam o factor tempo
como sendo determinante para o desenvolvimento profissional, sendo o mesmo
importante para identificar as várias fases de desenvolvimento.
Posto isto, e apesar de existirem algumas diferenças apenas nas terminologias
das fases, ambos os modelos teóricos são similares relativamente às características
dos professores em cada fase e respetivos valores de corte que distinguem cada uma
das fases de desenvolvimento profissional. Desta forma, dado que a presente
investigação pretende comparar instrutores com diferentes níveis de experiência
profissional, aceita-se os seguintes valores de corte para identificar os instrutores
estagiários e os instrutores experientes:
Estagiário – aluno-instrutor numa fase de pré-profissão, ou seja no primeiro
ano de contato profissional como instrutores de fitness, exercendo a atividade com
orientação académica;
Experiente – instrutor de fitness com formação superior, que está há cinco ou
mais anos em desenvolvimento profissional.
2.2.2 Caraterísticas dos diferentes níveis de experiência profissional
De acordo com Berliner (2001) a generalização dos resultados obtidos sobre a
experiência profissional é algo difícil de concretizar, uma vez que a maioria dos estudos
se baseia em métodos qualitativos e em grupos pequenos de indivíduos que possuem
características muito próprias. Apesar disso, os resultados acumulados de várias
investigações têm proporcionado informações relevantes sobre a atuação profissional
de acordo com a experiência. Por exemplo, Glaser (1987, 1990), em comparação com
os inexperientes, identificou um conjunto de doze características dos profissionais
experientes:

A experiência é específica de um determinado contexto e de um vasto
número de horas de contínuo desenvolvimento;

O desenvolvimento obtido através de experiência profissional não é linear,
podendo alternar fases de desenvolvimento mais rápido, que representam
mudanças de perspetiva, com fases de estabilização e automaticidade;
Susana Mendes Alves
41
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
Têm o conhecimento mais estruturado para atuar com elevados índices de

performance;
Representam os problemas de uma forma qualitativamente diferente. As

suas representações são mais profundas e ricas;

Reconhecem mais rapidamente os aspetos críticos mais importantes;

São mais flexíveis na sua forma de planear;

Atribuem significado a estímulos ambíguos;

São mais rápidos a resolver problemas;

Desenvolvem automaticidade no seu comportamento libertando a sua
atenção para o processamento de informações mais complexas;
Têm mais em atenção os constrangimentos relacionados com as atividades e

com o meio social;
Desenvolvem processos de autorregulação.

Estas características enunciadas sobre os profissionais experientes derivam de
estudos realizados em diferentes contextos. Todavia, Berliner (2001) identifica um
conjunto de características dos profissionais experientes, com base em estudos
realizados apenas com professores. Desta forma, os professores experientes:

Atuam melhor na sua área de conhecimento e contexto profissional
específicos;

Desenvolvem automaticidade nas tarefas que têm de ser realizadas
repetitivamente para a obtenção dos seus objetivos;

São mais oportunos e flexíveis no seu processo de ensino;

São mais sensíveis às exigências das tarefas e ao contexto social;

Representam os problemas de uma forma qualitativamente diferente;

Possuem um mecanismo mais apurado de reconhecimento de situações
importantes;

Identificam e padronizam um conjunto mais vasto de situações significantes
na área onde têm experiência;

Utilizam fontes de informação mais ricas e pessoais para refletir sobre os
problemas que pretendem resolver.
Susana Mendes Alves
42
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
No que diz respeito aos estudos realizados em Portugal sobre as diferenças de
atuação profissional, destacamos o estudo realizado por Moreira e Januário (2004) no
contexto do ensino da educação física, onde foi comparado o perfil pré-interativo
relativamente à instrução, dos professores experientes e principiantes. Neste estudo
foi possível verificar que os professores experientes se diferenciavam dos principiantes
(i.e., Estagiários) em vários aspetos, conforme apresentado no Quadro 2.
Quadro 2 – Comparação entre professores experientes e principiantes relativamente
ao perfil pré-interativo referente à dimensão “Instrução”.
Experientes
Principiantes
Apresentação das tarefas, centrada nas
Apresentação das tarefas centrada na
necessidades dos alunos;
prestação;
Cuidadosa supervisão da aula;
Baixa supervisão da aula;
Alta autonomia de conteúdos;
Baixa autonomia de conteúdos;
Diversificação dos objetivos em função dos
Objetivos
alunos;
conteúdos;
em
conformidade
com
os
Objetivos explorados: Domínios motores, Objetivos explorados: Domínios motores,
cognitivos, sócio afetivos e comportamentais;
cognitivos;
Gestão de acordo com as preocupações dos Gestão de acordo com as preocupações
alunos;
pessoais;
No que diz respeito ao perfil interativo na dimensão “Instrução”, Moreira e
Januário (2004) voltam a evidenciar a existência de um perfil de atuação profissional
diferenciado entre os professores experientes e os principiantes, conforme se pode
verificar através do Quadro 3.
Susana Mendes Alves
43
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
Quadro 3 – Comparação entre professores experientes e principiantes relativamente
ao perfil interativo referente à dimensão “Instrução”.
Experientes
Feedback
de
qualidade,
Principiantes
frequente
e Feedback direcionado aos erros comuns;
apropriado;
Apresentam as tarefas através de uma Privilegiam a demonstração na apresentação
preleção clara e objetiva;
das tarefas;
Maior preocupação com a consecução dos
Menor preocupação com a consecução dos
objetivos.
objetivos.
Este tipo de análise comparativa, entre profissionais com diferentes níveis de
experiência, foi também realizada em Portugal, no contexto do fitness por Simões,
Franco e Rodrigues (2009). Neste estudo, os autores compararam o feedback
pedagógico em instrutores de Localizada com diferentes níveis de experiência
profissional, verificando-se a existência de diferenças significativas entre os instrutores
com diferentes níveis de experiência profissional relativamente à frequência de
emissão de feedback por minuto. No que respeita à forma do feedback, foram
encontradas diferenças significativas entre os instrutores com 3 a 5 anos de
experiência profissional e os instrutores com menos de 3 anos e com mais de cinco
anos ao nível do feedback cinestésico. Foram também encontradas diferenças
significativas ao nível do feedback interrogativo entre o grupo de instrutores com
nenos de 3 anos e os instrutores com 3 a cinco anos de experiência na leccionação da
atividade de Localizada.
2.3 ATIVIDADES DE FITNESS
No âmbito desta investigação, são consideradas como atividades de fitness as
que são habitualmente praticadas no âmbito dos ginásios, cujo objetivo essencial é o
da melhoria ou manutenção da condição física e saúde. Considerando ser este o
contexto de aplicação desta investigação, em seguida serão caracterizadas, de forma
Susana Mendes Alves
44
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
genérica, este tipo atividades, com especial relevo para as atividades de Step,
Localizada, Indoor Cycling e Hidroginástica, uma vez que, neste trabalho, a análise da
comunicação não-verbal cinésica e proxémica dos instrutores de fitness se irá restringir
a estas quatro atividades.
A origem das atividades de fitness é de difícil contextualização, ainda que para
alguns autores (Franco & Santos, 1999; Papí, 2000) elas surjam no seguimento da
moda do “jogging” e dos exercícios aeróbios como forma de melhorar a condição física
na sequência dos trabalhos desenvolvidos por Kenneth Cooper nos finais dos anos 60,
e da publicação de algumas das suas obras literárias de que é exemplo o livro Aerobics
em 1968 (Cooper, 1968).
Em linha com esse “movimento”, na década de 70, Jacki Sorensen desenvolveu
um programa denominado Aerobic Dance no qual combinava passos de dança, saltos e
corrida com exercícios localizados, realizados ao som de músicas alegres e cativantes
(Papí, 2000).
Esta forma de realizar exercício foi sendo cada vez mais sistematizada e, já na
década de 80, dá-se o aparecimento formal da Ginástica Aeróbica com Jane Fonda, a
qual teve um papel preponderante na grande expansão mundial desta atividade,
causado pelo destaque que tiveram os vários programas de exercícios que
desenvolveu nos principais canais de comunicação norte americanos (Sanchez, 1999).
Esta grande expansão da Ginástica Aeróbica contribuiu igualmente para o
surgimento de uma nova área de atuação profissional e de diversas associações
profissionais e organizações ligadas ao fitness, que contribuiram para a sua
credibilização e afirmação ao nível técnico-científico, tais como: International Dance
and Exercise Association (IDEA); American Fitness & Aerobics Association (AFAA);
American Council on Exercise (ACE); ou mesmo o American College of Sports Medicine
(ACSM).
A partir dos anos 90 verifica-se um enorme “Boom” de novas atividades
originadas a partir da Ginástica Aeróbica, como o Step, Slide, Funk, Hip-Hop,
Hidroginástica. De igual forma surgem novos promotores e as grandes cadeias de
ginásios.
Susana Mendes Alves
45
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
Esta tendência de inovação continua a verificar-se atualmente, com atividades
novas a aparecerem e a desaparecerem regularmente. Assim esta primeira década do
novo milénio caracteriza-se pelo forte incremento da componente comercial, de que
são exemplo os diferentes programas e atividades de fitness adquiridos em regime de
franchising. Estes marcos evolucionários associados às atividades de fitness nas últimas
décadas são ilustrados na Figura 3.
Anos 60
Kenneth Cooper “Aerobics”
"Jogging”
Anos 70
Jacki Sorensen “Aerobic Dance”
Anos 80
Ginástica aeróbica
Expansão Mundial
Afirmação
Jane Fonda
IDEA; AFAA; ACE; ACSM
Anos 90
“Boom” de novas atividades e
promotores
início Sec. XXI
atividades de Fitness em
franchising.
Figura 3 – Caracterização geral dos principais marcos evolucionários associados às
atividades de fitness ao longo das últimas décadas.
A realidade das atividades de fitness, tal como as conhecemos presentemente,
pouco ou nada tem a ver com a realidade dos anos 80 e início de 90, embora estas
diferenças se façam sentir mais ao nível dos grandes centros urbanos, onde
tradicionalmente as modas e novidades chegam mais depressa e se fazem sentir com
maior intensidade.
Ainda assim, existem um conjunto de atividades tidas de “tradicionais” que
resistem às “novas tendências” e perduram de uma forma quase generalizada na
maioria dos ginásios. Entre essas atividades encontram-se as de Step, Localizada,
Indoor Cycling e Hidroginástica, e que por essa razão irão ser alvo de análise nesta
Susana Mendes Alves
46
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
investigação. Para ajudar os leitores menos familiarizados com cada uma destas
atividades serão em seguida referidas algumas das suas principais caraterísticas.
2.3.1 Atividade de Ginástica Localizada
A Localizada é uma modalidade de fitness onde o indivíduo repete séries de
exercícios que utilizam sobrecarga para criar resistência muscular (Costa, 2000; Novaes
& Vianna, 2003). Para além do peso corporal, também podem ser utilizados outros
tipos de materiais como forma de aumentar a resistência, tais como halteres,
caneleiras, barras ou bastões, elásticos, steps. Podem também ser utilizados materiais
instáveis como a bola Suíça, bosu, discos, rolos, colchões, etc. (Figura 4).
Figura 4 – Atividade de Ginástica Localizada.
Costa (2000) refere ainda que esta modalidade promove igualmente
adaptações ao nível do desenvolvimento da coordenação neuro-muscular e do ritmo.
De facto as aulas de ginástica Localizada são tipicamente realizadas ao ritmo de uma
música que geralmente dita a velocidade de execução dos movimentos (exercícios) em
função dos seus objetivos, das qualidades físicas desenvolvidas e da própria fase da
uma aula/sessão de treino. Nas aulas de Localizada pode ser realizado um trabalho
dinâmico concêntrico e excêntrico e um trabalho estático/isométrico, podendo ser
Susana Mendes Alves
47
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
utilizadas diversas velocidades de execução (e.g. 4:4; 2:2; 3:1; direto), em consonância
com a música.
Durante as aulas, mediante o exercício realizado, é usual a adoção de diversas
posições (em pé, sentado, deitado lateral, deitado ventral, deitado dorsal, de gatas,
sentado com flexão do tronco ou da cabeça, em pé com flexão do tronco ou da
cabeça), as quais poderão levar a que os instrutores possam ter uma melhor ou pior
visualização dos alunos (Franco, Rodrigues, & Balcells, 2008).
2.3.2 Atividade de Step
A atividade de Step é considerada como uma forma simples de treino,
caracterizado por um trabalho essencialmente vertical, realizado em grupo, que
consiste em subir e descer uma ou mais plataformas em sincronia com a música,
utilizando exercícios que mobilizam os grandes grupos musculares durante um período
de tempo relativamente prolongado. Assim sendo esta modalidade, tem como
principal objetivo a estimulação do sistema cardiorrespiratório, aliado à vantagem de
ser uma atividade de baixo impacto sobre as articulações, ossos e demais estruturas
corporais. O facto de se utilizar uma plataforma faz com que o instrutor e os
praticantes fiquem condicionados ao seu espaço circundante (Figura 5).
Figura 5 – Atividade de Step.
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48
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
Nesta modalidade são utilizadas habilidades motoras específicas (e.g., passo
básico, joelho alternado, passo em “L”, etc.) apresentadas separadamente ou em
sequências, a que damos o nome de coreografias. As habilidades motoras que
compõem as sequências coreográficas podem sofrer alterações através da introdução
de elementos de variação com mudanças de direção/deslocamento, variações rítmicas
dos movimentos, aumento do impacto e amplitude articular, variação do estilo,
utilização dos membros superiores. O uso de elementos de variação permite dar mais
dinamismo às aulas de Step, tornando assim, as aulas mais intensas, complexas,
diversificadas e motivantes para os praticantes.
O facto de as aulas serem geralmente coreografadas, provoca no instrutor a
necessidade de fazer frequentemente referência relativamente a habilidades motoras,
a contagens de repetições e tempos musicais, à indicação do sentido do deslocamento,
à descrição de um novo movimento (e.g. “voltas”), etc.
2.3.3 Atividade de Indoor Cycling
Indoor Cycling é a expressão anglo-saxónica mais utilizada em todo o mundo,
quando se pretende fazer referência à atividade de grupo pertencente à área do
fitness, realizada sobre uma bicicleta estacionária especialmente desenhada e
desenvolvida para a modalidade (Burke, 2002; Kory & Seabourne, 1999), cujos
objetivos principais são o aumento da condição cardiorrespiratória e da resistência
muscular dos membros inferiores (Burke, 2002). O facto de nesta ativiadade, os
instrutores e os praticantes utilizarem uma bicicleta estacionária, faz com que fiquem
condicionados no espaço, conforme se ilustra na Figura 6.
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49
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
Figura 6 – Atividade de Indoor Cycling.
Considerando a possibilidade de se ajustar a resistência da bicicleta às
capacidades individuais dos praticantes, esta modalidade possibilita, em princípio, a
inclusão de praticantes iniciados e avançados, ainda que a carga exigida não seja o
único factor de intensidade, uma vez que a velocidade a que se pedala também
condiciona o esforço exigido.
É geralmente praticada ao ritmo de uma música estimulante e mediante as
instruções do instrutor, são utilizadas técnicas específicas que simulam vários tipos de
percursos, como exemplo, um terreno plano, uma subida e descida de ladeiras, e
situações de terrenos sinuosos e obstáculos. Desta forma, ao pedalar em terreno
plano, é aplicada pouca resistência ou resistência moderada e nas subidas é aplicada
uma resistência mais elevada. Em cada tipo de terreno simulado existem duas posições
básicas de pedalar (i.e. sentado e em pé), podendo as mãos estarem apoiodas em
diferentes sítios do guiador (e.g. posição 1, 2 ou 3, conforme o tipo de guiador), sendo
que, estas posições das mãos fazem com que exista uma maior ou menor flexão do
troco influenciando diretamente no trabalho muscular. Os tipos de terrenos simulados
e as respectivas posições são combinados com o objetivo transferir para o interior da
sala de exercício situações do ciclismo de exterior, seja de estrada ou de todo-oterreno. Ou seja, é uma modalidade que associa as vantagens do ciclismo estacionário,
ao divertimento das aulas em grupo e à motivação das atividades de outdoor.
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50
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
2.3.4 Atividade de Hidroginástica
A Hidroginástica é uma atividade de grupo de fitness, desenvolvida em meio
aquático, conforme se ilustra na Figura 7, que inclui exercícios aeróbios para o
desenvolvimento
da
componente
cardiorrespiratória
e
exercícios
para
o
desenvolvimento da resistência e força muscular localizada e flexibilidade (Sanders &
Rippee, 1993).
Figura 7 – Atividade de Hidroginástica.
Devido ao facto da Hidroginástica ser uma atividade realizada em meio
aquático, não é possível uma transferência direta e simples das atividades realizadas
em terra onde o efeito do envolvimento (ar) sobre o trabalho muscular é praticamente
nulo. No caso da Hidroginástica ambos, instrutor e participante, devem estar
conscientes das propriedades da água de forma a desenvolver um treino que
reproduza os estímulos e as resistências pretendidas. De acordo com Sanders e Rippee
(1993) através da utilização das características da água (i.e. viscosidade, flutuação,
velocidade, inércia e superfície), bem como a utilização de diversos materiais de
sobrecarga (e.g. halteres, coletes, esparguetes, caneleiras, aquafins, barbatanas, etc.)
pode-se variar a intensidade do exercício. Por seu turno, mediante o tipo de exercício
Susana Mendes Alves
51
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
realizado, pode-se adotar diversas posições corporais (e.g. em pé, deitado lateral,
deitado ventral, deitado dorsal, etc.).
No que diz respeito à profundidade da piscina onde se desenrola a atividade
existem dois tipos de profundidades normalmente preconizadas: Shallow Water (i.e.
profundidade da água ao nível do peito), Transitional (i.e. profundidade da água acima
da linha do peito até ao nível do ombro) e Deep Water (i.e. profundidade da água
acima do nível do peito).
Relativamente ao ensino da Hidroginástica existem algumas limitações ao nível
da participação do instrutor, já que este, ao contrário dos instrutores em salas de aulas
de grupo, não possui espelhos para assistir na demonstração nem mesmo se deslocar
por entre os praticantes. Por essa razão, muitas vezes poderá ser necessário o
instrutor de Hidroginástica demostrar os exercícios no cais (Deck) sem participar
diretamente na classe (Sanders & Rippee, 1993). Outros aspetos que também
influenciam o ensino desta modalidade são o facto de a água esconder as partes do
corpo submersas dos praticantes, dificultando assim a visualização e correção dos
exercícios. Esta mesma correção assim como a comunicação em geral, é ainda afetada
pela acústica das piscinas, que normalmente não é a mais favorável, o que só vem
ainda valorizar mais o papel da linguagem não-verbal e a importância do seu estudo e
domínio.
Considerando todos estes constrangimentos os instrutores dão especial
atenção à demonstração em segurança dos exercícios no Deck, à velocidade
apropriada na água e à exploração do meio aquático. Por essa razão são muitas vezes
utilizadas para a demonstração materiais como cadeiras ou barras que ajudem a
suportar o corpo, calçado antiderrapante e, se possível, o uso de microfone à prova de
água.
Susana Mendes Alves
52
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO II
2.4 REFERÊNCIAS
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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Susana Mendes Alves
56
Capítulo III
3
METODOLOGIA
RESUMO:
Uma vez analisada a literatura relacionada com a comunicação não-verbal e sua aplicação ao
contexto do fitness, mais especificamente às atividades de grupo, são de seguida
apresentadas as opções metodológicas assumidas na elaboração desta investigação. Assim,
inicialmente é feita a caracterização da amostra dos instrutores que participaram neste
estudo, seguindo-se uma referência à metodologia observacional, bem como à metodologia
de desenvolvimento e validação do Sistema de Observação da Comunicação Proxémica.
Posteriormente são descritos os instrumentos, os materiais utilizados e os procedimentos
adotados na recolha de dados. Por último são apresentadas as técnicas estatísticas aplicadas
no tratamento dos dados.
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
3.1 AMOSTRA
Esta investigação assenta no estudo do comportamento não-verbal cinésico e
proxémico de instrutores de atividades de grupo de fitness. Tendo em conta os
objetivos definidos em cada um dos estudos, foram constituídas diferentes amostras
de instrutores que obedeciam às características pretendidas e que apresentaram o seu
consentimento por escrito para a realização deste trabalho. Desta forma, participaram
nesta investigação um total de 84 instrutores de vários ginásios distribuídos por
Portugal continental (i.e. norte, centro e sul). As diferentes amostras que foram
constituídas pelos motivos supramencionados são devidamente apresentadas e
caracterizadas em pormenor em cada um dos diferentes estudos realizados.
Importa referir que devido às características gerais da amostra, as gravações
das aulas estavam condicionadas aos horários dos instrutores, sendo efetuadas em
diferentes dias e horas. Todas as 84 aulas iniciaram com o aquecimento, seguindo-se
da fase fundamental, concluído com o retorno à calma e alongamento.
3.2 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
3.2.1 Metodologia observacional
O presente estudo centra-se na análise da comunicação não-verbal cinésica e
proxémica do instrutor de fitness no decorrer da lecionação de aulas de grupo. Para
realizar esta análise recorreu-se à metodologia observacional conforme definida por
Anguera, Blanco, Losada, e Hernández (2000).
Este tipo de metodologia tem conhecido um inegável desenvolvimento nas
últimas décadas e cuja validade científica está perfeitamente consolidada, como
demonstram os estudos realizados a nível internacional (Castañer, Anguera, &
Castellani, 2007; Castañer, Camerino, Anguera, & Jonsson, 2010; Castañer, Miguel, &
Anguera, 2009; Castañer, Torrents, Anguera, & Dinušová, 2008; Castañer, Torrents,
Anguera, Dinusova, & Jonsson, 2009; Fernandez, Camerino, Anguera, & Jonsson, 2009;
Jonsson et al., 2006a; Jonsson et al., 2006b), bem como os estudos realizados sobre o
Susana Mendes Alves
58
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
comportamento pedagógico dos instrutores de fitness em Portugal (Castañer, Franco,
Rodrigues, & Miguel, 2012; Franco, Rodrigues, & Balcells, 2008; Simões, Franco, &
Rodrigues, 2009).
O conceito de observação distingue-se do ato de “olhar” uma vez que este
implica dar significado ao que se observa através da seleção da parte da informação
que é determinante (Sarmento, Campaniço, Leitão, Jonsson, & Anguera, 2011).
Contudo, este processo não é totalmente objetivo nem, na maioria dos casos, neutro.
Isto deve-se ao facto de ser um processo estritamente humano, onde as expetativas,
dúvidas e incertezas se desenvolvem num quadro de referência próprio.
Esta humanização do processo de observação, faz com que este esteja sempre
associado a distorções sistemáticas ou assistemáticas que refletem os erros dos
próprios observadores e dos procedimentos adotados. O recurso à observação
sistemática tem como objetivo minimizar o efeito do erro através da utilização de
instrumentos que apresentam validade interna, ou seja medem o que pretende ser
medido (Anguera, 2009).
3.2.2 Desenho observacional
A utilização da metodologia observacional tem como vantagem a sua
flexibilidade, a sua capacidade de ajustamento a uma ampla variedade de
comportamentos, o seu rigor, a sua natureza discreta e não restritiva. Por outro lado, o
tempo que requer para o seu domínio e a complexidade do processo de treino dos
observadores e as restrições de natureza ética constituem-se como aspetos menos
vantajosos.
Esta investigação propõe-se assim seguir esses mesmos eixos que caracterizam
uma investigação desenvolvida a partir de uma metodologia observacional,
caracterizada pelo estudo do comportamento espontâneo e habitual de um ou vários
sujeitos, durante um tempo determinado, que executam tarefas ou atividades com
vários níveis de resposta num contexto natural e habitual, pelo que se caracteriza por
ser ideográfica, pontual e multidimensional, conforme a classificação proposta por
Anguera, Villaseñor, Blanco e Losada (2001):
Susana Mendes Alves
59
METODOLOGIA
CAPÍTULO III

Ideográfica (I) - centrada na análise de um indivíduo;

Pontual (P) - é observada uma aula de grupo de cada um dos oitenta e
quatro sujeitos;

Multidimensional (M) - uma vez que a comunicação será analisada sob
diferentes pontos de vista (dimensões ou critérios).
De acordo com Castañer (2009), na aplicação da metodologia observacional ao
estudo da comunicação não-verbal, uma das principais preocupações metodológicas
que se coloca é o da viabilidade de se poder definir objetivamente e delimitar a grande
diversidade de comportamentos. Existem, por exemplo, comportamentos fáceis de
identificar, como os movimentos das mãos e braços que ilustram uma explicação
verbal. No entanto, esta dimensão de comportamento cinésico de ilustração poderá
estar subdividida em diversas categorias de ilustração, de aparência mais Pictográfica,
Cinetográfica, etc. (Castañer, 2009). Por este motivo, a definição dos graus de abertura
para cada dimensão e categoria é um aspeto que assume uma grande relevância em
sistemas de observação do comportamento não-verbal.
3.2.3 Fases de desenvolvimento da investigação
O desenvolvimento de uma investigação no âmbito da metodologia observacional
pressupõe diferentes fases de desenvolvimento. De acordo com Anguera et al. (2000),
é possível resumir esse processo em 4 grandes fases de desenvolvimento preconizadas
(Figura 8).
1ª
2ª Fase
Definição do contexto
e dos comportamentos
a observar
Recolha de dados e
sua otimização
3ª Fase
Análise de dados
4ª Fase
Interpretação dos
resultados
.
Figura 8 – Fases de desenvolvimento da investigação.
Susana Mendes Alves
60
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Definição do contexto e dos comportamentos a observar
O primeiro passo de qualquer investigação no âmbito da metodologia
observacional passa naturalmente pela caraterização do contexto de aplicação e dos
comportamentos a serem observados. Esta investigação desenvolve-se no contexto
das aulas de grupo de fitness e pretende analisar os comportamentos cinésicos e
proxémicos dos instrutores durante o processo de ensino das atividades de grupo.
Para melhor suportar o trabalho desenvolvido, foi realizada uma breve
caraterização das atividades de grupo de fitness analisadas na presente investigação.
Esta realidade complexa foi delimitada na parcela que nos interessa, ou seja nos
comportamentos cinésicos e proxémicos dos instrutores. Esta delimitação teve em
consideração a relevância destas componentes da comunicação não-verbal neste
contexto específico.
Para além disso, com base na análise de várias aulas de grupo, foi feita uma
caraterização exaustiva dos comportamentos dos instrutores de fitness aquando do
desenvolvimento dos dois sistemas de observação utilizados na presente investigação.
3.2.3.1 Recolha de dados e sua otimização
A recolha de dados no âmbito da metodologia observacional pressupõe quase
sempre o desenvolvimento de um sistema de observação ad hoc, totalmente adaptado
ao contexto e comportamento que se pretende observar (Anguera, 2009). Por essa
razão, os sistemas de observação utilizados nesta investigação foram desenvolvidos
especificamente para a análise do comportamento cinésico e proxémico dos
instrutores de aulas de grupo de fitness.
Ambos os sistemas de observação do comportamento utilizados serão
apresentados de forma mais extensa num ponto próprio da metodologia. No caso
específico do sistema de observação do comportamento cinésico não serão incluídas
as informações relativas ao seu desenvolvimento e validação pelo facto de as mesmas
já terem sido apresentadas noutros estudos (Alves, 2012). No caso do sistema de
observação do comportamento proxémico, será apresentado todo o seu processo de
desenvolvimento. O estudo 1 desta investigação representa a fase de desenvolvimento
Susana Mendes Alves
61
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
e validação do SOPROX- fitness, onde para além da apresentação resumida de cada
uma das etapas de desenvolvimento foi também incluída uma aplicação piloto deste
sistema de observação.
Considerando os objetivos desta investigação, o registo dos comportamentos
cinésicos e proxémicos dos instrutores de aulas de grupo foi realizado em termos da
sua frequência e sequência temporal (Figura 9).
Frequência
Consiste na contagem do número
comportamentos.
Sequência Temporal
Sequência temporal pela qual
comportamentos ocorrem.
os
Figura 9 - Método de registo dos comportamentos dos instrutores.
Estes dois tipos de registos de dados permitem a análise da mesma realidade
sobre dois pontos de vista diferenciados. De acordo com Camerino et al. (2012), estes
dois tipos de análises complementam-se, pelo que ao se optar pela utilização de
apenas uma delas se estará a privar de informação pertinente.
Ao nível do registo dos dados, é ainda de destacar os avanços realizados ao
nível tecnológico com o desenvolvimento de programas informáticos de registo de
dados que permitem uma maior precisão e velocidade do registo de dados,
comparativamente às técnicas tradicionais de “lápis e papel”. Para o presente estudo
iremos utilizar o programa informático Lince (Gabín, Camerino, Anguera, & Castañer,
2012).
Uma vez que o ato de observar integra o observador, temos de assumir que
existe sempre presente a probabilidade de existir algum erro associado à medida. Para
garantir a qualidade dos dados é importante que a sua qualidade seja controlada
através daquilo a que habitualmente se denomina de fiabilidade do registo
observacional. A análise da fiabilidade permite analisar se uma ou mais pessoas
codificam o mesmo comportamento da mesma forma.
A qualidade dos dados foi efetuada através do controlo da fiabilidade interobservadores e intra-observador.
Susana Mendes Alves
62
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
3.2.3.2 Análise de dados
A análise dos dados foi efetuada de acordo com os objetivos definidos para cada
um dos estudos que compõem esta investigação.

Nos estudos 2 e 3 foram realizados dentro de um paradigma quantitativo e
comparativo, considerando o número de ocorrências dos comportamentos
cinésicos e proxémicos dos instrutores. Para tal, a sua análise baseou-se em
técnicas de estatística descritiva e comparativa que foram aplicadas com
recurso ao programa informático estatístico Statistical Package for Social
Sciences (SPSS), versão 20.

No caso dos estudos 5 e 6 a análise dos dados foi efetuada de acordo com o
registo temporal da sequência dos comportamentos cinésicos e proxémicos
dos instrutores, dentro de um paradigma de análise qualitativa. Esta análise foi
realizada com base na deteção de padrões de comportamento temporais,
identificados com recurso ao programa informático Theme 5.0 (Magnusson,
2000; Magnusson, 2005).
3.2.3.3 Interpretação dos resultados
A interpretação dos resultados foi feita de acordo com os objetivos de cada
estudo realizado. Foram tidos em conta as frequências e os padrões encontrados em
diferentes modalidades e em instrutores com diferentes níveis de experiência
profissional.
3.2.4 Metodologia de tradução do SOPROX-Fitness
Potaka e Cochrane (2004) referem que as abordagens ao desenvolvimento de
instrumentos de medida em mais de uma cultura envolvem um de três métodos:

Tradução direta: envolve a tradução direta de um instrumento a partir da fonte
original, por parte de uma pessoa fluente em ambas as línguas. Uma evolução
deste método pode ser a realização da tradução por um comité de
especialistas, que terão de estar em acordo com a versão final.
Susana Mendes Alves
63
METODOLOGIA

CAPÍTULO III
Retrotradução (Back translation): Este método inicia-se com uma tradução
direta mas adiciona alguns passos para avaliar a equivalência das traduções. Em
suma, envolve uma tradução direta seguida de uma retrotradução para a língua
original, feita por um tradutor independente. A confrontação entre ambas as
versões é então realizada para se identificarem eventuais discrepâncias de
significado.

Equivalência conceptual: considerando que um conceito relevante numa
cultura poderá ser irrelevante noutra cultura (Banville, Desrosiers, & GenetVolet, 2000; Vallerand, 1989), este método tem como principal objetivo o de
reproduzir a equivalência conceptual do instrumento original. Dessa forma, a
versão original é sempre revista quando se verificam problemas de
equivalência conceptual a uma outra cultura.
Para além destes três métodos, Potaka e Cochrane (2004) acrescentam ainda o
método de desenvolvimento simultâneo de diferentes versões do mesmo instrumento
para sua aplicação em diferentes países. Esta abordagem interativa integra os
princípios do método de equivalência conceptual, mas o facto de os instrumentos
serem desenvolvidos por dois grupos de trabalho em línguas diferentes, faz com que
as questões relacionadas com a adaptação cultural sejam consideradas em todas as
fases de desenvolvimento do instrumento.
Uma outra vantagem adicional desta metodologia é a de se poder testar a
compreensão dos instrumentos de uma forma rápida ainda durante a fase de
desenvolvimento, através da confrontação dos instrumentos lado-a-lado e da
realização de observações piloto. Para os referidos autores, esta será a metodologia
que dará mais garantias de validade dos instrumentos desenvolvidos em culturas
diferentes.
Face ao exposto anteriormente, e considerando a mais-valia que representa o
método de desenvolvimento simultâneo de instrumentos em duas culturas, a
componente de tradução do instrumento foi realizada no âmbito do grupo de
desenvolvimento e adaptação do SOPROX-Fitness, o qual integra os autores originais
do SOPROX e especialistas bilingues com experiência na área da observação e/ou de
intervenção no contexto do fitness.
Susana Mendes Alves
64
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
3.2.5 Metodologia de desenvolvimento e validação do SOPROX-Fitness
De acordo com Cushion, Harvey, Muir, e Lee (2012), é essencial que a
metodologia de desenvolvimento e validação de um sistema de observação seja
transparente. Tendo em consideração este princípio determinante, foi aceite a
metodologia de desenvolvimento e validação de sistemas de observação proposta por
Brewer e Jones (2002), a qual foi anteriormente utilizada noutros estudos que também
objetivaram o desenvolvimento e validação de sistemas de observação, tanto ao nível
do contexto do fitness (Franco, 2004, 2009) como no desportivo (Cushion et al., 2012;
Ford, Yates, & Williams, 2010). Desta forma o processo de desenvolvimento e
validação do novo sistema de observação SOPROX-Fitness foi efetuado em cinco fases
distintas, conforme se apresenta resumidamente na Figura 1o.
SOPROX
1ª Fase
- Treino dos observadores e testagem da fiabilidade inter-observadores e
intra-observador relativamente ao sistema de observação original.
2ª Fase
- Aperfeiçoamento do sistema de observação para o contexto de
aplicação.
3ª Fase
- Validação facial do novo sistema de observação por especialistas.
4ª Fase
- Fiabilidade inter-observadores relativamente ao novo sistema de
observação.
5ª Fase
- Fiabilidade intra-observador relativamente ao novo sistema de
observação.
SOPROX - Fitness
Figura 10 – Síntese das etapas adotadas ao longo do processo de adaptação e
validação dos instrumentos de observação.
Susana Mendes Alves
65
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Seguidamente é explicado de forma mais pormenorizada todos os
procedimentos adotados nas fases anteriormente referidas.
3.2.5.1 Treino dos observadores e testagem da fiabilidade inter-observadores e
intra-observador relativamente ao sistema de observação já existente
O treino inicial do observador, aconselhado por Brewer e Jones (2002), tem
como objetivo a apresentação do instrumento original para assegurar que quem
adaptou o instrumento o conhece na íntegra, demonstrando a consolidação de
conceitos, procedimentos e metodologia inerente ao sistema de observação.
Costa (1988), Mars (1989) e Rodrigues (1995) apresentam igualmente
sugestões no que diz respeito ao treino do observador pelo observador-treinador.
Estas sugestões já foram consideradas em estudos anteriores que tiveram como
objetivo o desenvolvimento e validação de sistemas de observação no contexto do
fitness
(Franco,
2004,
2009),
e
foram
também
utilizadas
neste
estudo,
designadamente:
1ª Fase - Identificação das categorias do sistema
O observador treinador apresenta ao observador o sistema quanto à sua estrutura,
objetivo e descrição do tipo de comportamentos que o sistema se propõe a analisar,
em imagens e fichas, sendo esclarecidas as diferenças de interpretação da definição
das categorias em causa. É importante salientar o facto de as crenças, história e
experiência pessoal prévia não deverem influenciar o juízo nas observações.
2ª Fase - Discussão do protocolo de observação
O observador aprende a definição e os códigos das categorias, discriminando-as com
uma exatidão de 100%. São visualizados vídeos mostrando exemplos, sendo discutida
qual a codificação adequada para os diferentes comportamentos que são observados,
e definidos quais os limites das diferentes categorias.
3ª Fase - Avaliação da aprendizagem das categorias
Nesta fase o observador realiza um teste oral, para demonstrar que conhece a
definição das categorias.
4ª Fase - Prática e aplicação do sistema de observação
O observador realiza um período de prática e aplicação do sistema de observação,
levantando dúvidas para serem esclarecidas posteriormente.
Susana Mendes Alves
66
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
3.2.5.2 Aperfeiçoamento do sistema de observação para o contexto do fitness
O comportamento não-verbal, nomeadamente a proxémica dos instrutores no
contexto de ensino das atividades de grupo de fitness, apresenta uma diversidade e
especificidade de eventos e comportamentos, obrigando à adaptação do sistema de
observação, conforme defendem Potrac, Brewer, Jones, Armour e Hoff (2000), pois
afirmam que os sistemas de observação devem ser ajustados ao contexto específico de
atuação para aumentar a validade e fiabilidade.
Desta forma, esta fase teve como principal objetivo a contextualização do
SOPROX original à realidade das atividades de grupo de fitness, bem como verificar se
existem comportamentos que não são contemplados e que se verificam neste
contexto. Para a consecução deste objetivo, foram realizadas várias observações piloto
de diferentes atividades de fitness, conforme recomendado por Tuckman (2002), o
qual refere que a observação de diversas realidades e situações contribui para garantir
a validade de conteúdo de um instrumento de medida em construção, sendo que estes
procedimentos têm sido comumente adotados noutros estudos de desenvolvimento
de sistemas de observação neste mesmo contexto (Franco, 2004, 2009).
No que diz respeito à validade de conteúdo das categorias, vários autores (Hill
& Hill, 2005; Kaplan & Saccuzzo, 2008) assumem que um instrumento tem validade de
conteúdo quando as suas categorias e dimensões representam razoavelmente todas as
componentes importantes de uma determinada conceptualização teórica.
Kaplan e Saccuzzo (2008) mencionam ainda que a validade de conteúdo é feita
habitualmente por um painel de especialistas, podendo essas avaliações ser agregadas
em indicadores. Ainda de acordo com os mesmos autores, poderão limitar a validade
de conteúdo aspetos relacionados com as características dos enunciados (e.g.
vocabulário e palavras desajustadas para a população a quem o instrumento se
destina) ou mesmo com a própria seleção das categorias e dimensões que poderão
não refletir o que se pretende avaliar.
Um outro pressuposto metodológico fundamental é a garantia da mútua
exclusividade das categorias, a qual pressupõe que não haja sobreposição entre as
categorias que compõem um sistema, ou seja, que cada comportamento é atribuído a
Susana Mendes Alves
67
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
apenas uma das categorias (Anguera et al., 2001; Hernández Mendo & Molina Macías,
2002; Hernández Mendo, Díaz Martínez, & Morales Sánchez, 2010).
Na inclusão de novas categorias de análise, serão seguidos os pressupostos
metodológicos propostos por Baesler e Burgoon (1987), designadamente: Identificação
e afiliação das categorias às respetivas dimensões; Enunciação das respetivas
definições e morfologias; Definição dos respetivos graus de abertura.
3.2.5.3 Validação facial do novo sistema de observação por especialistas (experts)
A fase de validação facial pretende avaliar se o sistema de observação em
desenvolvimento e validação (i.e. SOPROX-Fitness) permite codificar e despistar os
comportamentos não-verbais proxémicos dos instrutores de atividades de grupo de
fitness, durante a lecionação das aulas, bem como se as definições das categorias
avaliam o que se pretende avaliar com as mesmas.
Um instrumento tem validade facial quando as suas dimensões e categorias
aparentam ser relevantes e estão de acordo com o propósito do teste (Brewer &
Jones, 2002; Kaplan & Saccuzzo, 2008).
Kaplan e Saccuzzo (2008) referem que, apesar da validade facial e de conteúdo
serem os únicos tipos de validade que se sustentam na lógica e intuição ao invés da
estatística, a sua verificação reveste-se de alguma importância no desenvolvimento de
instrumentos de medida, uma vez que garantem a relevância e adequação das
dimensões e categorias desse mesmo instrumento.
Assim, após as revisões efetuadas a validade facial foi realizada por painéis de
especialistas em observação sistemática (i.e. que tenham utilizado a observação
sistemática como instrumento de pesquisa nas suas investigações) e em atividades de
grupo de fitness, tal como sugerido por Brewer e Jones (2002).
Foi solicitado aos especialistas, que constituíam os dois painéis, que
facultassem a sua opinião relativamente à definição das categorias de comportamento
para contribuir para a sua clarificação e ainda foram-lhes colocadas as seguintes
questões, como sugerem Brewer e Jones (2002):
Susana Mendes Alves
68
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
- Existe algum elemento importante que tenha sido omisso nas categorias de
comportamentos?
- Existe algum elemento que não seja importante que tenha sido erradamente
incluído nas categorias de comportamentos?
- O conjunto de elementos descritos reflete os comportamentos dos instrutores
de fitness nas atividades de grupo?
Importa referir que, os dois painéis de especialistas estiveram envolvidos
unicamente nesta fase e que a revisão do sistema de observação foi realizada
separadamente para que a sua opinião não sofresse qualquer tipo de influência.
3.2.5.4 Fiabilidade inter-observadores relativamente ao novo sistema de
observação
Após a construção do novo sistema de observação, foi testada a objetividade
das definições atribuídas às categorias de comportamentos, de acordo com a
metodologia proposta por Brewer e Jones (2002) e que têm sido comumente utilizado
em estudos que visam o desenvolvimento e validação de sistemas de observação
(Costa, Garganta, Greco, Mesquita, & Maia, 2011; Hernández Mendo et al., 2010) .
Esta etapa tem como objetivo verificar se diferentes observadores codificam os
mesmos comportamentos observados nas mesmas categorias. Desta forma, tal como
realizado por Januário, Rosado e Mesquita (2006), a fiabilidade inter-observadores foi
efetuada entre dois observadores, ou seja, testou-se a fiabilidade entre o observadorinvestigador e um observador.
Considerando o facto de o nível de experiência em observação não ser
determinante para a concretização dos objetivos desta fase (Brewer & Jones, 2002)
optou-se por escolher um instrutor inexperiente em observação, já que se pretende
que futuramente o instrumento possa vir a ser utilizado por sujeitos experientes e
inexperientes em observação.
Para o treino do observador envolvido nesta fase foram utilizadas as fases
sugeridas por Costa (1988), Mars (1989) e Rodrigues (1995), anteriormente descritas e
seguidamente resumidas na Figura 11.
Susana Mendes Alves
69
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
1ª
- Identificação das categorias do sistema.
2ª Fase
- Discussão do protocolo de observação.
3ª Fase
- Avaliação da aprendizagem das categorias.
4ª Fase
- Prática e aplicação do sistema de observação
Figura 11 – Síntese das etapas adotadas ao longo do processo de treino dos
observadores envolvidos na fase de fiabilidade inter-observadores.
Após o treino do observador pelo observador-investigador, foi testada a
fiabilidade inter-observadores para verificar a consistência nas categorias das
dimensões que compõem o novo sistema de observação. Para tal, o observadorinvestigador e o observador efetuaram a visualização de um vídeo e respetiva
codificação, utilizando o método de Registo de Ocorrências, separadamente, de forma
a não existir acesso aos registos de ambos, tal como sugerido por Mars (1989).
No seguimento deste processo, para cada categoria do sistema de observação
foi calculada a percentagem de acordos utilizando o teste Kappa de Cohen (K). De
acordo com Pestana e Gageiro (2005), os valores de fiabilidade intra-observador
deverão ser iguais ou superiores a .75, para que haja um elevado nível de
concordância.
3.2.5.5 Fiabilidade intra-observador relativamente ao novo sistema de observação
Considerando o envolvimento do observador-investigador no processo de
adaptação e validação do sistema de observação SOPROX-Fitness, é necessário
assegurar a sua fiabilidade intra-observador. Este procedimento foi realizado através
da técnica de um teste-reteste, conforme proposto por Brewer e Jones (2002) e que
têm sido utilizado em estudos que visam desenvolvimento e validação de sistemas de
Susana Mendes Alves
70
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
observação para o contexto desportivo (Costa et al., 2011; Hernández Mendo et al.,
2010) .
Assim sendo, o observador-investigador visionou o mesmo vídeo em duas
ocasiões distintas, distando as observações pelo menos uma semana (7 dias), tal como
sugerido por Mars (1989). Após o visionamento do vídeo em duas ocasiões distintas,
procedeu-se à determinação do nível de confiança intra-observador utilizando, mais
uma vez, o teste Kappa de Cohen, para cada categoria do novo sistema de observação.
3.3 INSTRUMENTOS
Para a realização dos estudos que são parte integrante desta investigação e que
visam a análise da comunicação cinésica e proxémica dos instrutores de atividades de
grupo de fitness, foram utilizados dois instrumentos: 1) Sistema de Observação da
Comunicação Cinésica do instrutor de atividades de grupo de fitness (SOCIN-Fitness);
2) Sistema de Observação da Comunicação Proxémica do instrutor de atividades de
grupo de fitness (SOPROX-Fitness).
Estes sistemas foram desenvolvidos e validados para o contexto das atividades
de grupo de fitness a partir do sistema de observação SOCIN e SOPROX, os quais fazem
parte do “Sistema de Observação da Comunicação Paraverbal (SOCOP) desenvolvido
por Castañer (2009) para o contexto do ensino da educação física. Este sistema de
observação apresenta-se como um instrumento flexível e aplicável ao estudo e análise
da comunicação não-verbal humana, analisando-a em quatro componentes distintas: a
paralinguagem, a cinésica, a proxémia e a cronémia. Para a análise de cada uma destas
componentes o SOCOP apresenta 4 subsistemas: 1) Sistema de Observação da
Paralinguagem (SOPAR) – para o estudo da comunicação paralinguística; 2) Sistema de
Observação da Comunicação Cinésica (SOCIN) – para o estudo da comunicação
cinésica; 3) Sistema de Observação da Comunicação Proxémica (SOPROX) – para o
estudo da Proxémia; 4)Sistema de Observação da Comunicação Cronémica (SOCRON) –
para o estudo da Cronémica na comunicação;
Todos estes instrumentos de observação foram construídos de forma ad hoc a
partir da observação dos comportamentos de comunicação dos professores de
Susana Mendes Alves
71
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
educação física, e são estruturalmente semelhantes ao combinarem sistemas de
categorias com formato de campo (Castañer, 2009). O SOCOP é constituído por quatro
subsistemas de observação da comunicação não-verbal com as seguintes dimensões e
categorias (Quadro 4):
Quadro 4 – Dimensões e categorias do SOCOP.
Sistemas de Observação
SOPAR (Paralinguística)
SOCIN (Cinésica)
SOPROX (Proxémica)
SOCRON (Cronémica)
Dimensões
6
4
5
4
Categorias
11
16
17
12
O sistema de observação SOCIN-Fitness foi desenvolvido e validado no âmbito de
uma investigação realizada anteriormente (Alves, 2012), pelo que apresentamos de
seguida apenas a versão final deste sistema, contemplando as definições das
dimensões, categorias e graus de abertura.
No caso do sistema de observação SOPROX-Fitness, o mesmo foi desenvolvido e
validado
na
presente
investigação,
sendo
este
processo
apresentado
pormenorizadamente no capítulo destinado à Metodologia (i.e. Capítulo III), bem
como a versão final deste sistema, contemplando as definições das dimensões,
categorias e graus de abertura. No estudo 1, para além da apresentação resumida
deste processo, será realizada uma aplicação piloto deste sistema em diferentes
atividades de grupo de fitness.
3.3.1 Sistema de observação da comunicação cinésica (SOCIN-Fitness)
O sistema de Observação da Comunicação Cinésica do Instrutor de atividades
de grupo de fitness (SOCIN-Fitness) foi desenvolvido e validado no âmbito de uma
investigação (Alves, 2012), cujo objetivo foi a conceção de um novo sistema de
observação que permitisse a análise desta componente da comunicação não-verbal. O
SOCIN-Fitness foi desenvolvido e validado para o contexto das atividades de grupo de
fitness a partir do sistema SOCIN, desenvolvido originalmente para o contexto de
ensino da educação física por Castañer (2009). Este sistema de observação possibilita a
Susana Mendes Alves
72
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
análise da comunicação cinésica dos instrutores de fitness, sendo composto por 5
dimensões de análise e 21 categorias, conforme se apresenta no Quadro 5.
Quadro 5 – Sistema de observação SOCIN-Fitness.
Dimensão
Função: Refere-se à função
dos gestos, com intenção
comunicativa,
que
acompanham ou não o
discurso verbal.
Categorias
Regulator
Código
RE
Illustrador
IL
Morfologia: Refere-se à
forma icónica e biomecânica
do gesto.
Emblema Técnico
EMBT
Emblema Social
EMBS
Emblema Numérico
EMBN
Deítico
DEI
Pictografico
PIC
Cinetografico
CIN
Espacial
ESP
Rítmico
RIT
Batuta
BAT
Informação
INF
Feedback
FEED
Interação
INT
Organização
ORG
Exercício:
Refere-se
à
participação do instrutor no
exercício quando realiza o
gesto.
Com exercício
Sem exercício
CE
SE
O instrutor realiza o exercício.
O instrutor não realiza o exercício.
Adaptador: Refere-se
a
gestos em que o instrutor
não
tem
intenção
comunicativa.
Objectual
OB
Auto- adaptador
AA
Hetero- adaptador
HA
Multi- adaptador
MUL
Gestos sem intenção comunicativa, mantendo
contato com objetos.
Gestos sem intenção comunicativa, mantendo
contato com diferentes partes do seu corpo.
Gestos sem intenção comunicativa, mantendo
contato com outras pessoas.
Combinações de vários gestos adaptadores
definidos anteriormente.
Situação: Refere-se à função
pedagógica do gesto no
processo de ensino.
Susana Mendes Alves
Descrição
Gestos cujo objetivo é obter uma resposta
imediata dos praticantes.
Gestos que não tem como objetivo obter uma
resposta imediata dos praticantes, embora possa
haver resposta num momento futuro.
Gestos com um significado icónico próprio préestabelecido, codificados especificamente para o
ensino da atividade e que só têm significado
quando aplicados neste contexto.
Gestos com um significado icónico próprio
universalmente pré-estabelecido, com caráter
socialmente instituído, não específico da
atividade.
Gestos com um significado icónico próprio préestabelecido, que indicam um número.
Gestos que indicam ou apontam para pessoas,
segmentos corporais, locais ou objetos.
Gestos que desenham figuras ou formas no
espaço.
Gestos que imitam ações ou movimentos no
espaço.
Gestos que definem distâncias relativamente a
pessoas, objetos e segmentos corporais.
Gestos que marcam ou definem um ritmo ou
velocidade de execução.
Gestos exclusivos do instrutor, sem significado
icónico, que usualmente acompanham e
enfatizam a lógica do discurso verbal.
Gestos realizados pelo instrutor para informar os
praticantes sobre os exercícios.
Gestos realizados pelo instrutor para ajudar,
corrigir os praticantes ou avaliar a sua prestação
motora.
Gestos realizados pelo instrutor especificamente
para encorajar ou interagir em termos relacionais
com os praticantes, seja de forma positiva ou
negativa.
Gestos realizados pelo instrutor para gerir
materiais ou organizar os praticantes no espaço.
73
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Tal como sugerem Baesler e Burgoon (1987), foram definidos graus de abertura
para delimitar algumas categorias do sistema de observação de maneira a não
existirem ameaças à mútua exclusividade (Anguera et al., 2001; Hernández Mendo &
Molina Macías, 2002; Hernández Mendo et al., 2010), sendo ainda acompanhado por
imagens que ilustram cada uma das 21 categorias do SOCIN-Fitness (Quadros 6-10).
Quadro 6 – Ilustração das categorias da dimensão “Função” do SOCIN-Fitness.
Categorias
Figura
Regulador
Gestos cujo objetivo é obter uma resposta imediata dos praticantes.
Ilustrador
Gestos que não tem como objetivo obter uma resposta imediata dos praticantes,
embora possa haver resposta num momento futuro.
Quadro 7 – Ilustração das categorias da dimensão “Morfologia” e respetivos graus de
abertura, do SOCIN-Fitness.
Categorias
Emblema Técnico
Gestos
com
um
significado
icónico
próprio pré-estabelecido,
codificados para o ensino
da atividade e que só têm
significado
quando
aplicados neste contexto.
Emblema Social
Gesto com um significado
icónico
próprio,
universalmente
pré-
Susana Mendes Alves
Figura
Grau de abertura
Gestos realizados com as mãos, antebraços e braços
que simbolizam as habilidades motoras (e.g. Passo em
“V”, Grapevine, Passo Toque, Marcha, etc..), ou que
informam sobre o recomeço da coreografia/exercício
desde o princípio (Flexão do braço e antebraço e a mão
“bate” no topo da cabeça). São considerados também
os gestos icónicos criados pelo próprio instrutor no
âmbito dos pressupostos anteriormente definidos.
Gestos realizados com as mãos, antebraços e braços
que simbolizam “Bom” ou “Mau” (e.g. Mão fechada
com o polegar para cima ou para baixo, respetivamente)
“Mais ou menos”, “Silêncio”, “O.K.”, “Venham cá”,
“Parar”, “Observar”, etc. São também codificados gestos
74
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
estabelecido, com caráter
socialmente instituído,
não
específico
da
atividade
produzidos pela cabeça, como por exemplo, os
emblemas “Sim” (e.g. Movimento de flexão e extensão
da cabeça) e “Não” (e.g. Movimentos de rotação da
cabeça de um lado para o outro).
Emblema Numérico
Gestos realizados com as mãos, antebraços e braços
que simbolizam números ou contagens numéricas (e.g.
número (s) referente (s) a repetições de um
determinado exercício, contagem do número de tempos
musicais, etc..). Estes tipos de gestos indicam números,
sendo realizados pelas mãos, tendo os dedos a função
de indicar o número, podendo o braço estar em flexão e
o antebraço em extensão total ou parcial.
Gestos
com
um
significado
icónico
próprio pré-estabelecido,
que indicam um número.
Deítico
Gestos que indicam ou
apontam para pessoas,
segmentos
corporais,
locais ou objetos.
Pictográfico
Gestos que desenham
figuras ou formas no
espaço.
Cinetográfico
Gestos que imitam ações
ou
movimentos
no
espaço.
Espacial
Gestos que definem
distâncias relativamente
a pessoas, objetos e
segmentos corporais.
Rítmico
Gestos que marcam ou
definem um ritmo ou
velocidade de execução.
Susana Mendes Alves
Gestos realizados com as mãos, antebraços e braços
que indicam ou apontam. Codificam-se os gestos que
são realizados com um ou ambos os dedos indicadores,
com outros dedos em extensão, ou com a mão aberta
(e.g. apoiar as mãos abertas sobre as coxas para indicar
os grupos musculares ou segmentos corporais
envolvidos na tarefa). São ainda codificados gestos que
indicam locais para onde os praticantes se devem
deslocar (e.g. direita e esquerda, frente ou trás).
Gestos realizados com as mãos, antebraços e braços
que fornecem aos praticantes a representação de uma
imagem (e.g. gestos que desenham um quadrado, uma
diagonal uma reta, etc..). Os gestos que produzem
figuras, como por exemplo a letra “A” e a letra “V”, são
codificados na categoria “Emblema Técnico” pelo facto
de no contexto das atividades de grupo de fitness serem
figuras que simbolizam habilidades motoras,
respetivamente Passo em “A” e Passo em “V”.
Gestos realizados com as mãos, antebraços e braços que
imitam as ações (e.g. a ação de subir e descer, afastar e
juntar) bem como os gestos referentes a movimentos de
“voltas” (e.g. o indicador realiza um círculo referente a
uma volta completa, com a mão ou braço em extensão
total ou parcial).
Gestos realizados com as mãos, antebraços e braços que
sugerem uma distância. Por exemplo, um gesto que
indica a distância dos membros inferiores, a distância
para uma pega afastada ou junta num exercício com
barra, a distância entre dois grupos ou entre pessoas,
etc..
Gestos realizados com as mãos, antebraços, braços,
cabeça ou pé que marcam o ritmo de execução dos
exercícios ou batidas musicais. Codificam-se ainda os
gestos realizados com os dedos de indicação numérica
referente a velocidades de execução dos exercícios. Não
são codificados os movimentos referentes à execução
técnica dos exercícios, ainda que os mesmos também
possuam um ritmo de execução.
75
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Gestos realizados com as mãos, antebraços, braços ou
cabeça sem significado icónico e não têm uma descrição
biomecânica definida.
Batuta
Gestos exclusivos do
instrutor, sem significado
icónico, que usualmente
acompanham
e
enfatizam a lógica do
discurso verbal.
Quadro 8 – Ilustração das categorias da dimensão “Situação” e respetivos graus de
abertura, do SOCIN-Fitness.
Categorias
Informação
Figura
Grau de abertura
−
Gestos
realizados
pelo
instrutor para informar os
praticantes
sobre
os
exercícios.
Feedback
−
Gestos
realizados
pelo
instrutor
para
ajudar,
corrigir os praticantes ou
avaliar a sua prestação
motora.
Interação
−
Gestos
realizados
pelo
instrutor
especificamente
para encorajar ou interagir
em termos relacionais com
os praticantes, seja de forma
positiva ou negativa.
Organização
Gestos
realizados
pelo
instrutor para gerir materiais
ou organizar os praticantes
no espaço.
Susana Mendes Alves
Nesta categoria codificam-se os gestos para
organizar materiais e/ou praticantes e não a ação
de organizar os materiais e/ou praticantes. Desta
forma, não se codificam os gestos que o instrutor
realiza para segurar, manipular ou colocar o
material num segmento corporal.
76
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Quadro 9 – Ilustração das categorias da dimensão “Exercício” do SOCIN-Fitness.
Categorias
Com Exercício
Figura
O instrutor realiza o exercício.
Sem Exercício
O instrutor não realiza o exercício.
Quadro 10 – Ilustração das categorias da dimensão “Adaptador” do SOCIN-Fitness.
Categorias
Objectual
Figura
Gestos sem intenção comunicativa, mantendo contato com
objetos.
Auto-adaptador
Gestos sem intenção comunicativa, mantendo contato com
diferentes partes do seu corpo.
Hetero- adaptador
Gestos sem intenção comunicativa, mantendo contato com
outras pessoas.
Multi- adaptador
Combinações de vários gestos adaptadores definidos
anteriormente.
Susana Mendes Alves
77
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
3.3.2 Sistema de observação da comunicação proxémica (SOPROXFitness)
Um dos objetivos desta investigação é o desenvolvimento e validação para o
contexto do fitness do sistema de observação SOPROX (Castañer, 2009), originalmente
organizado em 5 dimensões e 16 categorias (Quadro 11).
Quadro 11 – Dimensões e categorias do SOPROX.
Grupo
Topologia
Interação
Macro-grupo Periférica Distanciada
Micro-grupo Central
Integrada
Díade
Contacto táctil
Orientação
À frente
Atrás
Entre
À direita
À esquerda
Transição
Bípede
Sentada
Em locomoção
Em Suporte
3.3.3 Desenvolvimento e validação do SOPROX ao contexto do fitness
Seguidamente são apresentados os dados relativos ao processo de
desenvolvimento e adaptação do SOPROX-Fitness, considerando todas as etapas
metodológicas anteriormente descritas. No final é apresentada a versão final adaptada
ao contexto do fitness, onde se descreve detalhadamente cada uma das suas
categorias e graus de abertura.
3.3.4 Fiabilidade inter-observadores e intra-observador do SOPROX original
Após o treino do observador pelo observador-investigador, de acordo com os
sugestões propostas por Costa (1988), Mars (1989) e Rodrigues (1995), foi feita a
codificação de um vídeo de uma aula de grupo de fitness com o sistema de observação
SOPROX original por ambos, em separado tal como aconselhado por Mars (1989).
Importa referir que o observador-investigador foi o observador que esteve no
processo de desenvolvimento do novo sistema de observação. O quadro 12 apresenta
os valores de concordância entre os dois observadores, para cada uma das categorias
que incorporam o SOPROX original.
Susana Mendes Alves
78
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Quadro 12 - Fiabilidade inter-observadores entre o observador e observadortreinador em cada uma das categorias do SOPROX.
Dimensão
Grupo
Categoria
Macro-grupo
Micro-grupo
Díade
Valor k
.940
*
.835
Erro Padrão
.029
.061
T Aprox.
15.471
8.778
Sig.
.000
.000
Topologia
Periférica
Central
.915
.910
.060
.063
10.629
8.570
.000
.000
Interação
Distanciada
Integrada
Contacto Táctil
.922
.931
*
.054
.049
-
8.218
11.874
-
.000
.000
-
Orientação
À Frente
Atrás
No Meio
À Direita
À Esquerda
.968
.867
.857
.817
*
.018
.090
.138
.101
-
15.428
4.790
3.873
5.177
-
.000
.000
.000
.000
-
Transição
Posição Bípede
Posição Sentada
Locomoção
Suporte
.970
.818
.789
*
.021
.099
.114
-
11.724
5.262
4.912
-
.000
.000
.000
-
* Ambos os observadores não codificaram esta categoria, por ser inexistente, pelo que não pode ser
calculado pela medida de concordância de Kappa de Cohen, embora exista concordância total (100%)
entre os observadores.
De acordo com o quadro anterior, verifica-se a existência de níveis elevados
concordância entre os dois observadores, pois foram obtidos valores superiores a .750
em todas as categorias do SOPROX original, tendo os valores de Kappa variado entre
.789 e .970.
Ambos os observadores não codificaram comportamentos proxémicos nas
categorias de “Micro-grupo”, “Contacto táctil”, “À Esquerda” e “Suporte”, por serem
inexistentes no vídeo analisado, pelo que não pode ser calculado a medida de
concordância de Kappa de Cohen, por ser considerado como constante, embora exista
concordância total (100%) entre os observadores.
Seguidamente foi calculado o valor de Kappa de Cohen, para analisar os níveis
consistência e estabilidade temporal. Para tal, através do visionamento e
subsequentemente codificação de um vídeo de uma aula de grupo de fitness em dois
momentos distintos, com um intervalo de sete dias, para verificar se existe acordo nas
Susana Mendes Alves
79
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
observações realizadas pelo observador-investigador em diferentes ocasiões, como
sugere Mars (1989). Os resultados obtidos podem ser observados no Quadro 13.
Quadro 13 - Fiabilidade intra-observador em cada uma das categorias do SOPROX.
Dimensão
Grupo
Categoria
Macro-grupo
Micro-grupo
Díade
Valor k
.970
*
.808
Erro Padrão
.021
.065
T Aprox.
15.826
8.505
Sig.
.000
.000
Topologia
Periférica
Central
.959
.956
.041
.043
11.109
8.979
.000
.000
Interação
Distanciada
Integrada
Contacto Táctil
.885
.899
*
.065
.058
-
7.921
11.500
-
.000
.000
-
Orientação
À Frente
Atrás
No Meio
À Direita
À Esquerda
.979
.933
.875
.867
*
.015
.065
.121
.091
-
15.518
5.123
3.944
5.533
-
.000
.000
.000
.000
-
Transição
Posição Bípede
Posição Sentada
Locomoção
Suporte
.985
.832
.811
*
.015
.093
.104
-
11.900
5.273
4.942
-
.000
.000
.000
-
* Em ambas as observações não foram registadas ocorrências nesta categoria, pelo que não pode ser
calculada a medida de concordância de Kappa de Cohen, embora exista concordância total (100%) entre
as observações.
Pode-se constatar que foram obtidos valores de Kappa superiores a .750 em
todas as categorias do SOPROX, sendo o valor mínimo de .808 na categoria “Díade” e o
valor máximo .985 na categoria “Posição Bípede”.
O observador, em ambos os momentos, não codificou comportamentos
proxémicos nas categorias de “Micro-grupo”, “Contacto Táctil”, “À Esquerda” e
“Suporte”, por serem inexistentes no vídeo analisado, pelo que não pode ser calculada
a medida de concordância de Kappa de Cohen, por ser considerada como constante,
embora exista concordância total (100%) entre as observações.
Em suma, verificou-se que na testagem das fiabilidades inter-observadores e
intra-observador foram obtidos valores superiores a .750, o que indica a existência de
uma elevada fiabilidade e consistência (Fleiss, 1981) na análise das categorias do
SOPROX original, sustentando o conhecimento prévio e adequado do sistema original.
Susana Mendes Alves
80
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
3.3.5 Aperfeiçoamento do SOPROX para o contexto das atividades de grupo de
fitness
Tal com já foi anteriormente enunciado, o SOPROX foi originalmente
desenvolvido para analisar os comportamentos proxémicos do professor de educação
física no ensino de atividades físico-desportivas (Castañer, 1993). Neste sentido,
aceitando a metodologia proposta por Potrac et al. (2000), o sistema de observação
SOPROX foi adaptado ao contexto das atividades de grupo de fitness, com o objetivo
de aumentar a sua validade e fiabilidade.
Seguindo as recomendações de Kaplan e Saccuzzo (2008), foi constituído um
painel de 4 especialistas, com experiência na metodologia de aperfeiçoamento de
sistemas de observação e/ou experiência de intervenção contexto do fitness, incluído a
autora original do SOPROX (Quadro 14).
Susana Mendes Alves
81
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Quadro 14 - Caracterização da experiência dos especialistas, que aperfeiçoaram o
sistema de observação SOPROX ao contexto das atividades de grupo de fitness.
Especialistas
Formação Académica
Formador no
ensino
superior em
atividades de
grupo de
fitness (anos)
Formador no
ensino
superior em
atividades de
Pedagogia do
Desporto
(anos)
Instrutor
de aula de
grupo de
fitness
(anos)
Metodologia
observacional
(anos)
I
Licenciatura em
Pedagogia; Licenciatura
em Educação Física;
Doutoramento em
Filosofia e Ciências da
Educação
-
25
-
25
II
Licenciatura em Educação
Física; Mestrado em
Ciências da EducaçãoMetodologia da Educação
Física; Doutoramento em
Ciências do Desporto;
Agregação em Pedagogia
do Desporto
-
28
-
28
III
Licenciatura em Ciências
do Desporto; Mestrado em
Exercício e Saúde;
Doutoramento em
Fundamentos
Metodológicos da
Investigação em Atividade
Física e Desporto
13
9
18
9
IV
Licenciatura em DesportoVariante Condição Física;
Mestrado em DesportoEspecialização em
Condição Física e Saúde;
Doutoranda em Ciências
do Desporto
3
-
10
4
Para este propósito de adaptar o SOPROX ao contexto das atividades de grupo
de fitness, o painel de especialistas realizou várias observações piloto de diferentes
atividades de grupo de fitness, designadamente: Step, Localizada, Hidroginástica,
Indoor Cycling e Stretching, tal como sugerido por Tuckman (2002).
Neste processo de adaptação, foram identificadas e afiliadas novas categorias
às respetivas dimensões, redigidas as definições e morfologias e definidos os graus de
abertura (Baesler & Burgoon, 1987).
Susana Mendes Alves
82
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Por conseguinte, após uma detalhada análise e pesquisa bibliográfica,
visionamento de diversos vídeos seguidos de discussões efetuadas no seio do grupo de
desenvolvimento, foram efetuadas por consenso as seguintes adaptações ao sistema
de observação já existente (SOPROX), conforme se resume no Quadro 15.
Quadro 15 – Descrição e justificação das adaptações introduzidas no sistema de
observação SOPROX.
Dimensão: Orientação
Categoria: À Frente
No ensino das atividades de grupo de fitness o instrutor deve estar em frente aos praticantes e no
campo de visão de todos sem exceção, para garantir que a mensagem visual seja transmitida. Assim,
existem situações no processo de ensino-aprendizagem e/ou condicionantes ao nível das instalações
desportivas que obrigam o instrutor a modificar a sua orientação relativamente aos praticantes para
favorecer a aprendizagem dos mesmos. Desta forma, vários são os livros técnicos que abordam os
aspetos didáticos do processo de ensino das atividades de grupo de fitness, que distingue três tipos de
orientações: à frente em correspondente, à frente em espelho e à frente em perfil. Esta distinção da
orientação à frente suportou a divisão desta categoria em três categorias independentes.
À Frente em Espelho
A posição do instrutor à frente em espelho (de frente para os praticantes)
coloca-o num foco atencional e permite uma melhor observação, sobretudo se
a sala não possuir um espelho. Nesta posição os praticantes sentem-se mais
observados, aumentando a sua competência na realização das tarefas motoras.
São vários os motivos pelos quais o instrutor se coloca de frente para os
praticantes: se a instalação desportiva não tiver espelhos na parede frontal;
durante a execução das primeiras repetições, pois é quando se oferece mais
informações verbais e visuais e o praticante necessita de mais atenção;
favorece a transição de informação verbal;
À Frente em
Correspondente
A orientação à frente em correspondente (de costas para os praticantes)
permite criar uma imagem mais clara do movimento, adotando a mesma
referência motora que os praticantes, facilitando a assimilação dos
movimentos. São várias as situações pedagógicas em que o instrutor deve
adotar a posição de costas para os praticantes: aplicação de movimentos com
“voltas”, mudanças de direção e aumento de complexidade; se o instrutor tiver
ao seu dispor um espelho na parte frontal da sala de aula, pois este recurso
permite controlar e observar os praticantes através do espelho; a colocação do
corpo em correspondente pelo instrutor relativamente aos praticantes permite
uma melhor perceção das tarefas motoras e consequentemente e sua
assimilação.
À Frente em Perfil
A orientação do instrutor à frente em perfil relativamente aos praticantes
permite, em alguns casos específicos, uma melhor visualização do exercício que
se pretende realizar, como no caso em que o instrutor pretende dar uma
melhor imagem do alinhamento da coluna vertebral a adotar pelos praticantes.
Posição Bípede com
Exercício
No contexto das atividades de grupo de fitness existem momentos e/ou
atividades em que o instrutor está em posição bípede mas com deslocamento
próprio dos exercícios. Assim, devido à inexistência de uma categoria que
permita a análise desta postura adotada pelo instrutor de aluas de grupo, foi
criada esta nova categoria com a seguinte definição: “O instrutor está em pé
realizando os deslocamentos enquadrados no próprio exercício”.
Dimensão: Transição
Susana Mendes Alves
83
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Posição Fixa Bípede
Na categoria posição fixa bípede analisam-se os momentos em que o instrutor
está em pé sem se deslocar.
Posição Fixa Sentada
Em atividades de grupo como a Ginástica Localizada, o Indoor Cycling e o
Stretching e em atividades de grupo coreografadas (e.g. Step, Aeróbica, e o Hip
Hop, etc;) existem exercícios que são executados na posição fixa sentada pelo
instrutor. Da mesma forma, na atividade de Hidroginástica, o instrutor que se
encontra em meio terrestre necessita por vezes de sentar-se numa cadeira para
poder exemplificar alguns exercícios aos praticantes, os quais se encontram em
meio aquático.
Posição Fixa Dorsal
A posição fixa dorsal é adotada pelo instrutor de atividades de grupo de fitness,
em atividades que na sua essência realizem exercício em posição dorsal como
nas aulas de Localizada, suas variantes e Stretching.
Posição Fixa Ventral
O instrutor de atividades de grupo de fitness, utiliza esta posição corporal em
aulas possuam exercícios que são realizados em posição ventral como nas aulas
de Localizada, suas variantes e Stretching.
Posição Fixa Lateral
A posição fixa lateral é utilizada pelo instrutor em atividades de grupo de
fitness, em atividades onde são realizados exercício em posição lateral como
nas aulas de Localizada e suas variantes e Stretching.
Após a introdução das referidas adaptações ao SOPROX original, a versão
adotada passou a denominar-se SOPROX-Fitness, para especificar que se trata da
versão com as alterações introduzidas, tendo a mesma prosseguido para a fase
seguinte de validação facial por especialistas.
3.3.6 Validação facial do SOPROX-Fitness por especialistas (experts)
Seguindo as recomendações de Brewer e Jones (2002), constituiu-se um painel
composto por 6 especialistas, isto é, 3 especialistas em atividades de grupo de fitness e
3 especialistas em observação sistemática, com o objetivo de por um lado, avaliar se as
dimensões e categorias do SOPROX-Fitness são relevantes e, por outro lado, se as
mesmas permitem a análise da comunicação proxémica do instrutor em atividades de
grupo de fitness, conforme definem Kaplan e Saccuzzo (2008). Os quadros 16 e 17
apresentam a caracterização dos dois grupos de especialistas que realizaram a
validade facial do novo sistema de observação SOPROX-Fitness.
Susana Mendes Alves
84
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Quadro 16 – Caracterização dos especialistas em atividades de grupo de fitness.
Especialistas
F-I
F-II
F-III
Formação Académica
(inicial e pós-graduada)
Licenciatura em Educação Física;
Pós-Graduação em Educação
Física
Licenciatura em Ciências do
Desporto; Pós-graduação em
Treino Desportivo, especialização
em Musculação e Cardiofitness;
Mestrado em Exercício e Saúde;
Doutorando em Motricidade
Humana, especialidade de Saúde
e Condição Física
Licenciatura em Desporto,
variante de Condição Física; Pósgraduação em Exercício e Saúde,
especialização em Atividades de
Grupo e em Treino
Personalizado; Mestrado em
Psicologia do Desporto e
Exercício; Doutorando em
Ciências do Desporto
Instrutor de
atividades de
grupo de
fitness (anos)
Formador no ensino
técnico-profissional
em atividades de
grupo de fitness
(anos)
Formador no
ensino superior
em atividades
de grupo de
fitness (anos)
30
20
30
10
7
11
7
6
9
Quadro 17 - Caracterização dos especialistas em observação sistemática.
Especialistas
Formação Académica
(inicial e pós-graduada)
Experiência em
observação
sistemática
(anos)
Formador no
ensino superior
em aulas
pedagogia do
desporto
(anos)
Formador no
ensino Técnicoprofissional de
Formação de
treinadores
O-I
Licenciatura em Educação Física;
20
20
20
Mestrado em Ciências do
Desporto; Doutoramento em
Ciências do Desporto
O-II
Licenciatura em Educação Física e
15
12
17
Desporto; Mestrado em Gestão
da Formação Desportiva;
Doutoramento em Ciências
Sociais e Humanas-Ciências do
Desporto
O-III
Licenciatura em Ciências do
11
12
12
Desporto; Mestrado em Treino de
Jovens; Doutoramento em
Ciências do Desporto
Licenciatura em Desporto,
10
5
*
variante de Condição Física; Pósgraduação em Exercício e Saúde,
especialização em Atividades de
Grupo e em Treino Personalizado;
Mestrado em Psicologia do
Desporto e Exercício; Doutorando
em Ciências do Desporto
* Este especialista apresenta simultaneamente experiência em atividades de grupo de fitness e em observação. Por
esse motivo, este especialista, encontra-se também caracterizado no quadro dos especialistas em atividades de
grupo de fitness, estando identificado como F-III.
Susana Mendes Alves
85
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Durante as reuniões realizadas com os dois painéis de especialistas foram
registados todos os comentários e sugestões efetuados, os quais são resumidamente
apresentados no Quadro 18.
Quadro 18 – Sugestões realizadas ao SOPROX-Fitness pelos dois painéis de
especialistas.
Categorias
Comentários
Especialistas
Distanciada
Substituir a palavra “ausente” por “abstraído”, devido ao facto
de a palavra “ausente” pressupor a não presença do instrutor,
não sendo esse o significado pretendido na definição desta
categoria.
O - II
Locomoção
Substituir a palavra “movimenta-se” por “circula”, devido ao
facto de a palavra “movimenta-se” poder provocar ameaças à
exclusividade da categoria “Posição Bípede
com
Deslocamento”.
F-I
Realizada a validação facial, com base nos comentários e sugestões efetuados,
o grupo de desenvolvimento do SOPROX-Fitness realizou um 2º conjunto de
adaptações, por consenso geral, as quais resultaram na versão final do Sistema de
Observação da Comunicação Proxémica dos Instrutores de fitness (SOPROX-Fitness), a
qual é composta por 5 dimensões de análise e 23 categorias.
De acordo com a metodologia adotada, esta versão final SOPROX-Fitness terá
ainda de ser submetida às fasees de testagem das fiabilidades inter-observadores e
intra-observador.
Susana Mendes Alves
86
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Quadro 19 – Sistema de observação SOPROX-Fitness.
Dimensão
Grupo: Refere-se ao número
de praticantes para quem o
instrutor comunica.
Categorias
Macro-grupo
Micro-grupo
Código
MAC
MIC
Díade
DIA
Topologia:
Refere-se
à
localização espacial onde o
instrutor se encontra na sala.
Periférica
P
Central
C
Interação: Refere-se à atitude
corporal que indica o grau de
envolvimento do instrutor
com os praticantes para
quem comunica.
Distanciado
DIS
Integrado
INT
Contacto Táctil
CT
À Frente em Espelho
FE
À
Frente
Correspondente
FC
Orientação: Refere-se
à
localização
espacial
do
instrutor relativamente aos
praticantes,
para
quem
comunica.
Transição:
Refere-se
à
postura corporal adotada
pelo instrutor no espaço.
Susana Mendes Alves
em
À Frente em Perfil
FP
Atrás
AT
No Meio
NM
À Direita
DIR
À Esquerda
ESQ
Bípede
com
Deslocamento
Posição Fixa Bípede
PBD
Posição Fixa Sentada
PFS
Posição Fixa Dorsal
PFD
Posição Fixa Ventral
PFV
Posição Fixa Lateral
PFL
Locomoção
LOC
Suporte
SU
PFB
Descrição
Quando o instrutor comunica com toda a classe.
Quando o instrutor comunica com um grupo de
praticantes, mas não com toda a classe.
Quando o instrutor comunica com apenas um
praticante.
O instrutor está localizado na zona periférica da
sala.
O instrutor está localizado na zona central da sala.
Atitude corporal que revela que o instrutor está
ausente do que ocorre na aula, ou que indica uma
separação, quer física quer em termos de olhar ou
atitude, relativamente aos praticantes.
Atitude corporal que revela que o instrutor está
envolvido no que se passa na aula, sem existir
contacto físico com os praticantes.
Atitude corporal que revela que o instrutor está
envolvido no que se passa na aula, existindo
contacto físico com os praticantes.
O instrutor encontra-se à frente dos praticantes,
orientado de frente para o campo de visão dos
praticantes.
O instrutor encontra-se à frente dos praticantes,
orientado de costas relativamente ao campo de
visão dos praticantes.
O instrutor encontra-se à frente dos praticantes,
orientado de lado para estes.
O instrutor encontra-se atrás dos praticantes, fora
do seu campo de visão.
O instrutor encontra-se no meio do espaço
ocupado pelos praticantes.
O instrutor encontra-se numa área à direita dos
praticantes.
O instrutor encontra-se numa área à esquerda dos
praticantes.
O instrutor está em pé realizando os
deslocamentos enquadrados no próprio exercício.
O instrutor está em pé, ou de joelhos, ou agachado,
sem se deslocar, embora possa movimentar os
seus segmentos corporais.
O instrutor está sentado sem se deslocar, embora
possa movimentar os seus segmentos corporais.
O instrutor está deitado dorsal ou em outra posição
dorsal sem se deslocar, embora possa movimentar
os seus segmentos corporais.
O instrutor está deitado ventral ou em outra
posição ventral sem se deslocar, embora possa
movimentar os seus segmentos corporais.
O instrutor está deitado lateral ou em outra
posição lateral sem se deslocar, embora possa
movimentar os seus segmentos corporais.
O instrutor circula pela sala com o objetivo de se
deslocar ao longo do espaço.
O instrutor está encostado a uma estrutura,
material ou pessoa.
87
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
3.3.7 Fiabilidade inter-observadores SOPROX-Fitness
Seguindo os mesmos procedimentos metodológicos adotados aquando do
estudo do sistema original, relativamente ao treino dos observadores (Mars, 1989),
foram calculados os valores de concordância entre os observadores, para testar a
objetividade das definições atribuídas às categorias de comportamentos, de acordo
com a metodologia proposta por Brewer e Jones (2002). Os valores obtidos em uma
das categorias que incorporam o SOPROX-Fitness são apresentados no Quadro 20.
Quadro 20 - Fiabilidade inter-observadores entre o observador e observadortreinador em cada uma das categorias do SOPROX-Fitness.
Dimensão
Categoria
Macro-grupo
Micro-grupo
Díade
Valor
k
.825
.846
.807
Erro
Padrão
.062
.065
.068
T
Aprox.
7.495
6.906
6.981
Grupo
.000
.000
.000
Topologia
Periférica
Central
.767
.866
.096
.053
5.348
8.794
.000
.000
Interação
Distanciada
Integrada
Contacto Táctil
.818
.750
.855
.058
.078
.140
9.142
8.344
3.767
.000
.000
.000
Orientação À Frente em Espelho
À Frente em Correspondente
À Frente em Perfil
Atrás
No Meio
À Direita
À Esquerda
.841
.754
.826
.751
.787
.758
.884
.108
.131
.117
.101
.075
.078
.078
5.912
5.181
4.439
5.115
6.590
6.395
6.411
.000
.000
.000
.000
.000
.000
.000
.810
.089
5.595
.000
.899
.919
.860
.841
.855
.875
*
.044
.039
.051
.053
.080
.060
-
9.084
9.268
8.730
8.558
5.859
7.217
-
.000
.000
.000
.000
.000
.000
-
Transição
Posição
Bípede
Deslocamento
Posição Fixa Bípede
Posição Fixa Sentada
Posição Fixa Dorsal
Posição Fixa Ventral
Posição Fixa Lateral
Locomoção
Suporte
c/
Sig.
* Ambos os observadores não codificaram esta categoria, por ser inexistente, pelo que não pode ser
calculado pela medida de concordância de Kappa de Cohen, embora exista concordância total (100%)
entre os observadores.
Susana Mendes Alves
88
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
O quadro anterior, revela que foram obtidos valores de Kappa superiores a .750
em todas as categorias do SOPROX-Fitness, estando estes valores compreendidos
entre .750 e .919, demonstrando existência de índices elevados de fiabilidade entre os
dois observadores (Fleiss, 1981).
Ambos os observadores não codificaram a categoria “Suporte”, por ser
inexistentes, pelo que não pode ser calculado pela medida de concordância de Kappa
de Cohen, por ser considerado como constante, embora exista concordância total (K =
1) entre os observadores.
Pode-se assim afirmar que, de acordo com os resultados obtidos, as variáveis
do sistema de observação são consistentes e objetivas.
3.3.8 Fiabilidade intra-observador SOPROX-Fitness
Seguidamente foi calculado o valor de Kappa de Cohen, para analisar os níveis
consistência intra-observador para averiguar se existe concordância nas observações
do observador-investigador em diferentes ocasiões.
Desta forma, à semelhança do procedimento anterior foi realizado o
visionamento e subsequentemente codificação de um vídeo de uma aula de grupo de
fitness em dois momentos distintos, com um intervalo de codificação de sete dias. Os
resultados obtidos podem ser observados no Quadro 21.
Analisando o Quadro 21, pode constatar-se que foram obtidos valores de
Kappa superiores a .750 em todas as categorias do SOPROX-Fitness, sendo o valor
mínimo de .766 na categoria “Integrada” e o valor máximo de 1 nas categorias
“Contacto Táctil” “À frente em correspondente”, “Posição Fixa Bípede” e “Posição Fixa
Lateral”.
Em ambos os momentos o observador não codificou a categoria “Suporte”, por
ser inexistente, pelo que a medida de concordância de Kappa de Cohen não pode ser
calculada por ser uma constante, embora exista concordância total (100%) entre o
observador nas duas ocasiões.
Susana Mendes Alves
89
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Quadro 21 - Fiabilidade intra-observador em cada uma das categorias do SOPROXFitness.
Dimensão
Macro-grupo
Micro-grupo
Díade
Valor
k
.916
.908
.875
Erro
Padrão
.047
.052
.054
T
Aprox.
7.803
7.350
7.888
.000
.000
.000
Topologia
Periférica
Central
.966
.945
.033
.037
8.832
9.034
.000
.000
Interação
Distanciada
Integrada
Contacto Táctil
.865
.766
1
.051
.084
.000
9.749
7.787
4.583
.000
.000
.000
Orientação À Frente em Espelho
À Frente em Correspondente
À Frente em Perfil
Atrás
No Meio
À Direita
À Esquerda
.941
1
.905
.933
.900
.959
.901
.058
.000
.053
.044
.098
.028
.068
6.683
5.292
7.44
8.740
4.786
9.648
6143
.000
.000
.000
.000
.000
.000
.000
.815
.071
6.791
.000
1
.950
.968
.936
1
.845
*
.000
.050
.032
.044
.000
.066
-
10.050
6.449
7.926
7.679
4.359
7.001
-
.000
.000
.000
.000
.000
.000
-
Grupo
Transição
Categoria
Posição
Bípede
Deslocamento
Posição Fixa Bípede
Posição Fixa Sentada
Posição Fixa Dorsal
Posição Fixa Ventral
Posição Fixa Lateral
Locomoção
Suporte
c/
Sig.
* Em ambas as observações não foram registadas ocorrências nesta categoria, pelo que não pode ser
calculada a medida de concordância de Kappa de Cohen, embora exista concordância total (100%) entre
as observações.
.
Em suma, verifica-se uma elevada consistência na análise das categorias do
SOPROX-Fitness, considerando-se assim que o observador, independentemente do
momento, observa e codifica sempre da mesma forma, ou seja, com elevada
fiabilidade, já que todos os valores foram superiores a .75 (Fleiss, 1981).
3.3.9 Ilustração das categorias da versão final SOPROX-Fitness
Após o cumprimento de todos os procedimentos metodológicos definidos para
o desenvolvimento e validação do Sistema de Observação da Comunicação Proxémica
Susana Mendes Alves
90
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
dos Instrutores de fitness (SOPROX-Fitness), o qual permite a análise da comunicação
proxémica dos instrutores de atividades de grupo de fitness, aquando da sua atuação
profissional, será seguidamente ilustrada cada uma das 23 categorias definidas
(Quadros 22-26).
Quadro 22 – Ilustração das categorias da dimensão “Grupo” do SOPROX-Fitness.
Categorias
Figuras
Macro-grupo
Quando o instrutor comunica com toda a classe
Micro-grupo
Quando o instrutor comunica com um grupo de praticantes,
mas não com toda a classe
Díade
Quando o instrutor comunica com apenas um praticante.
Susana Mendes Alves
91
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Quadro 23 – Ilustração das categorias da dimensão “Topologia” do SOPROX-Fitness.
Categorias
Figuras
Periférica
O instrutor está localizado na zona periférica da sala.
Central
O instrutor está localizado na zona central da sala
Quadro 24 – Ilustração das categorias da dimensão “Interação” do SOPROX-Fitness.
Categorias
Figuras
Distanciado
Atitude corporal que revela que o instrutor está ausente do
que ocorre na aula, ou que indica uma separação, quer física
quer em termos de olhar ou atitude, relativamente aos
praticantes.
Integrado
Atitude corporal que revela que o instrutor está envolvido no
que se passa na aula, sem existir contacto físico com os
praticantes.
Contacto Táctil
Atitude corporal que revela que o instrutor está envolvido no
que se passa na aula, existindo contacto físico com os
praticantes.
Susana Mendes Alves
92
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Quadro 25 – Ilustração das categorias da dimensão “Orientação” do SOPROX-Fitness.
Categorias
Figuras
À Frente em Espelho
O instrutor encontra-se à frente dos praticantes, orientado de
frente para o campo de visão dos praticantes.
À Frente em Correspondente
O instrutor encontra-se à frente dos praticantes, orientado de
costas relativamente ao campo de visão dos praticantes.
À Frente em Perfil
O instrutor encontra-se à frente dos praticantes, orientado de
lado para estes.
Atrás
O instrutor encontra-se atrás dos praticantes, fora do seu
campo de visão.
No meio
O instrutor encontra-se no meio do espaço ocupado pelos
praticantes.
À direita
O instrutor encontra-se numa área à direita dos praticantes
À esquerda
O instrutor encontra-se numa área à esquerda dos praticantes.
Susana Mendes Alves
93
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Quadro 26 – Ilustração das categorias da dimensão “Transição” do SOPROX-Fitness.
Categorias
Figuras
Bípede com Deslocamento
O instrutor está em pé realizando os deslocamentos
enquadrados no próprio exercício.
Posição Fixa Bípede
O instrutor está em pé, ou de joelhos, ou agachado, sem se
deslocar, embora possa movimentar os seus segmentos
corporais.
Posição Fixa Sentada
O instrutor está sentado sem se deslocar, embora possa
movimentar os seus segmentos corporais.
Posição Fixa Dorsal
O instrutor está deitado dorsal ou em outra posição dorsal sem
se deslocar, embora possa movimentar os seus segmentos
corporais.
Posição Fixa Ventral
O instrutor está deitado ventral ou em outra posição ventral
sem se deslocar, embora possa movimentar os seus
segmentos corporais.
Posição Fixa Lateral
O instrutor está deitado lateral ou em outra posição lateral
sem se deslocar, embora possa movimentar os seus
segmentos corporais.
Locomoção
O instrutor circula pela sala com o objetivo de se deslocar ao
longo do espaço.
Susana Mendes Alves
94
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Suporte
O instrutor está encostado a uma estrutura, material ou
pessoa.
3.4 PROCEDIMENTOS
3.4.1 Procedimentos de recolha dos dados
No processo de recolha de dados foram adotados um conjunto de
procedimentos tidos como relevantes para o cumprimento dos valores de rigor e ética
que devem conduzir a investigação científica. Seguidamente são apresentados cada
um desses procedimentos na Figura 12.
1ª Fase: Realização de uma pré-seleção de instrutoras de fitness licenciadas há mais de 5 anos, com
recurso a uma base de dados de técnicos formados na Escola Superior de Desporto de Rio Maior no
Curso de Condição Física e Saúde no Desporto, assegurando assim o cumprimento dos critérios de
inclusão definidos relativamente ao tipo de formação inicial da amostra.
2ª Fase: As instrutoras foram contactadas via telefone e questionadas sobre se no presente
momento estariam a lecionar algumas das atividades de grupo em análise neste estudo (i.e Step,
Localizada, Indoor Cycling e Hidroginástica). Em caso de resposta afirmativa, foi solicitada a sua
colaboração neste estudo, após explicação sobre os objetivos do mesmo e procedimentos de recolha
de dados.
3ª Fase: Foram solicitados, aos instrutores, os dados relativos ao ginásio onde trabalhavam, como o
nome, morada, nº de telefone, e responsável para, seguidamente, ser enviada uma carta de pedido
de autorização onde constava uma breve explicação sobre o objetivo do estudo, o nome da
instrutora que iria ser filmada e identificada a respetiva atividade, bem como os procedimentos de
recolha, esclarecendo que seria assegurado o normal funcionamento do ginásio.
4ª Fase: Nos casos em que se obteve autorização por parte da entidade acolhedora (Anexo D), bem
como do instrutor e respetivos praticantes, procedeu-se à marcação do dia e hora das recolhas dos
vídeos.
Figura 12 – Síntese dos procedimentos adotados ao longo do processo de recolha
de dados.
Susana Mendes Alves
95
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
No próprio dia da realização das filmagens foram também tidos em consideração
alguns procedimentos importantes para a garantia da qualidade dos dados recolhidos.
Assim, em cada recolha estiveram sempre presentes pelo menos 2 assistentes, os
quais treinaram previamente todos os procedimentos a realizar durante as recolhas,
conforme se apresentam resumidamente na Figura 13.
O material necessário foi preparado e montado com pelo menos 15 minutos de antecedência
relativamente ao horário de início das aulas, de forma a não perturbar o normal funcionamento das
mesmas. Foi montado um tripé, para apoio da câmara de vídeo utilizada, num ponto estratégico da
sala de forma a conseguir o melhor ângulo para a gravação do instrutor sem interferir no
comportamento do mesmo.
Antes do início de cada aula, foi feito um novo pedido de permissão aos praticantes, de modo verbal,
para realizar as gravações em vídeo, sendo mais uma vez explicado qual o âmbito desta investigação
e os seus pressupostos éticos de garantia de confidencialidade e de reserva na utilização das
filmagens, as quais iriam incidir essencialmente no estudo do instrutor.
Foi colocado o microfone de lapela no instrutor que ia ser filmado, o qual transmite o som
directamente para a câmara de filmar via Bluetooth, ficando assim registada a voz do instrutor
simultaneamente com o som ambiente e imagem captada. Durante a gravação os elementos da
equipa de filmagem seguiram sempre o instrutor com a câmara, acompanhando os seus
comportamentos ao longo de toda a aula.
Após o término da aula todo o material foi novamente desmontado e guardado, sendo agradecida a
colaboração dos praticantes, instrutores e responsáveis da entidade, aos quais foi facultado os
contactos institucionais dos investigadores responsávies, para qualquer esclarecimento adicional.
Figura 13 – Síntese dos procedimentos adotados nas filmagens dos instrutores.
Após a realização das filmagens, os vídeos foram transferidos para o disco
rígido de um computador para análise e codificação.
Susana Mendes Alves
96
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
3.4.2 Procedimentos de codificação
A análise e codificação dos vídeos foram realizadas com recurso ao programa
informático Lince®. Este novo programa integra uma ampla gama de funções como a
codificação, a gravação dos dados observados, a análise da qualidade dos dados e
ainda, a análise dos dados em formatos específicos pois permite que sejam
diretamente exportados para várias aplicações (Gabín et al., 2012). Desta forma, foi
registada a ocorrência de cada comportamento observado sempre que os instrutores
efetuavam um gesto realizado com a mão, antebraço, braço e cabeça com e sem
intenção comunicativa.
Na Figura 14, é demonstrada a janela de trabalho do Lince® onde foram
visionados e codificados os vídeos.
Figura 14 – Janela de trabalho do programa informático LINCE® onde foram
visionados e codificados os vídeos.
Antes de se proceder à codificação dos vídeos foi definido o início e o término
das aulas, de forma a uniformizar o processo de codificação. Esta necessidade deveuse ao facto de existirem aulas em que o instrutor e/ou os praticantes entraram para as
salas antes do horário previsto para, por exemplo, socializar, colocar alguns materiais
ou mesmo para ocupar os lugares onde se sentem mais confortáveis, sendo que tais
Susana Mendes Alves
97
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
situações podem também acontecer no final da aula. Por esse motivo, foi considerado
que a aula se iniciava quando o instrutor colocava a música e/ou se dirigia para os
praticantes com o objetivo de iniciar a prática da atividade, dizendo por exemplo:
“Vamos iniciar”, “Vamos começar”, “Vamos a isso”. Seguindo o mesmo pressuposto,
foi considerado que aula terminava quando o instrutor se dirigia aos praticantes
através do uso de expressões como “Por hoje é tudo”, “Muito obrigada por terem
vindo”, e/ou batia palmas e/ou desligava a música.
3.5 TÉCNICAS ESTATÍSTICAS APLICADAS NO TRATAMENTO DOS DADOS
Para a consecução de cada um dos objetivos que estruturam esta investigação
foram utilizadas diferentes técnicas estatísticas, em função dos respetivos requisitos
metodológicos.
3.5.1 Análise descritiva dos dados
No que diz respeito ao estudo piloto, para a análise dos comportamentos
cinésicos dos instrutores, foram calculadas as frequências absolutas e as frequências
relativas, em percentagem, das ocorrências de cada comportamento definido nos
sistemas de observação e utilizadas técnicas de estatística descritiva (i.e. média, desvio
padrão, máximo, mínimo)
3.5.2 Análise comparativa dos dados
De acordo com Pestana e Gageiro (2008) e Maroco (2007), para que se possam
utilizar testes paramétricos existem dois pressupostos fundamentais:
1) que as variáveis dependentes possuam uma distribuição normal, podendo este
pressuposto ser verificado pelo teste de Shapiro-Wilk (S-W), aconselhado para
amostras com um n < 50 (um valor de p significativo indica que a distribuição
não é normal);
Susana Mendes Alves
98
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
2) que as variâncias populacionais sejam homogéneas, caso se estejam a
comparar duas ou mais amostras, sendo este pressuposto verificado pelo teste
de Levene (um valor de p significativo mostra que são homogéneas).
Quando estes dois pressupostos não são cumpridos deve-se equacionar a
utilização de testes estatísticos não-paramétricos em alternativa. Assim sendo, foi
analisada previamente a normalidade da distribuição e homogeneidade de variância
de todas as categorias de comportamento cinésico (Quadro 27) e proxémico (Quadro
28), para ambos dos grupos de instrutores estagiários e experientes.
Quadro 27 – Análise dos pressupostos de normalidade de distribuição e
homogeneidade de variância dos resultados obtidos através do SOCIN-Fitness.
Estagiários
Ass.
Ach.
S-W
(p)
-0.34 -0.56
.07
0.34 -0.56
.07
-0.58
0.58
-0.17
-0.17
.19
.19
.16
.16
Morfologia Técnico
Social
Numérico
Deítico
Pictográfico
Cinetográfico
Espacial
Rítmico
Batuta
1.05
-0.24
0.91
-0.04
0.89
0.40
0.67
0.40
0.72
-0.46
-0.88
-0.29
-0.64
0.15
-0.67
-0.40
-0.92
-0.10
.00
.18
.00
.88
.01
.11
.01
.04
.06
0.45
0.05
0.72
0.19
0.47
0.50
0.82
0.95
0.52
-0.78
-0.01
.015
-0.49
-0.63
-0.31
0.33
-0.26
-0.20
.11
.99
.05
.93
.13
.39
.00
.00
.29
.00
.02
.06
.04
.02
.89
.01
.74
.00
Situação
Informação
Feedback
Interação
Organização
0.30
0.28
0.48
0.42
-0.20
-0.03
0.12
-0.97
.58
.91
.29
.00
-0.14
0.15
0.55
1.05
-0.03
-0.19
-0.74
0.87
.99
.96
.02
.00
.03
.17
.39
.00
Exercício
Com Exerc.
Sem Exerc.
0.16
-0.16
-0.95
-0.95
.48
.48
0.04
-0.04
-0.58
-0.58
.62
.62
.69
.69
2.09
0.52
-
3.19
-1.67
-
.00
.00
-
1.99
0.10
6.08
2.84
-1.94
37.00
.00
.00
.19
.89
.54
.05
Dimensão
Função
Categoria
Regulador
Ilustrador
Adaptador Objetual
Auto
Hetero
Multi
Experientes
Ass. Ach. S-W (p)
Lev.
(p)
Legenda: Ass. = Assimetria; Ach. = Achatamento; S-W (p) = nível de significância do teste de Shapiro
Wilk; Lev. (p) = nível de significância do teste de Levene.
Susana Mendes Alves
99
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Quadro 28 – Análise dos pressupostos de normalidade de distribuição e homogeneidade
de variância dos resultados obtidos em através do SOPROX-Fitness.
Grupo
Macro-grupo
Micro-grupo
Díade
Estagiários
Ass. Ach. S-W (p)
-0.24 -0.69
.44
1.23 -0.25
.00
0.29 -0.60
.26
Topologia
Periférica
Central
-0.54
0.54
Dimensão
Categoria
Experientes
Ass. Ach. S-W (p)
-0.21 -0.96
.22
0.65 0.69
.11
0.25 -0.84
.19
Lev.
(p)
.01
.00
.01
-0.36
-0.36
.17
.17
-0.83
0.83
0.17
0.17
.02
.02
.06
.06
Distanciada
Integrada
Contacto
Táctil
Orientação Frente
Espelho
Frente Corres.
Frente Perfil
Atrás
No Meio
Direita
Esquerda
1.60 1.42
-2.80 10.28
3.46 15.04
.00
.00
.00
3.28
-1.81
2.10
11.67
2.72
4.48
.00
.00
.00
.38
.00
.01
0.05
-0.38
.90
0.54
-.34
.05
.33
0.66
0.74
1.00
0.99
0.85
0.77
-0.66
-0.48
-0.66
0.38
-0.46
-0.41
.01
.01
.00
.01
.00
.00
0.45
0.13
0.20
1.00
0.22
0.88
-.31
-.49
-.56
0.29
-0.61
1.05
.38
.79
.19
.00
.32
.09
.00
.00
.00
.01
.00
.00
Transição
0.63
0.17
0.59
0.85
1.47
1.38
0.80
-
1.07
-0.06
2.00
0.38
2.05
2.95
0.96
-
.13
.99
.07
.06
.00
.00
.14
-
1.17
-0.01
0.99
0.63
0.35
0.15
1.43
-
1.55
-0.62
1.16
-0.49
-0.15
-0.91
4.03
-
.01
.44
.03
.03
.76
.07
.00
-
.61
.39
.00
.00
.00
.00
.00
-
Interação
P. B. Desloc.
P.F. Bípede
P.F. Sentado
P.F. Dorsal
P.F. Ventral
P.F. Lateral
Locomoção
Suporte
Legenda: Ass. = Assimetria; Ach. = Achatamento; S-W (p) = nível de significância do teste de Shapiro Wilk; Lev.
(p) = nível de significância do teste de Levene.
Nessas análises foi possível verificar que algumas das categorias de
comportamento não cumpriam estes dois pressupostos. Por essa razão, foi utilizado o
teste não paramétrico “U” de Mann-Whitney para a comparação das médias obtidas
entre dois grupos (i.e. instrutores experientes vs estagiários). Na análise comparativa
entre as quatro atividades de fitness examinadas foi utilizado e o teste não
paramétrico de Kruskal Wallis, o qual, de acordo com Maroco (2010) é indicado para as
comparações entre três ou mais amostras independentes.
Susana Mendes Alves
100
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Para identificar entre que atividades realmente ocorreram as diferenças
significativas apontadas no teste Kruskal Wallis, aplicou-se o teste post hoc não
paramétrico de Dunn, o qual aplica a correção de Bonferroni. Esta correção reduz o
nível de significância adotado nas comparações múltiplas entre pares de médias de
amostras independentes, compensando assim o aumento da probabilidade de
ocorrência do erro de tipo I que está associado a este procedimento (Maroco, 2010).
Todas as análises estatísticas foram realizadas com recurso ao programa estatístico
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.
3.5.3 Análise dos padrões temporais de comportamento
Os padrões temporais de comportamento foram detetados pelo programa
informático Theme 5.0 (Magnusson, 2000, 2005).O Theme utiliza um algoritmo único
de deteção de padrões-T que foi desenhado especialmente para a investigação
comportamental, ao longo de duas décadas (Magnusson, 1996, 2000). A obtenção dos
padrões-T baseia-se na relação temporal entre os comportamentos e na complexidade
da sua estrutura.
Assim, o algoritmo desenvolvido por Magnusson (1996) deteta os padrões-T em
dois processos distintos. O primeiro relaciona-se com a análise do intervalo crítico de
relação temporal entre os diferentes comportamentos, com base na estrutura fixa da
sua ordem de ocorrência e da similar distância temporal entre cada padrão detetado.
Este processo de identificação está representado graficamente na Figura 15.
Figura 15 – Representação Esquemática de um padrão temporal
(Magnusson, 1996, 2000).
Susana Mendes Alves
101
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
Na parte de superior da figura estão representados os comportamentos
ocorridos ao longo do tempo. Na linha de baixo, representado com letras minúsculas,
estão os comportamentos a,b,c,d que estavam “ocultos” no meio de outros
comportamentos w,k sem ligação entre si. Como refere Magnusson (2000), quando
um determinado comportamento “a” antecede um comportamento “b” e mais tarde,
após nova ocorrência de “a” voltar a ocorrer o “b” num determinado intervalo de
tempo, a probabilidade de isso ocorrer por factores aleatórios é diminuta. A relação
temporal ente “a” e ”b” é definida como “intervalo crítico”, que está na base dos
algoritmos de deteção de padrões de comportamento. Ou seja, estes algoritmos têm
em consideração a ordem e o tempo em que os comportamentos se sucedem.
O segundo processo, relaciona-se com o conceito de competição entre os
padrões-T mais completos (Magnusson, 2000, 2005). Nesta fase, os padrões que são
versões menos completas de outros padrões são eliminados. Por exemplo, dados os
padrões x e y (x = ABD e y = ABCD; em que C não ocorre em x), se todos os eventos que
ocorrem em x também estão presentes em y, então x é considerado um padrão
incompleto de y e por essa razão é eliminado automaticamente da análise pelo
programa Theme, por se considerar que não acrescenta nenhuma informação
adicional (Magnusson, 2000). Este mecanismo assegura que apenas os padrões mais
completos constituem o resultado do processo de deteção.
Estes dois processos de deteção dos padrões-T, presentes no algoritmo
desenvolvido por Magnusson (1996), são extremamente importantes quando se
procura analisar padrões que estão integrados em comportamentos complexos.
Ambos os processos assentam na extensiva repetição de algumas operações
computacionais simples que envolvem apenas a teoria bonominal de probabilidade,
fazendo com que os resultados obtidos através deste algoritmo sejam relativamente
transparentes (Magnusson, 2000).
Susana Mendes Alves
102
METODOLOGIA
CAPÍTULO III
3.6 REFERÊNCIAS
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108
Capítulo IV
4 ESTUDO 1 – Sistema de Observação da Comunicação
Proxémica do Instrutor de Fitness (SOPROX-Fitness):
Desenvolvimento, Validação e Estudo Piloto
RESUMO
Este estudo foi realizado com o propósito de desenvolver e validar o Sistema de Observação
da Comunicação Proxémica do Instrutor de Fitness, assim como realizar uma aplicação piloto
do mesmo. No processo de desenvolvimento e validação do novo sistema de observação
foram consideradas cinco fases sequenciais. No final deste processo foi estabelecida a
validade e fiabilidade de 5 dimensões e 23 categorias de comportamento proxémico dos
instrutores, criando-se a versão final deste sistema de observação. Esta versão do sistema foi
aplicada num estudo piloto a uma amostra de 12 instrutores de fitness de quatro atividades
de grupo distintas. Os resultados indicam que o comportamento proxémico dos instrutores
pode ser codificado com recurso ao Sistema de Observação da Comunicação Proxémica do
Instrutor de Fitness, tendo sido realizada uma análise comparativa acerca da sua intervenção
nas diversas atividades, ainda que com uma amostra reduzida.
Palavras-chave: comportamento, comunicação não-verbal, exercício, aptidão física
ABSTRACT
The purpose of this study was to develop and validate the Observational System for the
Proxemic Communication of the Fitness Instructor, as well as conduct a pilot application of
the same. During the development and validation process of the new observation system it
was employed five sequential phases. At the end of this process, it was established the
validity and reliability of 5 coding dimensions and 23 categories of instructor kinesics
behavior to create the final version of the observational system. This version of the
observational system was applied in a pilot study conducted in a sample of 12 fitness
instructors from four different group-exercise classes. The results indicated that instructor
proxemics behavior could be feasibly coded, with the Observational System for the Proxemic
Communication of the Fitness Instructor, having been held a comparative analysis about its
intervention in the various activities, albeit with a small sample size.
Key words: behavior, nonverbal communication, exercise, physical fitness
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
4.1 INTRODUÇÃO
A comunicação não-verbal, enquanto “todos os aspetos da comunicação que
vão para além das palavras ditas ou escritas” (Knapp & Hall, 2010, p. 32), integra
diferentes subdomínios de expressão. Um desses subdomínios é o da comunicação
proxémica, definida inicialmente por Hall (1963) como sendo o estudo da utilização e
perceção do espaço físico durante as interações com os outros. De acordo com Knapp
e Hall (2010) é possível identificar quatro tipos de distâncias sociais: 1) distância íntima
(0 - 45 cm) – que permite o contato físico para abraçar, tocar ou sussurrar; 2) distância
pessoal (45 - 120 cm) – utilizada durante a interação com amigos próximos; 3)
distância social (1.2 - 3.5 m) – utilizada durante a interação entre conhecidos,
impossibilitando o toque; 4) distância pública (acima de 3.5 m) – utilizada para falar em
público, estando o individuo situado fora do círculo mais imediato das restantes
pessoas, conforme visto em conferências.
Tendo em conta este referencial teórico, este estudo centra-se na análise da
comunicação proxémica dos instrutores de fitness em contexto real de ensino das
atividades grupo. O interesse por esta temática nasce de uma necessidade sentida no
“terreno”, já que os instrutores estão grande parte do tempo em comunicação
(Franco, Rodrigues, & Balcells, 2008) em condições onde a deslocação pelo espaço e a
proximidade física e emocional com os praticantes são por vezes difíceis de
operacionalizar (e.g. salas grandes; vários praticantes). Esta dificuldade representa um
verdadeiro desafio para os instrutores levando-os a modificar a sua localização no
espaço com frequência. Por exemplo, o instrutor pode posicionar-se à frente da classe
com o intuito de dar instrução ao grupo, colocando-se a uma distância de carácter
pessoal e social relativamente aos praticantes. No entanto, durante o controlo da
execução dos exercícios, o instrutor pode deslocar-se ao longo da sala e interagir a
uma distância próxima com algum praticante, no sentido de dar um feedback
individualizado. As diferentes relações espaciais estabelecidas podem assim ser
planeadas como parte da estratégia de ensino, contribuindo para uma melhor
comunicação e, consequentemente, eficácia do processo de ensino.
Susana Mendes Alves
110
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
Dos poucos estudos encontrados sobre a comunicação proxémica no contexto
de ensino, destacam-se os realizados recentemente por Castañer, Camerino, Anguera
e Jonsson (2010, 2011) em professores de educação física. Nestes estudos, com
recurso ao sistema de observação da comunicação proxémica (SOPROX) desenvolvido
para o contexto do ensino da educação física, foi possível verificar que os professores
de educação física inexperientes nem sempre fazem um uso eficiente do espaço de
ensino, posicionando-se no centro dos alunos quando a atividade é realizada para a
classe em geral ou é direcionada para pequenos grupos, ao passo que os professores
experientes se posicionam na periferia.
A existência de uma ferramenta de observação desta natureza, adaptada para o
contexto das aulas de grupo de fitness, poderá ser utilizada para a autoanálise dos
instrutores, permitindo a melhoria do seu processo comunicativo. Esta ferramenta
poderá também ser utilizada no desenvolvimento de investigações futuras que
identifiquem
os comportamentos caraterísticos dos instrutores experientes,
permitindo dessa forma, como referem Farrington-Darby e Wilson (2006), a
aprendizagem dos instrutores menos experientes.
Tendo em conta estas preocupações e considerando a importância da
comunicação proxémica no contexto das aulas de grupo de fitness, este estudo
objetivou o desenvolvimento e validação de um sistema de observação que avalie a
comunicação proxémica dos instrutores de atividades de grupo, assim como a
realização de uma aplicação piloto deste novo sistema de observação.
Considerando a natureza diferenciada destes dois objetivos, iremos na secção
destinada ao método descrever as fases de desenvolvimento e validação do sistema de
observação em conjunto com os resultados obtidos em cada fase, por se considerar
que ajudará a compreensão de cada procedimento utilizado, seguindo a mesma opção
adotada noutros estudos com o mesmo objetivo (Costa, Garganta, Greco, Mesquita, &
Maia, 2011; Cushion et al., 2012; Hernández Mendo, Díaz Martínez, & Morales
Sánchez, 2010; Prudente, Garganta, & Anguera, 2004). Após a apresentação do
desenvolvimento do sistema de observação prosseguimos com a apresentação da
metodologia e dos resultados do estudo piloto.
Susana Mendes Alves
111
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
4.2 MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DO SISTEMA DE
OBSERVAÇÃO
4.2.1 As cinco fases de desenvolvimento e validação do sistema de observação
Para o desenvolvimento e validação do SOPROX-Fitness partiu-se do sistema de
sistema de observação da comunicação proxémica (SOPROX) desenvolvido para o
contexto do ensino da educação física (Castañer, Camerino, Anguera, & Jonsson, 2010,
2011). No desenvolvimento e validação de um sistema de observação é essencial que a
metodologia adotada seja transparente (Cushion, Harvey, Muir, & Lee, 2012). Desta
forma, o processo de desenvolvimento e validação do SOPROX-Fitness foi realizado de
acordo com as cinco fases propostas na metodologia de Brewer e Jones (2002), as
quais têm sido aplicadas no desenvolvimento e validação de sistemas de observação
no contexto desportivo (Cushion et al., 2012; Ford, Yates, & Williams, 2010) e no
contexto do fitness (Franco, Rodrigues, & Balcells, 2008).
Fase 1: Treino dos observadores e testagem da fiabilidade inter e intra-observador
relativamente ao sistema de observação original
Esta fase teve como objetivo assegurar que quem adaptou o instrumento o
conhece na íntegra na sua versão original, demonstrando a consolidação de conceitos,
procedimentos e metodologia inerente ao sistema de observação. Assim, foram
visionadas as aulas de três instrutores de fitness codificadas com recurso ao sistema
inicial de observação da comunicação proxémica, desenvolvido e validado para o
contexto da educação física (Castañer et al., 2010, 2011) e testadas as fiabilidades inter
e intra-observadores através do cálculo do índice de concordância Kappa de Cohen
(Cohen, 1960). Tendo em conta que o treino inicial do observador é importante para
determinar a fiabilidade e objetividade de um instrumento de observação sistemática
(Brewer & Jones, 2002) foi adotada a metodologia de treino de observadores proposta
por Mars (1989). Os valores de Kappa obtidos nesta fase ficaram compreendidos entre
.789 e 1 para a fiabilidade inter-observadores e .808 e 1 na fiabilidade intraobservadores, indicando excelentes índices de concordância (Fleiss, 1981) e
sustentando a existência de um conhecimento prévio adequado do sistema original.
Susana Mendes Alves
112
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
Fase 2: Aperfeiçoamento do sistema de observação para o contexto das aulas de grupo
de fitness
De acordo com Potrac, Brewer, Jones, Armour e Hoff (2000), os sistemas de
observação devem ser ajustados ao contexto específico de atuação para aumentar a
sua validade e fiabilidade. Assim, seguindo as recomendações de Tuckman (2002),
foram realizadas várias observações piloto em diferentes atividades de grupo com o
SOPROX. A partir destas observações iniciais verificou-se a necessidade de proceder a
adaptações. Desta forma, na dimensão que se refere à localização espacial do instrutor
relativamente aos praticantes para quem comunica (i.e. Orientação), verificou-se a
necessidade de acrescentar algumas categorias, já que os instrutores colocam-se à
frente orientados de frente e no campo de visão dos praticantes (i.e. frente em
espelho), à frente orientados de costas e no campo de visão dos praticantes (i.e. frente
em correspondente) e à frente orientados de perfil mas no campo de visão dos
praticantes (i.e. frente em perfil), tendo-se mantido as restantes orientações
contempladas no sistema de observação original, designadamente, atrás, no meio, à
direita e à esquerda dos praticantes para quem comunicam. Ao nível da dimensão que
se refere à postura corporal adotada pelo instrutor no espaço (i.e. Transição),
verificou-se que os instrutores adotam a posição bípede mas de forma diferenciada, ou
seja, de uma forma fixa (i.e. Posição Fixa Bípede) ou em deslocamento no espaço (i.e.
Posição Bípede com Deslocamento). Verificou-se também que os instrutores adotam
posições fixas do tipo deitado dorsal, ventral e lateral. Esta diversidade de posições
corporais advém das caraterísticas dos exercícios que são efetuados nas várias
atividades de grupo existentes no contexto do fitness. Na inclusão destas novas
categorias de análise, foram seguidos os pressupostos metodológicos propostos por
Baesler e Burgoon (1987), ou seja, a identificação e afiliação das categorias às
respetivas dimensões, bem como a enunciação das definições, morfologias e graus de
abertura.
Fase 3: Validação facial do novo sistema de observação por especialistas
Um instrumento tem validade facial quando as suas dimensões e categorias
aparentam ser relevantes e estão de acordo com o propósito do teste (Brewer &
Jones, 2002; Kaplan & Saccuzzo, 2008). Desta forma, após as revisões efetuadas nas
Susana Mendes Alves
113
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
fases anteriores, o sistema de observação foi submetido a dois painéis de especialistas
para um processo de revisão independente. Um dos painéis foi constituído por três
especialistas em observação sistemática (i.e. três docentes do ensino superior com o
doutoramento realizado na área da observação) sendo o outro painel constituído por
três especialistas em atividades de grupo de fitness (i.e. instrutores de fitness com mais
de 10 anos de experiência na lecionação de aulas de grupo e ligados à formação
superior de instrutores de fitness). Seguindo as recomendações de Brewer e Jones
(2002), foram colocadas a ambos os painéis as seguintes questões: i.) “Existe algum
elemento importante que tenha sido omisso nas categorias de comportamentos?”; ii.)
“Existe algum elemento que não seja importante que tenha sido erradamente incluído
nas categorias de comportamentos?”; iii.) “O conjunto de elementos descritos reflete
os comportamentos proxémicos dos instrutores de fitness nas aulas de grupo?”.
Todos os especialistas validaram o sistema de observação, tendo no entanto
feito algumas sugestões de melhoria. A partir das sugestões dadas pelos especialistas,
foram
corrigidas
questões
semânticas
nalgumas
definições
de
categorias,
nomeadamente: na categoria “Distanciado” da dimensão “Interação” a palavra
“ausente” foi substituída por “abstraído”, devido ao facto de a palavra “ausente”
pressupor a não presença do instrutor; na categoria “Locomoção” da dimensão
“Transição” a palavra “movimenta-se” foi substituída por “circula”, uma vez que a
palavra “movimenta-se” poderia provocar ameaças à exclusividade da categoria
“Posição Bípede com Deslocamento”. Importa referir que estas alterações foram
introduzidas por consenso geral do grupo de desenvolvimento.
Fase 4: Fiabilidade inter-observadores relativamente ao novo sistema de observação
Esta fase pressupõe o teste da objetividade das definições atribuídas às
categorias de comportamentos, de acordo com a metodologia proposta por Brewer e
Jones (2002) e que têm sido comummente utilizada em estudos que visam o
desenvolvimento e validação de sistemas de observação (Costa et al., 2011; Gorospe,
Hernández Mendo, Anguera, & Martínez de Santos, 2005; Hernández Mendo et al.,
2010; Hernández Mendo, Montoro Escaño, Reina Gómez, & Fernández García, 2012).
Desta forma, pretendeu-se testar a consistência das observações, ou seja, verificar se
diferentes observadores codificam os mesmos comportamentos observados nas
Susana Mendes Alves
114
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
mesmas categorias. Para tal, dois observadores treinados de acordo com a
metodologia de Mars (1989) efetuaram separadamente a respetiva codificação de um
vídeo de aulas de grupo de fitness, de forma a não existir acesso aos registos de
ambos. No seguimento deste processo, para cada categoria, foi calculado o índice de
concordância através do teste Kappa de Cohen (Cohen, 1960). Em todas as categorias
registaram-se valores de Kappa superiores a .750, variando entre .750 e 1. Estes
valores revelam a existência de níveis elevados de fiabilidade inter-observadores
(Fleiss, 1981), indicando que as variáveis do sistema de observação são consistentes e
objetivas.
Fase 5: Fiabilidade intra-observador relativamente ao novo sistema de observação
O teste da fiabilidade intra-observador pretende verificar a existência de
estabilidade temporal nas observações. Este procedimento foi realizado através da
técnica de teste-reteste, conforme proposto por Brewer e Jones (2002) e aplicado
noutros estudos que visam o desenvolvimento e validação de sistemas de observação
(Costa et al., 2011; Cushion et al., 2012; Gorospe et al., 2005; Hernández Mendo et al.,
2010; Hernández Mendo et al., 2012). Assim sendo, o observador-investigador
visionou o mesmo vídeo em duas ocasiões distintas, distando as observações uma
semana (7 dias), como proposto por Mars (1989). Para cada categoria do novo sistema
de observação foram obtidos valores de Kappa superiores a .750 em todas as
categorias de análise, sendo o valor mínimo de . 766 e máximo de 1. Estes resultados
indicam a existência de excelentes índices de concordância (Fleiss, 1981), revelando
que o sistema de observação é consistente e que o observador-investigador codifica da
mesma forma os comportamentos dos instrutores de atividades de grupo de fitness,
independentemente do momento. O Quadro 19 apresenta a versão final do SOPROXFitness, a qual é composta por 5 dimensões de análise e 23 categorias.
4.3 MÉTODO DO ESTUDO PILOTO
Estando o processo de desenvolvimento e validação concluído, seguidamente
será apresentado o estudo piloto realizado com a versão final do SOPROX-Fitness. O
estudo piloto enquadra-se no âmbito da metodologia observacional (Anguera, 2003),
Susana Mendes Alves
115
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
que permite o registo formal e análise de comportamentos e ações motoras em
contexto natural (Anguera, 2009). Relativamente ao desenho observacional, este
estudo caracteriza-se por ser ideográfico (I), pontual (P) e multidimensional (M)
(Anguera, Blanco, & Losada, 2001; Anguera, Blanco Villaseñor, Hernández Mendo, &
Losada, 2011).
4.3.1 Participantes no estudo piloto
Participaram no estudo piloto 12 instrutores de fitness portugueses (i.e. 3
instrutores de Step; 3 instrutores de Localizada; 3 instrutores de Indoor Cycling e 3
instrutores de Hidroginástica) que aceitaram fazer parte desta investigação e que
cumpriam os critérios de inclusão definidos: i) serem do género feminino, já que o
género dos sujeitos poderia influenciar a comunicação proxémica dos instrutores
(Kennedy & Camden, 1983); ii) serem licenciados em condição física e saúde no
desporto, uma vez que alguns estudos apontam para o facto da formação inicial poder
influenciar a atuação profissional dos treinadores/professores (Malek, Nalbone,
Berger, & Coburn, 2002); iii) terem pelo menos 5 anos de experiência como instrutor
de fitness, considerando que a taxonomia definida por Berliner (1994) e o estudo
realizado no contexto do fitness (Simões, Franco, & Rodrigues, 2009) que indicam a
experiência profissional como determinante para o comportamento dos instrutores;
iv) terem pelo menos 5 anos de experiência na lecionação da respetiva atividade com
uma frequência mínima de 3 sessões semanais, de forma a uniformizar a experiência
dos instrutores.
Os instrutores tinham idades compreendidas entre os 24 e os 48 anos (M =
31.50; DP = 6.14), para além de que contavam com uma experiência profissional como
instrutor de fitness de 6 a 26 anos (M = 9.83; DP = 5.52) e experiência na lecionação da
atividade de 5 a 17 anos (M = 8.25; DP = 3.75) com uma frequência semanal de 3 a 4
sessões (M = 3.67; DP = 0.49).
Susana Mendes Alves
116
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
4.3.2 Instrumentos
Para a análise da comunicação proxémica dos instrutores foi utilizado o Sistema
de Observação da Comunicação Proxémica Fitness (SOPROX-Fitness), o qual foi
anteriormente desenvolvido e validado para o contexto das atividades de grupo de
fitness.
4.3.3 Materiais e procedimentos de recolha de dados no estudo piloto
A recolha dos dados foi efetuada sempre mediante um pedido prévio de
autorização ao responsável do ginásio, bem como aos instrutores e praticantes
envolvidos. Todos os instrutores deram o seu consentimento informado para fazerem
parte desta investigação. Foram cumpridas as recomendações éticas definidas por
Harriss e Atkinson (2009, 2011) para a investigação na área do desporto e exercício,
garantindo dessa forma a proteção de todos os participantes.
As gravações dos vídeos (i.e. imagem e som) foram realizadas com recurso a
uma câmara digital, sendo o seu conteúdo posteriormente transferido para o disco
rígido de um computador. Para o visionamento e registo das ocorrências foi utilizado o
programa informático LINCE (Gabín, Camerino, Anguera, & Castañer, 2012), tendo sido
observada uma sessão de cada instrutor que fez parte da amostra. O comportamento
próxemico dos intrutores foi registado sempre que o instrutor se dirigiu ao(s)
praticante(s) com o intuito de comunicar de forma não-verbal, através da realização de
gestos com e sem intenção comunicativa. Os dados foram em seguida transportados
para o programa informático SPSS – Statistical Pachage for Social Sciences, versão 20,
para a realização dos cálculos estatísticos efetuados.
4.3.4 Procedimentos estatísticos no estudo piloto
Para cada atividade foram calculadas as medidas de tendência central (i.e.
média) e medidas de dispersão (i.e. desvio-padrão; valor mínimo e máximo) tendo em
conta o número total de intervenções de comunicação não-verbal e a percentagem de
ocorrências verificada em cada uma das categorias do SOPROX-Fitness. As diferenças
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117
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
entre as médias obtidas para cada atividade foram analisadas com recurso ao teste
estatístico não paramétrico de Kruskal Wallis, apropriado para comparações entre três
ou mais amostras independentes (Maroco, 2010), considerando que a aplicação prévia
do teste de Shapiro-Wilk indicou que as variáveis dependentes não possuíam uma
distribuição normal. Para identificar entre que atividades ocorreram as diferenças
significativas apontadas no teste Kruskal Wallis, foi utilizado o teste post hoc não
paramétrico de Dunn, o qual aplica a correção de Bonferroni ao nível de significância
utilizado nas comparações múltiplas entre pares de médias (Maroco, 2010).
4.4 RESULTADOS DO ESTUDO PILOTO
Para a realização do estudo piloto foram observadas um total de 12 aulas de
atividades grupo, com uma duração média de 47 minutos (DP = 45 segundos). Por cada
aula registou-se uma média de 242 (DP = 78.53) intervenções não-verbais gestuais, o
que equivale a uma média de 5.16 (DP = 1.96) intervenções por minuto. A atividade
onde os instrutores interagiram mais vezes por minuto foi a de Step (M = 7.36; DP =
1.82), seguida pelas atividades de Indoor Cycling (M = 4.92; DP = 1.45), Hidroginástica
(M = 4.73; DP = 1.69) e por fim a de Localizada (M = 3.68; DP = 1.72).
No que diz respeito à comunicação proxémica, verifica-se que a maioria das
intervenções não-verbais gestuais foram dirigidas para a classe (i.e. Macro-grupo), na
zona periférica da sala, com uma atitude corporal que revela envolvimento no que se
passa na aula (i.e. Integrada), na frente da sala e virados de frente para os praticantes,
numa posição bípede sem deslocamento (Quadro 29). Todavia, o teste de KruskalWallis, aponta a existência de diferenças significativas entre as atividades (p < .05) nas
categorias “Macro-grupo”, “Díade”, “Periférica”, “Central”, “Frente Espelho”, “Frente
Correspondente”, “Frente Perfil”, “No Meio”, “Posição Fixa Bípede”, Posição Fixa
Sentado, Posição “Bípede com Deslocamento”, “Locomoção” e “Posição Fixa Dorsal”.
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118
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
Quadro 29 – Análise descritiva e comparativa das frequências relativas registadas em cada uma
das categorias do SOPROX-Fitness.
1. Step
Dimensão Categoria
Grupo
Topologia
Interação
M (%)
DP (%)
M (%)
*4
2. Localizada
DP (%)
M (%)
*4
Macro-grupo 87.67
9.58
99.09
1.35
87.98
Micro-grupo 2.52
2.78
0.32
0.36
1.16
*4
Díade
9.95
7.09
0.59
Periférica
96.84
5.17
99.83
*2
*2
0.12
1.02
0.15
0.15
DP (%)
3.73
0.89
3. Indoor
M (%)
*4
87.45
4.81
2.04
0.58
*4
6.92
10.51
*1,3,4
3.00
99.05
10.86
88.59
*1,3,4
Central
3.16
5.17
11.41
Distanciada
1.20
1.40
0.18
0.30
2.50
Integrada
98.35
1.95
99.82
0.30
95.72
Contacto
0.45
0.81
0.00
0.00
1.78
61.26
32.91
71.14
22.37
29.87
28.19
Frente Perfil 7.80
10.55
0.67
Atrás
2.52
3.00
2.07
1.79
0.23
DP (%)
*4
7.21
*2
0.99
*2
0.95
0.99
4. Hidroginástica
M (%)
*1,2,3
75.63
6.55
DP (%)
p
3.53
.032
2.84
.217
*1,2,3
9.45
.044
*2
0.30
.025
0.30
.025
17.82
99.83
*2
0.17
1.16
0.40
0.97
1.42
.091
98.84
0.40
99.03
1.42
.091
0.00
0.00
0.00
0.00
.317
11.83
.022
*1,2
1.18
.024
*1,2,3
8.52
.032
Táctil
Orientação Frente
*2,3
9.95
16.50
*1,3,4
21.95
98.44
*3,4
10.30
59.05
0.66
7.00
*1,2,4
1.40
58.97
*3,4
37.09
0.47
5.97
0.54
*2,3
*1,2
0.55
1.77
*4
0.94
23.01
Espelho
Frente
Corres.
Transição
1.07
*4
0.00
0.00
*4
1.09
*1,3,4
0.00
0.00
3.16
4.93
.086
6.28
0.00
0.00
0.00
0.00
.013
No Meio
2.21
4.81
0.00
0.00
Direita
1.58
3.05
0.00
0.00
2.73
3.85
0.00
0.00
3.58
4.58
.171
Esquerda
3.71
5.69
0.00
0.00
4.78
2.56
0.55
0.95
9.51
9.12
.082
P.B. Desloc. 25.86
34.43
P.F. Bípede
29.69
P.F. Sentado 26.94
24.25
42.47
*2,3,4
78.77
*2,4
19.24
*3
0.79
*2
11.24
1.37
*1,3
32.66
*3
7.25
*1,3,4
7.31
7.71
*2,4
2.99
*1,2,4
97.01
*2
1.32
1.32
3.40
.047
*1,3
7.41
.015
*3
2.35
.034
*2
0.00
.013
63.85
2.71
0.67
0.00
0.00
1.45
0.38
0.00
0.00
0.00
0.00
.088
P.F. Lateral
0.31
0.79
0.00
0.00
1.23
1.33
0.00
0.00
0.00
0.00
.097
8.03
.025
0.00
1.000
Suporte
0.00
0.00
0.00
0.59
0.00
16.87
0.00
12.84
0.00
*2,4
0.00
0.00
0.00
*1,2
3.50
0.36
1.20
0.00
0.00
P.F. Ventral
*1,3
14.13
*1,2
0.00
10.63
14.39
19.36
19.08
4.84
*2,4
0.00
*3,4
21.18
P.F. Dorsal
Locomoção 12.00
0.00
12.61
8.85
0.83
0.00
0.00
0.00
*1,3
29.94
0.00
Legenda: M = Média; DP = desvio-padrão; Corres. = correspondente; P.B. Desloc. = posição bípede com deslocamento; P.F. =
posição fíxa; p = significância do teste de Kruskal-Wallis.
Para identificar entre que atividades ocorreram as diferenças identificadas no
teste de Kruskal-Wallis foram realizadas comparações múltiplas entre cada par de
atividades, com recurso ao teste post hoc não paramétrico de Dunn.
Seguidamente, para cada categoria, são apresentadas as atividades onde
ocorreram diferenças significativas:
Susana Mendes Alves
119
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
i)
CAPÍTULO IV
Categoria “Macro-grupo” - os instrutores de Hidroginástica comunicaram
significativamente menos para o Macro grupo comparativamente aos instrutores
das restantes três modalidades, os quais não se diferenciaram significativamente
entre si;
ii)
Categoria
“Díade”
-
os
instrutores
de
Hidroginástica
comunicaram
significativamente mais em “Díade” comparativamente aos instrutores das
restantes três modalidades, os quais não se diferenciaram significativamente
entre si;
iii) Categoria
“Periférica”
-
os
instrutores
de
Localizada
comunicaram
significativamente menos a partir da periferia da sala comparativamente aos
instrutores das restantes três modalidades, os quais não se diferenciaram
significativamente entre si;
iv) Categoria “Central” - os instrutores de Localizada comunicaram significativamente
mais na zona central da sala comparativamente aos instrutores das restantes três
modalidades, os quais não se diferenciaram significativamente entre si;
v)
Categoria “Frente em Espelho” - os instrutores de Localizada comunicaram
significativamente menos a partir de uma orientação em espelho, sendo que na
atividade de Indoor Cyling se passa o oposto, ou seja, os instrutores comunicaram
significativamente mais a partir desta orientação, em ambos os casos
comparativamente aos instrutores das restantes três atividades, os quais não se
diferenciaram significativamente entre si;
vi) Categoria “Frente em Correspondente” - os instrutores de Step e Localizada não se
diferenciaram entre si e comunicaram significativamente mais a partir de uma
orientação correspondente, comparando com os instrutores das restantes duas
atividades;
vii) Categoria “Frente em Perfil” - os instrutores de Hidroginástica comunicaram
significativamente mais com uma orientação em perfil, comparativamente aos
instrutores das restantes três atividades, os quais não se diferenciaram
significativamente entre si;
viii) Categoria
“No
Meio”
-
os
instrutores
de
Localizada
comunicaram
significativamente mais a partir do meio dos praticantes, comparativamente aos
Susana Mendes Alves
120
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
instrutores das restantes três atividades, os quais não se diferenciaram
significativamente entre si;
ix) Categoria “Posição Fixa Bípede” - os instrutores das atividades de Localizada e
Hidroginástica não se diferenciaram entre si e comunicam significativamente mais
a partir desta posição, comparativamente aos instrutores das restantes duas
atividades;
x)
Categoria Posição Fixa Sentado - os instrutores de Indoor Cycling comunicaram
significativamente mais a partir da posição fixa sentado, comparativamente aos
instrutores das restantes três atividades, os quais não se diferenciaram
significativamente entre si;
xi) Categoria “Posição Bípede com Deslocamento” - os instrutores de Step
comunicaram significativamente mais a partir da posição bípede com
deslocamento, comparativamente às restantes três modalidades, sendo que os
instrutores de Localizada também comunicaram mais a partir desta posição,
comparativamente às atividades de Indoor Cycling e Hidroginástica;
xii) Categoria “Locomoção” - os instrutores de Localizada e Hidroginástica não se
diferenciaram e comunicaram significativamente mais em situação de Locomoção,
comparativamente aos instrutores das restantes duas atividades, os quais não se
diferenciaram significativamente entre si;
xiii) Categoria “Posição Fixa Dorsal” - os instrutores de Localizada comunicaram
significativamente mais a partir desta posição, comparativamente aos instrutores
das restantes três atividades, os quais não se diferenciaram significativamente
entre si.
4.5 DISCUSSÃO
O presente estudo objetivou o desenvolvimento e validação de um novo
sistema de observação para a análise da comunicação proxémica de instrutores fitness,
com o propósito de conceber uma ferramenta válida para a análise do perfil de
comunicação proxémica dos instrutores de atividades de grupo. De acordo com
Anguera (2003) o desenvolvimento de um instrumento ad hoc, deve ter a finalidade de
estar totalmente adaptado à conduta e ao contexto onde se aplica. Para cumprir este
Susana Mendes Alves
121
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
requisito, os procedimentos utilizados no desenvolvimento e validação do SOPROXFitness foram suportados pela literatura (Brewer & Jones, 2002; Cushion et al., 2012).
Os resultados do processo de validação revelaram que o instrumento é objetivo, válido
e consistente na sua aplicação, tendo em conta os critérios definidos por Hernández
Mendo et al. (2010), sendo a versão final constituído por 5 dimensões de análise e 23
categorias.
A versão desenvolvida e validada do SOPROX-Fitness foi posteriormente
aplicada a 12 instrutores num estudo piloto. Os resultados evidenciaram a importância
da comunicação neste contexto, já que os instrutores realizaram uma média de 242
(DP = 78.53) intervenções comunicativas por aula, ou seja uma média de 5.16 (DP =
1.96) intervenções por cada minuto.
No que diz respeito ao número de praticantes para quem o instrutor comunica
(i.e. Grupo) verificou-se que em todas as quatro atividades analisadas a grande maioria
das intervenções orientaram-se para toda a classe (M = 87.67; DP = 9.58). Estes
resultados justificam-se pelo facto de nas atividades de grupo de fitness, geralmente,
toda a classe realizar os mesmos exercícios em simultâneo, levando a que os
instrutores necessitem de transmitir a mesma informação a todo o grupo. Realçamos
contudo que na atividade de Hidroginástica os instrutores individualizaram
significativamente mais as intervenções, provavelmente pelo facto de esta atividade
praticada dentro de uma piscina, estando os alunos mais dispersos entre si.
No que concerne à localização espacial dos instrutores (i.e. Topologia),
verificou-se que a maioria das intervenções foi realizada na zona periférica da sala (M
= 96.84; DP = 5.17). O facto de a amostra ser constituída por instrutores experientes
poderá ter contribuído para estes resultados, já que, como constatou Castañer et al.
(2011), os professores experientes tendem a se colocar mais na periferia para facilitar
a observação tendo todos, ou a maioria dos praticantes, no campo de visão.
Importa
ainda
referir que
os
instrutores
de
Localizada
efetuaram
significativamente mais intervenções pedagógicas na parte central da sala,
comparativamente às restantes atividades, onde esta categoria apresenta uma
percentagem reduzida, ou mesmo nula no caso da Hidroginástica. Esta diferença
Susana Mendes Alves
122
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
poderá estar relacionada com as próprias caraterísticas das atividades, já que, no caso
da atividade de Hidroginástica, existe o condicionamento do meio, estando o instrutor
no deck à volta da piscina onde se encontram os praticantes, sendo que no caso do
Step e principalmente do Indoor Cycling existe também o condicionamento do material
utilizado pelo professor (i.e. Step ou bicicleta estacionária) o qual se encontra
geralmente colocado na periferia da sala.
No que diz respeito ao grau de envolvimento do instrutor com os praticantes
para quem comunica (i.e. Interação), a quase generalidade das intervenções
ocorreram quando os instrutores tinham uma atitude corporal que revelava estarem
envolvidos e próximos do que se passava na sessão (M = 98.35; DP = 1.95), sendo esta
caraterística comum às quatro atividades.
Quanto à localização espacial (i.e. Orientação), verificou-se que nas atividades
de
Step,
Indoor
Cycling
e
Hidroginástica
os
instrutores
posicionaram-se
maioritariamente à frente da classe e virados de frente para os praticantes (i.e. Frente
em espelho). No caso do Indoor Cycling esta orientação foi significativa superior
relativamente a todas as restantes atividades (M = 98.44; DP = 1.40), o que se poderá
justificar pelo facto de os instrutores se posicionarem habitualmente numa bicicleta
estacionária virada de frente para os praticantes, mantendo-se esta orientação
durante grande parte da sessão. Na atividade de Step importa realçar que a 2.ª
orientação mais utilizada é a orientação em correspondente (M = 28.19; DP = 10.30),
talvez porque em certas habilidades motoras, particularmente as mais complexas, o
posicionamento em correspondente permite uma melhor perceção dos praticantes
acerca das habilidades motoras realizadas pelo instrutor. Tanto na atividade de
Localizada como de Hidroginástica, os instrutores apresentam maior variabilidade de
utilização de orientações, possivelmente por questões de exigência técnica e postural
que é necessária e que se pretende que seja demonstrada no melhor plano (i.e. o
plano em que se veem os movimentos do exercício) aos praticantes. Relativamente ao
posicionamento dos instrutores à frente da classe, esta posição permite-lhes não só ter
uma visão ampla de todos os praticantes, como também reafirmar o seu estatuto de
“líder” em virtude dessa posição que ocupa no espaço, já que, como referem Knapp e
Susana Mendes Alves
123
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
Hall (2010), o posicionamento dos intervenientes no espaço dá também indicações
sobre a natureza da interação e o estatuto de cada um nessa mesma interação.
Da análise efetuada à postura corporal adotada pelo instrutor no espaço (i.e.
Transição),
no
caso
do
Step,
verifica-se
que
os
instrutores
interagiram
significativamente mais quando estavam numa posição bípede e em deslocamento (M
= 78.77; DP = 12.61), provavelmente porque todas as habilidades motoras de Step são
realizadas na posição de pé, estando geralmente associadas a algum tipo de
deslocamento. Já no caso da atividade de Localizada, por ser uma atividade que
explora exercícios musculares localizados, o instrutor tende a adotar ao longo da
sessão vários tipos de posições sem deslocamentos, justificando as intervenções
realizadas nas posições fixas bípede (M = 32.66; DP = 7.31), dorsal (M = 19.36; DP =
14.13) e sentado (M = 7.25; DP = 7.71). Sendo esta atividade constituída
maioritariamente por exercícios estáticos, as intervenções que ocorreram na posição
bípede com deslocamento (M = 21.18; DP = 19.08) poderão justificar-se pelas
intervenções efetuadas durante a fase de aquecimento, onde usualmente são
realizadas habilidades motoras simples de Step ou Aeróbica, ainda que a utilização
desta estratégia varie muito entre os instrutores levando a que o desvio padrão seja
acentuado. Já no caso da atividade de Indoor Cycling, as intervenções foram realizadas
maioritariamente na posição fixa sentado (M = 97.01; DP = 1.32), o que se explica pelo
facto de a atividade ser realizada numa bicicleta estacionária (Shechtman, 2000). Na
atividade de Hidroginástica, as intervenções ocorreram significativamente mais a partir
da posição fixa bípede (M = 63.85; DP = 7.41), já que à semelhança da Localizada
também aqui são utilizados alguns exercícios sem deslocamento. Salienta-se o facto de
nas atividades como o Step e o Indoor Cycling se registar uma percentagem
significativamente baixa de intervenções em Locomoção, provavelmente por os
instrutores estarem condicionadas à utilização de materiais (i.e. plataforma de Step;
bicicleta estacionária) que tendem a “fixar” os instrutores. Já no caso da atividade de
Hidroginástica os instrutores sentem muitas vezes a necessidade de se movimentar ao
longo do deck para poderem comunicar com os praticantes, os quais tendem a se
dispersar ao longo da piscina.
Susana Mendes Alves
124
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
4.6 CONCLUSÕES
Os resultados referentes ao processo de adaptação e desenvolvimento do
SOPROX-Fitness sugerem que este sistema é válido para a observação da comunicação
proxémica dos instrutores de fitness em contexto real de ensino de atividades de
grupo, considerando não só a validade facial e de conteúdo realizada pelos
especialistas que fizeram parte da fase de desenvolvimento deste sistema, como
também os resultados de fiabilidade inter-observadores e intra-observador. O estudo
piloto realizado permitiu demonstrar o potencial do SOPROX- fitness para a análise do
perfil de comunicação proxémica dos instrutores de fitness envolvidos nas atividades
de Localizada, Step, Indoor Cycling e Hidroginástica. Os resultados evidenciaram que,
estando os instrutores de atividades de grupo de fitness a maior parte do tempo de
aula em exercício, e tendo as atividades exercícios específicos que exigem
determinado tipo de posições, a comunicação proxémica do instrutor fica
grandemente condicionamento pelos exercícios utilizados na respetiva atividade. Por
esta razão será importante que no futuro, este sistema possa a vir a ser utilizado ao
nível da formação de instrutores de fitness, assim como para autoanálise dos
profissionais e que a sua aplicação seja estendida a amostras de maior dimensão e a
mais atividades de grupo de fitness.
Susana Mendes Alves
125
ESTUDO 1 – SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS
(SOPROX-FITNESS): DESENVOLVIMENTO, VALIDAÇÃO E ESTUDO PILOTO
CAPÍTULO IV
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Susana Mendes Alves
129
Capítulo V
5
ESTUDO 2 – Comunicação Cinésica dos Instrutores de
Fitness: Comparação entre instrutores de Localizada
experientes e estagiários
RESUMO
Este estudo objetiva a análise comparativa da comunicação cinésica de instrutores de fitness
de Localizada, em função de diferentes níveis de experiência profissional. Participaram neste
estudo 72 instrutores de Localizada. Os instrutores foram divididos em dois grupos em
função da sua experiência profissional: grupo de instrutores experientes (n = 37); grupo de
instrutores estagiários (n = 35). As aulas foram filmadas e os comportamentos dos instrutores
codificados com recurso ao Sistema de Observação da Comunicação Cinésica - Fitness
(SOCIN-Fitness). Os resultados revelaram que instrutores experientes realizaram
significativamente mais gestos que: 1) pressupõem uma resposta imediata por parte dos
praticantes; 2) têm uma morfologia técnica, numérica ou deítica; 3) tiveram o objetivo de
organizar a classe; 4) foram efetuados durante a realização dos exercícios. Por outro lado, os
instrutores estagiários realizam significativamente mais gestos que: 1) não pressupôs uma
resposta imediata dos praticantes; 2) tiveram uma morfologia social, espacial ou pouco
definida; 3) objetivaram a interação com os praticantes; 4) foram efetuados sem a realização
de exercício. Os resultados sugerem uma maior diversidade e eficiência na utilização da
comunicação cinésica por parte dos instrutores experientes.
Palavras-chave: comportamento, comunicação não-verbal, exercício, aptidão física
ABSTRACT
This study aimed the comparative analysis of fitness instructor’s kinesics communication,
analysing different levels of professional experience. In this study 72 resistance group activity
instructors participate. They were divided in to two groups accordingly their professional
experience: expert group (n = 37); novice group (n = 35). The classes were recorded and their
behaviour was coded using the Observational System for the Kinesics Communication of the
Fitness Instructor (SOCIN-Fitness). Results show that expert instructors performed
statistically significant more gestures that: 1) required exercisers immediate response; 2)
have technical, numeric or deictic morphologies; 3) were concerned about class organisation;
4) were performed while during exercise. On the other hand, novice instructors performed
significantly more gestures that: 1) didn´t require the exercisers immediate response; 2) have
a social, spatial or less defined morphology; 3) aimed interaction with exercisers; 4) were
performed without doing exercise themselves. The results suggest a more diverse and
efficient use of the kinesics communication by the expert fitness instructors.
Key words: behaviour, non-verbal communication, exercise, physical fitness
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
5.1 INTRODUÇÃO
Este artigo centra-se na análise da comunicação cinésica dos instrutores de
fitness durante o ensino de aulas de grupo de Localizada, designadamente do uso que
fazem de gestos, com e sem intenção comunicativa, e do corpo para acompanhar e
regular o comportamento dos praticantes de exercício. De acordo com Roth (2001),
apesar da importância assumida pelos gestos durante o processo de ensinoaprendizagem, pouca investigação tem sido conduzida neste âmbito desde o início do
estudo da comunicação cinésica com Birdwhistell (1952, 1970). Por essa razão,
consideramos importante o desenvolvimento de estudos sobre essa temática no
contexto das aulas de grupo de fitness, dada a importância que esta componente
assume neste contexto específico, pelo facto de se utilizar música com volume elevado
a acompanhar a realização dos exercícios (Mirbod et al., 1994; Yarenchuk & Kaczor,
1999). Nestas condições, os instrutores tendem a acompanhar ou a substituir as
principais instruções verbais por um código gestual universal e/ou previamente
estabelecido que permite uma maior rapidez e clareza na comunicação. Para além
disso, esta comunicação gestual permite minimizar o uso da voz protegendo as cordas
vocais de possíveis lesões, já que os instrutores de aulas de grupo de fitness
experienciam frequentemente fadiga na voz e têm um risco elevado de desenvolver
patologias associadas à sua utilização (Heidel & Torgerson, 1993; Long, Williford,
Olson, & Wolfe, 1998), especialmente aqueles que utilizam a sua voz durante mais
tempo e com um volume da música mais elevado durante as aulas de grupo (Wolfe,
Long, Youngblood, Williford, & Olson, 2002).
Considerando a sua importância no contexto das aulas de grupo de fitness,
propomo-nos estudar a comunicação cinésica dos instrutores de fitness com base na
sua experiência profissional, uma vez que, como refere Berliner (2001), à medida que
os indivíduos vão ganhando experiência tendem a se tornar mais competentes e
eficazes na realização das suas atividades. De acordo com Webster (2008), este tipo de
análise comparativa, entre professores experientes e inexperientes, permite um
melhor entendimento sobre o que constitui uma comunicação de sucesso, já que ao se
ter acesso aos automatismos caraterísticos dos professores experientes (Berliner,
Susana Mendes Alves
131
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
2001; Sabers, Cushing, & Berliner, 1991), possibilita-se a aprendizagem dos professores
menos experientes (Farrington-Darby & Wilson, 2006). Isso mesmo foi evidenciado
recentemente nalguns estudos realizados no contexto do ensino sobre o
comportamento cinésico de professores de educação física com e sem experiência
(Castañer et al., 2010, 2011). De acordo com estes estudos, os professores com menos
experiência, apesar de realizarem uma maior quantidade de gestos, apresentavam
uma comunicação gestual de menor qualidade, influenciando diretamente as
aprendizagens dos alunos.
Seguindo esta linha de investigação, o presente estudo objetiva a
caracterização e comparação do comportamento cinésico de instrutores de Localizada
com diferentes níveis de experiência profissional.
5.2 MÉTODO
Este estudo será realizado de acordo com o paradigma da metodologia
observacional (Anguera, 2003), a qual combina a abordagem qualitativa e quantitativa
do comportamento (Castañer, Franco, Rodrigues, & Miguel, 2012) e permite o registo
formal dos comportamentos e ações motoras em contexto natural (Anguera, 2009).
Esta metodologia ajusta-se ao objetivo definido, já que a análise do efeito da
experiência profissional em contextos onde a interação social está presente necessita
de uma abordagem naturalística e contextualmente específica, uma vez que os
sujeitos com mais experiência tendem a detetar estímulos do meio envolvente que
não são percetíveis aos menos experientes (Allen & Casbergue, 1997; Farrington-Darby
& Wilson, 2006; Sabers et al., 1991). Relativamente ao desenho observacional, este
estudo pode ser caracterizado como sendo ideográfico (I), pontual (P) e
multidimensional (M), conforme a classificação proposta por Anguera, Villaseñor,
Blanco e Losada (2001).
5.2.1 Participantes
Participaram
neste
estudo
72
instrutores
de
fitness
portugueses,
correspondendo a todos os instrutores da licenciatura em condição física e saúde no
Susana Mendes Alves
132
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LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
desporto, que lecionavam a atividade de Localizada e que aceitaram participar nesta
investigação. Para a análise comparativa, os sujeitos foram divididos em dois grupos
em função da sua experiência profissional, tendo como referência o critério de
primeiro ano de experiência profissional para os instrutores estagiários e o critério de
5 anos de experiência para os instrutores experientes. Estes valores de corte estão de
acordo com o modelo de experiência profissional proposto por Berliner (1994).
Seguidamente são caraterizados em separado cada um dos grupos definidos.
Grupo de instrutores estagiários - fizeram parte deste grupo 35 instrutores de
fitness estagiários do género masculino (n = 12; 34%) e feminino (n = 23; 66%), com
idades compreendidas entre os 20 e os 35 anos (M = 22.54; DP = 2.91) e com uma
experiência profissional que variou entre os 0.42 e os 0.92 anos (M = 0.64; DP = 0.15) e
de experiência como instrutores de Localizada que variou entre os 0.17 e os 0.92 anos
(M = 0.59; DP = 0.16).
Grupos de instrutores experientes - fizeram parte deste grupo 37 instrutores de
fitness do género masculino (n = 18; 49%) e feminino (n = 19; 51%), com idades
compreendidas entre os 25 e os 50 anos (M = 30.32; DP = 4.24) e com uma experiência
profissional que variou entre os 5 e os 14 anos (M = 7.64; DP = 2.24) e de experiência
como instrutores de Localizada que variou entre os 5 e os 12.19 anos (M = 7.26; DP =
2.19).
5.2.2 Instrumentos
Para a análise da comunicação cinésica dos instrutores de fitness foi utilizado o
Sistema de Observação da Comunicação Cinésica - Fitness (SOCIN-Fitness), o qual é
composto por 5 dimensões de análise e 21 categorias (Quadro 5). Este sistema de
observação permite a análise da comunicação cinésica sobre o ponto de vista dos
gestos com intenção comunicativa ao nível da sua função, morfologia, objetivo
pedagógico e participação do instrutor nos exercícios, assim como dos gestos sem
intenção comunicativa (i.e. gestos adaptadores).
Susana Mendes Alves
133
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
5.2.3 Procedimentos de recolha e registo de dados
A recolha dos dados foi efetuada sempre mediante um pedido prévio de
autorização ao responsável do ginásio, bem como aos instrutores e praticantes
envolvidos. Todos os instrutores deram o seu consentimento informado por escrito
para fazerem parte desta investigação. Os procedimentos adotados cumprem as
recomendações éticas definidas por Harriss e Atkinson (2009, 2011) para a
investigação na área do desporto e exercício, garantindo dessa forma a proteção de
todos os participantes.
As gravações dos vídeos (i.e. imagem e som) foram realizadas com recurso a
uma câmara digital, sendo o seu conteúdo posteriormente transferido para o disco
rígido de um computador para visionamento e registo das ocorrências com recurso ao
programa LINCE (Gabín, Camerino, Anguera, & Castañer, 2012). Foi observada uma
sessão por cada instrutor que fez parte da amostra, sendo registada uma ocorrência
sempre que os instrutores efetuavam um gesto com ou sem intenção comunicativa.
5.2.4 Procedimentos estatísticos
Para a análise da qualidade dos dados foi realizado o treino dos observadores e
posteriormente, foi testada a fiabilidade inter-observadores e intra-observador em
todas as categorias através do cálculo do índice de concordância Kappa de Cohen
(Cohen, 1960), tendo-se para tal visionado e codificado um vídeo de uma aula de
grupo de fitness. Esta análise permite garantir que o erro é reduzido e que existe
estabilidade e consistência nas observações, assegurando que se pode prosseguir para
o registo de dados (Blanco-Villaseñor & Anguera, 2003). Foram obtido valores
compreendidos entre .75 e 1 em ambos os testes, revelando elevados níveis de
concordância (Fleiss, 1981), em ambos os testes.
A apresentação dos resultados obtidos foi realizada com recurso a medidas de
tendência central (i.e. média) e medidas de dispersão (i.e. desvio-padrão; valor mínimo
e máximo) para cada grupo de instrutores, tendo em conta o número total de
intervenções de comunicação não-verbal e a percentagem de ocorrências verificada
Susana Mendes Alves
134
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
em cada uma das categorias do SOCIN-Fitness. Para a realização das análises
comparativas foi previamente avaliado o cumprimento dos dois pressupostos
fundamentais para a utilização de testes paramétricos, ou seja: 1) que os dados
tenham uma distribuição normal, sendo este pressuposto avaliado através do Teste de
Shapiro Wilk, aconselhado para um n < 50; 2) que as variâncias populacionais sejam
homogéneas, caso se estejam a comparar duas ou mais amostras, sendo este
pressuposto verificado pelo teste de Levene. Uma vez que o cumprimento destes dois
pressupostos não se verificou em algumas das variáveis dependentes, a análise
comparativa foi realizada com recurso ao teste estatístico não paramétrico “U” de
Mann-Whitney, seguindo as recomendações de Pestana e Gageiro (2008) e Maroco
(2010). O nível de significância adotado foi de p < .05. Todas as análises estatísticas
foram realizadas com recurso ao programa informático SPSS – Statistical Pachage for
Social Sciences, versão 20.
5.3 RESULTADOS
Foram observadas 72 aulas de Localizada, uma por cada instrutor que
participou neste estudo. As sessões foram todas constituídas pelo aquecimento, parte
fundamental e retorno à calma e tiveram uma duração média de 43 minutos (DP = 6).
Foram registadas um total de 14519 ocorrências, referentes a gestos com intenção
comunicativa (n = 14034; 96.66%) e gestos sem intenção comunicativo (n = 485;
3.34%).
5.3.1 Gestos com intenção comunicativa
Relativamente aos gestos com intenção comunicativa, a frequência absoluta de
gestos foi aproximadamente igual para o grupo dos instrutores estagiários (M =
195.09; DP = 96.04) e dos instrutores experientes (M = 194.67; DP = 84.30) não se
registando diferenças significativas (U = 538.000; p = .217). Todavia, no quadro 30, é
possível constatar a existência de diferenças significativas ao nível das percentagens
relativas de alguns gestos realizados, conforme a categorização realizada através do
SOCIN-Fitness.
Susana Mendes Alves
135
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
Quadro 30 – Análise descritiva e comparativa das frequências relativas de gestos com
intenção comunicativa.
Dimensão
Função
M (%) DP (%)
p
M (%) DP (%)
M (%) DP (%)
Regulador
78.12 13.36
71.08 13.14
84.77
9.76
.000
Ilustrador
21.88 13.36
28.92 13.14
15.23
9.76
.000
1.18
1.17
0.33
0.48
1.99
1.05
.000
Social
21.01
9.35
25.21
9.57
17.03
7.25
.000
Numérico
13.60
9.69
11.33 10.65
15.76
8.26
.016
Deítico
31.99
9.54
28.45
7.09
35.35 10.40
.004
2.52
2.03
2.75
2.40
2.31
1.61
.765
Cinetográfico 17.61
9.06
17.12
9.21
18.07
9.02
.664
Espacial
1.96
1.82
2.59
2.12
1.36
1.24
.011
Rítmico
3.28
2.94
3.57
2.81
3.00
3.07
.278
Batuta
6.85
4.99
8.66
5.83
5.13
3.28
.010
Informação
70.77 10.56
69.63
8.22
71.85 12.40
.284
Feedback
18.08
7.97
17.48
7.00
18.66
8.86
.539
Interação
9.60
5.43
11.96
4.67
7.37
5.21
.000
Organização
1.54
1.67
0.93
0.85
2.12
2.03
.011
Pictográfico
Exercício
Experientes
Categoria
Morfologia Técnico
Situação
Estagiários
Com Exerc.
50.60 20.47
44.43 20.24
56.44 19.16
.015
Sem Exerc.
49.40 20.47
55.57 20.24
43.56 19.16
.015
Legenda: M = Média; DP = desvio-padrão; Exerc. = Exercício; p = significância do teste “U”de MannWhitney.
Verifica-se que para ambos os grupos os gestos realizados pelos instrutores de
fitness tiveram maioritariamente a função de regular o comportamento dos
praticantes. Esta função reguladora foi mais elevada no grupo de instrutores
experientes comparativamente aos instrutores estagiários que realizaram mais gestos
que não tinham como objetivo a obtenção de uma resposta imediata dos praticantes.
Relativamente à forma biomecânica e significado icónico dos gestos é possível
verificar que as morfologias do tipo deítico, cinetográfica, social e numérica foram as
mais relevantes para ambos os grupos. Os instrutores experientes diferenciaram-se
pela significativa maior utilização de gestos técnicos, numéricos e deíticos. Já os
instrutores estagiários diferenciaram pelo uso significativamente maior de gestos
sociais, espaciais e de batutas. Nos gestos com uma morfologia pictográfica e
cinetográfica não se verificaram diferenças significativas entre os grupos.
Susana Mendes Alves
136
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
Analisando o objetivo pedagógico do gesto no processo de ensino, verifica-se
que, para ambos os grupos, os gestos foram realizados essencialmente para informar
os praticantes sobre os exercícios. Contudo, os instrutores estagiários diferenciaram-se
pelo maior uso de gestos de interação, ao passo que os instrutores experientes se
diferenciam por realizarem mais de gestos de organização, sendo esta diferenças
significativas.
Por último, no que se refere-se à participação do instrutor na realização dos
exercícios, verifica-se que os instrutores estagiários se diferenciam pela realização de
mais gestos comunicativos quando não estão a participar nos exercícios, ao passo que
os instrutores experientes realizam significativamente mais gestos comunicativos
enquanto acompanham os praticantes na realização dos exercícios.
5.3.2 Gestos sem intenção comunicativa
No caso dos gestos sem intenção comunicativa, por sessão os instrutores
estagiários realizaram em média 15.85 (DP = 12.47) gestos adaptadores, sendo este
valor também ligeiramente mais baixo nos instrutores experientes, ou seja 7.64 (DP =
4.77) gestos (U = 127.00; p = .019).
No Quadro 31, é possível constatar que os adaptadores realizados pelos
instrutores estagiários foram maioritariamente do tipo auto-adaptador ao passo que
no caso dos instrutores experientes foram do tipo objetual. Não se verificou a
ocorrência de nenhum gesto multi-adaptador.
Quadro 31 – Análise comparativa das frequências relativas de gestos sem
intenção comunicativa.
Dimensão
Categoria M (%) DP (%)
Adaptador Objetual
Auto
Hetero
Multi
54.84 30.04
38.58 30.27
Estagiários
Experientes
M (%) DP (%)
M (%) DP (%)
37.08 28.90
57.65 29.72
71.00 20.79
21.24 18.10
p
.001
.000
6.58
5.88
5.28
6.25
7.76
5.38
.188
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
1.000
Legenda: M = Média; DP = desvio-padrão; Exerc. = Exercício; p = significância do teste “U”de MannWhitney.
Susana Mendes Alves
137
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
5.4 DISCUSSÃO
Este estudo foi realizado com o objetivo de caracterizar e comparar a
comunicação cinésica dos instrutores experientes e estagiários durante o ensino da
atividade de grupo de Localizada, através da observação do seu comportamento em
contexto natural.
Os resultados obtidos revelaram que tanto os instrutores experientes como os
estagiários realizam um considerável número de gestos com intenção comunicativa
por sessão. Estes resultados reforçam a importância que a comunicação cinésica
assume neste contexto, a qual poderá auxilia o processo de ensino por permitir uma
rápida identificação de algo, complementando, reforçando ou mesmo substituindo
nalguns casos a comunicação verbal, a qual se encontra dificultada pelo facto de se
utilizar música com volume por vezes elevado a acompanhar a realização dos
exercícios (Mirbod et al., 1994; Yarenchuk & Kaczor, 1999).
A opção pelo uso da comunicação cinésica, para além de acrescentar
significado à comunicação, poderá também ter um efeito profilático, já que, como foi
referido anteriormente, os instrutores de aulas de grupo de fitness tendem a
experienciar frequentemente fadiga nas cordas vocais e têm um risco elevado de
desenvolver patologias associadas à sua utilização (Heidel & Torgerson, 1993; Long et
al., 1998), especialmente aqueles que utilizam a sua voz durante mais tempo e com
um volume mais elevado (Wolfe et al., 2002).
O facto de os dois grupos de instrutores não apresentarem diferenças
significativas na quantidade de gestos realizados indicia que, independentemente da
sua experiência, os instrutores utilizam a comunicação cinésica no ensino desta
atividade e reconhecem a importância. Todavia, é possível verificar que o tipo de
gestos difere entre os dois grupos ao nível da sua função, morfologia, objetivo
pedagógico e participação no exercício, o que convida a uma análise mais
pormenorizada dos resultados obtidos em cada uma das categorias do sistema de
observação SOCIN-Fitness.
Susana Mendes Alves
138
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
No que diz respeito à função dos gestos, os instrutores experientes
diferenciaram-se por regularem mais o comportamento dos praticantes, realizando
uma percentagem significativamente maior de gestos que pressupõem uma resposta
imediata. Por outro lado, os instrutores estagiários destacaram-se por realizarem uma
percentagem significativamente superior de gestos ilustradores, os quais não
pressupõem uma resposta imediata dos praticantes. Estes resultados sugerem uma
maior preocupação dos instrutores experientes na potenciação do exercício realizado
pelos praticantes ao longo da aula uma vez que realizam mais gestos de regulação.
Esta preocupação dos instrutores experientes poderá ter por base a sua maior
consciência sobre a importância do tempo de prática, uma vez que nas aulas de grupo
de fitness este tempo é simultaneamente reduzido e importante para a obtenção dos
objetivos, tendo por isso de ser aproveitado ao máximo. O facto de os instrutores
estagiários efetuarem mais gestos de ilustração poderá ser o resultado de alguma
insegurança e da sua menor capacidade para serem sucintos e suficientemente
esclarecedores, levando-os a fazer uma descrição mais extensa dos exercícios, o que
terá implicações no tempo de prática. Estes resultados estão de acordo com os
encontrados por Behets (1997) no contexto do ensino, onde se verificou que os
professores mais eficazes despendiam mais tempo em atividades para os estudantes e
menos em instrução.
Relativamente à forma e significado do gesto, verifica-se que os instrutores
experientes, comparativamente aos estagiários, realizaram mais gestos técnicos,
emblemas numéricos e gestos de apontar para algo (i.e. Deíticos). A maior utilização
destas três morfologias pode estar associada a função de regulação do
comportamento, que também foi mais elevada nos instrutores experientes. Durante
esta atividade de regulação é frequente os instrutores realizarem: 1) um gesto técnico
para identificar a habilidade motora a ser realizada; 2) um gesto numérico a indicar o
número de repetições; 3) um gesto deítico a apontar a direção para onde o exercício
será realizado. Em contrapartida, os instrutores estagiários realizam mais gestos
sociais, espaciais e batutas. A maior utilização destas morfologias neste grupo poderá
dever-se à maior utilização de gestos com função ilustradora, que geralmente
coincidem com o discurso verbal. Os gestos de indicação espacial poderão assim
Susana Mendes Alves
139
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
ocorrer aquando da explicação dos exercícios, seguindo-se um emblema social
associado à explicação. No caso das “batutas” a sua maior frequência nos instrutores
estagiários poderá ser interpretado como estando associado à sua menor capacidade
na utilização da comunicação cinésica, já que estes gestos não têm uma morfologia
definida. Esta característica dos instrutores estagiários vai ao encontro dos resultados
encontrados num estudo experimental realizado por Maricchiolo, Gnisci, Bonaiuto e
Ficca (2009), onde se verificou que os comunicadores que utilizam gestos com
morfologias definidas são percecionados como sendo mais competentes, efetivos e
persuasivos comparativamente aos que usam gestos pouco definidos (i.e. batutas).
Da análise à função pedagógica dos gestos (i.e. Situação) com intenção
comunicativa constata-se que estes são realizados maioritariamente com a função
pedagógica de informar e fornecer feedback aos praticantes, não existindo diferenças
significativas entre os instrutores experientes e estagiários. Contudo, verifica-se que os
instrutores experientes realizam uma percentagem significativamente superior de
gestos com a função pedagógica de gerir materiais ou organizar os praticantes no
espaço. Por outro lado, os instrutores estagiários efetuam uma percentagem
significativamente superior de gestos com a função pedagógica de encorajar ou
interagir com os praticantes. Estas diferenças poderão estar relacionadas, uma vez
mais, com a maior preocupação dos instrutores experientes em regularem e
maximizarem o tempo de aula dos praticantes, justificando a maior percentagens de
gestos com a função de organização. No caso dos instrutores estagiários, o facto de
realizarem mais gestos de ilustração faz com existam mais situações propícias para a
interação com os praticantes.
Relativamente à dimensão “Exercício”, referente à participação do instrutor no
exercício quando efetua o gesto, verifica-se que os gestos realizados pelos instrutores
experientes ocorrem maioritariamente quando estes estão a acompanhar os
praticantes nos exercícios, ao contrário dos instrutores estagiários. Esta diferença
indicia uma maior preocupação e capacidade dos instrutores experientes na utilização
da sua cinésica corporal como estratégia no processo de ensino-aprendizagem,
utilizando o corpo como um modelo a seguir na execução técnica dos exercícios,
Susana Mendes Alves
140
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
potenciando
desta
forma
a
instrução,
sendo
rápida
e
CAPÍTULO VI
esclarecedora
e
consequentemente, aumenta o tempo de prática dos praticantes.
Por último, ao nível dos gestos sem intenção comunicativa (i.e. adaptadores)
verificou-se que os instrutores estagiários realizaram uma maior frequência de gestos
adaptadores. Num estudo realizado por Henningsen, Valde e Davies (2005) verificou-se
que gestos adaptadores estão associados com a perceção de ansiedade, engano e
nervosismo. O facto de os professores estagiários realizarem mais gestos desta
natureza poderá assim se dever a alguma insegurança e nervosismo, comum em
professores com pouca experiência de lecionação, como também concluiu (Castañer et
al., 2011). Este tipo de gestos influencia também negativamente a perceção do
discurso verbal (Maricchiolo, Livi, Bonaiuto, & Gnisci, 2011).
5.5 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos revelam que, se considerarmos o número total de gestos
realizados, os instrutores estagiários e experientes não diferem significativamente um
do outro. Todavia, ao olharmos para as percentagens relativas da sua função,
morfologia, objetivo pedagógico e participação no exercício, verifica-se que os
instrutores estagiários realizam uma percentagem significativamente mais elevada de
gestos que: 1) não pressupõem uma resposta imediata dos praticantes; 2) possuem
uma morfologia de emblema social, espacial ou revelam uma morfologia pouco
definida; 3) com o objetivo pedagógico interagir com os praticantes; e 4) são efetuados
enquanto não realizam exercício. Já os instrutores com experiência realizam uma
percentagem significativamente mais elevada de gestos que: 1) objetivam a obtenção
de uma resposta imediata por parte dos praticantes; 2) possuem uma morfologia de
emblema técnico, numérico e deítico; 3) com o objetivo de organizar a classe; e 4) são
efetuados enquanto realizam exercício. Verifica-se igualmente que os instrutores
estagiários realizam significativamente mais adaptadores, e que esses adaptadores são
maioritariamente do tipo auto-adaptador, ao contrário dos instrutores experientes
que realizam maioritariamente adaptadores do tipo objetual.
Susana Mendes Alves
141
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
Como qualquer outra investigação, também o presente estudo apresenta
algumas limitações. O facto de ter sido realizado na atividade de Localizada limita a
generalização dos resultados encontrados a outras modalidades. Sendo esta uma
primeira abordagem ao estudo da comunicação cinésica nas aulas de grupo de fitness
será importante prosseguir com investigações futuras que analisem as diferenças
neste tipo de comunicação em função do género, das atividades e da formação dos
instrutores, bem como da dimensão das salas e o número de praticantes.
Susana Mendes Alves
142
ESTUDO 2 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES DE
LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
5.6 REFERÊNCIAS
Allen, R. M., & Casbergue, R. M. (1997). Evolution of novice through expert teachers’
recall: implications for effective reflection on practice. Teaching and Teacher
Education, 13(7), 741–755.
Anguera, M. T. (2003). Observational Methods (General). In R. Fernández-Ballesteros
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Sage.
Anguera, M. T., Blanco, Á., & Losada, J. L. (2001). Diseños Observacionales, Cuestión
Clave en el Proceso de la Metodología Observacional. Metodología de las
Ciencias del Comportamiento, 3(2), 135-160.
Anguera, T. (2009). Methodological observation in sport: Current situation and
challenges for the next future. Motricidade 5(3), 15-25.
Behets, D. (1997). Comparison of more and less effective teaching behaviors in
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Berliner, D. C. (1994). Teacher Expertise. In A. Pollard & J. Bourne (Eds.), Teaching and
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Susana Mendes Alves
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Capítulo VI
6
ESTUDO 3 – Comunicação Proxémica dos Instrutores de
Fitness: comparação entre instrutores de Localizada
experientes e estagiários
RESUMO
Este estudo objetiva análise comparativa da comunicação proxémica de instrutores de fitness
em função da experiência profissional. Participaram neste estudo 72 instrutores de fitness
divididos em dois grupos em função da sua experiência profissional: grupo de instrutores
experientes (n = 37); grupo de instrutores estagiários (n = 35). As aulas foram filmadas e os
comportamentos proxémicos dos instrutores codificados com recurso ao Sistema de
Observação da Comunicação Proxémica – Fitness (SOPROX-Fitness). Da análise efetuada aos
comportamentos proxémicos dos instrutores de fitness é possível verificar a existência de
diferenças significativas relativamente ao número de praticantes para quem comunicam, à
localização espacial do instrutor, tanto na sala como relativamente aos praticantes para
quem comunica, bem como à postura corporal adotada no espaço. Os resultados sugerem
uma maior diversidade e eficiência na utilização da comunicação proxémica por parte dos
instrutores experientes.
Palavras-chave: comportamento, comunicação não-verbal, exercício, aptidão física
ABSTRACT
This study aimed the comparative analysis of fitness instructor’s proxemics communication,
considering different levels of professional experience. In this study participate 72 fitness
instructors, divided in two groups accordingly with their professional experience: expert
group (n = 37); novice group (n = 35). The classes were videotaped and fitness instructors’
proxemics behaviours coded using the Observational System for the Proxemics
Communication of the Fitness Instructor (SOPROX-Fitness). The results revealed significant
differences between the two groups of instructors in relation to the number of exercisers to
whom they communicate, the spatial localization of the instructor, both in relation to the
class and exercisers, as well as the corporal posture adopted in the space. These results
suggest a more diverse and efficient use of the proxemics communication by the expert
fitness instructors.
Key words: behavior, nonverbal communication, exercise, physical fitness
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
6.1 INTRODUÇÃO
Desde os trabalhos iniciais desenvolvidos por Hall (1966), que o estudo das
distâncias interpessoais (i.e. proxémica) tem sido central na área da comunicação nãoverbal (Ciolek, 1983). No contexto educativo, a proximidade entre professor e aluno,
baseada na redução das distâncias físicas, foi pioneiramente introduzida por
Mehrabian (Mehrabian, 1971), no pressuposto de que as pessoas tendem a aproximarse daquilo que gostam e a evitar o que não gostam. Estudos experimentais
recentemente realizados têm demonstrado que quando os estudantes percecionam
um comportamento não-verbal dos professores de maior proximidade tendem a
reportar mais sentimentos positivos e motivação (Pogue & Ahyun, 2006), o que faz
com que estejam mais recetivos a cumprir com as exigências do processo de ensino
(Burroughs, 2007).
A localização no espaço de ensino é assim um dos aspetos identificados como
importante para o desenvolvimento a melhoria da interação e proximidade professoraluno (Nixon, Vickerman, & Maynard, 2010), razão pela qual se considera importante o
desenvolvimento de estudos sobre a comunicação proxémica em aulas de grupo de
fitness, onde os instrutores estão grande parte do tempo em comunicação (Franco,
Rodrigues, & Balcells, 2008) em condições onde a deslocação pelo espaço e a
proximidade física com os praticantes são difíceis de operacionalizar (i.e. salas grandes;
vários praticantes). A proximidade poderá ter um papel importante no sucesso da
intervenção pedagógica, uma vez que estudos que têm demonstrado que a forma
como os instrutores comunicam influencia o clima de aula e a adesão às atividades de
grupo de fitness (Bray, Millen, Eidsness, & Leuzinger, 2005; Martin & Fox, 2001).
Uma das formas de estudar a comunicação proxémica dos instrutores de fitness
é através da análise comparativa tendo em conta a experiência profissional dos
instrutores, uma vez que, como refere Berliner (2001), à medida que os indivíduos vão
ganhando experiência profissional tendem a se tornar mais competentes e eficazes na
realização das suas atividades. Este tipo de análise comparativa entre professores
experientes e inexperientes, no entender de Webster (2008), permite um melhor
entendimento sobre o que constitui uma comunicação de sucesso, já que os
Susana Mendes Alves
147
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
experientes tendem a detetar estímulos do meio envolvente que não são percetíveis
aos inexperientes (Allen & Casbergue, 1997; Farrington-Darby & Wilson, 2006; Sabers,
Cushing, & Berliner, 1991). O desempenho de professores experientes tem sido assim
considerado diferente dos professores menos experientes de muitas formas (Berliner,
2001) e, no caso específico do fitness, a experiência profissional tem sido identificada
como uma variável diferenciadora da comunicação verbal e cinestésica ao nível do
feedback dado pelos instrutores de fitness (Simões, Franco, & Rodrigues, 2009).
Os estudos pioneiros realizados recentemente no contexto do ensino, que
analisaram o comportamento proxémico de professores de educação física com e sem
experiência (Castañer, Camerino, Anguera, & Jonsson, 2010, 2011) revelaram que os
professores inexperientes nem sempre fazem um uso eficiente do espaço de ensino,
posicionando-se no centro dos praticantes tanto quando a atividade é realizada para a
classe em geral como quando é direcionada para pequenos grupos, contrariamente
aos professores experientes se posicionam na periferia.
Seguindo esta linha de investigação, o presente estudo objetiva a
caracterização e comparação do comportamento proxémico de instrutores de
Localizada com diferentes níveis de experiência profissional.
6.2 MÉTODO
Este estudo foi realizado de acordo com o paradigma da metodologia
observacional (Anguera, 2003), a qual combina a abordagem qualitativa e quantitativa
do comportamento (Castañer, Franco, Rodrigues, & Miguel, 2012) e permitem o
registo formal dos comportamentos e ações motoras em contexto natural (Anguera,
2009). Esta metodologia ajusta-se ao objetivo definido, já que a análise do efeito da
experiência profissional em contextos onde a interação social está presente necessita
de uma abordagem naturalística e contextualmente específica, uma vez que os
sujeitos com mais experiência tendem a detetar estímulos do meio envolvente que
não são percetíveis aos menos experientes (Allen & Casbergue, 1997; Farrington-Darby
& Wilson, 2006; Sabers et al., 1991). Relativamente ao desenho observacional, este
estudo pode ser caracterizado como sendo ideográfico (I), pontual (P) e
Susana Mendes Alves
148
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
multidimensional (M), conforme a classificação proposta por Anguera, Villaseñor,
Blanco e Losada (2001).
6.2.1 Participantes
Participaram
neste
estudo
72
instrutores
de
fitness
portugueses,
correspondendo a todos os instrutores da licenciatura em condição física e saúde no
desporto, que lecionavam a atividade de Localizada e que aceitaram participar nesta
investigação Para a análise comparativa, os sujeitos foram divididos em dois grupos em
função da sua experiência profissional, tendo como referência o critério de primeiro
ano de experiência profissional para os instrutores estagiários e o critério de 5 anos de
experiência para os instrutores experientes. Estes valores de corte estão de acordo
com o modelo de experiência profissional proposto por Berliner (1994). Seguidamente
são caraterizados em separado cada um dos grupos definidos.
Grupo de instrutores estagiários - fizeram parte deste grupo 35 instrutores de
fitness do género masculino (n = 12; 34%) e feminino (n = 23; 66%), com idades
compreendidas entre os 20 e os 35 anos (M = 22.54; DP = 2.91) e com uma experiência
profissional que variou entre os 0.42 e os 0.92 anos (M = 0.64; DP = 0.15) e de
experiência como instrutores de Localizada que variou entre os 0.17 e os 0.92 anos (M
= 0.59; DP = 0.16).
Grupo de instrutores experientes - fizeram parte deste grupo 37 instrutores de
fitness do género masculino (n = 18; 49%) e feminino (n = 19; 51%), com idades
compreendidas entre os 25 e os 50 anos (M = 30.32; DP = 4.24) e com uma experiência
profissional que variou entre os 5 e os 14 anos (M = 7.64; DP = 2.24) e de experiência
como instrutores de Localizada que variou entre os 5 e os 12.19 anos (M = 7.26; DP =
2.19).
6.2.2 Instrumentos
Para a análise da comunicação proxémica dos instrutores de fitness foi utilizado
o Sistema de Observação da Comunicação Proxémica - Fitness (SOPROX-Fitness), o
qual é composto por 5 dimensões de análise e 23 categorias (Quadro 11). Este sistema
Susana Mendes Alves
149
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
de observação permite a análise do uso do espaço sobre o ponto de vista do grupo (i.e.
número de praticantes para quem comunica), da localização espacial na sala, da
atitude corporal, da sua localização relativamente ao (s) praticante (s) para quem
comunica e por último, da sua postura corporal adotada no espaço.
6.2.3 Procedimentos de recolha e registo de dados
A recolha dos dados foi efetuada sempre mediante um pedido prévio de
autorização ao responsável do ginásio, bem como aos instrutores e praticantes
envolvidos. Todos os instrutores deram o seu consentimento informado por escrito
para fazerem parte desta investigação. Os procedimentos adotados cumprem as
recomendações éticas definidas por Harriss e Atkinson (2009, 2011) para a
investigação na área do desporto e exercício, garantindo dessa forma a proteção de
todos os participantes.
As gravações dos vídeos (i.e. imagem e som) foram realizadas com recurso a
uma câmara digital, sendo o seu conteúdo posteriormente transferido para o disco
rígido de um computador para visionamento e registo das ocorrências com recurso ao
programa LINCE (Gabín, Camerino, Anguera, & Castañer, 2012). Foi registada a
ocorrência de cada comportamento observado sempre que o instrutor se dirigiu
intencionalmente ao(s) praticante(s) com o intuito de comunicar de forma não-verbal.
6.2.4 Procedimentos estatísticos
A garantia de uma fiabilidade elevada nas observações é um requisito
indispensável para assegurar a existência de estabilidade e consistência, para que se
prossiga com o registo de dados (Blanco-Villaseñor & Anguera, 2003). Desta forma,
para analisar a qualidade dos dados foi realizado o treino dos observadores e
posteriormente, foi testada a fiabilidade inter-observadores e intra-observador em
todas as categorias através do cálculo do índice de concordância Kappa de Cohen
(Cohen, 1960), tendo-se para tal visionado e codificado um vídeo de uma aula de
grupo de fitness. Foram obtidos valores compreendidos entre .75 e 1, revelando
elevados níveis de concordância (Fleiss, 1981), em ambos os testes.
Susana Mendes Alves
150
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
A análise dos dados foi realizada com recurso a medidas de tendência central
(i.e. média), e medidas de dispersão (i.e. desvio-padrão) para cada um dos grupos de
instrutores, tendo em conta o número total de intervenções de comunicação nãoverbal e a percentagem de ocorrências verificada em cada uma das categorias do
SOPROX-Fitness. Considerando que nas análises prévias realizadas algumas das
variáveis dependentes não cumpriam os dois pressupostos fundamentais para a
utilização de testes paramétricos, ou seja terem uma distribuição normal (Teste de
Shapiro wilk) e homogeneidade de variâncias (teste de Levenne), recorremos ao teste
estatístico não paramétrico de “U” Mann-Whitney para a análise das diferenças entre
as médias obtidas para os dois grupos, seguindo as recomendações de Pestana e
Gageiro (2008) e Maroco (2010). O nível de significância adotado foi de p < .05. Todas
as análises estatísticas foram realizadas com recurso ao programa informático SPSS –
Statistical Pachage for Social Sciences, versão 20.
6.3 RESULTADOS
Foram observadas 72 aulas de Localizada, que correspondem a uma por cada
instrutor que participou neste estudo. As sessões foram todas constituídas pelo
aquecimento, parte fundamental e retorno à calma e tiveram uma duração média de
43 minutos (DP = 6). Foram registadas um total de 14519 intervenções, tendo-se
classificado a proxémica dos instrutores aquando da sua comunicação não-verbal
cinésica. Por sessão, cada instrutor experiente realizou em média 194.67 (DP = 84.30)
intervenções e no caso dos instrutores estagiários, cada instrutor realizou em média
195.09 (DP = 96.04) intervenções, sendo estes valores aproximadamente iguais, não se
encontrando diferença estatisticamente significativa (U = 538.000; p = .217). Desta
forma, importa analisar a existência de diferenças ao nível do tipo de comunicação
proxémica das interações realizadas, conforme a categorização realizada através do
SOPROX-Fitness.
Susana Mendes Alves
151
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
6.3.1 Análise da comunicação proxémica
No Quadro 32 são apresentadas as percentagens relativas obtidas em cada uma
das categorias do SOPROX-Fitness.
Quadro 32 – Estatística descritiva e análise comparativa das frequências relativas da
comunicação proxémica.
Dimensão Categoria
Grupo
Topologia
Interação
M (%) DP (%)
Estagiários
Experientes
M (%) DP (%)
M (%) DP (%)
p
Macro-grupo
82.94
7.00
86.37
7.45
79.70
4.68
.000
Micro-grupo
2.07
2.04
0.42
0.68
3.62
1.63
.000
Díade
14.99
6.22
13.20
7.37
16.68
4.37
.016
Periférica
82.50 12.25
76.05 12.05
88.59
8.97
.000
Central
17.50 12.25
23.95 12.05
11.41
8.97
.000
Distanciada
0.21
0.45
0.19
0.33
0.23
0.55
.864
Integrada
99.06
1.39
99.37
0.89
98.77
1.70
.219
Contacto Táctil
0.73
1.26
0.45
0.85
1.00
1.52
.102
Orientação Frente Espelho
41.53 22.79
59.93 12.46
24.13 15.41
.000
Frente Corres.
33.57 24.56
13.10
9.86
52.94 17.45
.000
Frente Perfil
7.68
5.57
10.41
6.46
5.10
2.79
.000
Atrás
1.82
2.15
0.32
0.46
3.25
2.16
.000
No Meio
9.37
7.89
13.29
8.56
5.67
4.96
.000
Direita
3.14
2.65
1.53
1.46
4.67
2.62
.000
Esquerda
2.88
2.48
1.43
1.29
4.25
2.58
.000
P. B. Desloc.
14.25
7.23
14.00
7.10
14.49
7.43
.897
P.F. Bípede
50.96 11.81
51.08 11.17
50.85 12.54
.937
P.F. Sentado
3.48
2.64
2.24
1.32
4.65
3.03
.000
P.F. Dorsal
7.75
6.28
3.77
2.03
11.52
6.62
.000
P.F. Ventral
3.27
2.75
1.55
1.26
4.89
2.80
.000
P.F. Lateral
2.02
2.05
0.79
0.76
3.19
2.21
.000
Locomoção
18.40 10.93
26.57
9.93
10.67
4.03
.000
Suporte
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
1.000
Transição
0.00
Legenda: M = Média; DP = desvio-padrão; p = significância do teste “U” de Mann-Whitney.
A análise comparativa realizada permitiu verificar que os dois grupos de
instrutores (estagiários vs experientes) se diferenciaram significativamente (p < .05)
em grande parte dos comportamento de comunicação proxémica analisados. Apenas
não foram verificadas diferenças significativas nas categorias da dimensão “Interação”
Susana Mendes Alves
152
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
e na utilização da posição bípede da dimensão “Transição”. Não se registaram
comportamentos de “Suporte” em ambos os grupos.
6.4 DISCUSSÃO
Este estudo foi realizado com o objetivo de caracterizar e comparar a
comunicação proxémica dos instrutores experientes e estagiários durante o ensino da
atividade de grupo de Localizada através da observação do comportamento em
contexto natural (Anguera, 2003), com recurso a um instrumento ad hoc que permite a
análise do uso do espaço, sobre o ponto de vista do número de praticantes para quem
comunica, da localização espacial na sala, da atitude corporal, da sua localização
relativamente aos praticantes e, por último, da postura corporal adotada no espaço.
A análise comparativa realizada evidenciou a existência de diferenças significativas
relativamente nos comportamentos de comunicação proxémica em função da
experiência dos instrutores, as quais convidam a uma análise mais pormenorizada
tendo em conta cada uma das categorias do sistema de observação SOPROX-Fitness:
a) No que diz respeito à dimensão “Grupo”, referente ao número de praticantes para
quem o instrutor comunica, os dados revelaram que ambos os grupos de
instrutores comunicam maioritariamente para toda a classe (i.e. Macro-grupo).
Todavia os instrutores experientes dirigirem-se significativamente mais para
pequenos grupos (i.e. Micro-grupo) e para apenas um praticante (i.e. Díade)
comparativamente aos instrutores estagiários que comunicam significativamente
mais para toda a classe (i.e. Macro-grupo). Estes dados indiciam uma maior
capacidade dos instrutores experientes para diferenciar a instrução que deve ser
dada a todo o grupo e aquele que deve ser individualizada, revelando uma maior
segurança na atuação profissional e uma maior preocupação com a
individualização da instrução conforme verificado noutros estudos (Berliner, 2001,
2004; Krull, Oras, & Sisask, 2007), bem como uma maior proximidade com os
praticantes a qual promove a afetividade e a confiança entre indivíduos, como
refere Burgoon (1991);
Susana Mendes Alves
153
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
b) No que concerne à localização espacial na sala de exercício (i.e. Topologia)
verificou-se que ambos os grupos de instrutores comunicam maioritariamente
localização mais periférica. Todavia, os instrutores experientes destacam-se por se
localizarem significativamente mais na periferia da sala, comparativamente aos
instrutores estagiários que se localizam significativamente mais na zona central da
sala. Também num estudo realizado no contexto educativo, Castañer, Camerino,
Anguera, e Jonsson (2011) se verificou que os professores de educação física
experientes se diferenciavam por comunicarem a partir da periferia da sala. Os
referidos autores justificaram esta diferença com o facto de os professores
experientes pretenderem promover a autonomia da classe. Contrariamente, os
professores estagiários, ao se localizarem numa zona central, focam mais a
atenção dos praticantes em si, promovendo menos autonomia da classe;
c) Ao nível da dimensão “Interação” não se verificaram diferenças significativas entre
os dois grupos de instrutores. Ambos os grupos adotam maioritariamente uma
atitude corporal que revela que estão envolvidos no que se passa na sessão, sendo
quase inexistente a percentagem de vezes que estão ausentes do que ocorre na
aula. Da mesma forma, e por razões de natureza ética, é pouco frequente a
interação que envolva contacto físico com os praticantes;
d) Quanto à localização espacial do instrutor relativamente aos praticantes, para
quem comunica (i.e. Orientação), verificou-se a existência de diferenças
significativas entre os instrutores experientes e estagiários em todas as categorias
de análise. Assim, constatou-se que os instrutores experientes estão
maioritariamente orientados de costas para os praticantes (i.e. Frente em
Correspondente) ao passo que os instrutores estagiários estão maioritariamente
orientados de frente para os praticantes (i.e. Frente em Espelho). Esta opção dos
instrutores experientes para se orientarem de costas para praticantes sugere a sua
maior capacidade na utilização do espelho como forma de controlar os
praticantes, beneficiando, segundo Francis e Seibert, (2000), a compreensão dos
exercícios que têm uma execução técnica mais exigente, ainda que a orientação
em espelho possa ter a vantagem de proporcionar uma comunicação verbal mais
direta. De acordo com Lynch, Chalmers, Knutzen e Martin (2009) o espelho pode
assumir uma enorme importância ao longo do ensino da atividade por permitir,
Susana Mendes Alves
154
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
que o instrutor observe os praticantes quando está de costas para estes.
Contrariamente, os instrutores estagiários orientam-se significativamente mais à
frente virados para os praticantes (i.e. à frente em espelho) e de perfil, o que se
poderá justificar por estarem muito centrados no que têm que transmitir
(Berliner), utilizando por isso menos o espelho para observar os praticantes,
estando pouco cientes da importância de ajustar o seu posicionamento de modo a
facilitar aos praticantes uma melhor visualização dos exercícios. Verificou-se ainda
que os instrutores estagiários interagem mais vezes no meio do espaço ocupado
pelos praticantes, ao passo que os instrutores experientes optam por interagir
mais vezes atrás, à direita ou à esquerda dos praticantes para quem comunicam.
e) Por último, no que diz respeito à postura corporal adotada pelo instrutor no
espaço (i.e. Transição) verificou-se que, ambos os grupos de instrutores
comunicaram maioritariamente na posição fixa bípede, facto que se poderá
explicar pela natureza dos exercícios musculares localizados realizados nesta
posição geralmente sem deslocamentos. A segunda posição a partir da qual
ambos os grupos de instrutores mais comunicaram foi a posição bípede com
descolamento, podendo este resultado dever-se à fase de aquecimento onde
habitualmente são realizados algumas habilidades motoras com deslocamento.
Nestas duas posições adotadas não existiram diferenças significativas. Porém,
foram encontradas diferenças nas posições fixa sentado, fixa dorsal, fixa ventral e
lateral,
demonstrando
que
os
instrutores
experientes
comunicam
significativamente mais nestas posições do que os instrutores estagiários. Estes
resultados poderão estar relacionados com o maior conhecimento adquirido pelos
instrutores experientes ao logo do tempo, que leva a uma maior capacidade de
comunicar a partir destas posições. Em contrapartida, os instrutores estagiários
comunicam significativamente mais quando estão em locomoção. Esta opção
pode-se relacionar com a insegurança na execução técnica dos exercícios e com a
maior preocupação na explicação verbal dos exercícios. No estudo realizado por
Schempp et al. (2006) no contexto da instrução na atividade de golf, verificou-se
que os instrutores estagiários tinham uma preocupação excessiva com a
verbalização da técnica e uma menor preocupação com a observação e
reformulação da comunicação.
Susana Mendes Alves
155
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
6.5 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos na análise da comunicação proxémica dos instrutores de
Localizada experientes e estagiários revelam que, no geral, os instrutores de Localizada
comunicam essencialmente com toda a classe, a partir da zona periférica da sala, com
uma atitude corporal que revela que estão envolvidos no que se passa na aula,
encontrando-se à frente dos praticantes, orientados maioritariamente de frente ou de
costas para os mesmos, em posição bípede sem deslocamento.
Apesar disso, os instrutores experientes: i) individualizam significativamente
mais a sua comunicação tanto para grupos pequenos como para os praticantes
individualmente; ii) intervêm significativamente mais a partir da periferia da sala,
atentos ao que se passa na sessão; iii) assumem uma orientação maioritariamente
correspondente, apesar de variarem significativamente mais a sua orientação,
colocam-se também atrás, à direita e à esquerda dos praticantes; iv) tendem a adotar
uma postura corporal fixa bípede, apesar de variarem significativamente mais a
utilização de outras posturas como a posição fixa sentado, dorsal, ventral e lateral. Por
sua vez, os instrutores estagiários: i) tendem a intervir significativamente mais na parte
central da sala; ii) orientam-se maioritariamente de frente para os praticantes, apesar
de também intervirem significativamente mais com uma orientação de perfil ou no
meio dos praticantes; iv) tendem a intervir significativamente mais em locomoção.
Estes resultados indiciam uma maior diversidade e possível eficiência de
utilização da comunicação proxémica por parte dos instrutores experientes, o que
poderá favorecer o processo de ensino aprendizagem nesta atividade de grupo.
Como qualquer outra investigação, também o presente estudo apresenta
algumas limitações. O facto de ter sido realizado na atividade de Localizada limita a
generalização dos resultados encontrados a outras atividades. Sendo esta uma
primeira abordagem ao estudo da comunicação proxémica nas aulas de grupo de
fitness será importante prosseguir com investigações futuras que analisem as
diferenças neste tipo de comunicação em função do género, das atividades e da
formação dos instrutores, bem como da dimensão das salas e o número de
praticantes.
Susana Mendes Alves
156
ESTUDO 3 – COMUNICAÇÃO PROXÉMICA DOS INSTRUTORES DE FITNESS: COMPARAÇÃO ENTRE INSTRUTORES
DE LOCALIZADA EXPERIENTES E ESTAGIÁRIOS
CAPÍTULO VI
6.6 REFERÊNCIAS
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Susana Mendes Alves
160
Capítulo VII
7
ESTUDO 4 – Comunicação Cinésica e Proxémica de
Instrutores de Localizada Experientes e Estagiários:
Deteção de Padrões Temporais
RESUMO
O presente estudo centra-se na análise da comunicação não-verbal dos instrutores de fitness
com recurso à metodologia observacional e objetiva a análise das configurações e padrões
temporais de comportamento cinésico e proxémico de instrutores com diferentes níveis de
experiência profissional. Participaram neste estudo 12 instrutores de fitness divididos em
dois grupos em função da sua experiência profissional: grupo de instrutores experientes (n =
6); grupo de instrutores estagiários (n = 6). As sessões de exercício foram filmadas e os
comportamentos cinésicos e proxémicos dos instrutores codificados com recurso ao Sistema
de Observação da Comunicação Cinésica - Fitness (SOCIN-Fitness) e ao Sistema de
Observação da Comunicação Proxémica - Fitness (SOPROX-Fitness). Os resultados obtidos
revelaram a existência de padrões temporais de comportamento cinésico e proxémico,
próprios de cada grupo de instrutores. Foi possível verificar que os instrutores experientes
apresentam um comportamento cinésico e proxémico mais consistente e complexo do que
os estagiários, caraterizado pela regulação do comportamento dos praticantes, através do
acompanhamento na realização dos exercícios a partir da posição correspondente, e da
intercalação de comportamentos de informação e de feedback, com recurso à utilização de
uma morfologia de gestos mais diversificadas.
Palavras-chaves: Comunicação não-verbal, metodologia observacional, padrão-T
ABSTRACT
This study focuses on the analyses of the fitness instructors’ non-verbal communication using
the observational methodology and it aims the analysis of the configuration and temporal
pattern of kinesics and proxemics behaviour, considering different levels of professional
experience. 12 fitness instructors participate in this study, divided in two groups accordingly
with their professional experience: expert group (n = 6); novice group (n = 6). The exercise
classes were videotaped and fitness instructors’ behaviours coded using the Observational
System for the Kinesics Communication of the Fitness Instructor (SOCIN-Fitness) and the
Observational System for the Proxemic Communication of the Fitness Instructor (SOPROXFitness). The results revealed the existence of kinesic and proxemic temporal patterns of
communication distinct for each group of instructors. It was possible to verify that expert
instructors have a more consistence and complex kinesic and proxemic behaviour than the
novices, which was characterized by the regulation of exerciser´s behaviour, throughout their
participation in exercise from a correspondent position, and the intercalation of behaviours
to inform and give feedback, using more diverse morphologies of gestures.
Key words: non-verbal communication, observational methodology, T-pattern
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
7.1 INTRODUÇÃO
As atividades de grupo de fitness representam uma boa oportunidade para os
indivíduos atingirem os níveis de atividade física recomendadas para a saúde. Esta
forma estruturada de exercício possibilita a realização de atividade física vigorosa
(Battista et al., 2008; Berry, Cline, Berry, & Davis, 1992), a qual tem demonstrado ter
mais benefícios cardiorespiratórios comparativamente as atividades físicas de
intensidade moderada (Haskell et al., 2007). Este tipo de atividades, quando
comparadas com as atividades individuais, tende também a prover mais benefícios
psicossociais e mais adesão ao exercício (Carron & Burke, 2005). Todavia, grande parte
destes benefícios depende da qualidade dos instrutores, já que são estes, que em
última instância, têm a responsabilidade de organizar e estruturar as atividades. Esta
tese é corroborada por alguns estudos que têm demonstrado a existência de uma
relação entre a forma como os instrutores comunicam e o clima de aula e a adesão às
atividades de grupo de fitness (Bray, Millen, Eidsness, & Leuzinger, 2005; Martin & Fox,
2001).
Interessa pois entender os factores que influenciam a qualidade da intervenção
dos instrutores de fitness de forma a utilizar esse conhecimento na formação de
instrutores de sucesso. Tendo por base esta necessidade, este artigo centra-se na
análise da comunicação cinésica (i.e. movimentos corporais) (Birdwhistell, 1970) e
proxémica (i.e. uso do espaço) (Hall, 1966) dos instrutores de fitness de Ginástica
Localizada, tendo em conta a sua experiência profissional. A opção pela análise deste
tipo de comunicação em função da experiência profissional tem por base o facto de os
indivíduos se irem tornando mais competentes e eficazes na realização das suas
atividades à medida que vão ganhando experiência (Berliner, 2001). De acordo com
Webster (2008), este tipo de análise comparativa, entre professores com e sem
experiência, permite um melhor entendimento sobre o que constitui uma
comunicação de sucesso, já que ao se ter acesso aos automatismos caraterísticos dos
professores experientes (Berliner, 2001; Sabers et al., 1991), possibilita-se a
aprendizagem dos professores menos experientes (Farrington-Darby & Wilson, 2006).
Tendo em consideração este pressuposto, recentemente nalguns estudos realizados
Susana Mendes Alves
162
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
no contexto do ensino que permitiram identificar a existência de padrões de
comportamentos temporais próprios de professores de educação física com e sem
experiência (Castañer et al., 2010, 2011). De acordo com estes estudos, os professores
com menos experiência, apesar de realizarem uma maior quantidade de gestos,
apresentavam uma comunicação gestual de menor qualidade e nem sempre tiravam o
melhor partido da ocupação do espaço, influenciando diretamente as aprendizagens
dos alunos.
Estes resultados fazem acreditar que o estudo destas variáveis no contexto das
atividades de grupo de fitness possa também contribuir para o conhecimento do perfil
de comunicação dos instrutores, ajudando-os na melhoria do processo de ensino.
Tendo por base esta expetativa, o presente estudo objetiva a análise dos padrões
temporais de comportamento cinésico e proxémico dos instrutores de fitness, em
contexto real.
7.2 MÉTODO
Dada a complexidade e a dinâmica da interação entre os comportamentos
cinésicos e proxémicos dos instrutores de fitness recorremos ao seu estudo através da
metodologia observacional (Anguera, 2003), a qual estrutura um conjunto de
procedimentos científicos que permitem o registo formal e a análise de
comportamentos e dinâmicas sociomotoras desde a lógica da investigação científica
(Gorospe, Hernández Mendo, Anguera, & Martínez de Santos, 2005). A flexibilidade e
o rigor desta metodologia fazem com que seja considerada a abordagem standard em
estudos de observação do comportamento no contexto desportivo (Hernández Mendo
& Anguera, 2002), combinando uma abordagem qualitativa e quantitativa de análise
do comportamento (Camerino, Castañer, & Anguera, 2012). O desenho observacional
definido para este estudo pode ser caracterizado como ideográfico (i.e. centrado na
análise de um instrutor), pontual (i.e. cada instrutor é analisado apenas uma vez) e
multidimensional (i.e. o comportamento é analisado em simultâneo a partir de
diferentes dimensões e categorias), conforme a classificação proposta por Anguera,
Villaseñor, Blanco e Losada (2001).
Susana Mendes Alves
163
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
7.2.1 Participantes
Participaram neste estudo 12 instrutores portugueses de Localizada, os quais
aceitaram participar nesta investigação e cumpriam os seguintes critérios de inclusão:
i) serem instrutores do género feminino e masculino em igual número, pois o género
dos sujeitos poderia influenciar a sua comunicação não-verbal (Kennedy & Camden,
1983); ii) terem a mesma formação académica, isto é licenciados e estagiários em
condição física e saúde no desporto, uma vez que alguns estudos apontam para o facto
de
a
formação
inicial
poder
influenciar
a
atuação
profissional
dos
treinadores/professores (Malek, Nalbone, Berger, & Coburn, 2002); iii) que lecionaram
aulas de Localizada, com aproximadamente a mesma duração e terem no mínimo 4
praticantes na aula, bem como a utilização do mesmo tipo de materiais (i.e. barra com
pesos, colchão, Step). Os instrutores selecionados foram divididos por dois grupos em
função da sua experiência profissional, ou seja, 6 instrutores estagiários (i.e. instrutoraluno no primeiro ano de experiência profissional) e 6 instrutores experientes (i.e.
instrutores com mais de 5 anos de experiência). Os valores de corte para a constituição
de cada um dos grupos estão de acordo com o modelo de experiência profissional
proposto por Berliner (1994).
Grupo de instrutores experientes - os instrutores deste grupo tinham idades
compreendidas entre os 29 e os 36 anos (M = 32; DP = 3), contavam com uma
experiência profissional como instrutor de fitness entre os 7 e os 14 anos (M = 9.59; DP
= 2.40) associada a uma experiência na lecionação da atividade de Localizada entre os
5 e os 14 anos (M = 8.44; DP = 3.26) e nas sessões observadas tiveram entre 4 a 16
praticantes (M = 11; DP = 5);
Grupo de instrutores estagiários - os instrutores deste grupo tinham idades
compreendidas entre os 20 e os 26 anos (M = 22; DP = 2), contavam com uma
experiência profissional como instrutor de fitness entre os .75 e os .42 anos (M =.52;
DP = .11), com uma experiência na lecionação da atividade de Localizada entre os .75 e
os .42 anos (M =.52; DP = .11) e nas sessões observadas tiveram entre 4 a 13
praticantes (M = 8; DP = 4).
Susana Mendes Alves
164
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
7.2.2 Instrumentos
Na metodologia observacional é recomendado o desenvolvimento de
instrumentos de observação ad hoc com a finalidade de que estes se adaptem
totalmente à conduta e ao contexto da investigação (Anguera, 2003, 2005). Seguindo
esta recomendação, e tendo como ponto de partida os sistemas de observação da
comunicação cinésica (SOCIN) e proxémica (SOPROX) desenvolvidas para o contexto
do ensino (Castañer et al., 2010, 2011), foram utilizadas versões destes sistemas
adaptadas para o contexto das atividades de grupo de fitness (i.e. SOCIN-Fitness e
SOPROX-Fitness) de acordo com a metodologia proposta por Brewer e Jones (2002).
Dessa forma, para a análise da comunicação cinésica dos instrutores de fitness foi
utilizado o Sistema de Observação da Comunicação Cinésica - Fitness (SOCIN-Fitness)
(Alves, 2012), o qual é composto por 5 dimensões de análise e 21 categorias (Quadro
5) e para a análise da comunicação proxémica dos instrutores de fitness foi utilizado o
Sistema de Observação da Comunicação Proxémica - Fitness (SOPROX-Fitness), o qual é
composto por 5 dimensões de análise e 23 categorias (Quadro 11).
7.2.3 Procedimentos
A recolha dos dados foi efetuada sempre mediante um pedido prévio de
autorização ao responsável do ginásio, bem como aos instrutores e praticantes
envolvidos. Todos os instrutores deram o seu consentimento informado para fazerem
parte desta investigação. Os procedimentos adotados cumprem as recomendações
éticas definidas por Harriss e Atkinson (2009, 2011) para a investigação na área do
desporto e exercício.
As gravações dos vídeos (i.e. imagem e som) foram realizadas com recurso a
uma câmara digital, sendo o seu conteúdo posteriormente transferido para o disco
rígido de um computador para visionamento e codificação com recurso ao programa
LINCE (Gabín et al., 2012). Previamente foi analisada a qualidade dos dados através do
teste das fiabilidades inter-observadores e intra-observador pelo cálculo do índice de
concordância Kappa de Cohen (Cohen, 1960) em todas as categorias dos sistemas
SOCIN-Fitness e SOPROX-Fitness, permitindo garantir que o erro é reduzido e que
Susana Mendes Alves
165
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
existe estabilidade e consistência nas observações, assegurando que se pode
prosseguir para o registo de dados (Blanco-Villaseñor & Anguera, 2003). Para tal, após
o treino dos observadores foi visionado e codificado um vídeo de uma aula de grupo
de fitness, tendo-se obtido valores compreendidos entre .75 e 1 em ambos os testes,
revelando elevados níveis de concordância (Fleiss, 1981), em ambos os testes.
Para analisar as configurações e sua relação em padrões temporais (Padrões-T)
foi utilizado o programa Theme 5.0 (Magnusson, 2000; Magnusson, 2005). Esta
abordagem inovadora no contexto desportivo (Jonsson et al., 2010) permite a recolha
de informações sobre a estrutura do comportamento que não podem ser observadas a
“olho nu” ou através de qualquer outro método (Magnusson, 2000).
A análise das principais configurações de comportamentos foi realizada através
da apresentação do número total de configurações e da frequência absoluta e relativa
das cinco principais configurações, em cada grupo de instrutores. No caso dos padrões
temporais, as estruturas de comportamento detetadas são representadas através de
um dendrograma que ilustra um padrão de comportamento composto por um
conjunto de configurações, que ocorrem segundo a mesma ordem e dentro do mesmo
intervalo temporal crítico (Jonsson et al., 2010).
Os padrões foram detetados através da análise em simultâneo dos seis
instrutores de cada um dos grupos, sendo definidos os critérios de inclusão de 3
ocorrências mínimas e um nível de significância de .05. Por cada atividade será
apresentado um padrão-T que apresente a estrutura mais complexa (i.e. maior
número de comportamentos combinados) e que retrate um comportamento lógico de
atuação profissional.
7.3 RESULTADOS
Das observações realizadas aos 12 instrutores de fitness (6 instrutores
experientes e 6 instrutores estagiários) que participaram neste estudo, foi possível
registar um total de 2837 comportamentos cinésicos e respetiva proxémica,
considerando os dois grupos de instrutores (Experientes = 1662; Estagiários= 1175).
Cada comportamento observado representa uma configuração de códigos cinésicos e
Susana Mendes Alves
166
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
proxémicos registados nesse momento. A partir do programa Theme (Magnusson,
2000; Magnusson, 2005) foi possível identificar configurações e sua relação sequencial
ao longo do tempo (padrões-T).
7.3.1 Configurações de comportamentos
Verificou-se a existência de 456 configurações de comportamentos diferentes
no grupo de instrutores experientes e 488 para o grupo de instrutores estagiários. No
Quadro 33 estão apresentadas as cinco configurações mais frequentes obtidas em
cada grupo de instrutores e respetivas frequências absolutas, relativas e acumuladas.
Quadro 33 – Configurações de comportamentos mais frequentes encontradas em cada
um dos grupos de instrutores.
Freq.
%
%
Instrutores
Configurações
Nº
Total Acum.
Experientes 1ª) RE,DEI,INF,CE,MAC,P,IINT,FC,PFB
87
19.07 19.07
2ª) RE,EMBS,INF,CE,MAC,P,IINT,FC,PFB
82
17.98 37.05
3ª) RE,EMBN,INF,CE,MAC,P,IINT,FC,PFB
41
8.99
46.04
4ª) RE,DEI,FEED,CE,MAC,P,IINT,FC,PFB
36
7.89
53.93
5ª) RE,EMBS,FEED,CE,MAC,P,IINT,FC,PFB
29
6.35
60.28
Estagiários
1ª) IL,DEI,INF,SE,MAC,P,IINT,FE,PFB
2ª) RE,DEI,INF,CE,MAC,P,IINT,FE,PFB
3ª) RE,CIN,INF,SE,MAC,C,IINT,NM,LOC
4ª) IL,BAT,INF,SE,MAC,P,IINT,FE,PFB
5ª) RE,DEI,INF,CE,MAC,P,IINT,FE,PBD
19
19
17
16
16
3.89
3.89
3.48
3.27
3.27
3.89
7.78
11.26
14.53
17.80
Legenda: Freq. = Frequência; Acum. = Acumulada.
7.3.2 Padrões-T dos instrutores experientes
O padrão-T detetado nos instrutores experientes representa uma combinação
de nove configurações diferentes de comportamentos cinésicos e proxémicos (Figura
16).
Susana Mendes Alves
167
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
Figura 16 – Representação do padrão-T detetado relativamente à comunicação
cinésica e proxémica a partir da análise dos seis instrutores experientes da atividade
de Localizada.
O padrão inicia-se com uma configuração (01) onde os instrutores estão a
regular o comportamento dos praticantes (RE) através da realização de um gesto
socialmente pré- estabelecido (EMBS) informando-os sobre o que deve ser realizado
(INF) e acompanhando-o na realização do exercício (CE). Esse gesto é dirigido para
toda a classe (MAC) a partir de uma posição periférica na sala (P), estando os
instrutores envolvidos nas atividades (IINT) à frente dos praticantes de costas para os
mesmos (FC) numa posição bípede sem se deslocar no espaço (PFB). Nas duas
configurações seguintes (02 e 03) os instrutores apenas mudam a morfologias dos
gestos, apontando primeiramente para algo (DEI) e realizando em seguida um
emblema numérico (EMBS). Na quarta (04) e quintas (5) configurações os instrutores
regulam o comportamento dos praticantes através de um gesto deítico (DEI) e
cinetográfico (CIN), respetivamente, com o objetivo pedagógico de fornecer feedback
(FEED) a todos os praticantes (MAC), mantendo a restante proxémica. Nas
configurações seis (06) e sete (07) os instrutores regulam o comportamento (RE),
mantêm a morfologia cinetográfico (CIN) sendo que, seguidamente realizam um
emblema social (EMBS), para fornecer feedback (FEED) individual (DIA). Por último
(configurações 08 e 09), os instrutores voltam a regular o comportamento (RE) através
Susana Mendes Alves
168
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
de um gestos que identifica o ritmo ou a velocidade dos exercício (RIT) e cinetográfico
(CIN), com o objetivo de informar (INF) aquando da realização do exercício (CE) todos
os praticantes (MAC), a partir de uma posição periférica na sala (P), estando os
instrutores envolvidos nas atividades (IINT) à frente dos praticantes e de costas para os
mesmos (FC) numa posição bípede sem se deslocar no espaço (PFB).
7.3.3 Padrões-T dos instrutores estagiários
Relativamente aos instrutores estagiários, o padrão-T encontrado é composto
por quatro configurações de comportamentos cinésicos e proxémicos (Figura 17).
Figura 17 – Representação do padrão-T detetado relativamente à comunicação
cinésica e proxémica a partir da análise dos seis instrutores estagiários da atividade
de Localizada.
O padrão detetado inicia-se com uma combinação (01), onde os instrutores
realizam um gesto com uma função ilustrativa, ou seja, não pressupõe uma resposta
imediata dos praticantes (IL), através do uso de um gesto de apontar para algo (DEI)
com o objetivo de informar (INF) não sendo acompanhado de exercício realizado pelos
instrutores (SE). Esse gesto é dirigido para todo o grupo (MAC), estando os instrutores
localizados na parte periférica da sala (P), demonstrando estar envolvidos nas
atividades (IINT) à frente dos praticantes e de frente para os mesmos (FE) numa
Susana Mendes Alves
169
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
posição bípede sem se deslocarem no espaço (PFB). Na configuração seguinte (02) os
instrutores realizam novamente um gesto que não pressupõe uma resposta imediata
pelos praticantes (IL), sem uma morfologia definida (BAT), com o objetivo de informar
(INF), sem estarem a efetuar exercício (SE) e sem alterarem a sua proxémica. Na
terceira configuração (03), os instrutores realizam um gesto que não pressupõe uma
resposta imediata (IL), através de um emblema socialmente instituído (EMBS), com o
objetivo de informar (INF) sem estarem a realizar o exercício (SE), mantendo também a
sua proxémica. Na última combinação (04) do padrão, os instrutores realizam um
gesto ilustrador, através de um gesto de apontar para algo (DEI) para informar (INF),
não estando a realizar exercício (SE). Esse gesto é dirigido para todo o grupo de
praticantes (MAC), a partir de uma localização periférica na sala (P), estando os
instrutores envolvidos no que se passa na aula (IINT), à frente e com a mesma
orientação dos praticantes (FC) estrando em locomoção, ou seja a circular na sala.
7.4 DISCUSSÃO
O presente estudo centra-se na análise da comunicação não-verbal dos
instrutores de fitness com recurso à metodologia observacional (Anguera, 2009) e
objetiva a análise das configurações e padrões-T de comportamento cinésico e
proxémico de instrutores com diferentes níveis de experiência profissional, com
recurso ao programa informático Theme 5.0 (Magnusson, 2000; Magnusson, 2005). Os
resultados obtidos indicam que os instrutores experientes apresentam menor
diverdidade de configurações de comportamento do que os instrutores estagiários e
que as cinco configurações mais frequentes representaram 60.28% do total de
comportamentos detetados. Por outro lado, os instrutores estagiários apresentam
uma maior diversidade de configurações de comportamentos sendo que as cinco
configurações mais frequentes apenas representaram 17.80% do total dos
comportamentos detetados. Estes dados indiciam que os instrutores experientes
atuam de uma forma mais consistente e estável. Esta consistência pode ser o reflexo
da aprendizagem ao longo do tempo, fazendo com que os instrutores experientes já
tenham vivenciado quais são os comportamentos que mais beneficiam o processo de
ensino e aprendizagem, levando-os a repeti-los com maior frequência. Como ainda não
Susana Mendes Alves
170
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
têm essa experiência, os instrutores estagiários tendem a apresentar um
comportamento menos consistente. De acordo com (Berliner, 2001), este
automatismo de comportamento é uma característica dos professores experientes que
lhes permite libertar a atenção para o processamento de informações mais complexas.
A análise da frequência de ocorrências das configurações de comportamentos
foi subsequentemente complementada com a informação recolhida ao nível dos
padrões-T detetados. Este tipo de análise permite a identificação de padrões
“escondidos” de comportamento, fornecendo pistas sobre a dinâmica e sequência pela
qual ocorrem as diferentes morfologias de gestos, orientações e posições no espaço.
O padrão-T identificado nos instrutores experientes poderá refletir um
comportamento de instrução de um exercício onde os instrutores regulam o
comportamento dos praticantes, onde usam um gesto socialmente instituído para dar
início ao exercício, sendo que já em exercício realizado pelos instrutores e praticantes
executam um gesto de apontar para possivelmente informar sobre o grupo muscular
ou o segmento muscular envolvido no exercício e dão seguidamente uma indicação
numérica podendo ser referente ao número de repetições do exercício ou contagem
de movimentos. Após o início dos exercícios, os instrutores realizam gestos que
pressupõem uma resposta imediata de todo o grupo de praticantes, mas para fornecer
feedback, através de um gesto onde apontam por exemplo para o grupo muscular que
deve realizar a força no exercício, seguindo-se um gesto que imita um movimento com
o possível objetivo de reforçar o movimento correto. As duas combinações que se
seguem demonstram que, após o uso de gestos de feedback para todos os praticantes,
se necessário os instrutores experientes individualizam o feedback para corrigir o
praticante que ainda não corrigiu o movimento, através de um gesto que imita esse
mesmo movimento, dando seguidamente um novo feedback através de um emblema
social, avaliando a sua prestação motora. Após terem assegurado a correta execução
motora dos praticantes os instrutores experientes alteram o ritmo dos exercícios
através de gestos que identificam por exemplo, a velocidade do exercício, seguindo-se
uma possível alteração no exercício, pois os instrutores realizam um gesto que imita
um movimento, como objetivo de informar todos os praticantes de devem executá-lo
nesse preciso momento.
Susana Mendes Alves
171
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
Analisando o padrão-T identificado para os instrutores estagiários, verificou-se
que o padrão poderá refletir um comportamento de instrução onde os instrutores
realizam um gesto de sem pressupor uma resposta imediata dos praticantes onde
utilizam gestos de apontar para algo (e.g. grupo muscular ou segmento corporal),
batutas (i.e. gestos que não têm uma morfologia definida e que geralmente
acompanham o discurso verbal), podendo ser para explicar o exercício que irão realizar
e emblemas socialmente instituídos possivelmente para informar que é só isso que se
pretende no exercício ou para dar início ao exercício interiormente explicado. Estes
gestos para informar os praticantes não são complementados com realização de
exercício que poderia auxiliar a instrução (i.e. demostração do exercício). A
comunicação cinésica dos instrutores estagiários neste padrão é sempre dirigida para
todo o grupo de praticantes, estando os instrutores localizados na periferia da sala,
envolvidos no que se passa na sessão e orientados à frente dos praticantes em espelho
(i.e. de frente para os praticantes). Nos três primeiros comportamentos, os instrutores
adotam uma posição corporal fixa bípede, possivelmente derivada da explicação do
exercício, sendo que no final do padrão alteram esta posição, passando a deslocar-se
pela sala, possivelmente para informar que irão seguidamente realizar outro tipo de
exercício, através do uso de um gesto de apontar para algo.
Os padrões T de comportamento apresentados anteriormente possuem
caraterísticas próprias que permitem discutir um perfil de atuação distinto para os dois
grupos de instrutores analisados. De entre os aspetos mais diferenciadores destacamse os seguintes:
a) Nos instrutores experientes o padrão mais complexo é composto por uma
sequência de nove comportamentos enquanto nos instrutores estagiários o
padrão mais complexo encontrado representa uma sequência de apenas quatro
comportamentos. Tal como verificado anteriormente, o comportamento dos
instrutores experientes foi mais estável sendo agora possível também verificar que
é mais complexo e estruturado. Esta consistência e estruturação, reflete um
automatismo do comportamento que é caraterístico dos professores experientes
(Berliner, 2001; Sabers et al., 1991) sendo esta também a principal razão para o
Susana Mendes Alves
172
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
seu estudo, por permitir a aprendizagem dos instrutores menos experientes
(Farrington-Darby & Wilson, 2006);
b) Os instrutores experientes estão sempre a regular o comportamento dos
praticantes, com o objetivo de obterem uma resposta imediata (i.e. gestos
reguladores), enquanto os instrutores estagiários se centram na utilização de
gestos ilustradores que não pressupõem essa resposta imediata. Esta diferença de
atuação indicia uma maior preocupação dos instrutores experientes em potenciar
a tempo de prática dos praticantes, já que dão as informações enquanto regulam
o comportamento, ao passo que os instrutores estagiários fazem-no em situações
discursivas e ilustrativas. Note-se que uma das caraterísticas dos professores
experientes é a sua maior capacidade para selecionar e estruturar as informações
importantes (Berliner, 2001), o que faz com que despendam significativamente
menos tempo em comportamentos de instrução (Behets, 1997).
c)
Os instrutores experientes estão sempre a acompanhar os praticantes na
realização dos exercícios contrariamente aos instrutores estagiários. Esta
diferença indicia uma maior capacidade dos instrutores experientes para
utilizarem a sua cinésica corporal como modelo de execução, o que possibilita aos
praticantes uma identificação rápida dos exercícios a realizar, bem como da sua
correta execução, evitando parar a aula com a verbalização e a ilustração dos
exercícios. A utilização o seu corpo como modelo pode servir também como uma
estratégia de motivação para fazer com que os praticantes se empenhem nos
exercícios (Franco et al., 2008);
d) Os instrutores experientes intercalam os comportamentos para informar os
praticantes sobre os exercícios (i.e. Informação) com comportamentos para
ajudar, corrigir os praticantes ou avaliar a sua prestação motora (i.e. Feedback).
Esta combinação não se verifica no comportamento dos instrutores estagiários
que apenas dão informação sobre os exercícios. Estes resultados são consistentes
com os encontrados por Hogan, Rabinowitz, e Craven (2003), onde se verificou
uma tendência para os professores inexperientes para se focalizarem em si
próprios estando primeiramente preocupados com a transmissão de informação,
ao passo que os professores experientes se focalizavam nas aprendizagens dos
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173
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
alunos, preocupando-se em dar resposta às necessidades sentidas pelos alunos
numa dada situação específica. Por outro lado, também é sabido que os
professores experientes monitorizam melhor as aprendizagens e as respostas dos
alunos aos feedbacks (Berliner, 2001), o que também é evidenciado nos resultados
obtidos. Note-se que a atenção recebida e a adequação dos exercícios é um dos
aspetos tidos como mais importante pelos praticantes de exercício para a sua
avaliação da qualidade do instrutor (Papadimitriou & Karteroliotis, 2000);
e) Por fim, destaca-se o facto de os instrutores experientes recorrerem a cinco
diferentes morfologias de gestos ao passo que os instrutores estagiários se
cingiram à utilização de três morfologias distintas, onde se incluem a utilização de
batutas, que representam gestos sem significado icónico, que usualmente
acompanham e enfatizam a lógica do discurso verbal. Esta diferença revela uma
maior capacidade por parte dos instrutores experientes de tirarem partido da
comunicação cinésica gestual, já que utilizam morfologias mais diversificadas. A
capacidade de utilização deste tipo de comunicação gestual tem sido identificada
como um aspeto importante para a qualidade da comunicação (Cartmill, GoldinMeadow, & Beilock, 2012; Maricchiolo et al., 2009; Maricchiolo et al., 2011).
7.5 CONCLUSÕES
Partindo dos objetivos inicialmente propostos, e com base nos resultados
obtidos, verificamos que foi possível identificar características comuns e distintas de
comportamento entre instrutores de Localizada experientes e estagiários, com recurso
à análise de configurações de comportamento e padrões-T obtidos através do
programa Theme 5.0. Verifica-se que os instrutores experientes apresentam um
comportamento cinésico e proxémico mais consistente e complexo, centrado na
regulação do comportamento dos praticantes, através do acompanhamento na
realização dos exercícios a partir da posição correspondente, e da alternância entre
comportamentos de informação e de feedback, com recurso à utilização de uma
morfologia de gestos mais diversificadas. Estes resultados poderão ser úteis para guiar
e potenciar a intervenção pedagógica dos instrutores de fitness.
Susana Mendes Alves
174
ESTUDO 4 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA DE INSTRUTORES DE LOCALIZADA EXPERIENTES E
ESTAGIÁRIOS: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VII
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CAPÍTULO VII
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Susana Mendes Alves
179
Capítulo VIII
8
ESTUDO 5 – Comunicação Cinésica e Proxémica em
Instrutores de Fitness de Diferentes Atividades de Grupo:
Deteção de Padrões Temporais
RESUMO
O presente estudo introduz uma abordagem inovadora ao estudo da comunicação cinésica e
proxémica em instrutores de fitness, com recurso à metodologia observacional e à deteção
de padrões temporais de comportamento. Para tal foram observadas as aulas de 12
instrutores de fitness, em quatro atividades de grupo distintas (i.e. Step, Localizada,
Hidroginástica e Indoor Cycling), através da aplicação de dois sistemas de observação de
análise do comportamento cinésio e proxémico (SOCIN-Fitness e SOPROX-Fitness,
respetivamente). Os instrutores eram todos do género feminino, licenciados em condição
física e saúde e com mais de cinco anos de experiência profissional. Os resultados revelaram
a existência de padrões temporais de comportamento cinésico e proxémico, próprios de cada
atividade. As atividades distinguiram-se essencialmente na morfologia e sequência dos
gestos utilizados, ao nível da cinésica, e na orientação e posição no espaço, ao nível da
proxémica. Estes resultados contribuem para a caracterização e compreensão do processo
comunicativo no contexto do fitness.
Palavras-chaves: comunicação não-verbal, metodologia observacional, padrões-T
ABSTRACT
The present study introduces an innovate approach to the study of the kinesics and
proxemics communications of the fitness instructors, by means of the observational
methodology and the detection of temporal behaviours patters. For this, it were observed
the classes of 12 fitness instructors in four different group activities (i.e. Step, group
resistance training, Aquafitness and Indoor Cycling), throughout the application of two
different observational systems to analyse the kinesics and proxemics behaviours (SOCINFitness and SOPROX-Fitness, respectively). The instructors were all female, graduated in
health and physical fitness with more than five years of professional experience. Results
reveals the existence of distinct kinesics and proxemics temporal patterns in each activity.
The Activities were different essentially in the morphology and the gestures sequence, with
respect to kinesics, and in the orientation and position in the space, regarding proxemics.
These results contribute to the characterization and comprehension of the communicative
process in the fitness context.
Key words: non-verbal communication, observational methodology, T-pattern
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
8.1 INTRODUÇÃO
Este estudo centra-se na análise da comunicação cinésica (i.e. movimentos
corporais) (Birdwhistell, 1970) e proxémica (i.e. uso do espaço) (Hall, 1966) dos
instrutores de fitness no contexto das atividades de grupo (Step, Localizada,
Hidroginástica e Indoor Cycling). Estas duas componentes da comunicação não-verbal
(Knapp & Hall, 2010) são críticas para o processo comunicativo dos instrutores de
fitness, os quais estão a maior parte do tempo de aula em comportamentos de
instrução (Castañer, Franco, Rodrigues, & Miguel, 2012; Franco, Rodrigues, & Balcells,
2008) em condições onde a comunicação verbal está limitada pela utilização de
música com volume elevado a acompanhar a realização dos exercícios (Mirbod et al.,
1994; Yarenchuk & Kaczor, 1999) e a proximidade espacial com os praticantes é algo
difícil de operacionalizar (e.g. muitos praticantes; salas grandes; materiais). Estas
condicionalidades fazem com que a comunicação do instrutor de fitness esteja
fortemente dependente da utilização eficaz que faz de um conjunto de códigos
cinésico-gestuais que acompanham ou substituem as principais informações verbais.
Para além disso, estas contingências podem condicionar a forma como o instrutor se
desloca e posiciona na sala ao longo da sessão, estabelecendo diferentes relações
espaciais com os praticantes (Kennedy & Yoke, 2004). A componente gestual da
comunicação (i.e. movimentos realizados essencialmente com os braços e mãos)
(Cartmill, Goldin-Meadow, & Beilock, 2012) é parte integrante do processo
comunicativo (Kendon, 2004) e contribui significativamente para a sua eficácia,
conforme verificou Hostetter (2011) a partir de uma meta-análise realizada com base
em 63 estudos realizados nos últimos 5 anos. Também os trabalhos pioneiros
realizados por Hall (1968), no contexto da proxémica, revelaram que os indivíduos
tendem a manter uma determinada distância entre si e que essa distância é um
importante indicador de afetividade.
Considerando a natureza inovadora do estudo da comunicação cinésica e
proxémica no contexto das atividades de fitness teremos de nos socorrer de estudos
realizados em contextos diferentes. Deste modo, os resultados obtidos através das
aplicações do SOCIN e do SOPROX no contexto do ensino (Castañer, Camerino,
Susana Mendes Alves
181
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
Anguera, & Jonsson, 2010, 2011) permitiram identificar a existência de padrões de
comportamentos temporais próprios de professores de educação física com e sem
experiência, verificando-se que os professores inexperientes, apesar de realizarem
uma maior quantidade de gestos, apresentavam uma comunicação gestual de menor
qualidade e nem sempre tiravam o melhor partido da ocupação do espaço,
influenciando diretamente as aprendizagens dos alunos. Estes resultados fazem
acreditar que o estudo destas variáveis no contexto das atividades de grupo de
fitness possa também contribuir para o conhecimento do perfil de comunicação dos
instrutores, ajudando-os na melhoria da sua comunicação não-verbal e,
consequentemente, do processo de ensino aprendizagem nestas atividades de grupo.
Tendo por base esta expetativa, o presente estudo objetiva a análise inovadora dos
padrões temporais de comportamentos cinésicos e proxémicos dos instrutores de
fitness, em contexto natural de atuação.
8.2 MÉTODO
Dada a complexidade e a dinâmica da interação entre os comportamentos
cinésicos e proxémicos dos instrutores de fitness recorremos ao seu estudo através
da metodologia observacional (Anguera, 2003), a qual estrutura um conjunto de
procedimentos científicos que permitem o registo formal e a análise de
comportamentos e dinâmicas sociomotoras desde a lógica da investigação científica
(Gorospe, Hernández Mendo, Anguera, & Martínez de Santos, 2005). A flexibilidade e
o rigor desta metodologia fazem com que seja considerada a abordagem standard
em estudos de observação do comportamento no contexto desportivo (Hernández
Mendo & Anguera, 2002), combinando uma abordagem qualitativa e quantitativa do
comportamento (Camerino, Castañer, & Anguera, 2012). O desenho observacional
definido para este estudo pode ser caracterizado como ideográfico (i.e. centrado na
análise de um instrutor), pontual (i.e. cada instrutor é analisado apenas uma vez) e
multidimensional (i.e. o comportamento é analisado em simultâneo a partir de
diferentes dimensões e categorias), conforme a classificação proposta por Anguera,
Villaseñor, Blanco e Losada (2001).
Susana Mendes Alves
182
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
8.2.1 Participantes
Participaram neste estudo 12 instrutores de fitness portugueses de atividades
de grupo distintas (i.e. 3 instrutores de Step; 3 instrutores de Localizada; 3 instrutores
de Indoor Cycling e 3 instrutores de Hidroginástica). Foram definidos os seguintes
critérios de inclusão: i) serem instrutores do género feminino, pois o género dos
sujeitos poderia influenciar a sua comunicação não-verbal (Kennedy & Camden,
1983); ii) serem licenciados em condição física e saúde no desporto, uma vez que
alguns estudos apontam para o facto de a formação inicial poder influenciar a
atuação profissional dos treinadores/professores (Malek, Nalbone, Berger, & Coburn,
2002); iii) terem pelo menos 5 anos de experiência como instrutor de fitness, já que a
experiência profissional, definida por Berliner (1994) como tendo 5 anos ou mais
anos de experiência, pode diferenciar o comportamento dos instrutores de fitness
(Simões, Franco, & Rodrigues, 2009); iv) terem pelo menos 5 anos de experiência na
lecionação da respetiva atividade com uma frequência mínima de 3 sessões
semanais, de forma a uniformizar a experiência dos instrutores.
Os instrutores analisados apresentaram idades compreendidas entre os 24 e
os 48 anos (M = 31.50; DP = 6.14), contavam com uma experiência profissional como
instrutor de fitness entre os 6 e os 26 anos (M = 9.83; DP = 5.52) associada a uma
experiência na lecionação da atividade entre os 5 e os 17 anos (M = 8.25; DP = 3.75)
com uma frequência semanal de 3 a 4 sessões (M = 3.67; DP = 0.49).
8.2.2 Instrumentos
Na metodologia observacional é recomendado o desenvolvimento de
instrumentos de observação ad hoc com a finalidade de que estes se adaptem
totalmente à conduta e ao contexto da investigação (Anguera, 2003, 2005). Seguindo
esta recomendação, e tendo como ponto de partida os sistemas de observação da
comunicação cinésica (SOCIN) e proxémica (SOPROX) desenvolvidas para o contexto
do ensino (Castañer et al., 2010, 2011), foram utilizadas versões destes sistemas
adaptadas para o contexto das atividades de grupo de fitness (i.e. SOCIN-Fitness e
SOPROX-Fitness) de acordo com a metodologia proposta por Brewer e Jones (2002).
Susana Mendes Alves
183
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
Dessa forma, para a análise da comunicação cinésica foi utilizado o Sistema de
Observação da Comunicação Cinésica - Fitness (SOCIN-Fitness) (Alves, 2012), o qual é
composto por 5 dimensões de análise e 21 categorias (Quadro 5) e para a análise da
comunicação proxémica foi utilizado o Sistema de Observação da Comunicação
Proxémica - Fitness (SOPROX-Fitness), o qual é composto por 5 dimensões de análise
e 23 categorias (Quadro 11).
8.2.3 Procedimentos
A recolha dos dados foi efetuada sempre mediante um pedido prévio de
autorização ao responsável do ginásio, bem como aos instrutores e praticantes
envolvidos. Todos os instrutores deram o seu consentimento informado para
fazerem parte desta investigação. Os procedimentos adotados garantem o
cumprimento das recomendações éticas definidas por Harriss e Atkinson (2009,
2011) para a investigação na área do desporto e exercício.
As gravações dos vídeos (i.e. imagem e som) foram realizadas com recurso a
uma câmara digital, sendo o seu conteúdo posteriormente transferido para o disco
rígido de um computador para visionamento e codificação com recurso ao programa
LINCE (Gabín, Camerino, Anguera, & Castañer, 2012).
A análise da qualidade dos dados (Blanco-Villaseñor & Anguera, 2003) foi
previamente efetuada com recurso ao cálculo dos valores de fiabilidade interobservadores e intra-observador, através do coeficiente de concordância Kappa de
Cohen (Cohen, 1960). Este procedimento visa garantir a fiabilidade e consistência do
registo de dados através da obtenção de valores de Kappa de Cohen superiores .75
(Cohen, 1960).
Para analisar as configurações e sua relação em padrões temporais (PadrõesT) foi utilizado o programa Theme 5.0 (Magnusson, 2000; Magnusson, 2005). Esta
abordagem inovadora no contexto desportivo (Jonsson et al., 2010) permite a
recolha de informações sobre a estrutura do comportamento que não podem ser
observadas a “olho nu” ou através de qualquer outro método (Magnusson, 2000).
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184
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
A análise das principais configurações de comportamentos foi realizada
através da apresentação do número total de configurações e da frequência absoluta
e relativa das 5 configurações mais frequentes, em cada atividade. No caso dos
padrões temporais, as estruturas de comportamento detetadas são representadas
através de um dendrograma que ilustra um padrão de comportamento composto por
um conjunto de configurações que ocorrem segundo a mesma ordem e dentro do
mesmo intervalo temporal crítico (Jonsson et al., 2010).
Os padrões foram detetados através da análise em simultâneo dos seis
instrutores de cada um dos grupos, sendo definidos os critérios de inclusão de 3
ocorrências mínimas e um nível de significância de .05. Por cada atividade será
apresentado um padrão-T que apresente a estrutura mais complexa (i.e. maior
número de comportamentos combinados) e que retrate um comportamento lógico
de atuação profissional.
8.3 RESULTADOS
Das observações realizadas aos 12 instrutores de fitness que participaram
neste estudo, foi possível registar um total de 3242 comportamentos cinésicos e
proxémicos, considerando o conjunto das quatro atividades analisadas (Step = 957;
Localizada = 591; Hidroginástica = 975; Indoor Cycling =719). A partir do programa
Theme (Magnusson, 2000; Magnusson, 2005) foi possível identificar configurações e
sua relação sequencial ao longo do tempo (padrões-T).
8.3.1 Configurações de comportamentos
Cada comportamento observado representa uma configuração, a qual
consiste no encadeamento de códigos correspondentes aos comportamentos
cinésicos e proxémicos registados nesse momento. O número total de configurações
registadas foi de 127 na atividade de Step, 229 na atividade de Localizada, 358 na
atividade de Hidroginástica e, por fim, de 130 na atividade de Indoor Cycling. No
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185
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
Quadro 34 estão apresentadas as cinco principais configurações obtidas em cada
atividade e respetivas frequências absolutas, relativas e acumuladas.
Quadro 34 – Configurações de comportamento mais frequentes encontradas em cada uma
das atividades.
Freq.
%
%
Atividades
Configurações
Nº
Total Acum.
Step
1ª) RE, EMBT, INF, CE, MAC, P, IINT, FE, PBD
130
13.58 13.58
2ª) RE, DEI, INF, CE, MAC, P, IINT, FE, PBD
129
13.47 27.05
3ª) RE, DEI, INF, CE, MAC, P, IINT, FC, PBD
87
9.09
36.14
4ª) RE,EMBN,INF,CE,MAC,P,IINT,FE,PBD
76
7.94
44.08
5ª) RE,EMBT,INF,CE,MAC,P,IINT,FC,PBD
54
5.64
49.72
Localizada
1ª) RE, DEI, INF, CE, MAC, P, IINT, FC, PBD
2ª) RE, EMBN, INF, CE, MAC, P, IINT, FC, PFD
3ª) RE, EMBN, INF, CE, MAC, P, IINT, FC, PBD
4ª) RE,CIN,INF,CE,MAC,P,IINT,FC,PFD
5ª) RE,EMBT,INF,CE,MAC,P,IINT,FC,PBD
31
28
26
18
17
5.24
4.73
4.39
3.04
2.87
5.24
9.97
14.36
17.4
20.27
Hidroginástica
1ª) RE,DEI,INF,CE,MAC,P,IINT,FE,PFB
2ª) RE,EMBN,INF,SE,MAC,P,IINT,FP,LOC
3ª) RE,DEI,INF,SE,MAC,P,IINT,FE,PFB
4ª) RE,CIN,INF,SE,MAC,P,IINT,FE,PFB
5ª) RE,EMBN,INF,CE,MAC,P,IINT,FE,PFB
44
37
34
32
25
4.51
3.79
3.48
3.28
2.56
4.51
8.30
11.78
15.06
17.62
Indoor Cycling
1ª) RE, CIN, INF, CE, MAC, P, IINT, FE, PFS
2ª) RE, EMBN, INF, CE, MAC, P, IINT, FE, PFS
3ª) RE, DEI, INF, CE, MAC, P, IINT, FE, PFS
4ª) RE,BAT,INF,CE,MAC,P,IINT,FE,PFS
5ª) RE,RIT,INF,CE,MAC,P,IINT,FE,PFS
115
76
75
49
41
15.99
10.57
10.43
6.81
5.70
15.99
26.56
36.99
43.8
49.5
Legenda: Freq. = Frequência; Acum. = Acumulada.
8.3.2 Padrões-T na atividade de Step
Na atividade de Step foi identificado um padrão-T com uma combinação de
sete configurações diferentes de comportamentos cinésico-gestuais e proxémicos
(Figura 18).
Susana Mendes Alves
186
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
Figura 18 – Representação do padrão-T detetado relativamente à comunicação cinésica
e proxémica a partir da análise dos três instrutores da atividade de Step
Este padrão inicia-se com uma configuração (01) onde os instrutores estão a
regular o comportamento dos praticantes (RE) através da realização de um gesto que
simboliza uma habilidade motora específica desta atividade (EMBT) informando-os
sobre o que deve ser realizado (INF) e acompanhando-os na realização do exercício
(CE). Esse gesto é dirigido para toda a classe (MAC) a partir de uma posição periférica
na sala (P), estando os instrutores envolvidos nas atividades (IINT) e virados de frente
para os praticantes (FE) a realizar deslocamentos derivados dos exercícios (PBD). Nas
duas configurações seguintes (02 e 03) os instrutores apenas mudam a morfologias
dos gestos, apontando primeiramente para algo (DEI) e realizando em seguida um
emblema social (EMBS). Na quarta configuração (04) os instrutores mudam a sua
orientação, ficando de costas para os praticantes (FC). A partir desta orientação os
instrutores realizam uma sequência de gestos com diferentes morfologias,
começando por realizar um gesto numérico (EMBN), seguido de um emblema social
(EMBS) e um emblema técnico (EMBT), terminando com um gesto de apontar para
algo (DEI).
Susana Mendes Alves
187
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
8.3.3 Padrões-T na atividade de Localizada
No caso da atividade de Localizada foi identificado um padrão-T, composto
por quatro configurações de comportamentos cinésico-gestuais e proxémicos (Figura
19).
Figura 19 – Representação do padrão-T detetado relativamente à comunicação
cinésica e proxémica a partir da análise dos três instrutores da atividade de Localizada
Ao longo de todas as configurações deste padrão-T detetado, os instrutores
realizam sempre gestos que regulam o comportamento dos praticantes (RE) e os
informam (INF), enquanto são acompanhados na realização dos exercícios (CE). Esses
gestos são sempre dirigidos para toda a classe (MAC) a partir de uma posição
periférica na sala (P), estando o instrutor envolvido no que se passa na aula (IINT), à
frente e com a mesma orientação dos praticantes (FC) e numa posição deitado dorsal
(PFD). Apesar disso, cada configuração está associada a um gesto com uma
morfologia diferenciada. A primeira configuração diz respeito à realização de um
gesto de apontar para algo (DEI), a que se segue um gesto de referência numéria
(EMBN), de referência rítmica (RIT) e, por fim, a um gesto com caráter socialmente
instituído, não específico da atividade (EMBS).
Susana Mendes Alves
188
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
8.3.4 Padrões-T na atividade Hidroginástica
Para a atividade de Hidroginástica foi identificado um padrão-T composto por
três configurações de comportamentos cinésico-gestuais e proxémicos (Figura 20).
Figura 20 – Representação do padrão-T detetado relativamente à comunicação
cinésica e proxémica a partir da análise dos três instrutores da atividade de
Hidroginástica
Neste padrão, verifica-se que ao longo das três configurações os instrutores
realizam sempre gestos com a função de regular o comportamento dos praticantes
(RE), informando-os (INF), sem os acompanhar na realização dos exercícios (SE). À
semelhança das atividades anteriores os gestos são sempre dirigidos para toda a
classe (MAC), neste caso a partir de uma posição periférica na piscina (P), estando o
instrutor envolvido no que se passa na aula (IINT). As alterações que ocorrem ao
longo das três configurações prendem-se com a morfologia do gesto realizado, bem
como com a orientação e a postura corporal adotada no espaço. Na primeira
configuração os instrutores realizam um gesto que imita uma ação (CIN) e estão
orientados de frente para os praticantes (FE) numa posição fixa bípede (PFB). Na
segunda configuração os instrutores mantêm a posição anterior e realizam um gesto
rítmico (RIT). Na terceira configuração os instrutores continuam a realizar esses
Susana Mendes Alves
189
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
gestos rítmicos (RIT) mas colocam-se de perfil para os mesmos (FP) e deslocam-se ao
longo do deck (LOC).
8.3.5 Padrões-T na atividade de Indoor Cycling
Por último, para a atividade de Indoor Cycling, foi identificado um padrão-T
composto por quatro configurações de comportamentos cinésico-gestuais e
proxémicos (Figura 21).
Figura 21 – Representação do padrão-T detetado relativamente à comunicação
cinésica e proxémica a partir da análise dos três instrutores da atividade de Indoor
Cycling
Neste padrão é possível verificar que ao longo das quatro configurações os
instrutores realizam sempre gestos com a função de regular o comportamento dos
praticantes (RE), com o objetivo de informar (INF) ao mesmo tempo que realizam
exercício (CE). Também no caso desta atividade, os gestos são sempre realizados para
toda a classe (MAC), a partir de uma posição periférica na sala (P), e com os
instrutores envolvidos no que se passa na aula (IINT), orientados de frente para os
praticantes (FE), mas neste caso específico a partir da posição de sentado na bicicleta
Susana Mendes Alves
190
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
estacionária (PFS). A alteração que ocorre ao longo das quatro configurações registase na morfologia dos gestos realizados. Na primeira configuração é realizado um
gesto pictográfico (PIC), na segunda um gesto espacial (ESP), na terceira um gesto
numérico (EMBN) e, por fim, na quarta configuração é realizado um gesto que imita
uma ação (CIN).
8.4 DISCUSSÃO
O presente estudo centra-se na análise da comunicação cinésica e proxémica
dos instrutores de fitness de atividades de grupo. Será importante referir que a
literatura científica é escassa neste tipo de análise. Com base nos resultados obtidos
verificou-se que foi possivel caraterizar o comportamento dos instrutores através da
identificação de diferentes configurações e padrões temporais de comportamento
em contexto natural, com recurso ao programa Theme 5.0 (Magnusson, 1996, 2000).
Desta forma, no que diz respeito às configurações de comportamentos
encontradas, verifica-se que em algumas atividades, os instrutores apresentam uma
menor variabilidade de configurações, indicando que o seu comportamento nãoverbal é menos diversificado e, por essa razão, mais estável. Ou seja, os instrutores
nas atividades de Step e Indoor Cycling apresentam uma maior estabilidade
comportamental, uma vez que as cinco configurações mais comuns representam
respetivamente 49,50% e 49.72% do total de comportamentos registados. Nos
instrutores das atividades de Hidroginástica e Localizada, o número de configurações
detetado foi mais elevado, sendo que as cinco configurações mais comuns
representam, respetivamente, apenas 17,62% e 20,27% do total de comportamentos
registados. É também interessante verificar que a grande maioria das cinco
configurações mais comuns identificadas difere de atividade para atividade, podendo
isso ser um indicador da existência de comportamentos cinésicos e proxémicos
próprios de cada atividade. Todavia, existem aspetos que são transversais a todas as
atividades, considerando que as cinco configurações mais importantes refletem
comportamentos onde os instrutores realizaram gestos para obterem uma resposta
imediata pelos praticantes (RE), realizados com o objetivo pedagógico de informar
Susana Mendes Alves
191
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
(INF), comunicando para toda a classe (MAC), a partir da periferia da sala (P),
enquanto estão envolvidos no que se passa na sessão (IINT). Os gestos de regulação
são realizados pelos instrutores enquanto acompanham os praticantes na realização
dos exercícios (CE), com exceção da atividade de Hidroginástica, onde se verificam
algumas configurações onde os instrutores não realizam exercício em simultâneo
com os praticantes (SE), provavelmente porque o instrutor se encontra num meio
diferente (i.e. meio terrestre) o que dificulta e por vezes impossibilita a execução de
determinados exercícios.
As características comuns nas principais configurações poderão justificar-se
pelo estilo de ensino por comando (Francis & Seibert, 2000) que carateriza a
intervenção dos instrutores de fitness de aulas de grupo e que condicionam o seu
estilo comunicacional. A variabilidade das configurações identificadas ocorre
sobretudo ao nível da morfologia dos gestos, que são combinadas com diferentes
localizações e posições corporais, sendo esta uma das características mais marcantes
do comportamento dos instrutores de fitness de atividades de grupo.
A
análise
das
frequências
de
ocorrências
das
configurações
de
comportamentos dos instrutores de fitness foi subsequentemente complementada
com a informação recolhida ao nível dos padrões T detetados, consiste na deteção de
padrões “escondidos” de comportamento, fornecendo pistas sobre a dinâmica e
sequência pela qual ocorrem as diferentes morfologias de gestos, orientações e
posições no espaço. A riqueza e complexidade deste tipo de interação sugerem que a
sua análise e discussão seja efetuada em seguida separadamente para cada
atividade.
No padrão apresentado na atividade de Step (Figura 18), os instrutores
começam por identificar a habilidade motora padrão e apontar para algo, orientados
de frente para os praticantes, em deslocamentos derivados dos exercícios.
Seguidamente regulam o comportamento dos praticantes através de emblemas
sociais e mudam a sua orientação ficando de costas para os praticantes. A partir
desta orientação, realizam gestos de referência numérica, emblemas sociais e gestos
que identificam habilidades motoras. Este padrão-T detetado poderá justificar-se
pelas caraterísticas do processo de ensino da atividade de Step. Assim, os instrutores
Susana Mendes Alves
192
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
inicialmente identificam as habilidades motoras padrão e apontam possivelmente
para o local do Step onde as mesmas devem ser realizadas. Tratando-se de uma
atividade coreografada, os instrutores poderão em seguida realizar um emblema
social (configuração 03 - gesto de parar) para indicar aos praticantes que se vai
realizar uma pausa com o objetivo de explicar a introdução de algo novo, que pode
ser por exemplo as modificações/progressões nas habilidades motoras. Como por
vezes estas modificações são mais facilmente percecionadas quando o instrutor está
com a mesma orientação que os praticantes, o instrutor muda a sua orientação,
passando de uma orientação de frente para os praticantes (i.e. frente em espelho)
para a mesma orientação que os praticantes (i.e. frente em correspondente). A partir
desta nova orientação, os instrutores continuam a regular o comportamento dos
praticantes com recurso a gestos de referência numérica (configuração 05 contagem do número de repetições do movimento) e de emblemas sociais
(configuração 06 - gesto para avançar) combinados com a realização de emblemas
técnicos e deíticos que identificam rapidamente a habilidade motora pretendida e o
local para a sua realização, sem causar dúvidas ou hesitações.
No padrão-T identificado para a atividade de Localizada (Figura 19), verifica-se
que os instrutores regulam o comportamento dos praticantes através de uma
sequência de morfologias de gestos caraterizada pela realização de um gesto de
apontar para algo (configuração 01), seguido da realização de um gesto de referência
numérica e rítmica (configurações 02 e 03), finalizando com a realização de um
emblema social (configuração 04). Este padrão poderá refletir um comportamento de
instrução em que os instrutores apontam, por exemplo, para o grupo muscular que
será solicitado no exercício para informar os praticantes, realizando em seguida
gestos numéricos e rítmicos para informar sobre o número de repetições do exercício
e a sua velocidade de execução, realizando no final um emblema social a informar
sobre a finalização do exercício. O facto de este padrão-T ter sido detetado enquanto
o instrutor está numa posição fixa dorsal pode indicar que nesta posição a utilização
dos gestos se encontre mais padronizada. De facto, nesta posição, a visualização do
corpo do instrutor fica mais dificultada, como demonstra o estudo sobre os
Susana Mendes Alves
193
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ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
comportamentos pedagógicos dos instrutores de Localizada realizado por Franco et
al. (2008).
Na Hidroginástica o padrão-T apresentado (Figura 20) identifica que os
instrutores regulam o comportamento dos participantes através de uma sequência
de morfologias de gestos que imitam ações (configuração 01) e marcam um ritmo
(configuração 02), ou seja, informam os praticantes sobre o movimento que devem
realizar e a velocidade de execução, utilizando uma orientação de frente para os
praticantes numa posição bípede sem se deslocar. Posteriormente, passam a regular
os praticantes em locomoção pelo deck (configuração 03) orientados de perfil para os
praticantes (i.e. de lado). A Hidroginástica distingue das restantes atividades
analisadas, pelo facto de ocorrer numa piscina, estando tipicamente o instrutor no
deck e os praticantes dentro da piscina. O facto de os instrutores estarem no meio
terrestre e não conseguirem flutuar dificulta o acompanhamento dos praticantes na
realização dos exercícios, fazendo com que utilizem gestos que imitam ações e
marcam um ritmo para acompanharem os praticantes. Por outro lado, as
características das piscinas fazem com que os praticantes estejam mais dispersos no
espaço o que, associado às más condições acústicas das piscinas, leva a que os
instrutores estejam em locomoção ao longo do deck para poderem comunicar de
forma
mais
percetível
e
eficiente
com
os
praticantes,
promovendo
consequentemente uma melhor aprendizagem das tarefas.
No padrão-T detetado a partir da análise dos instrutores de Indoor Cycling
(Figura 21) verifica-se que os mesmos regulam o comportamento dos praticantes
numa sequência de morfologias de gestos que fornecem imagens (configuração 01),
identificam uma distância entre algo (configuração 02), dão uma referência numérica
(configuração 03) e imitam uma determinada ação (configuração 04), sempre a partir
da posição de sentado na bicicleta estacionária. Este padrão poderá indicar um
comportamento específico, onde o instrutor informa os praticantes que irão realizar,
por exemplo, uma subida íngreme e que para tal devem colocar as mãos mais
afastadas no guiador (i.e. posição 1, 2 ou 3, conforme o tipo de guiador) identificando
o número da secção e, por fim, realiza um gesto que imita a ação de levantar da
bicicleta para pedalar em pé.
Susana Mendes Alves
194
ESTUDO 5 – COMUNICAÇÃO CINÉSICA E PROXÉMICA EM INSTRUTORES DE FITNESS DE DIFERENTES
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CAPÍTULO VIII
8.5 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos e partindo dos objetivos inicialmente
propostos, verificamos que a metodologia observacional se revelou uma abordagem
válida na observação da comunicação cinésica e proxémica, pois permitiu a sua
investigação em contexto natural. De igual forma, a análise inovadora desses
comportamentos, com recurso ao programa informático Theme 5.0, possibilitou a
identificação de configurações e padrões-T de comportamento dos instrutores
diferentes atividades de grupo. Assim, das análises efetuadas foi possível identificar
características comuns e distintas de comportamento para cada atividade de grupo
de fitness, sobretudo ao nível da morfologia e sequência dos gestos utilizados e da
orientação e posição do instrutor no espaço. A diversidade de configurações e a
complexidade dos padrões encontrados demonstra que existem atividades mais
padronizadas ao nível do perfil de atuação, como no caso da atividades de Step, e
outras menos padronizadas como no caso da Hidroginástica, revelando que o
comportamento dos instrutores de fitness apresenta-se mais complexo do que
aquele que o “olho humano” consegue detetar. A análise destes padrões
complementa a informação resultante de uma abordagem centrada no número de
ocorrências de comportamentos, e poderá contribuir para a otimização da
comunicação dos instrutores de fitness. Sendo este um estudo exploratório,
consideramos importante prosseguir com a realização de novas investigações futuras
que possam replicar estes resultados noutras amostras e atividades de fitness já que,
como referem Castañer et al., (2011), sendo a comunicação uma parte importante do
processo de ensino-aprendizagem, uma das formas de melhorar esse processo passa
por tomar atenção à forma de comunicar e melhorá-la ao longo do tempo.
Susana Mendes Alves
195
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ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
8.6 REFERÊNCIAS
Alves, S. (2012). Comunicação Cinésico-Gestual dos Instrutores de Aulas de Grupo de
Fitness: Desenvolvimento, validação e aplicação piloto do sistema de
observação SOCIN-Fitness. Documento não publicado, Tese de Mestrado em
Desporto - especialização em condição física e saúde, Escola Superior de
Desporto de Rio Maior, Rio Maior.
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ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
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ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
CAPÍTULO VIII
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ATIVIDADES DE GRUPO: DETEÇÃO DE PADRÕES TEMPORAIS
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Susana Mendes Alves
199
Capítulo IX
9
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
RESUMO
Neste capítulo são referidas as principais conclusões retiradas dos estudos realizados ao longo
desta investigação. São apontadas, igualmente, algumas das limitações identificadas e
refletidas algumas implicações práticas para a intervenção pedagógica no contexto do ensino
das atividades de grupo de fitness. São igualmente feitas recomendações para investigações
futuras.
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO IX
9.1 CONCLUSÕES
O presente trabalho de investigação centrou-se no estudo de duas
componentes da comunicação não-verbal dos instrutores de atividades de grupo de
fitness, ou seja, a análise dos comportamentos de comunicação cinésica e proxémica.
Desta forma, esta investigação procurou apresentar-se como inovadora através do uso
de métodos que permitiram uma análise quantitativa e qualitativa deste tipo de
comunicação no contexto das atividades de grupo de fitness.
Considerando que, a maioria das conclusões já se encontram sintetizadas e
discutidas num quadro mais compreensivo no final dos respetivos estudos, neste
capítulo, serão apenas apresentadas as conclusões gerais do trabalho, referindo os
aspetos que se consideram mais interessantes face aos objetivos propostos, por forma
a não repetir as sínteses já realizadas. Serão igualmente mencionadas algumas
implicações para a intervenção profissional aplicada ao ensino das atividades de grupo
de fitness, assim como algumas das limitações associadas à presente investigação,
tomando-as em consideração para investigações futuras.
Assim sendo, e partindo do pressuposto de que a análise de um determinado
comportamento
com
recurso
à
metodologia
observacional
necessita
do
desenvolvimento de um sistema de observação ad hoc, totalmente adaptado ao
contexto e comportamento que se pretende observar (Anguera, 2009), foi possível
verificar através dos resultados obtidos ao longo das fases do processo de
desenvolvimento e validação do SOPROX-Fitness, que este sistema de observação é
válido para a análise da comunicação proxémica dos instrutores de fitness em contexto
real de ensino de atividades de grupo. Esta conclusão teve por base a avaliação
realizada pelos especialistas durante a fase de desenvolvimento deste sistema, assim
como os resultados de fiabilidade inter-observadores e intra-observador, bem como o
estudo piloto realizado, que permitiu demonstrar o seu potencial para a análise do
comportamento proxémico dos instrutores de fitness.
Seguidamente, partindo do pressuposto de que a capacidade de comunicar de
forma clara e próxima dos praticantes precisa estar assegurada para que as
Susana Mendes Alves
201
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO IX
aprendizagens aconteçam, tentou-se compreender como é que a comunicação
cinésica e proxémica dos instrutores fitness ocorre em ambiente real de sala de
exercício. De igual forma, pretendeu-se caraterizar o comportamento dos instrutores
fitness experientes partindo do pressuposto que este se encontra automatizado e
potenciado pelos anos de prática contínua. Esta análise permitiu identificar aspetos
que poderão ser úteis para a aprendizagem dos instrutores menos experientes, tal
como é referido por Farrington-Darby e Wilson (2006), relativamente a este tipo de
análise comparativa.
Assim, nos estudos quantitativos (i.e. estudos 2 e 3), onde foi comparado o
comportamento dos instrutores experientes com o dos estagiários, foi possível
constatar que ambos os grupos utilizam de forma diferenciada estes recursos
comunicativos cinésicos e proxémicos. Relativamente à comunicação cinésica,
verificou-se que os instrutores experientes tendem a potenciar mais o tempo de
prática dos praticantes através do maior recurso a gestos reguladores do
comportamento dos praticantes, com maior diversidade de morfologias de gestos,
incluindo os gestos técnicos, e com maior utilização do movimento corporal global,
possivelmente para auxiliar a instrução.
No que respeita à comunicação proxémica, verificou-se que os instrutores
experientes, apesar de comunicarem maioritariamente para todo o grupo,
individualizam também mais a instrução ao se deslocarem mais até ao (s) praticante
(s). Estes instrutores, comunicam também maioritariamente à frente dos praticantes,
de costas para os mesmos, controlando-os através da utilização do espelho que
usualmente existe nas salas de exercício. O facto de utilizarem mais os movimentos
corporais globais para comunicar, faz com que também comuniquem mais a partir das
várias posições corporais que derivam da execução técnica dos exercícios.
Tendo em consideração a complementaridade que advêm da utilização de
ambos os métodos qualitativos e qualitativos, referida por Camerino et al. (2012),
estudou-se os padrões temporais de comportamento cinésicos e proxémicos dos
instrutores de Localizada experientes e estagiários, com recurso ao programa
informático Theme 5.0 (Magnusson, 2000; Magnusson, 2005).
Susana Mendes Alves
202
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO IX
Os padrões temporais (padrões-T) detetados em ambos os grupos de
instrutores
demonstraram
que
os
instrutores
experientes
apresentam
um
comportamento mais consistente e com uma estrutura mais complexa do que os
instrutores estagiários. Dessa análise, foi ainda possível concluir que os instrutores
experientes apresentam gestos de regulação dos praticantes, acompanhando com
realização dos exercícios, colocando-se à frente dos praticantes, em posição
correspondente, e intercalando gestos de informação com feedback, com recurso à
utilização de uma morfologia de gestos mais diversificadas. Por seu turno, os
instrutores estagiários apresentam gestos de ilustração que não pressupõem uma
resposta imediata, para informar os praticantes através de gestos de apontar e gestos
sem uma morfologia definida, sendo que não acompanham com a realização de
exercício e colocam-se à frente e de frente para os praticantes (i.e. à frente em
espelho).
Com a intenção de ir mais além nesta análise qualitativa, realizou-se um último
estudo com o objetivo de verificar qual o padrão-T do comportamento dos instrutores
em diferentes atividades de grupo de fitness, controlando a variável experiência
profissional. Desta forma, foram estudados os padrões de comportamento cinésicos e
proxémicos de instrutores experientes de Step, Localizada, Hidroginástica e Indoor
Cycling. Foi possível concluir que cada atividade apresenta um padrão de
comportamento cinésico e proxémico próprio, tendo-se verificado a existência de uma
grande diversidade de configurações e padrões com complexidades distintas. Os
padrões encontrados permitiram demonstrar que existem atividades mais
padronizadas ao nível do perfil de atuação, como no caso das atividades de Step, e
outras menos padronizadas como no caso da Hidroginástica. Estas análises
complementaram a informação resultante da abordagem quantitativa, centrada no
número de ocorrências de comportamentos, revelando que o comportamento dos
instrutores de fitness apresenta-se mais complexo do que aquele que o “olho humano”
consegue detetar.
Em suma, esta investigação coloca à disposição da comunidade científica
instrumentos para o estudo da comunicação cinésica e proxémica e fornece aos
Susana Mendes Alves
203
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO IX
instrutores ferramentas para o autodiagnóstico, bem como, dá a conhecer o
comportamento dos instrutores e, nomeadamente, dos que têm mais experiência
profissional adquirida ao longo do tempo, permitindo aos futuros instrutores, com
menos tempo de experiência profissional, aprenderem com estas análises. Este
contributo assenta no pressuposto que a comunicação não-verbal pode ser treinada e
potenciada, podendo beneficiar positivamente os praticantes ao nível das suas
aprendizagens. Para além disso, alguns estudos que têm demonstrado a existência de
uma relação entre a forma como os instrutores comunicam e o clima de aula e a
adesão às atividades de grupo de fitness (Bray, Millen, Eidsness, & Leuzinger, 2005;
Martin & Fox, 2001).
Por essa razão consideramos importante que no futuro, para além do
desenvolvimento de competências ao nível da comunicação verbal se promova e
desenvolva competências de comunicação não-verbal ao nível da formação técnica dos
instrutores de fitness, já que esta está presente em todos os momentos de intervenção
com os praticantes, podendo por isso interferir na qualidade da intervenção
profissional neste contexto.
Apesar de acreditarmos que os resultados alcançados acrescentam
conhecimento no âmbito da comunicação não-verbal dos instrutores de atividades de
grupo de fitness, este trabalho apresenta-se apenas como um contributo neste
sentido, existindo ainda muitas questões em aberto. Por essa razão torna-se
importante continuar a investigar e a refletir sobre a temática da comunicação nãoverbal tal como ela ocorre em contexto real, para assim melhor compreendermos e
potenciarmos a intervenção pedagógica dos instrutores de atividades de grupo de
fitness.
9.2 LIMITAÇÕES
As conclusões anteriormente efetuadas estão limitadas pelo conjunto de
opções metodológicas assumidas, sendo que, seguidamente, são referidas algumas
dessas limitações.
Susana Mendes Alves
204
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO IX
De maneira a garantir as recomendações éticas definidas por Harriss e Atkinson
(2009, 2011) para a investigação nesta área, foi necessário pedir a autorização
antecipada para a realização das gravações das aulas dos instrutores. Por este motivo,
foi previamente efetuada uma breve explicação sobre a razão da recolha dados e o
âmbito do estudo, o que poderá ter levado alguns instrutores a alterarem o seu
comportamento. Para minimizar este efeito foi apenas informado que seria estudado o
comportamento do instrutor, não especificando que seria estudada a comunicação
não-verbal. Contudo, o efeito de reatividade dos instrutores à presença da câmara de
vídeo poderá ter afetado alguma da espontaneidade do comportamento, sendo esta
uma limitação inerente ao uso da metodologia observacional, tal como referido por
Anguera et al. (2000).
Em relação aos instrumentos aplicados e dada a complexidade que envolvem
os comportamentos cinésicos e proxémicos, os mesmos poderiam ser acompanhados
por outras medidas de auto-análise (e.g. questionários), permitindo assim a
triangulação de dados com a perceção dos instrutores e com a opinião dos praticantes.
No que se refere ao estudo dos comportamentos cinésicos e proxémicos dos
instrutores, nomeadamente à comparação entre os instrutores experientes e
estagiários, não foram tidas em consideração variáveis como o género dos instrutores,
a dimensão das salas e o número de praticantes, sendo que estas variáveis podem ter
influência na comunicação cinésica e proxémica dos instrutores.
De igual forma, o facto de estas análises comparativas se terem realizado na
atividade de Localizada limita a generalização dos resultados encontrados a outras
atividades. Note-se que no estudo 5 foi possível verificar que o perfil de comunicação
cinésica e proxémica difere de atividade para atividade.
Susana Mendes Alves
205
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO IX
9.3 RECOMENDAÇÕES
Tendo em conta o conhecimento adquirido na elaboração da presente
investigação e considerando a experiência vivenciada, serão apresentadas sugestões
para a realização de novos estudos que abordem a temática da comunicação nãoverbal aplicada ao contexto do fitness. Assim recomenda-se de futuro:

Caracterizar e comparar a comunicação cinésica e/ou proxémica de instrutores
com diferentes níveis profissionais e identificar os respetivos padrões
comportamentais em outras atividades de fitness;

Caracterizar e comparar a comunicação cinésica e/ou proxémica de instrutores
com diferentes géneros e identificar os respetivos padrões comportamentais;

Caracterizar e comparar a comunicação cinésica e/ou proxémica de instrutores
de atividades de grupo com sala grandes e pequenas;

Caracterizar e comparar a comunicação cinésica e/ou proxémica de instrutores
de atividades de grupo com muitos e poucos praticantes;

Realizar um estudo longitudinal para verificar se existe estabilidade da
comunicação cinésica e/ou proxémica e ao longo de um período de
intervenção;

Desenvolver e validar questionários para analisar a auto-perceção dos
instrutores e a perceção e perferência dos praticantes e triangular com o
comportamento não-verbal observado;

Relacionar a comunicação cinésica com a comunicação verbal, como a
instrução;

Caracterizar e comparar a comunicação cinésica e/ou proxémica de instrutores
de atividades de grupo de fitness e instrutores atividades individuais como o
treino personalizado.
Susana Mendes Alves
206
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO IX
9.4 REFERÊNCIAS
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Susana Mendes Alves
207
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO IX
Martin, K., & Fox, L. (2001). Group and leadership effects on social anxiety experienced
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Susana Mendes Alves
208
ANEXOS
Anexo A: Cronograma temporal da investigação
Tarefas
Revisão bibliográfica
Data de início
Janeiro 2010
Data de conclusão
----------
Estudo 1: Sistema de Observação da Comunicação Proxémica do Instrutor
de Fitness (SOPROX-Fitness): Desenvolvimento, Validação e Estudo Piloto
Outubro 2010
Outubro 2011
Procedimentos de recolha dos dados
Abril 2011
Maio 2011
Recolha de dados
Maio 2011
Abril 2012
Codificação das gravações e análise das codificações
Junho 2011
Junho 2012
Estudo 2: Comunicação Cinésica dos Instrutores de Fitness: Comparação
entre instrutores de Localizada experientes e estagiários
Julho 2012
Agosto 2012
Estudo 3: Comunicação Proxémica dos Instrutores de Fitness:
Comparação entre instrutores de Localizada experientes e estagiários
Agosto 2012
Setembro 2012
Estudo 4: Comunicação Cinésica e Proxémica de Instrutores de Localizada
Experientes e Estagiários: Deteção de Padrões Temporais
Setembro 2012
Outubro 2012
Estudo 5: Comunicação Cinésica e Proxémica de Instrutores de Fitness em
Diferentes Atividades de Grupo: Deteção de Padrões Temporais
Outubro 2012
Novembro 2012
Entrega 1ª versão da tese
Dezembro 2012
Dezembro 2012
Revisão bibliográfica
----------
Dezembro 2012
Entrega da Versão final da tese
----------
Janeiro 2013
Susana Mendes Alves
210
Anexo B: Plano de submissão dos artigos
Artigos
Sistema de Observação da Comunicação Proxémica do Instrutor de
Fitness (SOPROX-Fitness): Desenvolvimento, Validação e Estudo Piloto
(Submetido)
Revistas
Revista Iberoamericana de
Psicología del Ejercício y del
Deporte
Comunicação Cinésica dos Instrutores de Fitness: Comparação entre Psicologia Reflexão e Crítica
instrutores de Localizada experientes e estagiários (Submetido)
Comunicação Proxémica dos Instrutores de Fitness: Comparação entre Revista de Psicología del Deporte
instrutores de Localizada experientes e estagiários (Submetido)
Comunicação Cinésica e Proxémica de Instrutores de Localizada Spanish Journal of Psychology
Experientes e Estagiários: Deteção de Padrões Temporais (Submetido)
Comunicação Cinésica e Proxémica de Instrutores de Fitness em European
Diferentes Atividades de Grupo: Deteção de Padrões Temporais (Em Science
preparação para Subemissão)
Susana Mendes Alves
Journal
of
Sport
211
Anexo C: Folha de apresentação do sistema de observação SOPROX-Fitness ao painel
de especialistas.
SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PROXÉMICA
(SOPROX-Fitness)
1
1
Marta Castañer ; Oleguer Camerino ; Susana Alves2; Susana Franco2; José Rodrigues2
1
Institut Nacional d’educació Física de Catalunya – Universidad de Lleida
2
Escola Superior de Desporto de Rio Maior - IPS
Este estudo está integrado num projeto de investigação internacional
desenvolvido no âmbito da Sub-área Científica de Pedagogia do Desporto da ESDRM,
linha de investigação da Intervenção Pedagógica em Desporto subordinada ao tema da
comunicação não-verbal em Instrutores de Fitness, e tem como objetivo o estudo da
Comunicação Não-verbal dos Instrutores de Atividades de Grupo de Fitness. Desta
forma, será desenvolvido e validado para o contexto das atividades de grupo de fitness
o Sistema de Observação da Comunicação Proxémica (SOPROX), sob a orientação da
Prof.ª Doutora Susana Franco e do Prof. Doutor José Rodrigues.
Quadro Teórico Subjacente ao SOPROX
A comunicação não-verbal refere-se aos aspectos que vão para além das
palavras ditas ou escritas. Este tipo de comunicação está sempre presente e pode
ocorrer em simultâneo com a linguagem verbal, acrescentando um significado mais
profundo e verdadeiro àquilo que se pretende verbalmente transmitir. Existem quatro
componentes da comunicação não-verbal: a cinésica, a proxémica, a paralinguagem e
a cronémica.
A comunicação proxémica é relativa ao estudo das relações espaciais e
respetivas componentes comunicativas que sugerem.
Nas atividades de grupo de fitness, a interacção entre instrutor e os praticantes
e a utilização do espaço pelo instrutor é algo que é inerente à própria atividade, não só
pelo facto de seres humanos, com toda sua complexidade, entrarem em contacto
entre si, mas também pelo simples facto de poderem ser planeadas como parte da
estratégia de ensino.
Assim este sistema de observação será desenvolvido com o objetivo de estudar
a proxémica dos instrutores aquando da sua interação ao longo do ensino das
atividades de grupo de fitness.
Susana Mendes Alves
212
Sistema de Observação da Comunicação Proxémica – SOPROX-Fitness
Dimensão: Grupo
Dimensão que se refere ao número de praticantes para quem o instrutor comunica.
Macro-grupo
Micro-grupo
Quando o instrutor comunica com toda a classe.
Quando o instrutor comunica com um grupo de praticantes,
mas não com toda a classe.
Díade
Quando o instrutor comunica com apenas um praticante.
Dimensão: Topologia
Dimensão que se refere à localização espacial onde o instrutor se encontra na sala.
Periférica
Central
O instrutor está localizado na zona periférica da sala.
O instrutor está localizado na zona central da sala.
Dimensão: Interacção
Dimensão que se refere à atitude corporal que indica o grau de envolvimento do
instrutor com os praticantes para quem comunica.
Distanciada
Atitude corporal que revela que o instrutor está ausente do que
ocorre na aula, ou que indica uma separação, quer física quer
em termos de olhar ou atitude, relativamente aos praticantes.
Integrada
Atitude corporal que revela que o instrutor está envolvido no
que se passa na aula, sem existir contacto físico com os
praticantes.
Contacto táctil
Atitude corporal que revela que o instrutor está envolvido no
que se passa na aula, existindo contacto físico com os
praticantes.
Dimensão: Orientação
Dimensão que se refere à localização espacial do instrutor relativamente aos
praticantes para quem comunica.
À
frente
espelho
em O instrutor encontra-se à frente dos praticantes para quem
comunica, orientado de frente para o campo de visão dos
praticantes.
À
frente
em O instrutor encontra-se à frente dos praticantes para quem
correspondente
comunica, orientado de costas relativamente ao campo de visão
dos praticantes.
À frente de perfil
O instrutor encontra-se à frente dos praticantes para quem
comunica, orientado de lado para estes.
Atrás
O instrutor encontra-se atrás dos praticantes para quem
comunica, fora do seu campo de visão.
Susana Mendes Alves
213
No meio
O instrutor encontra-se no meio do espaço ocupado pelos
praticantes para quem comunica.
À direita
O instrutor encontra-se numa área à direita dos praticantes para
quem comunica.
À esquerda
O instrutor encontra-se numa área à esquerda dos praticantes
para quem comunica.
Dimensão: Transição
Dimensão que se refere à postura corporal adoptada pelo instrutor no espaço.
Posição
Bípede O instrutor está em pé realizando os deslocamentos
com deslocamento enquadrados no próprio exercício.
Posição fixa bípede O instrutor está em pé, ou de joelhos, ou agachado, sem se
deslocar, embora possa movimentar os seus segmentos
corporais.
Posição
fixa O instrutor está sentado sem se deslocar, embora possa
sentada
movimentar os seus segmentos corporais.
Posição fixa dorsal O instrutor está deitado dorsal ou em outra posição dorsal sem
se deslocar, embora possa movimentar os seus segmentos
corporais.
Posição fixa ventral O instrutor está deitado ventral ou em outra posição ventral
sem se deslocar, embora possa movimentar os seus segmentos
corporais.
Posição fixa lateral O instrutor está deitado lateral ou em outra posição lateral sem
se deslocar, embora possa movimentar os seus segmentos
corporais.
Locomoção
O instrutor movimenta-se pela sala com o objectivo de se
deslocar ao longo do espaço.
Suporte
O instrutor está encostado a uma estrutura, material ou pessoa.
Registo de dados
Após a aplicação do Sistema de Observação da Comunicação Cinésica (SOCINFitness) iremos determinar:

A frequência de ocorrência de cada categoria de análise.
Susana Mendes Alves
214
Anexo D: Modelo da carta de pedido de autorização aos ginásios para efetuar a
recolhas dos dados.
Exmo. __________________________
No âmbito do Doutoramento em Ciências do Desporto, da Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro (UTAD), está a ser realizado um estudo sobre a atividade de Localizada.
Sendo a investigação científica um importante meio para o desenvolvimento da
intervenção no Desporto, designadamente na área do fitness, vimos solicitar a colaboração da
instituição que dirige no sentido de autorizar a recolha de dados, através da filmagem de uma
aula de Localizada.
O instrutor _________________________ já foi previamente contactado, tendo
apresentado o seu consentimento informado para participar neste estudo. Posto isto, vimos
por este meio pedir autorização para realizarmos a recolha de dados no dia ___________
às___________.
Caso autorize a recolha de dados anteriormente enunciada, informamos que antes da
recolha, o instrutor será contactado para confirmação do dia e hora da recolha dos dados e
será solicitado ao instrutor que peça o consentimento dos praticantes para a recolha de dados,
sendo este pedido reforçado no próprio dia da recolha.
Desde já agradecemos a sua colaboração.
Atenciosamente,
Rio Maior, ___________________________
Susana Alves
Contacto:
Telefone: 938543236 (Susana Alves)
Morada: Escola Superior de Desporto de Rio Maior
Avenida Dr. Mário Soares, Pavilhão Multiusos
2040-413 Rio Maior
Fax: 243999292
E-mail: [email protected]
Susana Mendes Alves
215
Anexo E: Frequência total de gestos e da duração das sessões (Instrutores Estagiários).
Instrutor
Nº Gestos Nº Adap. Nº Total minutos segundos
1 – Estagiário
166
2
168
46
7
2 – Estagiário
154
14
168
38
2
3 – Estagiário
158
15
173
35
2
4 – Estagiário
364
0
364
60
56
5 – Estagiário
175
0
175
48
59
6 – Estagiário
113
43
156
42
10
7 – Estagiário
319
0
319
47
48
8 – Estagiário
293
0
293
42
14
9 – Estagiário
374
0
374
43
25
10 – Estagiário
136
10
146
44
33
11 – Estagiário
149
5
154
45
36
12 – Estagiário
353
0
353
49
42
13 – Estagiário
200
1
201
43
56
14 – Estagiário
379
1
380
43
2
15 – Estagiário
300
0
300
37
36
16 – Estagiário
100
11
111
31
29
17 – Estagiário
171
4
175
42
43
18 – Estagiário
151
15
166
30
18
19 – Estagiário
273
36
309
51
34
20 – Estagiário
29
0
29
26
45
21 – Estagiário
211
17
228
41
30
22 – Estagiário
85
2
87
40
41
23 – Estagiário
126
36
162
37
24
24 – Estagiário
77
0
77
36
32
25 – Estagiário
102
0
102
34
34
26 – Estagiário
239
0
239
52
40
27 – Estagiário
192
8
200
52
41
28 – Estagiário
342
0
342
51
38
29 – Estagiário
162
0
162
38
0
30 – Estagiário
102
11
113
36
21
31 – Estagiário
222
12
234
44
26
32 – Estagiário
190
0
190
43
36
33 – Estagiário
235
0
235
38
46
34 – Estagiário
115
0
115
30
57
35 – Estagiário
74
0
74
37
49
Susana Mendes Alves
Duração
(minutos)
46.12
38.03
35.03
60.93
48.98
42.17
47.80
42.23
43.42
44.55
45.60
49.70
43.93
43.03
37.60
31.48
42.72
30.30
51.57
26.75
41.50
40.68
37.40
36.53
34.57
52.67
52.68
51.63
38.00
36.35
44.43
43.60
38.77
30.95
37.82
Freq. Gestos
Min.
3.64
4.42
4.94
5.97
3.57
3.70
6.67
6.94
8.61
3.28
3.38
7.10
4.58
8.83
7.98
3.53
4.10
5.48
5.99
1.08
5.49
2.14
4.33
2.11
2.95
4.54
3.80
6.62
4.26
3.11
5.27
4.36
6.06
3.72
1.96
216
Anexo F: Frequências absolutas obtidas nas categorias do SOCIN-Fitness (Instrutores
Estagiários).
Instrutores
RE
IL
1 – Estagiário
143
23
0
2 – Estagiário
85
70
3 – Estagiário
88
4 – Estagiário
5 – Estagiário
6 – Estagiário
OB
AA
HA
MUL
28
0
2
0
0
18
137
5
8
1
0
2
54
104
4
9
2
0
46
0
202
162
0
0
0
0
15
4
100
75
0
0
0
0
25
13
0
36
77
16
20
7
0
216
74
27
2
58
261
0
0
0
0
28
236
18
37
2
128
165
0
0
0
0
1
62
237
90
46
1
187
187
0
0
0
0
1
8
14
85
44
7
0
28
108
3
6
1
0
5
5
3
21
108
16
24
1
58
91
2
3
0
0
1
62
1
22
28
266
46
36
5
222
131
0
0
0
0
1
20
0
1
8
140
34
22
4
146
54
0
1
0
0
144
12
29
12
21
24
288
38
48
5
280
99
0
1
0
0
12
81
11
25
10
6
59
162
63
67
8
67
233
0
0
0
0
19
1
32
9
19
7
0
12
86
9
5
0
60
40
4
7
0
0
2
42
55
32
0
29
3
1
7
147
19
5
0
138
33
1
3
0
0
46
2
56
14
36
5
24
3
5
6
114
22
13
2
84
67
3
10
2
0
233
40
2
27
22
59
12
96
5
22
28
194
55
23
1
26
247
12
23
1
0
14
15
0
2
0
10
2
7
2
0
6
15
4
10
0
11
18
0
0
0
0
170
41
2
12
74
71
17
15
10
0
10
183
6
22
0
108
103
5
10
2
0
77
8
0
14
0
28
5
27
2
4
5
53
25
7
0
16
69
0
2
0
0
58
68
0
43
8
45
2
5
1
3
19
78
20
28
0
36
90
11
22
3
0
57
20
0
30
19
19
0
2
2
5
0
47
18
12
0
26
51
0
0
0
0
51
51
0
36
0
40
5
10
1
1
9
64
18
18
2
24
78
0
0
0
0
163
76
0
70
13
72
10
30
4
12
28
160
36
40
3
106
133
0
0
0
0
134
58
2
45
14
80
7
16
5
5
18
115
48
25
4
135
57
2
5
1
0
250
92
0
54
78
72
1
54
8
34
41
236
66
40
0
193
149
0
0
0
0
115
47
0
63
29
34
1
16
3
5
11
109
23
28
2
72
90
0
0
0
0
85
17
1
15
10
31
1
29
0
3
12
69
16
16
1
31
71
4
6
1
0
154
68
2
52
3
83
4
47
10
13
8
166
29
24
3
101
121
3
8
1
0
132
58
0
65
8
26
1
61
10
15
4
133
36
19
2
53
137
0
0
0
0
189
46
0
46
29
54
4
64
16
10
12
156
42
33
4
158
77
0
0
0
0
34 – Estagiário
54
61
0
34
7
33
3
20
0
8
10
87
11
14
3
31
84
0
0
0
0
35 – Estagiário
56
18
0
16
24
23
4
4
0
0
3
57
10
7
0
48
26
0
0
0
0
7 – Estagiário
8 – Estagiário
9 – Estagiário
10 – Estagiário
11 – Estagiário
12 – Estagiário
13 – Estagiário
14 – Estagiário
15 – Estagiário
16 – Estagiário
17 – Estagiário
18 – Estagiário
19 – Estagiário
20 – Estagiário
21 – Estagiário
22 – Estagiário
23 – Estagiário
24 – Estagiário
25 – Estagiário
26 – Estagiário
27 – Estagiário
28 – Estagiário
29 – Estagiário
30 – Estagiário
31 – Estagiário
32 – Estagiário
33 – Estagiário
EMBN
DEI
PIC
CIN
ESP
RIT
BAT
INF
FEED
INT
ORG
CE
SE
34
24
58
4
34
10
2
0
111
43
9
3
138
0
62
3
53
1
24
3
2
7
86
51
16
2
70
1
55
5
33
1
25
0
2
36
92
31
33
323
41
0
64
55
56
15
119
20
28
7
120
55
0
61
1
54
10
26
5
11
7
283
35
125
31
99
14
0
37
2
30
0
38
0
1
5
75
202
117
0
69
14
75
11
76
9
13
52
224
69
0
59
55
74
6
53
4
14
283
91
0
104
22
103
6
64
12
90
46
2
49
3
36
2
21
105
44
1
33
48
32
1
248
105
0
73
184
16
0
62
66
100
27
81
275
104
2
46
89
150
150
0
96
67
33
1
155
16
105
Susana Mendes Alves
EMBT EMBS
217
Anexo G: Frequências absolutas obtidas nas categorias do SOPROX-Fitness (Instrutores
Estagiários).
Instrutores
DIS
IINT
CT
DIR
ESQ
PBD
PFB
PFS
PFD
PFV
PFL
LOC
SU
130
3
35
102
66
1
166
1
110
10 10
0
26
6
6
0
122
6
6
2
1
31
0
160
0
13
135
38
2
171
0
78
23 20
0
38
6
8
18
82
4
1
1
1
66
0
353
0
11
317
47
0
364
0
269
10 63
0
21
1
0
40
172
3
9
6
4
130
0
166
0
9
152
23
0
175
0
150
1 15
0
9
0
0
0
134
4
3
2
3
29
0
136
0
20
106
50
1
155
0
88
7 35
0
19
5
2
18
80
5
2
1
1
49
0
234
0
85
230
89
0
318
1
181
7 66
2
46
11
6
25
189
9
9
2
1
84
0
7 – Estagiário
280
0
13
248
45
0
293
0
220
25 17
1
26
2
2
43
125
8
14
6
6
91
0
8 – Estagiário
291
6
77
302
72
0
371
3
222
30 76
2
36
3
5
53
203
6
20
4
3
85
0
9 – Estagiário
118
0
28
98
48
1
145
0
54
40 15
0
32
1
4
11
70
4
4
8
1
48
0
10 – Estagiário
137
0
17
131
23
0
154
0
78
51 10
0
11
2
2
44
64
4
2
3
0
37
0
11 – Estagiário
318
1
34
301
52
1
350
2
217
66 30
0
34
3
3
119
130
8
20
2
2
72
0
12 – Estagiário
186
0
15
171
30
0
199
2
145
4 26
0
22
2
2
12
138
4
8
1
0
38
0
13 – Estagiário
307
0
73
273
107
0
380
0
262
63 11
0
40
3
1
126
187
4
8
5
0
50
0
14 – Estagiário
221
3
76
195
105
1
298
1
175
28 22
3
52
11
9
21
195
1
7
6
0
70
0
15 – Estagiário
105
1
5
89
22
1
108
2
67
8 18
1
15
1
1
12
49
4
10
4
0
32
0
16 – Estagiário
168
0
7
141
34
0
175
0
104
58
4
0
9
0
0
27
104
0
6
0
3
35
0
17 – Estagiário
151
0
15
142
24
0
166
0
125
12
6
0
23
0
0
35
58
5
12
7
3
46
0
18 – Estagiário
271
2
36
153
156
0
306
3
134
21 33
4
98
8
11
31
98
3
6
3
2
166
0
19 – Estagiário
23
0
6
24
5
0
29
0
19
1
0
6
0
1
4
8
1
1
0
1
14
0
20 – Estagiário
191
37
1
227
0
137
60 14
0
15
1
1
72
90
3
10
9
0
44
0
1 – Estagiário
2 – Estagiário
3 – Estagiário
4 – Estagiário
5 – Estagiário
6 – Estagiário
MAC MIC
DIA
P
C
FE
FC
FP
2
AT NM
224
0
4
21 – Estagiário
69
0
18
55
32
0
87
0
32
8 15
1
26
3
2
10
40
0
3
1
0
33
0
22 – Estagiário
134
0
28
124
38
0
161
1
87
16 36
2
19
0
2
4
96
4
7
4
1
46
0
23 – Estagiário
54
0
23
46
31
0
76
1
54
3
0
14
1
1
8
48
1
1
0
0
19
0
24 – Estagiário
89
0
13
69
33
0
102
0
56
10 15
1
18
1
1
3
64
3
5
1
1
25
0
25 – Estagiário
189
0
50
168
71
0
239
0
154
0 36
0
30
12
7
31
123
6
6
3
3
67
0
26 – Estagiário
170
3
27
179
21
0
191
9
95
62 12
2
15
9
5
35
125
13
11
3
0
13
0
27 – Estagiário
284
1
57
324
18
0
339
3
182
90 36
0
29
3
2
13
231
8
26
2
3
59
0
28 – Estagiário
122
40
0
162
0
93
39
9
1
16
1
3
27
91
3
7
3
1
30
0
4
143
0
19
29 – Estagiário
97
2
14
59
54
1
112
0
44
18 10
0
38
3
0
4
54
0
2
1
1
51
0
30 – Estagiário
197
0
37
197
37
0
234
0
156
29 28
1
8
4
8
46
112
7
7
3
2
57
0
31 – Estagiário
161
3
26
100
90
0
188
2
90
28
4
2
60
5
1
8
117
4
5
7
0
49
0
32 – Estagiário
199
4
32
209
26
0
233
2
184
35 11
0
1
2
2
41
129
5
7
4
2
47
0
33 – Estagiário
109
2
4
90
25
0
115
0
60
21 29
0
4
0
1
14
49
4
6
1
1
40
0
130
3
35
102
66
1
166
1
110
10 10
0
26
6
6
0
122
6
6
2
1
31
0
160
0
13
135
38
2
171
0
78
23 20
0
38
6
8
18
82
4
1
1
1
66
0
34 – Estagiário
35 – Estagiário
Susana Mendes Alves
218
Anexo H: Frequência total de gestos e da duração das sessões (Instrutores Experientes).
Instrutor
Nº Gestos Nº Adap. Nº Total minutos segundos
1 – Experiente
275
6
281
51
0
2 – Experiente
235
0
235
48
15
3 – Experiente
181
1
182
45
3
4 – Experiente
270
17
287
56
6
5 – Experiente
108
0
108
45
0
6 – Experiente
258
0
258
46
34
7 – Experiente
276
5
281
40
47
8 – Experiente
316
5
321
43
7
9 – Experiente
227
0
227
47
24
10 – Experiente
154
0
154
45
34
11 – Experiente
191
10
201
47
23
12 – Experiente
200
13
213
54
48
13 – Experiente
189
4
193
41
0
14 – Experiente
104
3
107
43
22
15 – Experiente
269
17
286
46
13
16 – Experiente
42
16
58
48
35
17 – Experiente
337
29
366
39
1
18 – Experiente
23
0
23
43
37
19 – Experiente
299
0
299
32
1
20 – Experiente
103
6
109
33
15
21 – Experiente
97
10
107
40
48
22 – Experiente
102
0
102
45
6
23 – Experiente
109
2
111
41
45
24 – Experiente
225
10
235
44
1
25 – Experiente
159
14
173
43
0
26 – Experiente
107
0
107
45
14
27 – Experiente
177
12
189
52
40
28 – Experiente
363
11
374
52
46
29 – Experiente
117
0
117
38
22
30 – Experiente
283
0
283
42
55
31 – Experiente
225
8
233
45
45
32 – Experiente
83
29
112
38
53
33 – Experiente
172
0
172
38
55
34 – Experiente
227
0
227
44
59
35 – Experiente
205
3
208
56
53
36 – Experiente
218
1
219
48
15
37 – Experiente
277
10
287
54
51
Susana Mendes Alves
Duração
(minutos)
51.00
48.25
45.05
56.10
45.00
46.57
40.78
43.12
47.40
45.57
47.38
54.80
41.00
43.37
46.22
48.58
39.02
43.62
32.02
33.25
40.80
45.10
41.75
44.02
43.00
45.23
52.67
52.77
38.37
42.92
45.75
38.88
38.92
44.98
56.88
48.25
54.85
Freq. gestos
Min.
5.51
4.87
4.04
5.12
2.40
5.54
6.89
7.44
4.79
3.38
4.24
3.89
4.71
2.47
6.19
1.19
9.38
0.53
9.34
3.28
2.62
2.26
2.66
5.34
4.02
2.37
3.59
7.09
3.05
6.59
5.09
2.88
4.42
5.05
3.66
4.54
5.23
219
Anexo I: Frequências absolutas obtidas nas categorias do SOCIN-Fitness (Instrutores
Experientes).
Instrutores
RE
IL
EMBN
DEI
PIC
CIN
ESP
RIT
BAT
INF
FEED
INT
ORG
CE
SE
OB
AA
HA
MUL
1 – Experiente
234
41
2
57
65
72
5
39
5
25
5
209
49
7
10
201
74
4
1
1
0
2 – Experiente
156
81
7
47
27
60
7
62
4
2
21
175
32
20
10
96
141
0
0
0
0
3 – Experiente
158
23
2
47
26
76
1
25
1
1
2
159
13
4
5
134
47
1
0
0
0
4 – Experiente
242
28
9
45
27
100
13
44
5
16
11
214
50
5
1
140
130
12
4
1
0
5 – Experiente
6 – Experiente
102
6
2
11
13
32
3
37
3
0
7
50
42
8
8
25
83
0
0
0
0
202
56
2
22
47
90
9
64
7
14
3
176
68
5
9
78
180
0
0
0
0
257
19
9
23
78
41
3
94
0
5
23
234
25
6
11
122
154
4
1
0
0
278
38
9
75
64
113
4
27
6
7
11
245
45
24
2
244
72
4
1
0
0
207
20
5
21
28
70
2
61
6
16
18
163
54
9
1
50
177
0
0
0
0
126
28
2
27
25
60
7
21
2
2
8
110
24
15
5
95
59
0
0
0
0
169
22
6
19
27
97
2
32
1
0
7
148
30
13
0
85
106
6
2
2
0
122
78
8
43
17
89
7
7
3
2
24
111
56
30
3
82
118
10
2
1
0
166
23
5
35
33
45
4
42
5
7
13
159
20
10
0
68
121
3
1
0
0
89
15
1
14
6
30
2
42
1
0
8
64
32
7
1
24
80
3
0
0
0
268
1
9
1
87
132
2
15
0
5
18
251
15
1
2
204
65
13
3
1
0
7 – Experiente
8 – Experiente
9 – Experiente
10 – Experiente
11 – Experiente
12 – Experiente
13 – Experiente
14 – Experiente
15 – Experiente
16 – Experiente
17 – Experiente
18 – Experiente
19 – Experiente
20 – Experiente
21 – Experiente
22 – Experiente
23 – Experiente
24 – Experiente
25 – Experiente
26 – Experiente
27 – Experiente
28 – Experiente
29 – Experiente
30 – Experiente
31 – Experiente
32 – Experiente
EMBT EMBS
31
11
1
9
0
24
0
4
0
0
4
23
11
6
2
26
16
12
3
1
0
290
47
4
111
36
112
14
44
7
3
6
217
80
31
9
249
88
21
6
2
0
21
2
1
7
2
9
1
1
0
2
0
15
4
3
1
19
4
0
0
0
0
259
40
2
75
48
92
6
55
9
6
6
182
78
22
17
166
133
0
0
0
0
81
22
3
22
8
44
3
10
1
2
10
66
22
15
0
75
28
4
1
1
0
92
5
2
9
13
37
0
23
1
9
3
82
13
2
0
34
63
7
2
1
0
86
16
2
17
13
39
6
17
1
7
0
84
15
3
0
44
58
0
0
0
0
92
17
2
4
24
61
3
9
0
0
6
91
15
3
0
73
36
2
0
0
0
151
74
6
66
9
102
6
21
4
1
10
161
42
21
1
129
96
7
2
1
0
151
8
2
37
14
75
1
17
3
7
3
112
43
4
0
103
56
10
3
1
0
83
24
2
27
11
19
6
33
0
0
9
47
39
17
4
48
59
0
0
0
0
152
25
2
26
30
41
3
49
5
18
3
118
34
22
3
118
59
9
2
1
0
314
49
1
41
123 110
2
45
2
22
17
282
44
29
8
212
151
8
2
1
0
89
28
2
18
10
57
2
20
1
0
7
66
32
17
2
102
15
0
0
0
0
241
42
4
50
45
94
8
61
5
3
13
200
58
18
7
195
88
0
0
0
0
225
0
2
36
77
50
10
20
0
0
30
224
1
0
0
225
0
6
1
1
0
80
3
3
13
17
29
1
15
0
1
4
64
9
6
4
48
35
20
6
3
0
161
11
2
25
21
50
6
49
8
3
8
107
50
11
4
109
63
0
0
0
0
34 – Experiente
35 – Experiente
170
57
2
45
28
103
7
29
0
7
6
141
42
40
4
104
123
0
0
0
0
148
57
2
32
31
70
1
42
9
7
11
141
52
10
2
87
118
3
0
0
0
36 – Experiente
153
65
3
26
65
47
3
49
0
7
18
168
6
40
4
89
129
1
0
0
0
37 – Experiente
274
3
7
40
67
75
0
64
2
16
6
240
30
3
4
220
57
7
2
1
0
33 – Experiente
Susana Mendes Alves
220
Anexo J: Frequências absolutas obtidas nas categorias do SOPROX-Fitness
(Instrutores Experientes).
Instrutores
DIS
IINT
CT
DIR
ESQ
PBD
PFB
PFS
PFD
PFV
PFL
LOC
SU
1 – Experiente
236
5
40
259
22
1
279
1
152
80 14
0
17
9
9
24
215
1
6
8
12
15
0
2 – Experiente
190
5
40
205
30
1
233
1
56
103 19
17
20
10
10
19
132
6
22
15
6
35
0
3 – Experiente
157
5
20
178
4
0
182
0
11
133 16
5
3
7
7
9
139
8
5
6
0
15
0
4 – Experiente
251
9
27
260
27
1
284
2
61
158 20
10
16
11
11
55
172
15
9
8
0
28
0
5 – Experiente
6 – Experiente
79
4
25
69
39
0
101
7
50
20
5
6
6
8
13
0
78
5
8
3
3
11
0
192
7
59
206
52
0
257
1
30
125
7
10
43
22
21
35
128
13
30
12
6
34
0
240
8
33
233
48
0
279
2
44
152
4
14
48
8
11
20
197
10
10
4
0
40
0
274
6
41
316
5
1
320
0
63
196 20
12
4
13
13
121
92
24
38
31
2
13
0
185
5
37
218
9
0
220
7
46
104 12
18
4
23
20
10
92
7
46
17
14
41
0
120
7
27
146
8
0
154
0
46
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0
4
2
3
30
85
7
6
0
0
26
0
160
8
33
174
27
0
191 10
52
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10
23
13
13
19
102
2
50
9
0
19
0
167
5
41
186
27
0
211
2
34
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4
22
8
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2
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16
26
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8
20
0
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9
29
164
29
0
193
0
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10
15
10
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22
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5
15
0
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80
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1
106
0
21
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6
14
10
9
10
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19
8
8
10
0
240
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37
275
11
0
286
0
32
196 17
6
9
13
13
109
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5
34
18
16
34
0
58
0
1
51
2
1
1
1
1
5
14
8
15
7
3
6
0
353 13
105
207
9
5
12
16
12
22
195
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39
30
20
35
0
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0
0
0
0
0
0
13
1
5
0
1
3
0
151 20
17
10
19
17
15
209
3
23
11
7
31
0
7 – Experiente
8 – Experiente
9 – Experiente
10 – Experiente
11 – Experiente
12 – Experiente
13 – Experiente
14 – Experiente
15 – Experiente
16 – Experiente
17 – Experiente
18 – Experiente
19 – Experiente
20 – Experiente
21 – Experiente
22 – Experiente
23 – Experiente
24 – Experiente
25 – Experiente
26 – Experiente
27 – Experiente
28 – Experiente
29 – Experiente
30 – Experiente
31 – Experiente
32 – Experiente
MAC MIC
DIA
P
C
FE
FC
FP
AT NM
41
3
14
57
1
0
273
3
90
331
35
0
19
1
3
22
1
0
23
0
2
215
13
71
280
19
0
299
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108
1
0
109
0
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0
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2
10
0
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9
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0
107
0
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0
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0
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0
101
1
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10
5
2
0
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2
19
7
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0
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0
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0
10
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3
19
71
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10
3
1
6
0
190
6
39
220
15
0
233
2
56
126
9
4
11
20
9
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15
10
15
25
0
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0
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5
129
9
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2
54
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2
2
19
0
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0
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0
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0
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167
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178
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6
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1
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77
20
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5
20
0
300
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0
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2
126
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0
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0
117
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0
0
0
0
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0
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10
10
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7
0
19
0
201
2
30
232
1
2
230
1
1
173 27
10
0
11
11
25
127
13
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7
15
0
52
88
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21
98
14
2
108
2
31
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30
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6
16
0
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40
140
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0
170
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5
26
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20
7
6
21
0
34 – Experiente
35 – Experiente
170
7
50
175
52
0
227
0
90
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9
16
9
6
10
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15
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6
21
0
170
10
28
188
20
1
206
1
43
102 18
12
8
10
15
0
142
6
21
13
6
20
0
36 – Experiente
184
5
30
214
5
0
215
4
53
131 10
5
5
8
7
39
96
15
25
12
8
24
0
37 – Experiente
238
10
39
262
25
1
281
5
24
206
12
5
21
15
107
70
14
60
5
12
19
0
33 – Experiente
Susana Mendes Alves
4
221
Anexo K: Estatística descritiva (SOCIN-Fitness - Instrutores Estagiários).
a
Descriptive Statistics
N
Minimum
Maximum
Mean
Std. Deviation
RE_rel
35
46.03
92.00
71.0809
13.14462
IL_rel
35
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13.14462
EMBT_rel
35
.00
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.48490
EMBS_rel
35
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EMBN_rel
35
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DEI_rel
35
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PIC_rel
35
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2.40479
CIN_rel
35
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ESP_rel
35
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RIT_rel
35
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BAT_rel
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INF_rel
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INT_rel
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ORG_rel
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CE_rel
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SE_rel
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20.24108
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AA_rel
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HA_rel
35
.00
16.67
3.0147
5.37271
Valid N (listwise)
35
a. Exp_Instrutor = Inexperiente (Estagiário)
Susana Mendes Alves
222
Anexo L: Estatística descritiva (SOCIN-Fitness - Instrutores Experientes).
a
Descriptive Statistics
N
Mean
Statistic
Statistic
Skewness
Statistic
Kurtosis
Std. Error
Statistic
Std. Error
RE_rel
37
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-.581
.388
-.171
.759
IL_rel
37
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.581
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.759
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.759
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.759
EMBN_rel
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.388
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.759
DEI_rel
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.759
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.759
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.759
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.759
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.952
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.759
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-.138
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.759
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.759
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CE_rel
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-.584
.759
SE_rel
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-.038
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.388
-1.942
.759
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37
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.
.
.
.
MUL_rel
37
2.7027
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.388
37.000
.759
Valid N (listwise)
37
a. Exp_Instrutor = Experiente
Susana Mendes Alves
223
Anexo M: Estatística descritiva (SOPROX-Fitness - Instrutores Estagiários).
a
Descriptive Statistics
N
Minimum
Maximum
Mean
Std. Deviation
MAC_rel
35
70.13
98.25
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7.44805
MIC_rel
35
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7.36793
P_rel
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C_rel
35
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12.05024
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35
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.89259
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35
.00
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.4450
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12.45947
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35
.00
33.14
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9.86171
FP_rel
35
2.11
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10.4055
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AT_rel
35
.00
1.29
.3189
.46026
NM_rel
35
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1.45788
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35
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LOC_rel
35
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SU_rel
35
.00
.00
.0000
.00000
Valid N (listwise)
35
a. Exp_Instrutor = Inexperiente (Estagiário)
Susana Mendes Alves
224
Anexo N: Estatística descritiva (SOPROX -Fitness - Instrutores Experientes).
a
Descriptive Statistics
N
Minimum
Maximum
Mean
Std. Deviation
MAC_rel
37
70.69
87.46
79.6993
4.67546
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37
.82
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P_rel
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FC_rel
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2.80270
PFL_rel
37
.00
7.48
3.1923
2.20605
LOC_rel
37
4.05
25.49
10.6703
4.02735
SU_rel
37
.00
.00
.0000
.00000
Valid N (listwise)
37
a. Exp_Instrutor = Experiente
Susana Mendes Alves
225
Anexo O: Análise da normalidade de distribuição dos dados (SOCIN-Fitness).
c.d.e
Tests of Normality
a
Kolmogorov-Smirnov
Shapiro-Wilk
Exp_Instrutor
Exp_Instrutor
Inexperiente (Estagiário)
Statistic
Df
Sig.
Experiente
Statistic df
Inexperiente (Estagiário)
Sig.
Statistic
df
Sig.
Experiente
Statistic df
Sig.
RE_rel
.128
35
.162
.157 37
.022
.943
35
.069
.959 37 .187
IL_rel
.128
35
.162
.157 37
.022
.943
35
.069
.959 37 .187
EMBT_rel
.406
35
.000
.140 37
.064
.691
35
.000
.952 37 .111
*
*
.063 37 .200
.956
35
.175
.991 37 .988
.126 37
.148
.874
35
.001
.942 37 .053
*
.984
35
.885
.987 37 .928
*
.909
35
.007
.954 37 .127
*
.099 37 .200
.950
35
.110
.969 37 .391
EMBS_rel
.110
35
EMBN_rel
.166
35
.016
35
*
DEI_rel
PIC_rel
.061
.139
.200
.200
35
.086
*
.096 37 .200
CIN_rel
.115
35
ESP_rel
.130
35
.142
.137 37
.077
.915
35
.010
.900 37 .003
RIT_rel
.134
35
.114
.195 37
.001
.936
35
.041
.859 37 .000
*
.941
35
.058
.965 37 .293
*
.975
35
.581
.991 37 .988
*
.070 37 .200
.985
35
.915
.989 37 .963
BAT_rel
INF_rel
.129
.078
.200
.073 37 .200
35
.151
35
*
.200
*
.068 37 .200
FEED_rel
.066
35
INT_rel
.126
35
.178
.127 37
.138
.964
35
.293
.930 37 .022
ORG_rel
.178
35
.007
.148 37
.039
.893
35
.003
.887 37 .001
35
*
*
.971
35
.477
.977 37 .623
*
.116 37 .200
.971
35
.477
.977 37 .623
CE_rel
.094
.200
.087 37 .200
.200
*
.200
.116 37 .200
SE_rel
.094
35
OB_rel
.373
35
.000
.327 37
.000
.554
35
.000
.602 37 .000
AA_rel
.338
35
.000
.302 37
.000
.707
35
.000
.743 37 .000
.538 37
.000
MUL_rel
.155 37 .000
*. This is a lower bound of the true significance.
a. Lilliefors Significance Correction
c. HA_rel is constant when Exp_Instrutor = Inexperiente (Estagiário). It has been omitted.
d. HA_rel is constant when Exp_Instrutor = Experiente. It has been omitted.
e. MUL_rel is constant when Exp_Instrutor = Inexperiente (Estagiário). It has been omitted.
Susana Mendes Alves
226
Anexo P: Análise de normalidade de distribuição dos dados (SOPROX-Fitness).
c.d
Tests of Normality
a
Kolmogorov-Smirnov
Shapiro-Wilk
Exp_Instrutor
Exp_Instrutor
Inexperiente (Estagiário)
Statistic
MAC_rel
MIC_rel
DIA_rel
P_rel
.094
.390
.102
.120
df
Sig.
35
.200
Statistic df
*
35
.000
35
*
35
Experiente
.200
*
.200
*
Sig.
Statistic
df
Sig.
Experiente
Statistic df
Sig.
*
.970
35
.436
.961 37 .223
*
.640
35
.000
.952 37 .114
*
.962
35
.262
.959 37 .186
*
.956
35
.169
.927 37 .018
*
.120 37 .200
.956
35
.169
.927 37 .018
.118 37 .200
.101 37 .200
.104 37 .200
.120 37 .200
C_rel
.120
35
DIS_rel
.428
35
.000
.393 37
.000
.630
35
.000
.491 37 .000
IINT_rel
.240
35
.000
.245 37
.000
.674
35
.000
.738 37 .000
CT_rel
.301
35
.000
.256 37
.000
.567
35
.000
.705 37 .000
35
*
*
.985
35
.904
.942 37 .052
*
.918
35
.012
.969 37 .381
*
.918
35
.012
.982 37 .791
*
FE_rel
FC_rel
FP_rel
.057
.171
.143
35
35
.200
Inexperiente (Estagiário)
.200
.011
.069
.115 37 .200
.102 37 .200
.073 37 .200
AT_rel
.384
35
.000
.112 37 .200
.701
35
.000
.959 37 .189
NM_rel
.134
35
.113
.140 37
.065
.909
35
.007
.895 37 .002
DIR_rel
.215
35
.000
.140 37
.064
.868
35
.001
.967 37 .323
ESQ_rel
.187
35
.003
.126 37
.148
.898
35
.004
.948 37 .086
35
*
.129 37
.121
.952
35
.132
.915 37 .008
*
.991
35
.992
.971 37 .438
*
PBD_rel
PFB_rel
PFS_rel
PFD_rel
PFV_rel
.111
.068
.094
.110
.191
35
35
35
35
.200
*
.200
.084 37 .200
*
.106 37 .200
.944
35
.074
.935 37 .033
*
.162 37
.016
.942
35
.064
.936 37 .034
*
.852
35
.000
.981 37 .763
*
.037
.200
.200
.002
.092 37 .200
PFL_rel
.164
35
.018
.102 37 .200
.861
35
.000
.946 37 .072
LOC_rel
.124
35
.189
.149 37
.953
35
.143
.902 37 .003
*. This is a lower bound of the true significance.
a. Lilliefors Significance Correction
c. SU_rel is constant when Exp_Instrutor = Inexperiente (Estagiário). It has been omitted.
d. SU_rel is constant when Exp_Instrutor = Experiente. It has been omitted.
Susana Mendes Alves
227
Anexo Q: Análise da homogeneidade de variância dos dados (SOCIN-Fitness).
Test of Homogeneity of Variances
Levene Statistic
df2
Sig.
RE_rel
2.036
1
70
.158
IL_rel
2.036
1
70
.158
EMBT_rel
22.067
1
70
.000
EMBS_rel
5.425
1
70
.023
EMBN_rel
3.790
1
70
.056
DEI_rel
4.525
1
70
.037
PIC_rel
5.675
1
70
.020
CIN_rel
.019
1
70
.890
ESP_rel
7.464
1
70
.008
RIT_rel
.107
1
70
.744
BAT_rel
10.568
1
70
.002
INF_rel
4.877
1
70
.030
FEED_rel
1.954
1
70
.167
.747
1
70
.390
17.302
1
70
.000
CE_rel
.161
1
70
.690
SE_rel
.161
1
70
.690
OB_rel
.020
1
70
.888
AA_rel
.384
1
70
.537
HA_rel
.
1
.
.
4.000
1
70
.049
INT_rel
ORG_rel
MUL_rel
Susana Mendes Alves
df1
228
Anexo R: Análise da homogeneidade de variância dos dados (SOPROX-Fitness).
Test of Homogeneity of Variances
Levene Statistic
df2
Sig.
MAC_rel
7.660
1
70
.007
MIC_rel
19.576
1
70
.000
DIA_rel
7.943
1
70
.006
P_rel
3.798
1
70
.055
C_rel
3.798
1
70
.055
DIS_rel
.774
1
70
.382
IINT_rel
8.550
1
70
.005
CT_rel
6.854
1
70
.011
FE_rel
.969
1
70
.328
FC_rel
8.678
1
70
.004
FP_rel
22.738
1
70
.000
AT_rel
42.399
1
70
.000
NM_rel
7.007
1
70
.010
DIR_rel
8.709
1
70
.004
ESQ_rel
9.526
1
70
.003
PBD_rel
.263
1
70
.609
PFB_rel
.752
1
70
.389
PFS_rel
13.224
1
70
.001
PFD_rel
26.612
1
70
.000
PFV_rel
19.934
1
70
.000
PFL_rel
30.864
1
70
.000
LOC_rel
16.041
1
70
.000
.
1
.
.
SU_rel
Susana Mendes Alves
df1
229
Anexo S: Análise de diferenças entre atividades de fitness (SOPROX-Fitness).
a.b
Test Statistics
Chi-Square
df
Asymp. Sig.
MAC_rel
8.774
3
.032
MIC_rel
4.447
3
.217
DIA_rel
8.078
3
.044
P_rel
9.312
3
.025
C_rel
9.312
3
.025
DIS_rel
6.475
3
.091
IINT_rel
6.475
3
.091
CT_rel
.000
3
.317
FE_rel
9.667
3
.022
FC_rel
9.462
3
.024
FP_rel
8.781
3
.032
AT_rel
6.698
3
.086
NM_rel
10.735
3
.013
DIR_rel
10.182
3
.171
ESQ_rel
9.831
3
.082
PBD_rel
10.421
3
.047
PFB_rel
8.641
3
.015
PFS_rel
7.931
3
.034
PFD_rel
9.312
3
.013
PFV_rel
10.735
3
.088
PFL_rel
6.545
3
.097
LOC_rel
9.186
3
.025
SU_rel
6.545
3
1.000
a. Kruskal Wallis Test
b. Grouping Variable: Atividade
Susana Mendes Alves
230
Anexo T: Análise de diferenças entre Instrutores (SOCIN-Fitness – gestos com
intenção comunicativa).
Susana Mendes Alves
231
Susana Mendes Alves
232
Anexo U: Análise de diferenças entre Instrutores (SOCIN-Fitness – gestos
adaptadores).
Susana Mendes Alves
233
Anexo V: Análise de diferenças entre Instrutores (SOPROX-Fitness).
Susana Mendes Alves
234
Susana Mendes Alves
235
Susana Mendes Alves
236
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Tese PhD_Susana Alves