POS34- Derrames pleurais parapneumónicos num Hospital Pediátrico Central –
casuística de 10 anos
Sónia Silva, Patrícia Vaz Silva, Maristela Margatho, Miguel Félix, Maria Helena Estêvão
Hospital Pediátrico de Coimbra
Introdução: A orientação terapêutica do derrame pleural parapneumónico (DPP)
permanece controversa. As estratégias podem ir da simples antibioterapia à toracotomia
com descorticação, passando por toracocentese (com ou sem colocação de dreno
pleural), a instilação intrapleural de fibrinolíticos e toracoscopia videoassistida.
Objectivo: Caracterizar os doentes internados no Serviço de Medicina do Hospital
Pediátrico de Coimbra por DPP entre Maio de 1998 e Abril de 2008.
Métodos: Efectuou-se um estudo descritivo com base na análise retrospectiva dos
processos clínicos de crianças previamente saudáveis, internadas com o diagnóstico de
DPP. Excluíram-se os recém-nascidos e crianças em quem a pneumonia e derrame
surgiram em contexto de doença sistémica, como imunodeficiência primária. Foram
estudadas as seguintes variáveis: sexo, idade, apresentação clínica, exames
complementares, terapêutica e duração do internamento.
Resultados: Foram incluídos no estudo 93 crianças, sendo 53% do sexo feminino e com
mediana de idades de 3,0 anos (média 3,7 anos). Os sintomas mais frequentes foram
febre (100%), tosse (68,8%), dificuldade respiratória (65,6%), toracalgia (36,5%) e dor
abdominal (24,7%). A mediana dos dias de febre até ao diagnóstico de pneumonia e de
derrame pleural foi de 4,0 e 7,6 dias, respectivamente. A radiografia do tórax fez o
diagnóstico de DPP em 79 casos (85%) e a ecografia torácica, realizada em 78 crianças
(83,8%), foi decisiva para o diagnóstico de DPP em 14 casos (15%). Estavam sob
antibioterapia prévia 62 doentes (66,6%), cuja média de duração foi de 5 dias. Nestes
doentes, a antibioterapia mais frequente incluiu a amoxicilina/ampicilina em 29 (46,7%) e
a associação da amoxicilina e ácido clavulânico em 10 (16%). O DPP localizava-se à
direita em 50,5% e o gérmen responsável foi identificado em 14 casos. Após o diagnóstico
de DPP, foram utilizados um ou dois antibióticos em 61 casos (65,6%), sendo o
ceftriaxone o mais utilizado (75,2%). Foi efectuada toracocentese simples em 5 crianças
(5,3%), tendo sido colocado dreno torácico em 55 (59%) e realizada toracoscopia em 13
doentes (13,9%). A duração média do internamento e da drenagem foi de 10,3 e 5,4 dias,
respectivamente.
Comentários: No período em estudo verificou-se heterogeneidade na abordagem
terapêutica, quer na antibioterapia quer em termos de drenagem torácica. Não se
observou uma tendência para a modificação do tempo de internamento e/ou duração de
drenagem durante o período estudado.
Palavras-chave: derrame pleural, pneumonia
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