XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
SISTEMA PARA AQUISIÇÃO DE DADOS
PLUVIOMÉTRICOS
Osni Antônio Küchler (UDESC)
[email protected]
Antônio Carlos Tamanini da Silva (UDESC)
[email protected]
Nilson Ribeiro Modro (UDESC)
[email protected]
João Eduardo Machado Perea Martins (UNESP)
[email protected]
As medidas diárias da chuva acumulada são informações de grande
importância aos agricultores, monitoramento ambiental, sistema de
geração de energia elétrica, Defesa Civil, etc. Fundamentado nesta
realidade e na falta de um equipamento totaalmente adequado ao
território brasileiro para coleta de dados pluviométricos em campo.
Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista - UNESP que, sob a
coordenação do Prof. Dr. João E. M. Perea Martins desenvolveram um
coletor específico para a aquisição e registro de dados pluviométricos,
com baixo custo, grande capacidade de armazenagem de dados,
poucos componentes eletrônicos e com baixo consumo de energia.
Também, a UNESP programou o software (driver) que viabiliza a
comunicação entre o coletor pluviométrico e um computador. O
coletor pluviométrico produzido pela UNESP trabalha de forma
independente do computador. Este equipamento é conectado a um
computador apenas para desempenhar operações específicas, como
registrar os dados de coleta em arquivos. Neste contexto, este trabalho
tem por finalidade identificar e apresentar o desenvolvimento de um
programa de computador capaz de se comunicar com o coletor
pluviométrico da UNESP através de um driver; armazenar os dados
coletados em campo no Banco de Dados; importar arquivos antigos e
manter o histórico de coletas; exportar o Banco de Dados para
arquivos nas extensões TXT e/ou XML (Extensible Markup Language).
Palavras-chaves: Precipitação Pluviométrica (Chuva), Coletor de
Dados Pluviométricos, Pluviômetro
1. Introdução
Toda região agrícola ou centro urbano para ser bem desenvolvido necessita de sério
planejamento. Seguindo esta linha de raciocínio, é evidente que toda cidade deve se preocupar
com o tempo, já que este atua diretamente no bom ou o mau funcionamento de suas vias
públicas, na probabilidade de enchentes de seus rios e córregos, algo que pode causar danos as
pessoas, prejuízos financeiros e mortes (SOMAR).
As principais preocupações quanto às chuvas são relativas à intensidade e a freqüência de
suas ocorrências, pelos seus efeitos potencialmente danosos, quando em excesso ou por
escassez (MURTA et al., 2005, p. 988). Os dados disponíveis sobre as chuvas diárias
geralmente são provenientes de pluviômetros convencionais e de operação manual
(ANTÔNIO, 2007).
Mudanças ocorridas no clima causam impactos nos setores natural, social e econômico.
Diante disso, os extremos climáticos associados à temperatura e a precipitação podem afetar
diretamente o consumo de energia, conforto humano e o turismo (SUBAK et al., 2000; QIAN
e LIN, 2005 apud SANTOS, 2009, p. 39).
Portanto, compreender o comportamento das chuvas é algo complexo mais necessário ao
diagnóstico da origem de eventos extremos, e ainda, serve como instrumento na prevenção de
desastres (BARBIERI, 2008, p. 3891). Além de importante para a Defesa Civil, a
compreensão do comportamento das precipitações pluviométricas tem grande proveito em
áreas como a Meteorologia, Agronomia, Biologia, Construção Civil, Ciências Ambientais,
Ensino de Ciências, etc. O que torna este tema de vasta importância no domínio científico,
comercial e educacional (PEREA MARTINS, 2003, p. 2).
Monitorar as condições do tempo é mais do que um mero serviço. É um dever que todo Setor
Administrativo Municipal precisa estar competido a realizar (SOMAR). Perea Martins (2003,
p. 2) explica que apesar da importância, em diversas regiões e países os dados de coleta
pluviométrica são insuficientes ou inexistentes. Esta dificuldade pode ser atenuada com o uso
de coletores pluviométricos, de baixo custo. Com aplicação em países em desenvolvimento
onde estas informações trarão melhorias aos setores produtivos ou no planejamento urbano.
O uso de coletores de dados pluviométricos, na lição de Hughes (2006) apud Perea Martins
(2003, p. 2), é “também útil em nações desenvolvidas, pois, além de dar sustentáculo as
medições em locais específicos também podem gerar bases de dados para complementarem
informações pluviométricas procedentes de radares e satélites”.
Mesmo o ato de medir as chuvas que ocorrem em um determinado ponto ser uma prática
antiga e de grande valor a sociedade, são poucos os investimentos técnicos educacionais sobre
o tema (ALVES, 2009). Não havendo até o momento um coletor de dados pluviométricos de
inteira fabricação nacional. Esta realidade motivou pesquisadores da Universidade Estadual
Paulista - UNESP de Bauru-SP, sob coordenação do Prof. Dr. João E. M. Perea Martins, em
2003, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP, a fabricar um coletor de dados específico para a aquisição e registro de dados
pluviométricos, de baixo custo. Além disso, Perea Martins coordenou a programação do
software (driver) que viabiliza a comunicação entre o coletor pluviométrico e um computador,
via interface serial.
É importante observar que o coletor de dados pluviométricos da UNESP opera em campo de
2
forma autônoma devido a sua capacidade de armazenagem de dados. Este hardware é
conectado a um computador apenas para desempenhar operações específicas, como adquirir
dados pluviométricos coletados e armazená-los em arquivos TXT.
Neste contexto, este artigo tem por finalidade identificar uma solução computacional capaz de
se comunicar com o coletor pluviométrico fabricado pela UNESP; converter os dados do
coletor para uma Base de Dados; importar arquivos antigos gerados pelo coletor e os
converter para o banco de dados; realizar a conversão do Banco de Dados para arquivos nos
formatos TXT ou XML.
Este artigo foi organizado em 7 (sete) tópicos. No primeiro tópico é desenvolvida a introdução
e as considerações iniciais do estudo. O segundo item apresenta o referencial teórico. O
terceiro tópico mostra o referencial tecnológico e a interação entre as ferramentas do ambiente
de desenvolvimento do protótipo. No quarto tópico foi descrito a metodologia utilizada. Já o
quinto tópico trabalha a proposta de solução computacional que é simulada por meio de um
caso exemplo, no sexto tópico. Por fim, o tópico 7 (sete) expõe ao leitor as considerações
finais do estudo e apresenta as perspectivas e idéias para trabalhos futuros.
2. Conceitos e Fundamentação Teórica
O sucesso ou fracasso de um negócio pode estar ligado às características do regime de chuvas
de uma determinada região, fazendo com que o conhecimento da conduta desse atributo seja
importante nos planejamentos urbanos, agrícolas e ambientais (SIQUEIRA, 2003, p. 2).
Neste sentido, este tópico estabelece um conjunto de informações e aspectos considerados
relevantes e necessários para a contextualização da pesquisa dentro dos temas envolvidos no
estudo da pluviometria e da coleta automática de dados pluviométricos em campo.
2.1 Pluviometria
A pluviometria, no entendimento de Salgueiro (2005, p. 15), pode ser definida como a parte
da hidrologia que aborda dos processos pelo qual se pode mensurar, ou avaliar, valores que
representem, ou dêem idéia, do tamanho de um evento de precipitação em uma região ou uma
bacia hidrográfica.
O conhecimento dos totais precipitados constitui elemento importante na determinação das
vazões superficiais e conseqüentemente suas disponibilidades para o melhor gerenciamento
dos recursos hídricos.
2.2 Aquisições de Dados Pluviométricos
A variável precipitação pluviométrica pode ser quantificada pontualmente, através de dois
instrumentos meteorológicos - o pluviômetro e o pluviógrafo – e espacialmente, através de
radares (STUDART, 2006, p. 4).
O autor destaca que a diferença principal entre pluviômetro e pluviógrafo é que este último
registra automaticamente os dados, ao contrário do pluviômetro convencional, que requer
leituras manuais a intervalos de tempo fixo.
O pluviômetro é um aparelho com uma superfície de captação horizontal e um depósito para
acumular a água recolhida ligado a essa área de captação. Há vários modelos de pluviômetros
em uso no mundo, no Brasil o mais difundido é o padrão Francês conhecido como Ville de
Paris (SILVA, 2008, p. 71).
Perea Martins (2003, p. 3) enfatiza a idéia de que existem atualmente diversos modelos de
pluviômetros no mercado capazes de registrar medições através de processos manuais, de
3
processos gráficos feitos por sistemas eletromecânicos e de processos eletrônicos. Em termos
singelos, Perea Martins (2003, p. 3) dispõem que as medições pluviométricas devem ser
realizadas por longos períodos de tempo e em regiões longínquas, de difícil acesso, ou sob
condições climáticas adversas. Estas características justificam o uso de sistemas eletrônicos
para o registro de medições pluviométricas, devido às vantagens destacadas pelo autor, como:
podem operar ininterruptamente por um longo tempo; podem armazenar uma grande
quantidade de registros pluviométricos; após a sua devida instalação não ficam sujeitos a erros
humanos; apresentam um alto grau de confiabilidade.
2.3 Pluviômetro
Heller (2006, p. 235) diz que a chuva sobre uma determinada área pode ser medida, em um
dado ponto, por meio de pluviômetros e pluviógrafos. Em alguns casos, pode-se medir a sua
extensão e variação espacial por meio do radar meteorológico.
Na lição do autor, o pluviômetro é um recipiente em geral metálico e, com volume capaz de
conter as maiores precipitações pluviométricas possíveis, em 24 horas. Esse recipiente possui
uma superfície horizontal de captação da chuva tal que o total diário de precipitação pode ser
obtido por:
Onde, P é a altura diária de chuva, em mm, V é o volume recolhido no recipiente, em cm3 e A
é a área da superfície de captação, em cm2 (HELLER, 2006, p. 235).
O pluviômetro de uso tradicional no Brasil é o do tipo Ville de Paris. No entanto, o coletor de
dados pluviométricos (UNESP) foi desenvolvido para operar acoplado a qualquer
pluviômetro, desde que este seja do tipo basculante (tipping bucket). A seguir, detalhes sobre
os tipos de pluviômetros mais utilizados e disponíveis no mercado. Ainda, um roteiro prático
para fabricação caseira de um pluviômetro.
2.3.1 Tradicional, tipo Ville de Paris
Este modelo é o de uso mais tradicional e generalizado do Brasil. Silva (2008, p. 72) ensina
que este tipo de pluviômetro destina-se à captação e acumulação de chuva para posterior
medição com uma proveta graduada.
Consiste em um aro arredondado de captação com 400 cm2, dotado de um cone coletor,
encimando um recipiente com capacidade de acúmulo de cerca de 5 litros. O corpo é
fabricado em chapa de aço inoxidável, com 630 mm de comprimento. Um par de braçadeiras
faz a fixação do pluviômetro à estaca. A capacidade de acumulação do pluviômetro em
termos de altura de precipitação é de 125 mm (SILVA, 2008, p. 72).
Na lição de Costa et al. (2005), o investimento necessário para a aquisição de um pluviômetro
padrão o “Ville de Paris” em 2005 ficaria em torno de R$ 600,00. A Figura 1 mostra detalhes
técnicos do pluviômetro tipo Ville de Paris:
4
Figura 1 – Pluviômetro Ville de Paris
2.3.2 Tipo basculante (tipping bucket)
O coletor de dados pluviométricos da UNESP utilizado neste trabalho opera acoplado a um
pluviômetro do tipo basculante. Assim sendo, o pluviômetro do tipo basculante ("tipping
bucket"), ilustrado na Figura 2, consiste de um receptáculo onde a água da chuva é coletada
por uma caçamba dividida em dois compartimentos, sendo que cada vez que o nível é
completado, a caçamba gira, descarrega a água e é feita uma contagem. Como é conhecida a
altura de chuva que faz com que a báscula gire (normalmente 0,25 mm), e uma vez que é
registrada a contagem de giros, pode-se calcular, dessa forma, o volume de água precipitado
(FISCH, 2007).
Figura 2 – Pluviômetro do tipo basculante (tipping bucket)
Fonte: Adaptado de Fisch (2007).
Fisch (2007) acrescenta que neste tipo de pluviômetro existe a necessidade de um sistema
para aquisição de dados, um "data-logger". Este sistema deve registrar os eventos e o horário
em que ocorrem as basculadas. As informações de precipitação coletadas ficam desta forma,
armazenadas no sistema de registro de dados até que sejam retiradas do pluviômetro. No
entanto, quando um pluviômetro de báscula é acoplado ao coletor de dados pluviométricos
(UNESP), esses dados são processados e armazenados na memória interna do coletor. A
seguir, a Tabela 1, com os preços de alguns modelos deste tipo de pluviômetro:
5
MODELO
FABRICANTE
RG600
Global Water
RG650
Global Water
RG700
Global Water
Fonte: Adaptado de (GLOBAL WATER)
PREÇO (US$)
459
846
291
Tabela 1 – Tabela de preços pluviômetros (tipping bucket)
2.4 Coletor de dados pluviométricos da UNESP
De acordo com Perea Martins (2003), apesar da demanda existente quase todos os
instrumentos eletrônicos utilizados para medir as chuvas no Brasil são de fabricação
estrangeira. A comprovação da falta de um aparelho totalmente nacional, apto para suprir às
necessidades dos usuários locais, levou o professor João Eduardo Machado Perea Martins, do
Departamento de Computação da UNESP, de Bauru - SP, a desenvolver um coletor de dados
automático com baixo consumo de energia e de baixo investimento para montagem.
Conforme o autor o valor comercial do produto importado chega a US$ 500, já o valor para
montagem do coletor de dados pluviométricos da UNESP fica em torno de US$ 25.
A Figura 3 mostra o coletor de dados pluviométricos desenvolvido pela UNESP, de Bauru –
SP, de pequenas dimensões e, que funciona acoplado a qualquer pluviômetro do tipo
basculante. Este equipamento tem o seguinte princípio de funcionamento: a cada 0,2
milímetro de precipitação captada pelo pluviômetro é enviado um sinal elétrico para o coletor.
“Em operação no campo, o aparelho registra não só o volume de chuvas, mas também a data e
o horário em que ocorreram, minuto a minuto”.
Figura 3 – Coletor de dados pluviométricos (UNESP)
Fonte: Perea Martins (2003, p. 9).
Este coletor pode armazenar grande volume de dados pluviométricos em sua memória interna,
essa característica proporciona autonomia ao equipamento (PEREA MARTINS, 2003). O
software desenvolvido por Perea para comunicação entre o coletor pluviométrico e um
computador é utilizado pela solução computacional apresentada neste trabalho como um
driver para comunicação direta com o coletor pluviométrico e para realizar a aquisição dos
dados coletados em campo registrados na memória do coletor. Em seguida, os dados
resgatados do coletor pluviométrico pelo sistema proposto são armazenados numa Base de
Dados.
A Tabela 2 mostra as principais características físicas do coletor de dados pluviométricos da
6
UNESP, na concepção de Perea Martins (2003, p. 6).
PARÂMETRO
Tamanho físico
Tensão de alimentação
Consumo típico de corrente
Tempo de operação continua
Capacidade de dados
Transferência de dados
Custo de montagem
DESCRIÇÃO
Placa de circuito impresso com 43 x 56 mm;
3,6 V (originários de 3 pilhas);
70 A;
2 anos (com pilhas de 1300mA/H);
128 registros pluviométricos (um por dia);
Comunicação Serial;
Em torno de US$ 25;
O circuito eletrônico fica protegido num caixa
Caixa de proteção
com IP55, resistente a poeira e chuvas.
Fonte: Adaptado de (PEREA MARTINS, 2003, p. 6).
Tabela 2 – Principais características do coletor pluviométrico da UNESP
3. Referencial Tecnológico: Ferramentas e Tecnologias
Com base na proposta de solução computacional descrita no tópico 5 (cinco). Este capítulo
oferece conceitos e ferramentas utilizadas na concepção do sistema. Veja na Figura 4 a
interação entre as principais ferramentas e tecnologias envolvidas:
Figura 4 – Principais ferramentas do ambiente de desenvolvimento
Java é a linguagem Base utilizada no desenvolvimento do protótipo apresentado neste artigo,
cuja versão recomendada e testada é a "1.6.0_19". Para Silveira (2003) os principais
benefícios do Java são: alto nível, sintaxe similar à do C++, com características herdadas de
outras linguagens, como Smalltalk e Modula-3, fortemente tipada (é obrigatório definir o tipo
da variável antes de usá-la), independente de arquitetura (roda nos principais Sistemas
Operacionais), robusta, segura, extensível, bem estruturada, distribuída, multithreaded
(permite que duas partes de um mesmo programa executem simultaneamente) e com GC
(coletor de lixo).
Deitel & Deitel (2001, p. 64-65) reforça a importância da linguagem ao afirmar que Java é
utilizada em grande escala na construção de aplicações desktop e de portais na internet, bem
como, aprimorar a funcionalidade de servidores da WWW (computadores que provêem o
conteúdo visto em navegadores da Web).
Com embasamento em estudos encontrados na literatura, o Sistema Gestor de Base de Dados
- SGBD avaliado como o mais apto para utilização nesta pesquisa foi o PostgreSQL. O
7
PostgreSQL, na concepção de Barão (2009) e Mazzariol (2001, p. 10) apresenta como
principais características:
 Objeto-relacional: Permite ao PostgreSQL herdar tipos de dados, tabelas e bancos de
dados inteiros;
 Segurança de acesso: Respeita definição de grupos e perfis e ainda oferece a opção de
limitação por HOST que poderá acessar o banco;
 Backup Online: Realiza cópia de segurança de um ou todos os bancos de dados sem a
necessidade de desconectar os usuários, e com transações simultâneas ativas;
 Exige baixos recursos: de memória e processamento;
4. Metodologia Utilizada
A pesquisa adotada para o delineamento deste trabalho pode ser classificada, quanto sua
finalidade, como pesquisa “aplicada”. Pois, de acordo com Andrade (1997, p. 102) este tipo
de pesquisa “visa às aplicações práticas, com o objetivo de atender às exigências da vida
moderna. Neste caso, sendo o objetivo contribuir para fins práticos, pela busca de soluções
para problemas concretos”. E, como visto, o objetivo geral deste trabalho é identificar e
apresentar o desenvolvimento de um protótipo (Java) que faz a comunicação e a transferência
dos dados do coletor de dados pluviométricos (UNESP) para um software de banco de dados
instalado num computador.
Quanto aos procedimentos e ao objeto este projeto pode ser classificado como pesquisa
bibliográfica, que é definida por Gil (1991, p. 48) como sendo aquela que é “desenvolvida a
partir de material já elaborado, construído principalmente de livros e artigos científicos”. Para
Silva & Menezes (2005, p. 21) uma pesquisa bibliográfica pode ser assim caracterizada,
atualmente, não só quando é desenvolvida a partir de material já publicado, como livros ou
artigos científicos, mas também de material disponível na Internet. Além disso, Andrade
(1997, p. 106) afirma que “todo trabalho científico pressupõe uma pesquisa bibliográfica
preliminar”.
Esta metodologia consiste de 3 (três) etapas fundamentais ilustradas na Figura 5.
Figura 5 – Etapas da metodologia utilizada
A primeira etapa realizada foi identificar o problema. Portanto, este estudo busca suprir uma
lacuna existente no projeto da UNESP, que é a falta de um software conectado a uma Base de
Dados para gerenciar o volume de dados pluviométricos colhidos pelo hardware. Para
solucionar este problema é proposta uma solução computacional (quinto tópico) e
demonstrada a sua funcionalidade em prática por meio de um caso exemplo (sexto tópico).
5. A Proposta de Solução Computacional
Pesquisadores da UNESP, de Bauru-SP, sob coordenação do Prof. Dr. João E. M. Perea
8
Martins, em 2003, com apoio financeiro da FAPESP, iniciaram o projeto bem sucedido que
objetivou a produção de um equipamento específico para a coleta de dados pluviométricos, de
baixo custo de montagem.
Este equipamento foi criado pela UNESP e opera de forma independente do computador,
registrando os dados coletados em sua memória interna. Este hardware é conectado a um
computador somente para realizar operações específicas, como receber os dados
pluviométricos e armazená-los em arquivos TXT. Ainda, com o uso da solução
computacional proposta, os dados colhidos são resgatados e armazenados numa Base de
Dados.
Não seria possível a operação desses equipamentos em longo prazo senão fossem as soluções
computacionais, que na maioria das vezes são proprietárias e compatíveis com os principais
Sistemas Operacionais. Explorando a necessidade de comunicação e transferência de dados
do coletor pluviométrico (UNESP) para um computador, via software. Este trabalho tem
como escopo contribuir com o projeto idealizado pela UNESP através da codificação de uma
solução computacional, implementada em Java, com interface intuitiva, capaz de se
comunicar com o coletor por meio de um driver específico, e ainda, transferir dados do
coletor pluviométrico para o banco de dados. Além disso, o sistema faz a leitura de arquivos
TXT e converte dados antigos gerados pelo coletor para registro na base de dados. Também,
faz a conversão do Banco de Dados para arquivos TXT e/ou XML.
A Figura 6 apresenta a visão macro da proposta de solução.
Figura 6 – Visão macro da proposta de solução
Sobre o esquema anterior é feito uma breve descrição dos elementos principais que compõe a
visão macro da proposta de solução:
 Coletor de dados pluviométricos (UNESP): Hardware utilizado no estudo que efetua a
coleta de dados pluviométricos em campo;
 Driver (UNESP): Software desenvolvido pela UNESP que viabiliza a comunicação entre
o coletor de dados pluviométricos da UNESP e um computador;
 Solução Computacional (Objetivo do Trabalho): Protótipo desenvolvido como objetivo
principal deste estudo. Suas principais funcionalidades são: transferir dados do coletor
pluviométrico para o banco de dados; importar arquivos TXT e converter dados históricos
9
para o banco de dados; converter a Base de Dados em arquivos TXT ou XML;
 SGBD (PostgreSQL): PostgreSQL é o SGBD utilizado neste estudo para gerenciar os
dados de coleta recentes ou históricos originários do coletor de dados pluviométricos da
UNESP.
6. Aplicação da Solução Proposta: Caso Exemplo
Neste tópico é apresentada a aplicação da solução computacional por meio de um caso
exemplo que mostra, através de uma simulação organizada em 4 (quatro) etapas, a
comunicação do software com o coletor pluviométrico (UNESP) e a alimentação e o
gerenciamento da base de dados pluviométricos.
6.1 Enunciado
Para verificar a utilidade do software esta simulação busca demonstrar a aplicação das
funcionalidades do software apresentado: fazer a conexão do driver com Java; conversor de
dados de TXT para o Banco de Dados; conversor de dados do Banco para TXT ou XML e ler
arquivos TXT e converter dados antigos para o banco de dados. A Figura 7 exibe o roteiro da
simulação.
Figura 7 – Etapas da Simulação
6.2 Resultado 1º Etapa
O sistema codificado possui um controle de “permissão de acesso” aos componentes.
Portanto, a primeira tela é a que valida o login e senha do usuário. Após o login efetuado e
com permissão de acesso ao componente chamado Ferramentas, o usuário pode realizar a
conexão do driver com o aplicativo em Java com facilidade por meio de sua interface
intuitiva. A seguir a tela de login (Figura 8):
Figura 8 – Tela de Login
6.3 Resultado 2º Etapa
O protótipo se mostrou eficiente ao realizar a conversão dos dados de um arquivo TXT
fornecido pela UNESP e inserção automática destes no Banco de Dados. A seguir, a Figura 9
mostra os dados já convertidos e armazenados na Base de Dados.
10
Figura 9 – Funcionalidades do Protótipo
6.4 Resultado 3º Etapa
O protótipo possui um “conversor de dados do Banco para TXT ou XML” com acesso
facilitado via atalho na barra de tarefas da ferramenta. Basta clicar em exportar que o sistema
lista os coletores cadastrados no Banco. Após isso, o usuário deve selecionar o coletor e
marcar o tipo de arquivo que deseja (TXT ou XML) e, por fim, selecionar o local em que o
arquivo gerado será salvo e confirmar a operação. A Figura 10 ilustra um arquivo TXT
exportado pelo protótipo referente ao coletor de número 101.
Figura 10 – Exemplo de um arquivo TXT criado pelo sistema
6.5 Resultado 4º Etapa
O objetivo da funcionalidade “ler arquivos TXT e converter dados antigos para o banco de
dados” é manter o histórico de coleta importando para a Base de Dados arquivos antigos com
dados colhidos há algum tempo pelo coletor de dados pluviométricos da UNESP. A Figura 11
demonstra um arquivo de coleta no formato TXT sendo aberto e convertido para o Banco de
11
Dados.
Figura 11 – Exemplo de um arquivo TXT sendo aberto
7. Considerações Finais
O desafio deste estudo foi identificar e desenvolver um programa de computador capaz de se
comunicar com o coletor de dados pluviométricos (UNESP), por meio de um driver feito em
outra linguagem de programação, para posterior transferência dos dados do coletor para o
banco de dados.
O protótipo implementado se mostrou eficiente e agrega considerável valor ao projeto da
UNESP, pela adição de um SGBD a este. O uso do SGBD é fundamental, sobretudo, no que
diz respeito ao gerenciamento dos dados pluviométricos. Também, torna possível a expansão
do projeto e a disponibilidade de dados e serviços via internet. A possibilidade de
fornecimento dos dados coletados em campo pelo coletor de precipitações via web é objetivo
de outro trabalho, da UDESC, que está sendo desenvolvido concomitantemente a este.
Dentre as principais contribuições trazidas pelo programa apresentado, está à aquisição dos
dados originários do coletor pluviométrico ou de seus arquivos antigos e, posterior, inserção
numa base de dados, também, a conversão do banco de dados para arquivos nos formatos
TXT ou XML. Para isto, foi fundamental utilizar a linguagem de programação Java
trabalhando em conjunto com o SGBD PostgreSQL, por não acrescer custos ao projeto pelo
uso de tais tecnologias.
Em relação à contribuição efetiva do estudo e às perspectivas e idéias para trabalhos futuros,
está à proposta de aplicação prática do protótipo, atuando em conjunto com o hardware
coletor de dados pluviométricos da UNESP. Equipamento a ser instalado no Centro de
Educação do Planalto Norte - CEPLAN, para uso de toda Universidade do Estado de Santa
Catarina - UDESC, na cidade de São Bento do Sul, município brasileiro de SC, que conforme
o Portal Oficial da Prefeitura Municipal de São Bento do Sul está localizado a uma latitude
26º 14' 49'' sul e a longitude 49º 22' 18'' oeste, estando à altitude de 838 m acima do nível do
mar.
Referências
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12
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