A UNIVERSIDADE ( VI )
Prof. Dr. Me. Prudêncio Ramão Almiron
O antes e o depois: momentos que em si diferem face ao tempo em que o ente, o ser,
constata-se e flagra-se. Entre esses termos temos o estudante que almeja formar com aquele
grupo, denominados de acadêmicos. Neófitos que, em princípio, deveriam estar flagrando
verdades afirmadas, postas para, com o sentido de ensaios científicos e, assim, tornarem-se
mais críveis diante de uma comunidade que faz a população de uma Universidade. O antes se
encanta e com olhos esbugalhados invejam os que fazem parte daquele grupo de privilegiados
alegres, festivos que se mostram estudantes.
Depois encontramos, entre estes, alguns
preocupados com o tempo, com o volume, com os resultados. Seus esforços parecem não
poderem caber no lapso entre a lição e a averiguação, principalmente em face de que as fontes
são várias para serem desbravadas e escassas para serem encontradas disponíveis. A ansiedade
faz angústias diante da possibilidade de os graus das avaliações não serem compatíveis com as
expectativas que se identifiquem com o sucesso. Os outros, paradoxalmente, são esfuziantes
aventureiros que descuidados nem percebem que o tempo os colocará atrás de uma mesa,
assentados em uma cadeira, enquanto posta à frente haverá uma folha, onde registrados
estarão problemas que serão dispostos, para os examinar acerca do que fizeram até aquele
momento, enquanto o mundo acadêmico fazia-se pelo atuar dos mestres e doutores. É, numa
Universidade deve haver mestres e doutores, assim como deve haver acadêmicos. Em verdade,
depois do antes e em meio ao depois há o durante que é o feito do tempo que passa, para
outros como um transporte vazio, para alguns como um coletivo lotado, enquanto aqueles se
deslocam hilariantes, há os assomados, sisudos jovens, com sulcos nas testas, que se mostram
preocupados com o ser e são tementes do não ser. O candidato acaba identificando-se com um
desses dois grupos. Em algumas academias é muito fácil entrar, como também é sair, o difícil e
quando conclui o seu trânsito, é ter conseguido, chegar a ser, um portador de uma mínima
porção da realidade que deverá ser parte de essência, das verdades postas a disposição para a
apreensão.
O que está posto, parece que tudo como está colocado, corresponde ao exercício de
uma justa liberdade, onde o laisser fair , o laisser passé foi exercitado consoante com a idéia
geral de democracia. Correta ou errada esta assertiva?
Observe-se, no entanto, que não houve um natural desempenho, ou, talvez em melhor
inquirição: melhor empenho. Há!... Dirá alguém: mas houve liberdade, para que cada um
fizesse o que bem entendia e queria! ... Isso é o que verdadeiramente importa?
Alguém há de questionar, principalmente, se isso que foi posto, tiver ocorrido, tendo
por palco uma verdadeira Universidade: afinal, o que é liberdade?
Montesquieu registrou “a liberdade só pode consistir em poder fazer o que se deve
querer e em não ser de maneira alguma coagido a fazer o que não se deve querer” Enquanto
em Rousseau encontra-se a idéia posta de que “quem quer que seja senhor, não pode ser livre,
e reinar é obedecer”
Enquanto o antes se faz o querer, para alguns o depois poderá o ser, para os demais um
talvez, já que se pretendendo que em uma Universidade haja uma democracia, esta não
acontece como decorrência do agir do descomprometido. A este não faz sentido o tempo, pois
concebe que sempre será o presente e que o futuro não chegará, enquanto não saciar o aqui e
o agora, o já. Para o mesmo a conquista poderá vir sem esforço que lhe pese. Agora o que
decorrer, será um resultado a ser enfrentado, quando estiver posto, pode ser que até não seja.
Só que tais formas de enfrentamento da realidade não se coadunam com a Democracia, muito
menos com a liberdade, basta que se apreenda o sentido posto, acima registrado, por
Jean-Jaques Rousseau (1712-1778).
Ser livre deve exigir do ente cidadão que esse respeite limites, principalmente os dos
demais, pois todos dispõem de espaços que são conseguidos através de uma visão coletiva e
não pelos estreitos visores do egoísmo e da prepotência. É evidente que Democracia não existe
sem liberdade, no entanto aquela se constrói embasada em regras gerais e permanentes que não
se limitam aos interesses das minorias esbulhadoras ou das maiorias desvairadas.
A
Universidade necessita de discentes e docentes que entendam que só o sólido, protótipo do
conhecimento, do saber, pode fazer entender e respeitar o que é ser livre, ou seja, ser
responsável pela consideração com o coletivo.
A Universidade sintetiza a vida e para que o ente nestas se situe com harmonia é
necessário que ele sempre proceda, ou seja, conforme os princípios elementares da liberdade e,
por conseqüência, da Democracia, onde o coletivo, o social, o público, sempre sobrepuja o
individual, o privado.
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A UNIVERSIDADE ( VI ) O antes e o depois