Redes Sociais e a Produção Acadêmica nas Principais Revistas Brasileiras de
Administração no Período de 2001 a 2011
Autoria: Cassia Maria Paula Lima, Janaina Rute da Silva Dourado, Maria Teresa Stefani, Erika Buzo Martins,
Luciano Antonio Prates Junqueira
RESUMO
Analisa produção acadêmica sobre rede nas quatro principais revistas de administração
do Brasil. Estudo bibliométrico demonstra como o tema é abordado, sua evolução ao longo da
última década, e a relação entre os pesquisadores/revistas. Em resgate de 10 anos,
compreendendo um período de 2001/2011, foram selecionados artigos publicados com
palavras “redes”, “rede social” e “parcerias” no título. A partir do banco de dados formado
pelas referências bibliográficas dos artigos, foi possível identificar autores estrangeiros e
brasileiros mais citados e suas obras. Desse banco de dados foi recuperado como tem sido
abordado conceito de redes e constatado que cada revista tem uma ligação com autores de
seus artigos/bibliografias, caracterizando essa rede como rede de laços fortes. Uma rede com
interação entre nós, com temas diversificados, sobre a realidade nacional (apesar de possuir
muita citação estrangeira) e espalhados pelo Brasil. Foi ainda, identificada uma ponte entre
esses nós e analisados seus reflexos.
PALAVRA-CHAVE: redes, produção acadêmica, administração.
EIXO TEMÁTICO: Gestão Social, Políticas Públicas e Território.
INTRODUÇÃO
Pertencer a uma rede tem sido considerado o modo mais antigo do ser humano se relacionar,
iniciando-se pelo seu núcleo familiar e se estendendo ao longo da vida por redes de estudo,
profissionais e de interesses específicos. Com a evolução da tecnologia e das
telecomunicações, as redes ficaram em evidência, tendo em vista que viabilizaram o aumento
do número de pessoas com as quais um indivíduo ou instituição pode se relacionar,
independente da distância que os separe.
Com essa dinamização, bem como com as transformações da sociedade pós-moderna,
rede tem sido utilizada como a principal forma de reduzir riscos, aumentar as capacidades que
as pessoas teriam se não interagissem em rede, e, adicionalmente, estabelecer governanças
que não sejam hierárquicas e possam realizar a gestão de redes espalhadas por diversos locais
físicos.
O tema redes sociais vem sendo discutido no âmbito acadêmico brasileiro. A área de
administração também tem contribuído para a pesquisa sobre redes sociais.
Especialmente pelo fato de o assunto redes supor uma interrelação entre sujeitos, a
questão é saber em que medida o debate na academia contribui para agregar mais
conhecimento sobre o tema. É estudar a relação dos pesquisadores que escrevem sobre redes
para verificar se eles atuam na troca de conhecimento e se debatem o tema. Uma forma de
identificar se há um trabalho em rede é a análise da produção através dos autores citados nos
artigos ou livros, sejam nacionais ou estrangeiros.
É interessante mapear a produção deste conhecimento nas revistas de administração
brasileiras e o que ele representa de novo para o debate. Diante deste quadro, surge o
questionamento sobre a evolução do tema na área.
Utilizar artigos é imprescindível para organizar a leitura sobre uma pesquisa científica,
pois discutem perspectivas mais atualizadas.
1 Os artigos selecionados trazem diversas visões sobre os temas relacionados a redes
que ora apenas reproduzem conceitos já estudados na literatura estrangeira, ora avançam
gerando constructos atuais e relevantes para o entendimento da realidade brasileira.
Assim, outra questão surge: A produção dos autores brasileiros permite identificar a
existência de uma rede entre eles?
Para responder aos questionamentos, esse artigo foi estruturado com base na produção
do tema redes em quatro revistas de abrangência nacional. Por fim, para a estruturação do
artigo foram considerados os seguintes tópicos: fundamentação teórica, metodologia, análise
dos resultados e considerações finais.
Fundamentação Teórica
Rede é um conceito que, aparentemente, não deixa dúvidas: é a forma de se interrelacionar das pessoas, que iniciam este processo desde que se inserem na sociedade. Porém, a
forma dos indivíduos se relacionarem muda bastante, seja na primeira rede na qual se
inserem, a família, seja nas demais redes nas quais irão se inserir ao longo da vida, como
redes de estudos, trabalhos, hobbies, interesses diversos, dentre outros.
Porem, para realizar ações em rede não basta somente um ajuntamento de pessoas. Há
alguns critérios que devem ser cumpridos para que seja reconhecida a ação em rede. O
primeiro deles é a “ação social”, muito bem definida por Weber, “A ação social orienta-se
pelo comportamento de outros, seja este passado, presente ou esperado como futuro”
(WEBER, 2004, p. 13). Ação social se dá quando um indivíduo vê sentido em relação a outros,
e se comporta de determinada maneira. É através do sentido que se dá outro conceito
importante que é a relação social, ainda segundo Weber:
“Por ‘relação’ social entendemos o comportamento reciprocamente referido
quanto a seu conteúdo de sentido por uma pluralidade de agentes e que se
orienta por essa referência. A relação social consiste, portanto, completa e
exclusivamente na probabilidade de que se aja socialmente numa forma
indicável (pelo sentido).” (WEBER, 2004, p. 16)
A partir destes dois elementos definidos por WEBER, é possível introduzir o que
significa rede, objeto de estudo deste trabalho.
Entre as diversas definições de redes, PINTO e JUNQUEIRA acreditam que,
“A existência de uma rede depende de uma realidade múltipla e complexa
onde o reconhecimento do outro e a definição de objetivos comuns
possibilitam a construção de um tecido social. Isso significa que a rede social
se constitui a partir da interação entre os sujeitos.” (PINTO e JUNQUEIRA,
2009, p. 1092)
Já MACHADO-DA-SILVA (2006) aponta que “o termo rede por si mesmo é uma
noção abstrata que se refere a um conjunto de nós conectados por relacionamentos”.
Compartilhando a mesma ideia, porém com outra visão, esse conjunto de nós é
traduzido por MARTELETO (2001) como “[...] um conjunto de participantes autônomos,
unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados”.
Na mesma direção, CASTELLS (1999) afirma que, como estruturas abertas, as redes
são capazes de se expandir de forma ilimitada, integrando novos nós, desde que compartilhem
o mesmo código de comunicação.
De uma forma ou de outra, a rede se traduz através da descentralização, flexibilidade e
dinamismo por não ter uma estrutura linear, tornando-a auto-organizável, estabelecida por
relações horizontais de cooperação (TOMAÉL, 2005, p.94).
A pesquisa acerca de redes tem evoluído, além do próprio conceito ou definição de
rede, no sentido de estudar formas de realizar atividades em rede e, entre as principais
estudadas pelos pesquisadores nos últimos 10 anos, constam as redes de cooperação intra e
2 interorganizacionais, de inovação, de aprendizagem, de parceria, de relacionamento, sociais,
de fornecedores, estratégicas e virtuais.
Outros aspectos além da estrutura das redes, também tem sidos estudados, tais como a
dinâmica do poder intra e inter redes, a constituição do capital social, a performance nas
vendas de indivíduos que atuam em rede, a gerência estratégica de redes, a governança como
proposta de gestão de redes, o papel da tecnologia da informação na composição de redes,
relações nas redes da área da saúde, o papel do indivíduo como sujeito em uma rede, o uso da
rede para desenvolvimento de capacidades, além de uma proposta de tipologia de redes no
setor da indústria de cerâmica.
CLARO (2011) ressalta que Burt (1992) afirma que a existência de lacunas pode atuar
como uma perda competitiva para os atores que realizam a conexão entre as diferentes redes,
uma vez que os indivíduos não conectados não realizam troca de informações com os demais
atores. Utilizando uma citação de um dos autores dos artigos constantes do estudo, o buraco
estrutural é um elemento que fragiliza a rede e diminui a sinergia entre os nós:
“Structural holes are the gaps in information flow structure between clusters
of connected people (BURT, 1992 apud Claro, 2011). A structural hole
between two groups means that some people are unaware of other people.
This happens because people are focused on their own activities and forget
to look at others.” (CLARO, 2011, p. 502)
Outro ponto de vista que complementa o conceito de buraco estrutural, segue:
“... uma abordagem alternativa para identificar os pontos vulneráveis da
rede. Basicamente ela consiste em identificar aqueles nós que, se forem
removidos, deixam a estrutura da rede dividida em partes não conectadas...”
(HANNEMAN e RIDDLE, 2005 apud MACHADO-DA-SILVA et al, 2008,
p.36).
O fato de ter como objeto de estudo o tema redes caracteriza os pesquisadores como
atuando em rede? A afirmação abaixo sugere que são dois aspectos completamente diferentes,
o estudar rede e o trabalhar em rede:
“A maioria das pessoas continuam pensando como indivíduos isolados [...] e
não como parte de múltiplas redes de interações: familiares, de amizade, de
trabalho, recreativas...”, etc. (tradução nossa) (DABAS e NAJMANOVICH,
1995, p.61).
“A metáfora da rede, especialmente dos fluxos variáveis com deslocamento
dos pontos de encontro e renovação das pautas de conexão, tem se mostrado
especialmente adequada para pensar e construir novas formas de convivência
que permitam gestar novos mundos...” (tradução nossa) (DABAS e
NAJMANOVICH, 1995, p.71).
Com relação a essa forma de compreender a rede, haverá, entre os pesquisadores
brasileiros, uma capacidade de trabalhar em equipe, cocriar conceitos que permitam uma
visão própria acerca dos novos mundos que precisam ser gestados?
Assim, neste trabalho entende-se por rede como configurar relações sociais, realizadas
por ações de indivíduos que veem sentido no comportamento de outros, levando a uma
situação de colaboração horizontal, de troca e construção de novos conhecimentos.
Metodologia
Tendo como base o desenvolvimento de um estudo bibliométrico e considerando os
periódicos relacionados à Administração de empresas, este estudo utilizou-se de quatro
periódicos conceituados na área: Revista de Administração Pública (RAP), Revista de
Administração de Empresas (RAE), Revista de Administração Contemporânea (RAC) e
3 Revista de Organizações & Sociedade (O&S) para fazer um levantamento sobre os artigos
que pudessem compor em seu título as palavras rede, redes, redes sociais ou parceria.
Guedes e Borshiver (2005) afirmam que o estudo bibliométrico envolve o tratamento
estatístico da literatura científica que permite gerar diferentes indicadores de gestão da
informação. Assim autores, palavras, citações e periódicos são unidades de análise.
Como forma de nortear pesquisas bibliométricas, algumas leis foram desenvolvidas e
consagradas mundialmente. São elas: lei de Bradford, (produtividade de periódicos), lei de
Lotka (produtividade científica de autores) e lei de Zipf (frequência de palavras).
A lei de Bradford, relacionada à dispersão da literatura periódica científica, aponta
que:
“... o grau de relevância de periódicos em dada área do conhecimento, que os
periódicos que produzem o maior número de artigos sobre dado assunto
formam um núcleo de periódicos, supostamente de maior qualidade ou
relevância para aquela área” (GUEDES e BORSHIVER, 2005, p.3).
Essa lei indica que, ao escreverem novos artigos sobre um determinado assunto e
submeterem a uma pequena seleção de periódicos apropriados, uma vez aceitos, vários outros
artigos sobre o mesmo assunto serão atraídos por esse periódico. Paralelamente outros
periódicos estarão publicando pela primeira vez, artigos sobre o assunto e, se esse assunto
continuar a se desenvolver, surgirão núcleos de periódicos.
Já a lei de Lotka está relacionada à produtividade de autores. Essa lei leva em
consideração que “alguns pesquisadores publicam muito e muitos publicam pouco” (VOOS,
1974 apud GUEDES; BORSCHIVER, 2005, p. 5). Voos publicou em 1972 um artigo que
discute essa lei e trás a seguinte informação:
“A produtividade em termos de publicação científica foi descrita por Lotka
em 1926. Ele descobriu que, nas ciências duras, ele poderia prever o número
de artigos de um autor pudesse escrever a partir da informação de quantos
autores escreveram apenas um artigo durante um determinado período de
tempo. O fator encontrado que prevê o número de artigos em um campo
como a química foi de (1/n²) do número de autores que escrevem apenas um
artigo. Ou seja, se 100 autores escreveram um papel, apenas 25 escreveriam
dois artigos, e apenas 11 escreveriam três artigos, etc.”. (tradução nossa)
(VOOS, 1974, p.270).
Complementando, na lei de Zipf é possível estimar que um pequeno grupo de palavras
ocorre muitas vezes e um grande número de palavras é de pequena frequência de ocorrência.
Esse estudo leva em consideração as frequências de ocorrência das palavras de um
determinado texto científico e tecnológico e a região de concentração de termos de indexação,
ou palavras-chave.
Foi utilizada a lei de Zipf para os termos rede, redes, redes sociais e parcerias e ficou
evidente que a lei se aplica para o estudo bibliométrico em questão.
Ao escolher os quatro periódicos como referências de análise, utilizou-se da lei de
Bradford justificando um núcleo de revistas que constantemente publica artigos com as
palavras escolhidas e, principalmente a lei de Lotka para a análise de autores. Essa análise
teve como foco os 5 autores estrangeiros mais citados em cada revista e suas respectivas obras
e os 5 autores brasileiros mais citados, também com uma análise de suas respectivas obras. A
partir disso, os periódicos foram analisados em conjunto para que fosse possível verificar, de
forma sistêmica, os principais autores que discorrem sobre redes e parcerias, tendo como
referência os periódicos de maior impacto na área. Além disso, foram feitas análises da rede
propriamente dita entre os artigos, levando em consideração as obras dos principais autores
citados e a rede existente entre os periódicos.
4 O período de análise compreende os anos entre 2001 e 2011. Todas as revistas
selecionadas já haviam publicado seu último número em 2011, considerando-se o ano
completo.
A análise de autores estrangeiros e nacionais referenciados nos artigos é para verificar
se houve aumento na discussão da temática na produção nacional.
Considerando a análise sob outra ótica, há grande interesse em analisar a coesão de
subgrupos nas redes sociais. Subgrupos coesos podem ser compreendidos como subconjuntos
de atores que apresentam laços relativamente fortes, diretos, intensos e frequentes.
(ROSSONI, HOCAYEN-DA-SILVA, FERREIRA JUNIOR, 2008). Estas relações poderiam
ocorrer entre os autores e o diálogo seria sem sombra de dúvida, mais plural, alcançando
necessidades e realidades diferentes.
Inicialmente foram selecionados os artigos contendo as palavras de busca, os dados
dos mesmos foram inseridos em uma planilha do software Microsoft Excel®, com os autores
dos artigos e todas as suas referências bibliográficas.
A seguir, foram quantificados os autores citados por quantidades de citações,
considerando dois critérios:
•
O autor citado foi quantificado como uma citação, independente do número de
obras diferentes que tenham sido citadas no artigo;
•
O autor foi quantificado tantas vezes quantas tenham sido suas obras diferentes
citadas ao longo do artigo.
Esses critérios, como serão observados nas análises, mudam bastante o impacto que
um autor citado tem sobre os artigos analisados, já que foram encontradas também diversas
auto-citações de autores brasileiros que publicaram artigos nas revistas.
Análise dos resultados
Os resultados foram analisados de três maneiras: primeiro foi feita uma comparação entre as
quatro revistas selecionadas, para identificar possíveis similaridades e se há uma forma de
troca entre elas que caracteriza uma rede. Segundo, foi analisada separadamente cada uma das
revistas, com suas especificidades. Terceiro foi feita uma avaliação sobre os resultados
apurados acerca das duas análises anteriores.
Cronologicamente, a primeira revista científica brasileira na área de administração, a
RAE foi lançada em maio de 1961 e, desde então, sua publicação é ininterrupta. Com a
missão de fomentar e disseminar a produção de conhecimento em Administração,
promovendo a integração da comunidade científica brasileira às comunidades científicas
mundiais no campo da administração. Disponibiliza seu acervo completo gratuitamente
através do site da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Ela é considerada uma revista
generalista na área de administração, pioneira, de vanguarda e que se consolida como
referência no meio acadêmico-científico por seu alto padrão de qualidade e rigor acadêmico.
A seguir, também sob a responsabilidade da Fundação Getúlio Vargas, a RAP foi
lançada em 1967, uma reformulação do que era publicado como o título anterior Boletim do
Centro de Pesquisas Administrativas da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP).
A Revista está na linha de vanguarda no que se refere aos temas contemporâneos da
administração pública e tem acompanhado as transformações verificadas no âmbito do Estado
nas últimas décadas.
Seguindo a sequência cronológica, a terceira revista selecionada para este estudo, a
O&S surge em 1993 pela Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, com o
propósito de se constituir em um canal de divulgação de trabalhos de professores,
pesquisadores e alunos, relacionados à investigação de temas no campo geral do estudo de
5 organizações e sociedades. Há 18 anos é reconhecida por sua produção acadêmica em
administração e áreas correlatas.
Por último, a partir de 1997 surge a RAC, publicada pela Associação Nacional dos
Programas de Pós-Graduação em Administração - ANPAD, com a missão de contribuir para o
conhecimento aprofundado de administração e ciências contábeis mediante a divulgação de
trabalhos de pesquisas, análises teóricas, documentos, notas e resenhas bibliográficas que
possam subsidiar as atividades acadêmicas e a ação administrativa em organizações públicas e
privadas.
RAE, RAP e RAC têm suas publicações bimestrais, enquanto a O&S, iniciada com
periodicidade semestral, e, a partir de 2005 passou a ser quadrimestral. Com exceção da O&S,
as outras três publicações possuem além dos artigos, documentos, indicações bibliográficas,
resenhas bibliográficas, debates e números especiais. Essas revistas são classificadas
conforme os procedimentos do Ministério da Educação do Governo Brasileiro para
estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação entre o
conceito A2 e B2, sendo A2 para a RAP, B1 para RAE e RAC e B2 para O&S.
Uma característica comum às quatro revistas é o fato de todas serem voltadas a
professores, pesquisadores e estudantes, com publicações inéditas e avaliadas no sistema de
avaliação duplo-cega. Além disso, o Sistema de Gestão de Publicações conta com versões em
português, inglês e espanhol para incentivar submissões de autores de outros países e,
atualmente, estão vinculadas a renomados indexadores e diretórios.
A tabela a seguir demonstra a quantidade total de artigos, a quantidade de artigos
sobre o tema, e o percentual do tema sobre o total de artigos publicados, por ano:
Tabela 1 – Total de artigo por periódico x artigos selecionados
RAP
RAE.
RAC
O&S
ANO
Artigos Seleção % Artigos Seleção % Artigos Seleção % Artigos Seleção %
2001 65
1
46
0
41
0
35
1
2002 50
0
53
2
38
0
30
0
2003 61
2
48
1
65
2
33
1
2004 50
1
43
1
62
2
28
0
0
59
0
45
0
2005 50
0
42
2006 52
0
49
5
57
1
45
2
2007 59
2
52
2
51
1
45
0
2008 52
3
43
0
62
2
47
2
2009 58
11
47
0
52
3
34
5
2010 59
0
42
3
59
6
34
2
2011 41
1
58
1
82
3
29
1
TT
597
21
4% 523
15
3% 628
20
3% 405
14
3%
Fonte: dados da pesquisa
A revista que mais publicou artigos sobre o tema foi a RAP com 21 artigos,
enquanto a O&S foi a que menos publicou com 14. Porém, o número crescente de artigos ao
longo do tempo demonstra o aumento do interesse sobre o tema.
A RAE possui 28 autores brasileiros e estrangeiros (dois artigos são traduções das
publicações estrangeiras) nos 15 artigos relacionados com redes. A RAC possui o maior
número de escritores dos artigos selecionados, que são 51. Como são 20 artigos a média de
autor por artigo é 2,55. Portanto a maior média de autor por artigo também. A RAE tem uma
6 média de 1,8, a O&S tem uma média de 1 e a RAP de 1,6. Na RAC existe um artigo com seis
autores. Esse é o maior número de autores por artigo publicado de redes.
Os autores principais na revista RAP são 35 distribuídos em 21 artigos selecionados.
Alguns artigos possuem mais de um autor. Todos eles são brasileiros e apresentam alto grau
de titulação, pois 71% dos 35 autores possuem título de doutor, doutorando, pós-doutor ou
pós-doutorando. Destaca-se a participação de docentes das principais universidades privadas e
públicas do Brasil, tais como: PUC de São Paulo e do Rio de Janeiro; as federais de Minas
Gerais, da Bahia, do Paraná e a do Rio Grande do Sul; e a FGV. Os autores se unem para
escrever porque possuem um local de encontro, seja no curso de pós-doutorado ou de trabalho
acadêmico em uma universidade ou porque trabalham no objeto estudado. Identifica-se nos
dois artigos que mencionam as empresas Varig e Petrobrás que três participantes do artigo
que possuem título de mestre trabalham nas empresas mencionadas que são também objeto de
estudo do artigo.
Duas autoras possuem mais de um artigo publicado no mesmo periódico no período
selecionado. São elas: Maria Ceci Araujo Misoczky da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS) com dois artigos e Teresa Diana Aduard de Macedo-Soares da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) com três artigos relacionados ao tema de
redes. Vale a pena ressaltar que as duas possuem abordagens distintas, pois enquanto a
Misoczky escreve sobre movimentos sociais no âmbito público, a Macedo-Soares opta por
uma temática estratégica no âmbito privado.
Em relação à publicação de mais de um artigo por um mesmo autor na mesma revista,
a RAC possui três autores. São eles: Sergio Bulgacov, Sergio Fernando Loureiro Rezende e
Valmir Emil Hoffmann. Sergio Rezende escreve dois artigos com o mesmo tema, pósaquisição internacional e rede. Os outros dois autores escrevem sobre temas relacionados a
redes.
RAC aparece com mais artigos de autores que publicaram em uma das outras três
revistas. São sete casos do autor que publica em mais de uma revista de um total de oito
casos. Talvez por ser responsável em organizar o principal evento nacional na área de
administração conhecido como ANPAD, a RAC contenha autores mais diversificados. A
exceção desse cenário é a autora sobre redes, Mariana Baldi que publicou um artigo na RAE
em 2006 sobre redes interorganizacionais e outro na RAP 2009 sobre redes e governança. Os
nomes dos autores brasileiros que escrevem em mais de uma das quatro revistas são: Alsones
Balestrin, Clóvis L. Machado-da-Silva, Liliane de Oliveira Guimarães, Luciano Rossoni,
Mariana Baldi, Sergio Bulgacov e Teresa Diana L. Van Aduard de Macedo-Soares.
Alguns pesquisadores do tema rede no Brasil efetivamente trabalham em rede, porém
limitando-se as revistas para as quais escrevem. Identifica-se a rede formada através das
citações muitas vezes focando apenas em quem faz parte da revista, ou até mesmo se autocitando. Fica claro que há um buraco estrutural entre os pesquisadores do tema redes no
Brasil.
Sob este aspecto, pode-se constatar com este trabalho de pesquisa, que somente um nó
fortalece o trabalho em rede, que é a ANPAD. Porém, a rede torna-se vulnerável por ter um
único elo entre seus nós.
Ao analisar as quatro revistas, foi possível identificar semelhanças em três delas, RAP,
RAE e RAC, cujos autores dos artigos citam muito mais autores estrangeiros de origem
americana, enquanto que a O&S tem um viés mais europeu. Os autores que tratam do tema
redes são os mesmos nas quatro revistas, enquanto que os autores citados pela O&S, como B.
Latour possui nove citações com títulos diferentes no mesmo artigo, trata de assuntos como
sociedade, tecnologia e a associação de poderes. Já J. L. Laville possui em um mesmo artigo 4
citações distintas tratando temas como economia solidária e política econômica.
7 Na RAP, a bibliografia estrangeira perfaz 73% do total da bibliografia nos 21 artigos
selecionados. São 630 autores estrangeiros contra 234 autores nacionais referenciados nesses
artigos. Os autores de língua inglesa são 567, representando 67% do total dos autores citados
nos artigos que possuem as palavras de redes e parcerias.
Abaixo serão descritos os cinco autores estrangeiros e nacionais que apareceram na
bibliografia dos artigos das revistas selecionadas. Vale ressaltar que Mark Granovetter,
sociólogo americano, é o único que teve suas obras citadas em todas as revistas nos artigos
sobre redes. Na RAE e na RAP, ele aparece como a primeira referência mais citada, enquanto
na RAC aparece em segundo e na O&S em quarto lugar.
Existem seis autores estrangeiros que se repetem nos periódicos escolhidos contra três
autores nacionais que aparecem em pelo menos em dois periódicos nas cinco primeiras
colocações de cada periódico. Os nomes dos estrangeiros, excluindo Granovetter já
comentado anteriomente, são: Ronald Burt, Manuel Castells, R. Gulatti, Powell. Os autores
brasileiros são: A. Balestrin, Machado-da-Silva, Teresa Diana Aduard de Macedo-Soares.
Burt e Gulatti são referenciados em revistas diferentes com a mesma obra que é
Structural holes: the social structure of competition de 1992 e Alliances and networks de
1998 respectivamente. Já Castells são três revistas que o referenciam com três obras distintas:
A sociedade em rede, O estado - rede e a reforma da administração pública e A era da
informação: economia, sociedade e cultura. Obras de 1998 e 1999.
Ao cruzar os nomes dos autores nacionais referenciados nos artigos selecionados nos
quatro periódicos escolhidos, encontram-se três nomes que aparecem em dois periódicos. São
eles: A. Balestrin, Clóvis L. Machado-da-Silva, Teresa Diana L. Van Aduard de MacedoSoares. Balestrin aparece em segundo lugar dos autores mais citados nas referências nacionais
no periódico O&S e RAC. Machado-da-Silva aparece como referenciado nos periódicos RAC
e RAE. Macedo-Soares possui quatro artigos publicados na RAP e possui obras referenciadas
na RAC.
Luciano Rossoni publicou um artigo com mais dois autores em 2008 na RAP e é a
principal referência na RAC quando contabilizados os principais autores brasileiros na
referência dos artigos de redes, e com repetição do autor num mesmo artigo.
Verifica-se que os autores estrangeiros são mais referenciados que os nacionais ao
comparar o número de referência por autor. Uma média de 9 citações por revista para os
estrangeiros contra 5 citações dos brasileiros.
Como último aspecto a ressaltar nesta análise comparativa entre as revistas, duas
alternativas foram apontadas em 1999 por Bertero et al ao pesquisador na área de
administração:
“Compartilhamos a crença de que nós, pesquisadores na área de
administração no Brasil, temos apenas duas alternativas, não
necessariamente excludentes, para mudar o quadro desanimador que
descrevemos acima: ou nos orientamos para desenvolver conhecimento
local, que estrangeiros dificilmente poderiam produzir, reproduzir ou
emular; ou nos orientamos para uma maior inserção no circuito internacional
como colaboradores da construção de conhecimento mundial no campo,
procurando melhorar significativamente a qualidade de nossa produção.”
(BERTERO, CALDAS e WOOD JR., 1999, p.174).
Essa pesquisa demonstra que a primeira alternativa foi alcançada, apesar de
parcialmente, pois houve aumento da produção de conhecimento sobre o tema rede. Mas
existem buracos estruturais que impedem que a produção seja ainda mais rica porque os
autores não buscam novas parcerias ou diálogos, mantendo as citações sempre dos mesmos
autores.
Quanto à segunda alternativa, recomenda-se um levantamento bibliométrico da
produção brasileira no exterior.
8 RAP
A RAP é considerada a revista melhor classificada pelo Qualis - CAPES com o
conceito A2, dentre as outras revistas analisada nesse artigo. É muito conceituada no âmbito
acadêmico da Administração no Brasil. É a revista que mais publicou sobre o tema escolhido,
seguida pela RAC que publicou 20 artigos.
São 21 artigos selecionados pelos critérios descritos acima. O artigo de 2001 possui a
palavra parceria no título e é o único artigo com essa palavra. Todos os outros 20 artigos
possuem as palavras redes, ou rede ou redes sociais e surgiram após 2003. Concentram-se 11
artigos em 2009, sete artigos estão no número especial sobre o tema rede com ênfase em
estruturas de governança, arranjos produtivos locais (APL); subsidiárias de multinacionais,
relações de poder no terceiro setor, comunidades de baixa renda, movimentos sociais e redes
interorganizacionais.
Talvez por ser uma revista que iniciou suas atividades na administração pública da
FGV do RJ, a temática mais frequente é a pública, abordando centralidade do poder,
parcerias, desenvolvimento local, governança, estudos. São 14 artigos que representam essa
categoria. A temática organizacional aborda estratégia, interorganizacionais e subsidiárias em
7 artigos da RAP no período analisado. Destaque para a abordagem estratégica na temática
privada e estudos na temática pública. A primeira abordagem apresenta artigos que focam na
estratégia das organizações na ótica de redes, já a segunda abordagem apresenta artigos que
discutem os estudos de redes nas universidades e institutos de pesquisa do Governo
Brasileiro.
Os principais autores estrangeiros mais citados na bibliografia desses 21 artigos são:
Mark Granovetter, R. Gulatti, Pierre Bourdieu, Manuel Castells, Ronald Burt, M. E. J.
Newman e S. Wasserman. Todos eles tratam do assunto redes. Exclusivamente da RAP
aparecem os seguintes nomes: Bourdieu, Newman e Wasserman. Destacam-se 7 e não apenas
5 autores estrangeiros, conforme a metodologia, pois uma análise mais apurada identificou
que as obras de Pierre Bourdieu foram indicadas em 3 artigos e destes, 2 artigos são de uma
mesma autora, Maria Ceci Araujo Misoczky. Portanto, conclui-se que é um nome estrangeiro
introduzido por uma autora brasileira. Aumentou-se a amostra para 6, acrescentando o nome
de Newman, presente em 3 artigos da RAP, apesar de possuir 8 referencias, menos do que a
média de 6 dos nomes presentes dos artigos da RAP. Acrescentou-se mais um nome
estrangeiro que foi o Wasserman que se destacou em 7 artigos da RAP.
Duas obras de Granovetter são mais referenciadas na RAP: Economic action and
social structure: the problem of embeddedness (artigo de 1985) e The strength of weak ties
(artigo de 1973). Gulatti possui a obra Alliances and networks (artigo de 1998), a mais citada
dentre entre outras 6 obras. Bourdieu possui 11 obras citadas e repete apenas uma em
espanhol que é a Las estructuras sociales de la economia, publicada em 2000. Castells possui
3 citações da mesma obra: A era da informação: economia, sociedade e cultura (um livro de
1999), das 10 obras dele referenciadas. A obra de Burt com um número expressivo de
referencias, total de 6 artigos, nomeada como Structural holes: the social structure of
competition (livro de 1992). Newman possui duas obras mais refenciadas que são: Coauthorship networks and patterns of scientific collaboration (artigo de 2004) e Scientific
collaboration networks I. Network construction and fundamental results (de 2001). Por
último, Wasserman possui uma única obra referenciada em 7 artigos que é Social network
analysis: methods and applications (livro editado em 1994).
Os principais autores brasileiros que estão presentes nas referências dos artigos
selecionados da RAP são: Teresa Diana Aduard de Macedo-Soares, Maria Ceci Araujo
Misoczky, Fernando Guilherme Tenório, Sonia Maria Fleury Teixeira e Luciano Antonio
9 Prates Junqueira. Eles estão ligados a várias instituições de ensino do Brasil, tais como:
PUC/SP, PUC/RJ, FGV/RJ e UFRGS. A média de referência dos autores brasileiros é de 3,8
artigos da RAP, ou seja, eles são citados em quase 4 artigos escolhidos da amostra analisada.
Abaixo da média dos autores estrangeiros que atingiu 6 artigos.
A obra mais citada da Macedo-Soares é Ferramental para análise estratégica pela
ótica relacional: resultados do seu teste piloto na Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).
Vale ressaltar que dos 4 artigos da RAP que possuíam as referências da autora, 3 são de
própria autoria. Conclui-se que são 19 referências da Macedo-Soares representando 80% em
artigos de autoria própria. Misoczky está presente em 4 artigos selecionados e não possui
nenhuma repetição das 8 obras referenciadas. Ela também se autorreferencia em 2 dos 4
artigos. Tenório possui 6 obras referenciadas nos artigos da RAP sem nenhuma repetição.
Fleury e Junqueira estão em 3 artigos com o tema redes e possuem respectivamente uma obra
cada um na área da saúde: Gestão de redes — a estratégia de regionalização da política de
saúde (livro de 2007) e Intersetorialidade, transetorialidade e redes sociais na saúde (artigo
da RAP em 2000). O autor mais referenciado por outros autores da RAP é Junqueira que está
presente em 4 artigos.
RAE
A RAE - Revista de Administração de Empresas conta, entre os anos de 2001 e 2011, com 15
artigos publicados que contem em seu título as palavras rede, redes ou redes sociais, uma vez
que a palavra parceria não consta em seu acervo de títulos nesse período. Em meio aos
artigos, três são apenas indicações bibliográficas.
Os artigos analisados contemplam títulos cujos estudos relacionam-se ao conceito de
redes, com ênfase em redes organizacionais, interorganizacionais, questões etnográficas que
as envolvem, redes de aprendizado, sociais e um estudo bibliométrico que envolve o tema.
Ao contabilizar os artigos, foram obtidas um total aproximado de 600 citações de
autores estrangeiros e brasileiros considerando todas as obras citadas e auto-citações e
destacam-se com ao menos uma citação, 440 autores independente do assunto ao qual são
direcionadas as citações.
Entre os autores estrangeiros mais citados estão Granovetter com 16 citações,
Mizruchi com 11, White e Burt aparecem em 10 citações, enquanto Borgatti é citado 8 vezes.
Em menor proporção de citações estão os brasileiros Caldas e Machado-da-Silva com 5, Vale
com 4, Bastos 3 e Nardi, Boeira, Martes, Carvalho, Mello e Francisco com 2 citações.
As citações que compreendem Granovetter contemplam 6 artigos e, entre eles, 8 de
suas obras são citadas, com destaque para o artigo Ação econômica e estrutura social: o
problema da imersão, publicado no American Journal of Sociology (versão em inglês) e na
RAE – eletrônica (em português). Por outro lado, Mizruchi é citado em apenas 3 artigos,
sendo que um deles é de sua própria autoria, no qual se auto-cita 9 vezes com artigos
diferentes e, em relação aos outros 2 artigos, são utilizadas 2 obras, sendo que uma delas é a
mesma auto-citada: What do interlocks do? an analysis, critique, and assessment of research
on interlocking directorates. Assim, ao se auto-citar diversas vezes, Mizruchi perde sua
segunda posição de destaque na análise bibliométrica desse artigo.
Entre as 10 citações que consideram White, apenas 2 artigos o utilizaram como
referência, sendo que, entre eles, 8 obras diferentes do autor foram empregadas. As obras
repetidas foram Careers and Creativity: Social Forces in the Arts e Identity and Control,
ambas publicadas como livros.
Burt aparece em 4 artigos e, dentre eles, 8 de suas obras são referenciadas entre as 10
citações, com destaque para Structural Holes: The Social Structure of Competition. E,
10 Borgatti, o último dos 5 estrangeiros analisados, que possui 8 citações e aparece em 6 artigos
com 6 de suas obras citadas.
Ao fazer uma análise dos autores brasileiros, Caldas é citado em 3 artigos, sendo que
entre as citações, nenhuma obra se repetiu, ou seja, 5 obras do autor foram citadas. O mesmo
acontece com Machado-da-Silva que não é repetido em suas 5 obras, ao ser referenciado em 2
artigos distintos.
Apesar de Vale possuir 4 citações entre os autores brasileiros e, dessa maneira, ocupar
a terceira posição, o artigo identificado é de sua própria autoria e suas auto-citações
correspondem a 4 artigos diferentes. De forma idêntica, aconteceu com Bastos que mesmo
ocupando a quarta posição, com 3 citações distintas, todas aparecem em um artigo de sua
própria autoria. Boeira e Francisco também se auto-citam em seus próprios artigos por 2
vezes. Nesses casos, como não houve citação dos autores que não fossem realizadas pelos
mesmos, optou-se por eliminá-los dos dados observados.
Martes se apresenta com 2 citações em 2 artigos, sendo que uma delas corresponde a
uma auto-citação, Carvalho e Mello são citados em 2 artigos diferentes, cada um a partir de 2
obras distintas correspondentes.
Assim, observa-se que os autores estrangeiros são mais referenciados nos artigos que
estão relacionados às palavras rede, redes e redes sociais, ocupando lugar de destaque pela
quantidade de citações e obras citadas por mais de uma vez, enquanto os brasileiros
modestamente ocupam um lugar pequeno entre todos os autores. Outra observação importante
é o fato de não serem evidenciados os processos de rede entre os autores, com exceção de
Martes e Mizruchi em que aquela cita este.
RAC
Ao todo, 20 artigos foram selecionados, porém, nenhum com a palavra parceria no título.
Também ocorreram 21 editoriais e uma resenha bibliográfica. Porém, para este trabalho foram
considerados somente os artigos.
Dezenove pesquisadores diferentes foram os autores principais do artigo. Somente um
pesquisador publicou dois artigos no mesmo período, na mesma revista. Houve casos em que
os autores principais figuravam como coautores em outros artigos também selecionados pela
pesquisa em questão.
A revista publicou no período 787 artigos, sendo 20 com as palavras acima citadas.
Ao contabilizar os artigos, foram obtidas um total aproximado de 799 citações de
autores estrangeiros e brasileiros considerando todas as obras citadas e auto-citações. Ao
analisar os autores, independentemente das obras, destacam-se com ao menos uma citação,
655 autores sem levar em conta o assunto ao qual foram direcionadas as citações.
A seguir seguem tabelas com os sete autores estrangeiros e oito brasileiros mais
citados:
Tabela 2 – Os sete autores estrangeiros mais citados na RAC
Autor
Quantidade de
Quantidade de
Estrangeiro
Citações
Artigos
Burt, R.
10
6
Borgatti, S.
10
6
Granovetter, M.
9
7
Castells, M.
8
8
Dimaggio, P.
7
5
Wasserman, S.
7
7
11 Powell, W.
Fonte: dados da pesquisa
7
6
Tabela 3 – Os oito autores nacionais mais citados na RAC
Quantidade
de Quantidade
Autor Brasileiro
Citações
Artigos
Rossoni, L.
13
3
Machado-da-Silva,
C.
10
5
Balestrin, A.
9
5
Crubellate, J.
6
2
Thompson, J.
3
1
Macedo-Soares, T.
3
1
Agostinho, M.
3
1
Balestro, M.
3
2
Fonte: dados da pesquisa
de
Claramente os autores estrangeiros são muito mais citados nos artigos, demonstrando
que são referência entre os pesquisadores brasileiros.
Nota-se que os estrangeiros mais citados, Burt e Borgatti, foram citados 10 vezes em 6
artigos diferentes. Porém, quando se considera somente o autor, independente do número de
obras citadas nos artigos, Castells passa a ser o primeiro dentre os estrangeiros, sendo citado
em 8 artigos diferentes, seguido de Granovetter e Wassermann referenciados em 7 e Borgatti,
Burt e Powell em 6 artigos.
A mesma situação acontece com os brasileiros, onde o brasileiro mais citado foi
Rossoni, 13 vezes em 3 artigos, seguido de Machado-da- Silva e Balestrin Crubelatte com 5
citações. Porém, quando se considera somente o autor, independente do número de obras
citadas nos artigos, Balestrin e Machado-da-Silva passam a ser os primeiros dentre os
brasileiros, sendo citados em cinco artigos diferentes, seguidos de Rossoni com três, ficando
em terceiro Crubellate, juntamente com Balestro, com referência em 2 artigos cada e em
quarto os autores Thompson, Macedo-Soares e Agostinho.
O&S
Foram publicados na revista O&S 415 artigos no período pesquisado de 2001 até
2011, sendo localizados 2 artigos com a palavra rede; 10 artigos com a palavra redes e 2
artigos com a palavra parceria no título, totalizando 14 artigos.
A primeira publicação aconteceu no ano de 2001 e ocorreu grande número de
trabalhos publicados em 2009. Houve uma referência bibliográfica de 1951, entretanto, a
maioria das referências data do período entre 1991 e 2008, o que denota que o assunto tem
gerado maior discussão nos últimos anos.
Nos 14 artigos estudados foram utilizadas 713 citações entre autores brasileiros e
estrangeiros, com uma média de 51 citações por artigo.
Nesta revista houve uma quebra no padrão das revistas anteriores, porque autores mais
citados nos artigos selecionados não pesquisam o tema rede. Alguns autores estrangeiros
citados tratam de temas como ambiente público, privado (empresa), sociológico, na educação,
12 o ambiente social, estratégia organizacional, política e democracia, não possuindo relação
direta com o objeto da pesquisa. Portanto, para este trabalho, foram desconsiderados os
autores tanto nacionais, quanto estrangeiros, que não pesquisam o tema.
Ao contabilizar os artigos entre os estrangeiros mais citados estão Powell com 6
citações, Laville, Castells, Dyer, Granovetter e Gulatti com 5 citações cada um.
O autor estrangeiro mais citado que pesquisa o tema rede foi W. Powell, com 6
citações em 4 artigos diferentes. Seu texto citado nos artigos é Neither market nor hierarchy:
network forms of organizations ou Nem o mercado nem hierarquia: organizações em forma de
rede (tradução nossa). Importante destacar que esta citação trata do tema central de discussão
deste artigo.
Manuel Castells, o segundo autor estrangeiro mais citado, teve 5 citações em três
artigos distintos. Nota-se que, para sua fundamentação, os autores dos artigos citam mais
referências estrangeiras que nacionais. Granovetter foi citado em 5 artigos diferentes, com
dois textos citados: Economic action and social structure: the problem of embeddedness, ou
Ação econômica e estrutura social: o problema da imersão (tradução nossa) e The strength of
weak ties: a network analysis revisited ou A força dos laços fracos: uma análise de rede
revisitada (tradução nossa). Para R. Gulatti que também teve 5 citações em 3 artigos, sua obra
mais citada foi Alliances and networks ou Alianças e redes (tradução nossa).
Os autores brasileiros que pesquisam rede mais citados foram Mance, Procopiuck,
Giglio, Balestrin e Cabral com 4 citações cada.
Procopiuck teve 4 citações em um mesmo artigo, Mance 3 vezes em um mesmo artigo
e sua obra mais citada trata de Redes de colaboração solidária. Giglio foi citado 3 vezes em
um mesmo artigo com temas que tratam de estratégia e comportamento do consumidor.
Balestrin recebeu 3 citações de temas distintos que tratam de redes de cooperação, inovação,
criação de conhecimento em redes e aprendizagem. Por último, Cabral teve, em um mesmo
artigo 4 citações, entretanto trata também outros temas.
Um aspecto importante a ressaltar é que os artigos selecionados abordam temas
relacionados à realidade brasileira, levando em consideração o local em que a revista está
inserida. Porém, mais uma vez, o uso de autores brasileiros como referência poderia agregar
mais ao conhecimento já desenvolvido sobre redes no contexto brasileiro.
Considerações Finais
O estudo bibliométrico solicita muita atenção na montagem dos dados e análise, mas
apresenta um resultado rápido e abrangente sobre o tema estudado. Por exemplo, ao utilizar as
leis que norteiam a pesquisa bibliométrica, verificou-se que houve geração de conhecimento
específico sobre redes. Ao analisar a lei de Bradford, que averigua a produtividade dos
periódicos, detectou-se a interação dos nós da rede, pois um número especial na RAP
incentivou outros periódicos a publicar artigos sobre o tema. A discussão sobre redes gerou
mais artigos publicados em outras revistas de administração a partir daquele de 2009,
abordando temas como inovação, aprendizagem, estratégia, cooperação, redes virtuais,
economia solidária, difusão social, capital social, política e democracia, mudanças
organizacionais, mortalidade de empresas e parceria, além dos temas já contemplados.
Ao relacionar a produtividade de autores (lei de Lotka) foram identificados aqueles
que mais escrevem sobre redes no cenário brasileiro e se o tema é foco da sua pesquisa
científica. Por fim, a pesquisa bibliométrica, através da lei de Zipf (frequência da palavra),
houve comprovação que existem redes na academia da área da Administração que tem atuado
e gerado conhecimento nos últimos dez anos, período analisado por essa pesquisa.
Quando se aprofunda o estudo bibliométrico com outras métricas, o resultado ainda é
mais esclarecedor. A análise sob a métrica das citações de autores nacionais e internacionais
13 mostra que os pesquisadores brasileiros ainda citam mais autores internacionais do que
nacionais. O mesmo resultado já foi comprovado em outros estudos como de Bertero et. al,
1999 e Ponomariov e Toivanen, 2011. Importante ressaltar que, apesar de citar autores
estrangeiros, os objetos de estudo dos pesquisadores são a realidade brasileira, tais como
APLs, Cooperativas, pequenas e médias microempresas, pesquisadores de Administração e
Ciências Contábeis brasileiros, dentre outros, em locais geográficos espalhados pelo país, o
que permite inferir que o tema rede é aplicado na realidade nacional.
Outra conclusão verificada é que a produção nacional é formada por alguns subgrupos
coesos, que se organizam em torno de uma revista e universidades próximas a ela, gerando os
chamados buracos estruturais que, se eliminados, poderiam gerar contribuições ainda maiores
para a produção acadêmica de redes no Brasil.
Como elemento que une os diversos subgrupos há a ANPAD, que funciona como um
nó que minimiza os buracos estruturais, funcionado como ponte entre esses grupos, gerando
laços mais fortes entre eles. A ponte pode ser detectada no evento da ANPAD, e na RAP,
onde pesquisadores das outras 3 revistas também publicaram no período em estudo. A ponte
também está presente no número especial da RAP sobre rede em 2009. Essa ponte, que
funciona como um redutor dos buracos estruturais, faz com que os nós (nesse caso, podemos
nomear cada nó como sendo um periódico) se comuniquem minimamente, aumentando a
sinergia e a troca de conceitos e atividades sobre rede. Porém, a rede formada pelos periódicos
e pela ANPAD é vulnerável, pois há somente uma ponte que os une, a ANPAD, havendo,
portanto, poucos espaços de troca acerca de redes.
Outra métrica que contribuiu com o estudo sobre redes foi a auto-citação, pois os
resultados demonstraram que alguns dos autores mais citados incluíam obras e artigos que
eles próprios haviam publicado anteriormente. Embora não tenham citado muitos autores
brasileiros, citaram a si mesmos, mostrando assim que há oportunidade de construir laços
mais coesos e frequentes com outros pesquisadores de rede nacionais.
Expandir os detalhes de uma métrica acrescenta qualidade ao resultado do estudo. Este
é o caso dos autores que escreveram sobre redes nas revistas. Saber que eles estão localizados
em várias partes do Brasil, não só no eixo Rio de Janeiro e São Paulo, que são professores de
faculdades particulares e públicas e que possuem alto grau de formação demonstra que o
debate sobre redes é rico e diversificado.
Portanto, esse estudo responde às duas perguntas do início deste texto. A primeira era
se houve criação de conhecimento acerca do tema nos últimos 10 anos. A segunda pergunta
era se os autores brasileiros que produziram textos sobre redes trabalham em rede. Como
resposta à primeira pergunta, infere-se que houve criação de conhecimento acerca do tema
nos últimos 10 anos. E, quanto à segunda pergunta, a conclusão foi que há redes de laços
fortes (onde cada uma das revistas seria um nó) e a interligação dessa rede se dá através da
ANPAD, porém essa ponte ainda é tênue e deve ser fortalecida. Essa grande rede poderá
cocriar elementos específicos para a realidade brasileira, que precisam ser construídos. Essa
última afirmação é a uma resposta à metáfora da rede proposta por Dabas e Najmanovich: construir novas formas de convivência que permitam gestar novos mundos.
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Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa; revisão técnica Gabriel Cohn. Brasília, DF: Editora
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