ATP na mídia
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Veículo: BRASIL ECONÔMICO - SP
Editoria: BRASIL
Autor: Patrícia Büll
Tipo: Matéria
Data: 12/05/2015
Página: 06
Assunto: AEB
Comércio exterior como saída para a crise local
Empresas recorrem à exportação para novos mercados para driblar estagnação interna
Patrícia Büll
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O mercado externo vem se configurando como alternativa para alguns setores que estão encontrando
dificuldade em colocar seus produtos no mercado interno. "Mais do que driblar a crise, ampliar a participação no
mercado externo é uma maneira de a empresa, que é líder no Brasil, com quase 80% de participação de
mercado, manter sua expansão. Afinal, com ou sem crise, é muito difícil aumentar essa participação por aqui",
conta Vinicius Gibrail, gerente de Exportações e Desenvolvimento de Mercados Internacionais da Steck. Líder na
produção de material elétrico para usos residencial, comercial e industrial, a Steck ampliou a participação das
exportações de 2,5% para 8% do total de vendas em três anos, atendendo a 15 países da América Latina.
Outro esforço vem do setor automotivo. Na semana passada, o presidente da Associação Nacional dos
Fabricantes deVeículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, anunciou que a montadora de máquinas agrícolas
CNH Industrial, do grupo Fiat Chrysler Automobi-les (FCA), fechou contrato de venda de tratores e colhedoras de
cana-de-açúcar para Cuba.
Embora traga resultados individualmente, os esforços dessas em-presasnãosãosuficientesparamu-dar a
balança comercial. Na primeira semana de maio, por exemplo, apesar do superávit de US$ 976 milhões, o melhor
do ano, houve queda de 10,8% nas exportações brasileiras pela média diária quando comparado a igual período
de 2014. Apesar disso, a consultora Marília Castañon , associada da GBI Consultoria Internacional, diz que
diversificar mercados é uma boa saída para diminuir a dependência de alguns blocos.
"Criar relações de comércio não é uma tarefa imediata, porque há interesses que são conflitantes dos dois
lados. Essa é uma relação que se constrói ao longo do tempo, daí a importância de as empresas cultivarem esses
negócios. Por isso, também não basta a valorização cambial para se decidir abrir mercado", afirma Marília. Em
alguns casos, alerta,negociar individualmente é mais vantajoso do que depender de acordos de livre comércio,
que podem demorar anos até que se concretizem.
No caso do setor automotivo, apesar do acordo do Mercosul privilegiar os parceiros do bloco, as empresas
estão ampliando suas fronteiras. O resultado foi um crescimento de 133% nas vendas de veículos para o México
de janeiro a abril, e de 38% e 8%, respectivamente, para Peru e Colômbia.
"O país precisa avançar na exportação de bens industrializados, buscando mercados, independentemente de
haver acordos", diz o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Mauro Laviola,
embora reconheça que o custode produção nacional impede uma atuação mais agressiva das empresas.
Como exemplo cita que, por conta do ajuste fiscal, o Ministério da Fazenda reduziu de 3% para 1% a alíquota
do Reintegra - programa que "devolve" uma parte do valor exportado em produtos manufaturados por meio de
créditos do PIS e Cofins -, além de cobrar esses dois impostos nas operações financeiras de empresas
exportadoras. "A fome fiscal do Brasil é contra os esforços de galgar novos mercados", diz Laviola.
Ele diz que nem mesmo a valorização do dólar é de toda benéfica,embora devolva certa competitividade.
"Esse movimento não solidifica a participação no comércio internacional, porque a oscilação cambial é um fator
conjuntural,enquanto o custo Brasil é estrutural. Nossas vendas dependem do crescimento de outros mercados e
isso não dá solidez alguma".
Pesquisadora de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas
(FGV/Ibre), Lia Valls afirma que falta reforçar a atuação em acordos que o país já possui. "Na América do Sul o
Brasil tem acordo de livre comércio praticamente com todos os países. Só que, depois que fecha os acordos, o
gover-notem pouca ascendência nas empresas para criar estratégias de exportação", diz a pesquisadora.
Por isso, Lia acha primordial que se crie uma agenda de facilitação da estrutura do comércio, que melhore e
diminua os procedimentos burocráticos: "Mais do que novos acordos ou planos, o governo precisa de esforços
para que as empresas consigam aproveitar os acordos que o país já possui".
http://linearc.com.br/ATP/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=16054343
12/05/2015
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"Fome fiscal" é apontada como barreira para que o país avance na exportação de bens industrializados:
produzir no Brasil custa caro e ajuste só aumentou esse gasto
BALANÇA
US$ 976 mi
Superávit da balança comercial na primeira semana do mês, resultado de exportações de US$4,408 bilhões
eimportações deUS$3,432 bilhões.
16,3%
Crescimento das exportações na primeira semana do mês pelamédiadiáriade US$ 881,6 milhões, ante US$
757,8 milhões de abril.
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