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SO&l'e COmpOl'tA men to
e Coqni,çÃo
GRn.ica, peSrU1sa e apf/cação
Or!lanizack por 2!{aria Z1fd da 01iúa !7Jrandão
YálÚna GnsHna de 00uza Gonle
Yernanda
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Yara Xuperslein
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Gynlhia !7Jor!les de 'JlCoura
Vera 2!{enezes da 0iiúa
0imone 2!{arHn Oliane
Adilson dos Anjos· Amanda Amarantes • Ana Dalva Andrade • Andrea Nogueira de CamposAguirre • Angélica Capela ri • Antonio Bento Alves
de Moraes· Armando R. das Neves Neto' Bernard Rangé' Carlos Américo Alves Pereira' Carmem Beatriz Neufeld' Célia Vaisbich Inácio'
Cilene Rejane Ramos Alves •.Claudia Barbosa· Claudia Lúcia Menegatti • Cristina Di Benedetto • Cynthia Borges de Moura • Danielle
Monegalha Rodrlgues' Denise Cerqueira Leite Heller' Edwiges F de Mattos Silvares' EleniceA de Moraes Ferrari' Fátima de Souza Conte
• Gabriel Tarragô Santos'
Gerson Yukio Tomanari • Gina Nolêto Bueno • Gustavo SaUolo Rolim • Heber O. Vargas • Helena Bazanellí
Prebianchi • Helene Shinohara' Henrique Stum' lima A Goulart de Souza BriUo 'Isabela D. Soares' Isabella Santos 'Ivan Carlos Pavão'
João Vinlcius Salgado'
Jody Schafer • Juliane Lima' Juliane Gequelin • Leda Mara R. S. de Ferrante • Leonardo F Fontenelle • Letícia
Assumpção • Liana Lins Meio' Lilian Milnitsky Stein' Luc Vandenberghe'
Maira Cantarelli Baptistussi • Makilim Nunes Baptlsta'
Marcos de
Toledo Benassi • Maria Amélia Penido· Maria Elisa de Siqueira Monteiro • Maria Rita Zoéga Soares. Maria Stella Coutinho de A Gil • Maria
TeresaAraujo Silva· Mariane Louise Bonato' Marilza Mestre· Marta Vieira Vilela' Mauro V. Mendiowicz, Mônica de Caldas Rosa dos Anjos
• Mônica Duchesne' Myrna Chagas Coelho· Nancy Julieta Inocente' Nione Torres' Noel J. Dias da Costa' Patrícia Guillon Ribeiro' Paulo
Rogério Morais· R. Mosena' Ralph Stralz' Renato M. Caminha· Rita de Fátima Carvalho Barbosa de Souza' Rosângela T. CristaniArruda'
Rosemar A Prota da Silva' Rubens Reimão • Saint-Clair Bahls • Sandra Leal Calais • Sandra Lopes • Sandra Obredecht Vargas Nunes •
Sérgio Luis Blay • Sonia Beatriz Meyer • Thais Porlan de Oliveira'
Thalita Freire-Maia • Tiemi Matsuo • Vanessa Di Rienzo • Vanessa
Galarraga' Vânia Lúcia Pestana Sant'Ana' Vera Regina Lignelli Otero' Vara Kuperstein Ingberman
.
ESETec
Editores Associados
Sobre
Comportamento
e Cognição
Clínica, pesquisa e aplicação
Volume 12
Organizado por
Maria Zílah da Silva Brandão
Fátima Cristina de Souza Conte
Femanda Silva Brandão
Yara Kuperstein Ingberman
Cynthia Borges de Moura
~ra Menezes da Silva
Simone Martin Oliane
Adilson dos Anjos • Amanda Amarantes • Ana Dalva Andrade • Andréa Nogueira de Campos Aguirre •
Angélica Capelari • Antonio Bento Alves de Moraes • Armando R. das Neves Neto· Bernard Rangé • Carlos
Américo Alves Pereira • Carmem Beatriz Neufeld • Célia Vaisbich Inácio • Cilene Rejane Ramos Alves •
Claudia Barbosa • Claudia Lúcia Menegatti • Cristina Di Benedetto • Cynthia Borges de Moura • Danielle
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F. Fontenelle • Letícia Assumpção • Liana Uns Meio • Lilian Milnitsky Stein • Luc Vandenberghe • Maira
Cantarelli Baptistussi • Makilim Nunes Baptista • Marcos de Toledo Benassi • Maria Amélia Penido • Maria
Elisa de Siqueira Monteiro • Maria Rita Zoéga Soares'
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de Caldas Rosa dos Anjos • Mônica Duchesne • Myrna Chagas Coelho' Nancy Julieta Inocente' Nione
Torres· Noel J. Dias da Costa • Patricia Guillon Ribeiro' Paulo Rogério Morais· R. Mosena • Ralph Strãtz
• Renato M. Caminha' Rita de Fátima Carvalho Barbosa de Souza' Rosângela T. Cristani Arruda • Rosemar
A. Prota da Silva' Rubens Reimão • Saint-Clair Bahls • Sandra Leal Calais • Sandra Lopes • Sandra
Obredecht Vargas Nunes • Sérgio Luis Blay • Sonia Beatriz Meyer • Thais Porlan de Oliveira· Thalita FreireMaia • Tiemi Matsuo • Vanessa Di Rienzo • Vanessa Galarraga • Vânia Lúcia Pestana Sant'Ana • Vera
Regina Lignelli atero • Vara Kuperstein Ingberman
ESETec
Editores Associados
2003
Copyright desta edição:
ESETec Editores Associados, Santo André, 2003.
Todos os direitos reservados
Brandão. Maria Zilah, et aI.
Sobre Comportamento e Cognição: Clínica. Pesquisa e Aplicação. - Org.Maria Zilah da Silva
Brandão. Fátima Cristina de Souza Conte, Fernanda Silva Brandão, Yara Kuperstein Ingberman,
Cynthia Borges de Moura, Vera Menezes da Silva, Simone Martin Oliane 1/1ed. Santo André, SP:
ESETec Editores Associados,
2003. v.12
495 p. 17 x 24cm
1. Psicologia do Comportamento
2. Behaviorismo
e Cognição
3. Análise do Comportamento
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
ESETec Editores Associados
Coordenação editorial: Teresa Cristína Cume Grassi-Leonardi
Assistente editoriai: Jussara Vince Gomes
Revisão de diagramação: Erika Horigoshi
Solicitação de exemplares: [email protected]
Rua Santo Hilário, 36 - Vila Bastos - Santo André - SP
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-apitulo 18
Cjraus de ansiedade no exercício do pensa~
sentir e agir em contextos terapêuticos
(jina Nolêto Buend
lima A. C;oulilrt de Souza Britt02
Os diários de registros - criados e desenvolvidos segundo a necessidade de cada
cliente - têm o objetivo de ensinar a pessoa a registrar diversas situações e suas conseqüências para, num primeiro momento, favorecer ao psicoterapeuta o acompanhamento
dos comportamentos desse indivíduo, além do processo psicoterapêutico: Num segundo
momento, não menos importante que o primeiro, ensinar ao cliente automonitorar seu
repertório comportamental. O diário de registro é quase, invariavelmente, usado tanto na
fase inicial da avaliação quanto na monitoração das mudanças subseqüentes.
O psicoterapeuta necessita utilizar-se da criatividade e da avaliação para definir
diários de registros apropriados para cada situação que se deseja a automonitoração,
tanto em sua freqüência, quanto duração, assim como as circunstâncias em que as contingências ocorreram.
Os diários de registros se flexibilizam a monitorar uma grande variedade de comportamentos públicos ou encobertos, gerando informações mais precisas sobre muItos
.aspectos dos repertórios. Barlow, Hayes e Nelson (1984), destacaram dois estágios na
automonitoração. No primeiro estágio o indivíduo terá de notar a ocorrência de seus comportamentos, suas emoções ou do próprio fato. Já no segundo estágio, o cliente terá de
registrá-Ios. Esse procedimento é ensinado à pessoa no momento do planejamento do
programa psicoterapêutico. Uma vez ensinado, ele se transforma em aprendizagem. Assim, é importante destacar que a aprendizagem se dá na repetição. Portanto, a orientação
de tal procedimento deverá ser repetida quantas vezes forem necessárias até que o cliente tenha total compreensão de sua execução. A clareza das regras destas técnicas é
importante para que a pessoa possa empenhar-se na obtenção de uma medição exata.
Ao cliente deve ficar claro que as sessões subseqüentes se desenvolverão focadas no
conteúdo apresentado pelos diários de registro. Desta forma, a pessoa discriminará a
"Universidade
Católica de Goiás-
UCG.
Sobre Comportamento
e Cognição
169
importância destas tarefas de casa, podendo apresentar maior adesão ao programa
psicoterapêutico, ainda que nos primeiros registros apresentem dificuldades - consideradas normais, por já serem esperadas, vez que são um novo padrão de comportamento,
implicando, portanto, em mudanças em sua discriminação e em sua percepção.
A estrutura de cada diário de registro, a ser repassado ao cliente, deve ser feita
pelo psicoterapeuta, para se ter uma maior abrangência daqueles comportamentos públicos ou privados que se deseja monitorados.
O nível de ansiedade também pode ser avaliado, dando ao cliente registros com
escalas arbitrárias. Através das escalas a pessoa poderá avaliar qual foi a ansiedade
experimentada durante a ocorrência da situação problema. Por exemplo:
1 = pouca; 2 = moderada;
3 = muita; 4 = extrema.
O momento ideal de se fazer a monitoração ou a automonitoração do evento ou
eventos desejados é imediatamente após a sua apresentação, ou seja, tão logo o comportamento em questão, o pensamento ou o sentimento tenha ocorrido. Assim, a pessoa deve
carregar consigo as folhas de registro, de forma avulsa ou em cadernos. Desta forma se evitará
um registro geral ao final do dia, quando a pessoa poderá se esquecer de algum evento
importante ou ainda, poderá perder a fidelidade da emoção quando de sua ocorrência.
Como já mencionado, anteriormente, os diários de registro têm a flexibilização
tanto aos problemas explícitos quanto aos encobertos. Pesquisas demonstram que eles
tanto podem ser utilizados para monitorar ou automonitorar a pressão arterial, comportamentos repetitivos, pensamentos, sentimentos, quanto parà registrar respostas ansiogênicas,
tempo gasto com determinado comportamento problema etc.
O que vai definir a necessidade da construção ào diário de registro é o próprio
aspecto relevante e significativo do problema que possa ser mensurado.
A exatidão da automonitoria, ou mesmo da monitoria, pode ter o seu alcance facilitado quando se obtém o apoio de uma pessoa próxima do cliente no suporte desta tarefa, isto é,
monitorando comportamentos dessa pessoa, sejam eles privados - pensamentos obsessivos
- sejam eles públicos - comportamentos compulsivos, como o de lavar as mãos.
A exatidão dos registros de diários pode ser melhorada se se pedir ao cliente para
escolher o pior sentimento verificado durante o dia, diferenciando-o daqueles que
experienciou durante todo o dia.
Outra importante reação, provocada tão somente pelo registro do comportamento
problema desejado, é a mudança de sua freqüência. De acordo com Barlow, Hayes e
Nelson (1984), esse fenômeno é chamado de reatividade à automonitoração. Isto porque a
automonitoração poderá levar a interrupção de uma cadeia de comportamentos automáticos, permitindo à pessoa a decisão de continuar com a freqüência ou não da resposta
monitorada. Isto quer dizer que o registro, por si só, tem a capacidade de desenvolver na
pessoa a discriminação, a percepção de seus atos e, conseqüentemente, a definição de
um novo repertório comportamental.
A automonitoração desempenha papel fundamental na avaliação e tratamento
comportamental e cognitivo. Desta forma, quando um cliente não realiza a automonitoração,
apesar de todos os cuidados despendidos, implica na não adesão ao programa de trata-
170
(jina Nolêto Bueno e lima A. (jou!art de Souza Brilto
mento. Faz-se necessário voltar a lembrar aqui que a terapia comportamental e cognitiva,
baseando-se no método experimental, que se aporta com um papel educativo geral, levando o cliente a enforcar variáveis privadas e públicas, alcança a eficácia graças à sua
estruturação norteada pelas técnicas e, de forma muito especial, pela parceria que deve
ser firmada entre cliente e psicoterapeuta.
O caso clínico, a seguir, procura demonstrar a eficácia e eficiência do exercício do
pensar, sentir e agir em contextos terapêuticos voltados para a funcionalização da depressão e suicídio em potencial.
Caso Clínico Estevão - Da depressão
cio do pensar, sentir e agir
ao suicídio
- a funcionalização
pelo exercí-
História de Vida - Estevão, 42 anos, sexo masculino, filósofo; religioso, sendo o segundo de uma prole de cinco filhos de uma família do meio rural. É poeta. Traz como queixa
sua crise existencial com o estilo de vida religiosa, sua necessidade de ter uma companheira, uma intensa solidão, a necessidade de um trabalho para a reconstrução pessoal,
estresse, depressão, ideações suicidas, já com algumas tentativas. Todo esse processo
tendo se agravado a partir de 1992. Traz consigo, também, o diagnóstico psiquiátrico de
depressão profunda, estresse crônico, com alto risco para o suicídio. Submetendo-se, há
dois anos e meio, à seguinte farmacoterapia: prozac 20mg, dormonid 15mg, diazepan
10mg, rivotril2mg e efexor 75mg. Seu quadro clínico psiquiátrico considerado gravíssimo,
com resultados negativos, até então, e três tentativas d~ suicídio.
Relata seu pai como agressivo, rústico e violento. Sua mãe, pessoa submissa e
muito religiosa. Irmãos tímidos e temerosos. Desde muito cedo, Estevão aprendeu a defender a mãe e os irmãos das agressões do pai. Já no final da primeira infância, decidiu-se
pela vida religiosa, com um objetivo: resolver os problemas de desigualdade social da
humanidade. Sempre manteve-se ativo politicamente, ainda que sem exercer mandato.
Iniciou-se no trabalho formal ainda na adolescência. Atuação religiosa: pastorais sacramental, da juventude e mulher marginalizada. Um dos maiores problemas em sua vida:
não adequação à vida religiosa; impedido de atuar na pastoral das mulheres prostituídas,
de meninos de rua e do movimento dos sem terras. Sempre manifestou desejo de atuar na
pastoral do mundo dos excluídos. Paradoxalmente, ainda que religioso, Estevão mantinha
sua opção por vida livre: fazia uso de bebidas alcoólicas, sexo, estilo hippie, era agressivo,
intransigente, radical e ativo com a linguagem da rua e não à linguagem religiosa. Com o
recente falecimento de sua mãe, afasta-se, pela terceira vez, da instituição religiosa.
Apresentava repertório verbal emocional negativista e sensações de inadequação ante as
contingências ambientais coercitivas.
Conseqüências em seus repertórios comportamentais
- estresse crônico, provocado
por mais de 20 horas/dia de trabalho; ideações suicidas contínuas; sensações de
desrealização; déficits de atenção, concentração e memória; prejuízos sensório-motores;
alteração tireoidiana; reações simpáticas contínuas; estado emocional-motivaCional
negativista; autoverbalização negativa; alternância entre sono intenso e insônia; perda de
energia, vontade, prazer, fazer e do apetite; choro contínuo; isolamento; desesperança;
autocupabilidade; sentimento de vergonha; revolta, verbalizaçães agressivas e pornográficas; comportamentos de fuga/esquiva generalizados; imobilismo.
Sobre Comportamento
e Cognição
171
Procedimento - Todo o procedimento de intervenção comportamental e cognitivo foi desenvolvido durante três meses, com duas sessões semanais, de 50 minutos, em quatro fases:
1 - primeira fase: observação e entrevistas com o participante, seus familiares e representantes de sua instituição religiosa;
2 - segunda fase: observação direta dos comportamentos do participante ante aos relatos verbais de sua história de vida;
3 - terceira fase: levantamento de hipóteses e definição da estratégia terapêutica;
4 - quarta fase: aplicação das técnicas da TCC:
• levantamento dos antecedentes e conseqüentes dos comportamentos disfuncionais;
• controle respiratório;
• reestruturação cognitiva;
• confrontação e enfrentamento;
• controle da: respiração; alimentação; sono; autocuidado;
• cartas não-enviadas
Para uma melhor intervenção nas ideações e tentativas suicidas, através dos
exercícios do pensar, sentir e agir, foi possível um amplo levantamento dos eventos antecedentes, do sentir e idear ações suicidas de Estevão, como demonstra a tabela I.
Tabela I. Ideaçóes e Tentativas de Suicídio.
Evento:
falecimento
Fato desen- 2a
xamento
de
seu
rendivolta.
Não
tenho
mais
forIdade:
anos
sia
Exercício
Exerclcio
de
uma
do
do
avenida
sentir:
de
re·
Idade:
Idade:
40/41
39/40
anos
anos
mãe;
rompimento
da
comu3a
4a
Tentativa
Tentativa
mento,
insatisfação
solidão.
generalizada.
ta
revolta
ansiedade.
as
normas
Evento;
a41/42
desesperança
com
todas
as
perdas,
nicação
pulsos,
lica;
troJada,
perdendo
com
com
tentou
bebida
aveículo
instituição;
cortar
os
aJcoó-ma
sentiosente.
medo,
ículo,
Ação
fogo,
movimento.
frente
branca;
Exercício
fazendo
insegurança,
que
de
Suicida:
tentou
um
não
do
asentir:
entrar
funcionou;
sentir:
travesarma
muiem
na
de
Evento:
fragilizado
pela
perda
da
convivência
discriminação
gramas
de
medicação
do
rebaiconalheiaintenso,
ao meiodeambipela
dúvida
em
continujogar
ingestão
na
frente
de
duas
de
um
mil
vemiliça
para
viver.
Fui
traído
até
com
ar
ouapós
uma
não
amiga
religioso,
íntima
reeda
Ação
Ação
Suicida:
Suicida:
tentou
arma
se
tráfego
foria Tentativa
su!tando em desentendipunições
riores
tuição.
e com
conseqüentes
por
sua supeinsticadeador por
mentos
da depressão.
seus
meus
superiores.
Exercício do sentir: de Três dias em coma
172
qina
Nolêto Bueno e Ilma A. qoulart de Souza Brilto
dos antes disso.
Da depressão ao suicídio, a funcionalização pela TCC
Primeira
Fase
a) Observação: Estevão não fixa os olhos na psicoterapeuta; fala de forma agressiva e
impaciente; barbudo, cabelos em desalinho; verbaliza toda a sua revolta para com sua
instituição religiosa e as instituições político-sociais do país; tem o corpo contraído e verbaliza:
E - Depois de trabalhar tanto, sinto-me muito cansado, sem ânimo, descrente.
Não tenho mais vontade de viver.
b) Estabelecimento do contrato psicoterapêutico.
c) Aplicação do questionário de história vital (Lazarus, 1980).
d) Entrevista com seus familiares e representantes de sua instituição religiosa.
Segunda
Fase
Quarta Tentativa de Suicídio - Entre a primeira e segunda sessão psicoterapêutica,
Estevão ingere 2 mil miligramas de medicação controlada, com álcool, tenta cortar os
pulsos. Faz coma por três dias.
Resultado da Observação Direta - Estevão tem comportamentos entorpecidos, seus
reflexos sensório-motores são apresentados de forma lenta e pesada; relata sentimentos
de vergonha, culpa e revolta, reafirmando sua crença de que a psicoterapia comportamental
e cognitiva possa ajudá-Io. Verbaliza, continuamente, gírias pornográficas. Chora durante
toda sessão. Relata seus principais medos:
Grau de Ansiedade dos Medos
1
2
3
4
5
~ Perder Saúde
Suicidar-se
O Solidão
r.a
/2
3
EJPerder Amiga
4
GlAgredir Amigos
5
Fig. 1. Avaliação da Ansiedade evocada pelos principais medos de Estevão.
Fragmentos
de Sessão
T = O que você, Estevão, chama de sensação suicida?
E = É um vazio por dentro, uma vontade de morrer. É uma pressão torácica. Sinto
como se estivesse flutuando ... Choro muito! Não acredito mais em nada.
T = Por que, então, está aqui, Estevão?
E = Preciso de sua ajuda para aprender a controlar o meu sectarismo.
Terceira Fase
Hipóteses:
Sobre Comportamento
c Cognição
173
i-
Imobilismo: a elaboração de estratégias para criação de projetos, com respectiva
execução e acompanhamento pelo diário de registro, possibilitará o retorno à vida ativa;
2 - Verbalizações Agressivas: exposição e registro no diário de todos os .palavrões' ditos,
em suas respectivas situações, diminuirão a ocorrência dos mesmos.
3 - Autoritarismo:
a prática de normas e convenções com diplomacia, pode levar a um
melhor resultado, que o comportamento rebelde, e menor desgaste físico.
4 - Aplicação das técnicas da terapia comportamental
e cognitiva: possibilitará a
reeducação de sua vida e a aquisição de um novo repertório comportamental, sem a necessidade da manutenção da medicação psiquiátrica para a funcionalização da depressão e
das ideações suicidas (Beck, 1997; Young, Beck e Weinberger, 1999; Greenberger, 1998).
Estratégias: dessensibilização (Wolpe, 1976) dos medos, estresse, irritação e
imobilismo, com enfrentamento de sua história de vida e as conseqüências desta.
Quarta Fase - Três meses de duração
• Controle Respiratório (Barlow, 1999), uso contínuo, com 15 sessões diárias, no 1°
mês; 10 no 2° mês; a partir de então, sempre que necessário. Com uso, concomitante,
da técnica Acalme-se (Rangé, 1998), para o controle da ansiedade.
• Reestruturação
uso diário.
Cognitiva
- que tipos de erros estou cometendo - (Mahoney, 1998),
• Confrontação e Enfrentamento ou Ensaio Comportamental (Caballo, 1996), realizados com situações de fuga/esquiva, especialmente desencadeadas pela instituição religiosa e família nuclear.
• Controle de: alimentação, sono e do autocuidado, realizado até a aquisição do repertório adequado.
• Cartas Não-enviadas (Kopp, 1972, apudMahoney, 1998), uso intensivo nas sessões,
especialmente aos eventos mais aversivos .
rcc
.
A funcionalização, a que se propõe o processo de intervenção da
depende,
precIsamente, da adesão do cliente ao programa de tratamento. Estevão apresentou uma
crescente evolução quanto à utilização das técnicas como tarefas de casa. Esta adesão
pode ser visualizada na figura 2.
Adesão às Técnicas X Tarefas de Casa
100%
80%
E!Contr. Resp.
60%
O
Enfr. 3
EB!Confr.
Reestr. e COgn'I/2
40%
13 Cartas
4
20%
0%
1° Mês
2° Mês
3° Mês
Fig. 2. Percentual de adesão, mensal, às técnicas da
174
qina Nolêto Bueno e UmaA. qoulart de Souza Britto
rcc.
aom
rio.
afetuoso
fazer
amizade
ançoso
confiar
e ser confiado
diálogo
injustiças
sociais
materialidade
Fragmentos de Sessão
T = Quando você diz que a sua instituição foi infiel com você, está dizendo que foi
isso que acarretou todo esse conflito existencial em que se encontra? Se assim, como
justifica essa infidelidade?
E = Antes de me ordenar, defini com meus superiores que minha vocação era,
preferencialmente, a Pastoral dos Excluídos. Tudo ficou certo para isso. Mas, depois de
ordenado fui impedido de nela trabalhar.
T = Se você sente tanta necessidade de constituir uma família ou ter uma companheira, o que o levou a ser religioso?
E = O desejo de atuar, radicalmente, num projeto de transformação em favor dos
pobres e explorados. Não consegui nem uma coisa nem outra.
O autoconhecimento, como afirma Skinner (1985, p. 31), é de origem sociaL "Só
quando o mundo privado de uma pessoa se torna importante para as demais é que se
torna importante para ela própria". Assim, é possível afirmar que o autoconhecimento tem
função comportamental, pois, o próprio Skinner (1985) afirma que, a pessoa que se torna
consciente por meio das perguntas que lhe foram feitas [pelo seu terapeuta) está em
melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento.
Buscando a
funcionalização deste repertório emocional motivacional negativista em relação as suas
próprias contingências, foi proposto, como tarefa de casa, que Estevão descrevesse positivo ou negativo o mundo público ou privado onde vive:
Tabela
11.
Autoconhecimento.
Positivo
as que lhe são caras
15.
16.
Servidor
Buscador
da
coerência
12.
Lutar
pelo
que
acredito/persistente
14. Desportista
13.
Facilidade de auto-recuperação
2.
Alta
emotividade
10.
Tímido
5.
Reacionismo
exacerbado
3.
Apaixona-se
facilmente
9.
Pavor
administrar
dinheiro
6.
7.
Apego
Sentimento
àsautoridade
pessoas
de
culpa
que
quando
lhe frequência
são
ferecaras
as pesso1.
Negativo
Auto-suficiência
ideológica/sectário
4.
Ultrapassa
os
limites
com
8.
àpara
(autoritarismo)
Sobre Comportamento
e Cognição
175
ocará?
Avaliação/Intervenção
Com estes pontos foi possível trabalhar a questão do poder. Estevão percebeu o
quanto era poderoso. Discriminou que a sua rebeldia com a instituição religiosa era por
estar, sem perceber, querendo ser mais poderoso que a própria instituição, que os líderes
classistas, que os poderes executivo e legislativo. Quando, durante muitos anos, pensou
serem todos esses setores os detentores do poder. Foi quando verbalizou:
E = Socorro! Me ajude a me encontrar!
Buscando o autocontrole dos comportamentos extremistas de Estevão, o exercício do pensar, sentir e agir, além das técnicas de controle da ansiedade, reestruturação
cognitiva e ensaio comporta mental foi definitivo para o alcance de sua funcionalização.
Tabela 111.
Diário de registro - O emocionar e comportar-se extremista.
sentir
, falar?
muita
Resultado
do
o
de
Geralmente
Dúvida
medo.
da
não
e
detalhista.
Minha
e
Se
das
com
Exercício
do
tera.
Devo
Vem
falar
afala
ou
falar,
falar
o
vras
de
forma
rápido
grupo
agressividade.
Pronuncio
as
palacomeçar
eansiedade
respiração
oconteúdo
que
falar.
asobre
alachar
agir
por
onde
interpretações
Respiro
até
Eventos Exercício
minha fala.
Intervenção: a ação busca a assertividade, mas o resultado é inadequado, como o
sentimento. As dúvidas provocam-lhe estados emocionais negativistas, manifestados
através das sensações corporais intensas. A conseqüência é um agir agressivo, que
conseqüência o não alcance de seu objetivo. É preciso melhor elaborar a ação, com
estratégias assertivas de controle da ansiedade e do agir funcional.
Há muito a utilização da escrita terapêutica, como instrumento da psicoterapia e
do desenvolvimento pessoal, tem sido reconhecida. Sua função é a de encorajar clientes
a experienciarem e a expressarem eventos encobertos, ocorridos na infância ou durante
qualquer estágio de seus processos de relacionamentos humanos (Mahoney, 1998).
Estevão, desde o princípio, apresentou boa adesão a esta técnica. Ele que evidenciava dificuldade de demonstrar emoção, ao estar sendo preparado para receber alta
de seu processo, traz uma carta não-enviada, com um desenho que, metaforicamente.
retrata a concepção, em sua vida do afeto.
Fragmentos de carta não-enviada
" Obrigado!"
Um termo útero-coronário
o sentido
176
que
só dedico-atribuo a quem me gosta
ou restitui
a vida e
de viver. Isto tu, minha terapeuta, fizeste. Então, porque não te ser grato e sincero!?!
qina Nolêto Bueno e lima A. qoulart de Souza Britto
Hoje, desde o início de nossa psicoterapia, eu já me sentia em perfeita harmonia
e integrado com a totalidade cósmica. Mas quando tu me disseste, no início do relaxamento, "agora vamos entrar em nosso corpo", entrei logo em êxtase. Essa coisa de expressar o pronome 'nosso', demonstra um gesto muito humanitário e promotor da alegria
de viver intensamente o novo, a coletividade, sem esquecer a individualidade. (...)
(...) Acredito que os meus motivos terapêuticas, pelo menos os fundamentais, já
estão saciados.
Autor: Estevão
Fragmentos de sessão
T = Porque você tentou suicidar-se? Já que não morreu, valeu a experiência?
E = O homem caminha para a liberdade. Não tenho vontade de fazer outra experiência dessa não. Eu estava morto e revivi.
T = Como é a vida agora?
E = Mais livre, conscientemente,
com mais leveza.
T = Ir-se do processo psicoterapêutico significa o quê?
E = Aqui foi uma ressurreição, realmente. Me abriu caminhos e perspectivas. Me
fez ver um lado da vida que não tinha sentido.
T = Como ir?
E = Embora você nunca tenha me dado a receita, é buscar a maturidade dessa
experiência. É um ir de vitória. Deixo para traz as coisas negativas e levo um pedaço de
você que me completou. Certa vez você disse que, de certa forma, a gente constrói as
coisas. Eu não sou mais o mesmo. Estou mais tranqüilo. Consigo trabalhar melhor mi-
Sobre Comportamento
e Cognição
177
nhas emoções. Meu sectarismo está mais equilibrado. Não renuncio mais a mim mesmo,
em função de nada que eu faça
T = Quem é o novo Estevão?
E = Ele tem olhos para uma vida mais interessante do que antes.
T = O que é o afeto?
E = É a inter-relação. Sem precisar de formalizá-Ia. É impossível não amar as
pessoas. Mas, uma coisa eu tenho certeza: amar a mim também.
T = Quem você aprendeu a amar?
E == Aquelas pessoas que eu havia deixado de amar, pelos tropeços da história:
meu pai, eu mesmo, que já não sou mais máquina, e as coisas que faço.
T = Como fazer tudo isso caber dentro de você?
E = O homem
de mim mesmo!
é maior
que sua estatura. Minha maior aprendizagem aqui
é gostar
Conclusão
O imobilismo de Estevão foi funcionalizado com a prática de estratégias de todas
as suas ações, ordenando o seu repertório comportafllental, antes mesmo que este pudesse ser executado. Os diários de registros foram importantes para a evidência desse
resultado e o conseqüente reforço da aprendizagem.
As verbalizações agressivas - "palavrões ou repertório verbal emocional agressivo" - passaram a ter o autocontrole quando Estevão passou a usar do prompt - a mão da
terapeuta em seu ombro, tão logo acontecesse a emissão de tal verbalização. O diário de
registro desse comportamento, com suas respectivas conseqüências, viabilizou a definição de um novo repertório verbal.
Quanto ao autoritarismo, Estevão passou a utilizar-se da assertividade na prática
de convenções. Passou a negociar aquelas normas ou convenções muito rígidas, sem o
uso da agressividade. E o resultado alcançado reforçou nele a capacidade de enfrentamento.
A aplicação das técnicas da terapia comportamental e cognitiva foi imprescindível
para o seu processo de aprendizagem e aquisição de um novo repertório comportamental.
Estevão, através das técnicas, aprendeu a respirar, a pensar assertivo, a agir, a sentir e a
criar, conseqüentemente, estratégias mais adaptativas para sua vida. A escrita terapêutica mostrou-se como um instrumento de muita eficácia para o alcance de eventos encobertos, especialmente cartas não-enviadas.
Ao término de três meses, Estevão estava livre da depressão, das ideações suicidas e com controle do estresse. Sabendo fazer a correlação entre o pensar, sentir e agir,
que lhe foi possibilitada pela prática do exercício do pensar, sentir e agir, de onde, segundo Estevão, foi favorecida a aquisição de sua assertividade.
178 qina No!êto
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Sobre Comportamento
e Cognição
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