Metodologia Científica - Professor Fábio Cadoso Leite - UNIGRAN
Aula 3
O objeto do conhecimento é produto da Atividade humana
e como tal – não como mero objeto da contemplação – é
conhecido pelo homem.
A. S. Vasquez
Depois de estudarmos a ciência, vamos nos aprofundar em
alguns tipos de conhecimentos: intuitivo, racional, intelectual e científico.
A nossa intenção nesta aula é aprofundar e despertar o interesse
pela ciência.
I
Gostaria-mos que cada acadêmico absorvesse o máximo que
puder, pois a disciplina de Metodologia Cientifica é umas das mais
rejeitadas pelos acadêmicos; temos que dissolver esta idéia, pois sem um
método científico não existiria a criatividade, a oportunidade e o essencial,
o Curso em que você está: Pense nisto...
A disciplina de Metodologia Científica é prática e, com isso,
deve estimular cada um a buscar uma motivação segura, para encontrar
as respostas que deseja.
Com isso, não podemos nos esquecer que somos cientistas e
que estamos buscando respostas para os problemas existentes em nossa
sociedade e em nossa área.
Quando você estiver estudando os tipos de ciência, e os demais
conteúdos da disciplina, perceberá que não é uma matéria a ser decorada,
mas sim entendida e praticada, ou seja, temos que aprender fazendo,
como sugere os conceitos mais modernos de Pedagogia.
Iniciemos com o primeiro tipo de conhecimento: o conhecimento
intuitivo.
Percebemos o surgimento desse conhecimento, a partir do
momento em que utilizamos os nossos sentidos, para percebermos as
qualidades de cada objeto de estudo. É através da nossa experimentação
que podemos sentir as diversas sensações e com isso diferir dos objetos
materiais. Só podemos sentir o conhecimento intuitivo mediante as
sensações transmitidas somente pelos nossos órgãos dos sentidos.
Leia mais em: http://fmet.terra.com.br/
paineis/bernard_charlot.pdf
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É importante ressaltar a importância deste conhecimento, pois sem ele fica difícil analisarmos os
objetos-problema, que por ventura venha até nós para tentarmos resolvê-lo.
O segundo conhecimento é o racional: nesse tipo de conhecimento podemos verificar que é
totalmente diferenciado dos demais. O conhecimento racional desenvolve-se a partir da constatação
racional, ou seja, somente através da razão que se admite a existência, a verdadeira fonte do conhecimento.
Um exemplo de conhecimento racional é o conhecimento matemático; todo o conhecimento racional
independe da experiência.
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O t e r c e i r o
conhecimento é o intelectual:
nesse conhecimento podemos
fazer a junção entre razão e a
experiência. Ou seja, para
termos como análise esse
conhecimento, devemos
primeiro passar pela experiência,
para depois a razão conceituar
o objeto.
O quarto conhecimento é o cientifico: este conhecimento tem a
pretensão de ser sistemático e de revelar aspectos da realidade. O
conhecimento científico necessita da observação, da produção de teorias
para poder explicar a observação. O conhecimento científico, só acredita
naquilo que é real. Como afirma Robert Neville,
“a investigação nunca começa no início. Não existe
problema puro, mas sim algo problemático surgindo de
inúmeras convicções relativamente estabelecidas; a
investigação encontra-se sempre no meio, corrigindo
Leia mais em: http://geocities.yahoo.com.br/
perseuscm/espiritocientifico.html
assunções e inferências prévias, harmonizando hábitos
de pensamento ao engajar a realidade com as hipóteses
testadas”.
Vejamos agora um pouco mais a respeito do conhecimento.
Texto extraído de: BARUFFI, Helder. O conhecimento. In: ______.
Metodologia da Pesquisa: orientações metodológicas para a
elaboração da monografia. Dourados-MS: HBedit, 2004. p. 15-32.
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O CONHECIMENTO
2.1 O conhecimento: relação entre um sujeito e um objeto
O conhecimento representa uma relação que se estabelece entre um sujeito que conhece e um
objeto que é conhecido. Aí reside o verdadeiro problema do conhecimento que envolve um sujeito que
está atento aos objetos e um objeto que se manifesta e se deixa conhecer1 . Nessa relação, encontram-se
(frente a frente), de um lado, a consciência cognoscente – o sujeito – e, de outro, o objeto conhecido.
Além do sujeito e do objeto, no conhecimento, há, também, o ato de conhecer, que é o processo
de interação que o sujeito efetua com o objeto, de tal forma que, por recursos variados, o sujeito vai
tentando apreender a forma de ser desse objeto. O resultado desse conhecimento é o conceito produzido,
a explicação.
Nesse contexto, o conhecimento é compreendido como a explicação produzida pelo sujeito,
por meio de um esforço metodológico de analise, sobre elementos da realidade que se manifesta ao
sujeito, desvendando a lógica do objeto.
O sujeito cognoscente tende para o objeto cognoscível. Esta tendência – a intencionalidade do
conhecimento – consiste em o sujeito sair de si para o objeto, a fim de captá-lo mediante um pensamento.
Portanto, é um processo que se manifesta de forma consciente, em que o sujeito utiliza toda sua capacidade
física e psíquica para a apreensão do objeto. É um esforço que exige não apenas a casualidade, mas o
procedimento metódico e sistemático de busca desse objeto que, em determinado momento, desvela-se
para o sujeito, mas, ao mesmo tempo, oculta-se, exigindo uma ação positiva por parte de quem quer
conhecer.
Desse modo decorre o conhecimento de um esforço de investigação, de um esforço para descobrir
aquilo que está oculto, que não está ainda inteligível. Só depois de compreendido o objeto em seu modo
de ser é que se pode dizer que ele está conhecido.
O conhecimento imediato do objeto processa-se pela provocação do fenômeno ao sujeito. É a
inquietação frente ao objeto – fatos da realidade, temas complexos, novidades que se apresentam apenas
em parte, superficialmente, teorias ou hipóteses que não respondem às experiências individuais – que
conduz e impulsiona para a investigação. O processo de conhecimento implica, sempre, um ato dinâmico
em que o sujeito e o objeto modificam-se nessa correlação. O objetivo produz uma modificação no
sujeito conhecedor e essa modificação é o pensamento.
O conhecimento, sob a ótica do sujeito, nada mais é que a modificação que o sujeito produziu
em si mesmo para apossar-se do objeto; sob a perspectiva do objeto, o conhecimento é, como já se
disse, a modificação que o objeto, ao entrar no sujeito, produziu no pensamento
Todo conhecimento é um ato individual, embora processado sempre no coletivo da história. A
célebre frase do pórtico grego: “conhece-te a ti mesmo”2 remete-nos a este tipo de conhecimento:
transformador, incomodativo, problematizador.
1 HESSEN, J. Teoria do conhecimento. 1970.
2 “Conhece-te a ti mesmo. Este é o princípio da sabedoria e a única chance de vitória que um homem tem na luta contra seu pior
inimigo: o seu orgulho.” (Frase inscrita há 2.000 anos num templo em Delfos, na Grécia e atribuída ao pensador SÓCRATES).
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2.2 Níveis de conhecimento
Existe só um nível de conhecimento? Não, não existe apenas um nível de conhecimento uma vez
que, por meio do conhecimento, o homem penetram as diversas áreas de realidade para dela tomar posse
e conhecê-la. Considerando que essa realidade possui diferentes níveis e estruturas, a sua apreensão
pode dar-se, também, em diferentes níveis.
Há muitos modos de se conhecer o mundo e esses modos dependem da atitude do sujeito frente
ao objeto de conhecimento. Por isso a existência do mito, do senso comum, do senso critico, da ciência,
da filosofia, da arte – formas de conhecimento. Cada uma, a seu modo, “[...] desvenda os segredos do
mundo, atribuindo-lhe um sentido”3 . O mito, por exemplo, proporciona um conhecimento que é mágico,
porque vincula-se ao desejo de atrair o bem e afastar o mal, dando confiança e conforto ao homem; o
senso comum é a primeira compreensão do mundo no qual estamos inseridos.
Todos nós temos experiências do mundo exterior. Somos, constantemente, provocados por
fenômenos que se nos apresentam e sobre os quais não temos, efetivamente, conhecimento de suas
causas. Os fatos e sua ordem aparente são percebidos e buscamos explicações concernentes à razão de
ser das coisas e dos homens, tudo isso obtido pelas experiências feitas ao acaso, sem método. Os
fenômenos da natureza, assim como as inquietações da vida encontram, no senso comum, sua explicação
mais próxima e imediata. É o conhecimento acumulado pelas sociedades humanas sem um esforço de
busca de coerência e organicidade das partes. É obtido casualmente, não tendo o método e uma
sistematização.
O senso comum oferece explicações imediatas aos fenômenos que se manifestam aos nossos
sentidos. Marcar-se, também, pelo conhecimento da prática utilitária, porque dá suporte ao conjunto das
ações diárias dos homens em sociedade, sem se perguntar e sem explicar em essência o que elas significam.
O conhecimento do senso comum contrapõe-se ao conhecimento cientifico ou critico, porém é
a base para este. Entre ambos há uma separação de ordem qualitativa: enquanto o senso comum é
imediato, superficial e fragmentado, o conhecimento cientifico é objetivo, quantitativo, homogêneo,
generelizador e diferenciador; pretende conhecer a essência e buscar compreensões coerentes e universais.
O conhecimento cientifico procura ultrapassar qualitativamente o senso comum, buscando
conhecer, alem da manifestação do fenômeno, suas causas e relações. Busca o conhecimento objetivo,
isto é, fundado sobre as características do objeto e, lógico, através do uso de métodos desenvolvidos
para manter a coerência interna de suas afirmações.
O conhecimento cientifico não é um saber que vem pronto e que deve ser aceito sem
questionamentos. Não é a posse de verdades imutáveis. Ao contrario, é um saber, intencionalmente
obtido, com consciência dos fins a que se propõe e dos meios para efetivá-los e visa a um saber verdadeiro
ou certo. É resultado de pesquisa sistemática e pressupõe o uso de método próprio (método científico),
instrumento de garantia e de veracidade do conhecimento e uma forma de obtenção deste conhecimento.
Enquanto no senso comum, as explicações fundam-se nas experiências pessoais, assumindo um caráter
3 ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 1992. p. 49.
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mítico-explicativo, no conhecimento científico, os conceitos explicativos são extraídos da própria realidade
pelo uso do método científico. Esses conceitos deixam de ser eventuais explicações da realidade para
assumirem a dimensão de conceitos científicos universais.
Pressupõe a explicação dos motivos de sua certeza e pretende ser um saber coerente. Se houver
alguma incompatibilidade lógica entre as idéias de um mesmo sistema científico, duvidosas se tornam às
referidas idéias, os fundamentos do sistema e até o próprio sistema. Da sistematização decorre a justificação
do saber científico.
O conhecimento científico está sempre inquieto com o desconhecido. Intencionalmente, procura
compreender esse desconhecido, buscando sua essência, o seu verdadeiro significado. Mas não basta
que um conhecimento seja verdadeiro; há necessidade de se poder alcançar a certeza de que é verdadeiro,
o que é dado pela Teoria do Conhecimento4 que pode ser definida como a investigação acerca das
condições do conhecimento verdadeiro. Dentre as principais questões tematizadas pela Teoria do
Conhecimento pode-se citar5 : as fontes primeiras de todo conhecimento; o processo que faz com que
os dados se transformem em juízos ou afirmações acerca de algo; o que se conhece; a forma como é
considerada a atividade do sujeito frente ao objeto a ser conhecido; o âmbito do que pode ser conhecido
segundo as regras da verdade.
A preocupação metodológica e acadêmica com conhecimento não se limita, pois, somente à
descrição do fenômeno ou à sua reprodução, mas, inclusive, à da própria possibilidade do conhecimento.
A superação do senso comum pelo senso crítico, produzido pelo conhecimento cientifico que
busca as explicações pelas causas, é auxiliada pelo conhecimento filosófico (atitude filosófica ou atitude
crítica de indagar sobre o por que das coisas ou fenômenos), que propõem oferecer um tipo de
conhecimento o qual busca, com rigor, a origem dos problemas, relacionando-os a outros aspectos da
vida humana.
Para Marilena Chauí6 , a atitude filosófica tem como característica o perguntar o que, como, por
que a coisa, a idéia, ou o valor é, existe, e porque é e existe como é. A filosofia é o pensamento interrogandose a si mesmo. Essa interrogação é feita através da reflexão que significa movimento de volta sobre si
mesmo ou movimento de retorno a si mesmo.
Uma das funções da filosofia é a de refletir sobre os fundamentos da ciência, discutindo a validade
de seus princípios, procedimentos de pesquisa, resultados, conclusões e a de resgatar a visão de totalidade,
quebrada pela investigação científica que estuda o fenômeno nas suas particularidades, ou em outras
palavras: “analisar as condições em que se realizam as pesquisas cientificas, investigar os fins e as prioridades
a que a ciência se propõem, bem como avaliar as conseqüências das técnicas utilizadas.”7
Quanto ao conhecimento proporcionado pela arte, ressalte-se as que ele nos dá não o
conhecimento de um objetivo, mas o de um mundo, interpretado pela sensibilidade do artista e traduzido
numa obra individual que, pelas suas qualidades estéticas, recupera o vivido e nos reaproxima do concreto.
4 HESSEN, op. cit., p. 33.
5 Por todos: SILVA, F. L. e. Teoria do conhecimento. In: CHAUÍ, M. et. al., Primeira filosofia. 1984. p. 175-196.
6 CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 1995. p. 14.
7 ARANHA; MARTINS, op. cit., p. 101.
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A obra de arte, em sua particularidade e singularidade única, oferece algo universal, a beleza, sem
necessidade de demonstrações, provas, inferências e conceitos. Distingue-se do conhecimento científico
porque não se vincula à busca de um saber verdadeiro, senão o desvelamento da beleza, expressão da
obra de arte.
2.3 A ciência
Qualquer conhecimento racional elaborado a partir da observação, do raciocínio ou da
experimentação é chamado ciência. Opõe-se principalmente à opinião ou ao conhecimento imediato. No
singular ciência designa um conjunto de conhecimentos que se refere a um domínio definido (a física, a
biologia); ou, quando se evoca a ciência, o conjunto das ciências positivas. Ciência refere-se “a um
modo e a um ideal de conhecimento”, enquanto ciências no plural, refere-se “às diferentes maneiras de
realização do ideal de cientificidade, segundo os diferentes fatos investigados e os diferentes métodos e
técnicas empregados” esclarece Marilena Chauí8.
A ciência abrange praticamente todos os campos do conhecimento humano, relacionados com
fatos ou acontecimentos e agrupados por princípios. Mesmo procurando entender a ciência por ângulos
diferentes, existe um consenso entre os pesquisadores de que a pesquisa cientifica caminha para um único
objetivo, que é a demonstração da verdade por meio da observação e da experimentação. Para que os
objetivos sejam atingidos, a ciência adota critérios metodológicos, tornando-se uma forma de conhecimento
sistemático dos fenômenos da natureza, biológicos, matemáticos, físicos, químicos e sociais, para se
chegar a um conjunto de conclusões verdadeiras, lógicas, exatas, demonstráveis pela verificação empírica.
Cada ciência tem seu objetivo, pois, “para que haja ciência, é essencial a unicidade
epistemológica, isto é, unidade de objeto”9. Logo, a ciência é um saber metodicamente produzido
(conhecimento cientifico) tendo como centro um objeto.
2.4 Pressupostos teórico-filosóficos
Diferentes enfoques teóricos orientam as pesquisas definindo procedimentos de investigação10.
Entre estes se destacam o positivismo, o estruturalismo, a fenomenologia e o marxismo.
O Positivismo: corrente filosófica surgida no século XIX com Augusto Comte. Tem suas bases
concretas e sistematizadas nos séculos XVI, XVII e XVIII com Bacon, Hobbes e Hume. Tem como
características centrais o considerar a realidade como formada por partes isoladas, fatos atômicos (atomismo
lógico de Russel e Witgenstein); o não aceitar outra realidade que não as causas dos fenômenos (porque
isso era positivo), evidenciando a distinção clara entre valor e fato; o rejeitar o conhecimento metafísico e
a afirmação da idéia de unidade metodológica.
O Estruturalismo: corrente de pensamento baseada no pressuposto metodológico de que
8 CHAUÍ, op. cit., p. 260.
9 MACHADO NETO, A. L. Compêndio de introdução à Ciência do Direito. 1969. p. 3.
10 Cf. GERALDO FILHO, I. A monografia nos cursos de graduação. 1994. p. 80.
.
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Científica - Professor
Fábio Cadoso
Leitevistas
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qualquer ciência deve optar pela observação rigorosa do maior número
possível
de fatos,
com
a
bem fundamentar suas proposições e generalizações, viabilizando, assim, a descoberta da estrutura.
O método estruturalista implica a reconstrução do objeto. Suas categorias centrais são conjuntura
e estrutura. A conjuntura, enquanto categoria, individualiza-se pela apresentação dos fatos singulares e
desorganizados. A organização obtém-se apenas em nível da estrutura e essa é construída pelo pesquisador.
É exemplo de pesquisa estruturalista a que se refere aos estudos realizados por Lévi-Strauss sobre os
tipos de parentesco. Nestes estudos, as explicações decorem de uma reconstrução em que primeiro são
coletados os dados e depois selecionados aqueles que parecem constituir uma unidade permanente.
Na investigação estruturalista as relações sociais são o universo empírico, e a estrutura é algo
que ainda não foi explicitado, ainda não está transparente. Pretende descobrir sob fatos observados a
razão oculta de sua aparência e trazer à luz essa conformação subjacente a que se pode, então, denominar
estrutura.
Deve-se salientar que, embora subjacente à organização, isto é, às relações, aos fatos, aos
dados, a estrutura ultrapassa essa organização, uma vez que faz dela uma variante cujas transformações
explica. De fato a estrutura e a um só tempo uma realidade e um instrumento intelectual, alem de ser
variável. A estrutura, que não é dada ao sujeito da situação, pode ser desvendada através da reflexão.
Para o Estruturalismo, os indivíduos que vivem em uma sociedade não têm, necessariamente,
consciência dos princípios dessa sociedade, assim como o indivíduo falante não tem, para falar, de ser
capaz de fazer a análise lingüística de seu discurso. Dessa forma as pessoas são cada vez mais figurantes
da estrutura. Mesmo nas sociedades civilizadas, apesar de o homem possuir mais informação sobre a
sociedade, ele não tem a garantia do acesso ao nível critico e a reflexão sobre a estrutura, além de não
estar afastado o risco dele (o individuo) tornar-se autômato nessa sociedade.
O Estruturalismo propõe-se a testar a razão, a largar a racionalidade para possibilitar a
compreensão do real, que pode ser articulado, aprendido pela razão, apesar de toda a sua complexidade.
A Fenomenologia: corrente do pensamento filosófico, a fenomenologia e o estudo das essências
- a essência da percepção, a essência da consciência, a essência do objeto. A fenomenologia é uma
filosofia que coloca em “suspenso” as afirmações da atitude natural para compreendê-las. Busca o descrever
e não o explicar.
O descrever e não o explicar, nem o analisar, primeira conotação que Husserl dava à
fenomenologia nascente de uma “psicologia descritiva”, ou de retornar as “coisas mesmas”
foi primeiramente o desmentido da ciência [...]. Tudo o que sei do mundo, mesmo devido
a ciência, o sei a partir de uma visão pessoal ou de uma experiência do mundo sem a qual
os símbolos da ciência nada significariam. Todo o universo da ciência é construído sobre
o mundo vivido e, se quisermos pensar na própria ciência em rigor, apreciar exatamente o
o sentido e seu alcance, convém despertarmos primeiramente esta experiência do mundo da
qual ela e a expressão segunda.11
A idéia fundamental da fenomenologia é a da noção de intencionalidade. Esta intencionalidade é a da
consciência que sempre está dirigida a um objeto que se quer conhecer. Isto tende a ratificar o princípio de que
não existe objeto sem sujeito. Objeto só é objeto quando intencionalmente apreendido pela consciência humana.
11 MERLEAU-PONTY, R. Fenomenologia da percepção. 1971. p. 5.
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Enquanto corrente de pensamento, a fenomenologia influenciou significativamente a pesquisa e,
em particular, a pesquisa nas ciências humanas e sociais, ao questionar os conhecimentos do positivismo,
elevando a importância do sujeito no processo da construção do conhecimento. Através de estudos de
sala de aula, do cotidiano, essa corrente de pensamento permitiu a discussão dos procedimentos
considerados como naturais, óbvios.
O Marxismo: corrente do pensamento fundada por Karl Marx na década de 1840. Revolucionou
o pensamento filosófico especialmente pelas conotações políticas explicitas em suas idéias. Compreende
três aspectos principais: a crítica da economia política, o materialismo histórico e o materialismo dialético.
Do ponto de vista metodológico, as contribuições de Marx concentram-se no método crítico da economia
política. Os Manuscritos Econômicos e Filosóficos de 1844 mostram à crítica a concepção de propriedade
e de Estado em Hegel e a critica dialética hegeliana.
Na obra Ideologia Alemã, Marx procura mostrar que existe uma história concreta, material,
fundada na dialética. O tempo histórico, a razão da história existe, principalmente no mundo material, mas
também no pesquisador. A lei do movimento histórico e a do movimento contraditório de superação,
através do qual o homem transforma a natureza. Na concepção marxista, o método deve sempre se
subordinar à evolução do real, subordinar o lógico ao histórico e não o contrário. O método não pode ser
compreendido de forma abstrata, teoricamente, para depois ser aplicado a todos os fenômenos
indistintamente. Por sua vez, a compreensão do processo histórico deve dar-se através da construção de
categorias que dêem conta da explicação do real.
O método adotado por Marx pode caracterizar-se por tratar do movimento, por discutir o
caráter histórico das categorias e por referir-se à aplicação do método a sociedade burguesa.
Atividades:
Depois da explanação dos vários tipos de conhecimento, gostaríamos que
cada de vocês pesquisasse sobre cada um dos conhecimentos estudados e produzisse
um texto, anexando no portfólio de vocês no ambiente de aprendizagem UNIGRAN
Virtual. Caso tenham dúvidas envie e-mail para: [email protected] .
Não é necessário que o texto seja longo (máximo 15 linhas).
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ATIVIDADES COMPLEMENTARES
De acordo com o seu interesse e disponibilidade, procure assistir aos filmes sugeridos, ler os
livros indicados e visitar os sites mencionados, pois ajudarão a estabelecer com mais profundidade a
relação da história da ciência com os desafios da pesquisa contemporânea.
Sugestão de filmes:
Greystoke – a lenda de Tarzã. Para maiores detalhes
adorocinema.cidadeinternet.com.br/ filmes/greystoke/greystoke.htm
consultar:
O menino selvagem. Para maiores detalhes consultar: http://www.zaz.com.br/cinema/drama/
selvagem.htm
Sugestão de leituras:
ALVES, Rubem. Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras. Petrópolis: Vozes,
2000.
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
Sugestão de sites:
O Conhecimento Científico. Disponível no seguinte endereço eletrônico: http://
ocanto.webcindario.com/apoio/ciencia1.htm
Filosofia Virtual. Disponível no seguinte endereço eletrônico: www.filosofiavirtual.pro.br/senso.htm
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