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©2015 Juliana Orsini da Silva
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em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a
permissão da editora e/ou autor.
S5861 Silva, Juliana Orsini da.
Professor e Livro Didático: uma Relação Pendular/Juliana Orsini da Silva
(orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2015.
272p. Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-8148-870-7
1. Livro didático 2. Análise do discurso 3. Ensino de língua estrangeira 4.
Identidade de professores de língua estrangeira. I. Silva, Juliana Orsini da.
CDD: 410
Índices para catálogo sistemático:
Livro didático
Estudo e ensino de línguas
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Foi feito Depósito Legal
371.32
418.007
Dedico este livro ao meu bem mais precioso: minha família.
Agradecimentos
Agradeço aos professores Simone Reis, Kleber Aparecido da
Silva, Viviane Cristina Vieira Sebba Ramalho, Marcos Alexandre
Nalli e Otávio Goes de Andrade, os quais incentivaram a publicação desta obra.
Sumário
Prefácio
Introdução
Capítulo I
Identidades: percurso histórico
1.1 Origem dos estudos identitários
1.2 Descentramento do sujeito moderno: bases teóricas
1.2.1 Primeiro descentramento: pensamento marxista
1.2.2 Segundo descentramento: inconsciente freudiano
1.2.3 Terceiro descentramento: pressupostos
saussureanos 1.2.4 Quarto descentramento: genealogia do sujeito
moderno e poder disciplinar foucaultiano
1.2.5 Quinto descentramento: identidades sexuais e de
gênero
1.2.6 Considerações sobre identidade na
pós-modernidade
1.3 Identidade em perspectiva discursiva
1.4 Identidades de professores Capítulo II
Livro didático
1.1 Contexto histórico da criação da imprensa
1.2 Livro didático: percurso histórico no Brasil
1.3 Programa nacional do livro didático
1.3.1 Percurso geral
1.3.2 Percurso nas línguas estrangeiras
1.4 Livro didático: perspectiva da formação de
professores Capítulo III
Análise do discurso
1.1 Bases históricas da análise do discurso francesa
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1.2 Michel Pêcheux e as três épocas da análise do discurso
francesa
1.3 Fundamentos da análise do discurso
1.4 Foucault e análise do discurso
Capítulo IV
Percurso metodológico
1.1 Descrição e interpretação
1.2 Materiais empírico e discursivo
1.3 Professores participantes da pesquisa
Capítulo V
Identidades em discurso: posições fortalecedoras do livro
didático na relação com o professor
1.1 Instrumento de compensação e controle
1.2 Propriedade material do discurso impositivo
1.3 Objeto disciplinar
Capítulo VI
Identidades em discurso: fatores enfraquecedores do livro
didático na relação com o professor
1.1 Afeto: marca indelével 1.2 Professor - profissional autônomo
Capítulo VII
Uso e ousadia de professores em suas relações com o
livro didático
1.1 Vozes dos professores em reação ao conhecimento em
construção 1.2 Discussão de resultados
1.3 Reflexões finais
1.3.1 Prospecção: contribuições para a linguística
aplicada
1.3.2 Retrospecção: pesquisadora em movimento de busca
de conhecimento
Referências
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126
141
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PREFÁCIO
Professor e Livro Didático: uma Relação Pendular são
duas posições ambivalentes em torno das quais Juliana Orsini
da Silva tece sua tese doutoral. Por meio de análise discursiva
de linha francesa, a autora baseia sua tese de identidades em (re)
construção de professores de inglês.
A tese em questão é pioneira em explorar um contexto criado institucionalmente, de forma assimétrica entre quem idealiza
o ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira e quem se
encarrega de sua operacionalização em sala de aula.
Compartilhando seus referenciais teórico-metodológico,
a autora introduz, de forma didática os conceitos chave para
a compreensão do panorama em que insere sua pesquisa, bem
como para compreensão de sua análise.
Porém, o diferencial de sua tese, em meu ponto de vista, não é
tanto a inserção de sua pesquisa no campo da Identidade de Professores de Língua Estrangeira, mas, sobretudo, a incorporação das
vozes dos professores junto aos quais Juliana gerou os dados de
sua pesquisa. Ela expõe de que maneira retorna suas análises aos
participantes da investigação e de que maneira eles reagem a esse
retorno e ao conteúdo das análises. Em se tratando de pesquisa
que utiliza a análise do discurso como método analítico, esta consideração de ordem ética constitui, sem dúvida, um divisor de águas.
Como orientadora de Juliana Orsini da Silva, junto ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, preciso
registrar que sua tese é fruto de seu árduo trabalho ao longo
de apenas três anos. Sou imensamente grata à Juliana por sua
confiança em minha orientação e por aceitar minhas limitações.
A professores, estudantes, pesquisadores, gestores e líderes
educacionais, desejo proveitosa leitura!
Simone Reis
Universidade Estadual de Londrina
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INTRODUÇÃO
A motivação para a realização desta pesquisa partiu da observação de três fatores. O primeiro, fator existencial do livro
didático, pelo grande papel que assume no contexto escolar. Ele
existe de forma massiva nas escolas e, portanto, tem um grande
papel, constituindo-se, muitas vezes, como o principal material
de leitura e escrita.
O segundo fator, o histórico, pelo fato de que, somente
em 2011, pela primeira vez, o Ministério da Educação (MEC)
subordinou a compra dos LD de inglês inscritos no Programa
Nacional do Livro Didático (PNDL) e disponibilizou o envio
às escolas públicas. Dessa forma, os livros passaram por uma
avaliação prévia e foram enviados aos professores, a fim de que
escolhessem com qual material desejariam trabalhar. Especificamente em termos de educação básica, em que a pré-existência
do LD é indicada, a chegada do LD na língua inglesa, após tantos anos, caracterizou-se como um marco histórico.
Esse acontecimento instigou-me a saber e dar a conhecer
como isso foi significado pelos professores, de língua inglesa,
especificamente com respeito ao LD, ou essa presença do LD,
de modo a materializar o terceiro fator pelo qual justifico a relevância desta investigação: o fator reflexivo.
O LD tem sido, ao longo dos anos, objeto de estudos e reflexões de pesquisadores e educadores, despertando debates e
controvérsias a respeito de seu uso.
Duas posições se fazem presentes no discurso acadêmico:
a do professor reprodutor e a do professor autônomo, instaurando-se a imagem de que o “bom” professor é aquele que não
segue fielmente o material, mas que tem autonomia em seu gerenciamento. Diante dessas condições, o LD hoje se anuncia
como um material “atualizado”, trazendo em suas capas o enunciado “de acordo com os documentos oficiais”, o qual remete
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Juliana Orsini da Silva
à memória de algo que está dentro das novas propostas para o
ensino de língua inglesa. A linha teórica que subsidiou a pesquisa
foi Análise do Discurso (AD) de linha francesa, considerando, a
partir dessa perspectiva, o sujeito professor como sujeito histórico, descentrado (dividido), concebido como o lugar social que
ocupa, incompleto, interpelado pelo inconsciente e pela ideologia. Também, estudos sobre identidade serviram de base para as
reflexões traçadas, especialmente, o pensamento de Stuart Hall
no que diz respeito ao descentramento do sujeito pós-moderno.
O sujeito professor histórico foi resgatado ou ressignificado
com base na literatura profissional da área de formação de professores. O LD, por sua vez, tomado como formação discursiva
didático-pedagógica.
Discurso, aqui, é entendido não como transmissão de informação, mas como efeito de sentido entre interlocutores, como
ação social, como um funcionamento que não é integralmente
linguístico, considerando, assim, que o contexto histórico-social,
a situação, os interlocutores, ou seja, as condições de produção
constituem o discurso.
O objeto de estudo – o discurso de professores – oferece
material importante para problematizar a relação do professor
de língua inglesa com o LD, analisando a (re)construção de identidades na relação entre ambos. O objetivo é problematizar a
relação do professor de língua inglesa com o LD, analisando, por
meio de discursos de professores, a (re)construção de identidades na relação entre ambos.
Por identidade, compartilho da visão de que ela não é fixa, estável, que já nasce com o sujeito, mas como algo que está em constante transformação, que se constrói pelos gestos, pelas palavras
e pelo olhar do outro e pelas mudanças sócio-históricas as quais
perpassam o sujeito. Ao considerá-la, dentro dessa perspectiva,
defendo que a identidade do professor também se constrói na voz
das instituições que se expressam nos discursos político-pedagógicos, nos documentos oficiais e, consequentemente, no LD.
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Professor e Livro Didático: uma Relação Pendular
Analisar discursos significa buscar compreender a maneira
como as verdades são produzidas e enunciadas. A discursividade tem uma espessura histórica. Isso quer dizer que dispensar
um olhar para o modo como os discursos dos professores de
inglês produzem sentidos na relação deles com o LD é considerar essa relação enquanto uma prática discursiva. Nessa prática,
estão imbricadas posições sujeito, memórias, questões ideológicas, de poder, que são materializadas no discurso e produzem
efeitos ao serem enunciadas dentro de um contexto, dentro de
um momento sócio-histórico. E é nessa direção que busco traçar
articulações entre a materialidade e a historicidade do enunciado.
Estudar a re(construção) das identidades de professores em
sua relação com o livro didático é buscar compreender como
o sujeito professor é constituído sócio-historicamente, de que
maneira as memórias, os discursos sobre o LD que o circundam,
constituem-no e podem afetar a sua identidade, bem como a
relação entre ambos.
Esta investigação constitui-se espaço profícuo para traçar
uma explicação, e não simplesmente aceitar discursos descritivos e
prescritivos já produzidos e cristalizados, tais como: “o professor
segue fielmente o livro didático” ou “o professor não deve seguir
o livro didático”, “o livro precisa contemplar aquilo que os documentos oficiais preveem”. De onde vêm esses discursos que estão
postos e, muitas vezes, direcionam aquilo que se sabe ou se considera sobre o LD? Eles têm uma história, há questões político-ideológicas neles imbricadas. Isso quer dizer que lançar mão da
perspectiva teórica da AD é adotar postura crítica sobre verdades
instituídas, muitas vezes naturalizadas. Isso é ter uma postura crítica frente ao objeto de trabalho investigativo, a linguagem.
O texto pretende mostrar que há relação dialética do professor com o livro didático, ou seja, os discursos dos profissionais
em foco permitem interpretar duas polaridades na relação entre
ambos. Uma que é fortalecida, que endossa o LD no que diz
respeito à sua utilização, à sua necessidade, fortalecendo a pre15
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