Revista Eletrônica Novo Enfoque, ano 2012, v. 15, edição especial, p. 20 – 22
ATIVIDADE FÍSICA E FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA DE IDOSOS: UMA
REVISÃO SISTEMÁTICA
SILVA, André Luis Moreira da 1
OLIVEIRA JUNIOR, Luiz Sérgio Gomes de1
BATISTA, Wagner Oliveira 2
PEREIRA, Fabio Dutra 3
Palavras-chave: Atividade física. Músculos respiratórios. Idoso.
Problemática
Segundo Goodpaster et al. (2006) e Simões et al. (2009), uma das inexoráveis alterações
funcionais decorrentes do envelhecimento, a sarcopenia, resultará no decréscimo da força
muscular máxima; quanto a sua extensão, já é reconhecido seu caráter generalizado, estendendose, inclusive, aos músculos respiratórios.
O acometimento desta musculatura específica merece uma maior atenção por estar
diretamente relacionado com complicações respiratórias pós-operatórias, bem como aos óbitos
de idosos submetidos a procedimentos cirúrgicos de etiologia tóraco-abdominal (BELLINETTI
& THOMSON, 2006).
Ao relacionar o exercício físico com os músculos respiratórios, seria aceitável acreditar na
existência de um treinamento indireto, isto é, não específico à referida musculatura, haja vista a
magnitude da evolução ventilatória advinda das mais diversas modalidades de atividade física
(LOPES; BRITO; PARREIRA, 2005).
Objetivo
Revisar sistematicamente os estudos que buscaram comparar a força dos músculos
respiratórios entre idosos fisicamente ativos em programas de treinamento inespecíficos à
musculatura respiratória e idosos sedentários.
Procedimentos Metodológicos
Estratégia de busca:
1. DeCS - Atividade física, músculos respiratórios e idoso.
1
Acadêmicos Bolsistas PIBIC&T/UCB (Vigência: Out/2012 a Out/2013). Grupo de Pesquisa InFocus.
2
Co-Orientador. Grupo de Pesquisa InFocus.
3
Orientador. Grupo de Pesquisa InFocus.
2. MeSH - Motor activity, respiratory muscles e elderly.
3. Bases de dados: LILACS, MEDLINE, COCHRANE, PEDro, SCIRUS e REDALYC.
Critérios de Inclusão:
1. Ser um artigo científico original, classificado como descritivo comparativo, correlacional ou
experimental.
2. Ter como variável independente a prática regular da atividade física com follow-up superior a
três meses e como a dependente a força dos músculos respiratórios.
3. Ter incluído em sua amostra idosos com idade ≥ 60 anos, não portadores de patologias.
Critérios de seleção:
1. Como instrumento de seleção à revisão sistemática, adotou-se a escala PEDro com ponto de
corte ≥5.
2. Aos estudos de tipologia não experimental admitidos nos critérios de inclusão, estes deveriam
obrigatoriamente satisfazer aos critérios 1, 10 e 11, legitimando ao menos seus potenciais de
generalização e interpretação dos resultados.
Resultados
Havia disponível nas bases de dados pesquisadas 1263 estudos, mas apenas seis foram
selecionados por atenderem totalmente aos critérios de inclusão e seleção estabelecidos.
Quadro I: Sumário dos estudos selecionados.
Estudos Selecionados
Grupos
Comparados
P-valor
Intergrupos
PImáx
P-valor
Intergrupos
PEmáx
Watsford et al. (2005)5
GMA vs. GMS
GFA vs. GFS
0.0001(2↓)*
0.0001(2↓)*
0.0001(2↑)*
0.0001(A↑ e S↓)*
Gonçalves et al. (2006)6F
GA1 vs. GS1
GA2 vs. GS2
GA3 vs. GS3
0.0001(2↓)*
0.0004(2↓)*
0.02(2↓)*
0.1969(2↓)
0.01(2↓)*
0.01(2↓)*
Cader et al. (2006)7F
GHidro vs. GS
0.11(2↓)
ÑC
8
Cader et al. (2007) F
Summerhill et al.(2007)9Ms
Freitas et al. (2010)10Ms
GHidro vs. GS
GA vs. GS
GA vs. GS
(2↓)*
0.015
(2↑)*
0.03
0.99(2↓)
ÑC
0.002(2↑)*
0.17(2↑)
– Amostra somente feminina; Ms – Amostra masculina e feminina não dicotomizada; GMA – Grupo
Masculino Fisicamente Ativo; GMS – Grupo Masculino Sedentário; GFA – Grupo Feminino Fisicamente
Ativo; GFS – Grupo Feminino Sedentário; GA1 – Grupo Fisicamente Ativo (65-69anos); GA2 – Grupo
Fisicamente Ativo (70-74anos); GA3 – Grupo Fisicamente Ativo (75-79anos); GS1 – Grupo Sedentário (6569anos); GS2 – Grupo Sedentário (70-74anos); GS3 – Grupo Sedentário (75-79anos); GHidro – Grupo
Hidroginástica; GS – Grupo Sedentário; GA – Grupo Fisicamente Ativo; vs. – Versus; (2↓) – Ambos grupos
abaixo do valor preditivo de normalidade; * – P≤0,05; (2↑) – Ambos grupos acima do valor preditivo de
normalidade; A↑ – Grupo Fisicamente Ativo acima do valor preditivo de normalidade; S↓ – Grupo Sedentário
abaixo do valor preditivo de normalidade; ÑC – variável dependente não comparada.
F
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Conclusão
A funcionalidade dos músculos respiratórios realmente está suscetível a sarcopenia
advinda da senescência, se agravando ainda mais quando associada ao sedentarismo.
Os idosos fisicamente ativos têm força dos músculos respiratórios estatisticamente superior
a dos sedentários, mas esta condição não se expressa como garantia a estes idosos apresentarem
a referida força superior ao valor mínimo preditivo de normalidade.
Referências
BELLINETTI, L.M. & Thomson, JC. Avaliação muscular respiratória nas toracotomias e
laparotomias superiores eletivas. J bras pneumol. 2006 Mar/Apr; 32(2): 99-105.
CADER, A.S.; VALE, R.G.S.; PEREIRA, F.D.; DANTAS, E.H.M. Comparação da PImáx e
da qualidade de vida entre idosas sedentárias, asiladas e praticantes de hidroginástica.
Fitness & Perfornance Journal. 2006 Mar/Abr; 5(2): 102-8.
______. Comparación de la fuerza de la musculatura inspiratória entre mujeres mayores
sedentárias y practicantes hidrogimnasia. Revista Española de Geriatria y Gerontologia. 2007
Sep; 42(5): 271-5.
FREITAS, F.S.; IBIAPINA, C.C.; ALVIM, C.G.; BRITTO, R.R.; PARREIRA, V.P. Relação
entre força de tosse e nível funcional em um grupo de idosos. Revista Brasileira de
Fisioterapia. 2010 Nov/Dez; 14(6): 470-6.
GONÇALVES, M.P.; TOMAZ, C.A.B.; CASSIMINHO, A.L.F.; DUTRA, M.F. Avaliação da
força muscular inspiratória e expiratória em idosas praticantes de atividade física e sedentárias.
Revista brasileira de ciência e movimento. 2006 Jan/Mar; 14(1): 37-44.
GOODPASTER, B.H.; PARK, S.W.; HARRIS, T.B. et al. The loss of skeletal muscle strength,
mass, and quality in older adults: the health, aging and body composition study. J Gerontol
A Biol Sci Med Sci. 2006 Oct; 61(10): 1059-64.
LOPES, R.B.; BRITO, R.R.; PARREIRA, V.F. Padrão Respiratório durante o exercício:
revisão literária. Revista brasileira de ciência e movimento. 2005 Abr/Jun; 13(2): 153-160.
SIMÕES, R.P.; CASTELLO, V.; AUAD, M.A.; DIONÍSIO, J.; MAZZONETTO, M. Prevalence
of reduced respiratory muscle strength in institutionalized elderly people. São Paulo Medical
Journal. 2009 May; 127(2): 78-83.
SUMMERHILL, E.M.; ANGOV, N.; GARBER, C.; McCOOL, F.D. Respiratory muscle
strength in the physically active elderly. Lung. 2007 Oct; 185(6): 315-20.
WATSFORD, M.L.; MURPHY, A.J.; PINE, M.J.; COUTTS, A.J. The effect of habitual
exercise on respiratory-muscle function in older adults. Journal of Aging and Physical
Activity. 2005 Jan; 13(1): 34-44.
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