Histiocitose de células de Langerhans Marilza Ferreira da Silva, Cláudio de Moura Castro, Flávia Haikal Tanus Hermolin, José Carlos Moraes, Marcia Ramos-e-Silva Ambulatório de Dermatologia Oral Serviço de Dermatologia e Curso de Pós-Graduação HUCFF-UFRJ e Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução A Histiocitose é uma doença rara que se caracteriza pela proliferação de células similares às células de Langerhans da epiderme; embora seja considerada de aparecimento mais comum na infância e na adolescência, acomete com alguma frequência os adultos, não tendo causa até hoje definida. Figura 1: Lesão ulcerada no palato duro Figura 2: Lesão ulcerada no palato duro Discussão e Conclusão História e Manifestações Clínicas Mulher de 69 anos apresenta lesão ulcerada e dolorosa no palato duro, três meses após ter se submetido à exérese de tumoração vulvar, cujo diagnóstico histopatológico foi de Histiocitose de Células de Langerhans; a investigação complementar incluiu avaliação hematológica e bioquímica normais; ultrasonografia abdominal total também normal e Raio-X de crânio onde evidenciou-se lesões osteolíticas. Realizada biópsia de mucosa oral que demostrou aspectos compatíveis com Histiocitose, idênticos aos encontrados na lesão vulvar, a imunohistoquímica foi positiva para proteína CD1a e microscopia eletrônica evidenciou grânulos de Birbeck. A paciente foi mantida em observação clínica, pois o curso da enfermidade pode ser auto-limitado com remissão espontânea da lesão, que só deve ser abordada terapeuticamente caso denote características inflamatórias, como dor e edema. Figura 3: Lesões osteolíticas em RX de crânio A Histiocitose de Células de Langerhans pode se manifestar em diferentes órgãos ou como lesão solitária; em ambos os casos o acometimento ósseo é o mais freqüente (principalmente crânio) e, havendo lesão cutânea, esta pode ser a única manifestação ou fazer parte de apresentação sistêmica da doença, caracterizando-se por pápulas de tom acastanhado e/ou amarelado por todo o corpo (mais freqüente em áreas intertriginosas) e lesões de mucosa oral nodulares e ulceradas, notadamente na região periodontal, sendo importante diagnóstico diferencial com periodontite e outras doenças sistêmicas com envolvimento periodontal (diabetes, HIV, Leucemia). A resolução do processo pode ser espontânea, com remissão das lesões até anos após seu aparecimento, ou abordada com corticóide tópico, mostarda nitrogenada, talidomida ou PUVA (para lesões disseminadas). O prognóstico é influenciado pela idade e pelo grau de envolvimento sistêmico (hipófise, medula óssea, pulmão e fígado), ausente no caso em questão. TECNOARTE (21) 2286-7657 Figuras 4 e 5: Denso infiltrado com células de citoplasma abundante e núcleo vesiculoso Figura 6: Positividade de membrana celular para Cd1a Figura 7: Células de Langerhans com núcleo irregular e grânulos de Birbeck Bibliografia 1. Muzzi L, Prato GP, Ficarra G. Langerhans cell histiocytosis diagnosed through periodontal lesion. J Periodontal 2002;73:1528-33. 2. Millán A, Bagan JU, Jiménez T, et al. Langerhans cell histiocytosis restricted to the oral mucosa. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 2001;91:76-9. E-mail: [email protected] Apoio: HUCFF-UFRJ