Claudio da Silva Carneiro
Avaliação da fadiga em pacientes com artrite psoriásica
e sua correlação com índice de qualidade de vida,
sintomas de ansiedade e depressão e atividade de doença
.
Dissertação apresentada, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre, ao
Programa de Pós-graduação em Ciências
Médicas, da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro
Orientadora: Profa. Dra. Sueli Coelho da Silva Carneiro
Rio de Janeiro
2010
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CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CB-A
C289
Carneiro, Cláudio da Silva.
Avaliação da fadiga em pacientes com artrite psoriásica e sua
correlação com índice de qualidade de vida, sintomas de ansiedade e
depressão e atividade de doença. / Cláudio da Silva Carneiro. – 2010.
99 f. : il.
Orientadora : Sueli Coelho da Silva Carneiro.
Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Faculdade de Ciências Médicas. Programa de Pós-graduação em
Ciências Médicas.
1. Artrite psoriásica - Teses. 2. Fadiga - Teses. 3. Qualidade de vida Teses. 4. Ansiedade - Teses. 5. Depressão - Teses. 6. Questionários - Teses.
I. Carneiro, Sueli Coelho da Silva. II. Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.
CDU 616.72-002
Autorizo apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial
desta dissertação, desde que citada a fonte.
_____________________________________________
Assinatura
_____________________
Data
Claudio da Silva Carneiro
Avaliação da fadiga em pacientes com artrite psoriásica
e sua correlação com índice de qualidade de vida,
sintomas de ansiedade e depressão e atividade de doença
Dissertação apresentada, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre, ao
Programa de Pós-graduação em Ciências
Médicas, da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro
Aprovado em 30 de julho de 2010.
Banca Examinadora:
___________________________________________________
Profª. Drª. Sueli Coelho da Silva Carneiro (Orientadora)
Faculdade de Ciências Médicas - UERJ
___________________________________________________
Profª.Dr.ª Luna Azulay Abulafia (Presidente)
Faculdade de Ciências Médicas - UERJ
___________________________________________________
Prof. Dr.João Carlos Macedo Fonseca
Faculdade de Ciências Médicas - UERJ
___________________________________________________
Profª. Drª. Marcia Ramos e Silva
Faculdade de Medicina - UFRJ
Rio de Janeiro
2010
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, perdidos durante esta travessia, mas que permanecem em
mim em cada momento.
Aos meus irmãos, tios, sobrinhos, primos e cunhados pela alegria que me
trazem.
Aos amigos que fazem minha vida cada vez mais suave.
À Mãe Natureza que dá múltiplas chances a cada um.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Absalom Filgueira, entusiasta da pesquisa médica e bom
conselheiro.
À professora Márcia Ramos-e-Silva, amiga, incansável no atendimento às
minhas demandas para os trabalhos de pesquisa e de produção científica.
Ao Programa de Pós-graduação em Medicina (Dermatologia) da Faculdade
de Medicina da UFRJ, que gentilmente abriu as suas portas para me receber
durante a coleta de dados.
Ao Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas da Faculdade de
Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro que me possibilitou
tornar real este sonho.
A minha orientadora que quase sempre teve paciência comigo.
À Professora Elisa Albuquerque, precisa nas suas observações, profunda no
conhecimento, complacente na cessão de informações científicas.
Ao Professor Pedro Coscarelli, que conhecemos quando brotava para o
conhecimento e agora com sua frondosa copa de sabedoria que ultrapassou a
medicina clínica, muito nos auxiliou no uso da estatística e na interpretação do
banco de dados.
Aos jovens colegas e incansáveis colaboradores Ana Luisa Sampaio, Simone
Bezerra, Mario Chaves, Gustavo Verardino e às acadêmicas Alessandra Drummond,
Carolina Portela, Simone Rennó, Marina Dias, Rachel Grynspan, Ana Paula Frade e
Ana Paula Noguère, que não mediram esforços para a compilação dos dados e a
confecção deste trabalho.
Aos professores e todos os membros dos Serviços de Dermatologia e
Reumatologia dos Hospitais Universitários Clementino Fraga Filho e Pedro Ernesto.
Às amigas e colaboradoras incansáveis Gilsara e Deise.
Aos pacientes, razão de nossos esforços e motivo de realização profissional e
pessoal.
RESUMO
CARNEIRO Claudio da Silva. Avaliação da fadiga em pacientes com artrite
psoriásica e sua correlação com índice de qualidade de vida, sintomas de ansiedade
e depressão e atividade de doença. 2010. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências
Médicas) - Faculdade de Ciências Médicas, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro, 2010.
As doenças crônico-inflamatórias são responsáveis por grande impacto na
qualidade de vida dos pacientes, causando incapacidade funcional e fadiga. Muitos
instrumentos têm sido utilizados para medir tais variáveis. A presença de
comorbidade psiquiátrica também tem papel relevante na sensação de fadiga. O
objetivo deste estudo foi verificar a prevalência da fadiga em pacientes com artrite
psoriásica dos ambulatórios de espondiloartrites do HUPE/UERJ e de doenças
cutâneo-articulares do HUCFF/UFRJ e correlacioná-la com índices de qualidade de
vida, com a capacidade funcional, com os sintomas de ansiedade e depressão e
com a atividade de doença. Estudo observacional, transversal, realizado em
pacientes ambulatoriais maiores de 18 anos com diagnóstico clínico e/ou radiológico
de artrite psoriásica. A fadiga foi avaliada pelo Fatigue Assessment of Chronic Illness
Therapy Scale (FACIT F); a qualidade de vida foi avaliada pelo Health Survey-36
(SF-36) e pelo Psoriasis Disability Index (PDI); a ansiedade e depressão pelo
Hospital Anxiety and Depression Scale (HAD); a capacidade funcional pelo Health
Assessment Questionnaire (HAQ) e a atividade de doença pelo Psoriasis Area and
Severity Index (PASI), pelo Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index
(BASDAI) e pelo Clinical Disease Activity Index (CDAI). Cento e um pacientes, 57
homens e 44 mulheres com idade média de 50,77 anos, foram avaliados e
responderam aos questionários. Destes, 48 pacientes tinham artrite periférica, 14 só
doença axial e 39 ambos. O valor médio do PDI foi 8,01; o do PASI, 9,88; o do
BASDAI, 3,59; o do HAQ, 0,85; o do HAD A, 7,39; o do HAD D, 5,93, o do FACIT F,
38,3 e o do CDAI 24,65. O FACIT_F se correlacionou significativamente com o PASI
(rs - 0,345, p<0,001), com o PDI (rs - 0,299, p<0,002); com o HAQ (rs - 0, 460) com
o HAD A (rs - 0,306), com o HAD D (rs - 0,339). Correlacionou ainda com todos os
domínios do SF-36 e com todos os domínios do FACIT IV. Não houve correlação
com o CDAI nem com o BASDAI. Houve prevalência de fadiga de moderada a
intensa em menos de vinte e cinco por cento dos pacientes com artrite psoriásica. A
fadiga parece estar mais relacionada aos aspectos emocionais e sociais da doença
do que propriamente aos aspectos inflamatórios articulares, confirmando que a
visibilidade da doença é o aspecto mais perturbador para o paciente e que a “dor da
pele” é mais intensa que a dor articular.
Palavras-chave: Psoríase/artrite. Fadiga. Qualidade de vida. Ansiedade. Depressão.
Questionários
ABSTRACT
Chronic inflammatory diseases are associated with significant psychosocial
morbidity and a decrease in health-related quality of life causing disabilities and
fatigue. Psychiatric comorbidity, often found in dermatologic patients, also plays an
important role on the impairment of quality of life and fatigue The aim of this study is
to to assess the prevalence of fatigue on patients with psoriatic arthritis of specific
ambulatories of HUCFF/UFRJ and HUPE/UERJ and to correlate it to quality of life
indices, function, anxiety and depression and activity of the disease. This is a crosssectional study performed on outpatient clinic patients older than 18 years-old. The
Fatigue Assessment of Chronic Illness Therapy Scale (FACIT F) was used to
measure the fatigue; The Health Survey-36 (SF-36) by the Psoriasis Disability Index
(PDI) to measure the quality of life; the Health Assessment Questionnaire (HAQ), to
function; the Hospital Anxiety and Depression Scale (HAD) to measure anxiety and
depression symptoms Psoriasis Area and Severity Index (PASI), the Bath Ankylosing
Spondylitis Disease Activity Index (BASDAI and Clinical Disease Activity Index
(CDAI) to evaluate the clinical activity. 101 patients (57 male and 44 female) with
mean age of 50, 77 were evaluated and answered the questionnaires. The mean PDI
score was 8.01; the PASI score, 9.88; the BASDAI score, 3.59; the HAQ score, 0.85;
the HAD A score, 7.39; the HAD D score, 5.93, the FACIT F score, 38.3 and the
CDAI, score, 2. 65. FACIT_F was statically associated with PASI (rs-0,345, p<0.001),
PDI (rs-0,299, p<0.002); HAQ (rs-0.460); HAD A (rs-0,306); HAD D (rs -0,339). There
was statistically significant correlation with all of the domains of SF-36 and FACIT IV.
There was not correlation with CDAI or BASDAI. There was a prevalence of fatigue
from moderate to intense in less than 25% of patients with psoriatic arthritis. Fatigue
seems to be more related to the emotional and social aspects of the disease rather
than to the joint inflammatory aspects proper, confirming that the disease’s visibility is
the most disturbing aspect for the patient and that “skin pain" is more intense than
the joint pain.
Keywords: Psoriasis/arthritis. Fatigue. Quality of Life. .Anxiety. Depression.
Questionnaires.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACR
American College of Rheumtology
APs
Artrite Psoriásica
BASDAI
Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index
CASPAR
ClASsification criteria for Psoriatic ARthritis
CDAI
Clinical Disease Activity Index
DAREA
Disease Activity Index for Reactive Arthritis
DAS /DAS 28
Disease Activity Score 28
DLQI
Dermatology Life Quality Index
DP
Desvio padrão
EULAR
EUropean Ligue Against Rheumatism
FACIT
Fatigue Assessment of Chronic Illness Therapy
FDA
Food and Drug Administration
GRAPPA
Group for Research and Assessment of Psoriatic Arthritis
HAD/HAD-A/HAD-D Hospital Anxiety and Depression Scale
HAQ
Health Assessment Questionnaire
HLA
Antígeno de histocompatibilidade
HUCFF
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
HUPE
Hospital Universitário Pedro Ernesto
OMERACT
Outcome Measures in Rheumatology Clinical Trials
OMS
Organização Mundial da Saúde
OPG
Osteoprotegerina
PASI
Psoriasis Area and Severity Index
PCR
Proteína C Reativa
PDI
Psoriasis Disability Index
PsARC
Psoriatic Arthritis Response Creteria
QV
Qualidade de vida
QVRS
Qualidade de vida relacionada à saúde
RANK / KANK-L
RANKL (Receptor Activator for Nuclear Factor κ B Ligand)
rs
Coeficiente de correlação de Person
SD
Standard deviation
SF-36
Short-Form 36-item Health Survey
SPI
Salford Psoriasis Index
SDAI
Simplified Disease Activity Index
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................
10
1
OBJETIVOS ..........................................................................................
14
2
REVISÃO DA LITERATURA ................................................................
15
2.1
Psoríase
.............................................................................................
15
2.1.1 Artrite psoriásica ....................................................................................
20
2.1.2 Associação entre psoríase e doenças sistêmicas..................................
22
2.1.3 Histopatologia.........................................................................................
23
2.1.4 Radiologia...............................................................................................
24
2.1.5 Predisposição genética..........................................................................
25
2.1.6 Imunopatogenia......................................................................................
26
Fadiga ...................................................................................................
29
2.2.1 Biologia da fadiga .................................................................................
30
2.2.2 Histologia do órgão efetor .....................................................................
31
2.2.3 Fisiologia do esforço .............................................................................
32
2.2.4 Aspectos neurológicos da fadiga..........................................................
34
2.2.5 Aspectos psiquiátricos da fadiga ..........................................................
35
2.2.6 Medicina interna e fadiga .....................................................................
36
2.2
2.3
Qualidade de vida .................................................................................
39
2.4
Fadiga, qualidade de vida, depressão e ansiedade e artite
40
psoriásica...............................................................................................
2.5
Instrumentos para avaliação da fadiga, da qualidade de vida e da
42
ansiedade e depressão .........................................................................
2.5.1 Fadiga .....................................................................................................
42
2.5.2 Qualidade de vida...................................................................................
43
2.5.3 Ansiedade e depressão .........................................................................
44
2.5.4 Atividade de doença...............................................................................
45
3
MÉTODOS..............................................................................................
46
3.1
Desenho do estudo ..............................................................................
46
3.2
Tamanho amostral ..............................................................................
46
3.3
Aprovação do projeto..........................................................................
46
Pacientes ..............................................................................................
46
3.4.1 Critérios de inclusão e exclusão.............................................................
47
Métodos ................................................................................................
48
3.4
3.5
3.5.1 Exames laboratoriais.............................................................................
48
3.5.2 Questionários..........................................................................................
49
3.5.3 Atividade de doença ..............................................................................
50
3.5.4 Avaliação estatística ..............................................................................
51
4
RESULTADOS........................................................................................
52
4.1
População estudada ............................................................................
52
4.2
Doença articular...................................................................................
53
4.3
Qualidade de vida, fadiga, capacidade funcional e atividade da
54
doença ...................................................................................................
4.4
Correlações ...........................................................................................
58
5
DISCUSSÃO............................................................................................
63
6
CONCLUSÕES .......................................................................................
72
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................
73
REFERÊNCIAS......................................................................................
74
ANEXO A – Ficha clínica ................................................................
87
ANEXO B – BASDAI ............................................................................
88
ANEXO C – SF-36 – (versão 1.0)............................................................
89
ANEXO D – PDI ....................................................................................
93
ANEXO E – FACIT F - (versão 4)...........................................................
94
ANEXO F – HAQ....................................................................................
96
ANEXO G – HAD....................................................................................
97
ANEXO H – Termo de consentimento livre e esclarecido.....................
99
10
INTRODUÇÃO
A Psoríase é uma doença inflamatória crônica, universal, que atinge cerca de
2% da população mundial, sendo encontrada em 2,8% da população das ilhas
Faeroe, que estão a 61º de latitude norte, passando por 2,3% da população da
Suécia, 0,97% na América do Sul, pouco freqüente entre esquimós e japoneses, até
ser doença rara no oeste africano. É recorrente, poligênica com inquestionável
predisposição genética e influenciada por fatores ambientais. A baixa insolação
favorece seu aparecimento, enquanto a alta tem efeito benéfico. Os estudos
evidenciam aumento da incidência entre parentes. Se os dois genitores forem
portadores de psoríase, a possibilidade de um filho ter a doença é maior que se
apenas um dos pais a apresentar. Os halotipos mais frequentemente vinculados à
psoríase são o HLA B13, B17 B57 e o Cw6. Os traumas, as infecções e os estresses
psíquicos atuam como fatores de gatilho, bem como algumas drogas (antimaláricos,
lítio, corticosteróides, betabloqueadores, inibidores da enzima conversora de
angiotensina e outras). Pode se iniciar em qualquer idade, desde a infância até a
oitava década de vida e se apresentar, clinicamente, com diversas formas (em
placas, pustulosa, eritrodérmica). O envolvimento articular aparece em até 40% dos
pacientes e a forma mais comum é a oligoarticular assimétrica. A doença articular
tem evolução variável, mas em 20% dos pacientes é intensa, debilitante,
incapacitante com deformidades dos membros e ou da coluna (Tagami & Aiba, 1998;
Mehlis & Gordon, 2003; Gudjonsson & Elder, 2008; Van de Kerkhof & Schelkwijk,
2008; Winchester, 2008).
A fadiga tem despertado grande interesse nos dias atuais. A fadiga aguda é
aquela que surge em indivíduo saudável praticante de esportes como corrida de
velocidade, natação de curtas distâncias, ciclismo contra o relógio etc., por consumo
exagerado de substrato energético em regime de baixa oferta de oxigênio e,
portanto baixo rendimento. Os preparadores físicos destes atletas escolhem os
geneticamente mais bem dotados (preponderância de fibras musculares do tipo II) e
lhes preparam os músculos com grandes treinamentos para aumentar a força, no
qual o músculo se hipertrofia e aumenta sua capacidade de estocar glicogênio.
Outra fadiga é a dos maratonistas, dos nadadores de resistência, dos ciclistas de
“tours” e dos trabalhadores em serviços pesados de longa jornada, onde a produção
de energia se faz de forma aeróbica, com alto rendimento e em que as condições
11
cardiorrespiratórias são fundamentais. Aqui os preparadores também escolhem os
geneticamente melhor dotados (os ricos em fibras musculares do tipo I) e fazem
adaptações exercício/dietéticas. As empresas, indústrias principalmente, do primeiro
mundo treinam seus funcionários com ginásticas e alongamentos, procurando
retardar a fadiga nas atividades de longa duração. Há fadigas das doenças crônicas,
das doenças infecciosas, das doenças psiquiátricas, das intoxicações exógenas, do
uso de produtos farmacêuticos, nas quais as manifestações podem ser agudas ou
crônicas e muitas vezes superam outras manifestações da doença de base. Além
destes casos de fadiga existem aqueles, nos quais nenhuma doença física ou
psíquica pode ser identificada, constituindo entidade nosológica atualmente
chamada síndrome da fadiga crônica, para a qual capítulos em livro texto médico
são dedicados. (Fox et al. 1991; Maughan et al. 2000a; Maughan et 2000b; Meeusen
et al. 2006)
Os sítios originais da fadiga podem ser divididos em duas áreas: uma cujos
componentes são PERIFÉRICOS e outra, onde são CENTRAIS. Os mecanismos
periféricos são bem embasados cientificamente e resultam da disfunção no processo
de contração, como dificuldades na transmissão neuromuscular. A fadiga central,
muitas vezes referida como “fatores psicológicos” possíveis de afetar negativamente
o desempenho, se baseia na impossibilidade de explicar a disfunção muscular após
a oferta adequada de combustível frente a órgão efetor íntegro. A fadiga observada
nos quadros infecciosos e nas recuperações pós-cirúrgicas ou pós-injúria ainda não
estão, perfeitamente, claras. (Meeusen et al, 2006).
As manifestações de fadiga, como observadas pela redução da habilidade de
produzir uma determinada força aparecem imediatamente após o início de atividade
intensa e quando tal atividade é sustentada, a fadiga pode persistir por dias ou
mesmo semanas. Os mecanismos responsáveis pela limitação da performance são
vários. Ao nível da célula muscular, a utilização do ATP é dramaticamente acelerada
para satisfazer a energia requerida para excitação e contração, levando à fadiga
metabólica. O glicogênio é o combustível fundamental, e haverá fadiga quando os
estoques celulares do mesmo forem exauridos. A atividade intensa pode resultar
ainda na fadiga não metabólica como conseqüência da ruptura das estruturas
internas com desorientação e dano do cito-esqueleto muscular. (Kristal-Boneth et al.
1996; Green, 1997; Batista, 1999; Rossi &Tirapegui, 1999; Reid et al. 2004)
12
Na prática clínica, a fadiga vem sendo descrita com freqüência por pacientes
com doença crônica. É o sintoma mais comumente informado por pessoas com
câncer e quase onipresente entre pacientes com outras doenças de evolução
prolongada. Pode ser influenciada por fatores como atividade da doença,
medicação, idade, sexo e duração dos sintomas. (Reid et al, 2004; Meeusen et al,
2006).
Apresenta expressão multidimensional, com influência física, emocional,
cognitiva, e até mesmo nos aspectos sociais da vida. Freqüentemente coexiste e
interage com outros fatores, incluindo perturbação do humor, anemia, infecções,
febres, dor, sono e estresse, tornando a sua avaliação complexa. Sua importância e
relação com a qualidade de vida foi pesquisada e documentada em várias doenças
como: cânceres, esclerose múltipla, lúpus eritematoso sistêmico, viroses crônicas,
incluindo AIDS, doença renal crônica, doença hepática crônica e artrite reumatóide.
(Krupp et al. 1989; Lewis & Wessely,1992; Kristal-Boneth et al. 1996; Green, 1997;
Coakley et al. 1998; Batista, 1999; Rossi &Tirapegui, 1999; Brown et al. 2000;
Ishizaki et al. 2002; Reid et al. 2004; Wolf, 2004).
A sensação de fadiga tem sido referida por muitos pacientes com artrite, mas
só recentemente foi incluído nas reuniões do OMERACT (Outcome Measures in
Rheumatology Clinical Trials), (Carr et al. 2003; Gladman et al. 2005; Gladman et al.
2007; Kirvan et al. 2005), um núcleo de estudos de medidas e modelos clínicos em
reumatologia. O GRAPPA (Group of Assesment of Psoriasis and Psoriatic Arthritis)
tem incluído a fadiga em suas recentes discussões. (Gladman et al. 2004; Mease et
al. 2005a; Mease et al. 2005b). No entanto, não se sabe a importância da fadiga na
evolução da doença que cursa com artrite e nem como mensurá-la com precisão ou
ainda quanto os tratamentos podem interferir com mesma. Para a fadiga da artrite
reumatóide alguns trabalhos sugerem fatores preditivos como sexo feminino, dor
intensa, má qualidade do sono, sedentarismo e limitações funcionais. (Huyser et al
1998). Na artrite psoriásica faltam trabalhos sobre o assunto.
A fadiga tem sido verificada por diferentes escalas de auto-avaliação que
medem diferentes aspectos da vida de relação e não há consenso sobre quais
seriam mais ou menos fidedignas. (Wolf, 2004). Assim têm sido usadas escalas de
qualidade de vida, escalas de avaliação funcional ou escalas analógicas visuais.
Uma vez que o conceito de qualidade de vida é subjetivo, são empregados
questionários que conferem objetividade à avaliação, que visa orientar a escolha do
13
tratamento, em todo o seu universo e também corresponder a todos os anseios do
paciente. Tais questionários são, geralmente, bem recebidos pelos pacientes.
(Finlay, 1997).
Em revisão recente, não foi encontrada avaliação da fadiga em artrite
psoriásica utilizando o instrumeto FACIT-IV, nem o FACIT- F, em nosso país que é
tropical, mas mesmo assim tem alta prevalência de pacientes com psoríase, dos
quais, 20 a 40% apresentam comprometimento articular, portanto, pareceu oportuna
a avaliação da fadiga em artrite psoriásica.
14
1 OBJETIVOS
1.1 Objetivo Geral
•
Estudar a fadiga na Artrite Psoriásica
1.2 Objetivos Específicos
1.
Verificar a prevalência da fadiga nos pacientes com artrite psoriásica dos
ambulatórios
de
doenças
cutâneo-articulares
do
HUCFF
e
de
espondiloartrites do HUPE, através do instrumento FACIT-F.
2.
Avaliar a atividade da doença, a qualidade de vida, a capacidade funcional e
os sintomas de depressão e ansiedade nesses mesmos pacientes.
3.
Correlacionar a fadiga, com o índice de qualidade de vida, com a
capacidade funcional, com os sintomas de ansiedade e depressão e com a
atividade de doença.
15
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Psoríase
A psoríase (Ps) é uma doença que apresenta lesões eritêmato-escamosas da
pele, de evolução crônica, resultante da velocidade aumentada do ciclo evolutivo
dos queratinócitos, enquanto na artropatia psoriásica, há proliferação dos
sinoviócitos. Tem distribuição universal, mas é rara nos negros. Atinge ambos os
sexos (1 homem:1,3 mulheres), em qualquer idade, porém é mais freqüente nas 3ª e
4ª décadas de vida. A etiopatogenia apesar dos inúmeros estudos e grandes
avanços nas diferentes áreas do conhecimento, ainda não está completamente
elucidada. A predisposição à doença parece ser geneticamente determinada, e a
ocorrência familial ocorre em torno de 30% dos casos. Alguns autores sugerem
dominância mendeliana com penetrância incompleta e variável e outros sugerem
que a herança é multifatorial com implicação de diversos genes. Há correlação com
o antígeno de histocompatibilidade (HLA), que apresenta algumas variações em
diferentes estudos populacionais. Indivíduos com alguns tipos de antígenos teriam
predisposição para a afecção, particularmente, HLA B13, B17, B27, B57, B37, B38,
B39, CW6, CW7, CW11, DR4 e DR7. O CW6 está associado a uma ligação de
desequilíbrio com B13, B17 e DR7. Entre os fatores desencadeantes da psoríase,
destacam-se os traumas e micro traumatismos cutâneos e articulares quer sejam
físicos, químicos, elétricos ou cirúrgicos; as infecções como as causados pelo HIV e
pelo estreptococcos; algumas drogas como o lítio, os antimaláricos, alguns
antiinflamatórios e os beta bloqueadores; a hipocalcemia; o estresse emocional
representado pelas perdas ou modificações na vida de relação; o fumo e o álcool
(Tagami & Aiba, 1998; Christophers & Mrowietz 2003ª; Cristophers & Mrowietz,
2003b; Van de Kerkhof, 2003; Mehlis & Gordon, 2003; Winchester, 2003).
Há trabalhos que mostram que as poliaminas, intimamente envolvidas na
síntese de DNA e na proliferação celular, encontram–se elevadas nas lesões, no
sangue, na sinovial e na urina dos doentes. Na pele e na sinovial psoriásicas há
elevados níveis de ácido araquidônico; bem como da enzima fosfolipase A2, que
aumenta os produtos do ácido liberado da membrana fosfolipídica, induzindo a
inflamação. A derme e a membrana sinovial contêm grande número de linfócitos T
16
CD4 ativados que secretam interferon gama (INFγ), fator de necrose tumoral alfa
(TNF-α), fator transformador de crescimento alfa (TGF-α) interleucina 8 (IL 8).
(LaDuca & Gaspari, 2001; King et al. 1998; Duvic & Lemak, 1998; Griffiths, 1998;
Araújo et al. 2006; Bonifati & Ameglio, 1999).
O TGF é estruturalmente homólogo ao fator de crescimento epidérmico e ao
fator de crescimento da sinovial, está envolvido na promoção da angiogênese que
estimula a proliferação de ceratinócitos e sinoviócitos, ambos aumentados na
psoríase. Outros eventos imunológicos que ocorrem na pele e na sinovial lesadas
são depósito de imunoglobulinas, de anticorpos e de frações do complemento,
demonstrados pela imunofluorescência direta. As alterações humorais encontradas
são aumento da IgA e IgG, níveis normais de IgM e negativos de IgD, complexos
imunes circulantes, aumento de proteína C reativa e de α2 macro globulina, além de
elevação dos níveis de C4 e ativação de C3, C5 e do complexo de ataque à
membrana. Quanto ao mensageiro secundário, há muitas divergências: aumento de
GMPc, diminuição de AMPc ou quebra da relação GMPc/AMPc que é reguladora do
crescimento e diferenciação celulares. As proteases que são importantes
reguladoras da proliferação celular e têm a capacidade de gerar mediadores
inflamatórios via cascata do complemento, estão aumentadas na psoríase. (Tagami
& Aiba, 1998; Mehlis & Gordon, 2003; LaDuca & Gaspari, 2001; King et al. 1998;
Duvic & Lemak, 1998; Griffiths, 1998; Araújo et al. 2006; Bonifati & Ameglio, 1999)
Em um indivíduo HLA-B27 positivo, o início da estimulação se dá com o
reconhecimento que ocorre entre o receptor antigênico de célula T da linhagem CD8
que
expressa,
apresentados
provavelmente,
pelas
estruturas
receptores αβ
da
classe
I
e os peptídeos antigênicos
do
Complexo
Principal
de
Histocompatibilidade (MHC). (Veale et al. 2005)
À medida que o processo se expande, envolvendo células T adicionais,
modulado pelos produtos bacterianos que agem como superantígenos, a resposta
imune autorreativa se estabelece. As citocinas liberadas neste processo agem sobre
os fibroblastos sinoviais, sobre os monócitos e sobre outras células do sistema
musculoesquelético da mesma forma que acontece na placa psoriásica. Três
quartos dos clones de células T na pele psoriásica ou no líquido sinovial de
pacientes com artritre psoriásica são CD4 positivas enquanto um quarto é CD8
positiva. (Winchester, 2003; Veale et al. 2005)
17
Clinicamente, a Ps se caracteriza por lesões eritêmato-escamosas de limites
precisos com escamas secas e prateadas (micácias). As lesões são simétricas, de
tamanhos variados, isoladas ou confluentes, com predileção pelo couro cabeludo,
superfícies extensoras dos membros (cotovelos, joelhos, região pré-tibial), tronco,
região sacra e nádegas, havendo, entretanto, casos de localização nas áreas
flexoras (psoríase invertida). Compromete as unhas frequentemente em número
variado com depressões puntiformes – “pitting”-, ceratose subungueal, onicólise e
descolorações. Podem-se distinguir várias formas clínicas da doença: psoríase
pustulosa generalizada (tipo Von Zumbush); pustulosa localizada (palmo-plantar,
acral); eritrodérmica, gutata, ungueal e artropática. A mais comum é a psoríase em
placas que é também chamada de psoríase vulgar. (Christophers & Mrowietz 2003;
Winchester, 2003)
A Ps é uma doença inflamatória, prevalente, crônica, recorrente, e relacionada
à transmissão genética (Elder et al, 2001). .Ocorre em aproximadamente 2% da
população mundial, mas com prevalência variável conforme a raça e localização
geográfica, desde 0,2% em japoneses, 0.97% em países sulamericanos (Kerdel,
1971) a 1,5% no Reino Unido (Gelfand et al., 2005). É mediada pelos linfócitos T e
se caracteriza por lesões eritemato-escamosas que podem comprometer apenas os
joelhos e cotovelos, mas podem envolver as faces extensoras dos membros, tronco
e couro cabeludo. Pode comprometer também as unhas e as articulações. As
apresentações cutâneas variam desde a forma crônica em placas, até a forma
eritrodérmica, passando pelas formas gutata e pustulosa. A artrite pode ser mono,
oligo ou poliarticular, aguda ou insidiosa. A tríade formada pela diferenciação
epidérmica anormal com hiperproliferação queratinocítica, a inflamação imunogênica
mediada por linfócitos T e um ambiente genético com herança poligênica promovem
as alterações que caracterizam a patogênese da psoríase.
A Ps afeta igualmente homens e mulheres e pode surgir em qualquer época da
vida, principalmente entre os 20 e 30 anos (35-55%) e entre os 50 e 60 anos de
idade (11,8% dos pacientes) (van de Kerkhof & Peter, 2003). Portanto, é uma
doença com pico de prevalência bimodal, com 75% dos pacientes desenvolvendo-a
antes dos 40 anos de idade (Henseler e Christophers, 1985; Farber & Nall, 1974).
Henseler e Christophers, 1985, analisaram 5600 pacientes norte-americanos com
psoríase e observaram que em 10% deles as primeiras lesões surgiram antes dos
10 anos, em 35% antes dos 20 anos e em 58% antes dos 30 anos de idade. Lomholt
18
(apud Farber & Nall, 1974) sugere que quanto mais cedo a psoríase surgir numa
população, mais fortes serão os fatores ambientais que precipitam a doença. Nas
Ilhas Faeroe, onde as condições climáticas são desfavoráveis, o início da doença foi
um dos mais precoces descritos na literatura: a idade média dos pacientes do sexo
masculino foi de 13 anos e do sexo feminino, 12 anos. Farber & Nall (1974)
mostraram que a história familial também se correlaciona com a idade de início da
doença, já que em 73% dos pacientes com história familial positiva a doença teve
início antes dos 30 anos. Na psoríase tipo 2, ou de início tardio, a associação com o
haplótipo é esporádica, a doença tende a ser mais limitada e com evolução mais
estável na maioria dos casos (Bowcock & Krueger, 2005).
A artrite psoriásica (APs) ocorre de 5 a 40% dos pacientes com psoríase
(Carneiro et.al. 1994a, 1994b; Christophers, 2001; Aslanian et al. 2005), e em torno
de 80% dos pacientes as lesões de pele surgem antes da artrite. A idade de início
da artrite psoriásica é em torno dos 40 anos. Pacientes com formas graves podem
manifestar a doença mais precocemente (Roberts et al. 1976). A distribuição entre
os sexos é igual, entretanto nos subtipos em que há acometimento das
interfalangeanas distais e da coluna vertebral (espondilite e sacroileíte) os homens
são mais numerosos. Por outro lado, um quadro semelhante à artrite reumatóide é
mais comum no sexo feminino (Zachariae & Zachariae, 1998).
As indicações mais persuasivas de uma ligação entre estresse e psoríase vêm
dos próprios pacientes, uma vez que 37 a 88% deles acreditam que o estresse ou as
alterações psicológicas sejam um fator para a manifestação da sua condição.
(Fortune, 2005).
Num estudo que envolveu aproximadamente 6000 pacientes na Noruega,
(Zachariae et al. 2004) encontraram que 71% dos membros das associações de
psoríase e 66% dos pacientes examinados referiram exacerbação da psoríase em
épocas de estresse. Os pacientes que se disseram “reagentes a estresse” tinham
maior probabilidade de ser do sexo feminino, ter história familial positiva, maior
gravidade da doença, e redução maior da qualidade de vida.
O sistema nervoso central exerce controle sobre o sistema imune em situações
de estresse através do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA). Há cada vez mais
evidências que corroboram a noção de que uma reatividade inapropriada do eixo
HHA em sua resposta a um estímulo pode ter impacto na resposta individual contra
doença física e estresse psicológico importante com aumentos nos números de
19
linfócitos T circulantes (CD8+/CD11b+/CD16-) células natural killers e linfócitos T
citotóxicos (Maes et al.1998).
As infecções têm sido reconhecidas em 15 a 76% dos casos como fatores
desencadeadores ou de exacerbação da psoríase (Krueger, 1984). Surto de
psoríase gutata pode ocorrer entre 1 a 2 semanas após uma infecção estreptocócica
aguda. Entre pacientes com psoríase gutata aguda, 56 a 85% têm evidência de
doença estreptocócica precedente (Gudjonsson & Elder, 2208)
A proteína M estreptocócica caracteriza-se por repetições de estruturas
espiraladas em α-hélice e vários agregados de repetições de seqüências de
aminoácidos quase idênticas. Extensa homologia de aminoácidos foi relatada entre
a proteína M e as queratinas 16 e 17 (Gudjonsson et al. 2004), que estão muito
aumentadas na placa de psoríase (Lago et al. 2007).
A infecção pelo HIV também agrava a psoríase, ainda que a freqüência da
doença não esteja aumentada nos pacientes HIV positivos (van de Kerkhof, 2003). A
dermatite psoriasiforme pode ser a primeira manifestação clínica da infecção pelo
HIV (Gudjonsson & Elder, 2208)
Várias substâncias foram incriminadas como desencadeadoras de psoríase,
em particular lítio, β-bloqueadores, antimaláricos e interferon. A retirada rápida de
corticóides pode induzir psoríase pustulosa, assim como surtos de psoríase em
placas (Gudjonsson & Elder, 2008). Há relatos esparsos de piora com
antiinflamatórios não-esteroidais, mas na maior parte dos pacientes estas drogas
possuem pequeno impacto (van de Kerkhof, 2003).
O consumo aumentado de álcool e uma incidência maior de tabagismo foram
associados com psoríase. Van de Kerkhof (2003) e Poikolainen et al. (1990)
observaram que pacientes do sexo masculino relataram maior ingesta de álcool que
os controles, antes e após o início da doença cutânea. Contudo, os mesmos autores
realizaram um estudo com pacientes do sexo feminino e não conseguiram
demonstrar que o álcool seria um fator de risco, uma vez que as pacientes não
relataram uma ingesta superior a dos controles (Poikolainen et al. 1994).
A Ps apresenta diferentes manifestações cutâneas, e, em um determinado
momento, variantes morfológicas podem coexistir em um indivíduo, mas as
características
da
placa
psoriásica
se
mantêm:
eritema,
enduração
ou
espessamento, e descamação (van de Kerkhof & Peter, 2003). As escamas são
20
prateadas ou branco-nacaradas, não-aderidas, dispostas em lâminas superpostas.
As lesões são papulosas ou eritematoescamosas bem delimitadas distribuídas
simetricamente, com seus diâmetros variando de milímetros a vários centímetros.
As alterações ungueais variam de 12% a 82% na literatura (Mallbris et al. 2005;
Carneiro et al. 2000): depressões cupuliformes (pitting), onicólise, manchas
amareladas (manchas de óleo) e ceratose subungueal. Onicodistrofias extensas e
até perda da lâmina ungueal podem ocorrer. Existe associação, de 90 a 95%, entre
artrite psoriática e psoríase ungueal. (Jong et al. 1996)
O prurido é uma queixa freqüente entre os pacientes psoriásicos. Em um
estudo realizado com 599 pacientes pelo telefone e através de questionário, o
prurido esteve presente em 55% dos entrevistados e foi fator de impacto
psicossocial e de interferência com o dia-dia em comum entre todos os pacientes
(Koo, 1996; Araújo, 2006), em estudo realizado no HUCFF da UFRJ com 61
pacientes, observou prurido moderado em 23 (37,7%) e intenso em 22 (36,07%).
O tratamento da Ps deve considerar a necessidade do uso prolongado de
medicamentos por se tratar de uma doença de evolução crônica. A abordagem
terapêutica deve ser individualizada, levando-se em consideração não somente o
tipo clínico e a extensão da doença, mas também características como idade, sexo,
ocupação, motivação pessoal e outros problemas de saúde associados. Existem
diversas opções terapêuticas para a psoríase, com variados mecanismos de ação,
podendo interferir em diferentes pontos da cadeia imunológica responsável pela
doença. O tratamento se faz pelo uso de medicações tópicas, fototerapia e drogas
de uso sistêmico.
2.1.1 Artrite psoriásica
A artrite psoriásica (APs) se apresenta com os aspectos característicos de
inflamação articular, incluindo edema, eritema e calor, em uma ou mais articulações.
Uma pesquisa feita por telefone pela National Psoriasis Foundation nos Estados
Unidos da América encontrou uma prevalência de artrite psoriásica de 0,25%. 6 a
39% dos pacientes com psoríase têm artrite (Gelfand, 2005; Myers, 2006).
Moll & Wright (1973) classificaram a APs em cinco subgrupos. A artrite
oligoarticular assimétrica é a mais freqüente (70%). Em geral, as articulações dos
dedos das mãos e dos artelhos são primeiramente envolvidas, com sinovite da
21
bainha dos tendões dos flexores e artrite dos dedos, levando ao quadro de “dedos
em salsicha”. A progressão é lenta. Quando o envolvimento é simétrico, pode ser
difícil de distinguir da artrite reumatóide, e ocorre em 15% dos casos, acometendo
articulações
maiores
como
os
joelhos
e
tornozelos,
punhos
e
as
metacarpofalangeanas. A artrite das interfalangeanas distais, a artrite mutilante e a
forma axial (espondilite e sacroileíte) correspondem a 5% dos casos cada uma. O
curso clínico é variável, desde sintomas leves que requerem apenas analgésicos e
antiinflamatórios não-hormonais até uma artrite grave mutilante. Vários padrões de
envolvimento axial podem ser identificados. Alguns casos são quase indistinguíveis
da espondilite anquilosante, com envolvimento simétrico da coluna, incluindo as
articulações sacro-ilíacas. Esses pacientes são em geral HLA B27 positivos e se
queixam de dor e rigidez na coluna. Em outro grupo, o envolvimento axial é
assimétrico e nem sempre acompanhado de sacroileíte que, quando presente, pode
acometer apenas uma articulação. Alguns pacientes têm envolvimento apenas da
coluna cervical (Blau & Kaufman, 1987). Cinco por cento de todos os pacientes
evolui com artrite erosiva. O início dos sintomas articulares é, em geral, insidioso,
mas pode ser abrupto, às vezes é precedido por trauma articular (Winchester, 2003).
Taylor et al. publicaram em 2006 o critério de classificação CASPAR: doença
articular inflamatória estabelecida e pelo menos três pontos nos critérios abaixo.
Esta clasificação tem sido utilizada nos estudos mais recentes
o Psoríase cutânea atual
2 pontos
o História de psoríase
1 ponto
o História familial de psoríase
1 ponto
o Dactilite
1 ponto
o Neoformação óssea justa-articular
1 ponto
o Fator reumatóide negativo
1 ponto
o Distrofia ungueal
1 ponto
A dactilite é um marcador clínico da Aps, ocorrendo em 16-48% dos pacientes
e quando aguda pode ter relação com a gravidade da doença, enquanto as formas
crônicas, não dolorosas e difusas têm menor significado clínico. (Gladman et al.
2007) Tenossinovites e entesites também fazem parte do quadro de artrite
psoriásica e podem ocorrer mesmo na ausência de artrite, o que pode levar à
22
confusão com fibromialgia ou lesão por esforço repetitivo (Gudjonsson & Elder,
2008; Myers, 2006).
Em 75 a 85% dos casos, as lesões de pele precedem a artrite. O início
simultâneo ocorre em apenas 10% dos casos. No restante ela surge antes das
lesões cutâneas, causando dificuldades no diagnóstico (Roberts et al. 1976). A
artrite psoriásica pode ser vista em todos os tipos de lesões de pele, entretanto há
maior freqüência e gravidade da artrite nos pacientes com as formas disseminadas.
Carneiro e colaboradores estudaram uma série de 104 pacientes com
psoríase cutânea através de avaliação clínica e radiológica, determinando a
prevalência das alterações inflamatórias e degenerativas. Concluíram que tipos
diferentes de envolvimento osteoarticular foram observados em um mesmo caso, o
que dificultou a classificação desses pacientes em um grupo particular de alterações
osteoarticulares (Carneiro et al., 1994a). Também analisaram outras variáveis nesse
grupo com conclusões relevantes (Carneiro et al., 1994b).
Entre 1998 a 2000, Carneiro e colaboradores, acrescentaram 85 novos
pacientes avaliados através de revisão de prontuário. A forma clínica mais
prevalente foi a em placas (42%), seguida da eritrodérmica (33%) e da pustulosa
(26%). A forma artropática foi encontrada em 16,5% dos pacientes. A alta
percentagem de pacientes eritrodérmicos ou com psoríase pustulosa refletiu o perfil
de pacientes atendidos em hospitais universitários. (Pinheiro et al. 2002).
Em outro trabalho publicado em 2005, Carneiro e colaboradores mostraram o
perfil de 106 pacientes acompanhados no ambulatório de dermatologia do HUCFF: a
idade média na época do diagnóstico foi de 48 anos, 82% tinham comprometimento
ungueal, 71% tinham a forma em placas, 20%, a forma eritrodérmica, 24% tiveram o
diagnóstico de artrite psoriásica, sendo os joelhos (57%) e as pequenas articulações
das mãos (56%) e pés (50%) os locais mais acometidos. Em todos os pacientes com
artrite observaram-se alterações ungueais. A psoríase pustulosa foi verificada em
41% dos pacientes com artrite e em 9% dos pacientes sem acometimento articular
(p=0,0007) (Aslanian et al. 2005).
2.1.2 Associação entre psoríase e doenças sistêmicas
Acredita-se que as doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, embolia
pulmonar, acidentes cerebrovasculares) ocorram com maior freqüência em
23
pacientes com psoríase. Em um estudo em que foram revisados os prontuários de
127.706 pacientes com psoríase leve e 3854 com psoríase grave, os autores
encontraram prevalência maior de diabetes, hipertensão, dislipidemia, obesidade e
tabagismo nos pacientes com psoríase, quando comparados com a população em
geral (Neimann, 2006).
Infiltração gordurosa, inflamação periportal e necrose focal, foram observadas
com maior freqüência nas biópsias hepáticas dos pacientes com psoríase antes do
início da terapia com metotrexato, quando comparado com os controles (Zachariae &
Sogaard, 1973; Carneiro et al. 2008). Nos pacientes com psoríase, a administração
crônica deste medicamento está associada com um risco significativo de dano
hepático, enquanto doses similares em pacientes com artrite reumatóide não
possuem o mesmo potencial hepatotóxico (van de Kerkhof, 2003).
Inflamação intestinal subclínica foi descrita em um grupo de pacientes com
artrite psoriásica (Lindqvist U, 2006)
2.1.3 Histopatologia
A epiderme evidencia hiperceratose, paraceratose, ausência da camada
granulosa e acantose regular dos cones com adelgaçamento de sua porção
suprapapilar. Esses achados ocorrem devido às alterações na diferenciação e à
grande hiperplasia epidérmica, que, na clínica, correspondem à descamação
(paraceratose) e às lesões em placas. Na derme, há um infiltrado inflamatório
mononuclear perivascular, superficial, que se estende à epiderme (onde provoca
leve espongiose), juntamente com hiperplasia e ectasia vasculares e edema nas
papilas dérmicas. Isso explica o eritema e o sangramento provocado pela curetagem
de Brocq (Ackerman, 1997; Toussaint & Kamino, 1997). A presença de neutrófilos
agregados em meio às células paraceratósicas – microabscessos de Munro – ou nas
camadas mais superiores da epiderme (camadas granulosa e espinhosa) – pústula
espongiforme de Kogoj – são verdadeiramente diagnósticos de psoríase (Toussaint
& Kamino, 1997). As papilas dérmicas tornam-se alongadas com capilares
ectasiados e tortuosos e é observado um infiltrado inflamatório perivascular
superficial, composto principalmente por linfócitos.
24
A biópsia de unha acometida pela psoríase mostra liquenificação do leito
ungueal além dos achados histopatológicos clássicos da doença, (Magalhães et al.,
2006).
As alterações histopatológicas da artite psoriásica são devidas a uma sinovite
inflamatória que é indistinguível da artite reumatóide. Na doença recente, a sinovial é
pálida com tecido de granulação edemaciado que se estende ao longo da diáfise do
osso contíguo. Posteriormente a sinóvia se torna espessada com hipertrofia dos
vilos; neste estágio as margens articulares aparecem erodidas. Com a contínua
destruição articular e reabsorção óssea, o espaço articular tende a ser substituído
por tecido fibroso denso. Há uma tendência para a anquilose óssea especialmente
das articulações interfalangeanas e punhos. A infiltração celular da sinóvia é
predominantemente linfocítica e ocorrem centros germinativos como na artrite
reumatóide. A imunoistoquímica da sinóvia mostra células plasmáticas contendo IgG
e IgA e menos freqüentemente fator reumatóide IgM e C3, que são mais
encontrados na artrite reumatóide. Há predominância de células CD4, macrófagos, e
metaloproteinases e fatores de crescimento. Há ainda alteração da remodelação
óssea. (Ruderman, 2003)
2.1.4 Radiologia
Os achados mais freqüentes na radiologia convencional são: redução do
espaço articular, erosões e proliferações ósseas, osteólise, anquilose óssea e
formação de osso novo nas ênteses. As alterações erosivas são marginais e se
tornam irregulares com a progressão da doença pela formação de osso novo
adjacente. A espondilite é vista em 25% dos pacientes, com sindesmófitos
verdadeiros ou ossificações paravertebrais assimétricas ou erosões paramarginais.
A sacroileíte com redução ou desaparecimento do espaço articular pode ser
simétrica ou assimétrica, uni ou bilateral. A imagem em ponta de lápis é a
deformidade caracterizada pela erosão da extremidade distal e a em taça invertida é
o alargamento da extremidade proximal da falange seguinte. A subluxação atlantoaxial também tem sido vista na doença (McGonagle et al. 2005; Lories et al. 2005;
Ory et al. 2005, Eshed et al. 2007).
A ressonância nuclear magnética (RNM) mostra edema ósseo (osteíte) e
edema da êntese na fase inicial. A entesite é uma combinação de erosão óssea,
25
hiperproliferação dos ligamentos e das inserções dos tendões. (McGonagle et al.
2005; Lories et al. 2005; Eshed et al. 2007).
A ultrassonografia é utilizada para avaliar o tecido sinovial, as efusões, as
erosões, as dactilites e as entesites e em conjunto com o Doppler dá a medida
qualitativa da hiperemia que é um sinal indireto de inflamação. O Doppler também
avalia a tenossinovite e a entesite. A entesite do tendão de Aquilles é melhor
identificada por ultrassonografia do que pelo exame clínico. (Ory et al. 2005)
A tomografia computadorizada é útlil para avaliar a doença axial (coluna e
sacroilíacas), mas é de pouco valor na avaliação das articulações periféricas. (Ory et
al. 2005).
2.1.5 Predisposição genética
Na história familial é possível constatar que um terço dos pacientes refere
algum parente com psoríase, principalmente quando o início ocorre precocemente
(Melski & Stern, 1981). Vários estudos reforçam esse conceito pela observação da
concordância entre gêmeos monozigóticos (55 a 70%) e dizigóticos (15 a 20%)
(Faber & Nall, 1974; Brandrup et al., 1982; Capon et al., 2004), pelo desequilíbrio de
certos haplótipos (risco relativo) e maior freqüência do polimorfismo do gene
promotor do TNF-α na artrite psoriásica (Hohler et al., 1997). O risco para artrite
psoriásica e psoríase entre parentes de primeiro grau de pacientes com artrite
psoriásica em uma coorte canadense foi de 30,4 e 7,6 respectivamente confirmando
observações prévias de alta recorrência familial de risco de artrite psoriásica (Duffin
et al, 2008). O fato de a concordância entre os gêmeos monozigóticos chegar a
apenas a 70%, e não a 100%, sugere a participação concomitante de fatores
ambientais no desencadeamento da doença (Traupe et al. 1995; Elder et al. 2001).
Assim, traumas cutâneos (fenômeno isomórfico de Koebner) ou psicológicos,
infecções bacterianas ou virais, hipocalcemia, alguns medicamentos como lítio,
cloroquina, alguns antiinflamatórios não-hormonais, alcoolismo e tabagismo podem
ser fatores agravantes ou desencadeantes da doença (Gupta et al., 1997).
Utilizando a análise genética molecular, através da técnica do genoma widescans, foram mapeados, até agora, pelo menos 7 loci de susceptibilidade para a
psoríase, designados PSORS1, PSORS2, PSORS3, PSORS4, PSORS5, PSORS 6
e PSORS7. O maior determinante está dentro da região PSORS1 contido em um
26
bloco de DNA de 200kb do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) classe
I, responsável por até 50% da contribuição genética na psoríase (Elder et al. 2001;
Capon et al. 2002; Capon et al. 2004).
A identificação de múltiplos loci indica que a psoríase é uma doença
heterogênea geneticamente e que, em alguns casos, um simples gene pode ser
suficiente para desencadear a doença. No entanto, na maioria dos pacientes sem
história familial, provavelmente múltiplos genes (herança poligênica) interagem entre
si e com diversos fatores para expressar a doença (Bowcock & Krueger, 2005).
O HLA-C há muito tempo tem sido considerado um provável gene de
susceptibilidade à psoríase. Apesar da significância e consistência dos trabalhos que
mostram a associação, não se sabe se o HLA-Cw6 participa dos processos celulares
que levam ao aparecimento da doença. (Capon et al. 2004).
2.1.6 Imunopatogenia
A psoríase é uma doença inflamatória mediada por células T (Bowcock &
Krueger, 2005), com participação da imunidade inata (Gaspari, 2006). Tem sido
carcterizada como uma doença de resposta imune tipo 1 (Th1 e Tc1) – como o
diabetes mellitus e a esclerose múltipla (Lowes, 2004), com predominância de
células T CD8+ na epiderme e células T CD4+ na derme e com produção de
citocinas do tipo 1, como o interferon-gama (IFN-γ), a interleucina 2 (IL-2) e o fator
de necrose tumoral-alfa (TNF-α) (Austin et al. 1999). Mais recentemente, com o
conhecimento da resposta Th17 e das citocinas liberadas por esta via, a psoríase
tem sido classificada como doença de resposta imune Th1 Th17 (figs. 1) onde
macrófagos ativados liberariam IL-23 que estimulariam linfócitos ativados a elicitar
uma resposta TH17com liberação de citocinas IL-17 e IL-22 que concorreriam para a
remodelação epidérmica.
A hiperplasia dos queratinócitos e as alterações na sua diferenciação podem
ser as conseqüências da atividade imune anormal, na qual as células circulantes do
sistema imune, uma vez alojadas na pele, induzem secundariamente a proliferação
dos queratinócitos e das células endoteliais. No entanto, é possível que um defeito
primário dos queratinócitos contribua para a formação da placa psoriásica após a
ativação do sistema imune. Em grande parte dos pacientes com psoríase foi
demonstrada, por exemplo, a presença de queratinócitos HLA-DR+ (human
27
leukocyte antigen) nas placas, em intensa atividade inflamatória, mas não na pele
clinicamente normal (Terui, 1987; Nickoloff et al. 2000).
Trabalhos recentes têm chamado a atenção para a importância das citocinas
IFN-gama, IL-2 e IL-18, que se correlacionariam diretamente com a gravidade clínica
e a atividade da doença, destacando o papel relevante das citocinas geradas pelo
linfócito helper Th17 (IL-6, IL-17, IL-22 e IL-23) neste contexto (Li et al., 2007; Zheng
et al. 2007).
O TNF-alfa é uma citocina predominantemente pró-inflamatória e constitui um
dos principais mediadores do desenvolvimento da resposta imunológica inata (Bos et
al. 2005). Encontra-se aumentado nas lesões de pacientes com psoríase e na
sinóvia dos pacientes com artrite psoriásica (Bonifati et al. 1994; Ritchlin et al. 1998),
porém sua fonte exata ainda permanece indeterminada. Ele pode ser produzido a
partir de uma combinação de diferentes células presentes na lesão, incluindo
queratinócitos, sinoviócitos, células dendríticas, células T, neutrófilos, monócitos,
macrófagos e células NK-T (Schottelius et al. 2004). Vários estudos mostraram
resposta clínica significativa à terapia com inibidores do TNF-alfa (Chaudhari et al.
2001; Gottlieb et al. 2003) e fisiológica, com a diminuição do número de células
natural killer no sangue periférico de pacientes com Ps (Cameron et al. 2003) e o
aumento de células NKT nas lesões de pele (Cameron et al. 2002), sugerindo
modificações na imunidade inata.
A sinovite tem sido re-examinada para melhor caracterizar o fenótipo clínico e
a estratificação do paciente. Recentemente o grupo de estudo para Critério de
Classificação de Artrite psoriásica (CASPAR) estabeleceu a necessidade de achado
de doença articular inflamatória (articulação, coluna ou entese) para o diagnóstico
(Taylor et al. 2006). A entesite e a sinovite são atualmente inflamação de um único
órgão que os autores chamam de “complexo sinóvio-enteseal” com liberação de
mediadores locais e ativação de um sistema imune inato através de ligantes
endógenos. (Mease et al. 2005)
A interação física entre a sinóvia e o tendão ocorre em 82% das localizações
das ênteses e em 47% há envolvimento da sinovia da bursa ou da bainha do tendão,
implicando na estimulação de um tecido rico em células imunocompetentes
(McGonagle, 2006; Gisondi et al. 2008).
Van Kuijk et al. 2006 realizaram análise detalhada do infiltrado celular e da
quantidade de citocinas liberadas na sinóvia de artrite psoriásica e de artrite
28
reumatóide e encontraram número similar de macrófagos e fibroblastos, assim como
de metaloproteinases e citocinas, sem, no entanto, avaliar o pannus e a doença
enteseal. A única diferença observada foi o número de células T, os linfócitos CD3
são mais freqüentes na sinóvia da artrite reumatóide.
Canete et al. 2007 examinaram a sinóvia inflamada do joelho de 27 pacientes
com artrite psoriásica procurando agregados de células T e B e neogênse linfóide
associada às quimoquinas CXCL13 e CCX21 e encontraram que 25 dos 27
pacientes tinham agregados de células B e T na sinóvia.
Analisadas juntas, a pele e as articulações na artrite psoriásica apresentam
semelhança com síndrome auto-inflamatórias tais como as síndromes periódicas
associadas a criofirinas (CAPSs), que são doenças hereditárias associadas a
mutações do mecanismo celular que regula a atividade da Caspase 1. O papel das
criofirinas é desconhecido, mas atribui-se a elas a função de receptor de
reconhecimento citoplasmático, sendo parte do sistema imune inato. As mutações
no gene CIAS1 que codifica as criofirinas causam liberação desregulada de IL-1
beta e da IL-18 (Kanazawa &Furukawa, 2007).
Prens et al. 2008 mostraram que a pele pode secretar mediadores proinflamatórios proximal ou distalmente às articulações afetadas e interromper esta
comunicação patológica pode ser um alvo terapêutico. Da mesma forma que a pele,
as articulações e estruturas adjacentes são fontes de ligantes endógenos da
imunidade inata e de mediadores solúveis da inflamação.
Doença óssea extensa, variando desde periostite, osteíte, osteólise até a
formação de osso novo é um achado característico da Aps (McGonagle, 2006).
Vandooren et al. 2008 demonstraram a expressão abundante do RANK L e da
osteoprotegerina (OPG) na sinovite da artrite psoriásica. O RANK L foi expresso
pelos sinoviócitos e linfócitos T da camada basal. No tecido inflamado encontraram
precursores de osteoclastos RANK L positivos, mas não TRAP positivos e a
expressão destes mediadores não foram diferentes entre os pacientes com
espondiloartropatias não psoriásicas, artrite psoriásica e artrite reumatóide e não se
correlacionaram com o grau de inflamação local ou sistêmica Concluíram que a
proteção relativa contra as erosões ósseas não pode ser explicada por diferenças
qualitativas ou quantitativas da expressão sinovial do RANK L, da OPG e do RANK.
29
O resultado deste estado “pró-inflamatório” reflete-se no aparecimento de
lesões eritêmato-descamativas ou pustulosas, múltiplas e disseminadas, doença
articular inflamatória, e até mesmo incapacitante.
O papel da sinóvia na artrite psoriásica não está ainda completamente
entendido, progressos recentes têm sido atingidos como resultado das novas
terapias imunomoduladoras e de novos modelos animais. A opinião corrente é de
que as alterações sinoviais da artrite psoriásica são semelhantes a da artrite
reumatóide. O complexo sinóvio-enteseal e as lesões cutâneas têm papel
preponderante na doença, onde a sinóvia parece responder a um ambiente imune
inato criado pela pele. A pele e a sinovial parecem ainda ter mecanismos patológicos
semelhantes de injúria ao tecido conjuntivo através da interação de ligantes
endógenos e ativação imune com ativação de linfócitos T e provocação de resposta
TH17.
2.2 Fadiga
No Dicionário Ilustrado da Língua Portuguesa a Fadiga s.f. é um conjunto de
manifestações produzidas por trabalho ou exercício prolongado que se caracterizam
pelo decréscimo da capacidade funcional; cansaço; esgotamento. Fis. Diminuição
gradual de qualquer característica de um sistema por ação de agente externo ao
mesmo (Houaiss, 1976). Em inglês, Fatigue - ..loss of power or capacity to respond
to stimulation. (Dorland, 1981)
Não raro lemos em periódicos “atleta se queixa de fadiga para justificar baixo
rendimento” ou “técnicos atribuem queda da marquise à fadiga do material”.
Frequentemente nossos pacientes se queixam “tenho estado tão fatigado e não
tenho razões aparentes para tanto cansaço”, ou “o pior é que esta doença me deixa
muito fatigado” (Green, 1997, Reid et al. 2004)
Nos tempos atuais quando a vida transcorre de forma mais dinâmica, com as
pessoas se movimentando mais, sendo mais exigidas quer pelo trabalho, quer pelo
esporte ou pelo lazer a sensação de fadiga por interferir com a produção, com o bem
estar e com a realização pessoal, passou a ser mais estudada. (Krystal Bonneh et al.
1996)
Certamente todos os indivíduos já estiveram fatigados, cansados por
trabalharem muito, por se exercitar em excesso ou sem razão aparente. Quando
30
alguém se sente cansado sem razão aparente e este sintoma é de alguma forma
incapacitante e se prolonga além de um determinado tempo, um profissional de
saúde deve ser consultado. Estudos revelam que a fadiga aparece em um quarto a
um quinto de todas as consultas a um clínico geral. (Kroenke et al. 1988; Kroenke,
1991)
Em 1988, Kroenke et al. e mais tarde em 1991, o mesmo Kroenke analisou
retrospectivamente a prevalência de fadiga na clínica médica. Em 1159 pacientes
que completaram o estudo 276 (24%) a queixa primária era fadiga. A prevalência foi
do sexo feminino (dois terços dos casos). Nestes estudos após descartar as causas
clínicas sabidamente causadoras de fadiga, por história, exame físico, exames
laboratoriais, um número significativo de pacientes em que nada “físico” foi
encontrado apresentavam ansiedade ou depressão, sintomas estes que foram mais
valorizados pelos pacientes que por seus médicos.
Bates, em 1999, analisou pacientes atendidos em ambulatório de clínica
médica geral. Foram identificados 995 pacientes com queixas de fadiga com
duração maior que seis meses, dos quais 85 não apresentaram nenhuma condição
clínica ou psiquiátrica após avaliação cuidadosa.
2.2.1 Biologia da fadiga
Do ponto de vista biológico, a fadiga pode se objetivar pela aparição de
alterações fisiológicas típicas, cuja sensação subjetiva é o cansaço. (Lancha, 1999)
No ser humano a fadiga é mais central que periférica e mais psicológica que
fisiológica. Quantificar estes fatos, entretanto, é muito difícil. Durante os exercícios
muito fortes, a fadiga física pode aparecer em curto espaço de tempo, enquanto
exercícios de menor intensidade podem ser prolongados antes que o esgotamento
torne nulo o trabalho muscular. O fator determinante do aparecimento da fadiga de
esforço é a atividade muscular voluntária, a qual se reduz, progressivamente por
esgotamento do substrato “nutritivo”, por acúmulo de metabólitos e por falta de
mecanismos reguladores. (O`Connor, 1997)
Fatores múltiplos aceleram a instalação da fadiga; entre estes são citados o
calor, a umidade, a altitude e o preparo muscular. Outros fatores retardam a fadiga
como o prazer, o ritmo, a motivação, o conhecimento das etapas da tarefa a ser
31
desempenhada e o preparo físico. O sexo e a idade também interferem na
instalação da fadiga. (Ishizaki et al. 2002; Mondin et al. 1973; Singh et al. 1997)
A fadiga crônica pode aparecer depois de prolongadas atividades sem
suficiente repouso para recuperação ou a sensação de cansaço sem justificativa de
exercícios físicos causadores. (O`Connor, 1997)
Pelo critério da localização, a fadiga pode ser local, quando apenas
determinado segmento do corpo está fatigado, ou geral quando todo o organismo
está envolvido. No primeiro caso, quase sempre, o fato decorre de uso excessivo
dos mecanismos de despolarização/contração envolvendo nervos e músculos.
(Puetz, 2006)
2.2.2 Histologia do órgão efetor
A estrutura do músculo estriado, voluntário, é composta de fibras largas e
finas. Cada fibra é composta por três componentes – as colunas contráteis ou
aparato miofibrilar, os espaços interfibrilares e a membrana excitável que envolve
toda a estrutura e é chamada sarcolema. Dentro do sarcolema, o aparato miofibrilar
está dividido por bandas (as linhas Z) constituindo estes segmentos; e entre as
bandas, os sarcômeros. Entre duas linhas Z, faixas claras I (isotrópicas) e escuras A
(anisotrópicas) se intercalam. A banda A é constituída de miosina principalmente,
mas também de tropomiosina e actina (que se prolongam da banda I). É a miosina
que por ser muito densa provoca grande birrefringência e, portanto, anisotropia. Na
banda I o conteúdo protéico é basicamente tropomiosina e actina que são menos
densas. Os filamentos delgados da banda I se dividem em quatro filamentos, duas
actinas e duas tropomiosinas, e atravessam de um lado através da linha Z até parte
do sarcômero adjacente e se conectam com os filamentos deste outro sarcômero.
Na outra extremidade, penetram até expressivo segmento da banda A do seu
próprio sarcômero. O espaço da banda A que não é penetrado pelos filamentos de
duas bandas I consecutivas constituem a zona H.
Dentro
do
sarcômero
os
grânulos de glicogênio aparecem disseminados no sarcoplasma entre ou dentro das
fibrilas. As proteínas mais importantes na constituição do sarcômero são: a miosina
e a actina. A miosina representa entre 50 e 55% do total da proteína miofibrilar,
tendo um componente longitudinal e outro transversal. O componente transversal
tem atividade adenosina trifosfatásica característica da miosina e dos sítios de união
32
entre esta proteína e a actina. De duzentas a quatrocentas moléculas de miosina se
agrupam e constituem filamentos longitudinais. Como já foi dito, a miosina tem a
capacidade de hidrolisar o ATP o que é acentuado pelos íons Ca++ e inibido pelos
íons Mg++ e sua ação máxima ocorre em pH 6.4, em concentrações de 0,04 M de
Ca++ e 0,15 M de ClK. A proporção entre o Mg++ e o Ca++ é também muito
importante e se for superior a 0.5 haverá uma inibição quase total da ação da
adenosina-trifosfatase. (Fox, 1991 – a e b)
A actina que constitui cerca de 20 a 25% das proteínas miofibrilares tem duas
apresentações, uma globular e outra fibrilar. Também necessita da presença de
Mg++ e Ca++. A forma fibrilar (F-actina) é a que vai da linha Z até aos limites da
zona H da banda A do seu sarcômero. (Fox et al. 1991; Maughan et al. 2000)
A tropomiosina constitui cerca de 10 a 15% das proteínas miofibrilares e
participa da banda I sendo o principal componente da linha Z. A actinomiosina é
formada pela associação entre actina e miosina, sendo uma parte de F-actina e três
partes de miosina e é a estrutura contrátil do músculo. Os filamentos finos de actina
e os grossos de miosina se unem da seguinte forma: cada filamento grosso emite
seis prolongamentos separados entre si os quais se unem a seis filamentos finos
próximos. Quando o músculo vai se contrair, os filamentos finos deslizam sobre os
filamentos grossos, estreitando a banda I, enquanto a banda A se mantém
invariável. (Fox et al. 1991; Maughan et al. 2000)
Pelo exposto, pode-se concluir que alterações nas proteínas, no sarcolema,
nas quantidades de Mg++, de Ca++, de KCl, no pH e na produção de energia
(mitocôndrias, glicogenio, fosfocreatina e ATP), interferem com a contração muscular
e portanto podem gerar fadiga. (Fox et al. 1991; Maughan et al. 2000)
2.2.3 Fisiologia do esforço
Quando se “disseca” a fadiga, vê-se que ela apresenta defeitos agrupados
em: A) uma série de alterações bioquímicas e fisiológicas com redução da
capacidade de gerar força e que se manifesta por fraqueza; B) distúrbio do
comportamento que assume a forma de redução da capacidade de trabalho ou falta
de resistência e C) sensação subjetiva de cansaço e desconforto. (Fox et al. 1991;
Batista, 1999)
33
O trabalho muscular contínuo leva à depleção do trifosfato de adenosina
muscular o qual é suprido a partir de creatinofosfato através da fosforilação do
difosfato de adenosina. Quando o glicogênio muscular é consumido, torna-se
impossível manter o exercício em nível máximo. Entretanto, continua sendo possível
manter trabalho, pois os ácidos graxos proporcionam substrato energético para os
músculos. Nos exercícios muito intensos, a quantidade de oxigênio oferecida pode
ser insuficiente para a completa oxidação da fonte energética e com isto, acúmulo de
ácido lático e outros metabólitos ajudam a reduzir a potência muscular e retardam a
recuperação da força do músculo. Em qualquer pessoa, graus extremos de esforço
muscular podem resultar em trauma das fibras musculares, aumento da
creatinoquinase e da aldolase. Entretanto estes efeitos são mais acentuados nos
portadores de doenças musculares metabólicas hereditárias. (Fox et al. 1991)
Quando um músculo é estimulado continuamente, sua resposta diminui
gradualmente até a ausência de resposta. Esta incapacidade de responder pode ser
por ausência da transmissão do estímulo do nervo para o músculo, quando, por
exemplo, excitação prolongada do nervo com freqüências altas impossibilitam-no de
transmitir o impulso ao músculo que está apto a responder - constituui-se, então, na
“fadiga de transmissão”; ou quando existe a incapacidade muscular para responder
ao estímulo que lhe chega – chamada, então de “fadiga de contração”. (Adams,
1998; Chaudhari et al. 2001)
Na fadiga de transmissão, há diminuição da acetilcolina liberada na placa
neural a cada estímulo e a resposta melhora quando a acetilcolina é fornecida. Se
estímulos nervosos em freqüência mais baixa são aplicados, a condução continuará
competente e o músculo pode não responder adequadamente, alargando o tempo
de resposta, podendo entrar em contratura mantida, quando completamente
fatigado. Neste caso, produtos, como ácido lático, se acumulam, e substâncias
energéticas, como o glicogênio, diminuem. A remoção do ácido lático ou a reposição
do glicogênio melhoram a resposta muscular. Os principais produtores de energia
para o músculo são: o glicogênio que está sob a forma de grânulos distribuídos no
sarcoplasma entre ou dentro das fibrilas. A quantidade de glicogênio se reduz muito
durante a contração, passando de 500 mg por 100g de músculo para níveis de
100mg por 100g de tecido nos casos de fadiga. E quando os níveis de glicogênio
caem muito, o músculo entra em contratura. Do metabolismo do glicogênio, ésteres
fosfóricos, ácido pirúvico e ácido lático são formados. O adenosinotrifosfato (ATP) é
34
talvez a mais importante fonte de energia e é a fonte imediata de energia para o
processo de contração muscular. A fosfocreatina é uma fonte importante de energia
e o músculo utiliza esta energia para regenerar o ATP a partir do ADP em reação
catalisada pela creatina-fosfoquinase. Enzimas e coenzimas múltiplas participam na
produção e regeneração de energia para o músculo. (Maughan et al. 2000; Green
1997; Batista 1999; Rossi et al. 1999)
Nos processos metabólicos para produção de energia, considera-se
aerobiose quando o consumo de oxigênio pelo músculo aumenta consideravelmente
de acordo com as necessidades, e anaerobiose quando o músculo se contrai na
ausência de oxigênio. Quando o músculo trabalha em regime de grande oferta de
oxigênio, o ácido pirúvico formado não evolui para ácido lático e sim se oxida
formando a acetil coenzima A que entra para o ciclo dos tricarboxílicos (ciclo de
Krebs) com alto rendimento. (Trinta e oito moles de ATP por mol de glicose). Em
anaerobiose, a glicose é “queimada” incompletamente, formando-se ácido lático,
com baixo rendimento (três moles de ATP para um mol de glicose). Nesta situação a
capacidade de contração do músculo está diminuída, pois a produção de energia por
mol de substrato é bem menor. (Maughan, 2000; Green 1997; Batista 1999; Rossi et
al. 1999)
Em relação à produção de energia, pode-se concluir que a diminuição no
glicogênio, bloqueios ou dificuldades em recompor o ATP, bloqueios enzimáticos da
creatinafosfoquinase, bloqueios da adenosinotrifosfatase, restrição de oxigênio e
outros fatores precipitam a instalação da fadiga. (Maughan, 2000; Green 1997;
Batista 1999; Rossi et.al 1999)
2.2.4 Aspectos neurológicos da fadiga
Do ponto de vista neurológico, a fadiga é estudada junto com a lassidão.
Fadiga seria desgaste, exaustão, decorrente de esforço físico ou mental. A lassidão
tem um sentido mais restrito, inclinando-se mais para falta ou capacidade de
permanecer ativo física ou mentalmente. (Adams, 1998; Chaudhari et al. 2001;
Bultmann et al. 2000)
A intolerância ao exercício (cansaço aos pequenos esforços) e a fadiga são
manifestações comuns nas doenças miopáticas, nas quais os músculos estão
primariamente enfraquecidos, como acontece na miastenia gravis, nas distrofias
35
musculares, na síndrome pós-poliomielite, em algumas doenças de armazenamento
de glicogênio e nas miopatias mitocondriais. A fadiga é queixa freqüente na
esclerose múltipla. Pacientes com doença neurológica que se caracterizam por
atividade muscular incessante como a doença de Parkinson, a atetose, a coréia de
Huntington, queixam-se de fadiga. (Krupp, 1989; Wessley, 1989)
2.2.5 Aspectos psiquiátricos da fadiga
A redução da produtividade e da capacidade de trabalho por fadiga foi
estudada por psicólogos industriais. Estes estudos demonstraram nitidamente a
importância de fatores motivacionais sobre o trabalho físico ou mental. Enfatize-se
que não se detecta fraqueza muscular verdadeira na maioria das pessoas que se
queixam de fadiga. O indivíduo fatigado não consegue lidar bem com problemas
complexos e tende a ser menos razoável no dia a dia. O trabalhador fatigado não
consegue dar o necessário apoio à família e não raro se transforma no tirano que
chega à noite para se juntar à família. Complexos de inferioridade podem aflorar. Em
ambulatório de neurologia e psiquiatria, a ansiedade e depressão é diagnóstico
freqüente nos pacientes fatigados. (Ishizaki 2002; Bultmann, 2002; Wessley, 1989)
Durante a segunda guerra mundial, a fadiga era um sintoma tão proeminente
nos combatentes que recebeu distinção nosológica e foi denominada “fadiga de
combate”. Tal denominação passou a ser aplicada aos distúrbios psiquiátricos dos
campos de batalha. Em tempos recentes, a Síndrome do Golfo Pérsico tem o
mesmo conteúdo.
Grande parte dos pacientes que buscam auxílio médico por fadiga crônica
inexplicada apresenta algum tipo de doença psiquiátrica. Os sintomas mais
freqüentes são nervosismo, irritabilidade, ansiedade, depressão, cefaléia, insônia,
tonturas, redução do apetite e da libido.
Wessley & Powell constataram que 72% dos pacientes que procuram auxílio
por fadiga crônica inexplicada receberam um diagnóstico psiquiátrico; mais
frequentemente, doença depressiva. Na fadiga de origem psiquiátrica ou onde um
diagnóstico psiquiátrico foi feito, a força muscular, as massas musculares, os
reflexos tendinosos foram normais. A fadiga é geralmente pior pela manhã ao
acordar, e caracteristicamente há distúrbio do sono que é não reparador, e melhora
com o passar do dia, chegando seu portador a ficar assintomático, muitas vezes, à
36
noite. Não raro se inicia após um trauma emocional ou físico (perdas, cirurgias,
acidentes). Entretanto, grande número de pacientes com fadiga inexplicável não
apresentam qualquer alteração psicológica ou psiquiátrica definida.
2.2.6 Medicina interna e fadiga
A fadiga pode ser aguda (menos de 1 mês) ou crônica (mais de 1 mês). Na
fadiga aguda preponderam as causas mais facilmente detectadas. (Kaplan &
Quadra, 1983)
Quase todas as doenças crônicas podem cursar com fadiga. O diagnóstico
diferencial inclui infecções, anemias, doenças neoplásicas, doenças do tecido
conectivo, endocrinopatias, doenças neurológicas, doenças renais crônicas,
doenças hepáticas crônicas, doenças metabólicas e distúrbios ionticos, distúrbios do
sono, doenças psiquiátricas e muitas outras. (Gilliland, 2006)
A fadiga nos seres humanos pode, então, ser estudada conforme sua origem.
I) Fadiga por excesso de estimulação física em trabalhos ou exercícios
extenuantes, fisiológica, por deficiência de energia.
II) Fadiga de origem psicogênica (ansiedade, depressão) (Gilliland, 2006)
III) Fadigas de origem física, não vinculadas a exercícios ou trabalhos – a
fisiopatogênese destas fadigas, exceto as de origem neuromuscular, não é bem
conhecida (Gilliland, 2006)
A) Fadiga ocasionada por processos infecciosos: Infecções virais como
mononucleose, citomegalovírus, hepatite C crônica, AIDS, infecção pelo EBV;
Infecções bacterianas como na endocardite bacteriana, pneumonias bacterianas, na
tularemia, na legionelose ou nas micobacterioses; Infecções por espiroquetas como
na doença de Lyme (Cohen, 2006; Hirsch, 2006)
B) Fadiga por doenças endócrinas ou metabólicas como no hipo ou
hipertireoidismo, no diabetes mellitus descontrolado, no pan-hipopituitarismo, doença
de Addison, hiperaldosteronismo, hipogonadismo, hiperparatiroidismo (Kaplan &
Quadra, 1983; Fischer et al. 2006)
C) Fadiga das doenças hematológicas como nas anemias, leucemias
mielóides crônicas ou agudas, linfomas, macroglobulinemia de Waldenström (Kaplan
& Quadra, 1983; Fischer et al. 2006)
37
D) Fadiga das doenças crônicas como na insuficiência renal crônica,
insuficiência cardiovascular crônica, nas doenças pulmonares crônicas, cirroses
hepáticas, doenças nutricionais crônicas, neoplasias malignas (tumores do cólon,
pacientes terminais, principalmente) (Kaplan & Quadra, 1983; Fischer et al. 2006)
E) Fadiga das doenças inflamatórias como nas doenças do tecido conjuntivo,
arterite de células gigantes, artrite reumatóide (Gupta, 1996)
F) Fadiga ocasionada por fármacos como os betabloqueadores, alguns
antivirais (abacavir, zidovudina, interferon); alguns antihipertensivos (metildopa),
barbitúricos, brometos (Fischer et al. 2006)
G) Fadiga de origem neuromuscular como nas doenças neurológicas (doença
dos neurônios superior e inferior, doenças da junção mioneural) ou nos distúrbios
eletrolíticos (hipocalemia, hipercalcemia, hipermagnesemia) (Bultmann et al. 2002;
Wessley et al. 1989)
H) Fadiga de causa desconhecida como na chamada Síndrome da Fadiga
Crônica (com critérios diagnósticos definidos pelo CDC) (Kaplan & Quadra, 1983)
A Síndrome da Fadiga Crônica é o nome atual para um distúrbio
caracterizado por fadiga grave incapacitante acompanhada de várias outras queixas
físicas, constitucionais e neurofisiológicas. No passado, os pacientes que
apresentavam esta síndrome eram considerados como portadores de afecções
como neurastenia, síndrome de esforço, brucelose crônica, neuromiastenia
epidêmica, encefalomielite miálgica, síndrome de sensibilidade química múltipla,
candidíase crônica, síndrome de fadiga pós-viral etc. Os pacientes são mais
freqüentemente do sexo feminino (2:1), têm entre 25 e 45 anos, ainda que crianças
e idosos já tenham recebido este diagnóstico. (Bennett,2007)
Os casos podem aparecer isolados ou em grupos de casos. Surtos famosos
como os do Los Angeles County Hospital (1934); Royal Free Hospital de Londres
(1955); Incline Village (Nevada em 1985) que ainda que por terem em sido surtos e,
portanto, sugerissem origem infecciosa ou ambiental, nada foi encontrado. A fadiga
crônica é muito comum e ocorre em até 20% dos pacientes atendidos em
ambulatório de clínica geral. A Síndrome de Fadiga Crônica é bem menos comum e,
nos EUA, atinge cerca de 100 a 300 indivíduos em cada 100000. (Barohn, 2007;
Bennett, 2007)
A patogenia da Síndrome de Fadiga Crônica (SFC) é controversa e as
tentativas de explicá-la passa por estados pós infecciosos, distúrbios imunológicos,
38
preocupação somática ou depressão.
Muitos estudos procuraram vinculá-la aos
vírus Epstein-Bar, retro ou enterovírus. Anticorpos com alguns destes vírus já foram
encontrados elevados nos portadores de Síndrome de Fadiga Crônica. Mas os
estudos subseqüentes não confirmaram a relação entre estes vírus e a
SFC.(Bennett, 2007)
Alguns estudos demonstraram elevações de anticorpos antinucleares,
redução de subclasses de imunoglobulinas, deficiência de proliferação linfocitária
direcionada por mitógenos. Comparação entre gêmeos monozigóticos, um
acometido
e
outro
não
acometido
não
mostrou
diferenças
imunológicas
significativas. (Bennett, 2007)
Em alguns pacientes portadores de SFC foi observada sensibilidade anormal
à posição ereta com hipotensão e síncope que sugere algum tipo de disautonomia.
(Bennett, 2007)
Perturbações do eixo hipotálamo hipofisário foram descritas em vários
estudos controlados sobre SFC com algumas evidencias de normalização quando a
fadiga cessa. Estas anormalidades neuroendócrinas contribuiriam para o humor
depressivo dos pacientes. A depressão está presente em dois terços dos pacientes.
Boa parte da depressão é reativa, mas ultrapassa a depressão encontrada em
doenças crônicas. (Kroenke, 1991; Bates, 1993; Bennett, 2007)
Alguns autores acham que a SFC é fundamentalmente um distúrbio
psiquiátrico. (Kroenke, 1991; Bates, 1993; Bennett, 2007)
A forma de início da SFC é súbita, em indivíduo previamente sadio. Um
estresse agudo, um quadro gripal símile, cefaléia, mialgias, febrícula, artralgias que
se arrastam por várias semanas podem levar o paciente ao médico. Nada “de sério”
é diagnosticado e os sintomas persistem e se associam a distúrbio do sono,
dificuldade de concentração e depressão. A maioria dos pacientes continua
desempenhando suas atividades junto à família, ao trabalho e à comunidade. Por
ausência de diagnóstico causal e de tratamento eficaz, os pacientes, após
numerosas consultas a médicos de várias especialidades, se tornam irritados.
Muitos melhoram e uma minoria se recupera totalmente. (Kroenke, 1991; Bates,
1993; Bennett, 2007)
O diagnóstico de SFC é baseado em critérios desenvolvidos por equipes
médicas como, por exemplo, os do CDC (Centers for Disease Control and
Prevention) (www.cdc.gov/cfs), que define a síndrome pela presença de:
39
1) Fadiga clinicamente avaliada, inexplicada, persistente ou recorrente que
tem início definido, não decorre de exercício contínuo, não é aliviada por descanso e
resulta em considerável redução das atividades ocupacionais, sociais ou pessoais.
2) Quatro ou mais dos seguintes sintomas que persistem ou recorrem durante
seis ou mais meses consecutivos da enfermidade e que não precede a fadiga:
- Dificuldade da memória a curto prazo ou concentração
- Dor de garganta
- Linfonodos cervicais ou axilares dolorosos
- Mialgias
- Artralgias múltiplas sem eritema ou tumefação
- Cefaléias de um padrão ou gravidades novos
- Sono não reparador
- Mal-estar pós-exercício durando 24 h ou mais.
Nenhum exame laboratorial pode diagnosticar a SFC nem avaliar sua
intensidade. Os exames sofisticados como ressonância magnética, tomografia
computadorizada de emissão de fótons únicos não ajudam no diagnóstico. Para
dificultar, com freqüência os pacientes apresentam manifestações que também
satisfazem os critérios de outros diagnósticos como fibromialgia, intestino irritável
etc. Assim sendo, é importante que outros diagnósticos sejam excluídos, o paciente
seja orientado sobre sua condição e o médico atue sobre sintomas como a cefaléia,
as dores difusas, eventual rinite e sinusite (que podem estar associadas), a
depressão, a ansiedade, medidas higienodietéticas (evitar refeições pesadas, evitar
álcool ou café à noite, pois dificultam o sono). O exercício físico deve ser feito em
esquema moderado, terapia cognitivo-comportamental (Alfari et al. 2003)
2.3 Qualidadade de vida
Os estudos de Qualidade de Vida (QV) têm sido utilizados nas áreas de
economia em saúde, pesquisa clínica, avaliação de práticas clínicas e auditoria de
serviços de saúde. (Sprangers et al., 2000)
A sua utilidade em economia em saúde reside no fato de que permite
estudar o impacto das ações médicas e a sua relação com a aplicação dos recursos.
A QV não interessa apenas aos pacientes, familiares e clínicos, mas também às
políticas de melhor alocação de recursos para pesquisa, para treinamento e para a
40
atenção à saúde, visando um melhor planejamento financeiro e distribuição de
recuroso (Sprangers et al., 2000)
Na área da pesquisa clínica, o impacto das doenças na QV dos pacientes é
cada vez mais incluído em ensaios clínicos como uma medida de resultado, além
das medidas objetivas tradicionais. Atualmente, a agência regulatória americana de
medicamentos e alimentos (FDA – Food and Drug Administration) exige que
medidas de QV sejam incluídas como um dos parâmetros de eficácia chave em
ensaios clínicos de novas drogas antineoplásicas (Naldi, 2007).
A avaliação de práticas clínicas permite confirmar que as percepções dos
médicos e dos pacientes nem sempre são as mesmas e, portanto, o processo de
tomada de decisão deve levar em consideração, sempre que possível, as
perspectivas, valores e preferências do paciente. Doenças consideradas benignas
pelo médico podem ter um efeito importante na vida do paciente e vice-versa
(Halioua et al, 2000). As medidas de QV podem também ser úteis na tomada de
decisão em relação a tratamentos caros e com potencial para efeitos colaterais
graves (Finlay, 1997; Lewis & Finlay, 2004; Feldman et al. 2005)
A evolução dos métodos de pesquisa e a introdução do conceito de Medicina
Baseada em Evidências tornaram necessária a comprovação de eficiência e a
otimização dos recursos disponíveis, não raro, escassos. Os profissionais de saúde
deveriam compreender, portanto, este conceito, pois as decisões que norteiam o
sistema e decisões médicas individuais, frente aos seus pacientes, deveriam ser
justificadas por esses parâmetros. (Feldman et al. 2005)
A avaliação de QV é necessária para medir o impacto das doenças crônicas.
Medidas
fisiológicas
dão
informações
imprescindíveis
aos
clínicos,
mas
freqüentemente se correlacionam pouco com a capacidade funcional e o bem-estar,
que são aspectos nos quais os pacientes estão mais interessados e mais
familiarizados. (Finlay, 1997; Lewis & Finlay, 2004;Feldman et al. 2005)
2.4 Fadiga, qualidade de vida, depressão e ansiedade e artrite psoriásica
As doenças com características imunes têm, com freqüência, a fadiga em seu
cortejo de sintomas. A Ps é uma das doenças dermato/reumatológicas mais comuns
e tem na sua fisipatogenia dados imunogenéticos (HLA Cw6, HLA B13, HLA B17,
B27, B57), entretanto não se encontrou na literatura estudo da incidência ou da
41
prevalência da fadiga nos pacientes com artrite psoriásica ou com psoríase.
(Gudjonsson & Elder, 2008; Winchester, 2008)
Qualidade de Vida é um conceito muito amplo que engloba saúde física,
estado psicológico, grau de independência, relacionamento social, crenças, relação
com o meio ambiente, ganho financeiro e liberdade. É por este motivo que a idéia de
“qualidade de vida relacionada à saúde” foi desenvolvida no mundo médico. Ela
corresponde a uma noção mais limitada de QV, que se refere às “dimensões” que
são específicas e diretamente relacionadas aos estados de saúde. Exclui, portanto,
os elementos como meio ambiente, ganho financeiro, crenças e liberdade. Este
conceito é freqüentemente referido na literatura médica como “qualidade de vida
relacionada à saúde”; “estado de saúde”; e “estado funcional” (Guyatt et al. 1993;
Wilson & Kaplan, 1995; Finlay, 1997)
A percepção da QV varia entre indivíduos e é dinâmica. Indivíduos com
expectativas diferentes, que apresentam quadro clínico semelhante, relatam uma
qualidade de vida diversa.
A presença de transtorno psiquiátrico nos pacientes com doenças cutâneas
ou decorrentes delas é uma realidade, e os sintomas de depressão e ansiedade são
muito freqüentes nos pacientes com psoríase e/ou artrite psoriásica, podendo
influenciar os sintomas de fadiga. (Picardi et al, 2000). A prevalência de comorbidade psiquiátrica em pacientes com doenças dermatológicas pode chegar a
25% e guarda maior correlação com o escore de qualidade de vida do que com a
gravidade clínica dada pelo médico. (Magin, et al, 2009) A presença de comorbidade psiquiátrica pode ser responsável, dentre outras coisas, por uma maior
percepção de sintomas, incluindo a fadiga. (Picardi et al, 2000). Na artrite
reumatóide (AR), por exemplo, a fadiga é um sintoma relativamente comum, sendo
descrita por aproximadamente 90% dos pacientes e para metade deles é o aspecto
mais desalentador da doença. Assim como na AR, os pacientes com artrite
psoriásica também têm decréscimo da atividade física (por dor, inflamação articular,
hipotrofia dos músculos, redução da força e da resistência muscular), redução da
auto-estima e muitas vezes depressão e redução na qualidade de vida, o que leva a
manifestações somáticas comuns, como fadiga e distúrbios do sono. Além do mais,
os pacientes com psoríase são excessivamente preocupados com sua doença,
desiludidos com o tratamento, e são pacientes com este perfil que mais reclamam de
dor, de prurido e de fadiga. (Kirby, 2001). A gravidade da psoríase costumava ser
42
avaliada somente pela extensão do acometimento cutâneo ou articular, deixando de
lado a avaliação da fadiga, da qualidade de vida e dos sintomas de ansiedade e
depressão. No entanto, a psoríase pode provocar um impacto negativo tão grande
quanto o das doenças debilitantes e ameaçadoras da vida. Estes efeitos incluem
estresse, constrangimento, estigma e desconforto físico. Com o passar do tempo há,
cada vez mais, comprometimento emocional do paciente, com prejuízo na sua
inserção social e queda da produtividade na escola ou no trabalho e diminuição da
auto-estima. A análise sistemática revelou ser a fadiga superior e diferente do
cansaço normal, e os pacientes acreditam que ela esteja ligada à atividade da
doença, pouco sono, tensão dos componentes articulares, ausência de sensação de
bem-estar, e a consideram mais importante que os sintomas articulares. (Huyser et
al. 1998; Kirby et al. 2001)
2.5 Instrumentos para avaliação da fadiga, da qualidade de vida e da
ansiedade e depressão
2.5.1 Fadiga
Wolfe foi um dos que primeiro reconheceu a importância da avaliação das
queixas de fadiga em pacientes com AR. Em 2004, ele aplicou quatro diferentes
questionários em 7760 pacientes, obtendo após 6 meses, resultados em 5155
destes. Os resultados demonstraram, mesmo em questionários simples como o BFI
(Brief Fatigue Inventory) ou a escala visual de fadiga, que eram eficazes para avaliar
as queixas de fadiga destes pacientes. Cella et al. validaram o questionário de
avaliação funcional de Fadiga (FACIT) comparando-o com outras escalas, como
MAF (MAF- Multidimensional Assesment of Fatigue), o SF-36 (Medical Outcomes
Study Short-Form 36) em 636 pacientes, durante 24 semanas, duplo cego,
randomizado em uso de anticorpo monoclonal anti-TNF alfa e placebo. Também
foram usados os critérios de resposta ao ACR 20/ 50 e 70 (American College of
Rheumatology), onde a performance psicométrica da escala FACIT-F foi comparável
a outras duas escalas de avaliação de fadiga, sendo confirmado o valor de 3-4
pontos na diferença minimamente importante numa amostra de 271 pacientes
envolvidos num estudo controlado, duplo cego, randomizado. (Green, 1997)
43
Na revisão sistemática das escalas em uso para avaliar a fadiga em AR, os
autores, utilizando 61 artigos publicados em revistas indexadas até então (abril
2007), onde foram usados 23 diferentes questionários de mensuração da fadiga em
71 ocasiões, concluíram que seis destas escalas demonstraram evidências
razoáveis para validação das queixas de fadiga. (Chauduri & Behan, 2004). A
FACIT-F, apesar de inicialmente criada para mensuração de fadiga em pacientes
com neoplasias, mostrou resultados convergentes com a atividade de doença, boa
consistência e sensibilidade para aferir variações na intensidade das queixas de
fadiga dos pacientes com AR (Chauduri & Behan, 2004)
2.5.2.Qualidade de vida
Um grande número de instrumentos, métodos e técnicas têm sido propostos
para avaliar a QV nas mais variadas doenças. A maioria deles é baseada em
questionários formados por um número variável de itens ou questões. Estes itens
são agrupados em “domínios” (também chamados de dimensões). Um domínio ou
dimensão se refere à área do comportamento ou experiência a ser medida. Os
domínios podem incluir, por exemplo, mobilidade, cuidados consigo (que podem ser
agrupados na função física), ou sintomas de depressão, ansiedade e bem-estar (que
podem ser agrupados para formar o domínio função emocional).
Os questionários podem ser aplicados diretamente pelo investigador, autoadministrados por telefone ou por via postal (Guyatt et al, 1993).
A escolha do questionário envolve diversas variáveis. Se o objetivo é a
comparação entre diferentes doenças, um questionário genérico é o mais
apropriado. Para comparar doenças cutâneas, um questionário específico para
dermatologia provavelmente permitirá uma comparação mais sensível do que
instrumentos genéricos. (Both et al., 2007)
Os questionários genéricos medem a QV fora de um contexto clínico (Halioua
et al, 2000), baseando-se em aspectos gerais de saúde e doença, classicamente
divididos nos domínios físico, psicológico e social (De Arruda & De Moraes, 2001).
Podem ser utilizados na população geral e em diversos estados patológicos, além de
permitirem a comparação entre diferentes doenças e com controles normais (Halioua
et al, 2000; Both et al., 2007). Uma característica comum é que eles avaliam
diferentes dimensões da QV, tais como saúde mental, capacidade física e dor. O
44
Short-Form 36-item Health Survey (SF-36) é considerado o melhor questionário
genérico disponível atualmente e que demonstrou ser capaz de detectar uma
redução na QV em pacientes com doenças dermatológicas (De Arruda & De Moraes,
2001). Além do SF-36, o HAQ (Health Assessment Quality) avalia a dor e a
incapacidade. Outros instrumentos genéricos disponíveis são o Sickness Impact
Profile (SIP), o Nottingham Health Profile (NHP), o Duke Health Profile e o Quality of
Well-Being Scale. (Halioua et al, 2000)
Os principais instrumentos específicos usados em dermatologia são:
Dermatology Life Quality Index (DLQI) (Finlay & Khan, 1994), Dermatology-Specific
Quality of Life (DSQL) (Anderson & Rajagopalan, 1997); Skindex (Chren et al. 1996)
e IMPACT (Wessely & Lewis, 1989). Os psoríase-específicos são: Psoriasis
Disability Index (PDI) (Finlay & Coles, 1995), um dos primeiros instrumentos
disponíveis, e psoriasis Life Stress Inventory (PLSI) (Gupta & Gupta, 1995)
2.5.3 Ansiedade e depressão
A escala HAD (Hospital Anxiety and Depression Scale) foi publicada por
Zigmond & Snaith, em 1983, como um instrumento confiável para a triagem, e não
para o diagnóstico, de casos de ansiedade e depressão clinicamente significativa em
pacientes atendidos em serviços de clínica geral. O objetivo era criar uma escala
breve e limitada aos dois aspectos mais comuns de transtornos não-psicóticos vistos
na prática hospitalar: a ansiedade e a depressão. A escala foi desenvolvida em
adultos de ambos os sexos, com idades entre 16 e 65 anos, que sofriam de uma
variedade grande de queixas e doenças. A escala consiste em sete itens referentes
à ansiedade e sete itens referentes à depressão, gerando duas sub-escalas,
respectivamente, HAD-Ansiedade (HAD-A) e HAD-Depressão (HAD-D). (Zigmond &
Snaith, 1983).
O HAD é um instrumento com boas propriedades psicométricas, incluindo
estrutura, intercorrelação entre as sub-escalas, homogeneidade e consistência
interna. A escala tem se mostrado válida como medida de rastreio em diferentes
grupos, de gênero, nível educacional e idade, com problemas somáticos ou mentais
(Mykletun et al. 2001).
Uma revisão dos estudos realizados com HAD confirmou a validade do
método em rastrear separadamente as dimensões ansiedade e depressão (Bjelland
45
et al., 2002) e o escore total do HAD também é uma medida válida do impacto
psicológico e, portanto, o HAD pode ser utilizado como uma medida de morbidade
psiquiátrica geral (Magin et al. 2008).
2.5.4 Atividade de doença
Os índices compostos ou agrupados são instrumentos úteis para a avaliação
da atividade da doença em pacientes com artrite reumatóide. Permitem a integração
de vários aspecots da doença em um único valor numérico e podem, portanto,
facilitar a consistência do atendimento e melhorar a adesão do paciente, fatores que
levam a melhores resultados terapêuticos.
O PASI – (Psoriasis Area and Severety Index) é baseado na medida das lesões
de psoríase a partir das suas quatro variávies clínicas mais importantes: área
comprometida, eritema, infiltração e descamação. Nesta escala, o corpo humano é
dividido em quatro partes: cabeça, tronco, membros superiores e inferiores,
correspondento respectivamente a 10, 30, 20 e 40% de toda asuperfície corporal. O
PASI coresponde, portanto, à somatória dos escores dos quatro segmentos. A
psoríase com PASI cima de 20 é considerada grave; de 10 a 20 é moderada e
abaixo de 10 é leve. (Fredriksson & Petterson, 1978)
O SDAI (Índice Simplifcado de Atividade de Doença) e o CDAI (Índice de
atividade Clínica da Doença) são dois instrumentos que foram desenvolvidos para
oferecer a médicos e pacientes instrumentos simples e abrangentes. O SDAI usa um
reagente de fase aguda, o PCR. O CDAI é o único índice composto que não
incorpora uma resposta de fase aguda e pode, assim, ser usado na avaliação da
atividade da doença a qualquer momento e em qualquer local. O DAS necessita do
índice de Richtie e do VHS enquanto o DAS28 também necessita do VHS e usa a
contagem simples das articulações convertida em raiz quadrada. (Alehata & Smolen,
2005)
O BASDAI é o instrumento mais utilizado mundialmente na mensuaração da
atividade das espodiloartrites. Consiste em 6 questões sobre fadiga, dor lombar, dor
articular, entesopatia e quantificação da rigidez matinal. Todas elas usam a escala
visual analógica (EVA), que varia de 0 a 10 cm. (Calin et al. 1994)
46
3 MÉTODOS
3.1 Desenho do estudo
Estudo observacional, clínico-epidemiológico, do tipo transversal (seccional).
(Klein & Block, 2003)
3.2 Tamanho amostral
O tamanho amostral foi calculado utilizando-se o Programa Epi-Info 6 (módulo
StatCalc), segundo os parâmetros: intervalo de confiança de 95%, poder do teste de
80%. Consideraram-se duas variáveis (Ho+20%, Há+ 80%). O nível de significância
adotado foi 5% (p ≤0,05).
O ambulatório de doenças cutâneo-articulares do HUCFF/UFRJ tem
aproximadamente 300 pacientes com psoríase em seu banco de dados e o
ambulatório de espondiloartrites do HUPE/UERJ tem cadastrados cerca de 150
pacientes com espondiloartrite. Os diferentes levantamentos feitos em diversos
momentos mostraram uma prevalência de artrite em 20 a 40% dos pacientes com
psoríase e de artrite psoriásica entre 10% a 15% dos pacientes com
espondiloartrites.
Considerados estes índices, o tamanho desta amostra ficou num intervalo
entre 75 e 142 pacientes.
3.3 Aprovação do projeto
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (1832CEP/HUPE) do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ e do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho (091/07-CEP/HUCFF), UFRJ, em 2007.
3.4 Pacientes
Foram avaliados 101 pacientes de ambos os sexos com idade igual ou
superior a 18 anos, com diagnóstico clínico e/ou radiológico de artrite psoriásica com
ou sem confirmação histopatológica.
47
Todos os pacientes foram provenientes do Serviço de Reumatologia
(Ambulatório de Espondiloartrites) do Hospital Universitário Pedro Ernesto da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro e do Serviço de Dermatologia
(ambulatório de doenças cutâneo-articulares) do Hospital Universitário Clementino
Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro com diagnóstico clínico e/ou
radiológico de artrite psoriásica.
Todos foram orientados em relação ao estudo, leram e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, aprovados pelos Comitês de Ética em Pesquisa
de ambos os hospitais (anexo H).
3.4.1 Critérios de inclusão e exclusão
Critérios de Inclusão
a. Pacientes de ambos os sexos
b. Idade igual ou superior a 18 anos
c. Diagnóstico clínico e/ou radiológico de artrite psoriásica com ou sem
confirmação histopatológica
d. Conhecimento e assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido
O diagnóstico clínico foi baseado no critério de classificação CASPAR 2006:
(Taylor et al., 2006): doença articular inflamatória estabelecida e pelo menos três
pontos nos seguintes critérios:
o Psoríase cutânea atual
2 pontos
o História de psoríase
1 ponto
o Historia familial de psoríase
1 ponto
o Dactilite
1 ponto
o Neoformação óssea justa-articular
1 ponto
o Fator reumatóide negativo
1 ponto
o Distrofia ungueal
1 ponto
48
Critérios de exclusão
a. Idade inferior a 18 anos
b. Paciente não colaborativo
c. Paciente analfabeto ou com dificuldade de compreensão da língua escrita
d. Pacientes com comorbidades como diabetes, insuficiência hepática ou
renal, hipotireoidismo ou insuficiência suprarrenal não tratados, com
doenças neurológicas de constante atividade muscular, com miopatias,
anemiados (hematócrito inferior a 30%), com infecções crônicas.
e. Pacientes em uso de medicamentos como diuréticos, betabloqueadores,
metildopa e barbitúricos
f. Pacientes internados ou acamados
3.5 Métodos
Os pacientes que preencheram o critéiro CASPAR foram entrevistados e
responderam aos questionários.
3.5.1 Exames laboratoriais
Exames de sangue
Hemograma, VHS, glicemia, uréia e creatinina, proteínas totais e frações
recentes (até 3 meses)
Avaliação histopatológica
A biópsia cutânea, quando realizada, foi feita com punch de seis milímetros
na borda ativa das lesões, em áreas não fotoexpostas pelo dermatologista. O
material
obtido
foi
fixado
em
formol
a
10%,
tamponado
e
processado
convencionalmente (cortes de 5 micrômetros) e submetido à coloração pela
Hematoxilina-Eosina
49
Avaliação radiológica
As radiografias, solicitadas e avaliadas pelo reumatologista, foram feitas das
mãos e pés, na incidência ântero-posterior; da coluna cervical e lombar nas
incidências ântero-posterior, perfil e oblíquas; das articulações sacro-ilíacas na
incidência de Ferguson e das articulações sintomáticas nas incidências correlatas.
3.5.2 Questionários
Os questionários utilizados encontram-se à disposição para uso e necessitam
de autorização dos autores, o que nos foi concedido por via e-mail. Foram
preenchidos após breve explicação por um dos componentes da equipe de saúde
o O SF-36 (Health Survey-36) é um questionário de saúde que já foi
validado para uso em português e para artrite reumatóide. Consiste de
8 domínios sobre vários aspectos da qualidade de vida, que não se
somam. Quanto maior o escore, melhor a qualidade de vida. (Ciconelli,
1999)
o O PDI (Psoriasis Disability Index) é doença-específico, já foi traduzido,
adaptado e validado para o português e sua utilização foi devidamente
autorizada. Consta de 15 questões e as respostas possíveis são:
muitíssimo, muito, pouco e não afeta. O mínimo é zero e o máximo é
45. (Finlay, 1997)
o O HAD (Hospital Anxiety and Depression scale) já foi traduzido e
validado para o português. É utilizado para avaliar a presença de
sintomas de ansiedade e depressão. Consiste de quatorze questões,
sendo sete relacionadas à ansiedade e sete relacionadas à depressão.
Cada questão recebe um valor de 0 a 3 e os valores individuais são
somados separadamente, dando origem à sub-escala de ansiedade
(HADa) e a uma sub-escala de depressão (HADd). (Zigmond & Snaith,
1983
o FACIT - Fatigue Assessment of Chronic Illness Therapy. Escala de
avaliação de qualidade de vida administrada em doenças crônicas e
que está disponível em português. Foi solicitada e obtida a autorização
50
através do site www.facit.org. A escala é composta de quatro domínios
com 40 questões, sendo 7 (sete) sobre bem-estar físico, 7 (sete) sobre
bem-estar sócio-familiar, 6 (seis) sobre bem-estar emocional, 7 (sete)
sobre bem-estar funcional. (Webster et al, 2003), além da subescala do
FACIT-F.
o FACIT-F composto de treze questões sobre fadiga. Quanto maior o
escore, menor a fadiga. (Webster et al, 2003)
o HAQ (Health Assessment Questionnaire) – Escala de avaliação da
capacidade funcional, validada para o idioma português e para artrite
reumatóide. Consiste na aplicação de 20 questões divididas em oito
domínios. Quanto menor o escore, melhor a capacidade funcional.
(Ferraz et al, 1990)
3.5.3 Atividade de doença
o PASI – (Psoriasis Area and Severety Index), que como vimos é baseado
na medida das lesões de psoríase a partir das suas quatro variávies clínicas
mais importantes: área comprometida, eritema, infiltração e descamação.
Nesta escala o corpo humano é dividido em quatro partes: cabeça, tronco,
membros superiores e inferiores, correspondento respectivamente a 10, 30,
20 e 40% de toda a superfície corporal. O PASI corresponde, portanto, à
somatória dos escores dos quatro segmentos. A psoríase com PASI acima de
20 é considerada grave, de 10 a 20, moderada e abaixo de 10, leve.
(Fredriksson & Petterson, 1978)
o BASDAI – (Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index). É um índice
combinado que avalia em uma escala de 0 a 10: fadiga, dor axial,
comprometimento articular periférico, entesopatia, rigidez matinal, duração da
rigidez matinal. O = sem atividade; 10 = atividade máxima. (Calin et al, 1994)
o CDAI - (Índice de Atividade Clínica da Doença) que é composto pela
contagem simples do número de articulações edemaciadas e de articulações
dolorosas que vai de 0 a 28, atividade global da doença segundo o paciente e
segundo o médico pela escala visual em cm (0 a 10). Tem pontuação
51
imediata e o cálculo simples é possivel. Varia de 0,1 a 86,0. Como na artrite
psoriásica, a velocidade de hemossedimentação das hemácias (VHS) e a
PCR não apresentam, comumente, valores que se correlacionem com a
intensidade do comprometimento articular, considerou-se o melhor índice
para avaliar a atividade da doença artrite psoriásica. (Alehata & Simolen,
2005)
3.5.4 Avaliação estatística
As tabelas 2X2 foram analisadas com o teste exato de Fisher. Nas demais
tabelas de contigência, utilizamos o teste do χ2.
Nas análises de correlação utilizamos o coeficiente de correlação r de
Pearson, sendo fornecidos os coeficientes r ajustados.
O nível de significância estatística foi definido em 0,05. As análises devem ser
avaliadas considerando que houve realização de múltiplos testes de hipótese
durante a monografia, aumentando a probabilidade de erros do tipo I (erros α). Para
dimensionar mais adequadamente o nível de significância às múltiplas análises,
seria necessário introduzir correções para o nível de significância (como a correção
de Bonferroni). Por outro lado, essas correções podem levar a uma quantidade
excessiva de erros do tipo II (erros β). Sendo assim, optamos por discriminar o pvalor exato para que possam ser interpretados sob as diversas ópticas, levando em
conta todos os possíveis vieses introduzidos pelas múltiplas análises.
Todas as análises foram realizadas utilizando o software R, versão 2.11,
gratuito e de código-fonte aberto. Está à disposição de todos os scripts utilizados
nas análises.
52
4 RESULTADOS
4.1 População estudada
De um universo de 300 pacientes com psoríase do Serviço de Dermatologia
do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – UFRJ (Ambulatório de Doenças
Cutâneo-Articulares) e 150 pacientes com espondiloartrite do Serviço de
Reumatologia do Hospital Pedro Ernesto – UERJ (Ambulatório de Espondiloartrites),
preencheram os critérios de inclusão cento e um (101) pacientes com as seguintes
características:
• Sexo: 57 homens (56,4%) e 44 mulheres (43,6%) (gráfico 5-1)
• Cor: 61 brancos; 33 pardos e 7 negros (gráfico 5-2)
• A idade média dos pacientes foi de 50,77 anos, (dp = 0,48) enquanto a
mediana foi de 51 anos. A idade mínima foi de 23 anos e a máxima de
79 anos
Gráfico 4.1. Distribuição por sexo
mulheres
43,6%
homens
56,4%
53
Gráfico 4.2. Distribuição por cor
7%
33%
60%
Brancos
Pardos
Negros
4 .2 Doença articular
A doença articular foi diagnosticada clínica e/ ou radiologicamente e mostrou
a seguinte distribuição (tabela 4.2)
• Acometimento periférico (25 brancos, 21 pardos e 2 negros): 26 mulheres e
22 homens
• Acometimento axial (10 brancos, 3 pardos e 1 negro): 1 mulher e 13
homens
• Ambos (26 brancos, 9 pardos e 4 negros): 17 mulheres e 22 homens
54
Tabela 4-1. Distribuição do comprometimento articular
Comprometimento
Brancos
Pardos
Negros
Articular
26 mulheres
Periférico
25
22 homens
21
1 mulher
Axial
10
13 homens
3
17 mulheres
Ambos
26
2
1
22 homens
9
4
O comprometimento articular axial esteve mais presente nos pacientes do
sexo masculino, enquanto as mulheres, em sua maioria, tiveram artrite periférica.
.
4.3 Qualidade de vida, fadiga, capacidade funcional e atividade de doença
O instrumento SF-36 com 8 domínios, está na tabela abaixo. Todos os
domínios (CF – capacidade funcional; LAF- limitação por aspectos físicos; EGS:
estado geral de saúde; AS – aspectos sociais; AE – aspectos emocionais; VIT;
vitalidade) variaram de 0 a 100, com exceção da DOR cujo valor mínimo foi 10 e SM
(Saúde mental) cujo valor mínimo foi 24. (tabela 5-2)
55
Tabela 4-2. Distribuição dos componentes do SF-36
Dominios
Mediana Média
SF-36
CF
60
59,52
LAF
50
51,04
DOR
42
52,59
EGS
62
59,81
AS
62,50
63,72
SM
68
65,71
AE
97
66,77
VIT
60
58,5
Os valores médios mostram que todos os domínios do SF-36 foram
prejudicados pela doença.
Gráfico 4-3. Distribuição dos scores de fadiga
O gráfico mostra que a fadiga foi intensa a moderada no primeiro quartil (25
pacientes).
56
Os domínios do FACIT IV são em número de nove (BEF – Bem estar físico;
BES/F – Bem estar social e familiar; BEE - Bem estar emocional; BFUN – Bem estar
funcional) e há escores específicos que somam alguns domínios como T0I (BEF +
BFUN + FACIT F); G (BEF + BES/F + BEE +BFUN); F (BEF + BES/F + BEE + BFUN
+ FACIT F), estão na tabela abaixo: (tabela 4-3)
Tabela 4-3. Distribuição dos componentes FACIT IV
Domínio Mínimo Máximo
BEF
1
28
Mediana
21
Média
27
BES / F
3
28
20
20,71
BEE
3
24
17
16,82
BFUN
0
28
18,27
18
T0I
2
107
74
75,70
G
25
107
73,30
76,18
F
25
159
113,5
113,59
Os domínios dos FACIT IV se mostraram alterados como os do SF-36 que
medem as mesmas variáveis. Os escores somatórios (TOI, G e F) também se
mostraram alterados. O TOI e o F incluem o FACIT F.
Os domínios do FACIT F, PASI, PDI, BASDAI, HAD A, HAD D e CDAI,
apresentaram valores mínimo e máximo, que estão distribuídos na tabela abaixo:
(tabela 4-4)
57
Tabela 4-4. Distribuição dos valores dos domínios FACIT F, PASI, PDI, BASDAI,
HAQ, HAD A/D E CDAI
Instrumentos Mínimo Máximo Mediana Média
FACIT F
0
52
42
38,3
PASI
0
39,9
8
9,88
PDI
0
35
5
8,01
BASDAI
0
9,25
3,2
3,59
HAQ
0
2,90
0,88
0,85
HAD A
0
21
7
7,39
HAD D
0
20
6
5,93
CDAI
2
58
24
24,65
A tabela acima mostra a variação dos escores encontrados para fadiga,
atividade da doença, qualidade de vida, capacidade funcional e sintomas de
ansiedade e depressão.
58
4.4 Correlações
Tabela 4-5. Correlação do FACIT-F com extensão e gravidade da doença, função,
qualidade de vida e sintomas de ansiedade e depressão
FACIT-F versus
Coeficiente de
p Valor
Correlação (r)
PASI
-0,345
<0,001
PDI
-0,299
0,002
BASDAI
-0,161
0,111
CDAI
0,009
0,931
HAQ
-0,460
<0,001
HAD-A
-0,306
0,002
HAD-D
-0,339
<0,001
A correlação entre o FACIT e os índices de atividade da doença cutânea
avaliada pelo PASI, de qualidade de vida avaliada pelo PDI, e de ansiedade e
depressão avaliadas pelo HAD, foi forte. No entanto, a correlação com os índices de
atividade de doença articular periférica e axial, avaliadas pelo BASDAI e pelo CDAI
não se confirmou. O gráfico abaixo (Gráfico 4-4) ilustra esses achados.
59
Gráfico 4-4. Correlação do FACIT-F com extensão e gravidade da doença, função,
qualidade de vida e sintomas de ansiedade e depressão.
.(A)
(B)
(
.(B)
60
Tabela 4-6. Correlação entre o FACIT-F e os domínios do SF- 36
FACIT-F versus
Domínios do
SF-36
Coeficiente de
p Valor
Correlação (r)
CF
0,517
<0,001
LAF
0,443
<0,001
DOR
0,442
<0,001
EGS
0,429
<0,001
AS
0,686
<0,001
SM
0,529
<0,001
AE
0,454
<0,001
VIT
0,483
<0,001
A correlação entre o FACIT-F e os diferentes domínios do SF-36 que
contemplam tantos os aspectos funcionais e físicos, quanto os emocionais, sociais e
saúde mental, foi forte, situando-se abaixo de 0,001. O gráfico abaixo (Gráfico 4-5)
ilustra esses achados.
61
Gráfico 4-5. Correlação entre o FACIT-F e os domínios do SF- 36
(A)
(B)
62
Tabela 4-7. Correlação entre o FACIT-F e os demais domínios do FACIT IV
FACIT- F versus
coeficiente de
P
domínios do FACIT IV
correlação (r)
VALOR
BEF
0,421
<0,001
BES/F
0,264
0,008
BEE
0,216
0,030
BFUN
0,458
<0,001
0,516
<0,001
TOI
G
F
Os escores do FACIT-F se correlacionaram com os domínios do FACIT IV,
não apenas os que contemplam os aspectos físicos e funcionais, mas também
aqueles que avaliam os aspectos emocionais e sociais. Não foram feitas as
correlações com os escores somatórios TOI e F porque ambos contém o FACIT F. O
gráfico abaixo (Gráfico 4-6) ilustra esses achados.
Gráfico 4-6. Correlação entre o FACIT-F e os demais domínios do FACIT-IV
63
5 DISCUSSÃO
A psoríase apresenta elevada prevalência na população mundial e suas
características clínicas e histopatológicas são bem conhecidas. Apresenta um
grande espectro de manifestações cutâneas e articulares. Apesar de não estar, de
forma geral, associada à diminuição da sobrevida, tem um impacto negativo na
qualidade de vida dos pacientes, principalmente quando há artrite associada.
É uma doença de etiopatogenia complexa, com interação de fatores
desencadeantes ambientais e genes de susceptibilidade. Atualmente pode ser
considerada uma doença geneticamente programada, na qual o processo
inflamatório é desencadeado por estímulos ambientais (infecções, drogas, estresse
físico e/ou emocional) e permanece alterado por regulação deficiente. (Gaspari
2006)
A prevalência da psoríase, na população geral, é 2-3%, mas entre pacientes
com artrite é 7%. A artrite ocorre em 2-3% da população geral, mas entre pacientes
com psoríase, a prevalência varia de 6% a 42%. (Gladman et al.2007)
A prevalência em relação ao sexo foi de 1,3 homens para 1 mulher, na
maioria de cor branca, com idade média de 50,77 anos. Estes dados estão em
conformidade com outros já publicados. (Lomholt 1964; Bandrup & Green 1964;
Aslanian et al. 2000)
A idade de início da psoríase tende a variar em diferentes localizações
geográficas, e acredita-se que quanto maior a prevalência, mais precocemente ela
se inicia, e pior o prognóstico (Ferrandiz 2002). Com a evolução tórpida, o
comprometimento articular e os comemorativos sistêmicos são mais intensos e
espera-se que a fadiga também. Lomholt sugeriu que, quanto mais precocemente
esta doença se inicia em uma população, mais relevantes são os fatores ambientais
envolvidos em seu desencadeamento. Os baixos escores de PASI, de PDI e de
fadiga nos nossos pacientes podem ser creditados ao clima ensolarado da cidade do
Rio de Janeiro e aos hábitos diários de menos roupa e mais exposição solar de seus
habitantes, acrescidos ao fato de ser o Rio de Janeiro a quarta cidade mais feliz do
mundo.
Moll & Wright (1973) gruparam em 5 tipos clínicos a doença articular,
acometimento predominante distal, oligoarticular assimétrico, poliartricular tipo artrite
reumatóide, espondilite e artrite mutilante, e identificou que a maioria tinha
64
oligoartrite. Todos os estudos nestes últimos anos têm confirmado a variedade de
padrões clínicos da artrite psoriásica, mas a freqüência desta distribuição tem
variado principalmente pelas diferentes definições, que têm sido usadas por cada
pesquisador, e pelo fato de que a doença altera o seu padrão à medida que o tempo
passa, de tal sorte que nos pacientes com doença de longa duração, o padrão tende
a ser o poliarticular.
Os
critérios
CASPAR
(ClASsification
criteria
for
Psoriatic
ARthritis)
contribuíram para um melhor diagnóstico da artrite psoriásica, uma vez que
considerou todas as formas de acometimento articular e periarticular quando
acompanhadas de psoríase, alterações ungueais, história pessoal e familial da
doença.
A forma oligo/poliarticular foi a predominante. Quatorze por cento dos
pacientes apresentaram comprometimento axial, quase metade teve artrite periférica
e aproximadamente 40% tanto axial quanto periférica. Dois motivos principais estão
relacionados à disparidade dos estudos em relação à prevalência das manifestações
articulares na psoríase (6,8% a 42%) (Carneiro et al., 1994; Gladman et al. 2007), o
início insidioso, que pode ser interpretado como lesão por esforços repetidos (LER) e
o viés do examinador (dermatologista ou reumatologista). A revisão sistemática da
anamnese e do exame articular aumenta a sensibilidade do diagnóstico, já que o
paciente, freqüentemente, não correlaciona a queixa articular com as manifestações
dermatológicas.
Índices específicos para avaliar a atividade da doença na artrite psoriásica
não existem ou ainda estão em processo de validação. Os instrumentos atualmente
empregados para avaliar a doença ou foram insuficientemente validados ou são
emprestados da artrite reumatóide.
No entanto, a artrite da psoríase difere da artrite reumatóide por ser
freqüentemente assimétrica e comprometer as interfalangeanas distais. Quando
comparada com a espondilite anquilosante, o envolvimento da coluna é também
assimétrico e descontínuo na maioria das vezes, além de não ser muito freqüente.
O CDAI (Clinical Disease Activity Index – Índice de atividade clínica da
doença) diferente de outros índices utilizados na AR, como o SDAI (Índice
Simplificado de Atividade da Doença), o DAS (Disease Activity Score) e o DAS 28
não contém nenhuma medida de resposta de fase aguda (RFA) na sua fórmula.
Embora a inclusão da PCR ou da VHS aumente a validade de face e do conteúdo de
65
um índice, a ausência de qualquer uma destas medidas pode ser considerada
prática porque os resultados de exames laboratoriais nem sempre estão disponíveis
nas consultas e muitas vezes os médicos usam resultados laboratoriais anteriores à
consulta, o que contamina o índice. Outras vezes, o médico tende a ignorar o dado
que falta, criando assim inconsistência no acompanhamento do paciente. Por outro
lado, os valores da RFA correlacionam-se com outras variáveis e podem, portanto,
não acrescentar informações relevantes numa escala composta. Nos casos de artrite
psoriásica, a VHS e a PCR não assumem valores elevados, e muitas vezes não têm
relação com a intensidade da inflamação. Criado para a artrite reumatóide pode,
portanto, ser usado na artrite psoriásica e em outras artrites. (Aletaha & Smolen,
2005)
Na reunião anual do Grappa (Group for Research and Assessment of
Psoriatic Arthritis) ocorrida em 2008 na cidade de Leeds, no Reino Unido, discutiu-se
a possibilidade de se usar uma medida já existente para avaliar a artrite psoriásica
(APs), ou a necessidade de se criar uma nova, específica para a doença. Neste
sentido, foram discutidas e revisadas as medidas usadas para a avaliação da artrite
reumatóide (AR), espondilite anquilosante (EA) e Lúpus Eritematoso Sistêmico
(LES). (Gladman et al, 2010)
Naquela reunião, vários itens foram apresentados, e as suas vantagens e
desvantagens foram analisadas. Em relação a um índice específico para a artrite
psoriásica, os itens como dactilite, entesite, comprometimento cutâneo e ungueal
devem ou não ser levados em consideração? E as comorbidades, como doença
cardiovascular e outras, deverão fazer parte do índice? Estas questões estão ainda
por serem respondidas e validadas. (Gladman et al. 2010)
Nell-Duxneuner et al. (2010), avaliaram 105 pacientes com artrite psoriásica
em duas visitas com intervalo de 3 meses e escolheram 11 itens dos mais votados
durante o OMERACT 7, com o objetivo de gerar um pequeno número de
combinações de variáveis que pudessem servir como base para recomendação de
índice de atividade da doença.
Após análise das variáveis incluídas, encontraram 4 componentes que
preenchiam os critérios propostos.
O primeiro componente foi formado pela escala visual analógico da atividade
de doença pelo paciente e pela dor avaliada pelo Bath Ankylosing Spondylitis
66
Disease Activity Index (BASDAI) – ATIVIDADE DA DOENÇA VISTA PELO
PACIENTE.
O segundo componente foi encontrado pela contagem das articulações
edemaciadas e dolorosas. – ARTICULAÇÕES.
O terceiro componente foi preenchido pela PCR ou VHS – REAGENTES DE
FASE AGUDA.
O quarto pela pele, avaliada pelo PASI (índice de gravidade e extensão da
psoríase) – PELE.
Acharam por bem, considerando que o índice era para artrite, reduzir os itens
para 3: atividade da doença pelo paciente, contagem das articulações e
reagentes de fase aguda. (RFA)
Compararam então os seus resultados, que denominaram - Análise dos
principais componentes (APC), com escores de atividade de doença como SDAI e
CDAI que reduzem o número de articulações contadas para 28; além disso, o CDAI
prescinde dos reagentes de fase aguda. Compararam também os seus resultados
com o DAREA (Disease Activity Index for Reactive Arthritis).
Os autores consideraram que o primeiro componente foi melhor preenchido
pela dor e pela avaliação do paciente, e menos pelo BASDAI, SF-36 e HAQ. O
envolvimento da coluna não foi contemplado como componente do APC. Para o
segundo elemento, consideraram que 28 articulações são menos representativas do
que 66/68, até mesmo porque os pacientes com APs têm inflamação das
interfalangeanas distais e das articulações dos pés, que não são capturadas na
contagem de 28 articulações.
Para o terceiro componente, consideraram que os RFA não apresentam
sobreposição com outros achados e que a piora da APs combina com elevação dos
valores encontrados.
Para o quarto componente, ajuizaram que a gravidade da pele não tem
impacto na atividade da artrite, e por isso o retiraram da avaliação.
A entesite não foi contemplada nos componentes. Avaliaram que a dor
articular e a dor enteseal têm cursos diferentes e nem sempre ocorrem juntas e
ainda que a entesite pareça ser menos prevalente que na espondilite anquilosante
Em relação aos índices de resposta terapêutica, fizeram a mesma
observação, de que não representariam suficientemente os principais componentes
da APs. O critério do ACR (American College of Rheumatology) compreende as
67
variáveis ACR20, ACR50 e ACR70; o EULAR é limitado pelo uso do DAS28 e no
PsARC (Psoriatic Arthritis Response Creteria) faltam a dor e os RFA. No entanto,
Gladman e colaboradores consideram que o ACR é tão ou mais fidedigno que o
PsARC para avaliar a resposta terapêutica na APs. (Gladman et al.2010)
A discussão e justificativa para uso de diferentes índices para avaliação da
atividade de doença e resposta terapêutica na Artrite psoriásica ainda é um capítulo
em aberto.
Reich et al. (2002), ao estudar polimorfismos dos genes que codificam o
TNF-alfa, encontraram um subtipo relacionado ao início precoce e ao sexo
masculino, de forma significativa. É possível que os gêneros apresentem uma
variabilidade genética entre si, o que poderia levar às manifestações fenotípicas
diferenciadas. Gupta (1995) relatou que a psoríase possui um maior impacto na
qualidade de vida dos pacientes na faixa etária de 18 a 45 anos, e que os homens
sofrem um grau maior de estresse relacionado ao trabalho devido à doença. Estes
autores não observaram diferença entre os gêneros quanto à gravidade da doença.
Sampogna et al. (2006), em um estudo em que foram avaliados pacientes
internados, observaram que as mulheres acima de 65 anos apresentavam maior
redução na qualidade de vida relacionada à psoríase.
Neste estudo, só foram incluídos pacientes com artrite e com idade superior a
18 anos, e neles encontraram-se um PASI médio de 9,88 e um PDI médio de 8,01,
demonstrando que, mesmo nessa população, a maior parte dos pacientes apresenta
um acometimento que pode ser considerado de leve a moderado, corroborando a
influencia dos fatores ambientais e confirmando os achados de Fagundes (2007) e
Japiassú (2008).
A maior parte dos estudos considera o estresse como um dos fatores
relacionados de forma significativa à piora da doença. Cada população possui,
contudo, características psicológicas específicas, assim a forma como os brasileiros
que moram em uma cidade litorânea lidam com o estresse e com a doença e de que
forma isto a influencia é um tema relevante no estudo da psoríase.
Vários tipos de questionários têm sido desenvolvidos na tentativa de avaliar a
QV dos pacientes, incluindo questões sobre saúde física e mental assim como
aspectos relacionados aos seus familiares, amigos e vida social. Esses
questionários podem ser genéricos, específicos para dermatologia ou doença-
68
específicos, e fornecem base científica e sistemática para medir o que é importante
para o paciente.
A variação entre os questionários de QV é freqüentemente relacionada ao
grau em que eles enfatizam dimensões objetivas comparadas com as subjetivas, a
extensão em que os vários domínios são cobertos e o formato das questões ao
invés de diferenças na definição de QV. (Testa & Simonson, 1996)
Os instrumentos de medição de QV, embora subjetivos, são muito hábeis em
identificar e quantificar o impacto das doenças. Alguns estudos mostram que a autoavaliação da QV pelo paciente pode ser consideravelmente diferente daquela feita
pelo médico (Jayaprakasam et al., 2002). Embora possa existir uma correlação entre
a gravidade da doença avaliada pelo clínico e a QV avaliada pelo paciente, esta
última não deve ser estimada a partir da gravidade da doença e sim de maneira
formal com o uso de um instrumento de medição de QV (Jayaprakasam et al., 2002).
O PDI foi escolhido para este estudo por apresentar detalhamento de alguns
domínios como relações pessoais e de lazer, atividades diárias, seja na escola, no
trabalho ou em geral. Além do mais, Japiassú em 2008, mostrou que o PDI e o DLQI
- muito utilizado para todas as dermatoses, são fidedignos e equivalentes para
avaliar a QV nos pacientes com psoríase com ou sem artrite.
Estudos de fadiga em AR têm mostrado que os pacientes consideram sua
fadiga frustrante e exaustiva e está muito mais relacionada à intensidade da dor,
humor depressivo e sono não restaurador do que propriamente à inflamação e à
anemia (Pollard et al, 2006; Repping-Wuts et al. 2007; Dewi van Hoogmoed et al,
2010). Para muitos pacientes, a fadiga não é um transtorno, mas algo esperado e
normal dentro da dinâmica diária. (Suumeijer et al.2001; Treharne et al.2008).
Pollard et al (2006) concluíram que a atividade da doença não tem papel de
destaque no nível de fadiga e a relação entre inflamação e fadiga é, pelo menos,
não tão forte como frequentemente assumido. Os fatores psicossociais podem ser
importantes na perpetuação do cansaço e alguns deles podem fazer com que alguns
pacientes sejam mais susceptíveis a se tornarem fatigados.
Para Trehrne et al. (2008), os fatores psicológicos e a depressão são
grandes contribuintes da fadiga, mas não são os únicos fatores. A dor, atividade da
doença e contagem de articulações dolorosas foram moderadamente associadas ao
passo que as articulações edemaciadas, a anemia, a VHS e a PCR não o foram.
Doenças cutâneas são reconhecidas como causadoras de efeito deletério na QV
69
dos pacientes e, a psoríase, considerada por muitos uma psicodermatose em meio a
sua multicausalidade, apresenta o fator psicossocial de forma relevante neste
contexto. De fato, fatores sociais e psicológicos são co-determinantes do processo
saúde-doença, num modelo biopsicossocial onde as doenças resultam de vários
fatores. A contribuição de fatores psicossociais varia de doença para doença, de
pessoa para pessoa e de episódios de piora na mesma pessoa.
Já foi demonstrado que a visão dos pacientes em relação à psoríase não
está associada com a gravidade do caso, sugerindo que eles respondem
psicologicamente mais a sua visão particular da doença do que a real gravidade. Isto
explica porque algumas vezes não se consegue associar o impacto da psoríase com
a gravidade do quadro ou então esta relação se dá de forma fraca (Arruda &
Moraes, 2001).
Quando se estratifica os domínios de qualidade de vida, os mais afetados na
psoríase são os das relações pessoais e de atividades diárias refletindo a carga
estigmatizante da psoríase no cotidiano dos pacientes e nos relacionamentos de
forma particular. É importante, portanto, avaliar a percepção do paciente psoriásico
em relação a sua saúde, sua incapacidade e sua QV e o quanto esta percepção se
associa a percepção da dor e da fadiga.
O impacto negativo da psoríase nos diferentes domínios da QV é
comparável ou até maior do que o de outras doenças crônicas potencialmente fatais
(Rapp et al., 1999). Pacientes com psoríase grave associada a diabetes, asma ou
bronquite prefeririam ter a doença de base à doença cutânea (Finlay & Coles, 1995).
E muitos pacientes quando comparam o comprometimento articular com o da pele,
dizem textualmente que a pele os incomoda muito mais que a dor, a inflamação e a
deformidade articular.
De fato, estudos em pacientes com psoríase mostram que 3 em cada 4
pacientes evitam atividades esportivas ou de piscina por causa da doença, um terço
são inibidos em suas relações sexuais e em 25% a doença influenciou a escolha da
carreira (Weiss et al, 2002; Hongn et al. 2008).
Hughes et al. (1983) foram os primeiros a demonstrar que os pacientes
dermatológicos, sejam ambulatoriais ou internados, têm uma prevalência mais
elevada de transtornos psiquiátricos do que a população geral. Desde então, vários
estudos foram publicados relatando prevalências que variam de 14% a 70%
(Wessely & Lewis, 1989; Attah Johnson & MostaghimI, 1995; Aktan, et.al 1998;
70
Picardi et al., 2004), embora inferências causais não possam ser feitas em virtude
dos
seus
desenhos
seccionais.
Um
estudo
prospectivo,
com
pacientes
dermatológicos sem morbidade psiquiátrica na visita inicial, mostrou uma incidência
de transtornos psiquiátricos, após 1 mês, de 7,6%, com percentuais ainda maiores
em pacientes com resultados insatisfatórios de tratamento (Picardi et al, 2003). O
risco de desenvolver um distúrbio psiquiátrico foi três vezes maior em pacientes que
não melhoraram com o tratamento (Picardi et al, 2003). Magin et al. 2009
demonstraram em um estudo longitudinal evidências de que a depressão e o
estresse, mas não a ansiedade, podem desempenhar um papel na etiologia
multifatorial das doenças cutâneas. Estudos longitudinais são, portanto, necessários
para definir a correta direção desta associação.
Embora estudos conduzidos na população ocidental tenham mostrado que
as prevalências de transtornos mentais não-psicóticos variaram de 7 a 26%, com
uma média de 17% (12,5% em homens e 20% em mulheres), estudos mostram que,
no Brasil, esta prevalência pode ser bem mais elevada, variando entre um terço e
50% dos pacientes (Lopes et al, 2003).
O valor médio do PDI foi de 8,4 que foi maior do que o valor de 7,6
encontrado por Japiassu, (2008) e tais valores se correlacionaram, de forma
estatisticamente significativa, com a fadiga.
Embora a associação entre a doença e a presença de sintomas de
ansiedade e depressão tenha sido elevada no estudo, devido ao desenho seccional
do mesmo, não foi possível estabelecer a correta relação causal entre ambas e entre
a fadiga com a qual se correlacionou de forma estatisticamente significativa.
O uso do PDI juntamente com o HAD e a fadiga representam uma estratégia
de estudo interessante, pois ambos têm questões ligadas aos aspectos emocionais
da vida dos pacientes que tem doença cutânea.
Minnock et al. (2010) mediram a fadiga como um parâmetro sensível e
independente em pacientes com artrite psoriásica que estavam sendo tratados com
terapia anti-TNF , utilizando uma escala numérica de 0 a 10. Os níveis de fadiga
foram de 5.6 (2.3) e 3.6 (2.2) (p=0.001) no início e três meses após, respectivamente
e encontraram que a fadiga foi uma medida independente e sensível a mudanças
em pacientes com artrite psoriásica quando comparada com o HAQ, dor, e PCR.
Gladman et al. 2007 avaliaram os efeitos do Adalimumab 40 mg subcutâneo a
cada 14 dias na deficiência funcional, na qualidade de vida, na fadiga e na dor em
71
pacientes com artrite psoriásica, comparando com placebo. Utilizou os mesmos
questionários e concluíram que o grupo tratado com anti-TNF teve redução da
limitação funcional, da fadiga e da dor com uma promoção na qualidade de vida.
A fadiga foi moderada a intensa em um quarto dos pacientes, menos
prevalente do que tem sido visto na AR (Pollard et al, 2006; Repping-Wuts et al.
2007; Dewi van Hoogmoed et al, 2010), e se correlacionou com a atividade da
doença cutânea e não da doença articular, confirmando os achados de que a
visibilidade da doença é fator de grande relevância para os pacientes e que a “dor
da pele” e a “dor da alma” são muito mais intensas que a dor e a inflamação
articulares. (Arruda & Moraes, 2001; Japiassu, 2008)
72
6 CONCLUSÕES
1. A fadiga foi prevalente nos pacientes com artrite psoriásica acompanhados
nos ambulatórios de doenças cutâneo-articulares do HUCFF/UFRJ e de
espondiloartrite do HUPE/UERJ. Foi intensa a moderada em um quarto dos
pacientes.
2. Os índices PASI, BASDAI E CDAI se mostraram satisfatórios para avaliar a
atividade de doença, e foram concordantes com doença de intensidade leve a
moderada na maioria dos pacientes. O HAQ foi capaz de avaliar a capacidade
funcional dos pacientes, mostrando que a incapacidade na média ficou entre
leve a moderada, enquanto o SF36, o PDI e o FACIT IV foram capazes de
avaliar a qualidade de vida em seus múltiplos aspectos, e mostraram prejuízo
maior nas relações pessoais, nos aspectos emocionais e nas atividades
diárias.
3. A fadiga avaliada pelo FACIT F se correlacionou de forma estatiscamente
significativa com os índices de qualidade de vida, com os sintomas de
ansiedade e depressão e com a atividade da doença avaliada pelo PASI. Não
se correlacionou, no entanto, com o CDAI e nem com BASDAI que medem a
atividade da doença articular e axial. Parece ser a “dor” da pele mais intensa
que a dor articular.
73
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo da fadiga na artite psoriásica é intrigante e leva a diversas
considerações:
1. A depressão é causa ou conseqüência da doença e de sua gravidade?
2. Há um padrão diferenciado de resposta ao estresse nos pacientes com
psoríase? Como avaliá-lo?
3. Qual a real influência dos fatores ambientais na fadiga?
4. É a visibilidade da doença o único fator valorizado pelo paciente?
5. Qual a magnitude da “dor” da pele?
74
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87
ANEXO A - Ficha clínica
Data:
Nº:
PASI:
Nº de articulações doloridas:
Escala da dor:
Nº de articulações edemaciadas:
1. Nome :_________________________________________1.1 Pront:________
2.Endereço:_______________________________________________________
_________________________________________ 2.1 Tel________________
3. Idade:____ 4. Cor: 4.1 ( ) Branco
4.2 ( ) Negro
4.3 ( ) Pardo
5. Profissão: ______________________
6. Sexo: 6.1 ( )Feminino
6.2 ( ) Masculino
ARTICULAÇÕES PERIFÉRCAS (marque no homúnculo)
N° de articulações edemaciadas: _______ (marque com X)
N° de articulações dolorosas:
________ (marque com +)
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DA DOENÇA PELO MÉDICO
Como descreveria o grau de atividade da doença do paciente na última semana? Marque assim: 0_____ 10cm
0____________________________________ 10cm
inativa
muito ativa
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DA DOENÇA PELO PACIENTE
Como descreveria a intensidade da sua doença na última semana?
Marque assim: 0_____ 10cm
0____________________________________ 10cm
inativa
muito ativa
Escala Visual Analógica
88
ANEXO – B - BASDAI
Coloque uma marca em cada linha abaixo indicando sua resposta para cada questão,
relacionada à semana passada.
1 Como você descreveria o grau de fadiga ou cansaço que você tem tido?
0____________________________________ 10cm
nenhum
intenso
2 Como você descreveria o grau total de dor no pescoço, nas costas e no quadril
relacionada à sua doença?
0____________________________________ 10cm
nenhum
intenso
3.Como você descreveria o grau total de dor e edema (inchaço) nas outras articulações sem
contar com pescoço, costas e quadril?
0____________________________________ 10cm
nenhum
intenso
4.Como você descreveria o grau total de desconforto que você teve ao toque ou à
compressão em regiões do corpo doloridas?
0____________________________________ 10cm
nenhum
intenso
5.Como você descreveria a intensidade da rigidez matinal que você tem tido à partir da hora
em que você acorda?
0____________________________________ 10cm
nenhum
intenso
6.Quanto tempo dura sua rigidez matinal a partir do momento em que você acorda?
0
30 min
1h
1h30
2h
BASDAI = soma dos valores das questões 1, 2, 3, 4 e a média dos valores das questões 5 e
6, dividindo este total por 5.
89
ANEXO C - SF-36 (Versão 1.0)
Esta pesquisa questiona você sobre sua saúde. Estas informações nos manterão
informados de como você se sente e quão bem você é capaz de fazer suas atividades de
vida diária. Responda cada questão marcando a resposta como indicado. Caso você
esteja inseguro em como responder, por favor, tente responder o melhor que puder.
1. Em geral, você diria que sua saúde é:
(circule uma)
Excelente........................................1
Muito boa.................................... ...2
Boa............................................. ....3
Ruim........................................... ....4
Muito ruim................................... ..5
2. Comparada há um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora?
(circule uma)
Muito melhor agora do que um ano atrás........................................1
Um pouco melhor agora do que há um ano atrás............................2
Quase a mesma de um ano atrás....................................................3
Um pouco pior agora do que há um ano atrás.............................. .4
Muito pior agora do que há um ano atrás..................................... ..5
3. Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um
dia comum. Devido a sua saúde, você tem dificuldade para fazer essas atividades? Neste
caso, quanto?
(circule um número em cada linha)
Sim
Sim
Não.
ATIVIDADES
dificulta
dificulta
Não dificulta de
muito
modo algum
um pouco
Atividades vigorosas,
que exigem muito esforço,
1
2
3
tais como correr, levantar
objetos pesado, participar
em esportes árduos.
Atividades moderadas, tais
como mover uma mesa,
1
2
3
passar aspirador de pó,
jogar bola.
Levantar
ou
carregar
1
2
3
mantimentos
Subir vários lances de
1
2
3
escadas
Subir um lance de escada
1
2
3
Curvar-se, ajoelhar-se ou
1
2
3
dobrar-se
Andar mais de 1quilômetro
1
2
3
Andar vários quarteirões
1
2
3
Andar um quarteirão
1
2
3
Tomar banho ou vestir-se
1
2
3
90
4. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu
trabalho ou com alguma atividade diária regular, como conseqüência de sua saúde física?
(circule uma em cada linha)
Sim
Não
A quantidade de tempo que
você levava para fazer seu
trabalho
ou
outras
atividades diminuiu?
1
2
Realizou menos tarefas do
que você gostaria?
1
2
Esteve limitado no seu tipo
trabalho ou em outras
atividades?
1
2
Teve dificuldades de fazer
seu trabalho ou outras
atividades
(p.ex:
necessitou
de
algum
esforço extra)?
1
2
5. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu
trabalho ou outra atividade regular diária, como conseqüência de algum problema
emocional (como sentir-se deprimido ou ansioso)?
(circule uma em cada linha)
Sim
Não
A quantidade de tempo
que você levava para fazer
1
2
seu trabalho ou outras
atividades diminuiu?
Realizou menos tarefas do
1
2
que você gostaria?
Não trabalhou ou não fez
qualquer das atividades
1
2
com tanto cuidado como
geralmente faz?
6. Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas
emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação a
família,vizinhos,amigos ou em grupo?
(circule uma)
De forma nenhuma.......................................1
Ligeiramente..... .........................................2
Moderadamente...................................... ...3
Bastante................................................. ....4
Extremamente......................................... ..5
91
7. Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
(circule uma)
Nenhuma...........................................1
Muito leve.........................................2
Leve..................................................3
Moderada..........................................4
Grave................................................5
Muito Grave.....................................6
8. Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho normal
(incluindo tanto o trabalho, fora de casa e dentro de casa).
(circule uma)
De maneira alguma.............................1
Um pouco....................................... ....2
Moderadamente.......................... ... ...3
Bastante..............................................4
Extremamente................................ ....5
. Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você
durante as últimas 4 semanas. Pra cada questão, por favor, dê uma resposta que mais se
aproxime da maneira como você se sente. Em relação às últimas 4 semanas.
(circule um número para cada linha)
Quanto tempo você tem se
sentido cheio de vigor, cheio
de vontade, cheio de força?
Quanto tempo você tem se
sentido uma pessoa muito
nervosa?
Quanto tempo você tem se
sentido tão deprimido que
nada pode animá-lo?
Quanto tempo você tem se
sentido calmo ou tranqüilo?
Quanto tempo você tem se
sentido com muita energia?
Quanto tempo você tem se
sentido desanimado e
abatido?
Quanto tempo você tem se
sentido esgotado?
Quanto tempo você tem se
sentido uma pessoa feliz?
Quanto tempo você tem se
sentido cansado?
Todo
tempo
A maior
parte do
tempo
Uma
boa
parte do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
10. Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou problemas
emocionais interferiram com suas atividades sociais( como visitar amigos, parentes,etc.)?
Todo o tempo..................................................1
A maior parte do tempo...................... ............2
Alguma parte do tempo........................... .......3
Uma pequena parte do tempo.........................4
Nenhuma parte do tempo......................... .....5
92
11. O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
(circule um número em cada linha)
DefinitivaA maioria das
Não
A
maioria
Definitivamente
vezes
sei
das vezes
mente falsa
Verdadeiro
verdadeiro
falsa
Eu costumo
1
2
3
4
5
adoecer um
pouco mais
facilmente
que as outras
pessoas
Eu sou tão
1
2
3
4
5
saudável
quanto
qualquer
pessoa que
eu conheço
Eu acho que
1
2
3
4
5
a
minha
saúde
vai
piorar
Minha saúde
1
2
3
4
5
é excelente
93
ANEXO D - PDI
Obrigado por sua ajuda ao responder este questionário. Por favor, marque com um “X” a melhor resposta para
cada pergunta
Todas as perguntas se referem as ÚLTIMAS 4 SEMANAS
ATIVIDADES DIÁRIAS:
1. Quanto a sua psoríase interferiu na realização de suas atividades dentro e fora de casa?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
2. Com que freqüência você vestiu diferentes tipos ou cores de roupas por causa da sua psoríase?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
3. Você teve que trocar de roupas ou lavá-las mais freqüentemente do que faria?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
4. Quanto a sua psoríase foi para você um problema no cabeleireiro ou barbeiro?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
5. A sua psoríase fez com que tomasse mais banhos do que de costume?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
ESCOLA OU TRABALHO (se aplicável):
6. Quanto a sua psoríase fez você perder dias de trabalho ou de aula nas últimas quatro semanas?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
7. Quanto a sua psoríase o(a) impediu de realizar alguma atividade no trabalho ou na escola nas últimas
quatro semanas?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
8. Sua carreira foi afetada pela sua psoríase? (exemplos: promoção recusada, perda de emprego, solicitado(a)
mudar de emprego).
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
SE VOCÊ NÃO ESTÁ NA ESCOLA OU NÃO TRABALHA:
6. Quanto a sua psoríase fez com que deixasse de realizar suas atividades diárias normais nas últimas quatro
semanas?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
7. Quanto a sua psoríase mudou seu jeito de fazer as atividades de vida diária nas últimas quatro semanas?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
8. Sua carreira foi afetada pela sua psoríase? (exemplos: promoção recusada, perda de emprego, solicitado(a)
a mudar de emprego).
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
RELACIONAMENTOS PESSOAIS:
9. Quanto a sua psoríase lhe causou dificuldades sexuais nas últimas quatro semanas?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
10. Quanto a sua psoríase lhe causou algum problema com seu (sua) parceiro(a), amigos mais próximos ou
parentes?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
LAZER:
11. Quanto a sua psoríase impediu você de sair socialmente ou de realizar qualquer outra atividadede?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
12. Quanto a sua psoríase dificulta a prática de algum esporte?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
13. Quanto você não conseguiu usar, foi criticado ou impedido de usar banheiros públicos ou vestiários por
causa de sua psoríase?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
14. Quanto a sua psoríase fez com que fumasse ou bebesse (bebidas alcoólicas) mais do que de costume?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
15. Até que ponto a sua psoríase ou o seu tratamento fez com que sua casa ficasse desorganizada ou
bagunçada?
Muitíssimo
Muito
Um pouco
Nada
Por favor cheque se você respondeu todas as questões.
Obrigada por sua ajuda.
94
ANEXO E - FACIT-F (Versão 4)
Abaixo você encontrará uma lista de afirmações que outras pessoas com a sua doença disseram ser
importantes.
Por favor, faça um círculo em torno do número que melhor corresponda ao seu estado durante os últimos 7
dias.
BEM ESTAR FÍSICO
Nem um
Um
Mais ou
pouco
pouco
menos
Muito
Muitís
simo
GP1
Estou sem energia
0
1
2
3
4
GP2
Fico enjoado(a)
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
GP3
GP4
GP5
Por causa do meu estado físico, tenho dificuldade em
atender às necessidades da minha família
Tenho dores
Sinto-me incomodado(a) pelos efeitos secundários do
tratamento
GP6
Sinto-me doente
0
1
2
3
4
GP7
Tenho que me deitar durante o dia
0
1
2
3
4
Nem um
Um
Mais ou
pouco
pouco
menos
BEM-ESTAR SOCIAL/FAMILIAR
Muito
Muitís
simo
GS1
Sinto que tenho uma boa relação com os meus amigos
0
1
2
3
4
GS2
Recebo apoio emocional da minha família
0
1
2
3
4
GS3
Recebo apoio dos meus amigos
0
1
2
3
4
GS4
A minha família aceita a minha doença.
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
Nem um
Um
Mais ou
pouco
pouco
menos
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
GS5
GS6
Estou satisfeito(a) com a maneira como a minha família
fala sobre a minha doença
Sinto-me próximo(a) do(a) meu (minha) parceiro(a)(ou da
pessoa que me dá maior apoio
Independentemente do seu nível a(c)tual de a(c)tividade
Q1
sexual, favor de responder à pergunta a seguir. Se preferir
não responder, assinale o quadrículo [ ] e passe para a
próxima seção
GS7
Estou satisfeito(a) com a minha vida sexual....
BEM-ESTAR EMOCIONAL
GE1
GE2
GE3
Sinto-me triste
Estou satisfeito(a) com a maneira como enfrento a minha
doença
Estou perdendo a esperança na luta contra a minha
doença
Muito
Muitís
simo
GE4
Sinto-me nervoso(a)
0
1
2
3
4
GE5
Estou preocupado(a) com a idéia de morrer .
0
1
2
3
4
GE6
Estou preocupado(a) que o meu estado venha a piorar
0
1
2
3
4
95
GF1
GF2
Nem um
Um
Mais ou
BEM-ESTAR FUNCIONAL
pouco
pouco
menos
Sou capaz de trabalhar (inclusive em casa).......
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
Sinto-me realizado(a) com o meu trabalho (inclusive em
casa)
Muito
Muitís
simo
GF3
Sou capaz de sentir prazer em viver.
0
1
2
3
4
GF4
Aceito a minha doença..
0
1
2
3
4
GF5
Durmo bem.....
0
1
2
3
4
GF6
Gosto das coisas que normalmente faço para me divertir
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
GF7
Estou satisfeito(a) com a qualidade da minha vida neste
momento
FACIT – Fatigue Scale (Versão 4)
Abaixo encontrará uma lista de afirmações que outras pessoas com a sua doença
disseram ser importantes. Por favor, faça um círculo em torno do número que melhor
corresponda ao seu estado durante os últimos 7 dias.
PREOCUPAÇÕES ADICIONAIS
Nem um
Um
Mais ou
pouco
pouco
menos
Muito
Muitís
simo
HI7
Sinto-me fatigado(a).
0
1
2
3
4
HI12
Sinto fraqueza generalizada
0
1
2
3
4
An1
Sinto-me sem forças
0
1
2
3
4
An2
Sinto-me cansado(a)
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
Tenho dificuldade em começar as coisas porque
An3
estou cansado (a)
Tenho dificuldade em acabar as coisas porque
An4
estou cansado (a)
An5
Tenho energia
Sou capaz de fazer as minhas a(c)tividades
An7
normais
An8
Preciso (de) dormir durante o dia
0
1
2
3
4
An12
Esto cansado(a) demais para comer
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
0
1
2
3
4
Preciso
An14
de
ajuda
para
fazer
as
minhas
a(c)tividades habituais
Estou frustrado(a) por estar cansado(a) demais
An15
para fazer as coisas que quero
Tenho que limitar as minhas a(c)tividades
An16
sociais por estar cansado
96
ANEXO F - HAQ
Nome:……………….............Raça:………………… Sexo.............Idade.............
Tempo de Doença:......................Tipo Funcional:.............. Data..............
Nível de Dificuldade
Você é capaz de:
1.
Vestir-se inclusive amarrar os cordões dos sapatos e abotoara
suas roupas?
Lavar sua cabeça e seus cabelos?
Levantar-se de maneira ereta de uma cadeira de encosto reto e
sem braços?
Deitar e levantar-se da cama?
sem
qualquer
com
alguma
com
muita
incapaz de
fazer
0
1
2
3
0
1
2
3
0
1
2
3
0
1
2
3
Cortar pedaços de carne?
0
1
2
3
6.
7.
8.
Levar a boca um copo ou xícara cheio de café, leite ou água ?
0
1
2
3
Abrir um saco de leite comum?
0
1
2
3
Caminhar em lugares planos?
0
1
2
3
9.
10.
11.
Subir cinco degraus?
0
1
2
3
Lavar e secar seu corpo após o banho?
0
1
2
3
Tomar banho e chuveiro?
0
1
2
3
12.
13.
Sentar-se e levantar-se de um vaso sanitário?
0
1
2
3
Levantar os braços e pegar um objeto de aproximadamente 2,5
Kg, que está posicionado pouco acima da cabeça?
0
1
2
3
Curvar-se e pegar suas roupas no chão?
0
1
2
3
Segurar-se em pé no ônibus ou metrô?
Abrir potes ou vidros de conservas, que tenham sido previamente
abertos?
0
1
2
3
0
1
2
3
Abrir e fechar torneiras?
0
1
2
3
18.
19.
Fazer compras nas redondezas onde mora?
0
1
2
3
Entrar e sair de um ônibus?
0
1
2
3
20.
Realizar tarefas tais como usar a vassoura para varrer e rodo para
água?
0
1
2
3
2.
3.
4.
5.
14.
15.
16.
17.
Escore dos Componentes:
Componente 1, Perguntas 1 e 2:.......................................Maior escore = ............
Componente 2, Perguntas 3 e 4:.......................................Maior escore = ............
Componente 3, Perguntas 5, 6 e 7:...................................Maior escore = ............
Componente 4, Perguntas 8 e 9:.......................................Maior escore = ............
Componente 5, Perguntas 1º, 11 e 12:..............................Maior escore = ............
Componente 6, Perguntas 13 e 14:...................................Maior escore = ............
Componente 7, Perguntas 15, 16 e 17:.............................Maior escore = ............
Componente 8, Perguntas 18, 19 e 20:.............................Maior escore = ............
Média Aritimética dos escores dos componentes:---------------------------------------Escore do HAQ = ----------------
97
ANEXO G – HAD
Paciente _____________Escore HAD-A___________ Escore HAD-D ______________
Este questionário ajudára o seu médico a saber como você está se sentindo. Leia
todas as frases. Marque com um “x” a resposta que melhor corresponder a como você tem
se sentido na última semana.
Não é preciso ficar pensando muito em cada questão. Neste questionário as
respostas espontâneas têm mais valor do que aquelas em que se pensa muito.
Marque apenas uma resposta para cada pergunta
1. Eu me sinto tenso ou contraído
( ) A maior parte do tempo
( ) Boa parte do tempo
( ) De vez em quando
( ) Nunca
2. Eu ainda sinto gosto pelas mesmas coisas de antes
( ) Sim, do mesmo jeito que antes
( ) Não tanto quanto antes
( ) Só um pouco
( ) Já não sinto mais prazer em nada
3. Eu sinto uma espécie de medo, como se alguma coisa ruim fosse acontecer
( ) Sim, e de um jeito muito forte
( ) Sim, mas não tão forte
( ) Um pouco, mas isso não me preocupa
( ) Não sinto nada disso
4. Dou risada e me divirto quando vejo coisas engraçadas
( ) Do mesmo jeito que antes
(. ) Atualmente um pouco menos
(..) Atualmente bem menos
(..) Não consigo mais
5. Estou com a cabeça cheia de preocupações
(..) A maior parte do tempo
(..) Boa parte do tempo
(..) De vez em quando
(..) Raramente
6. Eu me sinto alegre
(..) Nunca
(..) Poucas vezes
( .) Muitas vezes
(..) A maior parte do tempo
7. Consigo ficar sentado à vontade e me sentir relaxado
(..) Sim, quase sempre
(..) Muitas vezes
(..) Poucas vezes
( ) Nunca
8. Eu estou lento para pensar e fazer as coisas
(..) Quase sempre
(..) Muitas vezes
(..) De vez em quando
(..) Nunca
9. Eu tenho uma sensação ruim de medo, como um frio na barriga ou um aperto no estômago
(..) Nunca
(..) De vez em quando
(..) Muitas vezes
(..) Quase sempre
98
10.Eu perdi o interesse em cuidar da minha aparência
(..) Completamente
(..) Não estou mais me cuidando como eu deveria
(..) Talvez não tanto quanto antes
(..) Me cuido do mesmo jeito que antes
11.Eu me sinto inquieto, como se eu não pudesse ficar parado em lugar nenhum
(..) Sim, demais
(..)Bastante
(..) Um pouco
(..) Não me sinto assim
12.Fico esperando animado as coisas boas que estão por vir
(..) Do memso jeito que antes
(..) Um pouco menos que antes
(..) Bem menos que antes
(..) Quase nunca
13.De repente tenho a sensção de entrar em pânico
(..) a quase todo momento
(..) Várias vezes
(..)De vez em quando
(..) Não sinto isso
14.Consigo sentir prazer quando assisto um bom programa de televisão, de rádio, ou quando leio alguma coisa
(..) Quase sempre
(..) Várias vezes
(..) Poucas vezes
(..) Quase nunca
99
ANEXO H - Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Hospital Universitário Pedro Ernesto
Avenida 28 de setembro nº 87, Vila Isabel, Rio de Janeiro
CEP 20560-001 – Tel.(21)25876622
TÍTULO DO ESTUDO
AVALIAÇÃO DA FADIGA EM PACIENTES COM ARTRITE PSORIÁSICA E SUA RELAÇÃO COM A
QUALIDADE DE VIDA E ATIVIDADE DE DOENÇA
Você possui uma doença conhecida como PSORÍASE/ARTRITE PSORIÁSICA.
Você está sendo convidado pelo seu médico a tomar parte em um estudo clínico para avaliar a fadiga na Artrite
Psoriásica .
Você será submetido a exame físico completo com contagem das articulações comprometidas e colherá
amostras de sangue periférico, urina e fezes para exames laboratoriais. Responderá ainda a questionários sobre
a doença, qualidade de vida, capacidade funcional, sintomas de ansiedade e depressão e fadiga.
OBJETIVO: O objetivo desde estudo é avaliar a fadiga na Artrite Psoriásica
PROCEDIMENTOS: Você será atendido pelos médicos do Ambulatório de Dermatologia , que irão lhe
informar sobre o estudo e solicitarão, após tirar todas as suas dúvidas que assine este termo de
consentimento para os procedimentos atuais e que, se for o seu caso, permita utilizar resultados e
questionários que você já tenha em seu prontuário.
DESCONFORTOS E RISCOS: Coleta de sangue periférico: jejum de doze horas, dor no local da punção,
pequeno sangramento e raramente lipotímia e hematoma.
Coleta de urina: a primeira urina da manhã e/ou urina de 24 horas
Parasitológico: coleta de uma a três amostras de fezes em dias consecutivos ou não
Preenchimento de questionários: duração de 60 a 90 minutos
POSSÍVEIS BENEFÍCIOS: A avaliação da fadiga na artrite psoriásica servirá para esclarecer melhor este sintoma
referido, possibilitando que a mesma venha a ser utilizada em estudos futuros como um medidor da eficácia
terapêutica para a sua doença.
ORIENTAÇÕES GERAIS: Você não é obrigado a participar deste estudo. Você pode se recusar a participar dele
e até mesmo deixá-lo a qualquer momento, sem ter que fornecer as razões para tanto. Sua decisão não afetará
seu direito à assistência médica. O médico pesquisador estará a sua disposição para esclarecer qualquer dúvida
que possa surgir a respeito do estudo. Você pode se comunicar com Dr. Cláudio Carneiro pelos telefones
22353715 ou 99851188 ou ainda com a Dra. Sueli Carneiro pelo telefone 2587-6622 ou 9606-4849 para
qualquer esclarecimento. Se você tiver dúvida quanto a ética do estudo entre em contato com o comitê de ética
em pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto, avenida vinte e oito de setembro, 87 – térreo. As
informações pessoais obtidas a seu respeito durante o estudo permanecerão confidenciais.
Se você decidir participar, será necessário um consentimento por escrito.
1. Li o documento de consentimento livre e esclarecido para este estudo. Recebi as informações
necessárias sobre a natureza, proposta do procedimento e o que será esperado de mim. Minhas
dúvidas foram devidamente esclarecidas.
2. Concordo em participar deste estudo e concordo também com a utilização dos resultados de exames e
de questionários anteriores existentes no meu prontuário.
3. Informei ao médico sobre todas as doenças e medicamentos anteriores ou atuais e sobre qualquer
consulta com outro médico nos últimos três meses.
4. A minha participação neste estudo é voluntária, podendo recusar em participar ou retirar-me do estudo
a qualquer momento, sem penalidade ou perda dos benefícios aos quais tenha direito.
5. Concordo que os resultados do estudo podem ser comunicados à comunidade científica e publicados
em revistas médicas, mantendo em sigilo o meu nome e o meu endereço.
6. Autorizo comitês de ética, autoridades regulatórias locais ou estrangeiras, a examinarem, se assim o
desejarem, estes registros médicos para confirmação das informações coletadas.
Nome do paciente ______________________________________________
Assinatura______________________________________Data___________
Pesquisador: Cláudio da Silva Carneiro
Eu confirmo haver pessoalmente explicado para o indivíduo acima identificado a natureza, e o propósito deste
estudo.
Assinatura___________________________________________________________ Data_____________
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Claudio da Silva Carneiro Avaliação da fadiga em pacientes com