SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................02
2 PROLAPSO UTERINO....................................................................................................03
3 ETIOLOGIA.....................................................................................................................04
4 QUADRO CLÍNICO.........................................................................................................05
5 DIAGNÓSTICO................................................................................................................07
6 CLASSIFICAÇÃO DAS DISTOPIAS GENITAIS..........................................................08
7 TRATAMENTO................................................................................................................11
8 CONCLUSÃO...................................................................................................................13
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................14
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1 – INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo abordar as manifestações clínicas do prolapso
uterino, assim como tratamento, quadro clínico e diagnóstico.
O prolapso é considerado uma hérnia do conteúdo pélvico e/ou intraperitoneal no
canal vaginal e vários fatores de risco para sua ocorrência são sugeridos. A doença pode ser
atribuída a uma combinação de condições, que varia de paciente para paciente. Fatores de
risco bem estabelecidos incluem idade, paridade, histerectomia cirúrgicas prévias para
correção de distopia genital e desordens do colágeno. Porém, o papel de outros fatores
potenciais ainda é controversos, como tipo de parto, obesidade, peso do recém nascido, tosse
crônica e história familiar.
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2 – PROLAPSO UTERINO
Alterações nas estruturas de suspensão, sustentação e combinação do útero na pelve
permitem que ele desça gradativamente pela cavidade vaginal. As causas geralmente são
obstétricas, mas existe prolapso uterino também virgens devido à fragilidade congênita das
estruturas pélvicas (CAMARGOS, 2008).
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3 – ETIOLOGIA
A etiologia da distopia genital é multifatorial, com diversos fatores predisponetes,
incluindo gravidez, partos vaginais, idade avançada, variação de estrutura esquelética,
comprometimento neuromuscular, fatores congênitos, fatores genéticos, raciais e doenças do
tecido conjuntivo. Pode haver ainda fatores agravantes, como doenças pulmonares
obstrutivas, hipoestrogenismo, constipação intestinal, obesidade, tumores, desnutrição,
atividades profissionais e esportivas, tabagismo, cirurgias pélvicas prévias. Todas essas
alterações contribuirão para a perda do apoio aponeurotico, ligamentoso e muscular e/ou
aumento exagerado da pressão intra-abdminal, resultando no prolapso (CAMARGOS, 2008).
A pariedade é considerada o maior fator de risco. Mulheres com pelo menos um parto
vaginal apresentam maior incidência de distopia que nulíparas. A probabilidade de cirurgia
para correção de prolapso aumenta cerca de cinco vezes em mulheres com quatro ou mais
partos quando comporadas com mulheres com um parto vaginal (CAMARGOS, 2008).
O prolaspo genital está também associado a uma fraqueza congênita da aponeurose
endopélvica, sendo que as pacientes podem apresentar sinais de fraqueza dos sistemas de
apoio aponeurótico em todo o organismo, como hérnias, varizes e problemas hemorroidários
(CAMARGOS, 2008).
Doenças do tecido conjuntivo aumentam a incidência de distopia genital, que pode
alcançar 33% na presença de Síndrome de Marfan e 75% na Síndrome de Ehlers-Danlos
(CAMARGOS, 2008).
A atrofia genital conseqüente ao hispoestrogenismo da pós-menopausa também é
importante fator precipitante do prolaspo genital, o que pode ser atenuado pela reposição
estrogênica (CAMARGOS, 2008).
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4 – QUADRO CLÍNICO
A sintomatologia das pacientes portadoras de prolapso genital varia de acordo com as
estruturas lesadas e extensão da lesão. A maioria das pacientes é assintomática. De uma
maneira geral, apenas 20% a 30% apresentam alguma queixa. Entre as queixas, a mais
freqüente é a sensação de uma “bola” saindo pela vagina. Em estudo realizado, apenas 2% das
pacientes avaliadas pela nova classificação (citadas a seguir) como o estádio 2 tinham queixa
importante de “bola na vagina”, aumentando para 78% nas como estádio 3 (CAMARGOS,
2008).
Os outros sintomas geralmente se relacionam com o local e tipo de prolapso:
SINTOMAS ASSOCIADOS COM O PROLAPSO GENITAL

Sintomas Urinários
Incontinência de esforço;
Disúria;
Polaciúria;
Nictúria;
Urgência e urgeincontinência;
Sensação de esvaziamento incompleto;
Retenção urinária;
Necessidade de redução manual do prolapso para inciar ou finalizar o esvaziamento vesical;
Necessidade de mudanças de posição para iniciar ou finalizar o esvaziamento vesical;
Infecção urinária de repetição;

Sintomas Intestinais
Constipação intestinal;
Disquesia (grandes retocelos);
Incontinência de flatos, fezes líquidas ou sólidas (lesão do esfíncter externo do ânus);
Urgência para defecar;
Necessidade de compressão da vagina, períneo ou ânus para completar defecação;
Sensação de evacuação incompleta;
Prolapso retal durante ou após a defecação;
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
Sintomas Sexuais
Intolerância ao ato sexual;
Coitos infrequentes;
Dificuldade de penetração;
Dispareunia;
Anorgasmia ou falta de sensibilidade genital;
Incontinência durante a relação sexual;
Flatulência vaginal;

Outros sintomas locais
Sensação de pressão ou peso na vagina;
Dor na vagina ou no períneo;
Sensação de protusão pela vagina;
Lombalgia, amenizada pelo decúbito;
Dor ou pressão abdominal;
Sagramento vaginal;
Corrimento purulento.
(CAMARGOS, 2008)
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5 – DIAGNÓSTICO
O diagnóstico baseia-se em uma anamnese e exame pélvico adequados, sendo os
métodos complementares menos importantes. Uma exceção é a ocorrência de prolapso uterino
em nulíparas, quando se pode suspeitar da presença de espinha bífida. Nesse caso é
indispensável à solicitação de uma radiografia de coluna lombo-sacra. (CAMARGOS, 2008)
O exame pélvico é que vai definir o tipo e a extensão do prolapso. Deve ser realizada
inspeção estática e dinâmica em posição ginecológica. Pela simples inspeção dos genitais
externos, muitas vezes é possível observar, pela fenda vulvar entreaberta, as paredes vaginais
e até mesmo o colo uterino. A inspeção dinâmica consiste em solicitar à paciente que realize
uma manobra de Valsalva para promover um aumento da pressão abdominal. Durante a
inspeção verifica-se o grau de lesão da parede vaginal anterior, da posterior e se existe
prolapso de útero. Pode-se inserir uma das partes do especulo vaginal para contenção da
parede vaginal posterior, permitindo melhor avaliação da parede anterior e vice-versa.
(CAMARGOS, 2008)
Na parede vaginal anterior, observa-se se existe uretrocele, cistocele e a extensão da
lesão. (CAMARGOS, 2008)
Na parede vaginal posterior, observa-se a lesão perineal, retocele e enterocele. È
importante à realização de toque retal para verificar a extensão da retocele e diferenciá-la da
enterocele. (CAMARGOS, 2008)
Para distinguir entre o defeito central e paravaginal, deve-se elevar os fórnices
vaginais laterais (com espátulas de Ayres, por exemplo). Se, ao levantarmos os fórnices
laterais houver redução do prolapso, estaremos diante de um defeito paravaginal;
permanecendo a procidência da parede vaginal anterior, estaremos diante do defeito central ou
de uma combinação de defeitos. (CAMARGOS, 2008)
O prolapso uterino pode ser diagnosticado apenas pela inspeção, mas, às vezes é
necessário tracionar o colo com a pinça de Pozzi. (CAMARGOS, 2008)
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6 – CLASSIFICAÇÃO DAS DISTOPIAS GENITAIS
A classificação do prolapso genital apresenta variabilidade muito ampla. Várias
classificações usam termos indefinidos, não padronizados, que dificultam a comparação entre
estudos do tema e as avaliações longitudinais (CAMARGOS, 2008).
A classificação de Baden e Walker modificada é a mais difundida em nosso meio.
Nela, termos distintos são utilizados para os diferentes compartimentos, como a seguir:
Distopias da parede vaginal anterior

Ureta: uretrocel – descida nos 3 a 4cm proximais.

Bexiga: cistocele – herniação da bexiga nos 2/3 posteriores
- 1º grau ou leve
- 2º grau ou moderada – bexiga prolapsada antinge intróito vaginal
- 3º grau ou grave – bexiga ultrapassa intróito vaginal

Cistouretrocele
Distopias da parede vaginal posterior

Retocele – herniação do reto acometendo apenas o 1/3 proximal da vagina ou toda a
sua extensão;

Enterocele – herniação de alças intestinais através do fundo de saco posterior
As distopias de parede vaginal posterior podem ser classificadas como leves,
moderadas ou graves.
Prolapso Uterino (com o colo pinçado e tradicionado durante o exame genital)

1º grau – o colo do útero alcança o intróito vaginal, sem ultrapassá-lo;

2º grau – apenas o colo ou o colo e uma parte do útero ultrapassa o intróito;

3º grau ou completo – todo o útero está exteriozado além do intróito vaginal.
Rotura Perineal

1º grau – lesão apenas da mucosa vulvo perineal;

2 º grau – lesão da mucosa e afastamento dos músculos do assoalho pélvico;

3º grau – além das lesões anteriores há lesão do esfíncter externo do ânus;

4º grau – lesão de reto.
De acordo com essa classificação, o examinador deve identificar o ponto de maior
prolapso, com a ajuda da paciente, após esforço (manobra de Valsalva), em ortostalismo ou
por tração do ponto máximo de prolapso. O prolapso genital deve ser avaliado através de um
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sistema padrão de referência que relaciona o hímen (ponto fixo) a seis pontos anatômicos:
dois na parede vaginal anterior, dois na ápice vaginal e dois na parede vaginal posterior. As
posições desses pontos são dadas em centímetros, com números negativos quando estiverem
acima do hímen, e positivos quando distais a este. O hímen é definido como ponto zero
(CAMARGOS, 2008).
Os seis pontos citados são:

Ponto Aa – localiza-se na linha média da parede vaginal anterior, 3cm proximal ao
meato uretral externo, correspondendo à junção uretrovesical. Sua posição varia de -3cm a
+3cm. Para sua determinação coloca-se uma régua no ponto 3cm em repouso e observa-se
onde ele se localiza quando a paciente faz esforço;

Ponto Ba – caracterizado como a posição mais distal de qualquer parte da parede
vaginal anterior, corresponde ao ápice do prolapso desta parede. Para sua determinação,
utiliza-se especulo de Sims para afastar a parede vaginal posterior e pede-se para a paciente
fazer esforço, sendo que o ponto que mais se exteriorizou será o ponto Ba;

Ponto C – corresponde à parte ais distal da cérvix uterina ou da cúpula vaginal pós-
histerectomia. Para determinação do seu ponto, passa-se especulo de Sims e localiza-se o
colo, encosta- se a régua no colo e pede-se para a paciente fazer esforço. Dessa forma,
determina-se até onde o colo vai em direção ao hímen;

Ponto D – reflete a localização do fórnice posterior na mulher que tem colo uterino.
Representa a altura em que os ligamentos útero-sacros se ligam à cérvix. É incluído como um
ponto de avaliação para diferenciar a fraqueza dos ligamentos útero-sacros e cardinais da
hipertrofia cervical. Se o ponto C é bem mais positivo que o ponto D, há hipertrofia de colo.
Ao se determinar o fórnice posterior coloca-se a régua e pede-se a paciente para fazer esforço
e, com isso, encontra-se o ponto D;

Ponto Ap – localiza-se na linha média da parede vaginal posterior, 3cm proximal à
carúncula himenal. Sua posição varia de -3cm a +3cm;
Ponto Bp – representa a posição mais distal de qualquer parte da parede vaginal
posterior, correspondendo ao ápice do prolapso desta parede (CAMARGOS, 2008).
Cirurgia de Donald- Fothergill ou Manchester
Indicada nos casos de prolapso uterino sintomático em pacientes que desejam
engravidar. Consiste em cistopexia, ligadura a secção dos ligamentos cardinais, amputação
plana do colo uterino e fixação dos ligamentos cardinais na porção ístima do útero. Esta
técnica está praticamente abandonada (CAMARGOS, 2008).
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Histerectomia Vaginal
Cirurgia de escolha em pacientes com prolapso uterino e prole definida. A cirurgia
consiste em: cistopexia, ligadura de secção dos ligamentos cardinais, artérias uterinas,
ligamentos largos e tubo-ovarianos progressivamente até a retirada do útero, fechamento do
peritôneo parietal, aproximação dos ligamentos entre si e na linha média e sua fixação à
cúpula vaginal recém-formada. Trata-se de procedimento de baixa morbimortalidade; as
complicações mais comuns são hemorragias, infecção do trato urinário, lesão vesical, entre
outras (CAMARGOS, 2008).
Colpocleise ou Cirurgia de Neugebauer-Le Fort
Em pacientes idosas, com risco cirúrgico muito aumentado e sem vida sexual ativa,
pode-se realizar a colpocleise que consiste na ressacção de um retalho retangular da mucosa
vaginal anterior e posterior e aproximação das superfícies cruentas, promovendo a
interiorização gradativa do útero dentro da vagina. Completa-se o procedimento com a
cirurgia de Kahr que, por sua vez, consiste em uma episiocleise ou estreitamento do orifício
vulvovaginal em que a fúrcula vaginal posterior fica situada no mesmo nível do meato uretral.
A técnica tem como ponto negativo, a obliteração da cavidade vaginal, impedindo a vida
sexual e visualização do colo uterino (CAMARGOS, 2008).
Prolapso da Cúpula Vaginal
O prolapso de cúpula vaginal ocorre principalmente após histerectomia; mais
comumente após histerectomia vaginal do que abdominal. Pode ocorrer também devido ao
hipoestrogenismo ou por excesso de esforços físicos. O prolapso pode ocorrer em pacientes
jovens, mas é mais comum após os 60 anos (CAMARGOS, 2008).
O tratamento cirúrgico ideal é aquele que preserva a atividade sexual, retornando a
cúpula vaginal à sua posição anatômica. O tratamento cirúrgico pode ser via vaginal,
abdominal ou laparoscópico. A colpoeleise é uma opção em pacientes selecionadas
(CAMARGOS, 2008).
A sacropexia infracoceígea ou IVS posterior consiste na colocação de faixa livre de
tensão na porção posterior a vagina, para suspensão da cúpula vaginal, criando um novo
ligamento útero-sacro. O procedimento é minimamente invasivo, com tempo cirúrgico curto e
taxas de sucesso próximas a 90% (CAMARGOS, 2008).
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7 – TRATAMENTO
Deve-se sempre lembrar que o melhor tratamento começa pela profilaxia do prolapso
por hábitos de vida, assistência obstétrica adequada e correção criteriosa do prolapso genital
quando em fase inicial.
A conduta terapêutica frente às dispostas genitais vai depender da sintomatologia da
paciente, da extensão da distopia, da idade, das condições clínicas da paciente e de seu desejo
de reprodução futura.
TRATAMENTO CONSERVADOR DO PROLAPSO UROGENITAL
A maioria das pacientes com prolapso genital são oligossintomáticas ou sintomáticas.
As pacientes que não desejam o tratamento cirúrgico ou apresentam alguma contra-indicação
ao mesmo, devem ser tratadas conservadoramente. Nas pacientes que não têm prole definida e
apresentam o desejo de ter filhos no futuro, o tratamento também deve ser conservador,
postergando a cirurgia.
O tratamento com pessários vaginais ainda é utilizado como tratamento conservador.
Os pessários estão disponíveis em vários tamanhos e formas. A paciente deve ser orientada
quanto às possíveis complicações do uso dos pessários, como ulceração da mucosa, incômodo
na relação sexual e corrimento. Os pessários podem ser de suporte, que permanecem sob a
sínfise púbica e o sacro, elevando a vagina, ou aqueles que ocupam toda a vagina. Nas
pacientes em pós-menopausa, com hipoestrogenismo, o uso tópico de creme de estrogênio
pode aumentar a tolerabilidade do uso dos pessários e diminuir a taxa de descontinuidade do
tratamento.
A fisioterapia parece evitar a progressão do prolapso, mas não há evidências de que os
exercícios perineais melhorem o prolapso.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
O tratamento de eleição dos prolapsos genitais é cirúrgico e seu objetivo é aliviar os
sintomas, restaurar a anatomia e corrigir condições ginecológicas associadas, como
incontinência urinária e/ou fecal. Como a maioria dos casos de prolapso é combinado, a
cirurgia empregada deverá corrigir mais de um defeito anatômico, tanto das paredes anterior e
posterior da vagina quanto do útero. As cirurgias conservadoras são preconizadas nas
pacientes que desejam gestação futura. Nas demais pacientes, a cirurgia radical é mais
indicada.
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Nos casos de prolapso estádio II, pode-se realizar a colpoperineoplastia, que consiste
em aproximação dos músculos elevadores do ânus e plástica vaginoperineal. Nos prolapsos
estádio III, emprega-se a cirurgia de Lawson-Tait, que consiste na reparação das paredes do
reto e da vagina, na aproximação do esfíncter externo do ânus na linha média e na
colpoperineoplastia. Quando há retocele, deve-se corrigi-la com plicatura do septo retovaginal
em sutura contínua ou em bolsa.
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8 – CONCLUSÃO
Prolapso vaginal resulta, na maioria das vezes, dos estiramentos dos ligamentos úterosacrais externos a vagina.
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9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-Camargos 2008, Ginecologia Ambulatorial.
-Portal da Ginecologia 2011
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