Pró- Reitoria de Graduação
Curso de Enfermagem
Trabalho de Conclusão de Curso
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO PROCESSO DE
TATUAGEM NO DISTRITO FEDERAL
Autora: Simone Santos de Lima
Orientadora: Profª Drª Maria do Socorro Nantua Evangelista
Brasília - DF
2011
SIMONE SANTOS DE LIMA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO PROCESSO DE TATUAGEM NO
DISTRITO FEDERAL
Monografia apresentada ao curso de
graduação
de
Enfermagem
da
Universidade Católica de Brasília, como
requisito parcial para a obtenção do Título
de Bacharel em Enfermagem.
Orientador: Profª Drª Maria do Socorro
Nantua Evangelista
Brasília-DF
2011
3
Monografia
de
autoria
de
Simone
Santos
de
Lima,
intitulada
“GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO PROCESSO DE TATUAGEM NO
DISTRITO FEDERAL”, apresentada como requisito para obtenção do grau de
Bacharel em Enfermagem da Universidade Católica de Brasília, em 18 de novembro
de 2011, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:
____________________________________________________
Profª Drª Maria do Socorro Nantua Evangelista
Enfermagem- UCB
_____________________________________________________
Profª Msc. Silene Ribeiro Miranda Barbosa
Enfermagem- UCB
_____________________________________________________
Profª Msc Fernanda Monteiro de Castro Fernandes
Enfermagem- UCB
Brasília
2011
4
“Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
que é pra te dar coragem prá seguir
viagem quando a noite vem[... ].Quero ser
a cicatriz risonha e corrosiva marcada a
frio, a ferro e fogo em carne viva[...].
[...] Arpões, sereias e serpentes Que te
rabiscam o corpo todo Mas não
sentes[...]”
Chico Buarque
5
RESUMO:
LIMA, Simone Santos. Gerenciamento de resíduos no processo de tatuagem no
Distrito Federal. 2011. 69p. Enfermagem – Universidade Católica de Brasília,
Brasília, 2011.
O gerenciamento dos resíduos de saúde dentro dos ateliês, bem como a destinação
final destes Resíduos Sólidos (RS) é uma das maiores preocupações no que tange à
biossegurança e aos riscos de contaminação para profissionais e usuários. Trata-se
de uma análise transversal com aplicação de questionário para dezoito profissionais
que trabalhavam em ateliês de tatuagem no Distrito Federal. Houve aprovação do
estudo pela SES-DF Parecer nº 104/2011. Os entrevistados eram homens, a maioria
com nível superior e idade entre 18 a 43 anos. Quanto ao gerenciamento de
resíduos no processo de tatuagem, não existiam normas acerca do manejo dos RS,
dos processos de desinfecção e esterilização de materiais, bem como de descarte
dos resíduos naqueles serviços. O conhecimento e uso dos Equipamentos de
Proteção Individual (EPI’s) pelos tatuadores eram limitados ao uso de máscaras e
luvas. Em relação ao esquema vacinal da hepatite B a maioria se encontrava
incompleto. Conclui-se que falta norma de gerenciamento desses resíduos nos
ateliês de tatuagem do Distrito Federal, apontando risco à saúde dos tatuadores e
usuários.
Palavras Chave: Tatuagem. Biossegurança. Gerenciamento de resíduos.
6
ABSTRACT
LIMA, Simone Santos. Waste management in the process of tattooing in the
Federal District. 2011. 69p. Nursing - Catholic University of Brasilia, Brasilia, 2011.
The waste management of health within the workshops, as well as to the final
disposal of Solid Waste (RS) is one of the greatest concerns in terms of biosecurity
and the risk of contamination to professionals and users. It is a cross-sectional
analysis with application of a questionnaire to 18 professionals who have worked in
studios of tattoo in the Federal District. There was approval of the study by SES-DF
Opinion no 104/2011. The interviewees were men, the majority with higher level and
age between 18 and 43 years. As for the management of waste in the process of
tattooing, there were no rules about the handling of the RS, the processes of
disinfection and sterilization of materials, as well as for disposal of waste in those
services. The knowledge and use of Personal Protective Equipment (PPE's) by
tatuadores were limited to the use of masks and gloves. In relation to the schedule of
hepatitis B vaccine the majority was incomplete. It appears that lack standard of
management of these residues in workshops to tattoo of the Federal District, pointing
risk the health of tatuadores and users.
Keywords: Tattoo. Biosafety. Waste management.
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Símbolos que identificam os grupos de resíduos
28
Figura 1- Frequência de tatuadores por grupo etário no Distrito
Federal, 2011
42
Figura 2: Grau de instrução dos tatuadores no Distrito Federal,
2011
42
Figura 3: Tempo de profissão dos tatuadores no Distrito Federal,
2011
43
Figura 4: Número de doses recebidas pelos tatuadores no Distrito
Federal, 2011
44
Figura 5: Locais que os tatuadores receberam treinamento sobre
biossegurança no Distrito Federal, 2011
46
Figura 6: Reutilização da lâmina de barbear pelos tatuadores no
Distrito Federal, 2011
47
Figura 7: Uso do avental pelos tatuadores no Distrito Federal,
2011
48
Figura 8: Uso de óculos pelos tatuadores no Distrito Federal, 2011
48
Figura 9: Frequência da realização dos testes nas autoclaves dos
ateliês no Distrito Federal, 2011
51
Figura 10: Frequência de manutenção das autoclaves nos ateliês
de tatuagem do Distrito Federal, 2011
52
Figura 11: Destinação final dos resíduos sólidos nos ateliês de
tatuagem do Distrito Federal, 2011
53
8
ÍNDICE
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ..................................................................................................... 7
ÍNDICE....................................................................................................................................... 8
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 10
1.1 Conceituação ..................................................................................................................... 10
1.2 Histórico ............................................................................................................................ 10
1.3 Significados da tatuagem .................................................................................................. 15
1.4 Biossegurança e Controle de infecção ............................................................................. 16
1.5 Os riscos para a saúde e as doenças transmissíveis .......................................................... 20
1.6 O processamento de artigos utilizados na realização de tatuagem ................................. 22
1.7 Esterilização por calor úmido ............................................................................................ 25
1.8 Invólucros para esterilização ............................................................................................. 25
1.9 A legislação RDC/ ANVISA ................................................................................................. 26
1.9.1 Resíduos sólidos de serviço de saúde do Distrito Federal ............................................. 32
2 Justificativa ......................................................................................................................... 35
2.1 Questão norteadora ...................................................................................................... 35
2.2 Hipótese ........................................................................................................................ 36
2.3 Objetivo geral ................................................................................................................ 36
2.4 Objetivos específicos ..................................................................................................... 36
3 METODOLOGIA ................................................................................................................. 37
3.1 Tipo de estudo ................................................................................................................... 37
3.2 Local .................................................................................................................................. 37
3.3 Sujeitos e Amostra ............................................................................................................ 37
3.4 Critérios de inclusão .......................................................................................................... 38
3.5 Critérios de exclusão ......................................................................................................... 38
3.6 Técnicas e instrumentos para a coleta de dados .............................................................. 38
9
3.7 Análise dos dados .............................................................................................................. 39
3.8 Aspectos éticos da pesquisa .............................................................................................. 39
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÂO ........................................... 41
7 RECOMENDAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 56
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 57
9 ANEXOS .............................................................................................................................. 61
9.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ....................................................... 61
9.2 Questionário...................................................................................................................... 63
9.3 Parecer do Comitê de ética em pesquisa .......................................................................... 66
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 Conceituação
Para realizar a tatuagem, em seus primórdios, os tatuadores introduziam
a tinta na pele por meio de ossos finos ou dentes de tubarão, como agulhas e
martelo de madeira, emitindo então o som “tatau” que deu origem ao nome
dessa prática. De acordo com ISIHI (2010) esse termo foi inventado pelo
capitão James Cook1 considerado o pai da “tattoo”, em 1767, palavra
conhecida também como o “som que era projetado pelo feito na confecção da
tatuagem”.
Atualmente se pode definir tatuagem ou dermopigmentação, (“dermo”=
pele; “pigmentação”= ato de pigmentar ou colorir), como uma das formas de
modificação do corpo mais conhecida e cultuada no mundo. Para Zocoli (2007)
trata-se de desenhos permanentes realizados sobre a pele humana, cuja
aplicação é na via subcutânea, por meio de pigmentos, pela introdução de
agulhas.
1.2 Histórico
Existem muitas datas prováveis para a origem da tatuagem, porém,
pode-se considerar que as primeiras tatuagens surgiram por volta de 12000
a.C. sendo difundida para as gerações seguintes.
Segundo Lise e
colaboradores (2010) a prática de tatuagem é antiga, pois há o registro de
tatuagens encontradas em múmias no período de 2000 e 4000 a.C.
Mirela Berger (2007) afirma que a pintura é a representação por meio de
desenhos e existe desde os tempos das cavernas, em que os grupos
representavam suas vivências sobrenaturais ou vida cotidiana, pintando o
corpo, figurando já naquela época a existência de homens tatuados. De acordo
1
James Cook foi um navegador, explorador e cartógrafo inglês no século XVIII.
11
com Ferreira (2003) existe a hipótese de que a tatuagem surgiu como marcas
involuntárias adquiridas em guerras ou caças, de forma a gerar orgulho ao
homem que as possuísse, caracterizando um reconhecimento por parte da
tribo aos indivíduos que as possuíam, por demonstrar força e vitória. A partir
desses acontecimentos a tatuagem se difundiu entre vários povos, com o
tempo passou de marca involuntária para se tornar uma prática voluntária,
representando diferentes momentos da vida e dando ao indivíduo a sensação
de imortalidade, por oferecer a possibilidade de ser reconhecido após a morte,
por seus ancestrais, através meio dessas marcas.
Para Berger (2007) os registros encontrados comprovam que a
tatuagem era uma prática comum, sendo usada por vários motivos:
diferenciação, status, proteção espiritual, rituais de passagem, preparação para
guerra, etc. A múmia mais antiga do mundo com 5.300 anos foi encontrada na
Itália e possuía diversas tatuagens pelas costas e pernas.
No século IV a.C há relatos que os povos da época tinham costumes de
possuir pigmentos pelo corpo. No século III foram encontradas citações
registradas em latim, de um povo denominado “Pictus”, que aderiam ao mesmo
costume. De acordo com os relatos eles viviam no Norte Europeu e tinham
hábitos de fazer desenhos definitivos pelo corpo. Segundo Isihi (2010) essas
práticas eram realizadas porque o povo acreditava que a tatuagem daria mais
força e os desenhos ficariam na alma, como uma marca a ser reconhecida
pelos antepassados após a morte.
Segundo Valera (2009) embora os primórdios da tatuagem estejam
localizados há séculos antes de Cristo, sua introdução no Ocidente ocorre
somente no século XVIII, através do contato europeu com as culturas pacíficas.
Para o autor vários capitães e marinheiros se interessavam pela arte, como
uma forma de transformar o próprio corpo em telas, para serem exibidas para
os povos do Ocidente.
12
Ainda de acordo com o autor, na Europa, o ressurgimento da tatuagem
ocorreu através do circo, onde famílias inteiras tatuavam seus corpos, para
exibição pública como atração, gerando bastante lucro na época.
Na Inglaterra a tatuagem ganha espaço no final do século XIX e início do
século XX, e de acordo com Leitão (2004) foi utilizada por marinheiros estando
historicamente vinculada a marginalidade econômica e social.
Para Pérez (2006) nessa mesma época a tatuagem era associada ao
culto aos deuses-demoníacos e era praticada durante ritos dedicados por
feiticeiros. A prática era comum nas civilizações Maias e Astecas e serviu para
que os cristãos reconhecessem os considerados bastardos à religião. Eles
acreditavam que os possuidores dessas marcas levavam consigo os espíritos
malignos e por isso, de acordo com o autor, aqueles que faziam essas marcas
eram banidos da Igreja católica na Europa.
A primeira maquina elétrica chega ao Brasil em 1959, trazida por Knud
Horld Likke Gregersen, conhecido como Lucky tattoo, que teve sua loja nas
proximidades do Cais, onde se localizava a zona de prostituição e a boemia da
cidade de Santos, São Paulo. Segundo Pérez (2006) a origem da tatuagem no
Brasil é marcada pela presença de nazistas e prostitutas, trazendo uma visão
de marginalidade da prática, trazendo como consequência muita resistência e
discriminação, especialmente pela forma como o dinamarquês Lucky Tattoo
introduziu a tatuagem, associando-a com prostituição e boemia. Segundo o
autor a maneira como a tatuagem se inseriu no Brasil contribuiu muito para o
preconceito e discriminação gerando uma ideia de arte marginal.
Na década de 1960 essa arte foi utilizada por indivíduos que tinham o
objetivo de se diferenciar, dentro do contexto social, deixando claro sua
intenção de viver separados, inserindo novas concepções de vida e criando as
tribos como os hippies, motoqueiros, punks e skins
No ano de 1967, tribos urbanas-roqueiros, motoqueiros, hippes e de
maneira mais radical, os punks e skins foram apropriando-se desse
imaginário adotando a tatuagem como uma marca corporal através
da qual ostentavam publicamente sua vontade de romper com as
regras sociais e de se situarem deliberadamente à margem da própria
sociedade (LISSET, 2006, p.180).
13
Em 1980 a visão da tatuagem como algo marginal começa a ser
descaracterizada, passando a ser vista como uma opção estética procurada
pela nova geração. Segundo Valera (2009) a partir dessa época os
estabelecimentos começam a ganhar materiais descartáveis e equipamentos
especializados.
Para Valera (2010) foi somente na década de 1990 que se começou a
utilizar nos estúdios de tatuagem os materiais descartáveis, iniciando uma nova
etapa da tatuagem, caracterizada por uma nova imagem do profissionalismo,
dotada de qualidade artística e maior aceitação social.
Nos dias atuais a tatuagem é muito bem recebida no mundo da estética,
para Isihi (2010) é a manifestação do estilo de vida de cada ser, que é
demonstrado por meio de demarcações no corpo, usadas como nova forma de
beleza corporal.
Medeiros (2010) afirma que a tatuagem ainda é associada à
marginalização, isso porque as pessoas que as possuem apresentam
comportamentos arriscados como tabaco, álcool, drogas e vários parceiros
sexuais. Tal visão não se mostra real, pois com o passar dos anos a extensão
no uso da tatuagem atingiu diferentes pessoas, desde cantoras drogadas (ou
não) às pacatas donas de casas. Apresentando uma mudança quanto às
motivações que culminam na utilização das marcas corporais.
Para Isihi (2010) um dos motivos que caracterizam essa mudança ocorre
a partir do momento que se passa a utilizar equipamentos especializados e
estéreis, o que demonstra maior acuidade e especialização para lidar com a
prática da tatuagem. Segundo Jeolás (2010) os tatuadores tem se preocupado
com a biossegurança, ou seja, atualmente existe o cuidado do profissional com
a segurança do cliente.
Para evitar riscos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
que é um órgão que tem como objetivo promover a proteção da saúde da
população, por intermédio do controle sanitário, adota a fiscalização de todos
os ambientes, onde são realizadas essas dermopigmentações, a fim de
14
prevenir danos para a saúde dos indivíduos que optem por adquirir essas
marcas.2
De acordo com Ferreira (2006) além dessas medidas, há por parte dos
profissionais,
que
trabalham
com
tatuagem,
maior
preocupação
na
modernização dessa prática, uma vez que essa arte tem se tornado uma opção
de estética, adquirida por diferentes faixas etárias, sexo e status.
Mais do que marcar o corpo, a tatuagem torna mais evidente o que é
externo à ela, pois é através da pele que captamos estímulos externos,
eliminamos toxinas e executamos trocas de calor. Histologicamente falando é
sobre a pele que nos diferenciamos uns dos outros, pois por baixo dela somos
todos iguais. (BERGER, 2006).
É importante salientar que o Distrito Federal possui a lei nº 4.398 de 27
de agosto de 2009, que consta que a arte corporal é uma decoração
permanente do corpo, realizada por profissionais que fazem tatuagens e outros
tipos de modificações corporais. Assim, a prática de tatuagem é um
procedimento invasivo, com o objetivo de pigmentar a pele e o tatuador é o
profissional capacitado para realizar esse procedimento.
Isso nos mostra uma preocupação em trazer para a legalização a prática
da tatuagem, como forma de reconhecimento dessa prática que é cada dia
mais usada. Porém, Lise (2010) afirma que essas iniciativas ainda são
insipientes e que até os dias de hoje não existe no Brasil uma legislação sobre
tatuagem a nível federal.
Com o decorrer dos anos percebe-se que houve um avanço na prática
da tatuagem como demarcação do corpo, especialmente para indivíduos que
adotam maneiras diferenciadas de perceber e enxergar o mundo. Contudo,
segundo Isihi (2010), ainda existe um grande caminho a ser percorrido no
sentido de erradicar a ideia de que tatuagem é algo marginal ou uma arte de
menor valor.
2
Está disponível na Resolução da Diretoria Colegiada – (RDC n°55), de 6 de agosto de 2008.
15
1.3 Significados da tatuagem
No início a tatuagem era utilizada nas tribos para diferenciar grupos e
mostrar amadurecimento físico, mental e espiritual. O indivíduo, ao atingir certa
idade, passava por um ritual onde era obrigado a fazer as marcas corporais
(tatuagem). Caso suportasse suas marcas pessoais seria considerado digno de
viver naquela comunidade. Porém, se não resistisse a dor, seria caçado e
morto logo após o ritual “[...] nos rituais de preparação as manipulações eram
feitas com o intuito de dar ao indivíduo o que lhe faltava para se tornar um ser
completo” (FERREIRA, 2003, p. 81).
Osório (2008) diz que atualmente existe diferença de gênero construída
pela sociedade e pela cultura, assim os desenhos femininos tendem a ser
diferenciados dos desenhos masculinos. As imagens escolhidas pelas
mulheres costumam ser discretas e delicadas, já as masculinas são associadas
a um imaginário guerreiro, como samurai, índios ou animais selvagens, dentre
outros que revelem sua masculinidade.
Campos (2004) afirma que independente do gênero, os significados são
diferentes, de acordo com o desenho tatuado, podendo retratar uma
declaração de individualidade, sexualidade, liberdade, paixão, filhos, bens,
machismo, frustações, tedio, ódio ou perdas.
Moreira e colaboradores (2010) diz que as marcas corporais são
realizadas na tentativa de atrair olhares, de fabricar uma estética de presença,
para que o corpo seja sempre belo, ativo, saudável, jovem e sensual.
O corpo é um reflexo da sociedade que articula significados sociais e
não apenas um complexo de mecanismos fisiológicos, assim sendo,
é impossível pensar no corpo sem considerar a pluralidade de
sentidos que ele engloba. Através de seu corpo, o homem concebe
relações com o cosmo, com os deuses, com os valores centrais de
seu tempo e lugar, e dele se utiliza para proceder a mecanismos de
inclusão e diferenciação, fazendo do mesmo um indicador de status e
proclamando através dele os valores constitutivos do indivíduo do
grupo. Toda e qualquer sociedade utiliza-se de formas específicas de
marcar o corpo de seus membros (BERGER, 2006, p.2).
16
1.4 Biossegurança e Controle de infecção
A preocupação com os riscos para saúde deve se iniciar com o correto
manuseio de atividades biológicas. Tal prática ocorre desde 1665 quando
Hobert Hooke descobriu através de seu microscópio as menores unidades
vivas e as denominou “bactérias”. Com o passar dos tempos a ciência avançou
e estabeleceu medidas de precaução para evitar possíveis transmissões de
patologias (MASTROENI, 2006).
Segundo
Mastroeni
(2006)
a
origem
da
biossegurança
está
intrinsecamente ligada à aplicação do conhecimento e técnicas com o propósito
de prevenir a exposição do indivíduo aos agentes potencialmente infecciosos.
No que diz respeito ao atendimento do cliente, nos estúdios de
tatuagem, não é possível identificar se ele é portador de alguma doença
infectocontagiosa. Portanto, no momento do atendimento, qualquer pessoa
deve ser vista como potencialmente infectada, o que necessita de medidas e
cuidados para o tatuador. Nesse momento entram em cena as medidas de
biossegurança, uma vez que o risco de contaminação está presente (GIR,
2004).
Sheidt e colaboradores (2006) afirma que as principais fontes de
transmissão dos microorganismos, em pacientes e profissionais, são as
doenças infecto-contagiosas. Diante desse quadro surge a necessidade de se
adotar a biossegurança.
Segundo Erdtmann (2004,), a biossegurança deve ser vista como uma
forma de cuidado com a vida, pois é através dela que se assegura condições
consideradas saudáveis para as gerações tanto presentes, quanto futuras. Isihi
(2010) complementa afirmando que a adoção das normas de biossegurança
permite que os profissionais de saúde e instituições se capacitem para
desenvolver suas atividades, com o nível de segurança adequado, tanto para
quem executa a atividade quanto para a comunidade que se utiliza desse
serviço.
17
Para Erdtmann (2004) é importante ressaltar a resolução n° 33, pois
esta define os geradores de resíduos de serviço de saúde, bem como todos os
serviços que prestam atendimento à saúde humana ou animal, incluindo a
tatuagem. Assim segundo Isihi (2010) fica evidente que dentro dos ateliês de
tatuagens existem sérios riscos para saúde devido a presença de
microrganismos patógenos, principalmente por existir o contato direto com
sangue e fluidos corporais dos clientes.
Scheidt (2006) afirma que todos os ambientes onde existe contato direto
com fluidos corpóreos, durante realizações de procedimentos invasivos, pedem
medidas de segurança para que os riscos biológicos sejam evitados ou
minimizados. Para que isso seja possível, inicialmente é necessário salientar a
higienização das mãos antes e depois de colocar as luvas descartáveis.
Para Mastroeni (2006) a técnica de lavagem das mãos segue uma
sequência que não é tão simples e corriqueira quanto parece, e por isso
precisa seguir uma ordem: a) o primeiro passo é abrir a torneira e molhar as
mãos evitando contato com a pia; b) logo depois colocar na palma mão sabão
líquido suficiente para higienizá-las, friccionando-as entre si; c) a mão direita
deve ser esfregada com o dorso da mão esquerda e vice-versa; d) se deve
entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais. e) o dorso dos dedos
também deve ser esfregado com a palma da mão oposta com movimentos de
vai-e-vem; f) esfrega-se o polegar direito utilizando-se movimento circular e
vice-versa, com o auxílio da palma da mão oposta; g) as polpas digitais e
unhas da mão esquerda são friccionadas, fazendo movimento circular e viceversa; h)o punho esquerdo é esfregado, com o auxílio da palma da mão direita,
utilizando-se de movimentos circulares e vice-versa; i) se enxágua as mãos
retirando todo os resíduos de sabão e evitando contato das mãos ensaboadas
com a torneira; j) para finalizar seque as mãos com papel toalha descartável e
logo depois os punhos. Descarte o papel toalha numa lixeira (Higienização das
mãos em serviço de saúde (ANVISA, 2007).
Após a realização da higienização das mãos é necessário o uso da luva,
para reduzir os riscos de contaminação das mãos por sangue.
18
Luvas de procedimento são usadas quando tem contato com sangue,
fluido corpóreo, mucosa e pele não integra, bem como de
manipulação de qualquer material biológico, produtos químicos e no
fechamento de sacos plásticos de resíduos hospitalares; as luvas
estéreis são indicadas para procedimentos invasivos e assépticos.
Após o seu uso devem ser desprezadas no lixo hospitalar ou em saco
branco leitoso (NBR9191-ABNT) como lixo ou material infectante, e
as mãos devem ser lavadas após sua remoção (ISIHI, 2010, p.50).
Para Tipple (2003) a prevenção e o controle de infecção deve fazer parte
da formação dos profissionais que lidam com esses riscos biológicos, sendo
importante o constante aperfeiçoamento em cursos que capacitam e que
garantam uma atualização de todos os meios de controle de infecção.
Nos dias atuais a preocupação se baseia em Hepatites e o vírus da
imunodeficiência humana (HIV), pois segundo Scheidt (2006) embora o vírus
do HIV e hepatite B recebam maior destaque nas últimas décadas, pelo menos
20 microorganismos patogênicos são transmitidos através de feridas,
perfuração,
picadas
de
agulha
ou
ainda
por
lesões
com
objetos
perfurocortantes. Maestroeni (2006) afirma que as normas de biossegurança,
praticada pelos profissionais, mostram a importância do uso de Equipamentos
de Proteção Individual (EPI’s), e quando necessário o uso de Equipamento de
Proteção Coletiva (EPC).
O uso dos EPI’s tem como objetivo minimizar a exposição do profissional
a sangue e fluidos corpóreos, sendo necessário o uso da luva sempre que
houver possibilidade de contato com sangue e outras secreções corporais. As
máscaras, gorros e óculos de proteção devem ser utilizados na possibilidade
de haver respingo de sangue ou outros fluidos corpóreos nos olhos, nariz ou
boca do profissional. Para Tipple (2003) o capote é indicado quando ocorre
contato com material biológico e as botas são utilizadas na proteção dos pés
quando ocorrer riscos de contato com materiais infectados.
Essas precauções são normatizadas para serem utilizadas em todos
os pacientes, independente dos fatores de risco ou da doença e base,
e compreendem: lavagem das mãos antes após qualquer
procedimento, uso de luvas, aventais, máscara ou contaminação dos
profissionais com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excretas
(SHCEIDT, 2006, p. 374).
19
Segundo Mastroeni (2006) é necessário tomar alguns cuidados com os
EPIs para prolongar sua vida útil. Para isso, devem ser armazenados em local
próprio, longe de calor e umidade, sendo ideal vir acompanhado de instruções
do fabricante a respeito do armazenamento correto e procedimentos de
limpeza. Portanto, se o EPI não for utilizado de uma forma correta pelo
profissional pode se tornar a maior fonte de contaminação coletiva. Tipple
(2003) alerta que a utilização da luva, que muitas vezes é vista como barreira
pelo profissional, é a fonte de secreções orgânicas para as superfícies que
serão tocadas, como por exemplo
prontuários, aparelho telefônico, etc.,
caracterizando assim uma inadequação no uso desse equipamento de
proteção individual.
Mastroeni (2006) também dá o exemplo de equipamentos que deveriam
proteger contra gotículas e aerossóis, que após terem seu uso prolongado,
como por exemplo, capote ou máscaras, que se tornam em verdadeiros
reservatórios de microrganismos.
Além dos EPI’s é necessário um cuidado com o processamento de todos
os artigos utilizados. Silva (1998) ressalta a importância da limpeza, do
acondicionamento de embalagens e distribuição dos artigos esterilizados, a
todas as unidades consumidoras, de forma a garantir que a quantidade e
qualidade
necessárias
sejam
eficazes,
em
todos
os
procedimentos
assistências, proporcionando o desenvolvimento a nível terapêutico dos
pacientes.
Para Isihi (2010) é importante que todo o material usado seja recebido
na área contaminada onde ocorreu a lavagem e secagem. Somente após o
processamento de esterilização (para aqueles que possam ser reutilizados)
que deverão passar para área limpa onde serão embalados, acondicionados e
guardados até o uso. Hirata (2002) salienta que esses materiais possuem data
de validade, sendo necessário uma nova passagem pela área limpa após o
vencimento, mesmo que esses artigos não tenham sido usados.
Além disso, é imprescindível que todo o lixo produzido nestes locais
tenha um manejo especial
20
Devem ser acondicionados em saco branco leitoso, resistente,
impermeável e estar de acordo com a NBR-9191. O saco deve ser
preenchido até 2/3 de sua capacidade. Deve ser sustentado por
recipiente lavável, resistente e com tampa provida de sistema de
abertura evitando o contato manual com os cantos arredondados e o
mesmo ser resistente ao tombamento. Os perfurocortantes devem ser
descartados e separados, num recipiente rígido, resistente a ruptura,
punctura e ao vazamento, ter tampa e estar de acordo com a norma
ABNT NBR-3853 (ERDTMANN, 2004, p.90).
A higienização do ambiente também se constitui numa medida de
controle eficaz de infecções, para Isihi (2010) gerenciar os resíduos deve ser
uma prática rotineira para evitar a proliferação dos resíduos infectantes,
responsáveis pela liberação de materiais biológicos que oferecem risco à
saúde, destacando os equipamentos perfurocortantes que devem ser
descartados em recipientes adequados. Mastroeni (2006) reforça dizendo ser
necessário haver uma rotina de limpeza e desinfecção das superfícies do
ambiente.
Tipple (2003) diz que todas as normas de biossegurança cumpridas de
forma adequada farão com que o ambiente institucional seja menos exposto a
patógenos, porém, para que isso ocorra é necessário um treinamento e um
interesse de todos os profissionais expostos aos riscos biológicos. Isihi (2010)
diz que nos estúdios de tatuagem, onde há a prática de perfuração corporal,
deve haver um rigoroso cumprimento da legislação sanitária vigente e das
normas de biossegurança, assegurando que tanto os clientes como os
prestadores de serviços não se exponham aos riscos.
1.5 Os riscos para a saúde e as doenças transmissíveis
Em todos os momentos de nossa vida estamos expostos aos riscos, que
podem ser classificados em grupos. Segundo Mastroeni (2006) a legislação
trabalhista brasileira divide os riscos em: a) Físicos - como ruídos, calor, frio,
umidade, barulho, etc.; b) Químicos - como poeiras, tabaco, névoas e produtos
químicos em geral; c) Biológicos - fungos, vírus, bactérias, parasitas e
protozoários; d) Ergonômicos como os esforços físicos, jornadas de trabalho,
21
movimentos repetitivos e qualquer atividade que gere estresse físico e ou
mental; e) Acidentes, que podem ser provocados por iluminação inadequada,
manuseio de máquinas e equipamentos sem proteção, animais peçonhentos
ou ainda qualquer situação que possa ajudar no risco de acidentes.
Para Almeida (2007) os profissionais que se expõe ao contato com
sangue e outros fluidos orgânicos, através de procedimentos invasivos, tem o
risco biológico de contaminação, por microrganismos patógenos.
Segundo Mastroeni (2006) existem vários germes patógenos capazes de
serem transmitidos, causadas por picadas de agulhas, lesões e objetos
perfurocortantes. Entre eles estão a tuberculose, influenza, varicela-zoster,
doença meningocócica e coqueluche, que são patologias contraídas através da
via inalatória.
Contudo, os mais relevantes nos dias atuais são o vírus da
imunodeficiência adquirida (HIV), o da hepatite B (VHB), e hepatite C (VHC),
isso porque
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2008), mais de dois
bilhões de pessoas foram infectadas em todo o mundo com o vírus da
hepatite B e existem cerca de 350 milhões de portadores crônicos
desta doença. Ocorrem mais de quatro milhões de casos agudos
novos da Hepatite B e morrem anualmente, 25% destas pessoas tem
consequências (cirrose, câncer primário do fígado, insuficiência
hepática, diabetes, etc.). Em relação à Hepatite C é estimado que
2,2% da população mundial estejam contaminados pelo VHC, sendo
que entre 170-250 milhões de indivíduos sejam portadores crônicos
desta doença com três a quatro milhões de casos novos por ano.
(ISIHI, 2010, p.17)
Segundo Scheidt (2006), o risco de contaminação após exposição
percutânea para o HIV é de 0,3%, para hepatite B e C é aproximadamente
entre 6% a 30% e 3% a 10% respectivamente. Isihi (2010) afirma que existem
várias outras formas de transmissão e infecção pelo VHC, como exemplo cita
as práticas de escarificações e circuncisão, exposição a material médico não
esterilizado, tatuagem ou perfuração corporal, como piercing e acupuntura, ou
ainda quando se retira cutículas, em locais onde não há esterilização do
material utilizado, sem controle dos meios sanitários.
22
Os tatuadores entram em contato direto com o sangue de seus clientes
e ficam expostos a todos esses microrganismos patogênicos. É importante
ressaltar que somente a Hepatite B possui vacina segura e eficaz, ao passo
que a Hepatite C não possui vacina, sendo que para Isihi (2010, p.100) “vários
estudos constataram evidências que tatuagens e perfuração corporal para a
colocação de piercing são um indicativo de soropositividade para estas
doenças”.
Tipple, (2003) acredita que esses fatores reforçam a necessidade de
uma capacitação profissional, acerca de normas de biossegurança, para
minimizar riscos para saúde destes profissionais, dos usuários desta prática de
marcação corporal e para toda comunidade.
1.6 O processamento de artigos utilizados na realização de tatuagem
Para Isihi (2010) a esterilização dos materiais para tatuagem é
fundamental para que, na hora de tatuar, esses artigos não representem riscos
à saúde. Sendo assim é necessário todo um procedimento de higiene antes,
durante e depois da realização da tatuagem.
Limpar, desinfetar e esterilizar são procedimentos necessários para a
descontaminação.
A
descontaminação
caracteriza-se
pela
limpeza,
desinfecção ou esterilização das superfícies contaminadas, a fim de tornar
essas superfícies livres de agentes potencialmente contaminados. Segundo
Mastroeni (2006) a limpeza é utilizada para remover matérias orgânicas
(sangue, vômitos, secreções), sendo realizada com água e detergente
associada aos produtos enzimáticos, enquanto que a esterilização serve para
destruir todas as formas de vida, inclusive esporos bacterianos.
A limpeza das bancadas, pisos e equipamentos deve ser realizada após
o término de uma atividade. A desinfecção do ambiente é realizada antes e
após as atividades realizadas, para evitar contaminação do ambiente com
materiais biológicos que apresentam riscos para saúde. A descontaminação e
a limpeza de vidrarias devem ser realizadas imediatamente após o
23
derramamento de produtos biológicos. Hirata (2002) alerta para o fato dos
equipamentos serem posicionados na bancada de forma a evitar que os cabos
elétricos atravessem a área de trabalho, enquanto aos materiais biológicos,
estes devem ser manuseados de forma segura de acordo com o nível do risco
ambiental.
Segundo Mastroeni (2006) existe uma sequência para o preparo dos
materiais, que se caracteriza pelo:

Descarte dos materiais não-reutilizáveis, como por exemplo os
perfurocortantes, tintas e badoque -que são recipientes para
colocação de tinta individual para cada cliente e papel toalha. Todos
devem ser descartados em lixos específicos, dependendo da sua
natureza física, química e pelos riscos que oferecem ao meio
ambiente.

Separação dos materiais, de acordo com sua classificação (crítico,
semi-crítico e não crítico), e posteriormente a limpeza e/ou
desinfecção dos artigos;

Enxágue, secagem e colocação dos materiais em invólucros para
esterilização;

Utilização de indicadores químicos e biológicos;

Esterilização em autoclave, seguindo o tempo fornecido pelo
fabricante;

Validação, armazenamento e distribuição dos artigos esterilizados; e

Manutenção preventiva do equipamento.
24
As superfícies fixas dos ateliês de tatuagem (pisos, paredes, tetos,
portas, mobiliários, equipamentos e demais instalações) não representam
riscos significativos de transmissão de infecção, porém, a limpeza destas
superfícies são importantes para o controle eficaz na interrupção da cadeia
epidemiológica das infecções (ISIHI, 2010).
A classificação dos materiais utilizados para atendimento ao cliente são
classificados, segundo Mastroeni (2006), como: artigos críticos, semi-críticos e
não críticos. Os artigos críticos seriam os instrumentos que penetram na pele e
mucosa não íntegra, requerendo esterilização para eliminação de germes. Os
artigos semi-críticos seriam os instrumentos que tem contato com a pele ou
mucosa íntegras, pedindo desinfecção ou esterilização para garantir a
qualidade deste material. E por último, os artigos não críticos seriam os
materiais de uso externo do cliente, necessitando de limpeza ou desinfecção.
(MASTROENI, 2006).
O enxágue após a limpeza e descontaminação deve ser realizada em água
potável e corrente. A secagem desses artigos deve ser feita por meio de papel
absorvente ou estufa, em seguida deve ser armazenado ou submetido à
desinfecção ou esterilização, não se esquecendo de validar esses produtos.
Isihi (2010) ressalta a necessidade de esterilizar esses materiais, que devem
ser colocados em invólucros de grau cirúrgico, ou outro adequado ao tipo de
processamento escolhido.
Além disso, Hirata (2002) diz que a limpeza dos artigos e equipamentos é
necessária para a remoção da sujidade de superfície, por meio de ação
mecânica, manual ou químico, seguida de enxágue e secagem. Já a
desinfecção é um processo de destruição de microrganismos como bactérias,
fungos e vírus, porém, esse processo não destrói os esporos bacterianos
presentes nos materiais. Mastroeni (2006) conclui que a esterilização é usada
para a destruição de todos os microrganismos principalmente os esporos.
Quanto à esterilização usada pelos tatuadores, Isihi (2010) afirma que
deverá ser a de calor úmido (autoclave), pois é de fácil manejo e segura em
todo o processo de destruição de microrganismos.
25
1.7 Esterilização por calor úmido
A esterilização ocorre no vapor saturado, ou seja, quando a temperatura
atinge o ponto de ebulição na pressão considerada.
Este é o meio mais
econômico para materiais termorresistentes (MASTROENI, 2006).
Isihi (2010) cita exemplos de artigos que devem ser autoclavados, tais
como: alicates, pinças, gabaritos de solda, agulhas novas (previamente
soldadas), alargadores em aços, biqueiras e recipientes em aços. É importante
ressaltar que o tempo, temperatura e pressão da autoclave são recomendados
pelos fabricantes por existir autoclaves com quantidade de água destilada,
ciclos para esterilização e tempo de exposição diferente.
Contudo, toda autoclave obedece a uma sequência: retirada do ar e
entrada do vapor  esterilização  secagem  entrada de ar filtrado para
restauração da pressão interna. Sendo necessária a manutenção preventiva,
de, no mínimo, uma vez por semana desse equipamento.
1.8 Invólucros para esterilização
Após a limpeza ou desinfecção, secagem e separação, os materiais devem
ser acondicionados, em embalagens de papel grau cirúrgico, para serem
submetidos à autoclave.
Os invólucros precisam possuir registro no Ministério da Saúde, terem
registro do indicador químico específico para cada tipo de
esterilização e serem utilizados de acordo com as instruções do
fabricante. Devem possibilitar a remoção de ar e possuir barreira
adequada a líquidos. Ter integridade adequada de selagem e ser a
prova de violação. Além disso, precisam estar apropriados para os
métodos de esterilização, permitindo a penetração e a remoção do
agente esterilizante, serem resistentes a rasgos ou perfurações de
forma a proteger o conteúdo do pacote de danos físicos, e não
oferecer dificuldade na abertura do pacote permitindo observar os
princípios da técnica asséptica (ISIHI, 2010, p. 57-58).
Hirata (2002) diz que existem indicadores mecânicos, presentes
normalmente no painel frontal do equipamento, que indicam a temperatura
26
alcançada e a pressão a fim de garantir a eficácia e a confiabilidade do
processo de esterilização.
Podem-se usar indicadores químicos externos, que estão na forma de
fitas adesivas, que mudam de cor devido a sensibilidade à temperatura. Sendo
capaz de indicar somente a passagem pelo processo e não a qualidade da
esterilização. Os indicadores químicos internos são fitas colocadas dentro do
pacote e que reagem quimicamente servindo para avaliar a temperatura,
pressão e o vapor (ISIHI, 2010).
Mastroeni (2006) afirma que os indicadores biológicos são usados para
testar a qualidade da esterilização, quanto à destruição dos microrganismos,
são tiras de celulose que são inseridas dentro de alguns pacotes testes e são
levados à autoclave. Após o ciclo, os indicadores são incubados mostrando
que, se não houver crescimento bacteriano, o processo foi eficaz.
Posterior a esse processo os artigos devem ser estocados e conter
prazo de validade, dependendo do tipo de invólucro, da eficiência e do
empacotamento. Para Isihi (2010, p.61) “é preciso propiciar condições ideais de
embalagem e armazenamento garantindo que todo o processo de limpeza,
desinfecção e esterilização sejam validados”.
1.9 A legislação RDC/ ANVISA
No Brasil, a primeira legislação específica de biossegurança foi a
resolução n° 1 do Conselho Nacional de Saúde, de 13 de junho de 1988. Logo
depois surgiram decretos que regulamentavam essa lei, com destaque para a
portaria n° 343/GM, que em 19 de fevereiro de 2002, instituiu no âmbito do
Ministério da Saúde, a Comissão de Biossegurança em Saúde. Para Mastroeni
(2006) essa portaria, ao estabelecer a obrigatoriedade da utilização dos
princípios de biossegurança, propiciou a promoção de debates públicos sobre o
tema.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos instituiu, em agosto de 2010, a
lei 12.305, que traz definições importantes sobre o manuseio e gerenciamento
27
correto dos resíduos sólidos, colaborando para que houvesse maior
fiscalização, incluindo pessoas físicas ou jurídicas, responsabilizando-as pelo
envolvimento direto ou indireto na geração de resíduos sólidos (Lei 12.305, Art.
2º).
De acordo com a lei os resíduos sólidos são caracterizados como todo
material, substância, dejeto ou atividade em que a destinação final resulta nos
estados sólidos ou semissólidos. Como exemplo cita os gases e líquidos em
recipientes, com particularidades inviáveis para o seu descarte na rede púbica
de esgotos ou corpos d’água. Tais resíduos exigem a melhor economia
disponível para solucionar tecnicamente seu descarte, sem que traga riscos à
saúde pública (Lei 12.305).
Dessa forma, se institui o correto gerenciamento dos resíduos sólidos,
definindo como parâmetros para sua disposição final.
Gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações exercidas,
direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos
sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de
acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos
ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na
forma desta Lei (Lei 12.305, Art. X).
Outro aspecto relevante da citada lei é a definição das responsabilidades
dos geradores de resíduos e do Poder Público, este último deve assegurar a
correta observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos, enquanto os
primeiros se compõe de pessoas físicas e jurídicas responsáveis pela
implementação e operacionalização integral do plano de gerenciamento desses
resíduos. (Lei 12.305).
Sobre o transporte, armazenamento e destinação final dos resíduos
observa-se que as pessoas físicas ou jurídidas não serão isentas da
28
responsabilidade, caso venham causar danos pelo incorreto gerenciamento
dos respectivos resíduos ou rejeitos (Art.27, §1º).
A RDC ANVISA n° 306/04 diz que os resíduos sólidos de saúde
recebem uma classificação de acordo com os riscos que apresentam, esses
grupos se separam nos grupos A, B, C, D e E e são representados pelos
seguintes símbolos:
- Grupo A – resíduos com presença
de agentes biológicos;
- Grupo B – resíduos químicos;
- Grupo C – resíduos radioativos;
- Grupo D – resíduos domiciliares;
-Grupo E – resíduos perfurocortantes.
Quadro 1: Símbolos que identificam os grupos de resíduo. Fonte: BRASIL, 2006, p.43.
O acondicionamento desses resíduos sólidos deve ser realizado em
recipientes resistentes, impermeáveis, com tampas providas de abertura sem
contato manual, não podendo ter rupturas ou vazamentos, devendo respeitar
os limites de peso de cada saco. Isso significa que não pode ultrapassar 2/3 do
29
volume dos recipientes, sendo proibido o esvaziamento ou reaproveitamento.
Os resíduos do grupo E devem ser acondicionados separadamente, no local de
sua produção, em recipientes rígidos, impermeável, com tampa que tenha a
simbologia adequada (BRASIL, 2006).
O armazenamento temporário dos resíduos sólidos de saúde se
caracteriza pelo local onde esses resíduos acondicionados ficam, visando
facilitar a coleta dentro do estabelecimento, mas dependem da distância de
onde o lixo foi gerado até o armazenamento externo. O armazenamento
temporário pode ser dispensado, sendo encaminhado diretamente para a
coleta externa. Os recipientes que guardam os resíduos no armazenamento
temporário devem ficar em sala com pisos e paredes laváveis, devendo possuir
iluminação artificial e ter uma área suficiente para armazenar dois recipientes
coletados (BRASIL, 2006).
Para a higienização da sala é recomendável a existência de um ponto de
água e ralo sifonado com tampa escamoteável. Observando que o
armazenamento não deve ser feito diretamente sobre o piso, visto a
obrigatoriedade
da
conservação
dos
sacos
em
recipientes
de
acondicionamento.(BRASIL, 2006).
O armazenamento externo deve ter as seguintes características:
a) Acessibilidade: permite o acesso facilitado aos recipientes com
resíduos pelos veículos coletores;
b) Exclusividade: a finalidade do ambiente deve ser o somente para o
armazenamento de resíduos;
c) Segurança: as condições do ambiente deve permitir que os
resíduos permaneçam longe dos agentes externos, tais como sol,
chuva e vento, evitando que outras pessoas ou animais tenham
acesso.
d) Higiene e Saneamento: os processos de higienização devem ser
garantidos pelas condições do local, que deve conter boa
iluminação, ventilação, com pisos e paredes revestidos de materiais
30
resistentes,
possibilitando
a
higienização
de
carrinhos
e
contenedores (BRASIL, 2006).
A
Anvisa
aprovou
normas
técnicas
para
o
funcionamento
dos
estabelecimentos que realizam tatuagens permanentes. Segundo RDC n°55,
de 06 de agosto de 2008 “o objetivo é estabelecer a obrigatoriedade de registro
de produtos utilizados nos procedimentos de pigmentação artificial na pele”.
As regulamentações fizeram com que os ateliês de tatuagem
providenciassem o alvará e uma licença sanitária expedida pelo órgão sanitário
competente. Com isso instituiu a obrigatoriedade de possuir recepção e sala de
procedimento individual. Além disso, a norma técnica da Anvisa estabeleceu
como essencial: i) lavatório para higienização das mãos; ii) pia com bancada e
água corrente para limpeza de materiais; iii) bancada para preparo de
desinfecção e/ou esterilização dos artigos- ressaltando a importância da
existência de um local específico para processamento de artigos, mas
liberando que o espaço fique dentro da sala de procedimento, desde que sejam
estabelecidas barreiras técnicas; e iv) área específica esterilizada para
armazenamento dos materiais, dotada de armários exclusivos fechados, limpos
e livres de umidade. (RDC n°55, 2008).
Os estabelecimentos que praticarem a tatuagem deverão ter boas
condições de iluminação e ventilação, não podendo existir rachaduras nas
paredes ou alterações que comprometam a estrutura física do ambiente.
Segundo a norma técnica da Anvisa os pisos, paredes e tetos devem ser
laváveis, impermeáveis e estar em bom estado de conservação e limpeza. Os
resíduos gerados devem atender as legislações sanitárias sobre resíduos de
serviço de saúde,
Os produtos utilizados no procedimento de pigmentação artificial
permanente da pele devem possuir registro na Anvisa ou do órgão
competente, devendo obedecer ao disposto na resolução de diretoria
colegiada n° 55/2008 de 06 de agosto de 2008, ou outra que vier
3
substituí-la (SEÇAO III, art. 8) .
3
Está disponível na RDC n° 306 de 7 de dezembro de 2004.
31
Os profissionais devem fazer uso de equipamento de proteção individual
(EPI) e devem comprovar conhecimento básico de biossegurança, devendo ser
vacinados contra Hepatite B e tétano4.
Para funcionamento legal desse estabelecimento é necessário um
cadastramento do cliente que deverá possuir identificação, ficha com data do
procedimento, tipo de procedimento realizado, eventos adversos como
alergias, infecções, acidentes e outros. Em caso de menores de 18 anos de
idade deve existir um cadastro com autorização por escrito dos pais ou
responsável legal, bem como um termo de consentimento livre e esclarecido,
com informações sobre os materiais utilizados no procedimento como: nome do
produto, n° do lote, fabricante, n° do registro na Anvisa, data de fabricação,
data de validade e data de abertura do frasco5.
Em relação ao procedimento realizado, deve dispor de materiais em
número adequado para o atendimento, sendo necessários kits individuais para
cada cliente.
SEÇÃO IV, art. 15 – Deverá existir um protocolo prevendo o
encaminhamento para serviços de saúde em casos de acidentes e/ou
reações alérgicas e infecção de cliente bem como atendimento em
caso de acidente com exposição ao material biológico.
CAPÍTULO V - das disposições finais
Art. 22 - É proibido fumar, comer, beber ou manter plantas, alimentos,
bebidas, animais, medicamentos de uso pessoal, pessoas e objetos
alheios às atividades do setor, na área de processamento de
6
materiais .
O não cumprimento dos critérios estabelecidos na resolução acarretará
infração à legislação sanitária vigente, podendo ter a suspensão imediata das
atividades7.
4
Ibidem.
5
Está disponível na RDC n° 306 de 7 de dezembro de 2004.
6
Ibidem.
7
Ibidem.
32
1.9.1 Resíduos sólidos de serviço de saúde do Distrito Federal
A coleta e transporte interno dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS)
consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao
armazenamento temporário ou armazenamento externo, com a finalidade de
disponibilização para a coleta
A coleta e o transporte devem atender ao roteiro previamente definido
e devem ser feitos em horários, sempre que factível, não coincidentes
com a distribuição de roupas, alimentos e medicamentos, períodos de
visita ou de maior fluxo de pessoas ou de atividades. A coleta deve
ser feita separadamente, de acordo com o grupo de resíduos e em
recipientes específicos a cada grupo de resíduos (Brasil, 2006, p.45)
A coleta de resíduos sólidos é realizada em veículos especializados,
onde existe um cadastro dos pequenos e grandes geradores, dentre eles:
estúdios de tatuagem, farmácia, hospitais, centros de saúde em que ocorra a
coleta diária, ou ainda de acordo com a necessidade do estabelecimento que
receberá seu destino final, de acordo com a sua classificação (BRASIL, 2006).
Os grupos pertinentes para esse trabalho são: a) Grupo A - aqueles que
contém agentes biológicos e devem se submeter a tratamento em
equipamentos que eliminem a carga microbiana ou que,
no mínimo, a
reduzam; b) Grupo B – que contém substâncias químicas, podendo seguir dois
destinos: serem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou
reciclagem; ou ter uma disposição final específica; e c) Grupo E - materiais
perfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas,
ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas
e outros similares (BRASIL, 2006).
De acordo com o manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de
Saúde é de extrema importância que se leve em consideração o risco de
disseminação epidemiológica, que provocam as doenças emergentes, a não
relevância desse aspecto leva ao desconhecimento dos mecanismos de
transmissão. Nesse caso deve-se submeter a tratamento, por processos físicos
33
ou outros, desde que sejam validados para reduzir ou eliminar a carga
microbiana (BRASIL, 2006).
Após a coleta esses lixos recebem uma destinação final de acordo com
o grupo classificado, atualmente as disposições finais utilizadas são: aterros
sanitários, aterro de resíduos perigosos para resíduos industriais e, aterro
controlado, lixão ou vazadouro e valas (BRASIL, 2006).
Aterro sanitário – se constitui de locais reservados de forma a garantir a
segurança da comunidade no recebimento e armazenamento dos resíduos
sólidos, de forma a assegurar a preservação ambiental e a saúde. Os resíduos
são compactados numa espessura de 20cm, em uma camada sobre o solo que
será impermeabilizado, controlando os afluentes líquidos e emissões de gases.
Além disso, o procedimento adotado evita a proliferação de roedores, moscas e
outros insetos, além de não poluir águas superficiais ou subterrâneas (BRASIL,
2006).
Aterro de resíduos perigosos – é uma técnica para que os resíduos
químicos sejam alojados o solo de forma a não trazer riscos à saúde pública ou
ao meio ambiente. Utiliza-se de processos específicos para o confinamento dos
resíduos (BRASIL, 2006).
Lixão ou vazadouro – não é adequado para o despejo dos resíduos
sólidos uma vez que não existem medidas específicas para o seu
armazenamento, traz riscos à saúde pública pois dá origem aos vetores
indesejáveis, tais como o mau cheiro, proliferação de insetos e contaminação
dos lençóis de água, sem contar o risco de explosão devido a presença de
gases (CH4) (BRASIL, 2006).
Aterro controlado – trata-se de uma versão do lixão ou vazadouro um
pouco melhorada, pois ao ser descarregado no solo os resíduos são recobertos
com uma camada de material inerte, diariamente. Contudo, ainda não é capaz
de evitar a poluição, por não possuir drenagem, tratamento de líquidos, gases e
impermeabilização (BRASIL, 2006).
34
Valas sépticas – chamada de Célula Especial de RSS é uma técnica que
se utiliza da impermeabilização do solo, obedecendo as normas da ABNT,
consistindo
no
preenchimento
das
valas
escavadas,
com
largura
e
profundidade proporcional a quantidade de lixo aterrado. Para retirar a terra é
utilizada a retroescavadeira, realizando uma cobertura diária dos resíduos. Os
veículos coletores ao chegarem com os resíduos depositam-nos diretamente
no interior da vala, para que ao final do dia, seja efetuada a cobertura do local
com terra, sendo feita manualmente ou através de uma máquina (BRASIL,
2006).
35
2 Justificativa
O interesse pela temática da tatuagem e suas repercussões para saúde
surgiu durante a graduação em enfermagem. O apreço por essa arte foi o
motivo principal para se observar que tanto usuários, tatuadores e gestores de
saúde não possuem muitas informações sobre as formas de biossegurança
com os materiais usados nesses procedimentos estéticos. Mesmo com a
existência de uma consciência do risco para a saúde com a manipulação
inadequada dos materiais, ainda existe uma enorme carência de informações
sobre as técnicas adequadas de esterilização, desinfecção, acondicionamento,
manipulação e descarte dos materiais utilizados na tatuagem (ISIHI, 2010).
A tatuagem é uma forma de expressão bastante antiga, ao longo de sua
existência representou a arte e o modo de vida de diversas sociedades ao
simbolizar ritos de passagens e importantes momentos históricos culturais. Nos
indivíduos, a tatuagem retrata momentos particulares da vida ou simplesmente
marca diferenças (PIRES, 2003). Por esse motivo, deve ser garantido aos
usuários o direito à arte corporal que escolheram, no entanto, deve-se
assegurar a redução de riscos biológicos envolvidos nesse processo. Nesse
sentido, a prevenção é fundamental e o conhecimento é a ferramenta chave
para se evitar esses riscos (JEOLÁS, 2010).
Dessa forma, o objetivo é orientar os profissionais sobre as formas
seguras de prevenção contra os riscos de uma prática ilegal de tatuagem e
também sobre os cuidados no processamento dos materiais durante e pósprocedimento, incluindo o descarte. Ao esclarecer dúvidas e lançar luz aos
preconceitos e mitos sobre essa intervenção corporal, esse projeto tem como
finalidade trazer novos conhecimentos para todos aqueles que se interessem
pelo tema e colaborar com o controle sanitário do problema.
2.1 Questão norteadora
Como está sendo realizado o processamento dos materiais na prática de
tatuagem no Distrito Federal?
36
2.2 Hipótese
Os profissionais que trabalham com realização de tatuagens não
esterilizam de forma adequada os materiais utilizados na técnica de tatuagem.
2.3 Objetivo geral
Analisar o processo de gerenciamento de resíduos no processo de
tatuagem no DF.
2.4 Objetivos específicos
1- Descrever o perfil sócio demográfico dos tatuadores do D.F;
2- Levantar o conhecimento dos tatuadores acerca da importância da
utilização dos equipamentos de proteção individual- EPI’S no processo
de trabalho e sobre a imunização;
3- Conhecer as normas de gerenciamento dos resíduos utilizados nos
ateliês do DF.
37
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo
Nesse estudo foi utilizada uma abordagem quantitativa somada ao
estudo transversal, proporcionando maior riqueza na construção dos dados,
uma vez que evita a limitação de cada abordagem. Possibilitando a soma das
características inerentes ao estudo quantitativo - que se baseia no
aprofundamento da compreensão do universo pesquisado, com o estudo
transversal que explicita o efeito da amostra em questão (POPE, 2009).
As pesquisas quantitativas são ideais para apurar opiniões e
informações dos entrevistados, uma vez que sintetizam as possibilidades de
respostas numa pequena lista de possibilidades, sendo eficazes para verificar
se as intervenções produzem efeito real. Geralmente são utilizadas em grupos
representativos de um determinado universo, de modo que seus dados possam
ser generalizados e projetados para aquele universo, ou seja, traduz em
números as opiniões e informações para serem classificadas e analisadas
(POPE, 2009).
Com relação ao estudo transversal, este se caracteriza pelo fato de
realizar os levantamentos dos dados num único momento, ou seja, avaliando
junto à exposição o efeito da amostra estudada. È muito utilizado em pesquisa
epidemiológica para avaliar e planejar programas de controle de doenças
(POPE, 2009).
3.2 Local
O local da realização da pesquisa do grupo analisado foi em diferentes
ateliês de tatuagens localizados em várias cidades do Distrito Federal.
3.3 Sujeitos e Amostra
38
Os sujeitos desta pesquisa científica foram 18 tatuadores que
trabalhavam em ateliês de tatuagem localizados em várias cidades de Brasília.
A amostra foi definida conforme os critérios de inclusão e exclusão
especificados abaixo, considerando o número de profissionais inscritos no
órgão, com uma margem de perda de 5 à 7%.
3.4 Critérios de inclusão
Para participarem da pesquisa foi necessário que o profissional tivesse
idade superior a 18 anos e que aceitasse voluntariamente participar, assinando
o termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE. Devendo possuir
credenciamento no Sindicato dos Estúdios de Tatuagem e Body Piercing do
Brasil (SETAP- BR) e autorização da Anvisa para funcionamento do
estabelecimento. Não houve um critério específico para a escolha dos ateliês
de tatuagem, pois foram sorteados aleatoriamente, dentro do tempo
programado pela pesquisadora.
3.5 Critérios de exclusão
Os ateliês que não possuíam autorização da Anvisa para funcionamento
da loja foram excluídos da pesquisa, por uma questão ética deste trabalho.
3.6 Técnicas e instrumentos para a coleta de dados
Se utilizou de um questionário que foi apresentado aos tatuadores que
avaliaram os passos utilizados para realizar o processamento de artigos em
ateliês de tatuagem. Foi composto de perguntas fechadas e uma única aberta
que permitiu ao profissional realizar uma ampla exposição sobre como ele
esterilizava os materiais utilizados nas confecções de tatuagens.
39
Para melhor compreensão sobre a forma de coleta dos dados é
necessário seguir alguns passos que são:
1° passo: a pesquisadora realiza um levantamento do número de tatuadores
que estão legalmente credenciados na SETAP-BR.
2° passo: se realiza um contato prévio com esses profissionais, a fim de
informá-los sobre a pesquisa realizada e colher a assinatura do TCLE.
3° passo: aplicação de questionário com questões fechadas com apenas uma
questão aberta, para dezoito tatuadores do Distrito Federal, para obter
informações sobre o uso dos Equipamentos de Proteção individual (EPI’S),
gerenciamento dos resíduos sólidos de saúde e processamento de artigos no
local da pesquisa.
3.7 Análise dos dados
Os dados foram tratados em banco do programa ACESS/SPSS –
Estatística Descritiva e os seus resultados foram relacionados em gráficos.
3.8 Aspectos éticos da pesquisa
A pesquisa seguiu todas as recomendações, no que se refere aos
aspectos éticos, da Resolução 196/96, que trata de pesquisas envolvendo
seres humanos, do Conselho Nacional de Saúde. Foram garantidos, aos
cidadãos envolvidos na pesquisa, todos os direitos citados no termo de
consentimento livre e esclarecido, quais sejam:

Que toda a informação seria prestada aos profissionais envolvidos, a
qualquer momento no decorrer da pesquisa;

Que a qualquer tempo os pesquisados poderiam solicitar maiores
esclarecimentos sobre a pesquisa;

Os dados pessoais prestados seriam sigilosos, sejam eles referentes
aos nomes dos participantes, local de trabalho ou qualquer outra
informação que possa levar à sua identificação ou de sua família;
40

Ampla possibilidade de se negar a responder quaisquer questões ou a
fornecer informações que julguem prejudiciais a sua integridade física,
moral e social;

Opção em solicitar que determinadas falas e/ou declarações não sejam
incluídas em nenhum documento oficial, o que será prontamente
atendido; e

Desistir, a qualquer tempo, de participar da pesquisa8.
O termo de consentimento livre e esclarecido será apresentado em duas
vias. Uma permanecerá com o entrevistado e a outra ficará com a
pesquisadora, por até 5 (cinco) anos, assim como os instrumentos de coleta de
dados.9
O risco que esta pesquisa oferece é do profissional (tatuador) se sentir
moralmente ou financeiramente prejudicado. Por isso, foi garantido aos
participantes, no caso de qualquer tipo de incômodo, desistir da pesquisa sem
que nenhum dado fosse divulgado.10
Os resultados da pesquisa serão tornados públicos pelo seguinte meio:
 Subsídio para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso
de Enfermagem, que ficará disponível na Biblioteca e o resumo
que será disponibilizado na home page do Curso de Enfermagem
da UCB.
8
Disponível em:<www.ufgrs.br/bioetica>. Acesso em: 10 maio 2011.
9
Ibidem.
10
Ibidem.
41
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÂO
A pesquisa foi realizada em três cidades, no Distrito Federal, entre elas,
Taguatinga, Ceilândia e Plano Piloto. O motivo da escolha desses locais
ocorreu em função do local que apresentasse maior concentração de ateliês
que realizavam tatuagem. Ao total do estudo foram visitados treze ateliês,
sendo
que
dezoito
tatuadores
participaram
da
pesquisa.
Todos
os
entrevistados eram brasileiros, residiam em Brasília, estavam com idade entre
18 e 43 anos, com predominância do sexo masculino.
Quanto às limitações do estudo, todos os tatuadores procurados para
participarem desta pesquisa questionaram e se mostraram inseguros em
virtude de considerarem este assunto de pouca importância para estudo.
Utilizaram-se do argumento de que tinham pleno domínio acerca do
conhecimento teórico sobre biossegurança, do correto manuseio e higienização
dos instrumentais. O que se observou é que a resistência ocorria como
resultado de uma desconfiança desses profissionais, uma vez que se sentiram
fiscalizados, e por isso apresentaram uma reação negativa e pouco
colaborativa com o estudo.
Quando analisado o sexo dos tatuadores 94,0% desses profissionais
eram do sexo masculino e apenas 6,0% feminino. Os dados deste estudo
concordaram com os dados obtidos no município de São Paulo, Isihi (2010),
encontrou que 85,92% dos tatuadores do município de São Paulo eram do
sexo masculino, demostrando assim uma preponderância masculina na
profissão de tatuador.
42
Figura 1: Frequência de tatuadores por grupo etário no Distrito Federal, 2011.
Ao analisar o grupo de idade dos tatuadores 50,0% dos entrevistados
tinham idade entre 18 e 30 anos e de 31 à 43 anos, respectivamente como
mostra a Figura 1. Diferentemente as pesquisa de Isihi (2010), em sua amostra
estudada, a maioria dos tatuadores apresentavam idade entre 26 e 40 anos de
idade.
Figura 2: Grau de instrução dos tatuadores no Distrito Federal, 2011.
Com relação à escolaridade verificou-se que 22,0% dos entrevistados
possuíam o ensino fundamental, 45,0% o ensino médio e 33,0% tinham o nível
superior. Ou seja, a maioria dos profissionais dos ateliês já eram portadores de
curso superior. (Figura 2).
43
Quanto ao nível de escolaridade dos tatuadores do município de São
Paulo, Isihi (2010) mostrou que 66,20% de sua amostra possuíam o ensino
médio e somente 31,0% tinham concluído o nível superior, o que difere dos
dados obtidos neste estudo.
Ao considerar como se deu o aprendizado dos entrevistados, constatouse que cerca de 67,0% dos entrevistados aprenderam a profissão com ajuda
dos colegas e 33,0% o fizeram observando outros colegas de trabalho.
Semelhante aos dados obtidos por Isihi (2010), pois a maioria dos tatuadores
do município de São Paulo aprenderam a profissão com colegas, sendo
possível observar que a profissão de tatuador é aprendida de uma forma
informal sem a necessidade de realização de curso técnico para exercer a
profissão.
Figura 3: Tempo de profissão dos tatuadores no Distrito Federal, 2011.
Na análise relativa ao tempo de profissão, os entrevistados que
afirmaram ter até cinco anos de profissão corresponderam a 39,0% dos casos.
Com seis a dez anos de profissão um total de 44,0% dos tatuadores, e apenas
17,0% tinham mais de dez anos de profissão (Figura 3).
Diferentemente do estudo de Isihi (2010), constatou-se que parte de sua
amostra estudada possuíam mais de dez anos de profissão. Nesta comparação
44
que os tatuadores do Distrito Federal possuíam menos tempo de profissão
comparado aos tatuadores de São Paulo.
Quando analisada a prevenção com a vacina contra hepatite B entre os
entrevistados, 78,0% dos casos relataram terem recebido essa vacina,
enquanto que 11,0% negaram a imunização ou não tem o conhecimento sobre
sua imunidade frente à hepatite B, respectivamente.
Figura 4: Número de doses de hepatite B recebidas pelos tatuadores no Distrito
Federal, 2011.
Ao considerarem o número de doses da vacina contra hepatite B,
verificou-se que 63,0% relataram terem tomado as três doses, 25,0% não
completaram adequadamente o esquema, com administração de duas doses e
12,0% não sabiam informar sobre o total de doses de vacina que receberam
(Figura 4).
Isihi (2010), em sua amostra estudada verificou que metade dos
entrevistados afirmaram ter tomado a vacina contra hepatite B, sendo que
somente 35,0% dos tatuadores de São Paulo que tomaram a vacina
completaram o esquema de três doses. Isso revela que tanto neste estudo
quanto no estudo realizado por Isihi (2010), existiu uma alta porcentagem dos
45
tatuadores
que
mostraram
desconhecimento
sobre
importância
dessa
prevenção, tanto para o tatuador como para o cliente.
Quando analisado o conhecimento da infecção por hepatite B e hepatite
C, entre os entrevistados, eles tinham certo conhecimento sobre a
contaminação do vírus. Diferentemente da população estudada por Oliveira
(2009)
onde
manicures
do
estado
de
São
Paulo
demostraram
desconhecimento sobre a transmissão de hepatite B e C.
Em relação ao acidente com agulhas entre os tatuadores mais da
metade dos entrevistados (67,0%) relataram ter sofrido acidente de trabalho, e
os demais 33,0% nunca se acidentaram. Scheidt (2006), traz que o risco de
contaminação após exposição percutânea com o vírus HIV é de 0,3% para
hepatite B e esta exposição, varia de 6,0% à 30,0%. Quanto ao risco da
hepatite C ela é aproximadamente entre 3,0% à 10,0%.
Cerca de 16,0% relataram que o acidente ocorreu no momento da
lavagem dos utensílios e 17,0% no descarte ou na preparação do material.
Em relação à forma de contaminação da hepatite B, cerca de 56,0% dos
tatuadores acreditavam que a contaminação poderia se dá através do contato
direto com sangue. Um total de 11,0% afirmaram que a contaminação poderia
se dá no manuseio do material utilizado no processo de tatuar, e 33,0%
relataram que havia outras formas de contaminação. Confirmado por Mastroeni
(2006) o contato com sangue, manuseio de materiais contaminados e o
acidente com perfurocortantes podem ser fontes de contaminação por vírus e
bactérias.
Quando analisado a questão do treinamento sobre a biossegurança,
78,0% dos respondentes afirmaram terem recebido treinamento, enquanto
22,0% nunca foram treinados. Quanto as normas de biossegurança, a maioria
tatuadores receberam orientação técnica através do curso de biossegurança,
dados semelhantes com os observados por de Isihi (2010), em São Paulo.
46
Figura 5: Locais que os tatuadores receberam treinamento sobre biossegurança no
Distrito Federal, 2011.
Ao ser analisado os profissionais dos ateliês sobre o treinamento de
biossegurança, dos que relataram tê-lo recebido totalizou 64,0%, junto ao
sindicato dos tatuadores, 22,0% nos órgãos de saúde e 14,0% não informou a
origem dessa informação.
Quanto aos procedimentos técnicos utilizados pelos tatuadores nos
ateliês do Distrito Federal, antes de dar inicio à tatuagem, a totalidade dos
entrevistados relataram a realização de lavagem das mãos e a desinfecção da
bancada com álcool. Na avaliação da proteção da bancada com papel filme
mais da metade o fazem (70,0%), porém, nem todos protegem os demais
materiais, tais como: maca, cadeira, fonte de alimentação, clip-cord11,
borrifador e a máquina de tatuar. Os dados deste estudo não concordaram com
os obtidos por Isihi (2010), uma vez que a mesma demostrou em seu estudo
que grande parte dos tatuadores do município de São Paulo não lavavam as
mãos antes de realizar a tatuagem no cliente, porém em relação a desinfecção
dos materiais quase a totalidade relataram realizarem a desinfecção antes e
após o trabalho.
11
Clip-cord é um fio que conecta a fonte de alimentação com a máquina de tatuar.
47
Figura 6: Reutilização da lâmina de barbear pelos tatuadores no Distrito Federal, 2011.
Ao se analisar a figura 6, que descreve a reutilização de lâminas, 56,0%
dos tatuadores afirmaram que as lâminas eram utilizadas uma única vez,
11,0% não se lembra e 33,0% dos entrevistados não responderam. Isso é
relevante uma vez que quase metade dos entrevistados parece não fazer o
controle adequado durante a execução do procedimento de tricotomia. A
lâmina de barbear é um material perfurocortante, devendo ser de uso único e
com elevado risco de transmissão de doenças veiculado a esse material
(Mastroeni, 2006).
Quanto aos equipamentos de proteção individual (EPI’s) utilizados na
realização da tatuagem do cliente, 100,0% dos entrevistados relataram o uso
de luvas e máscara. Contudo, quanto aos outros materiais de EPI’s, tais como:
avental e óculos não faziam uso. Sabe-se que as atividades que expõe ao
contato com sangue, ou outros fluidos corporais, exigem o uso de
equipamentos de proteção individual, destinados à redução do risco de
transmissão de microrganismo, sendo eles, a máscara, luva, óculos e avental.
(Hinriechsen, 2004).
48
Figura 7: Uso do avental pelos tatuadores no Distrito Federal, 2011.
Quanto ao uso do avental, 45% dos tatuadores afirmaram que o utilizam,
enquanto que 33% afirmaram não utilizarem e 22% não responderam.
(Figura 7). O estudo realizado por Isihi (2010), mostrou que pequena
quantidade dos entrevistados utilizavam avental.
Figura 8: Uso de óculos pelos tatuadores no Distrito Federal, 2011.
Os tatuadores que relataram fazer uso dos óculos totalizaram 56,0% dos
casos, ao passo que 33,0% não faziam uso desse equipamento de proteção e
11,0%, não responderam (Figura 8). Diferentemente dos resultados encontrado
49
por Isihi (2010), os entrevistados revelaram uma despreocupação do uso desse
equipamento para a proteção individual.
Neste estudo, todos entrevistados afirmaram realizar a preparação do
material, ou seja, a limpeza antes de serem esterilizados, descrevendo a forma
de limpeza a seguir:
Entrevistado 1.”Faço limpeza do material com desincrustante.”
Entrevistado 2.”Uso desincrustante, enxáguo, seco e uso invólucro de papel
grau cirúrgico.”
Entrevistado 3.”Preparo o material quimicamente e manualmente.”
Entrevistado 4.”Limpo com desincrustante e depois lavo com água e sabão,
enxaguo e espero secar.”
Entrevistado 5.”Lavando, secando e embalando.”
Entrevistado 6.”Uso desincrustante, lavo, seco e embalo com papel grau
cirúrgico.”
Entrevistado 7.”Desincrustante, água, Germe-Rio, álcool 70% e embalagem.”
Entrevistado 8.”Uso desincrustante, enxaguo, borrifo álcool 70% espero secar e
embalo em papel grau cirúrgico.”
Entrevistado 9.”Lavo com água e sabão, seco e embalo.”
Entrevistado 10.”Faço o processo de lavagem, depois coloco na cuba de
ultrassom , embalo em papel grau cirúrgico.”
Entrevistado 11.”Lavo com germi-rio, em seguida enxaguo, seco e embalo.”
Entrevistado 12.”Lava-se com germi-rio, após a passagem pelo ultrassom e em
seguida sela-se em envelopes para autoclave.”
Entrevistado 13.”Desincrustante, enxague, secagem e embalagem.”
Entrevistado 14. “Germi-rio e detergente enzimático, enxague e embalagem de
papel grau cirúrgico.”
Entrevistado 15.”Desincrustante, lavagem e embalagem em papel grau
cirúrgico.”
Entrevistado 16.”Uso desincrustante,e lavo.”
Entrevistado 17.”Lavando com detergente enzimático e fricção com escova,
enxague e embalo no invólucro de papel grau cirúrgico.”
50
Entrevistado 18.”Desincrustante, enxague, secagem e embalagem.”
A lavagem dos materiais realizada pelos tatuadores eram feita de forma
inadequada por grande parte dos tatuadores, pois sabe-se que a limpeza,
consiste na remoção física das sujidades, realizada com água e sabão ou
detergentes, de forma manual ou automatizada, e por ação mecânica.
Constitui-se a primeira e a mais importante etapa para eficiência dos
procedimentos de esterilização. Para Hinrichsen (2004), a desinfecção de
artigos críticos, ou seja, materiais que entram em contato com sangue que tem
alto risco de causar infecção quanto contaminados com qualquer tipo de
microrganismo. Segundo Mastroeni (2006) considerando os artigos críticos
envolvidos na realização da tatuagem, necessita-se primeiramente da limpeza
mecânica (fricção) sempre associada a limpeza química (solução detergente,
desincrustante ou enzimática), para a remoção da macrosujidades, pois a
matéria orgânica é uma barreira à ação dos desinfetantes, assim como, reduz a
atividade deles no momento da sua aplicação. Sendo importante salientar que
na área de lavagem, enxague e secagem dos materiais estão recomentados
avental impermeável, luvas de borracha grossa, máscara e óculos protetores.
(Hinrichsen, 2004).
Sobre a realização dos testes biológicos da autoclave, durante o
procedimento de esterilização nos ateliês do Distrito Federal 67,0% dos
tatuadores afirmaram que realizam esta atividade, enquanto que 33,0%, não
realizam. Hinrichsen (2004), para se garantir a eficiência dos processos de
esterilização deve-se fazer uso de indicadores para o controle de qualidade da
esterilização, esta etapa consiste em avaliar e controlar todas as fases da
esterilização, a fim de detectar possíveis falhas, garantindo o controle de
qualidade da esterilização.
51
Figura 9: Frequência da realização dos testes nas autoclaves dos ateliês no Distrito
Federal, 2011.
Ao analisar a frequência da realização dos testes biológicos realizados
nas autoclave dos ateliês do Distrito Federal 17,0% dos pesquisados
responderam que a execução era semanal, 33,0% realizavam quinzenalmente,
17,0% mensalmente e 33,0% afirmaram que este procedimento era semestral.
(Figura 9). A frequência da realização dos testes biológicos eram feita de forma
incorreta por grande parte dos tatuadores do Distrito Federal, pois a
recomendação da Vigilância Sanitária é de realizar o teste com indicadores
biológicos em autoclaves a cada 7 dias (BRASIL, 2006).
Quando foram questionados sobre a manutenção periódica da
autoclave,
verificou-se
que
67,0%
dos
tatuadores
realizavam
este
procedimento periodicamente, os demais 33,0%, não o faziam com
regularidade. È necessário realizar a manutenção periódica da autoclave para
manter o equipamento em perfeitas condições de funcionamento como o de
garantir a segurança do equipamento segundo Mastroeni (2006).
52
Figura 10: Frequência de manutenção das autoclaves nos ateliês de tatuagens do Distrito
Federal, 2011.
Dos tatuadores que realizavam a manutenção da autoclave 33,0% deles
fizeram esta atividade semanalmente, 16,0% deles faziam a cada quinze dias,
17,0% semestralmente ou não lembram, respectivamente (Figura 10). Cabe
ressaltar, que a recomendação da manutenção da autoclave pela vigilância
sanitária é anual (BRASIL, 2006).
Todos os tatuadores afirmaram que faziam a separação dos resíduos
produzidos dentro do ateliê de tatuagem, e o descarte dos perfurocortantes
eram realizados em caixas apropriadas, ou seja, recipientes rígidos,
impermeável. Os lixos infectados com secreções ou sangue eram desprezados
em sacos de cor branco leitosa, de acordo com o preconizado pelo Ministério
da Saúde (2006). Dentre as falha detectadas, uma delas envolviam o
armazenamento até a destinação final do material, uma vez que não havia
documento formal de gerenciamento dos resíduos, dentro dos ateliês, o que é
obrigatório por lei (RDC, n° 306 de 7 de dezembro de 2004).
53
Figura 11: Destinação final dos resíduos sólidos nos ateliês de tatuagens do Distrito
Federal, 2011.
De acordo com os entrevistados 17,0% deles desprezavam os resíduos
sólidos em lixo comum, e 83,0% relataram que os resíduos iam diretamente do
armazenamento para a coleta externa. Dados desta pesquisa diferem ao de
Isihi (2010), pois em sua amostra foi encontrado uma quantidade considerável
de 83,0% dos entrevistados que desprezavam todos os resíduos em lixo
comum. Quanto ao gerenciamento de resíduos produzidos no local, ainda se
faz necessária à implantação na rotina do ateliê desse tipo de procedimento. A
recomendação é de que o lixo deve ser separado em perigoso e comum, sendo
necessário que o lixo perigoso receba cuidados especiais devido a sua
composição, na coleta e na destinação final (BRASIL, 2006).
54
6 CONCLUSÕES
Os resultados mostraram que a maioria dos profissionais que
trabalhavam com tatuagem eram do sexo masculino, com idade de 18 a 43
anos, e formação em ensino superior.
Com relação ao aprendizado da profissão, mais da metade afirmaram
que aprenderam a profissão observando os colegas durante o trabalho.
Observou-se que quase metade dos entrevistados possuiam de 6 a 10 anos de
atuação.
O conhecimento sobre a imunização contra a Hepatite B é muito
incipiente entre os tatuadores, visto que grande parte negaram ter tomado a
vacina ou não possuiam conhecimento sobre sua importância. Mais da metade
dos entrevistados
tomaram três doses de hepatite B, e um quarto dos
entrevistados não completaram o esquema vacinal.
Em relação aos acidentes com agulhas, mais da metade dos
entrevistados afirmaram que já sofreram acidente, durante o processo de
trabalho.
Quando analisado a questão do treinamento sobre biossegurança a
maioria respondeu que obteve o treinamento, no Sindicato dos Tatuadores.
Quanto à questão dos procedimentos técnicos utilizados na higienização
do ambiente e do próprio tatuador, verificou-se que quase a totalidade protegia
a bancada e os outros materiais utilizados. Mais da metade dos profissionais
realizavam a manutenção da autoclave periodicamente e
a maioria
semanalmente.
Ao se analisar a utilização da lâmina de barbear, mais da metade dos
entrevistados afirmaram não reutilizavam esse equipamento.
Os Equipamentos de Proteção Individual –EPI’s eram utilizados pela
totalidade de entrevistados, com algumas observações:
55
a) Mais da metade dos entrevistados não respondeu quanto ao uso do
avental;
b) O óculos de segurança era utilizado por um pouco mais da metade
dos entrevistados;
c) Todos utilizavam a máscara e a luva.
Os resultados apontaram a necessidade de ampliar a utilização dos
outros EPI’s, uma vez que os profissionais se preocupam apenas em utilizar a
máscara e luva, o que não é suficiente para garantir a prevenção contra os
acidentes de trabalho.
Sobre a realização de testes biológicos grande parte dos entrevistados
afirmaram que realizavam o teste, Segundo a maior parte quinzenal ou
semestral.
Em relação ao gerenciamento de resíduos produzidos dentro dos ateliês
de tatuagem, vários tatuadores faziam corretamente a separação e
acondicionamento desses resíduos. Porém, os dados revelaram que a
destinação dos resíduos sólidos até o descarte era feito em lixo comum por
uma pequena quantidade dos entrevistados.
56
7 RECOMENDAÇÕES FINAIS
Este levantamento revelou falhas, quanto à correta utilização dos
procedimentos de esterilização, desinfecção e uso de EPI’S, e na destinação
final dos resíduos, bem como na implantação de normas de gerenciamento
destes resíduos nos ateliês do Distrito Federal.
Portanto, propõe-se a seguir medidas preventivas, para aqueles que
residem próximo aos ateliês de tatuagem, quanto para os profissionais da área
e órgãos fiscalizadores do setor saúde. Assim se faz necessário:
 Maior disseminação de cursos de biossegurança e/ou de
atualização dos conhecimentos teóricos, acerca do manuseio e
descarte dos resíduos provenientes dos ateliês. Recomenda-se
cursos periódicos para conscientização das doenças ocasionadas
por sangue, entre outros, aspectos de biossegurança.
 Oferecimento de curso de gerenciamento de resíduos, produzidos
dentro do ateliês de tatuagem, e, as inflações sanitárias
existentes para estes profissionais.
 Criação de protocolo a ser seguido por esta classe profissional, de
preferência que seja produzido pelo Sindicato dos Tatuadores.
 Esclarecimentos e divulgação sobre a importância dos números
de doses adequadas da vacina contra hepatite B, não só para os
profissionais dos ateliês, mas, para a comunidade em geral.
 Divulgação através de folders e mídia sobre as possíveis doenças
transmissíveis, sobre a prática incorreta da tatuagem.
 Existência de fiscalização adequada nos ateliês de tatuagem no
Distrito Federal.
57
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11 fev. 2007.
61
9 ANEXOS
9.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe
após consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que
por si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência à
participação na pesquisa.
Exige-se que o esclarecimento dos sujeitos se faça em linguagem
acessível e que inclua necessariamente os seguintes aspectos:
a) a justificativa, os objetivos e os procedimentos que serão utilizados na
pesquisa;
b) os desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados;
c) os métodos alternativos existentes;
d) a forma de acompanhamento e assistência, assim como seus responsáveis;
e) a garantia de esclarecimentos, antes e durante o curso da pesquisa, sobre a
metodologia, informando a possibilidade de inclusão em grupo controle ou
placebo;
f) a liberdade do sujeito se recusar a participar ou retirar seu consentimento,
em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu
cuidado;
g) a garantia do sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos
dados confidenciais envolvidos na pesquisa;
h) as formas de ressarcimento das despesas decorrentes da participação na
pesquisa; e
i) as formas de indenização diante de eventuais danos decorrentes da
pesquisa.
EU................................Identidade........................., declaro que fui informado e
devidamente esclarecido do projeto de pesquisa intitulado: ”Processamento de
utensílios usados em tatuagens no Distrito Federal” desenvolvido pela Simone
Santos de Lima do curso de enfermagem da Universidade Católica de BrasíliaUCB, quanto aos itens da resolução 196/96.
Declaro, que após ser esclarecido pelo pesquisador a respeito da pesquisa,
consinto voluntariamente em participar desta pesquisa.
62
Brasília.......de......2011
Representante legal:
Nome: Simone Santos de Lima
RG:2.314.762 SSP-DF Data de nascimento:03/04/1986 Sexo M( ) F( X )
Endereço: QS 08 conjunto 230 e casa 03
Bairro: Areal cidade: Taguatinga CEP:72030-180 Tel: 61-91719287
....................................................
Assinatura do declarante
Declaração do pesquisador
Declaro, para fins da realização da pesquisa, que cumprirei todas as exigências
acima, na qual obtive de forma apropriada e voluntária, o consentimento livre e
esclarecido do declarante acima, qualificado para a realização desta pesquisa.
...................................................
Assinatura do pesquisador responsável
63
9.2 Questionário
Universidade Católica de Brasília
Curso de enfermagem
Titulo: Gerenciamento de resíduos sólidos no processo de tatuagem no Distrito Federal
Autor: Simone Santos de Lima
Orientadora: Prof. Dr° Maria Do Socorro Nantua Evangelista
Instrumento da pesquisa
Nome do entrevistado____________________________________________
A. Dados de identificação
1. Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino
2. Idade:
( ) 18 à 30 anos ( ) de 31 à 43 anos ( ) de 44 à 56 anos
( ) > de 57 anos
3. Nível de escolaridade:
( ) Analfabeto ( ) Ensino fundamental ( ) Ensino médio
( ) Curso superior
4. Como aprendeu a profissão?
( ) Curso técnico ( ) Com colegas ( ) Observando terceiros
5. Tempo de profissão?
( ) 0 à 5 anos ( ) 6 à 10 anos ( ) de 11 à 15 anos
( ) 16 à 20 anos ( ) mais de 21 anos
B. Antecedente vacinal e da hepatite B
6. Foi vacinado contra hepatite B?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
7. Quantas doses da vacina tomou?
( ) 1 dose ( ) 2 doses ( ) 3 doses ( ) Não sabe
C. Grau de conhecimento da hepatite B
8. No seu trabalho, você tem risco de contrair hepatite B?
( ) Sim, acredito no risco de contaminação.
( ) Não, acredito no risco de contaminação.
( ) Não respondeu.
D. Grau de conhecimento da hepatite C
9. No seu trabalho, você tem risco de contrair hepatite C?
( ) Sim, acredito no risco de contaminação.
( ) Não, acredito no risco de contaminação.
( ) Não respondeu.
E. Percepção de risco
64
10. Já se acidentou com agulhas usadas?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
Em caso positivo:
11. Em que situação:
( ) Tatuando ( ) Na lavagem dos materiais ( ) No descarte
( ) Outra
12. Quais as formas de se contaminar com o vírus da hepatite?
( ) Contato com sangue ( ) Manuseio de materiais contaminados
( ) Outro ( )Não sabe ( ) Não respondeu
F. Treinamento
13. Você já recebeu alguma orientação relacionado à cuidados de
biossegurança?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
Em caso positivo
14. Quem forneceu?
( ) Órgão de saúde ( ) Sindicato dos tatuadores ( ) Não sabe
( ) Não respondeu
G. Formas de prevenção do vírus da hepatite B e C
Qual o procedimento técnico que você usa antes de iniciar a tatuagem?
15. Lava as mãos?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
16. Faz desinfeção da bancado com álcool 70%?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
17. Forra a bancada?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
18. Protege os demais materiais ?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
19. Para quantos clientes usa a mesma lâmina de barbear?
( ) 1 apenas ( ) 2 ou mais ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
Quais o EPI utiliza para realização da tatuagem do cliente?
20. Avental ou capote?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
21. Óculos?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
22. Máscara?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
23. Luvas?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
H. Métodos de esterilização em autoclave
24. Prepara o material antes de ser esterilizado? (faz limpeza)
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
65
25. Como?
___________________________________________________________
___________________________________________________________
26. Você realiza o teste biológico e/ ou químico?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
Em caso positivo:
27. Com que frequência?
( ) Semanalmente ( ) Quinzenalmente ( ) Mensalmente
( ) semestralmente ( ) Anualmente ( ) Não lembra
( ) Não respondeu
28. Você faz manutenção periódica da autoclave?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
Em caso positivo:
29. Com que frequência ?
( ) Semanalmente ( ) Quinzenalmente ( ) Mensalmente
( ) semestralmente ( ) Anualmente ( ) Não lembra
( ) Não respondeu
I. Da coleta dos resíduos sólidos
30. Perfurocortantes:
( ) Lixo comum ( ) Coleta de resíduos sólidos de saúde ( ) Terceiros
( ) Caixa de perfurocortante ( )Não sabe ( ) Não respondeu
31. Infectado com secreções ou sangue:
( ) Lixo comum ( ) Coleta de resíduos sólidos de saúde
( ) Terceiros ( ) Não sabe ( ) Não respondeu
J. Onde são armazenados os resíduos sólidos até o descarte?
32. ( ) Lixo comum ( ) recipientes de acondicionamento temporário de
resíduos sólidos de saúde ( ) Encaminhado direto para o
armazenamento de coleta externa ( ) Terceiros ( ) Outras
( ) Não sabe ( ) Não respondeu
66
9.3 Parecer do Comitê de ética em pesquisa
Título do Projeto: Processamento dos utensílios usados em tatuagens no Distrito Federal.
Pesquisador Responsável Juliana Fonseca da Silva
Data da Versão 31/05/2011
Grupo e Área Temática
Cadastro 104/2011
Data do Parecer 20/06/2011
III - Projeto fora das áreas temáticas especiais
Objetivos do Projeto
Investigar como é realizado o processamento dos utensílios utilizados para tatuagem em
ateliês de tatuagem no DF.
Objetivos específicos
1- Traçar a evolução histórica da tatuagem;
2- Desenhar o perfil sócio demográfico dos tatuadores do D.F;
3- Investigar o conhecimento dos tatuadores acerca do processamento dos equipamentos
usados na realização de tatuagens em seu ambiente de trabalho;
4- Definir como é realizado na prática o processamento dos equipamentos;
5- Especificar quais procedimentos são realizados;
6- Propor um protocolo de processamento de artigos para ateliês de tatuagem.
Sumário do Projeto
Tipo de estudo
Nesse estudo será utilizada uma abordagem quanti-qualitativa.
Local
O local para realização da pesquisa do grupo analisado será em diferentes ateliês de
tatuagens localizados em várias cidades do Distrito Federal.
Sujeitos e Amostra
Os sujeitos desta pesquisa científica serão profissionais que trabalham em ateliês de
tatuagem. A amostra será definida conforme os critérios de inclusão e exclusão
67
especificados abaixo, considerando o número de profissionais inscritos no órgão e se
trabalhará com uma margem de perda de 5 a 7%.
Critérios de inclusão
Para participar da pesquisa será necessário que o profissional seja maior de 18 anos e que
aceite voluntariamente participar, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido –
TCLE. Possuir credenciamento no Sindicato dos Estúdios de Tatuagem e Body Piercing do
Brasil (SETAP- BR) e autorização da Anvisa para funcionamento do estabelecimento.
Critérios de exclusão
Os ateliês que não possuírem autorização da Anvisa para funcionamento da loja serão
excluídos da pesquisa por uma questão ética deste trabalho.
Técnicas e instrumentos para a coleta de dados
Utilizar-se-á um questionário que será apresentado aos tatuadores
Análise dos dados
Os dados serão analisados utilizando-se uma abordagem quanti-qualitativa. Os dados
obtidos a partir das questões abertas serão analisados qualitativamente e os dados obtidos a
partir das questões fechadas serão tabulados e analisados de forma quantitativa. (POPE,
2007)
Itens Metodológicos e Éticos
Situação
Título
Adequado
Autores
Adequados
Local de Origem na Instituição
Adequado
Projeto elaborado por patrocinador
Sim
Aprovação no país de origem
Não necessita
Local de Realização
Outro (citar no comentário)
Outras instituições envolvidas
Não
Condições para realização
Adequadas
Comentários sobre os itens de Identificação
O local para realização da pesquisa do grupo analisado será em
diferentes ateliês de tatuagens localizados em várias cidades do Distrito
68
Federal.
Introdução
Adequada
Comentários sobre a Introdução
Objetivos
Adequados
Comentários sobre os Objetivos
Pacientes e Métodos
Delineamento
Adequado
Tamanho de amostra
Total 20 Local
Cálculo do tamanho da amostra
Não necessário (pesquisa qualitativa)
Participantes pertencentes a grupos especiais
Não
Seleção eqüitativa dos indivíduos participantes
Adequada
Critérios de inclusão e exclusão
Adequados
Relação risco- benefício
Adequada
Uso de placebo
Não utiliza
Período de suspensão de uso de drogas (wash out)
Nâo utiliza
Monitoramento da segurança e dados
Adequado
Avaliação dos dados
Adequada - qualitativa
Privacidade e confidencialidade
Adequada
Termo de Consentimento
Adequado
Adequação às Normas e Diretrizes
Sim
Comentários sobre os itens de Pacientes e Métodos
Cronograma
Data de início prevista
Adequado
1/8/2011
69
Data de término prevista
1/11/2011
Orçamento
Adequado
Fonte de financiamento externa
Não
Comentários sobre o Cronograma e o Orçamento
Referências Bibliográficas
Adequadas
Comentários sobre as Referências Bibliográficas
Recomendação
Aprovar
Comentários Gerais sobre o Projeto
O projeto atende às exigências da Resolução 196/96 e recomenda-se sua aprovação pelo
Comitê de Ética em Pesquisa. O projeto foi aprovado na reunião de 20/06/11 do CEP-UCB.
Após a conclusão da realização da pesquisa é compromisso dos/das proponentes a entrega
de relatório final ou versão final do trabalho.
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Simone Santos de Lima - Universidade Católica de Brasília