UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA - EEL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL QUÍMICA
LUCAS RANA ROSA FERNANDES
ESTUDO DA VIABILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DE SOLVENTE AROMÁTICO NA
PRODUÇÃO DE UM FUNGICIDA
Lorena - SP
2014
LUCAS RANA ROSA FERNANDES
ESTUDO DA VIABILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DE SOLVENTE
AROMÁTICO NA PRODUÇÃO DE UM FUNGICIDA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola
de Engenharia de Lorena da Universidade de São
Paulo como requisito parcial para obtenção do título de
Engenheiro Industrial Químico.
Área de Orientação: Qualidade e Produtividade;
Tecnologia Química
Orientador: Prof. MSc. Antonio Carlos da Silva
Lorena - SP
2014
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO
CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A
FONTE
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizado
da Escola de Engenharia de Lorena,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
FERNANDES, LUCAS RANA ROSA
ESTUDO DA VIABILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DE SOLVENTE
AROMÁTICO NA PRODUÇÃO DE UM FUNGICIDA / LUCAS RANA
ROSA FERNANDES; orientador ANTONIO CARLOS DA SILVA.
Lorena, 2014.
66 p.
Monografia apresentada como requisito parcial
para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia
Industrial Química - Escola de Engenharia de Lorena
da Universidade de São Paulo. 2014
Orientador: ANTONIO CARLOS DA SILVA
1. Defensivo agrÍcola. 2. Pesquisa e
desenvolvimento. 3. Produtos agrÍcolas. 4. Solvente
aromÁtico. I. Título. II. SILVA, ANTONIO CARLOS DA,
orient.
DEDICATÓRIA
A toda minha família por ter me apoiado em todos esses anos de graduação,
em especial meus tios cariocas Luciene e Heitor, pois sem eles não estaria onde
estou. Aos meus pais pela ótima educação que foi me dada, ao meu irmão Leandro
e à minha namorada Mirna.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me ajudado a chegar onde estou.
Ao Engenheiro Químico Almir Camargo Martins por ter me ensinado tudo que
eu sei sobre formulações.
Aos meus colegas de trabalho pelo ótimo trabalho em equipe.
Ao Mestre Antonio Carlos da Silva pela orientação, não somente dessa
monografia, mas também de todas as disciplinas cursadas com ele.
A mestranda Nathália Rana Rosa Bernardo pela paciência, dedicação e
profissionalismo em me ajudar a escrever uma monografia de qualidade.
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26 times, I have been trusted to take the game winning shot and missed. I have
failed over and over and over again in my life. And that is why I succeed.
Michael Jordan
RESUMO
Fernandes, L. R. R. Avaliação da Substituição de um solvente aromático em um
Fungicida, 2014. 66 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de Engenharia de
Lorena, Universidade de São Paulo, 2014.
A indústria de Defensivos Agrícolas tem um incansável trabalho para chegar à
melhor formulação possível. Utilizam-se diferentes testes e as melhores tecnologias
para satisfazer o cliente. Muitas vezes uma formulação de padrão elevado precisa
de uma reformulação, uma mudança que é estratégica para os negócios da
empresa, e para atender essa necessidade não basta substituir uma matéria-prima
por outra, se faz necessário um estudo de viabilidade técnica para comprovar que o
produto final substituído terá a mesma ou melhor eficácia que o produto original.
Este trabalho teve como objetivo avaliar a substituição de um solvente aromático em
um fungicida sistêmico e através dos testes de padrão de qualidade da empresa
fabricante do fungicida foi possível comparar o desempenho da nova formulação
com a formulação original, concluindo-se que a substituição é possível, sem alterar
as características do produto.
Palavras-chave: Defensivo Agrícola. Pesquisa e Desenvolvimento. Produtos
Agrícolas. Solvente Aromático.
ABSTRACT
Fernandes, L. R. R. Evaluation of Solvent Aromatic Replacement in a Fungicide,
2014. 66 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de Engenharia de Lorena,
Universidade de São Paulo, 2014.
The industry of Agrochemicals has a tireless work for come the best formulation
possible. Utilizing several different tests and the best technology to satisfy the
costumer. Many times a formulation of high standard need to get a reformulation, a
change that is business strategic, and to attend this necessity is not enough replace
one raw material for another, it is necessary a study of technical feasibility to prove
that final product replaced will have the same or better efficiency that original
product. This work had the objective to evaluate the replacement of aromatic solvent
in a systemic fungicide through test quality of company that produce this fungicide to
compare the performance of new formulation with original formulation. Concluding
that it is possible the replacement without change the product characteristics
Keywords: Agrochemical. Research and Development. Agricultural Products.
Aromatic Solvent.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema da estrutura molecular de um tensoativo. O círculo representa a
parte polar enquanto que as linhas representam a parte
apolar........................................................................................................20
Figura 2 – Molécula do Dodecilbenzenossulfonato de Sódio....................................21
Figura 3 – À esquerda, tensoativos abaixo da CMC, não organizados em micelas e
alguns livres no fluído...............................................................................22
Figura 4 – Tipo de formulações.................................................................................23
Figura 5 – Vantagens e Desvantagens de alguns tipos de formulações de
Defensivos Agrícolas................................................................................24
Figura 6 – Norma CIPAC para Shelf Life...................................................................28
Figura 7 – Características Físico-Químicas do Solvente A e Solvente B..................31
Figura 8 – Base..........................................................................................................32
Figura 9 – Agente de Reologia..................................................................................33
Figura 10 – Solução Orgânica...................................................................................33
Figura 11 – Produto acabado (Fungicida).................................................................34
Figura 12 – ULTRA-TURRAX T24 basic®.................................................................35
Figura 13 – Minizeta®................................................................................................35
Figura 14 – Solução Orgânica...................................................................................36
Figura 15 – Agente de Reologia................................................................................37
Figura 16 – Produto Formulado.................................................................................37
Figura 17 – Siefer IKA®.............................................................................................38
Figura 18 – Esquema de caracterização de amostras de defensivo agrícola em
estudo.....................................................................................................39
Figura 19 – Mastersizer 2000 - Malvern®..................................................................40
Figura 20 – Espectroscopia de difração a laser – Mastersizer 2000 - Malvern®......40
Figura 21 – pHmetro..................................................................................................41
Figura 22 – Viscosímetro Brookfield LV®..................................................................42
Figura 23 – LV Spindles.............................................................................................43
Figura 24 – Esquema representativo da estrutura de uma bolha..............................46
Figura 25 – Esquema do Posicionamento dos surfactantes na superfície da gota de
óleo.........................................................................................................47
Figura 26 – Tubo Cônico de 100 mL..........................................................................47
Figura 27 – Picnômetro de Gay-Lussac.....................................................................48
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resultados da caracterização do produto com Solvente B......................51
Tabela 2 – Resultados de Teste de Emulsão do produto com Solvente B................52
Tabela 3 – Análise de Teor de Ativo após 14 dias 54ºC com o uso do solvente
B................................................................................................................52
Tabela 4 – Resultados dos Testes sob o estresse de 14 dias FTT com Solvente
B................................................................................................................54
Tabela 5 – Resultado do teste de emulsão na amostra de 14 dias FTT....................55
Tabela 6 – Resultados dos testes sob estresse de 8 semanas 40ºC com uso do
Solvente B.................................................................................................56
Tabela 7 – Resultados do Teste de emulsão da amostra sob estresse 8 semanas
40ºC..........................................................................................................57
Tabela 8 – Resultados de caracterização do Fungicida Original...............................58
Tabela 9 – Teste de Emulsão com o fungicida original condição Inicial....................59
Tabela 10 – Comparação dos Resultados em 14 dias FTT.......................................60
Tabela 11 – Teste de Emulsão com o Fungicida original Condição 14 dias FTT......61
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CIPAC
Collaborative International Pesticides Analytical
EC
Concentrado Emulsionável
FISPQ
Ficha de Segurança de Produtos Químicos
FTT
Freezing Tall Test
HPLC
High Performace Liquide Chromatography
IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e
Renováveis
MAPA
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
NBR
Norma Brasileira
SC
Suspensação Concentrada
SE
Suspo-emulsão
TNV
Teor de não voláteis
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO..........................................................................................14
2.
JUSTIFICATIVA........................................................................................15
3.
OBJETIVOS..............................................................................................16
3.1.
Objetivo Geral............................................................................................16
3.2.
Objetivos Específicos................................................................................16
4.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................17
4.1.
Defensivos Agrícolas: Overview...............................................................17
4.2.
Mercado Mundial de Defensivos Agrícolas...............................................18
4.3.
Defensivos Agrícolas: Conceito Técnico..................................................19
4.3.1.
Defensivo Agrícola....................................................................................19
4.3.2.
Produto Técnico........................................................................................19
4.3.3.
Ingrediente Ativo.......................................................................................19
4.3.4.
Ingrediente Inerte......................................................................................19
4.3.5.
Adjuvante..................................................................................................20
4.3.6.
Tensoativos...............................................................................................20
4.4.
Tipos de Formulação de Defensivos Agrícolas........................................22
4.4.1.
Suspensão Concentrada (SC)..................................................................24
4.4.2.
Concentrado Emulsionável (EC)..............................................................24
4.4.3.
Suspo-Emulsão (SE)................................................................................24
4.5.
Solventes Aromáticos...............................................................................25
4.6.
Shelf Life – Procedimento de Armazenamento Acelerado.......................27
4.7.
Freezeing Tall Test (FTT).........................................................................28
5.
METODOLOGIA......................................................................................29
5.1.
Materiais empregados em ensaios..........................................................29
5.2.
Solvente Aromático em Estudo................................................................30
5.3.
Formulação Fungicida em Estudo............................................................32
5.4.
Métodos de Ensaio...................................................................................34
5.4.1.
Amostras...................................................................................................34
5.4.2.
Caracterização..........................................................................................38
5.4.2.1.
Granulometria...........................................................................................40
5.4.2.2.
pH.............................................................................................................41
5.4.2.3.
Viscosidade...............................................................................................42
5.4.2.4.
Granulometria Via Úmida..........................................................................43
5.4.2.5.
Suspensibilidade.......................................................................................44
5.4.2.6.
Determinação da espuma persistente......................................................45
5.4.2.7.
Determinação da estabilidade de emulsão...............................................46
5.4.2.8.
Determinação da Densidade....................................................................48
5.4.2.9.
Teste Visual..............................................................................................49
5.4.2.10. Análise HPLC (High Performace Liquide Chromatograph)……………....49
6.
RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................50
6.1.
Fungicida com Solvente B condição Inicial...............................................50
6.1.1.
Determinação de Teor de Ingrediente Ativo condição Inicial....................50
6.1.2.
Análise do Teste de Estabilidade de Emulsão condição Inicial................51
6.2.
Determinação de Teor de Ingrediente Ativo condição 14 dias 54ºC........52
6.3.
Fungicida com Solvente B 14 dias FTT....................................................53
6.3.1.
Análise do Teste de Estabilidade de Emulsão condição 14 dias
FTT...........................................................................................................54
6.4.
Fungicida com Solvente B condição 8 semanas 40ºC.............................55
6.4.1.
Análise do Teste de Estabilidade de Emulsão Condição 8 semanas
40ºC..........................................................................................................56
6.5.
Fungicida com Solvente A condição Inicial...............................................57
6.5.1.
Análise do Teste de Estabilidade de Emulsão Condição Inicial................58
6.6.
Fungicida com Solvente A condição 14 dias FTT.....................................59
6.6.1.
Análise do Teste de Estabilidade de Emulsão condição 14 dias FTT......61
7.
CONCLUSÃO...........................................................................................62
REFERÊNCIAS........................................................................................63
14
1
INTRODUÇÃO
Segundo Macêdo (2002), o mercado de defensivos agrícolas é vasto, tanto no
Brasil como mundialmente. O desenvolvimento de novos produtos e o melhoramento
dos que já estão no mercado é uma das estratégias para vencer a concorrência.
Atualmente, fala-se muito de produtos sustentáveis e verdes, que não sejam muito
nocivos à saúde humana ou que minimizem seus males.
Este trabalho foi desenvolvido em uma empresa do setor químico na região
do Vale do Paraíba onde, que no momento atual, utiliza-se um solvente derivado do
petróleo (Solvente Aromático A) e, por ser desta fonte, apresenta um teor de
naftaleno de aproximadamente 14 %m/m em sua constituição o que pode ser nocivo
para a saúde humana, como ressalta Agency for Toxic Substances and Disease
Registry (2005). Então, poderia ser estratégico pensar em substituir essa fonte de
solvente por outro que apresente menor risco ambiental e humano.
Considerando essa problemática, a empresa em questão detém elevado
estoque do Solvente Aromático B que apresenta o mesmo CAS Number, requisito
mínimo para substituição em uma fórmula já registrada nos órgãos públicos
competentes, e que exibe um teor de naftaleno menor que 0,9 %m/m, o que justifica
a proposta deste estudo a fim de avaliar a real possibilidade de substituição dos
solventes em um Fungicida.
Esse estudo visou avaliar se ao utilizar o Solvente B não haveria interferência
na estabilidade da formulação com a justificativa que o novo solvente é menos
nocivo à saúde.
Em um defensivo agrícola é utilizado um pacote de ingredientes inertes,
surfactantes, que visam dispersar ou emulsionar o ingrediente ativo. Maximizando a
área de superfície para que a aplicação do produto seja eficaz (DALTIN, 2012).
Testes físico-químicos e Shelf Life acelerado foram realizados para comprovar que o
pacote de ingredientes inertes também funcionaria com o Solvente B garantindo
estabilidade físico-química e qualidade a formulação.
15
2
JUSTIFICATIVA
O estudo da viabilidade de substituição do Solvente Aromático A pelo
Solvente Aromático B deve-se ao fato de que a empresa tinha elevado estoque do
Solvente B que contém um grau de toxicidade reduzido em relação ao solvente
utilizado na composição original do fungicida.
O grande benefício para empresa é o uso de uma matéria prima menos
nociva para o meio ambiente e para o ser humano na produção de um fungicida,
sem gerar custos adicionais, uma vez que a empresa já possuía elevado estoque
desse solvente.
16
3
OBJETIVOS
3.1
Objetivo Geral
Avaliar a substituição do Solvente Aromático A (Original do Produto) pelo
Solvente Aromático B (Alternativa) na produção de um Fungicida.
3.2
Objetivos Específicos
 Estudar a viabilidade técnica de substituição do solvente no processo,
avaliando as possíveis dificuldades;
 Estudar a adequação do Solvente B à formulação;
 Verificar se o produto contratipado atende todas as especificações de
qualidade.
17
4
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1
Defensivos Agrícolas: Overview
De acordo com Raven, Berg e Johnson (1995), defensivos agrícolas são
substâncias químicas que tem a função de controlar pestes e doenças. Inseticidas
são usados no controle de insetos, fungicidas para fungos, nematicidas para
nematoides e herbicidas para ervas daninha, por exemplo.
Os inseticidas, fungicidas e acaricidas são os produtos mais utilizados nas
lavouras (CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA, 2014).
Os defensivos agrícolas são uma mistura de agentes espalhantes,
surfactantes, que faz com que reduza a tensão superficial da formulação
possibilitando o aumento da adesão do mesmo na superfície da folha (USUI, et al,
2011).
Esta classe de produtos químicos tem ampla utilização em florestas nativas,
ou seja, virgens, e também nas áreas plantadas pelo homem, bem como em
ambientes urbanos, hídricos e industriais. Mas, seu principal mercado é à
agricultura, pastagens, pecuárias e campanhas sanitárias (MACÊDO, 2002).
Segundo a Lei Federal, nº 7.802, de 11 de Julho de 1989 (BRASIL, 1989a),
agrotóxicos e afins são produtos derivados de processos físicos, químicos ou
biológicos
destinados
para
os
setores
de
produção,
armazenamento
e
beneficiamento de produtos agrícolas cuja função principal é alterar a flora ou a
fauna a fim de preserva-la de seres vivos nocivos para estes. Ou seja, o uso desse
produto é para o controle de pragas ou para preveni-las.
Em 1940, foram usados os primeiros agrotóxicos, inseticidas sintéticos
(MACÊDO, 2002). Ao longo de 1950, houve a expansão do setor principalmente nos
Estados Unidos e na Europa Ocidental e finalmente em 1960 os países em
desenvolvimento começaram a entrar no mercado para atender suas regiões
(PRISCO, 2009).
A evolução dos defensivos agrícolas se deu de forma branda e somente de
dois tipos, líquida ou sólida. Os primeiros a surgirem no mercado foram os
inseticidas, logo após veio os fungicidas devido à alta demanda, e finalmente os
herbicidas. Em 1970, foi desenvolvido a formulação no tipo de suspensão
18
concentrada (SC), sendo os principais ingredientes ativos os clorados, fosforados e
carbamatos (PRISCO, 2009).
Com finalidade de regulamentar esse setor cada país tem seus órgãos
regulamentadores onde estes têm a meta de avaliar as características agronômicas,
toxicológicas e ecotoxicológicas. Tem a finalidade também de determinar as
restrições de uso para a utilização do produto (DUBOIS, et al, 1999). No Brasil, tais
órgão regulamentadores são: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
O descobrimento de ingredientes ativos, molécula química que dá eficácia ao
produto, é um trabalho exaustivo. Em 1990, de cada dez mil moléculas analisadas
somente uma era eleita e este longo trabalho é feito até hoje. As empresas investem
em pesquisas para determinar o aspecto toxicológico, a melhor tecnologia de
aplicação,
eficiência
biológica
do
ativo,
custo
da
produção,
exigências
governamentais, riscos à saúde do aplicador e os possíveis impactos que pode
gerar ao meio ambiente (PRISCO, 2009).
4.2
Mercado Mundial de Defensivos Agrícolas
Segundo Macêdo (2002), o mercado de agrotóxicos em âmbito global é
amplo, no mundo existe mais de dez mil formulações com mais de 450 diferentes
ingredientes ativos.
Em 1970, o Brasil era o terceiro consumidor, hoje consome 19 % de todo
defensivo produzido no mundo, movimentando no ano de 2010 U$ 7,3 bilhões no
mercado brasileiro. No período entre os anos 2000 e 2010 houve um crescimento de
93 %. Enquanto que os Estados Unidos movimentaram somente 17% do mercado
global (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2012).
19
4.3
Defensivos Agrícolas: Conceito Técnico
4.3.1
Defensivo Agrícola
Mistura de um ou mais ingredientes ativos com ingredientes inertes
(tensoativos) que conferem estabilidade físico-química para o produto garantido sua
aplicabilidade, armazenagem e transporte sem perder suas propriedades (MACÊDO,
2002). A formulação visa à dispersão uniforme do ingrediente ativo no meio,
conferindo maior facilidade de manuseio, aumentar eficiência do ativo, reduzir a
toxicidade e à volatilidade do mesmo (TRATOS, 1996).
4.3.2
Produto Técnico
Obtido por matérias-primas por processo químico, físico ou biológico, cuja
composição contenha o teor exato de ingrediente ativo e impurezas. Em alguns
casos pode conter estabilizante (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS – ABNT- NBR 12679, 2004b). Pode-se dizer que é o ingrediente ativo
em si.
4.3.3
Ingrediente Ativo
Agente químico, físico ou biológico que confere eficácia de um defensivo
agrícola (ABNT, 2004b). No fungicida em estudo há dois ingredientes ativos: um do
grupo químico Triazol e outro do grupo Estrobilurina.
4.3.4
Ingrediente Inerte
Ingrediente inerte são os produtos cuja finalidade é somente fornecer um
meio, um veículo, para conferir características próprias à formulação. São os
tensoativos utilizados para conferir estabilidade físico-química (BRASIL, 2002b).
20
4.3.5
Adjuvante
Formulação utilizada concomitantemente com o defensivo agrícola para
promover maior eficácia do mesmo. Em uma adjuvante pode conter: agentes
molhantes, espalhantes, dispersantes, antiespumantes, dentre outros. (ABNT,
2004b).
Os benefícios almejados são: redução da deriva, perda por evaporação e
aumento da precisão do alvo na aplicação (GRANATO et al, 2009).
4.3.6
Tensoativo
Esse grupo químico tem tanto afinidade por moléculas hidrofóbicas, como
óleos e gorduras, bem como moléculas hidrofílicas, como a água. A sua estrutura
química pode ser dividida em duas partes, polar e apolar, conforme Figura 1.
Figura 1: Esquema da estrutura molecular de um tensoativo. O círculo representa a parte polar
enquanto que as linhas representam a parte apolar
Fonte: Silva (2008)
Por apresentar essa característica esse tipo de molécula tem afinidade tanto
para meios polares como apolares. Devido a essa propriedade, tensoativos são
usados em defensivos agrícolas como conciliador permitindo a suspensão ou a
emulsão do ingrediente ativo, molécula apolar, em meio aquoso (DALTIN, 2012).
Por esse motivo, se faz necessário o presente estudo. A formulação original
tem um pacote de tensoativos que ajudam suspender o ativo Triazol e emulsificar o
21
ativo Estrobilurina, que está dissolvido no solvente aromático. Com os devidos testes
foi possível avaliar se o mesmo pacote de tensoativos é capaz de emulsionar o
Solvente B.






De acordo com Daltin (2012), fazem parte do grupo de tensoativos:
Agentes Molhantes: permite a mistura de um sólido com a água;
Dispersantes: permite uma distribuição homogênea do ingrediente ativo;
Suspensores: permite que as partículas se mantenham em suspensão;
Emulsificantes: permite que ingredientes ativos dissolvidos em base óleo se
emulsifique em água;
Bactericidas: utilizado para controle microbiológico em um a formulação.
Impede o crescimento de micro-organismos;
Antiespumantes: compostos químicos que reduz a tensão superficial entre a
água e outras moléculas reduzindo então à espuma.
Segundo Maniasso (2001), os tensoativos são classificados como sendo
catiônicos, aniônicos, não iônicos ou anfóteros. Como fórmula geral, os catiônicos
apresentam a seguinte estrutura: RnX+Y-. R representando a parte hidrofóbica e X o
elemento capaz de conferir uma estrutura catiônica e Y é o contra íon.
Os aniônicos mais utilizados são os sais de ácidos graxos (MANIASSO,
2001). Exemplo é o Dodecilbenzenossulfonato de Sódio, Figura 2.
Figura 2: Molécula do Dodecilbenzenossulfonato de Sódio
Fonte: Rinaldi et al (2007)
22
Os anfóteros possuem a capacidade de atuar como catiônico, aniônico ou não
iônico, dependendo do pH da solução e da estrutura do composto químico
(MANIASSO, 2001).
Já os não iônicos são derivados do polioxietileno ou polioxipropileno de
compostos com ésteres de ácido graxos, por exemplo. Ou derivados de polialcoóis,
ésteres de carboidratos, amidas de álcoois graxos e óxidos de amidas graxas
(MANIASSO, 2001).
Micelas, Figura 3, é como é chamado a organização molecular do tensoativo
quando este atinge concentração acima da concentração micelar crítica (CMC).
Possuem regiões hidrofóbicas e hidrofílicas, cuja dimensão é de característica
coloidal (MANIASSO, 2001).
Figura 3: À esquerda, tensoativos abaixo da CMC, não organizado em micelas, livres no fluído
Fonte: Maniasso (2001)
4.4
Tipos de Formulação de Defensivos Agrícolas
De acordo com o modo de preparo, matérias-primas utilizadas e aspecto
físico, existem diferentes tipos de classificações de formulações. Através da Figura
4, pode ser observar as denominações para os diferentes tipos de formulações
(MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2014).
23
Figura 4: Tipos de Formulações
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2014)
A formulação fungicida em estudo é classificada como uma Suspo-Emulsão
(SE).
Para entender mais detalhadamente o que é uma Suspo-Emulsão deve-se
entender primeiro o conceito de formulação Suspensão Concentrada (SC) e
Concentrado Emulsionável (EC).
24
4.4.1
Suspensão Concentrada (SC)
Suspensão líquida estável do ingrediente ativo em um meio aquoso.
Aplicação após diluição em água (ABNT, 2004b).
O ingrediente ativo fica suspenso na formulação sob a ação dos tensoativos
utilizados na preparação. O produto da Syngenta, Polo 500 SC®, é um exemplo
desse tipo de formulação.
4.4.2
Concentrado Emulsionável (EC)
Segundo a norma ABNT 12679 (2004b) uma formulação do tipo Concentrado
Emulsionável (EC) é aquela formulação que sua aplicação se faz após diluição em
água formando uma emulsão.
O ingrediente ativo é solúvel em solvente orgânico. O aspecto da formulação é
de um óleo. Um exemplo é o produto Actellic 500 EC ® da Syngenta.
4.4.3
Suspo-Emulsão (SE)
Classificação do fungicida em estudo, formulação fluída e heterogênea,
composta pela dispersão de ingredientes ativos na forma aquosa para aplicação
depois da diluição em água (ABNT, 2004b).
Pode-se dizer que uma SE é a soma de uma SC com um EC. Este tipo de
formulação apresenta duas fases, aquosa e orgânica (oleosa), e em ambas as fases
contêm pelo menos um ingrediente ativo (próprio autor).
No fungicida em estudo a fase orgânica é constituída da mistura de um
solvente aromático, álcool graxo etoxilado e ingrediente ativo do grupo químico
Estrobilurina. O solvente solubiliza a Estrobilurina e o álcool graxo etoxilado permite
a emulsão na aplicação a base água (próprio autor).
Lumax® e Camix®, ambos da Syngenta, e Graminex A®, da Bayer
CropScience, são exemplos de Suspo-Emulsões encontradas no mercado.
25
Na Figura 5, pode-se observar as vantagens e desvantagens do uso desse tipo
de formulação.
Figura 5: Vantagens e Desvantagens de alguns tipos de formulações de Defensivos Agrícolas
VANTAGEM
DESVANTAGEM
Fácil dosagem
Uso de solvente orgânico
Fácil homogeneização na
aplicação
Bons resultados
Pode ser fitotóxico
Maior toxicidade
Alto custo
Difícil produção
Fonte: Almeida (1996)
4.5
Solventes Aromáticos
O objetivo deste estudo é avaliar a substituição do Solvente A, original da
formulação, pelo Solvente B, contratipo, em um fungicida. É de suma importância
então definir o conceito de solvente.
Solventes são compostos químicos que em sua grande maioria estão no
estado líquido na temperatura ambiente, têm a função de dissolver, suspender ou
extrair determinadas substâncias sem alteração química do soluto (RODRIGUES,
2007).
O que caracteriza um solvente como aromático é a presença do anel
benzênico, que não apresenta ligações polares fortes dando a ele característica
parecida com os hidrocarbonetos (ZIM, 2007).
Os solventes apresentam uma vasta gama de aplicabilidade e uma delas é na
utilização em defensivos agrícolas, como é o caso de uma Suspo-Emulsão em que
um ou mais ingredientes ativos é solúvel em solvente aromático e este permite no
produto final uma baixa e uniforme secagem o que possibilita uma melhor
penetração e espalhabilidade do produto, com isso é possível reduzir o consumo do
defensivo (RODRIGUES, 2007). Logo, o solvente dentro de uma formulação, além
do papel de solubilizar o ingrediente ativo é também um adjuvante, pois, melhora a
eficácia do mesmo.
26
Hidrocarbonetos aromáticos são insolúveis em água, na mistura dos dois
tende ocorrer à separação de fase, mas os hidrocarbonetos tendem solubilizar
compostos apolares (ZIM, 2007). Esta é a característica que possibilita que o ativo
seja solúvel no solvente, pois, os ativos de defensivos agrícolas normalmente são
moléculas apolares.
Ao longo dos anos observou-se o crescente desenvolvimento do homem em
todos os setores da ciência, mas junto com o desenvolvimento veio os impactos
ambientais, que nos últimos anos o mundo está dando mais atenção.
Solventes derivados do petróleo são ricos em naftaleno que tem um grande
impacto ambiental devido a sua toxicidade. A exposição do naftaleno ao ser humano
causa a destruição dos glóbulos vermelhos, podendo causar a anemia hemolítica,
cujos sintomas são: falta de apetite, fadiga, vômito, inquetação, palidez, entre outros.
Sendo mais grave em mulheres grávidas (AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES &
DISEASE REGISTRY, 2005).
Pode-se afirmar que o naftaleno é um dos componentes químicos que são
nocivos a saúde, existindo diversos outros que podem ser danosos.
A substituição por essa alternativa de solvente aromático visa reduzir o
número de Frases-R apresentado na bula do produto, tornando-o mais atrativo para
o consumidor devido ao menor teor de naftaleno em sua constituição.
Frases-R são simbologias que fornecem informações de riscos que podem
acontecer no manuseio do produto. “R” é a abreviatura de risco (Frases R & S,
2014).
A formulação original, por ter como um de seus ingredientes o Solvente
contendo Nafta, tem as seguintes Frases-R: R-40 (Possível risco de efeitos
irreversíveis); R 51/53 (Tóxico para organismos aquáticos, pode causar efeitos
adversos pela exposição prolongada em ambientes aquáticos); R-65 (Prejudicial:
Pode causar dano ao pulmão se ingerido); R-66 (A exposição repetida pode causar
ressecamento ou rachaduras na pele) e R-67 (Vapor pode causar sonolência ou
tontura) (FRASES R & S, 2014).
27
Shelf Life – Procedimento de Armazenamento Acelerado
4.6
A finalidade do teste de estabilidade é comprovar que a qualidade do produto
não varia com o tempo sob a intemperismos como: fatores ambientais, luz,
temperatura e umidade. E com isso determinar um prazo de reteste, ou shelf life
(INTERNATIONAL
CONFERENCE
ON
HARMONISATION
OF
TECHNICAL
REQUIREMENTS OF PHAMACEUTICALS FOR HUMANS USE, 2003).
Shelf life, ou mais conhecido como prazo de validade, é o tempo total em que
a formulação deve permanecer estável e se reanalizada deverá estar de acordo com
a da especificação, isso se o mesmo for armazenado dentro das determinações
contidas no rótulo (INTERNATIONAL CONFERENCE ON HARMONISATION OF
TECHNICAL REQUIREMENTS OF PHAMACEUTICALS FOR HUMANS USE,
2003).
.Estabilidade acelerada é utilizada para acelerar a degradação química ou
mudanças físicas no produto em condições de estresse. Avalia os impactos que o
ambiente faz no produto em condições adversas dos que está contido no rótulo, que
pode ser no transporte ou armazenagem. A estabilidade acelerada é utilizada no
desenvolvimento de novos produtos (ORIQUI, MORI e WONGTSCHOWSKI, 2014).
Após o produto ser submetido ao shelf life cinco fatores irão definir se a
qualidade do produto permaneceu intacta. Os aspectos a serem considerados são
(ORIQUI, MORI e WONGTSCHOWSKI, 2014):





Físico: as propriedades físicas deverão ser conservadas (sem separação de
fase, sedimentação ou mudança de coloração);
Químico: teor da substância ativa deverá estar dentro da faixa de
especificação;
Microbiológico: as características microbiológicas deverão ser mantidas de
acordo com a amostra de referência;
Funcionalidade: a eficácia do produto deve ser mantida, ou seja, o produto irá
funcionar para o que foi desenvolvido;
Segurança: os risos de manuseio do produto não deverão ser aumentados,
estes deverão permanecer constantes ou diminuir.
Ingredientes ativos são suscetíveis a degradação, o teste garante que dentro
do prazo de validade o teor do ativo vai estar dentro da faixa esperada e com isso o
28
produto vai apresentar as funções para que foi desenvolvido. Um nível crítico de
degradação é quando o produto degrada mais que 5%. Estabilidade física também é
muito importante, pois esta característica que permite a estabilidade do ingrediente
ativo dentro da formulação, portanto se houver mudanças físicas no decorrer do
shelf life a estabilidade do ativo pode ficar comprometida (WATERMAN, 2008).
A aparência do produto também deverá ser considera, através da aparência é
que o consumidor vê que o produto encontra-se em condições de uso.
O órgão internacional, Collaborative International Pesticides Analytical
(CIPAC), descreve as regras a serem atendidas quando se trata da metodologia
analítica de Shelf Life, Figura 6.
Figura 6: Norma CIPAC para Shelf Life
Temperatura (± 2ºC)
Tempo de Shelf Life
54 ºC
50 ºC
45 ºC
40 ºC
35 ºC
30 ºC
14 dias
4 semanas
6 semanas
8 semanas
12 semanas
18 semanas
Fonte: Cipac (2009)
Segundo a norma, as amostras deverão ser mantidas em um frasco de
polietileno com boa vedação externa e serem mantidas em uma estufa no tempo e
temperatura de acordo com a figura 6, garantido uma validade de 2 anos (CIPAC,
2009).
4.7
Freezing Tall Test (FTT)
Equipamento que oscila à temperatura entre -5 ºC a 30 ºC. Levando a
amostra nesta variação de temperatura no período de um dia.
Este teste visa observar o comportamento físico-químico da amostra quando
submetido a esse estresse de temperatura tão intenso.
29
5
METODOLOGIA
Este estudo teve o objetivo de avaliar a viabilidade técnica da substituição do
Solvente A pelo Solvente B com a justificativa que o segundo é menos tóxico e tinha
elevado estoque na empresa.
A pesquisa consistiu em formular o Fungicida em laboratório com o uso do
Solvente B e foram realizados todos os testes físico-químicos listados na
especificação do produto: Teste Visual, Viscosidade, Suspensibilidade, Estabilidade
da Emulsão, pH, Granulometria, Granulometria Via Úmida, Análise de Teor de
Ingrediente Ativo, Espuma Persistente e Densidade, realizado conforme metodologia
técnica da empresa onde o trabalho foi desenvolvido.
Para efeito de comparação foi obtida uma amostra original do Fungicida na
linha de envase da produção e foram realizados em laboratório os mesmos testes
listados acima.
Para a aprovação da contratipagem de matéria prima o Fungicida deverá
atender a especificação ou apresentar os mesmos comportamentos físico-químicos
do produto original.
O presente estudo é uma Pesquisa Científica Exploratória Experimental, onde
segundo Freitas e Prodanov (2013) “tem como finalidade proporcionar mais
informações sobre o assunto que é investigado” e
[...] quando há um objeto de estudo, selecionamos as variáveis que
seriam capazes de influenciá-lo, definimos as formas de controle e
de observação dos efeitos que a variável produz no objeto
(FREITAS, PRODANOV, 2013, p. 57).
O objeto de estudo é o Fungicida e a variável capaz de influenciar na
qualidade do produto é o Solvente B. Portanto, é uma análise dos efeitos que o novo
solvente poderá causar na formulação.
5.1
Materiais empregados em ensaios


Proveta RED® de 250 mL;
Balança Analítica Mettler Toledo®, precisão 0,0001g (Mettler Toledo);
30













5.2
Balança Semi-Analítica Adventurer OHAUS®, precisão 0,01g;
Béqueres Pyrex®;
Agitador IKA®
Moinho coloidal ULTRA-TURRAX T25 basic®;
Moinho Minizeta®;
Siefer IKA®;
Estufa Nova Ética®;
Geladeira de Freezing Tall Test (FTT);
pHmetro Metrohm®;
Peneira de 100 e 200 Taylor Granutest®;
Viscosímetro Brookfield LV®;
Cápsula de Evaporação;
Picnômetro
Solvente Aromático em Estudo
Tanto o Solvente A como o Solvente B são solventes aromáticos derivados do
petróleo com 10 a 12 carbonos (próprio autor).
A Figura 7 descreve informações retiradas das fichas de segurança de cada
solvente. O Solvente A, original do produto e já utilizado na produção, e o Solvente
B, solvente eleito como alternativa para o Solvente A (próprio autor).
Pode-se constatar que ambos os solventes são muito semelhantes. Os riscos
toxicológicos são praticamente os mesmos, por se tratar de um solvente de mesma
classe, mas o Solvente B apresenta a vantagem de não ser considerado um agente
cancerígeno e conter um teor de naftaleno muito baixo (próprio autor).
31
Figura 7: Características Fisico-Químicas do Solvente A e Solvente B
Solventes Aromáticos
Características
SOLVENTE B
SOLVENTE A
Revestimentos; Lubrificantes;
Aplicações
Combustível; Agroquímico;
Agroquímico
Construção Civil.
Risco a saúde ao ser humano
Risco a saúde ao ser
(pode causar irritação se
humano (cancerígeno,
ingerido, inalado ou em
pode causar irritação se
contado com pele e olhos);
ingerido, inalado ou em
Risco ao meio ambiente
contado com pele e olhos);
(tóxicos a organismos
Risco ao meio ambiente
aquáticos); Não possui
(tóxico a organismos
propriedades cancerígenas.
aquáticos)
10 a 12
10 a 12
CAS Number
64742-94-5
64742-94-5
Classificação
Solvente Aromático
Solvente Aromático
Toxicidade
Número de
Carbonos
1-metilnaftaleno: < 12.5
Teor de
Naftaleno
%m/m;
< 0.9 % m/m
2-metilnaftaleno: < 26.0
%m/m;
Naftaleno: < 14.0 %m/m
Líquido claro; de incolor a
Líquido translúcido
amarelo claro
amarelo
Densidade
1.001 g/mL
0.996 g/mL
Ponto Ebulição
230 ºC
232 ºC
Pontos de Fusão
< - 5 ºC
Não determinado
100 ºC
104 ºC
> 400 ºC
491 ºC
Aspecto
Ponto de
Inflamação
Temperatura de
auto ignição
Fonte: elaborado pelo autor.
32
Ambos apresentam o mesmo número de carbonos e são registrados com os
mesmos CAS NUMBER, condição mínima para poder haver essa contratipagem,
pois, se o CAS NUMBER fosse diferente o produto não poderia sofre uma alteração
de matéria prima junto aos órgãos jurídicos competentes do Brasil.
5.3
Formulação Fungicida em Estudo
A formulação que sofrerá a substituição do solvente aromático é um fungicida
do tipo Suspo-Emulsão composto por dois ingredientes ativos. O primeiro faz parte
do grupo químico Triazol, classe fungicida, atua na inibição da biosíntese do
ergosterol (constituinte da membrana celular de fungos) e o segundo faz parte do
grupo químico Estrobilurina, classe fungicida, atua na inibição do transporte de
elétrons nas mitocôndrias dos fungos, com isso inibe a formação de ATP.
A composição química do produto é 12,5 %m/v de Estrobilurina, 4,7 %m/v de
Triazol e 82,8 % m/v de ingredientes inertes.

O fungicida a ser estudado pode ser divido em três partes:
Mistura de tensoativos com o Triazol e água, o que gera uma mistura cuja as
características é de uma suspensão concentrada (SC) chamada de Mill Base,
conforme Figura 8.
Figura 8 - Base
Fonte: acervo do autor.
33

Agente de Reologia (Goma Xanthana), conforme Figura 9. Tem a função de
conferir a viscosidade ideal para o produto e por suas moléculas formarem
uma rede tridimensional ajuda na suspensão do Triazol;
Figura 9 - Agente de Reologia
Fonte: acervo do autor.

Solução Orgânica, que é uma mistura de tensoativos (álcool graxo etoxilado),
solvente aromático e Estrobilurina (Figura 10). Nesta etapa a formulação tem
características de um Concentrado Emulsionável (EC).
Figura 10 - Solução Orgânica
Fonte: acervo do autor.
A mistura dessas três partes nas devidas proporções gera o produto final,
uma Suspo-Emulsão (Figura 11).
34
Figura 11 - Produto acabado (Fungicida)
Fonte: acervo do autor.
O ingrediente ativo do grupo Estrobilurina é solúvel em solvente aromático,
por esse motivo faz-se necessário primeiro a diluição deste no solvente para que
depois se misture aos outros ingredientes da formulação.
O que garante a estabilidade de óleo em água é o pacote de tensoativos
presente na mistura (DALTIN, 2012). Com a mudança do solvente aromático na
formulação se faz o questionamento se os surfactantes utilizados também vão
conferir estabilidade física e química com o novo solvente.
5.4
Métodos de ensaio
5.4.1
Amostras
Foram analisadas duas amostras do fungicida em estudo. Uma das amostras,
obtida na linha de envase, esta em sua composição original, e a outra preparada no
Laboratório de Fungicidas do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento Global
de Defensivos Agrícolas da empresa, substituindo o solvente original pelo contratipo
a ser avaliado, Solvente B. Os outros ingredientes da formulação não foram
alterados. As concentrações de cada ingrediente, até mesmo do Solvente B, foram
mantidas de acordo com a formula card do produto.
Primeiramente, preparou-se a Mill Base, onde o Triazol foi utilizado. Nesta
etapa,
misturaram-se
os
tensoativos
com
a
água
até
atingir
completa
homogeneidade com agitador mecânico IKA®, então foi adicionado o Triazol.
35
Após a completa mistura de todos os ingredientes foi feita uma pré moagem
no moinho coloidal ULTRA-TURRAX T25 basic® (Figura 12) por 5 minutos, com a
finalidade de reduzir um pouco o tamanho das partículas para evitar o entupimento
do moinho Minizeta®.
Figura 12: ULTRA-TURRAX T25 basic®
Fonte: acervo do autor.
A mistura foi moída no moinho Minizeta® (Figura 13), com esferas de óxido
de zircônio de diâmetro 0,6 – 0,8 mm.
Figura 13: Minizeta®
Fonte: acervo do autor.
36
A moagem foi realizada por recirculação e só foi finalizada quando o tamanho
de partícula apresentou diâmetro menor ou igual que 2 µm, medido no Mastersizer
2000 - Malvern®. Esta mistura foi reservada.
A solução orgânica, Figura 14, é uma mistura entre a Estrobilurina, solvente
aromático e tensoativos. Esta etapa que é o diferencial da preparação da
formulação, onde o solvente aromático utilizado é o Solvente B e não o original.
Primeiramente, pesou-se a quantidade necessária de Solvente B em um
béquer PYREX® e adicionou-se os tensoativos. Sempre com agitação com agitador
IKA®. Por fim, acrescentou-se a Estrobilurina e a agitação persistiu até a sua
completa dissolução.
Figura 14 - Solução Orgânica
Fonte: acervo do autor.
Um gel (Figura 15) também foi preparado. Anticongelante não tóxico, agente
de reologia, água e biocida foram adicionados na ordem mencionada. Esta etapa a
agitação foi vigorosa, pois a medida que ocorre a umectação do agente de reologia
a viscosidade aumenta bruscamente dificultando a homogeneização.
37
Figura 15 – Agente de Reologia
Fonte: acervo do autor.
Por fim, foi realizado o fechamento da fórmula, adicionando-se a mistura da
base moída com o gel e água (q.s.p), nas devidas proporções, agitou-se por 30
minutos. Logo após, incorporou-se a mistura a solução orgânica e a agitação durou
mais 2 minutos, Figura 16, (neste caso a agitação não foi vigorosa, pois se tivesse
sido a viscosidade do produto aumentaria acima da recomendada).
Figura 16 - Produto formulado
Fonte: acervo do autor.
38
Toda a formulação foi passada pelo Siefer IKA® (Figura 17) para a redução
do tamanho das micelas da fase orgânica evitando-se que no futuro haja
coalescência da fase orgânica quando o produto estiver em repouso.
Figura 17: Siefer IKA®
Fonte: acervo do autor.
Após a preparação, amostras de 250 mL foram colocadas em Shelf Life
(estabilidade acelerada): Inicial (amostra de retenção, temperatura ambiente), 2
semanas FTT, 14 dias 54ºC (somente para análise de teor de ingrediente ativo) e 8
semanas 40ºC.
5.4.2.
Caracterização
As amostras foram caracterizadas de acordo com os dez testes relacionados
no esquema da Figura 18. As condições de Shelf Life seguiu a norma da CIPAC MT
46.3, onde célula hachurada significa a realização do teste.
39
Figura 18: Esquema de caracterização de amostras de defensivo agrícola em estudo.
Condições de Amostragem
Caracterização
Inicial (Room
2 semanas 8 semanas 14 dias
Temperature)
FTT
40ºC
54ºC
pH
Viscosidade
Granulometria Via
úmida
Granulometria
Suspensibilidade
Estabilidade de
Emulsão
Espuma
Persistente
Densidade
Teste Visual
Teor de
Ingrediente ativo
(HPLC)
Fonte: elaborado pelo autor.
As amostras de 8 semanas 40ºC e de 14 dias 54ºC foram condicionadas em
estufa de recirculação de ar. A amostra de 2 semanas FTT ficou condicionada no
equipamento de Freezing Tall Test (FTT). Portanto, entende-se como amostra inicial
aquela sem condicionamento algum, armazenado em temperatura ambiente (room
temperature).
A amostra obtida na linha de envase da produção, fungicida com Solvente A,
foi caracterizada nas condições Inicial e 2 semanas FTT. É esperado nesse
fungicida, um aumento da granulometria e consequentemente uma maior retenção
no teste de granulometria via úmida. Para comprovar que é uma característica da
formulação, uma amostra do produto original também foi colocada sob estresse 14
dias FTT e analisada de acordo com os mesmos quesitos.
40
5.4.2.1. Granulometria
A distribuição do tamanho de partícula foi medida pelo método de
espectroscopia de difração a laser, através do equipamento Mastersizer 2000 Malvern®, Figura 19.
Figura 19: Mastersizer 2000 - Malvern®
Fonte: Malvern (2014)
Segundo Lacerda (2008), ângulo de difração é inversamente proporcional ao
tamanho de partícula. A engenharia do equipamento funciona emitindo-se um laser
de He-Ne (Figura 20) com o comprimento de onda de 0,63 μm.
Figura 20: Espectroscopia de difração a laser - Mastersizer 2000 - Malvern®
Fonte: Malvern (2014)
A luz é difratada pelas partículas da amostra e esta é detectada por um
detector fotoelétrico produzindo um sinal proporcional a luz difratada da amostra. O
sinal é amplificado, enviado para um computador onde um software faz os cálculos
necessários para determinar o tamanho das partículas.
41
O equipamento admite que as partículas são esféricas e os detectores
conseguem mensurar o volume de cada partícula que é equivalente ao seu tamanho
(LACERDA, 2008). As respostas obtidas são:





D[4,3] ou diâmetro médio de Broucker, média do volume das partículas;
D(0,5)
ou
diâmetro
máximo
apresentado
em
50%
da
distribuição
máximo
apresentado
em
80%
da
distribuição
máximo
apresentado
em
90%
da
distribuição
granulométrica;
D(0,8)
ou
diâmetro
granulométrica
D(0,9)
ou
diâmetro
granulométrica
D(1,0) ou diâmetro máximo apresentado em 100% da distribuição
granulométrica
5.4.2.2. pH
Mediu-se o pH preparando uma calda de 1 %m/m em água 342 ppm (de
acordo com a especificação do produto), a homogeneidade foi garantida usando um
agitador magnético.
Introduziu-se o eletrodo do pHmetro Metrohm, figura 21, previamente
calibrado com solução padrão de pH 4,0 e 7,0, na calda preparada e após um tempo
o equipamento se estabiliza e determina o valor exato do pH.
Especificação do Fungicida em estudo: pH entre 5,9 – 7,9.
Figura 21: pHmetro
Fonte: Metrohm (2014)
42
5.4.2.3. Viscosidade
Viscosidade é a resistência do fluido ao escoamento, visto que quanto maior
for à viscosidade maior vai ser a resistência (ALMEIDA, BAHIA, 2003).
Esta propriedade foi medida através do viscosímetro Brookfield LV®, Figura
22, pois este é o mesmo utilizado no Laboratório Central de Controle de Qualidade
da empresa.
Brookfield LV® é um viscosímetro que apresenta duas partes denominadas
de copo e rotor (sistema de cilindros concêntricos), cilindro externo e o cilindro
interno respectivamente, que são separados pela amostra que está sendo analisada
(SCHRAMM, 2006).
Figura 22: Viscosímetro Brookfield LV®
Fonte: Instrumentação para laboratório (2014)
O rotor, cilindro interno, gira uma velocidade programada produzindo uma
força de cisalhamento no fluído. A viscosidade é determinada através do torque
requerido para realizar a rotação do cilindro interno (COSTA, 2007).
O Brookfield tem um custo baixo e tem algumas características que o torna
atrativo como por exemplo, a alta sensibilidade do equipamento (TEIXEIRA, 2012).
A medição é feita por spindles (cilindro interno), no caso do estudo foi
realizado com o spindle LV-2 com uma velocidade de 60 RPM, figura 23, conforme
está descrito na especificação do produto.
Especificação do Fungicida em estudo: viscosidade entre 200 – 600 mPa*s.
43
Figura 23: LV Spindles
Fonte: Brookfield (2014)
5.4.2.4. Granulometria via úmida
O teste determina a porcentagem de massa retida que passa por uma peneira
de malha 100 mesh e 200 mesh, abertura de 0,150 mm e 0,075 mm,
respectivamente. O procedimento foi realizado segundo a norma ABNT NBR 13237
– Determinação granulométrica por peneiramento úmido.
O objetivo é simular a preparação da calda do agricultor no momento da
aplicação e verificar se o produto pode entupir o bico de aplicação.
O método consiste em pesar 10,00 g do defensivo agrícola em um béquer de
250 mL e adicionar 150 mL de água industrial para formar a calda. Após a completa
homogeneização, toda a calda é invertida quantitativamente sobre as peneiras. O
material depositado é lavado por 3 minutos com uma vazão de 1 L/min (água da
industrial) (ABNT, 2009f).
Para a expressão dos resultados é utilizado a Equação 1:
G = 100 – [(Mf-Mi)/Ma]*100
Onde:
G é a granulometria via úmida, em %m/m;
(1)
44
Mf é a massa final da peneira com o material retido, em gramas;
Mi é a massa inicial da peneira, em gramas;
Ma é a massa do defensivo agrícola, em gramas
O resultado deverá atender a norma ABNT 8510, onde declara que
formulações classificadas como SE (Suspo-Emulsões) deverá ter no máximo 2
%m/m de retenção na peneira de 200 mesh (abertura de 75 µm) (ABNT, 2009e).
5.4.2.5. Suspensibilidade
O teste de suspensibilidade do defensivo agrícola é um dos mais importantes
testes a serem realizados. Ele permite verificar se o pacote de tensoativos utilizados
estão trabalhando em harmonia, garantido que todo ou grande parte do ingrediente
ativo fica suspenso no momento da preparação da calda de aplicação.
O método de ensaio foi realizado de acordo com a NBR 13313 (2007) –
Determinação da Suspensibilidade. Pesa-se uma massa igual a 2,5 g dividido pela a
porcentagem de resíduo não volátil do produto em um béquer. Homogeneíza em
água padrão e transfere todo o conteúdo quantitativamente para uma proveta de 250
mL, acertar o menisco com água padrão. A homogeneização é feita invertendo-se
em 180º 30 vezes. A proveta é mantida imersa em água termoestatizada a 30 ºC por
30 minutos, livre de quaisquer vibrações. 225 mL são retirados com a ajuda de uma
bomba a vácuo (pipeta deve estar imersa no máximo 4 mm da superfície e a
operação deve levar no máximo 15 segundos). Os 25 mL restantes são transferidos
para capsula de secagem com a ajuda de água destilada (ABNT, 2007c).
O cálculo da suspensibilidade é feito pelas Equações 2 e 3:
Suspensibilidade (%m/m) = (c - Q)/c * 10/9 * 100
c = (w * d)/100
Onde:
Q é a massa do resíduo encontrada na porção de 25 mL, em gramas;
(2)
(3)
45
c é a massa inicial do resíduo não volátil, em gramas;
d é a porcentagem em massa de resíduo não volátil do defensivo agrícola
determinado pela NBR 13227 Determinação de resíduo não-volátil;
w é a massa adicionada na proveta, em gramas;
10/9 é a relação entre o volume total da proveta e o volume retirado;
O resultado deverá atender a norma ABNT 8510, onde declara que
formulações de SE (Suspo-Emulsões) deverá ter uma suspensibilidade de no
mínimo 80 %m/m (ABNT, 2009e).
5.4.2.6. Determinação da espuma persistente
Mensurar a espuma formada por um defensivo agrícola na hora da
preparação da calda é muito importante, pois, o agricultor encontrará dificuldades de
preparação se o produto fizer muita espuma. Este teste avalia se o antiespumante
adicionado na preparação da formulação está fazendo o efeito esperado.
Antiespumantes a base de silicone têm ganhado mercado e vem sendo muito
utilizado na indústria. Basicamente, são produtos formulados pela mistura de um
silicone em um solvente apropriado para aplicação do produto (GARCIA; FARIAS;
FERREIRA, 2004).
Segundo Daltin (2012), a agitação é a principal razão do aparecimento da
espuma. Ao agitar bolhas de ar entram na mistura criando novas superfícies águaar. Como tensoativos têm a tendência de se direcionar para estas áreas, micelas
que antes estavam na solução migram para a nova superfície e a envolve (Figura
24).
O ar tem densidade menor que a água, portanto, as bolhas se deslocam para
a parte superior do líquido. A espessura do filme criado é proporcional à força de
repulsão das duas camadas de tensoativo (DALTIN, 2012).
46
Figura 24: Esquema representativo da estrutura de uma bolha
Fonte: Quina (2008)
O teste foi realizado segundo a norma ABNT 13451. Ensaia-se a dosagem de
1 %m/m em água-padrão em uma proveta de 250 mL, inversão de 180° 30 vezes,
repouso em uma banho termostatizado (30ºC), sem vibrações, durante 5 minutos.
Medir em centímetros a espuma persistente (ABNT, 2002a).
Especificação do Fungicida em estudo: máximo de 2 cm.
5.4.2.7. Determinação da estabilidade de emulsão
O fungicida por ser uma Suspo-Emulsão apresenta uma fase orgânica que
pode separar de fase no momento da aplicação do produto. É necessário verificar se
esta fase irá emulsionar com eficiência em água e ocorrer o mínimo de separação
possível, Figura 25.
Emulsão geralmente é uma mistura entre água e óleo onde a fase oleosa é
estabilizada pelo uso de surfactantes/tensoativos para evitar a coalescência das
partículas oleosas (DALTIN, 2012).
Os tensoativos se organizam sob a superfície água-óleo mantendo gotas
muito pequenas estáveis e permitindo que o choque entre elas seja elástico
(DALTIN, 2012).
47
Figura 25: Esquema do posicionamento dos surfactantes na superfície da gota de óleo
Fonte: Rinaldi et al (2007)
O método de Determinação da Estabilidade de Emulsão está descrito na
norma ABNT 13452, e consiste em pesar 2,5 mL do defensivo agrícola em uma
proveta de 250 mL e aferir o menisco com água-padrão. Inverte 30 vezes em 180°.
Para
produtos
com
densidade
igual
ou
maior
que
1
g/mL,
transferir
instantaneamente para um tubo cônico, Figura 26, até o volume de 100 mL.
Figura 26: Tubo Cônico de 100 mL
Fonte: ABNT 13452, 2009g
Repousar em banho termostatizado a temperatura de 30ºC, livre de
vibrações. Medir o volume formado de creme nos tempos: 15 minutos, 30 minutos, 1
hora e 2 horas. A reprovação é imediata se houver separação de óleo ou após 2
horas de teste volume de creme formado superior que 1 mL (ABNT, 2009g).
48
5.4.2.8. Determinação da Densidade
A densidade foi determinada de acordo com a norma ABNT 13826. Foi
utilizado um Picnômetro de Gay-Lussac com capilar para aferir a propriedade físicoquímica.
Primeiramente, determinou-se o volume do picnômetro pela equação 4:
V = (M1 – M)/dágua a 20ºC
(4)
Onde:
V – Volume do picnômetro;
M1 – Massa do picnômetro mais água destilada contida dentro dele;
M – Massa do picnômetro;
d H2O 20ºC – Densidade da água a 20 ºC (0,9982 g/mL).
Para determinação da densidade do defensivo agrícola, colocou-se 12,5 g do
produto dentro do Picnômetro, Figura 27, e completou o volume restante com água
destilada e tampou a entrada. O sistema ficou em um banho a 20ºC por 20 minutos.
Figura 27: Picnômetro de Gay-Lussac
Fonte: ABNT 13826, 2008d
A densidade pode ser obtida através da equação 5:
d20ºC = (M2 – M)/V
(5)
49
Onde:
M2 – massa do picnômetro com a amostra;
M – massa do picnômetro vazio;
V – volume do picnômetro.
Especificação do Fungicida em estudo: entre 1,035 – 1,085 g/mL.
5.4.2.9. Teste Visual
Verificar visualmente se a formulação tem as características do produto, como
por exemplo: cor, opacidade, se é translúcido, visivelmente viscoso, há formulação
de grumos, precipitado ou separação de fase, e o mais que o analista achar
necessário observar.
Especificação do Fungicida em estudo: Líquido viscoso branco a levemente
amarelado.
5.4.2.10.
Análise de HPLC (High Performace Liquide Chromatography)
A análise de HPLC foi enviada para o Laboratório de Química Analítica do
Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento de Defensivos Agrícolas da empresa
para que se possa determinar com precisão a concentração exata dos ingredientes
ativo na amostra.
O importante desta análise é determinar se há degradação dos ingredientes
ativo após o Shelf Life. Para isso é comparado os valores de concentração da
amostra inicial e 14 dias 54ºC.
Especificação do Fungicida em estudo: Concentração de Estrobilurina entre
125,0 – 141,0 g/L e de Triazol entre 45,0 – 55,0 g/L.
50
6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o planejamento do estudo em questão, as amostras foram formuladas e
caracterizadas de acordo com o planejamento.
6.1
Fungicida com Solvente B condição Inicial
A preparação do fungicida com Solvente B ocorreu conforme o esperado. O
produto atingiu todas as especificações exigidas pelo produto, Tabela 1,
No primeiro momento, esses resultados demonstram que o pacote de
tensoativos utilizado na formulação original também é capaz de desempenhar um
ótimo trabalho quando se faz o uso do Solvente B no produto, não apresentando
nenhuma irregularidade com o produto formulado.
6.1.1
Determinação de Teor de Ingrediente Ativo condição Inicial
A análise feita pelo Laboratório de Química Analítica constatou que a
formulação estava dentro da concentração exigida pelo produto, logo a formulação
foi preparada da maneira correta.
Na Tabela 1, observa-se que o produto formulado contém 133,77 g/L de
Estrobilurina, podendo variar entre 125 – 141,0 g/L, e 52,29 g/L de Triazol, podendo
variar entre 45 – 55 g/L.
51
Tabela 1: Resultados da caracterização do produto com solvente B
Produto: Fungicida com Solvente B
Condição:
Inicial
Especificação
Líquido viscoso
Líquido viscoso
Teste Visual branco a levemente
branco a levemente
amarelado
amarelado
Densidade 20ºC
1,048
1.035 ~ 1.085 g/mL
pH
6,93
5.9 ~ 7.9
Granulometria – D50
1,519
máx. 1.8 µm
Granulometria – D90
2,827
máx. 4.0 µm
Granulometria – D100
6,299
máx. 100 µm
Suspensibilidade – 20 ppm
99,74
mín. 80%m/m
Suspensibilidade – 342 ppm
98,690
mín. 80%m/m
Viscosidade
273,00
200 ~ 600 cps
Espuma – 20 ppm
0,00
máx. 2 cm
Espuma – 342 ppm
0,00
máx. 2 cm
0,00
máx. 2 %m/m
0,00
máx. 2 %m/m
Teor de Ativo Estrobilurina
133,77
125.0 ~ 141.0 g/L
Teor de Ativo Traizol
52,29
45.0 ~ 55.00 g/L
Granulometria Via Úmida –
100 mesh
Granulometria Via Úmida –
200 mesh
Fonte: elaborado pelo autor.
6.1.2
Análise do Teste de Estabilidade de Emulsão condição Inicial
O fungicida apresentou ótimos resultados no teste de estabilidade de
emulsão, visto que a especificação para este parâmetro é de no máximo 1,0 mL de
creme e 0,0 mL de óleo. Pode-se analisar na Tabela 2, que o valor mais alto de nível
52
de creme está abaixo de 0,05 mL, somente traços no fundo do tubo cônico, longe de
atingir a especificação. E após 2 horas, não houve formação de óleo.
Tabela 2: Resultados de Teste de Emulsão do produto com solvente B
Fungicida com Solvente B
Tempo
15 min
30 min
60 min
120 min
Lote: 002-053
Condição Inicial
Água
Óleo (mL)
20 ppm
0
342 ppm
0
20 ppm
0
342 ppm
0
20 ppm
0
342 ppm
0
20 ppm
0
342 ppm
0
Creme (mL)
0
0
0
0
0
0
<0,05
<0,05
Fonte: elaborado pelo autor.
6.2
Determinação de Teor de Ingrediente Ativo condição 14 dias 54ºC
Como realizado na amostra inicial. A análise mostrou que a formulação
estava dentro da concentração exigida pelo produto. Observa-se na tabela 3, que o
produto formulado contem 133,77 g/L de Estrobilurina e 52,19 g/L de Triazol.
Ou seja, não houve degradação do ingrediente ativo Estrobilurina. O Triazol
variou de 52,29 g/L para 52,19 g/L, representado uma variação de 0,01 %m/m,
variação considerada insignificante.
Tabela 3: Análise de Teor de Ativo após 14 dias 54ºC com o uso do Solvente B
Produto: Fungicida com Solvente B
Condição:
14 dias 54ºC
Especificação
Estrobilurina
133,77 g/L
125.0 ~ 141.0 g/L
Triazol
52,19 g/L
45.0 ~ 55.00 g/L
Fonte: elaborado pelo autor.
53
Com esses resultados pode-se dar o aval de aprovação para o Solvente B
quando ao quesito interação solvente-ingredientes ativos, garantindo que o solvente
não interfere quimicamente na estabilidade do ativo.
6.3
Fungicida com Solvente B condição 14 dias FTT
Na Tabela 4, constata-se que a formulação apresentou bons resultados nas
propriedades: densidade, pH, suspensibilidade, viscosidade e espuma.
Quanto à distribuição granulométrica as variáveis D50, D90 e D100
ultrapassaram o valor da especificação. Apesar disso, esse comportamento já era
esperado. Por conhecimento prévio do Fungicida, é sabido que sob a condição de
14 dias FTT adquire maior tamanho granulométrico.
Pode-se atentar também para o aumento da retenção no Teste de
Granulometria
Via
Úmida,
apresentando
um
resultado
muito
próximo
da
especificação. Inicialmente a retenção era 0,00 %m/m passou para 1,54 %m/m, na
peneira de 200 mesh, e 0,17 %m/m, na peneira de 100 mesh, mas ainda assim
atendeu as exigências da ABNT, onde exige que a retenção deverá ser menor que 2
%m/m. Isso ocorreu devido ao aumento do tamanho das partículas.
A
suspensibilidade
da
formulação
demonstrou
um
ótimo
resultado,
despreocupando problemas futuros na hora da aplicação, onde a suspensibilidade
do produto é crucial para uma boa homogeneidade da calda.
54
Tabela 4: Resultados dos Testes sob o Estresse de 14 dias FTT com Solvente B
Produto: Fungicida com Solvente B
Condição:
14 dias FTT
Especificação
Líquido viscoso
Líquido viscoso
branco a
branco a
levemente
levemente
amarelado
amarelado
Densidade 20ºC
1,056
1.035 ~ 1.085
pH
7,54
5.9 ~ 7.9
Granulometria – D50
1,994
máx. 1.8 µm
Granulometria – D90
5,79
máx. 4.0 µm
Granulometria – D100
150,476
máx. 100 µm
Suspensibilidade – 20 ppm
97,76
mín. 80%m/m
Suspensibilidade – 342 ppm
99,30
mín. 80%m/m
Viscosidade
349,50
200 ~ 600
Espuma – 20 ppm (cm)
0,00
máx. 2 cm
Espuma – 342 ppm (cm)
0,00
máx. 2 cm
0,17
máx. 2 %m/m
1,54
máx. 2 %m/m
Teste Visual
Granulometria Via Úmida –
100 mesh
Granulometria Via Úmida –
200 mesh
Fonte: elaborado pelo autor.
6.3.1
Análise do Teste de Estabilidade de Emulsão condição 14 dias FTT
A amostra sobmetida ao estresse de 14 dias FTT apresentou resultados de
estabilidade de emulsão maior que na condição inicial, mas após duas horas de
teste permaneceu dentro da especificação sem formação de óleo, tabela 5.
Apesar do aumento granulométrico a amostra apresentou um bom resultado.
55
Tabela 5: Resultado do Teste de Emulsão na amostra de 14 dias FTT
Tempo
15 min
30 min
60 min
120 min
Fungicida com Solvente B
Lote: 002-053
Condição 14 dias FTT
Água
Óleo (mL)
Creme (mL)
20 ppm
0
0
342 ppm
0
0
20 ppm
0
<0,05
342 ppm
0
<0,05
20 ppm
0
0,05
342 ppm
0
0,05
20 ppm
0
0,15
342 ppm
0
0,15
Fonte: elaborado pelo autor.
Especificação: menor que 1 mL de creme e 0,0 mL de óleo após duas 2 horas
de teste.
6.4
Fungicida com Solvente B condição 8 semanas 40ºC
Nota-se na Tabela 6, que o fungicida em estudo também apresentou resultados
dentro da especificação do produto, como na amostra inicial.
Com este resultado garanti-se que o Fungicida permanecerá estável durante
seu período de shelf life, dois anos (validade do produto).
A suspensibilidade se manteve alta e a granulometria estável. No teste de
granulometria via úmida os resultados foram aproximadamente zero, confirmando a
medição no Marvern®.
56
Tabela 6: Resultados dos testes sob estresse de 8 semanas 40ºC com uso do Solvente B
Produto: Fungicida com Solvente B
Condição:
8 semanas 40ºC
Especificação
Líquido viscoso
Líquido viscoso
branco a levemente
branco a levemente
amarelado
amarelado
1,0563
1.035 ~ 1.085
pH
6,67
5.9 ~ 7.9
Granulometria – D50
1,728
máx. 1.8 µm
Granulometria – D90
3,654
máx. 4.0 µm
Granulometria – D100
6,372
máx. 100 µm
Suspensibilidade – 20 ppm
98,41
mín. 80%m/m
Suspensibilidade – 342 ppm
98,8
mín. 80%m/m
Viscosidade
236,5
200 ~ 600
Espuma – 20 ppm (cm)
0,50
máx. 2 cm
Espuma – 342 ppm (cm)
0,00
máx. 2 cm
0,03
máx. 2 %m/m
0,04
máx. 2 %m/m
Teste Visual
Densidade 20ºC
Granulometria Via Úmida –
100 mesh
Granulometria Via Úmida –
200 mesh
Fonte: elaborado pelo autor.
6.4.1
Análise do Teste de Estabilidade de Emulsão condição 8 semanas 40ºC
Traços de precipitado (creme) apareceram mais cedo do que na condição
inicial, mas permaneceram abaixo de 0,05 mL. Resultado considerado ótimo, pois
ficou longe de extrapolar a especificação, Tabela 7.
57
Tabela 7: Resultado do Teste de emulsão da amostra sob estresse 8 semanas 40ºC
Tempo
15 min
30 min
60 min
120 min
Fungicida com Solvente B
Lote: 002-053
Condição 8 semanas 40°C
Água
Óleo (mL)
Creme (mL)
20 ppm
0
0
342 ppm
0
0
20 ppm
0
<0,05
342 ppm
0
<0,05
20 ppm
0
<0,05
342 ppm
0
<0,05
20 ppm
0
<0,05
342 ppm
0
<0,05
Fonte: elaborado pelo autor.
Especificação: menor que 1,0 mL de formação de creme e 0,0 mL de óleo após
2 horas de teste.
6.5
Fungicida com Solvente A condição Inicial
Como finalidade comparativa foi caracterizado o produto original obtido na linha
de envase da produção Agro do site da empresa.
Nota-se pela Tabela 8, que os resultados apresentados pelo produto original
não é exatamente aqueles apresentados quando foi utilizado o Solvente B na
preparação da formulação, mas comprova-se que os resultados são muito próximos.
58
Tabela 8: Resultados de caracterização do Fungicida Original
Produto: Fungicida com Solvente A
Lote: 0261427720
Formulador: Produção Agro
Condição:
Teste Visual
Inicial
Especificação
Líquido viscoso branco Líquido viscoso branco
a levemente amarelado a levemente amarelado
1,057
1.035 ~ 1.085
pH
6,8
5.9 ~ 7.9
Granulometria - D50
1,4
máx. 1.8 µm
Granulometria - D90
2,4
máx. 4.0 µm
Granulometria - D100
4,0
máx. 100 µm
Suspensibilidade - 20 ppm
98
mín. 80%
Suspensibilidade - 342 ppm
97
mín. 80%
290,00
200 ~ 600
Espuma - 20 ppm
0,00
máx. 2 cm
Espuma - 342 ppm
0,00
máx. 2 cm
0,00
máx. 2 %m/m
0,03
máx. 2 %m/m
Teor de Ativo Estrobilurina
134,03
125.0 ~ 141.0
Teor de Ativo Traizol
50,52
45.0 ~ 55.00
Densidade 20ºC
Viscosidade
Granulometria Via Úmida 100 mesh
Granulometria Via Úmida 200 mesh
Fonte: elaborado pelo autor.
6.5.1
Análise do Teste de Estabilidade de Emulsão Condição Inicial
O teste de emulsão com o fungicida original é exatamente igual quando se usa
o Solvente B na formulação, Tabela 9, após 2 horas de teste houve a formação do
precipitado (creme) no fundo do tubo cônico.
59
O resultado é considerado ótimo e elimina as incertezas quando ao não uso do
Solvente B no fungicida em estudo.
Tabela 9: Teste de Emulsão com o fungicida original. Condição Inicial
Tempo
15 min
30 min
60 min
120 min
Fungicida com Solvente A
Lote: 0261427720
Condição Inicial
Água
Óleo (mL)
Creme (mL)
20 ppm
0
0
342 ppm
0
0
20 ppm
0
0
342 ppm
0
0
20 ppm
0
0
342 ppm
0
0
20 ppm
0
<0,05
342 ppm
0
<0,05
Fonte: elaborado pelo autor.
6.6
Fungicida com Solvente A condição 14 dias FTT
O estresse de 14 dias FTT submetido na amostra do produto original
comprovou que é característica do Fungicida apresentar um aumento granulométrico
após esse estresse. Isso é comprovado através da análise Granulométrica do
Mastersizer 2000 - Malvern® e o teste de Granulometria Via Úmida.
Na Tabela 10, pode-se verificar no teste de Granulometria que somente a
distribuição D100 saiu da especificação para o Fungicida Original, ao contrário da
amostra sob mesmo estresse com o uso do Solvente B, onde todos os parâmetros
foram superiores a especificação.
Especificação: Granulometria – D50 no máximo 1,8 µm, D90 no máximo 4,0
µm e D100 no máximo 100 µm.
Nota-se também que a retenção no teste de Granulometria Via Úmida são
similares.
60
Tabela 10: Comparação dos Resultados em 14 dias FTT
Fungicida condicionado em 14 dias FTT
Amostra:
Teste Visual
Original
Com Solvente B
Líquido viscoso branco Líquido viscoso branco
a levemente amarelado a levemente amarelado
Densidade 20ºC
1,047
1,056
pH
6,02
7,54
Granulometria - D50
1,7
1,994
Granulometria - D90
3,4
5,79
Granulometria - D100
260,2
150,476
Suspensibilidade - 20 ppm
96,83
97,76
Suspensibilidade - 342 ppm
96
99,30
329,00
349,50
Espuma - 20 ppm
0,00
0,00
Espuma - 342 ppm
0,00
0,00
0,53
0,17
1,58
1,54
Viscosidade
Granulometria Via Úmida 100 mesh
Granulometria Via Úmida 200 mesh
Fonte: elaborado pelo autor.
Ao observar os resultados do teste de Granulometria Via Úmida percebe-se
que o valor é muito próximo em peneira de 200 mesh da amostra 14 dias FTT
contratipada. E na malha de 100 mesh o resultado foi maior no produto original.
Portanto, o Fungicida com Solvente B se comportou da mesma maneira que o
Fungicida original, apresentando aumento de retenção na peneira de 100 e 200
mesh sob condicionamento de 14 dias FTT.
Os outros parâmetros atingiram valores dentro do esperado.
61
6.6.1
Análise do Teste de Estabilidade de Emulsão Condição 14 dias FTT
O teste de emulsão com o fungicida original sob o estresse de 14 dias FTT tem
um desempenho melhor que a formulação contratipada. Enquanto que em 2 horas
de teste tinha 0,15 mL de creme (formulação com Solvente B) o original apresentou
somente traços no mesmo tempo, tabela 11.
Apesar do uso do Solvente B acarretar um resultado pior os resultados estão
dentro da especificação, viabilizando o seu uso.
Tabela 11: Teste de Emulsão com o Fungicida original Condição 14 dias FTT
Tempo
15 min
30 min
60 min
120 min
Fungicida com Solvente A
Lote: 0261427720
Condição 14 dias FTT
Água
Óleo (mL)
Creme (mL)
20 ppm
0
0
342 ppm
0
0
20 ppm
0
<0,05
342 ppm
0
<0,05
20 ppm
0
<0,05
342 ppm
0
<0,05
20 ppm
0
<0,05
342 ppm
0
<0,05
Fonte: elaborado pelo autor.
62
7
CONCLUSÃO
Conclui-se
que
para
as
análises
de
Teste
Visual,
Densidade,
pH,
Suspensibilidade, Viscosidade, Espuma, HPLC e Estabilidade de Emulsão o
Solvente B não influenciou os resultados, atingindo todas as condições necessárias
de aprovação. Portanto, nesses quesitos afirma-se que o Solvente B está aprovado
para o uso no fungicida.
Para os testes de Granulometria e Granulometria Via Úmida vale destacar que
nas amostras Inicial e 8 semanas 40ºC os resultados foram perfeitos, mas sob o
estresse de 14 dias FTT houve um aumento do tamanho granulométrico, mas que
não impede a aprovação porque apesar de ter um valor elevado de retenção em
Granulometria Via Úmida o resultado está dentro do que a ABNT exige para um
defensivo agrícola. Portanto, também nesses dois quesitos o uso do Solvente B está
aprovado.
Durante o processo de formulação do fungicida houve um maior cuidado em
prestar atenção nas etapas que envolvessem o novo Solvente B, mais
especificamente na preparação da Solução Orgânica e no fechamento da fórmula.
Constatou-se que o Solvente B não apresentou alterações no processo de
formulação. Comportou-se como se fosse o Solvente A, não causando problemas na
produção do produto.
Por requisição da empresa, o Fungicida com o uso do Solvente B foi testado no
campo em plantação de soja para comprovar que este não provoca fitoxicidade. O
resultado obtido constatou que o Fungicida contratipado não é nocivo à cultura.
Portanto, todos os ensaios realizados demonstram que é tecnicamente viável a
substituição do Solvente A pelo Solvente B, na formulação pesquisada.
63
REFERÊNCIAS
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de espuma persistente. Rio de Janeiro, 2002a.
______. NBR 12679 - Agrotóxicos e Afins - Produtos Técnicos e Formulações Terminologia. Rio de Janeiro, 2004b.
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Janeiro, 2007c.
______. NRB 13826 - Agrotóxicos e afins - Determinação da densidade. Rio de
Janeiro, 2008d.
______. NBR 8510 - Agrotóxicos e afins – Características físicas, Rio de Janeiro,
2009e.
______. NBR 13237 - Agrotóxico e afins - Determinação da granulometria por
peneiramento úmido - método e ensaio, Rio de Janeiro, 2009f.
______. NBR 13452 - Agrotóxicos e Afins - Determinação de estabilidade de
Emulsão. Rio de Janeiro, 2009g.
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