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Armazenagem: Transporte de Grãos1
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Por: Luís César da Silva
Figura 1 – Unidade Armazenadora – Cortesia CASP
Unidades armazenadoras de grãos apresentam constituídas por: (a) estruturas
físicas: moegas, silos-pulmões, silos armazenadores ou graneleiros, (b) maquinários:
secadores, máquinas de pré-limpeza e de limpeza, e (c) transportadores: elevadores de
caçamba, correias transportadoras, transportadores helicoidais e transportadores de
correntes.
A função dos transportadores é interligar estruturas e maquinários, movendo a
massa de grãos nas direções: vertical, horizontal ou inclinada. Para o desempenho destas
funções é imprescindível a realização de manutenções cuidadosamente planejadas e
executadas, o que: (a) minimiza a possibilidade de quebra dos equipamentos; e (b) reduz a
perda de tempo em paralisações. As manutenções são tipificadas como de rotina,
emergência e preventiva.
A manutenção de rotina é executada conforme especificações dos fabricantes. O
que refere a atividades, tais como: (a) checar e completar o nível de óleo em motorredutores, (b) lubrificar mancais, (c) verificar e substituir correias e rolamentos danificados
ou com vida útil esgotada.
A manutenção de emergência decorre quando dá pane em um dos transportadores
durante o funcionamento. Conforme o grau da pane, funcionários da unidade poderão
executar o reparo. Deste que estejam capacitados e disponham das ferramentas e peças
necessárias. Caso contrário deverá ser contato o prestador de serviços.
Quanto à manutenção preventiva, esta consiste em promover inspeções periódicas
que englobam os procedimentos de manutenção de rotina, além de ter como objetivos a
limpeza, ajuste e reparo dos equipamentos e seus acessórios. Nestes casos, peças
danificadas ou com vida útil esgotada, como também, cabos elétricos danificados, são
substituídos.
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Artigo Publicado na Revista: Cultivar Máquinas , Ano III, n 35 , Outubro de 2004, p. 28 - 31.
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Conforme ressaltado, as manutenções devem ser cuidadosamente planejadas e
executadas, mesmo as de emergência. Para tanto, quatro passos devem ser observados.
O primeiro passo consiste em identificar e caracterizar cada um dos
transportadores da unidade armazenadora. Na identificação, por exemplo, o caso de um
elevador de caçambas situado no setor de moegas pode ser: M-EL-01. O que significa que
o elevador de número um, está localizado setor de moegas. Quanto a caracterização, esta
refere à obtenção de informações, tais como: capacidade horária, nome fabricante, altura
ou comprimento, tipo e potência do motor elétrico, e peças. Como resultado deste passo
será criado um fichário, em que cada equipamento terá uma ficha.
O segundo passo refere à especificação das necessidades de manutenção de
rotina e preventiva para cada transportador. Isto deve ser registrado nas fichas, e servirá
para definir o cronograma da execução das manutenções.
O terceiro passo leva a organização do almoxarifado com peças de reposição.
Deverá ser dada preferência as peças mais requeridas e com maior dificuldade de
aquisição. Nas fichas dos equipamentos para cada peça, é interessante atribuir códigos,
por exemplo: (a) DA – disponível no almoxarifado, (b) FA – fácil aquisição, e (c) PA –
precisa ser adquiria. Além disto, deve ser registrado informações para o fácil contato com
os fornecedores e prestadores de serviço.
O quarto passo corresponde ao registro de informações sobre as manutenções
executadas, tais como: peças substituídas, mão-de-obra empregada, equipamentos
especiais empregados e custos. Este histórico poderá ser utilizado para: (a) calcular o
custo de manutenção para cada transportador; (b) estabelecer os pontos de maior risco de
pane; e (c) dar suporte à tomada de decisão quanto à opção de reparar ou substituir um
dado transportador.
A seguir são apresentados os principais tipos de transportadores de grãos,
utilizados no Brasil, e ressaltados cuidados básicos na manutenção.
Elevadores de caçambas
São equipamentos projetados para movimentar produtos no sentido vertical.
Estruturalmente, são dotados de caçambas fixadas sobre uma correia estendida entre
duas polias posicionadas na vertical. As caçambas podem possuir diferentes formatos e
serem construídas em materiais metálicos ou plásticos; ou ainda metálicos com
revestimento plástico.
Figura 2 – Elevador de Caçambas
Divulgação – GSI –USA
Figura 3 – Caçambas de polietileno
Divulgação – GSI –USA
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A polia superior, também denominada polia motora ou tambor motriz, tem por
função tracionar a correia de canecas. O acionamento é feito por um motor elétrico que é
acoplado por meio de correias ou um motor-redutor.
Geralmente, junto ao tambor motriz é montado um sistema de freio. Este tem por
função evitar o retrocesso da correia de canecas cheias de produto. Isto, por exemplo,
pode ocorrer na falta de energia elétrica. Assim, ocorre acúmulo de grãos no pé do
elevador impossibilitando uma nova partida. Os sistemas de freios mais simples são o de
catraca e o de cinta.
A polia inferior, denominada polia tipo gaiolo, é montada em mancais deslizantes
acoplados em parafusos, o que permite esticar e alinhar a correia de canecas.
Durante a operação é importante: (a) inspecionar a ocorrência de manchas de
aquecimento devido ao atrito das canecas ou da correia com as chapas de revestimento; e
(b) observar a ocorrência de barulhos relativos ao atrito das canecas com a estrutura do
transportador, ou ainda de parafusos soltos. Estes problemas podem gerar faíscas, que
apresentam como fontes de ignição em explosões ou incêndios.
Quanto aos procedimentos de manutenção preventiva, estes compreendem: (a)
verificar se a correia de canecas está devidamente esticada e alinhada; (b) substituir as
canecas danificadas, (c) repara danos na emenda da correia de canecas; (d) apertar os
parafusos frouxos; (e) limpar o pé do elevador, pois, o acúmulo de pó e restos de produtos
podem gerar gases tóxicos, como também, propiciar a proliferação de roedores e insetos;
(f) lubrificar mancais e redutores conforme especificado pelo fabricante, (g) substituir
rolamentos danificados ou com vida útil esgotada; e (f) verificar o correto funcionamento
dos acessórios de segurança que são o sistema de freio, e para equipamentos mais
sofisticados os sensores de movimento e de alinhamento.
Quando da limpeza manual do pé do elevador o operador deve remover o excesso
de grãos e bloquear mecanicamente a correia de canecas. Isto evita acidentes com as
mãos e braços.
Outro cuidado que deve ser tomado é quando da necessidade de proceder soldagem
em elevadores, isto devido ao risco de explosão. Portanto, antes de iniciar o trabalho,
devem ser abertas todas as janelas de inspeção para saída do pó acumulado.
Correias transportadoras
Correias transportadoras ou fitas transportadoras são equipamentos projetados
para movimentar produtos no sentido horizontal. Mas, podem operar com inclinação de até
12o, o que afeta a eficiência operacional. Estes equipamentos são constituídos por uma
correia estendida entre os tambores motriz e de retorno, e apoiadas sobre vários roletes.
Para fins agrícolas são comercializados no Brasil equipamentos com capacidade de 30 a
320 t/h.
Junto ao tambor motriz é montado (a) o motor elétrico que é acoplado por meio de
correias ou um motor-redutor; e (b) o sistema mecânico para esticar a correia. Este sistema
atua sobre os mancais que suportam o tambor de retorno, por meio de parafusos, ou um
contra peso atado a trilhos sobre os quais estão os mancais.
A carga das correias transportadoras pode ser feita por meio de tremonhas
ou calhas, e estas podem ser fixas ou moveis. Assim, é possível receber o fluxo de grãos
em várias posições ao longo do transportador. Quando a descarga, esta pode ser na
extremidade final, ou em pontos intermediários por meio do carro de despejo.
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Figura 4 – Correia transportadora (Divulgação – TECNO-MOAGEIRRA)
As correias transportadoras apresentam em diferentes configurações: (a) simples conduz produto em único sentido, (b) reversível - transporta produtos em dois sentidos, (c)
dupla – conduz produto em dois sentidos ao mesmo tempo, e (d) blindada – quando a
correia é montada envolta por caixa metálica.
Na manutenção são recomendados: (a) verificar o estado da correia quanto a
danos e cortes, nestes casos procure identificar a causa e reparar, (b) proceder ao
alinhamento, (c) verificar o estado de rolamentos e mancais, (d) proceder à reposição de
roletes danificados e (f) ajustar a tensão da correia. Pois, caso a correia esteja muito
esticada a vida útil é reduzida e danos ocorrem, principalmente, nos mancais e rolamentos
dos tambores.
Transportador helicoidal
Transportador helicoidal, rosca sem-fim ou caracol, é utilizado no transporte
horizontal, vertical e inclinado. É freqüentemente empregado em descargas de: silos,
máquinas de pré-limpeza, e secadores. Podem apresentar sem revestimento ou instalados
em calhas abertas e tubulares. Podem ainda, serem fixos ou moveis quando são montadas
sob rodas.
Operacionalmente, são equipamentos muito versáteis, no entanto não devem ser
empregados em unidades de beneficiamento de sementes devido à alta probabilidade de
ocorrência de danos mecânicos. Quando da manutenção preventiva deve ser verificado:
(a) estado dos rolamentos, (b) alinhamento e (c) estado do helicóide e da calha.
Transportadores de corrente
Transportador de corrente, também denominado redler, é aplicado ao transporte de
produtos na horizontal ou em inclinações de até 40o, no entanto, a capacidade operacional
decresce em 33%.
Geralmente, nestes equipamentos, as correntes são montadas em
calhas metálicas com formado retangular ou em "U". Quanto aos tipos de palhetas fixadas
à corrente, estas podem ser de madeira, metal ou polietileno.
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Quanto à manutenção deve ser verificado o (a) estado dos rolamentos, (b)
alinhamento da corrente (c) estado das palhetas e (d) vedação da calha.
Figura 5 – Transportador helicoidal Divulgação – GSI –USA
Figura 6 – Transportador de corrente -Redler
Considerações Finais - Segurança
Quando da manutenção dos transportadores é imprescindível desligar os motores
elétricos. Em algumas unidades os funcionários do setor de manutenção possuem os seus
jogos de cadeados. Assim, primeiro o funcionário dirige ao quadro de comandos, desliga
os circuitos elétricos, remove os fusíveis e tranca o quadro com um de seus cadeados.
Somente, ao final é procedida a religação dos circuitos elétricos.
Outra medida é a instalação de tomadas de conexão, próximas, aos motores
elétricos. Assim, por medida de segurança, antes dos procedimentos de manutenção a
tomada é desconectada. É também recomendado colocar avisos para evitar o acionamento
de equipamentos inadvertidamente o que pode causar acidentes.
Outro cuidado importante refere ao acesso a ambientes confinados, tais como:
poços de elevadores, túneis, câmaras dos secadores. Nestas situações é imprescindível a
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renovação do ar para remover gases tóxicos. Pois, estes podem causar intoxicações e até
óbitos.
Referências
BROOKER, D. B., BAKKER ARKEMA, F. W., HALL, C. W. Drying Cereal Grains. The Avi Publishing
Company, Inc. Westport: Connecticut. 1974. 256 p.
Catálogos e Sites de Fabricantes
www.agais.com
LOEWER, O. J., T. C. BRIDGES, and R. A. BUCKLIN. On-farm drying and storage systems. ASAE
Publication 9, American Society of Agricultural Engineers. 1974.
SILVA, J. S. [editor] Pré-Processamento de Produtos Agrícolas. Instituto Maria. Juiz de Fora. 1995.
509 p.
SILVA, L. C. Stochastic Simulation of the Dynamic Behavior of Grain Storage Facilities. Viçosa: UFV.
(Tese Doutorado). 2002.
WEBER, E. A. Armazenagem Agrícola. Editora. Livraria e Editora Agropecuária, Guaíba: RS. 2001.
396 p.
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Manutenção de Transportadores de Grãos