Projeto viabilizou a
criação de uma rádio na
Escola Municipal São
Rafael, que teve sua
rotina alterada com a
novidade. Página 15
RICARDO MALLACO
CARLOS EDUARDO ALVIM
IARA OLIVEIRA
Iniciativa da Prefeitura
de Belo Horizonte busca
esclarecer e orientar
carroceiros da cidade, que
passam a auxiliar na
limpeza urbana. Página 11
Há mais de dez anos
moradores do Bairro
Califórnia convivem com
o mau cheiro e outros
incômodos causados por
lote “bora-fora”. Página 4
marco
jornal
Ano 38 • Edição 279 LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas Dezembro • 2010
VIDA MAIS DIGNA NA VILA SÃO JOSÉ
GABRIELLA PACHECO
LAURA MILAN
Moradores da Vila São José, na Região Noroeste de Belo Horizonte, aos
poucos, veem suas realidades sendo alteradas. Com a implantação do Programa Vila Viva, e de projetos como a Fábrica Social, que oferece cursos de
capacitação em costura para as mulheres da comunidade, possibilitando uma
nova fonte de renda. Apesar das melhorias, o tráfico de drogas e a violência
também se mudaram para os conjuntos de apartamentos, virando obstáculos para a construção de uma vida digna nos novos lares. Páginas 8, 9 e 10
Experiência e
liderança a serviço
da equipe celeste
Córrego dentro de parque
no Caiçara é revitalizado
NATHÁLIA FREITAS
O goleiro Fábio, do Cruzeiro, foi eleito pela
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) o
melhor goleiro do Brasileirão de 2010. Há
cinco anos defendendo o time celeste, ele
esteve presente nos momentos mais importantes e difíceis do clube nesse período,
como na conquista dos títulos do Campeonato Mineiro e a derrota na final da Libertadores da América em 2009. Líder no
campo e ídolo na arquibancada, em entrevista ao MARCO, o goleiro lamenta que a
seleção brasileira tenha se tornado “um
pouco de comércio”, abrindo espaço para
ação de empresários. Apesar disso, ainda vê
chances de futuras convocações. Página 16
Jovem promessa
do gol alvinegro
abre o jogo
Renan Ribeiro é uma das grandes revelações do Campeonato Brasileiro de 2010.
O jovem goleiro, de 20 anos, assumiu a
responsabilidade de defender o gol alvinegro em um momento difícil para o clube, e
ajudou o Atlético a terminar a competição
fora da zona de rebaixamento. Em entrevista ao MARCO, ele garante não ter
mágoa de Vanderlei Luxemburgo, que não
o aproveitou, mas revela que Dorival Júnior
é um treinador mais presente e adepto ao
diálogo que o seu antecessor no comando
do alvinegro mineiro. Página 16
Motivo de reclamação durante
muito tempo por parte dos
moradores, por causa da sujeira e
mau cheiro de suas águas, o Córrego Cascatinha, que corta o Parque Ecológico do Bairro Caiçara,
foi revitalizado por meio de uma
drenagem em sua nascente. Além
disso, outro projeto visa trabalhar a
conscientização ambiental dos
moradores do bairro. Apesar das
melhorias, o parque, que conta com
uma grande área verde, ainda é
pouco conhecido e aproveitado
pelas pessoas que vivem na região.
Página 3
O aumento dos casos de dengue
no Bair ro São Gabriel coloca a
Região Noroeste de Belo Horizonte em estado de alerta.
Para tentar reverter essa situação, está sendo feito um
t r a b a l h o q u e b u s c a m o nitorar
as equipes de combate às
endemias e motivar os moradores
a tomar os cuidados necessários
para acabar com os focos do mosquito Aedes aegypti. Além disso, é
feito também o serviço “bota-fora”
para recolher materiais de grande
volume que ficam nas r uas
ameaçando a limpeza das vias, tornando-se abrigo para os mosquitos. Pagina 5
BRUNO CANTINI / ATLÉTICO MINEIRO / DIVULGAÇÃO
WASHINGTON ALVES / VIPCOMM / DIVULGAÇÃO
Bairro São Gabriel registra
aumento no número de
casos de dengue este ano
2 Comunidade
jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas
editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorial
EDITORIAL
Para fechar o ano
com histórias que
fazem diferença
CARROS ESTACIONADOS
EM LOCAIS IRREGULARES
RENATA FONSECA
n
BRUNA FONSECA,
n
PEDRO VASCONCELOS,
4° PERÍODO
3º PERÍODO
Durante todo o ano o MARCO procurou relatar e expor
os principais problemas enfrentados pelos moradores da
Região Noroeste e Nordeste de Belo Horizonte, sempre
enfatizando o fator humano das histórias e de seus personagens. Na última edição de 2010 estas histórias reaparecem em destaque. Moradores da Vila São José há
muito tempo sofrem com problemas de infraestrutura, e
se queixam com frequência da falta de saneamento
básico, excesso de lixo e insegurança. Para tentar solucionar alguns destes problemas a Prefeitura de Belo
Horizonte tem realizado diversas obras de revitalização
da vila. Através do projeto Vila Viva muitos apartamentos
novos já foram entregues à moradores da Vila São José,
causando grandes transformações em suas vidas. Em
matéria especial o MARCO relata estas transformações,
conta as histórias dos moradores que já foram realojados
e vivem uma nova realidade nos conjuntos habitacionais,
uma nova realidade mais confortável, mas ainda, segundo moradores, assombrada pelo fantasma do tráfico de
drogas da região.
Outra obra que vem sendo comemorada por moradores
é a revitalização do córrego do Parque Ecológico do
Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte. O
córrego conhecido como "Cascatinha" era um alvo antigo de reclamações. A sujeira e o mau cheiro que afastavam os visitantes fizeram com que os moradores se
mobilizassem e exigissem uma postura da Prefeitura. A
obra faz parte do Programa de Recuperação e Obras nos
Parques (Proparque), que já investiu mais de R$ 3,5 milhões na revitalização de diversos parques de Belo
Horizonte.
Já no Bairro Califórnia o problema com o lixo ainda não
foi resolvido. Moradores convivem com os transtornos
causados pela falta de fiscalização em um lote na Rua
dos Violões. O lote, que recebeu o apelido de botafora,vem sendo utilizado para depósito de lixo clandestino. Os moradores que convivem com o problema de mau
cheiro há mais de dez anos alegam que o lixo é depositado por pessoas de fora do bairro, sobretudo pelos carroceiros, que por sua vez alegam não ter lugar para
depositar o lixo. A prefeitura já foi acionada e os
moradores continuam aguardando alguma providência.
Encontramos em uma outra matéria um bom exemplo
para solucionar este problema de depósito de lixo clandestino. O Projeto Carroceiros da Prefeitura de Belo
Horizonte estimula o carroceiro a atuar como um agente
de limpeza urbana. Para isso foram criadas as Unidades
de Recebimentos de Pequenos Volumes (URPV) onde os
trabalhadores depositam os entulhos que depois são
repassados para a (SLU). Além de trazer benéficos aos
cidadão e aos próprios carroceiros, o programa é um
importante aliado na defesa do meio ambiente.
As chuvas de fim de ano acendem a preocupação do
poder público com a Dengue. Segundo dados do
Ministério de Saúde o índice de infestação predial no
Bairro São Gabriel, Região Nordeste, é um dos mais elevados do município de Belo Horizonte. O MARCO ouviu
especialistas e moradores do Bairro São Gabriel que
devem trabalhar juntos na tentativa de minimizar os
danos causados pela Dengue na região este ano.
Para fechar o ano o MARCO traz duas entrevistas
pingue-pongue com atletas que brilharam no cenário
esportivo brasileiro no ano de 2010, os goleiros Fábio do
Cruzeiro e Renan Ribeiro do Atlético. Fábio ganhou este
mês o prêmio de melhor goleiro do Brasileirão, em premiação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), já
Renan Ribeiro é apontado como uma promessa do futebol brasileiro e foi decisivo para a recuperação do
Atlético no Campeonato Brasileiro. Eles abrem o jogo e
contam histórias exclusivas do início de suas carreiras.
EXPEDIENTE
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jornal marco
Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas
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Dezembro • 2010
A placa que sinaliza
estacionamento proibido
na Rua Dom João Pimenta
parece não intimidar os
motoristas que param
diariamente no local. A
largura de sete metros da
rua é reduzida a quatro
metros ao se formarem
extensas filas de carros
parados nos dois lados da
Dom João Pimenta, no
Coração
Eucarístico,
Região Noroeste de Belo
Horizonte.
A
administradora
Danielle Salgado, 25 anos,
vive na pele os transtornos
causados pelos veículos
estacionados
irregularmente. Moradora de um
prédio
localizado
à
esquina da Rua Dom João
Pimenta, ela conta que
tem que deixar seu carro
estacionado
fora
da
garagem até conseguir
entrar no edifício. "O pior
dia é sexta feira, é intransitável, além das pessoas
que saem da aula (na
Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais,
PUC Minas), muitas vão
aos bares próximos e estacionam na Dom João",
afirma Danielle.
O empresário Miro
Kohlhofer Wallner, 24
anos, morador da rua
desde que nasceu, comenta que os problemas vão
além da dificuldade de
entrar em sua vaga na
garagem. "Todos os dias,
volto para casa e não consigo entrar na garagem,
além de ter que esperar o
A placa não inibe motoristas de esstacionarem dos dois lados da rua.
fluxo todo da D. João
Pimenta, quando viro o
meu carro para entrar (em
seu prédio) escuto buzinas
de 12 carros, eles tentam
passar no estreito espaço
que sobra atrás e muitas
vezes travam todo o
fluxo", observa Miro. "Não
posso parar o carro do
lado de fora e nem meus
convidados, quando faço
algo em minha casa", completa. Ele ainda diz que os
horários de pico são os de
troca de turnos das turmas
da PUC, principalmente
entre 19 h e 22h30.
Outro transtorno é o
fato da Rua Dom João
Pimenta estar incluída na
rota do ônibus 9410. Por
causa dos veículos estacionados nos dois lados da
rua, o motorista do ônibus
muitas vezes não consegue
fazer a curva, engarrafando o trânsito. "O carro da
minha avó apareceu todo
arranhado de azul, sem
sombra de dúvidas era a
tinta do ônibus que bateu
no carro dela e não deu a
mínima. Quando subo a
rua e vem um ônibus, é
praticamente um jogo de
tétris para conseguir passar, e os motoristas passam
a um milímetro do carro",
denuncia o empresário.
Danielle Salgado, conta
que a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo
Horizonte (BHTRANS) já
esteve no local várias
vezes, porém, após a
decisão
do
Superior
Tribunal de Justiça (STJ)
que impede o órgão de
multar infrações de trânsito, os agentes da BHTrans
pararam de ir ao local.
Em nota, a Assessoria
de
Comunicação
e
Marketing da BHTrans,
afirma que a Polícia
Militar de Minas Gerais e
a Guarda Municipal de
Belo Horizonte são as
instituições habilitadas a
preencher
autos
de
infração de trânsito na
capital. A assessoria, entretanto, assegura que semanalmente, a Unidade
Integrada de Trânsito
(BHTrans e Polícia Militar) fiscaliza as vias no
entorno da PUC, para
cobrir irregularidades, e
lembra que o veículo que
estacionar em local proibido poderá ser removido.
Tanto Miro quanto
Danielle acreditam que
deveria haver uma fiscalização mais efetiva, e que
os ônibus da linha 9410
não poderia passar na Rua
Dom João Pimenta. O
empresário ainda propõe
que outros retornos mais
próximos sejam liberados.
"Quando toda a obra de
duplicação da Dom José
Gaspar iniciou, eu, meus
familiares e outros vizinhos tentamos sugerir algumas mudanças, mas o projeto era fechado. Desviaram todo o fluxo de carros para a Dom João
Pimenta, é a única forma
de retorno legal, as outras
formas são proibidas ou
muito afastadas", explica
Miro, o qual afirma que
ele e a vizinhança já solicitaram a mudança da rota
do 9410, mas não obtiveram êxito.
Falta CRAS na comunidade Sumaré
n
SAMARA NOGUEIRA,
3º PERÍODO
Com o objetivo de
amenizar os problemas
sociais existentes em diversas
áreas
de
Belo
Horizonte, a Prefeitura
criou em 2001 o Centro de
Referência de Assistência
Social (CRAS), que descentraliza as políticas públicas
sociais. Entretanto, ainda
existem comunidades que
não são beneficiadas pelo
equipamento como a
Sumaré, localizada na
Regional Noroeste. "A
comunidade Sumaré é uma
região que possui alto
índice de vulnerabilidade
social, com problemas, por
exemplo, com drogas", afirma Carlos Guilherme,
Conselheiro do Conselho
Tutelar
da
Regional
Noroeste.
O principal critério para
que uma comunidade possua CRAS, segundo Shirley
Pires, Gerente de Proteção
Social da Secretaria de
Assistência Social de Belo
Horizonte, é o índice de
vulnerabilidade social que
ela apresenta. Quanto mais
auto ele for maior a probabilidade de instalação do
equipamento. Entretanto,
Shirley explica que a
questão da vulnerabilidade
não é apenas uma questão
de renda, mas também
uma questão da qualidade
de vínculo social existente
entre
os
moradores.
Quanto mais fragmentada
a
relação
entre
os
moradores, maior o índice
de vulnerabilidade de uma
comunidade.
Cleidnéia
Martins
Gomes, gerente de políticas
nacionais da Regional
Noroeste explica que embora a comunidade Sumaré
possua problemas sociais
que a enquadra nos
critérios necessários para
implantação, isso ainda
não ocorreu pela falta de
recursos. "A política social
de Belo Horizonte já
mapeou as áreas que o
CRAS será implantado.
Entretanto, esse processo é
continuo e depende da
disponibilidade de recursos. Então a Vila Sumaré
está dentro da programação de instalação do
CRAS, mas, dependendo
de recursos para isso",
conta. Ela ainda acrescenta
que o processo da implantação do CRAS em Belo
Horizonte é ágil, mas não
acompanha as necessidades
das comunidades. "As
comunidades que ainda
não foram contempladas
com o equipamento ficam
penalizadas, porque o
processo de implantação
ainda não é tão ágil",
desabafa.
PRIORIDADES Apesar da
comunidade Sumaré atender aos critérios, ainda não
é prioridade do governo
atual, já que existem outros
locais em Belo Horizonte
que possuem um nível de
vulnerabilidade acima ou
equivalente o dela. Venda
Nova, por exemplo, explica
Shirley, é uma área que
apesar de já possuir um
CRAS precisa de outro devido ao nível de vulnerabilidade e de sua extensão.
"Pelas metas colocadas pelo
governo Municipal a gente
ainda não tem previsão de
instalação de Centro de
Assistência social na comunidade Sumaré nesse governo", conta Cleidnéia.
Atualmente, existe em
Belo Horizonte 26 CRAS
que atendem em média
cinco mil famílias por
comunidade. Essas famílias
segundo Shirley, tem a possibilidade de ter um
equipamento muito mais
próximo de suas casas, o
que permite maior facilidade de acesso aos programas que o CRAS encaminha. Ela ainda acrescenta,
que o CRAS não está dentro da comunidade só para
identificar seus problemas,
mas também, suas potencialidades.
A partir dessa identificação, a equipe do CRAS,
composta por três assistentes sociais, um psicólogo e um coordenador, vai
mapear as famílias e de
acordo com suas características encaminhá-las para
programas de saúde, educação, emprego do BH
cidadania e do CRAS. Esse
mapeamento é feito a partir do cadastro das famílias
da comunidade, que pode
ocorrer por demanda
espontânea ou por indicação de escolas, Centros
de Saúde ou, em casos mais
graves,
do
Conselho
Tutelar.
3
Comunidade
Dezembro • 2010
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CÓRREGO É REVITALIZADO NO CAIÇARA
Conhecido como “Cascatinha”, o córrego que corta o Parque Ecológico do Bairro Caiçara e que já foi alvo de reclamação pelos moradores do bairro, foi recuperado. Isso aconteceu por
causa do empenho da comunidade, da ação da prefeitura e trouxe melhorias para frequentadores do local, que se livraram do mau cheiro que existia por causa da poluição das águas
NATHÁLIA FREITAS
n
DIEGO SCORVO,
MARIANA GARCIA,
NATHÁLIA FREITAS,
YARA FONSECA,
7º PERÍODO
Conhecido
como
"Cascatinha", o córrego
localizado no Parque
Ecológico
do
Bairro
Caiçara já foi motivo de
muita contestação por
parte dos moradores da
região devido ao seu mau
cheiro,
causado
pela
poluição
das
águas.
Entretanto, hoje os residentes da área só têm a
comemorar, já que o córrego foi revitalizado pela
prefeitura da capital. "Foi
uma luta, por mais de dez
anos ficamos pedindo para
que o córrego fosse limpo.
Sua revitalização tem sido
uma conquista. Não
podíamos deixar que um
parque tão bonito pudesse
ser ofuscado por uma
nascente poluída", afirma
a
ex-secretária
da
Associação
PróMelhoramento do Bairro
Caiçara,
Sylvia
de
Oliveira, que acompanhou
todo o processo de ação da
comunidade em prol de
melhorias no córrego.
De acordo com Sylvia, a
comunidade já chegou até
a realizar feiras e barraquinhas no parque para
chamar a atenção das
autoridades para a necessidade de despoluição do
córrego "Cascatinha". "A
nascente era poluída e
cheirava muito mal. Isso
nos incomodava muito.
Hoje, o local já está bem
melhor: fizeram uma
drenagem e o córrego não
é mais aquela coisa feia de
antigamente", completa a
ex-secretária.
"O esgoto aqui era a céu
aberto e o cheiro insuportável
devido
à
imundice da água. Além
disso, o parque era atrativo para marginais, que
aproveitavam o local
quase que abandonado,
para usar drogas", afirma o
aposentado
Antônio
Evangelista de Paula,
tradicional morador do
bairro. "Sou morador antigo do Bairro Caiçara.
Quando mudei para cá, só
havia três casas na minha
rua. Conheço o parque
desde quando só existia
um campinho aqui", diz.
Segunda a Assessoria de
[ ]
“O ESGOTO AQUI ERA A
CÉU ABERTO E O CHEIRO
INSUPORTÁVEL DEVIDO À
IMUNDICE DA ÁGUA”
ANTÔNIO EVANGELISTA
Comunicação
da
Fundação de Parques
Municipais
de
Belo
Horizonte (FPM), a obra
de recuperação do córrego
faz parte do Programa de
Recuperação e Obras nos
Parques (Proparque), que
já investiu mais de R$ 3,5
milhões na revitalização
de diversos parques de
Belo
Horizonte.
No
Parque Caiçara, que tem
área total de 11.400 metros quadrados, foram
investidos R$ 330 mil nas
reformas.
A
Assessoria
de
Comunicação da FPM
também informou que o
projeto foi apresentado na
Regional Noroeste para os
usuários do parque conhe-
cerem e aprovarem sua
implantação. "Sempre que
posso dou uma corridinha
ou uma passada rápida
para observar a paisagem.
Amo o parque, mas admito que sejam poucas as
pessoas com conhecimento sobre o local. Uma
pena, pois é um local maravilhoso e que só faz bem
à nossa região", comenta o
estudante de 18 anos,
Frederico Ferreira.
Segundo a presidente
da
Associação
do
Movimento Comunitário
do Bairro Caiçara e
Adjacências, Lenice Silva,
muita coisa ainda tem que
ser feita, entre elas a conscientização ambiental dos
moradores da região para
que eles reconheçam a
necessidade de preservar o
córrego. "Não adianta a
gente se empenhar para
obter melhoria nas nascentes se a população não
colaborar. Temos que fazer
a nossa parte", ressalta.
Para Lenice, os anos de
luta para a despoluição do
córrego valeram a pena, e
o projeto só obteve êxito
devido à entrada do
Drenurbs, Programa de
Recuperação Ambiental
da Prefeitura de Belo
Horizonte, que trouxe
como inovação a proposta
de inclusão dos cursos
d'água
na
paisagem
urbana, evitando-se as
tradicionais canalizações.
"Creio que ainda podemos
conseguir mais. Ainda
temos que continuar a
revitalizar o córrego. Mas
para quem viveu a realidade da área há 40 anos,
posso dizer que hoje está
tudo uma maravilha", diz.
Apesar da reforma, parque
recebe poucos visitantes
De acordo com vários
moradores da região, o
Parque Ecológico do
Bairro Caiçara, apesar de
revitalizado,
continua
sendo pouco frequentado
pela comunidade. Muitos
nem se dão conta da
existência
do
local.
"Nunca tinha ouvido falar
sobre o parque. Sempre
que posso levo meu 13
netos para passear. É bom
saber da existência deste
território verde, que pode
agregar saúde às famílias
do Bairro Caiçara", observa a aposentada Linda
Ferreira, 67 anos.
Linda também chama
atenção para uma maior
divulgação da área, principalmente feitas pelos
meios de comunicação.
"Acho importante que
existam estratégias de
divulgação do parque. É
necessário que façamos
isso inclusive em nossos
jornais do bairro", revela.
"Trabalho no bairro e
sempre senti a falta de
uma área verde. Vi essa
região crescer; com meus
olhos observei prédios,
condomínios e mini-shoppings tomarem conta das
ruas e comércios, mas
nunca vi uma área limpa,
saudável que trouxesse de
alguma forma benefícios
às famílias do Caiçara",
afirma o comerciante
Cláudio Henrique, 58
anos.
Segundo a ex-secretária
da
Associação
PróMelhoramento do Bairro
Caiçara,
Sylvia
de
Oliveira, na época em que
ela estava à frente da instituição uma série de eventos eram realizados no
parque, como os campeonatos de futebol feminino e masculino. "O futebol
feminino era muito interessante. Era o futebol de
senhoras mesmo. Fazíamos de tudo para
chamar a atenção de
autoridades para melhoramentos na região. Hoje, o
parque é pouco frequentado mesmo, acredito que o
esgoto a céu aberto permanente no local por muito
tempo e o grande número
de jovens que vinham usar
drogas no parque tenha
afastado a população da
área", enfatiza.
Para o estudante Thiago
Nunes, de 11 anos, a
descoberta de um parque,
com quadra de futebol no
Bairro Caiçara é motivo de
muita alegria. "Minha
diversão sempre esteve ligada a jogar futebol. É
bom saber que no nosso
bairro exista um parque
com espaço para gente
brincar. É muito legal,
gostei bastante. Vou ver se
passo a frequentar mais o
Parque", acrescenta.
A revitalização do parque partiu de um apelo da comunidade que não suportava mais o mau cheiro e a poluição
Depois de mais de dez anos, comunidade pode aproveitar os benefícios da revitalização do corrego Cascatinha
Parque Caiçara tem mata
ciliar com espécies nativas
Originário da Fazenda Engenho Nogueira, o Parque Caiçara, também conhecido como "Parquinho",
foi implantado em
1996 por meio do
Programa
Parque
Preservado da Prefeitura
de
Belo
Horizonte.
Com uma área de
cerca de 12.446 m² ,
o parque é protegido
por uma vegetação
de mata ciliar com
espécies
nativas
como açoita-cavalo,
cedro, ingá, jequitibá e
louro pardo. A fauna é
composta por aves
como
bico-de-lacre,
pica-pau, rolinha e
sabiá
e
pequenos
mamíferos, como micos
e gambás. "Moro no
bairro há 18 anos e
sempre procurei manter
contato com o parque,
mesmo morando um
pouco afastado. Acho
importante ter um
espaço verde e saudável
perto dos nossos olhos,
fico feliz em saber que o
ginástica, pista para
caminhada e brinquedos, além de ser um
espaço para contemplação. A revitalização
do parque também contou com a adequação dos
espaços para garantir
acessibilidade
aos
portadores de deficiência, a construção
de nova portaria com
guarita e de uma área
de convivência, próxima à quadra, com
bancos, abrigo e
equipamentos
de
ginástica. O local ganhou também banheiros
públicos, novos bancos,
bebedouros e lixeiras,
além da reforma dos
brinquedos e da quadra
poliesportiva, a revitalização dos jardins e o
tratamento paisagístico
das margens do córrego
Cascatinha.
[ ]
“ACHO IMPORTANTE
TER UM ESPAÇO
VERDE E SAUDÁVEL
PERTO DOS NOSSOS
OLHOS”
nosso bairro é um dos
lugares na cidade com
esse privilégio", afirma
o funcionário público
Gilson Fontoura.
Como opções de
lazer, o parque agora
oferece quadra poliesportiva, campo de futebol, equipamentos de
4 Comunidade
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Dezembro • 2010
DEZ ANOS DE CONVÍVIO COM O LIXO
n
SAMARA NOGUEIRA,
3º PERÍODO
Apelidado pela comunidade do Bairro Califórnia como bota fora, terreno causa transtornos para moradores,
pois é usado como depósito de lixo e entulho clandestino, além de servir de atalho para outros locais do bairro
RICARDO MALLACO
Na Rua dos Violões, no Bairro
Califórnia, existe um lote conhecido como bota fora que tem
causado transtorno a população
que além do mau cheiro,
enfrenta dificuldades de locomoção, já que o local é utilizado
como atalho para outros locais
do bairro. "A gente que mora do
lado não importa tanto com
entulho não, importa mesmo é
com o lixo. Já teve até cavalo
morto lá. O cheiro incomoda
muito, é muito ruim", afirma
Joseane Galvão. Para o secretário
adjunto da Regional Noroeste,
Nildo Taroni, Belo Horizonte
vive hoje uma situação de epidemia de lotes bota-foras, "Nós
vivemos uma epidemia, um
problema crônico na cidade que
é a questão da deposição clandestina de entulho e lixo", revela.
Esse problema existe no bairro
há 10 anos, sendo que há cinco a
associação dos moradores reclama junto à prefeitura à desocupação do lote. "Nós já reclamamos muito com a prefeitura e
ela não faz nada, duvido se fosse
em um bairro rico se ela já não
tinha resolvido. O lixo não é
nosso não, são os caminhões de
fora que trazem os lixos para cá",
afirma Antonio Guerra , Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Califórnia. Júlio
César Teixeira, diretor da associação, culpa também os carroceiros pela deposição do lixo.
"Os entulhos menores são jogados pelos carroceiros, e os maiores pelos caminhões. Entendo
os carroceiros pelo fato disso ser
o ganha pão deles, então, acho
que a prefeitura deveria arrumar
um lugar para eles depositarem o
lixo", diz.
Antonio de Carvalho, 52
anos, morador da Vila Califórnia, e há 40 anos na profissão
de carroceiro, diz que utiliza sim
o lote por não ter um local oficial
O bota-fora serve de atalho para os moradores do Bairro Califórnia, na Região Noroeste da capital, além de ser depósito de lixos e entulhos
dos carroceiros para depositar os
entulhos que recolhe. "Eu utilizo
esse lote, outros lotes ou jogo
nas esquinas, quanto menos eu
andar melhor para mim. A
prefeitura olha o lado dela e não
olha os dos carroceiros, eles
querem que a gente pare de jogar
lixo, mas não arrumam um lugar
oficial para a gente depositar".
Para ele, o lugar ideal seria na
rua do antigo aterro sanitário,
localizado na rua Violinos com
Clarinetas, já que lá existe um
pedaço de terreno que sobrou do
antigo aterro da prefeitura.
SUGESTÕES Teixeira e
Guerra acreditam que a solução
do problema seria a instalação
de URPV (Unidade Recebimento de Pequenos Volumes) e o
aumento da fiscalização, já que
só a limpeza, segundo eles, nem
sempre realizada pela prefeitura,
não esta solucionando o problema. "Em três meses, eles vieram
aqui só duas vezes, e agora a
gente tem mais um problema,
que é a deposição de terras por
carroceiros e caminhões, e terra
a prefeitura não limpa. Colocar
só URPV não adianta, tem que
ter a fiscalização, porque se não
o povo joga fora da caçamba. Há
pouco tempo nós tiramos
1800,00 do nosso bolso para a
limpeza", afirma Guerra.
Júlio acredita também que
além fiscalização e da URPV a
prefeitura poderia instalar um
sistema de reciclagem no local,
onde as pessoas poderiam direcionar seu lixo. "Só a limpeza
não adianta. O terreno é limpo e
no outro dia já está tudo cheio
novamente, os caminhões vem à
noite e enchem tudo de novo.
Tem que ter uma ação efetiva da
prefeitura, se não tiver vai continuar. Limpa, suja, limpa, suja.
O ideal seria criar um local igual
da Via Expressa, monitorado
pela prefeitura onde já é direcionado o tipo de entulho".
Entretanto, Taroni, descarta a
possibilidade de instalação de
URPV no local. "Lá não pode ter
URPV porque assim como lá
precisa de URPV outros lugares
precisam também. Não existe
programação de instalação de
URPV nesse local", explica o
secretário. Taroni também
ressalta que boa parte do entulho depositado no lote tem de ir
para o aterro sanitário localizado
em Sabará e não para unidade
de recebimento de Pequenos
Volumes. "A URPV é a unidade
de recebimento de pequenos volumes como um sofá velho que
você tenha em casa ou uma
pequena poda que você tiver
feito em seu terreno, não é para
receber aquele entulho que ta lá
aquilo lá tem que ir para aterro
sanitário, a única solução para o
problema é o aumento da fiscalização", explica.
Ele acrescenta que ainda o
problema com bota fora no
Califórnia é maior porque antes
o aterro sanitário era localizado
no bairro, então as pessoas ainda
não se adaptaram a situação. "O
problema ali é maior porque nós
tínhamos um aterro sanitário lá,
então, o pessoal não estava acostumado a ter essa responsabilidade de levar para Sabará onde a
distância é muito maior",
ressalta o secretário.
Em relação aos carroceiros, o
Secretário Adjunto, deixou claro
que a prefeitura entende o problema social que a desocupação
de um lote utilizado por eles
poderia causar. "O grande problema dos carroceiros é que a
URPV não tem a função que eles
querem destinar o URPV. Você
não pode fazer uma reforma,
tirar lá vinte carroças de entulhos e jogar no URPV, não é
justo. Para solucionar esse problema a prefeitura esta inclusive
estudando uma forma de gerar
emprego para esse pessoal, que é
quase duzentos na Regional
Noroeste", relembra.
Nos últimos quatro meses, a
prefeitura intensificou, segundo
Taroni, a fiscalização dos lotes
bota fora em Belo Horizonte, e
foi montado um mutirão a fim
de coibir a ação clandestina que
ocorre principalmente durante a
noite. Taroni explicou, ainda,
que o caso do Califórnia ainda
não tenha sido solucionado, por
ser demorado, possivelmente ele
será nos próximos meses.
O secretário alerta que a população pode ajudar na prevenção
e combate do depósito clandestino de lixo e entulhos, denunciando no telefone 156 ou pelo
site
da
prefeitura,
www.pbh.gov.br. Segundo a
assessora de comunicação da
prefeitura, Atená Maria de
Oliveira, os infratores estão
sujeitos a apreensão do veículo e
multa de R$ 500,00. "Além de
pagarem a multa, eles devem
arcar com os custos da apreensão
do veículo", acrescenta ela.
Terreno abandonado é motivo de reclamações
RICARDO MALLACO
n
CÍNTHIA RAMALHO,
SAMARA NOGUEIRA,
4º E 3º PERÍODOS
O terreno abandonado traz risco aos moradores da Rua Edson Paes
Há mais de 30 anos
uma das maiores preocupações dos moradores da
Rua Edson Paes, localizada no Bairro Dom Bosco,
Região Noroeste de Belo
Horizonte, é a existência
de um lote abandonado.
Situado em uma área de
declínio que vai da Rua
Edson Paes até a Rua
Zoroastro de Souza, o lote
tem sido utilizado pela
população como bota-fora,
moradia e esconderijo de
marginais. Rosana Pereira,
moradora do bairro há um
ano afirma que um dos
seus maiores medos é do
lote desmoronar com as
chuvas de fim de ano, já
que sua casa esta localizada em cima dele. "Tenho
muito medo do barracão
ceder com essa chuva. Eu
morro de medo", afirma.
Os problemas com o
desmoronamento começaram a acontecer, de
acordo com Paulo Antônio
Reis, morador da Rua
Edson Paes há 42 anos,
com a duplicação do Anel
Rodoviário, na década de
80. Assim, a água que
escorria da rodovia tinha o
terreno no final da rua
como destino, o que ocasionou o desmoronamento
de parte do lote.
Na parte que desmoronou estava localizada uma
pracinha, que acabou
sendo destruída quando o
lote caiu. "Por causa dos
problemas da erosão a
pracinha acabou. O poste
que iluminava a pracinha
teve que ser retirado para
não cair também", conta
Paulo. Das duas ruas ocupadas pelo lote, a Rua
Zoroastro de Souza é a
que mais sofre com o
desmoronamento, já que
se localiza na parte de
baixo do terreno.
Para tentar resolver a
questão, o morador Aloísio
Gomes de Faria denunciou, em 1990, a situação
na seção ‘Alô, Alô’ do
extinto Jornal da Tarde.
"Eu fiz essa reclamação
duas vezes no Diário da
Tarde, mas não adiantou
nada", afirma ele. Além
disso, em 1998, Aloísio
encaminhou um abaixo
assinado para a prefeitura,
pedindo a construção de
um sistema de capitação
de água fluvial para
amenizar o problema da
erosão. O sistema de capitação não foi obtido,
porém, a prefeitura construiu um quebra-mola no
princípio da rua, o que
melhorou a situação, mas
não deu fim a ela.
Outros moradores também
tentam
achar
soluções para minimizar
os impactos causados pela
erosão, como é o caso de
Florentina Lana, 63 anos,
que mora ao lado do lote e
é dona de parte do terreno. Florentina colocou
pneus e plantou árvores
em parte do terreno para
evitar um novo deslizamento.
Além do perigo de
desmoronamento, problemas com pessoas que utilizam o terreno abandonado para usar drogas, manter relações sexuais e até
mesmo se esconder da
polícia geram incômodo e
insegurança aos moradores
da Rua Edson Paes. O terreno, por estar abandonado, também é usado como
depósito de lixo, o que
colabora para a proliferação de doenças como
leishmaniose. "O foco [de
leishmaniose] é muito
grande aqui no Bairro
Dom Bosco", conta Paulo
Antônio.
Procurada pela equipe
do Jornal MARCO, Atená
Maria de Oliveira, assessora de comunicação da
prefeitura, afirmou que o
lote tem um dono, porém
seu nome não pode ser
revelado. Ela esclareceu
que o proprietário receberá
uma notificação exigindo a
limpeza do lote e, caso esta
não seja cumprida em 30
dias, ele será multado em
R$ 500. Ainda de acordo
com a assessora, se o proprietário não der nenhuma
satisfação sobre a situação,
a SLU vai ao local e realiza
a limpeza, porém os custos
do serviço ficam em
responsabilidade do dono.
Comunidade
Dezembro • 2010
5
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DENGUE PREOCUPA O SÃO GABRIEL
JULIANA CRISTINA
Para tentar diminuir o alto índice de casos de dengue no Bairro São Gabriel, que coloca a
Região Nordeste em estado de alerta, o Levantamento de Índice Rápido fornece agentes
que vistoriam as casas, além de realizar pesquisas que auxiliam no combate à doença
n
JULIANA CRISTINA,
7° PERÍODO
A coordenadora de combates às zoonoses, Rosângela Porto, mostra um tubo com larvas encontradas em uma casa
Para combater a
DENGUE
– Não deixe água parada em pneus e utensílios. Remova folhas, galhos ou qualquer
material que impeça a circulação da água nas
calhas da residência;
– A vasilha que fica abaixo dos vasos de plantas não pode ter água parada. Deixe estas
vasilhas sempre secas ou cobri-las com areia;
– Caixas d’água devem ser limpas constantemente e mantidas sempre fechadas e bem
vedadas. Ou mesmo qualquer outro tipo de reservatório de água;
– Vasilhas que servem para animais domésticos beber água não devem ficar mais do
que um dia com a água sem trocar e a vasilha deve ser esfregada com bucha, pois a
fricção eliminará ovos que tenham sido depositados pelo mosquito;
– Garrafas latas, vasilhas e copos devem ser armazenados em locais cobertos e sempre de cabeça para baixo. Se não forem usados devem ser embrulhados em sacos e
descartados no lixo (fechado);
– Não descartar lixo em terrenos baldios e manter a lata de lixo sempre bem fechada.
FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE
– As piscinas devem ter tratamento de água com cloro (sempre na quantidade
recomendada). Piscinas não utilizadas devem ser desativadas (retirar toda água) e permanecer sempre secas;
JULIANA CRISTINA
Moradora da região, Vanda da Silva, após ter dengue, passou a se preocupar mais com os cuidados contra o mosquito
De acordo com dados
disponibilizados pelo Ministério da Saúde o
município
de
Belo
Horizonte este ano teve
um índice de infestação
predial de 0,9% no
L.I.R.A. O padrão considerado satisfatório é
menor que 1%. Mas, a
coordenadora dos agentes
de combate às zoonoses
no Bairro São Gabriel,
Rosângela de Souza Porto,
alerta que para o mesmo
índice o local apresentou
um valor de 2,9%. "É
muito alto se comparado à
capital, o que coloca a
Regional Nordeste em
alerta", enfatiza.
Rosângela Porto explica
que a sigla L.I.R.A significa Levantamento de
Índice Rápido, sendo executado por agentes de
combates às zoonozes em
todos
os
municípios
brasileiros.
Em
Belo
Horizonte, a pesquisa é
feita em todas as regionais
em uma mesma semana.
Segundo ela, o L.I.R.A
têm como objetivo avaliar
o trabalho de rotina da
equipe de combate às
endemias e motivar a
colaboração
dos
moradores para acabar
com os focos do mosquito
Aedes Aegypti.
Neste tipo de pesquisa
apenas 5% dos domicílios
são vistoriados para verificar se há focos de
dengue. O agente entra na
primeira casa e salta vinte
e depois entra na vigésima
primeira, assim sucessivamente até atingir os 5% de
residências de todo o bairro. Caso o agente encontre
larvas ou pupas ele coloca
cerca de dez em tubículos
de vidro e as envia para
análise laboratorial para
saber se é mesmo larva ou
pupa do Aedes Aegypti.
Segundo
Rosângela
Porto, este levantamento é
importante para dar visibilidade se há vetor causador da dengue na região.
"Por outro lado se derem
negativas as amostras isto
não significa que não há
Aedes Aegypti. Ele pode
estar nas casas não cobertas
pelo
L.I.R.A.
Infelizmente todas as
amostras para o L.I.R.A do
São Gabriel deram positivas" revela.
A Prefeitura de Belo
Horizonte realizou, no
período entre 16 e 18 de
novembro, no Bairro São
Gabriel, o serviço de ‘bota
fora’ em que um caminhão
recolhe
materiais
de
grande volume que não
são recolhidos pela coleta
de rotina de lixo feita pela
Superintendência
de
Limpeza Urbana (SLU).
Márcia Aparecida Moreira, 38 anos, moradora
do
São
Gabriel,
aproveitou a oportunidade
e dispensou um sofá des-
gastado e dois tambores
enferrujados "Não tem
jeito a gente acaba acumulando estas coisas que não
prestam no quintal. É preciso estar muito vigilante
mesmo porque se não vai
dar muitos casos de
dengue," reflete Márcia
Moreira.
Dos 43 casos negativos,
19 das amostras de sangue
foram invalidadas. Além
disso, 194 pacientes não
retornaram ao serviço de
saúde com o resultado de
sorologia para dengue,
exame que define se foi ou
não
acometido
pela
doença, assim o número
de pessoas que tiveram a
doença pode ter sido
[ ]
“SEMPRE FUI CUIDADOSA, MAS OS CUIDADOS NA ELIMINAÇÃO
DOS FOCOS REDOBRARAM”
VANDA DA SILVA
maior do que se tem registrado.
Rosemary dos Reis auxiliar de enfermagem da
unidade explica que o
exame de sorologia não é
útil para o tratamento da
pessoa com dengue, mas
enfatiza a importância
dele para dados estatísticos e para vigilância epidemiológica "Este exame
serve como referência de
qual área está tendo mais
casos da doença, portanto
aponta para onde as ações
devem ser direcionadas.
[ ]
DE JANEIRO A NOVEM-
BRO DESTE ANO FORAM
REGISTRADOS 339
CASOS SUSPEITOS DE
DENGUE NO POSTO DE
SAÚDE SÃO GABRIEL
Além de dar a certeza ao
paciente que ele teve
dengue, portanto com um
risco maior de ter hemorragia, caso tenha a doença
novamente, embora na
primeira infecção já possa
apresentar complicações"
explica a auxiliar de enfermagem.
Ainda de acordo com
Rosemary dos Reis, o
exame de sorologia é pedido a partir do sexto dia da
doença, pois é neste período em que o vírus é detectado circulando no
organismo.
Segundo a profissional
da saúde, na primeira consulta o paciente com sinais
e sintomas de dengue faz
um exame laboratorial de
urgência, o hemograma,
que serve para detectar e
avaliar o número de plaquetas. E enfatiza o quanto é importante o paciente
retornar no quinto dia ou
no primeiro dia de melhora da febre para avaliação.
"Quando o paciente pensa
que está bem, aí pode ser o
ponto mais crítico da
dengue, porque na pas-
sagem de um estado febril,
se a temperatura cai de
uma vez, o paciente pode
ter um choque", explica.
Vanda
de
Fátima
Ferreira da Silva, 54 anos,
e o filho dela Diego
Ferreira da Silva, 24,
fazem parte das estatísticas de pessoas do bairro
São Gabriel que tiveram
dengue em 2010. Eles
foram acometidos pela
doença em março deste
ano. O filho não teve complicações, mas a mãe, no
entanto, teve dengue
hemorrágica e foi hospitalizada. "No primeiro dia
senti sintomas como de
uma gripe, mas depois fui
sentindo muitas pontadas
na barriga, sentia mal
estar e suava demais.
Desmaiei em casa e fui
socorrida pelo meu marido
e meu filho", relembra.
Vanda conta que um dia
antes de se sentir mal o
filho já havia ido ao médico e recebido o diagnóstico de dengue "No outro
dia fiquei internada no
hospital preocupada com
ele doente em casa", conta.
Segundo Vanda da
Silva, esta não é a primeira
vez que teve a infecção
"Tive dengue há mais ou
menos dez anos e neste
período meu marido também teve dengue. Todos
têm que se conscientizar e
não deixar água parada,
tenho medo de ter dengue
novamente. Sempre fui
cuidadosa, mas os cuidados na eliminação dos
focos redobraram", conta.
CAMPANHA ‘Dengue. Se
você agir podemos evitar’.
Esta é a campanha deste
ano que pretende mobilizar o país contra a
doença. De acordo com o
site do Ministério da
Saúde foi realizada em
agosto uma pesquisa nas
cidades
de
Belo
Horizonte, Foz do Iguaçu,
Brasília, Rio de Janeiro,
Rio Branco e Recife com
homens e mulheres de 25
a 45 anos que trabalham
em diversos setores, exceto
os trabalhadores da área
de saneamento e saúde. A
pesquisa teve como resultado que os adultos entre
25 a 35 anos se preocupam menos com a doença.
Os brasileiros entrevistados consideram importante estarem inseridos na
luta contra os focos do
mosquito e reconhecem o
empenho do governo no
combate a doença. E eles
esperam que a campanha
veiculada na mídia seja
mais impactante, mostrando dados estatísticos de
mortalidade e com participação mais ativa da
sociedade.
6 Comunidade
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Dezembro • 2010
IDOSOS BUSCAM VIDA MAIS SAUDÁVEL
n
ANDERSON ROCHA,
6º PERÍODO
O programa Vida Ativa, realizado pela prefeitura de Belo Horizonte, convida pessoas com mais de 50 anos a
se exercitarem duas vezes por semana em praças e quadras da cidade. Ao todo já são 5 mil inscritos
ANDERSON ROCHA
Era uma daquelas manhãs que
pareciam adequadas para uma atividade física: o clima ameno, quase
frio, era só mais um convite para o
grupo que aguardava pelo início das
aulas. Duas vezes por semana, mais
de uma centena de pessoas se reúne
em uma quadra de esportes, no
Bairro Padre Eustáquio, Região
Noroeste da capital, para se exercitar. Às 7h, a rotina encontrada é
semelhante à de uma academia
comum: alongamentos, música,
exercício físico. Só um detalhe diferencia tudo: ali, todos os participantes têm mais de 50 anos. É
assim o Vida Ativa, programa da
Prefeitura de Belo Horizonte que
oferece a oportunidade de se exercitar gratuitamente e com acompanhamento profissional.
É o caso de Olmida Marques de
Souza, de 93 anos. Ela frequenta o
Centro de Referência do Idoso, no
Padre Eustáquio, uma das unidades
do programa, há três meses. A professora aposentada conta que os
exercícios físicos sempre fizeram
parte da rotina, mas o diabetes a
deixou afastada por oito anos.
"Fiquei cega e surda por causa da
doença. Eu não conseguia me virar
sozinha na cama e precisava de
alguém para cuidar de mim, para
me levar ao banheiro", explica. Com
o tempo e o tratamento com os
remédios específicos para o diabetes, a enfermidade foi sendo atenuada. O incentivo para voltar às
atividades físicas veio da filha,
fisioterapeuta, e o resultado não
poderia ser melhor. "Hoje minha
saúde está ótima. É muito bom
poder fazer exercícios novamente",
diz.
Assim como ela, cerca de outros
cinco mil idosos estão cadastrados
no Vida Ativa. Ao todo são 24
unidades em todas as nove regionais
de Belo Horizonte. Em todas elas,
além das atividades físicas, os participantes têm contato com
palestras, passeios e lazer. "O nosso
objetivo é contribuir com o envelhecimento saudável e a melhoria da
qualidade de vida destas pessoas",
explica Ricardo Donizete, supervisor do programa na Regional
Noroeste da capital. Segundo ele, as
Grupo de inscritos no programa Vida Ativa realiza os exercícios propostos pelos educadores fisicos contratados pelo projeto
atividades são seguras para os
idosos, já que são de baixo impacto.
Antes de se cadastrar, o interessado
traz um laudo médico que libera o
participante para o exercício. "O
atestado é uma segurança, já que às
vezes a pessoa tem algum impedimento, como uma artrose (perturbação nas articulações)", explica.
Os exercícios não podem ser
fortes porque a pessoa idosa não
pode ter frequências cardíacas altas.
Além disso, há chances maiores de
sofrer um AVC (Acidente Vascular
Cerebral), conhecido popularmente
como derrame. Para auxiliar em
todos os exercícios, há uma equipe
formada por um supervisor e por
mais dois profissionais da área de
Educação Física (um formado e
outro em formação, estagiário).
Mesmo sendo exercícios de baixo
impacto, as consequências da atividade são muito positivas. Segundo a
educadora física, Fabíola dos Santos
Silva, 24 anos, o principal benefício
visível é a melhoria no equilíbrio e
na coordenação motora. "Para os
jovens, subir uma escada é a coisa
mais simples que existe. Para um
idoso, não. Com o passar dos anos,
a pessoa mais velha perde o equilíbrio, o que causa quedas e perda
progressiva da capacidade de executar simples ações, como lavar uma
louça ou dirigir", explica. Além
disso, o programa é terapêutico:
Fabíola conta que os professores
acabam sendo filhos, netos e quase
psicólogos. "Muitos sofrem com os
filhos, que os abandonaram ou não
dão atenção. Eles chegam tristes e
conversam com a gente e se sentem
melhor", conta. "Gosto demais de
trabalhar aqui. É uma honra", complementa.
Maria José da Conceição
Almeida, 67 anos, é exemplo de
como o programa pode ajudar a se
sentir melhor. A entrada no programa veio após a morte do marido e o
início de uma depressão, há sete
anos. "Minhas colegas me convidaram para participar. Insistiram.
Comecei a ir por causa delas. Gostei
e estou até hoje", conta. Segundo
dona Maria, hoje quem ajuda é ela.
"Hoje, algumas das amigas até ficam
desanimadas em vir. Eu não deixo.
Vou lá e chamo pra vir comigo, para
que elas fiquem animadas de novo",
complementa.
A psicóloga Patrícia Freitas, 34,
explica que o contato social é muito
importante para os idosos. "Para as
pessoas nesta faixa etária, é fundamental criar uma rede de relações
sociais, uma vez que muitas delas
não tem", explica. Segundo ela, é
comum muitas senhoras dedicarem a
vida na educação dos filhos e, depois,
vê-los partir. "Quando os filhos
tomam seu rumo, sobra um espaço
na vida desses pessoas que é preciso
que seja preenchido de maneira positiva e produtiva", afirma.
Para o aposentado José das
Graças Zacarias, 63, neste um ano
no programa, só bons resultados.
"Fiquei muito mais disposto. Estou
dormindo melhor, me alimentando
melhor", conta. Luiz Gonzaga de
Magalhães, 68, entrou no programa
na mesma época que o colega. Os
benefícios também são parecidos.
"Estou mais disponível e animado
para fazer as coisas", diz. "Jovens ou
velhos, na melhor idade, como me
sinto ou na idade mais nova, o exercício significa uma vida mais feliz,
melhor", afirma Luiz. "Tenho umas
amigas
muito
desanimadas.
Arrumam dor para se queixar. É dor
aqui, dor ali. Não pode ser assim",
complementa Maria José da
Conceição Almeida.
MINORIA Qualidade de vida não
tem sexo. Mas no Programa Vida
Ativa, os homens ainda estão em
menor quantidade. No Centro de
Referência do Idoso, das 320 pessoas cadastradas nos turnos da
manhã e tarde, cerca de 80% são
mulheres. Para Ricardo Donizete,
supervisor do projeto na Regional
Noroeste da capital, um dos
motivos pode ser que os homens
tendem a gostar de atividades de
força ou de cartas, por exemplo. "Os
exercícios têm alongamento, dança,
música. As mulheres parecem se
sentir mais à vontade com esse tipo
de atividade. Este tipo de atividade
costuma agradar mais as mulheres,
que parecem se sentir mais à vontade", explica. Luiz Gonzaga de
Magalhães, 68, sugere outra explicação. "Os homens parecem não
necessitar de exercícios. São orgulhosos ou têm vergonha. E não deviam ter, já que é uma atividade tão
boa para todos, homens e mulheres", diz o aposentado que está há
um ano e meio no programa.
Para a psicóloga Patrícia Freitas,
34, a menor presença de homens em
programas e atividades que buscam
cuidar da saúde é sintoma de um
problema maior. Segundo ela, é característica do sexo masculino a
resistência à procura de médicos, o
que explica a morte precoce dos
homens em comparação com mulheres idosas. Patrícia explica que
quando eles chegam a descobrir
uma doença grave, elas já estão em
estágios avançados. "Analise pelas
pessoas
que
você
conhece.
Geralmente, quem morre primeiro:
o avô ou a avó? O pai ou a mãe?",
diz. "Temos um problema de saúde
pública. Além do preconceito e da
vergonha, os homens precisam
cuidar mais da saúde", afirma.
Aumenta procura por tratamentos alternativos
ADRIANA BENEVENUTO
n
ADRIANA BENEVENUTO,
LAURA DE LAS CASAS,
4º E 3º PERÍODOS
Por causa de uma dor nos pés
que persistia mesmo depois de
muitos remédios e fisioterapia,
assistindo a um programa de televisão, a dona de casa Denise Maria
de Almeida conheceu um pouco
sobre os tratamentos feitos por
meio da acupuntura. Moradora da
Região Noroeste de Belo Horizonte,
Denise foi encaminhada por seu
médico homeopata ao Centro de
Saúde Carlos Prates, encontrando
por lá profissionais da saúde que
realizassem esse tipo de cuidado.
"Realmente deu certo, porque eu
fiquei dez anos sem sentir dor nos
pés", conta a dona de casa sobre o
tratamento.
Desde 2005, o Centro de Saúde
Carlos Prates oferece cuidados alternativos como acupuntura e homeopatia para seus pacientes. Segundo
um dos dois médicos homeopatas
do centro, Celsio Gontijo, a procura
tem aumentado bastante, devido a
maior divulgação do trabalho.
"Procuramos divulgar com o pessoal
da rede de saúde", conta o médico
que atende no centro há dois anos.
Celsio acredita que o que faz as pessoas procurarem por esse trabalho é
a possibilidade de um tratamento
A acupunturista Soraia Figueredo trabalha no Centro de Saúde Carlos Prates todas as manhãs e demonstra satisfação com a demanda atual
mais leve.
Para ser atendido no Centro de
Saúde, é necessário que o paciente
leve algum documento de identidade e um comprovante de
endereço no mesmo nome. Caso
queira participar dos tratamentos
alternativos oferecidos, o paciente
deve ser examinado anteriormente
por um médico que encaminhará
sua ficha para que o homeopata ou
acupunturista começe com os cuidados. A dona de casa Denise Maria
conta que sempre que têm alguma
dor que os remedios não são
capazes de curar, recorre á acupuntura.
"A melhora é exelente",
ressalta.
Não é só Denise que acredita no
poder das agulhas. A médica
acupunturista Soraia Figueredo
explica que essa terapêutica não tra-
balha com remédios. Segundo ela,
as agulhas entram para estimular o
potencial de melhora do organismo
do paciente. "Até mesmo nas
doenças crônicas, além de diminuir
a dor, a longo prazo, diminui o uso
de medicamentos", completa Soraia.
A médica conta que as pessoas
procuram a acupuntura para curar
desde ansiedade até paralisia facial,
mas que 70% dos pacientes procu-
ram o tratamento por causa de
doenças músculo-esqueléticas e
transtornos emocionais. "Tem
patologias que a acupuntura trata
perfeitamente bem, em outras ela
atua como complemento", enfatiza
a doutora, que atende cerca de 45
pacientes por semana.
A estudante Júlia Farias começou
com os cuidados homeopáticos
desde o começo do ano, devido a
uma forte dor de cabeça. Para a
menina, é preciso ter paciência, mas
os resultatos aparecem. "Eu quase
desisti, mas depois começei a melhorar, foi uma luz, um alívio", conta
a estudante. Ela trata com Célsio
Gontijo e pretende continuar seu
ciclo até obter alta. O médico
atende cerca de 25 pessoas por semana, bem menos que na sessão se
acupuntura devido ao tempo que
suas consultas exigem. "Temos que
conversar com o paciente, saber
sobre seus problemas, é um trabalho
mais aprofundado", explica.
Dessa forma, os métodos sem
uso de medicamentos convencionais vão ganhando espaço na
áerea da saúde, deixando de ser
desconhecidos pela comunidade.
Para os médicos, é uma satisfação
ver o aumento da procura pelo trabalho que oferecem. "Saúde não se
compra em farmácia, tem que cultivar", completa a médica Soraia.
Campus
Dezembro • 2010
7
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FESTIVAL DE CENAS CURTAS NA PUC
n
FELIPE AUGUSTO,
RAÍSSA PEDROSA,
1º PERÍODO
O festival “Mostra a
Cara” promoveu uma
maratona com dez apresentações de peças teatrais
de curta duração em um
único dia, encenadas por
alunos da Escola de Teatro
da PUC Minas. A cena
que teve mais votos do
público foi "Dorotéia",
com texto de Nelson
Rodrigues, adaptado e
dirigido por Gustavo
Freitas, 26 anos, com elenco composto por três
homens que interpretaram
papéis femininos, sendo
que os atores estavam caracterizados com roupas
masculinas. "São três
homens em cena com atitudes de homem, tudo
masculino, mas com o
interior feminino, e esse
interior a plateia não pode
ver, o que pode mostrar
mesmo é a masculinidade
e mostrando à plateia que
somos mulheres somente
no texto, o que é bem difícil, porque o texto tem que
ser bem falado, interpretado e bem articulado", diz
Victor Pedroza, 17 anos, e
estudante de teatro há um
ano.
O festival, realizado em
8 de novembro, na Escola
de Teatro da PUC Minas,
tem caráter independente.
O “Mostra a Cara" é isso: é
o ator vir com a ideia dele
e dar a cara a tapa, porque
é assim que o ator cresce",
diz Gustavo. O festival
está em sua terceira edição
e foi organizado por um
grupo de quatro ex-alunos,
que também participaram
das apresentações com
intervenções nos intervalos das cenas. Integrante
da comissão de organização e ator da cena chamada
"Party
Monster",
O “Festival Mostra” a Cara foi promovido no dia 8 de novembro, na Escola de Teatro da PUC Minas, por um grupo de quatro ex-alunos da universidade, e
esta foi a sua terceira edição. No evento, os atores tiveram a oportunidade de interpretar cenas de grandes autores, como Nelson Rodrigues e Guimarães Rosa
RENATA FONSECA
A peça “Dorotéia”, de Nelson Rodrigues, foi adaptada por Gustavo Freitas, 26 anos, e encenada por três alunos da PUC Minas, que interpretaram papéis femininos trajando roupas masculinas
Gustavo Freitas destaca a
importância do festival
para os estudantes de
teatro. "É um projeto
muito bacana que, desde
que eu estou na escola,
desde 2006, não tinha
nenhum festival assim,
então é uma coisa de
alunos para alunos, que eu
acho que me identifiquei
muito por isso. Logo na
primeira edição eu queria
trabalhar na produção, e já
na segunda eu entrei na
comissão", diz.
Entre o público presente, alguns eram familiares dos atores e atrizes,
e foram não só para prestigiar como também para
dar uma ajuda mais que
parcial na votação. Sheyla
Fátima Costa, 34 anos,
assistente social e esposa
de Sérgio Amândula, 36
anos, ator, bonequeiro e
contador de histórias que
apresentou a cena intitulada
"Famigerado",
de
Guimarães Rosa, diz que
dá apoio em todas as aspirações do esposo. "Eu
apoio porque ele gosta de
fazer, sou a fã número um.
Ajudo a decorar textos, a
passar a cena. Ele ensaia
no chuveiro, tudo para
fazer um grande espetáculo", conta. Já Péricles de
Souza, jornalista da TV
Alterosa, pai de Daniel
Tartáglia, 22, também
integrante
da
cena
"Dorotéia", foi dar uma
força ao filho. "Vim prestigiar o meu filho porque
sou seu maior incentivador. Eu mesmo quis
fazer teatro, mas com a
esposa grávida, trabalhando, tive que priorizar a carreira de jornalista, e ele
que nasceu com essa
vocação, eu faço questão
de apoiá-lo em tudo", afirma.
Atores da cena teatral
de Belo Horizonte também marcaram presença,
como
Gustavo
Marquezini, 26, ator profissional, ex-estudante da
Escola de Teatro da PUC
Minas e integrante do
"Grupo Oficina Multimédia". "Vim prestigiar o
evento. É uma coisa que
vem crescendo e espero
que um dia este evento
seja prestigiado por pessoas do meio artístico, pois
tem muita gente boa aí. É
uma oportunidade do
meio artístico conhecer as
revelações do teatro de
BH", ressalta. Sobre as
cenas apresentadas, Marquezini diz ter gostado
bastante, “Acho que o pessoal foi muito bem. Eles
erram,
aprendem
e,
através das votações, os
próprios atores se avaliam
e veem o que têm que melhorar", diz.
Outro destaque do festival, Felipe Nogueira, 20
anos, que dirigiu e atuou
na
cena
“Drummondeando”, a segunda
mais votada, que recebeu
30 votos, e que literalmente deu sangue em sua
apresentação. Enquanto
recitava um dos cinco poemas de Carlos Drummond
de Andrade que compunham a cena junto ao seu
grupo do elenco, foi apoiar
uma garrafa no chão,
enquanto
interpretava
Drummond
em um
momento de embriaguez,
quando a garrafa quebrou,
cortando sua mão. "No
teatro é assim mesmo, foi
um imprevisto que eu
acabei cortando minha
mão, na hora que eu vi
saindo sangue, me energizei um pouco, a gente se
adapta e não pode sair do
estado do personagem,
tanto que eu falei com
meus colegas de elenco
depois, que valeu por que
todos mantiveram o estado",
conta
Felipe
Nogueira.
Segundo Pedro Piazzi,
20 anos, ex-aluno e organizador do "Mostra a Cara",
o evento atingiu seu objetivo. “O festival cumpriu
bem seu intuito, de que os
alunos expressassem suas
ideias, para o público, e
sem o direcionamento de
um professor, por eles
mesmos, como o próprio
nome diz, o ator vai lá e
mostra a cara", diz.
Museu de História Natural terá novidades em 2011
RENATA FONSECA
n
REBECA PENIDO,
4º PERÍODO
Os tapumes na entrada do
Museu de Ciências Naturais da
PUC Minas, no Coração
Eucarístico, sinalizam que em
breve o local receberá a construção
de um auditório com capacidade
para 220 pessoas. O espaço, ao
lado do museu, beneficiará principalmente os estudantes de escolas
do ensino fundamental e médio, já
que palestras e cursos serão oferecidos aos visitantes. O projeto foi
aprovado, mas as obras só
começam no ano que vem.
Mesmo assim, a previsão é de que
o auditório fique pronto em 2011,
com recursos financiados pela
própria universidade e pelo
Instituto Estadual de Florestas
(IEF). A reforma também contempla a transformação de um
pequeno barracão nos fundos em
uma oficina de taxidermia, câmera
fria e moldes para a conservação
do acervo, pois as peças expostas
no museu são, na verdade, réplicas
de esqueletos.
Outras mudanças no local têm
como objetivo a inclusão de pessoas com necessidades especiais
para que elas tenham contato com
algumas peças das coleções. A
construção dos chamados jardins
de cheiros, canteiros com flores
que permitem os deficientes
visuais sentirem os objetos, é considerada uma obra simples e em
andamento.
Segundo o diretor do Museu de
Ciências Naturais da PUC Minas,
Bonifácio José Teixeira, mudanças
para facilitar o acesso estão sempre
em pauta nas decisões do museu, e
cita as rampas e o elevador como
exemplos de acessibilidade. Para
ele, as adaptações só não são possíveis em locais cujas características específicas precisam ser conservadas, como a trilha da mata que
perderia suas especificidades caso
fosse cimentada. "Nestes casos, é
difícil modificar porque a ideia é
que a pessoa se sinta no meio da
mata", explica.
Em finalização, as reformas do
Cerrado e da Caverna, no segundo
andar do museu, estão previstas
para o ano que vem. José
Bonifácio explica que a parte
interativa do projeto ainda não foi
concluída, mas adianta que será
possível clicar na imagem de um
animal da época Pleistocena –
entre 1 milhão e 806 mil e 11 mil
e 500 anos atrás aproximadamente – e obter informações em
áudio e vídeo. Raphael Bastos, 13
anos, que já visitou o museu da
PUC com os colegas da escola
Desembargador Mário Matos,
acredita que os recursos em audiovisual ajudarão o visitante. "É mais
uma ferramenta para aprender e
se divertir. Torna a ida ao museu
mais fácil e agradável para todo
mundo", afirma.
O Museu de Ciências Naturais
da PUC fica à Avenida Dom José
Gaspar, 290, no bairro Coração
Eucarístico, e está aberto à visitação a partir das 8h30 nas terças,
quartas e sextas-feiras, com encerramento das atividades às 17h. Às
quintas o horário de funcionamento vai de 13h às 21h. O museu
também abre aos sábados e feriados, de 9h às 17h. A entrada
custa R$ 4, crianças de até 5 anos
e maiores de 60 não pagam.
Estudantes da PUC têm acesso
livre mediante a apresentação da
carteirinha.
O Museu de Ciências Naturais abrigará auditório, que começa a ser construído em 2011
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VIOLÊNCIA É OBSTÁCULO NA PROCURA
Para oferecer aos moradores da Vila São José melhores condições de vida, por meio de moradias de dois e três quartos em condomínios
construídos pela Prefeitura de Belo Horizonte, o programa Vila Viva tem que superar diversos obstáculos. No último dia 10, a Polícia
Militar de Minas Gerais realizou operação motivada por denúncias da expulsão de famílias do local, por traficantes. De acordo com a
Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), por meio de sua Assessoria de Comunicação, a situação voltou à normalidade. Por
questão de segurança, os moradores expulsos serão remanejadas para outras unidades residenciais. A Prefeitura está analisando cada
caso e até a conclusão das transferências, será pago um aluguel de R$ 300 para cada família. No dia 12 passado, 144 novos apartamentos foram entregues ali. Nesta reportagem do MARCO, são contadas algumas histórias de superação e de dignidade de pessoas
em busca de uma vida melhor.
n
ANA PAULA BRAGA,
FELIPE DAMIÃO,
LARISSA SOUZA,
LAURA MILAN,
MATHEUS MACIEL,
7º PERÍODO
Sujeira, esgoto a céu aberto, mal
cheiro e lixo para todo lado. Ratos,
galinhas e porcos brigam pelo
mesmo espaço que os moradores da
Vila São José, Região Noroeste de
Belo Horizonte. Mas, para o aposentado Gilberto Fernandes Conceição,
63 anos, a realidade mudou há um
ano, quando realizou um sonho antigo. Ele deixou a vila e foi reassentado em uma das unidades habitacionais do Vila Viva, programa da
Prefeitura de Belo Horizonte, em
parceria com o Governo Federal.
"Tenho mais qualidade de vida e
segurança. Aqui, sim, é uma casa
digna de morar", avalia. Para ele, não
foi difícil se adaptar ao novo ambiente, no qual investiu mais de R$ 5
mil em reformas e novas mobílias.
"Acho um absurdo alguns moradores
da vila reclamarem deste programa.
As nossas condições melhoraram
muito. Estamos em uma felicidade
total", diz.
Na beira do córrego São José, em
meio às precárias condições de
saneamento da Vila, está a casa de
Maria Geralda Cândida, uma
aposentada de 60 anos que mora
com seus dois filhos adolescentes.
Recentemente, seu barraco foi
avaliado pela Prefeitura de Belo
Horizonte para atender às propostas
de reassentamento de todas as 2.400
famílias da região através do programa Vila Viva. Dona Geralda, como é
mais conhecida, reclama do valor
que foi oferecido pelo imóvel, de R$
13 mil. "É muito pouco e não dá
para pagar um pedreiro para construir outra casa", ressalta. Ela faz parte
das 797 famílias que aguardam o término das obras de construção das
unidades habitacionais para melhorar logo de vida. "Prefiro aceitar o
apartamento porque não vai valer a
pena aceitar a indenização em dinheiro", afirma.
O valor máximo das indenizações
pagas pela Prefeitura de Belo
Horizonte na Vila São José é de R$
152 mil e o mínimo avaliado foi de
R$ 2,5 mil. Um apartamento popular de dois quartos, sala, cozinha e
banheiro construído pelo programa
habitacional do município custa, em
média R$ 45 mil, enquanto que um
de três quartos sai por, aproximadamente, R$ 55 mil.
Outra família que preferiu receber
um apartamento do programa foi a
da estudante Cândida Vitória, de 13
anos. Depois de ficar no meio de um
tiroteio entre traficantes na Vila São
José e presenciar um homicídio na
porta de sua casa, a adolescente consegue perceber, hoje, o que é morar
em segurança junto da comunidade.
Há um ano, ela e sua família
mudaram para as novas unidades
habitacionais do programa Vila Viva.
Agora, além de conquistar o próprio
quarto e poder dormir confortavelmente sozinha, Vitória foi eleita a
síndica mirim do condomínio. Para a
jovem, é essencial ser responsável
para adquirir respeito com os demais
moradores, ainda mais com obri-
gações. "Eu quis ser síndica. É legal,
mas, ao mesmo tempo, dá trabalho
porque tenho que chamar atenção
dos meninos que pisam na grama ou
rabiscam a parede, por exemplo",
avalia Vitória. Ela diz fazer questão
de participar de todas as reuniões e
sugerir novas ideias.
Segundo Nikolas Trevizani, geógrafo e técnico social da Assessoria
Social e Pesquisa (ASP), empresa
contratada para a realização do trabalho social, sob a coordenação da
Companhia Urbanizadora de Belo
Horizonte (Urbel), o cargo de síndico mirim surgiu da possibilidade de
um diálogo mais próximo e apropriado com as crianças dos condomínios.
"A atuação dos síndicos é acompanhada de perto pelos técnicos
sociais que promovem capacitações,
[ ]
“T ENHO
MAIS
QUALIDADE DE VIDA
E SEGURANÇA . AQUI
SIM É UMA CASA
DIGNA DE MORAR”
GILBERTO FERNANDES
encontros e discussões dos problemas que estão vivenciando, além de
propor ações e melhorias conjuntas",
explica. Entre as atividades desenvolvidas pelos síndicos mirins,
encontra-se a conservação dos
jardins, organização de eleições para
troca de síndico, mutirão de limpeza
nas áreas comuns, mobilizações para
reuniões e a confecção de brinquedos com materiais recicláveis. "Vale
destacar que a equipe observou em
diversos blocos e condomínios significantes melhorias, justamente em
pontos cruciais como a correria nas
escadas dos blocos, as mãos sujas nas
[ ]
“AQUI É MUITO BOM.
NÃO TEM MAIS BAGUNÇA
E MEUS MENINOS BRINCAM A VONTADE”
MARILENE PEREIRA
paredes e o futebol no estacionamento", completa.
A aposentada Solange Maria
Coelho, 50 anos, vizinha do conjunto habitacional acompanhou a obra
desde o início. Solange mora com o
filho há mais de 20 anos na região e
segundo ela, a construção não prejudicou em nada sua vida, ao contrário. "A região está mais iluminada,
fiz amizades com os moradores dos
apartamentos, está uma tranquilidade só", afirma.
VILA VIVA O Programa Vila Viva
tem como meta reduzir o déficit
habitacional, melhorar e recuperar
um estoque de moradias já existentes por meio da reestruturação
física e ambiental dos assentamentos, desenvolvimento social e
econômico, além da melhoria das
condições de vida da população.
O objetivo do programa, segundo
a Secretaria Municipal de Políticas
Urbanas (Smurb), é reassentar 2,4
mil famílias sendo que, deste total,
1.603 já foram indenizadas.
Segundo dados da prefeitura, o programa oferece como principais ações
obras de saneamento, remoção de
famílias, construção de unidades
habitacionais, erradicação de áreas
de risco, reestruturação do sistema
viário, urbanização de becos,
implantação de parques e equipamentos para a prática de esportes e
lazer.
O empreendimento recebeu cerca
de R$115 milhões de investimento e
foi o primeiro a ser iniciado na capital mineira com os recursos do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No cronograma de
obras na Vila São José, também
estão previstas a implantação de
áreas de lazer, como parque esportivo e espaço de convivência, construção de redes de água e esgoto e de
uma estação do BHBus. 40% da
obra de canalização do córrego São
José está concluída bem como a
abertura de 70% das 25 vias locais.
São 1408 unidades habitacionais
distribuídas em 88 blocos, sendo
888 apartamentos de dois quartos e
520 apartamentos de três quartos.
Até o momento, de um total de 2175
imóveis na Vila, 1774 estão liberados e 401 aguardam a finalização da
construção das unidades habitacionais ou a liberação do pagamento
da indenização.
Com a derrubada dos barracos,
serão interligadas as avenidas Pedro
II, Tancredo Neves e João XXIII.
Esta iniciativa promete resolver o
principal gargalo do trânsito na
região formando um corredor viário
entre as regionais da Pampulha,
Noroeste e Centro-Sul da capital.
Conforme informações da Smurb,
200 metros da Avenida João XXIII e
600 metros da Avenida Tancredo
Neves já foram finalizados.
EDUCAR PARA SE ADAPTAR A
família da dona de casa, Marilene
Pereira, 44, ainda está em fase de
adaptação no novo apartamento que
ganharam, na Vila São José. A
moradora se diz satisfeita com a casa
e acredita ter melhorado a qualidade
de vida. "Aqui é muito bom. Não
tem mais bagunça e meus meninos
brincam a vontade. (Minha casa) era
perto do córrego e tinha muito lixo e
sujeira. Agora aqui é limpinho", diz.
Algumas famílias têm problemas
de
adaptação
porque
ainda
enfrentam dificuldades em conciliar
a vida anterior com o novo cotidiano dos prédios. Para a assistente
social da Urbel, Flávia Mota, cada
morador possui o próprio tempo de
se adaptar e de construir sua identidade territorial. "Essa questão
depende muito da história de vida,
da cultura social daquele morador,
que ainda não tem autonomia
necessária para reconhecer suas
novas condições de moradia.
Quando identificamos esse tipo de
problema na Vila São José, atuamos
com um atendimento mais especializado e direcionado, na tentativa de
educar toda a família", afirma.
O Programa Vila Viva, implantado pela Prefeitura de Belo Horizonte, ofereceu aos
Os barracões da comunidade São José estão sendo substituídos por apartame
Especial Vila São José
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Dezembro • 2010
A POR VIDA DIGNA PARA MORADORES
FELIPE DAMIÃO
Perigo causado por usuários de drogas
revolta habitantes do programa Vila Viva
Não são todos os moradores
que estão satisfeitos com a vida
nos conjuntos havitacionais viabilizados
pelo
Vila
Viva.
Incomodada com a falta de privacidade e a presença constante
de usuários de drogas na porta do
condomínio,
a
aposentada
M.C.S., não vê a hora de se
mudar do novo apartamento de
dois quartos em que mora.
Segundo ela, por não ter aceito
a indenização em dinheiro oferecida pela Prefeitura, a única opção
que restou foi morar no conjunto
habitacional construído pelo projeto Vila Viva. "Moro em qualquer
lugar, menos aqui. Não tenho
sossego nem para dormir. Estou
tomando até mais remédios do
que antes. Meus netos, que são
pequenos, nem podem me visitar
porque ficam muito expostos ao
tráfico", afirma revoltada.
O clima entre os moradores de
alguns blocos está comprometido.
Com apartamentos invadidos há
mais de três meses, os moradores
se sentem intimidados e recebem
constantes ameaças. "Alguns
usuários de droga chegaram a
arrancar a tampa do hidrômetro
para cheirar pó. Além da maconha, que vem gente fumar todas
as noites", diz M.C.S. sobre o que
enfrenta no dia-a-dia. "Tem gente
que vem aqui para matar e que já
saiu daqui direto para a cadeia",
acrescenta.
Segundo o Capitão Roberto
Fonseca de Oliveira, da oitava
companhia, do 34° Batalhão de
Belo Horizonte, o policiamento
da região é feito 24h por dia
através do GEPAR (Grupo
Especialiazido em Áreas de
Risco). "Sempre fazemos batidas
(policiais) na Vila. Agimos através
de abordagens de infratores,
imprimindo mandados de busca e
apreensão e fazendo visitas sistemáticas a infratores que estão
com saída temporária do sistema
prisional", afirmou.
No dia 10, uma operação policial de grandes proporções fez
apreensões de drogas e armas em
alguns apartamentos, além de
prender sete pessoas suspeitas por
participação no tráfico, dos quais
seis foram soltas no dia seguinte.
Desde então, a presença ostensiva
da Polícia Militar no local foi
intensificada.
De acordo com a Urbel, por
meio de sua Assessoria de
Comunicação, o trabalho de seus
funcionários continuara a ser feito
normalmente. Após a descoberta
de que famílias foram expulsas de
seus apartamentos, a Prefeitura de
Belo Horizonte decidiu fazer um
recadastramento dos habitantes.
A aposentada M.C.S, diz que
pretende vender o imóvel que
ganhou o mais rápido possível.
Ela conta que o apartamento em
que mora vale, hoje, cerca de R$
60 mil. "Não aceito indenização
ou vender por um valor menor",
ressalta. Ela diz também que mais
de 11 moradores do prédio se
recusam a pagar taxa de condomínio e que não quer arcar com
o prejuízo alheio. "Assumir conta
dos outros? Se o povo não quer
pagar isso, vão querer cuidar do
resto?", indaga a moradora indignada.
FELIPE DAMIÃO
moradores da Vila São José moradias de qualidade e diminuiu o déficit habitacional
entos, onde os moradores passaram a ter serviços de luz, água e saneamento
LAURA MILAN
Esgoto à céu aberto, mau cheiro e lixos dividiam espaço com os moradores da Vila São José que veem suas realidades mudarem com o Programa Vila Viva
Projeto Fábrica Social é alternativa
para quem teve aumento de despesas
Michele Alves dos Santos, 25,
anos, mudou-se para o conjunto
habitacional em março do ano
passado e sentiu dificuldades em
controlar as despesas. Sem costume de pagar contas de água, luz
e condomínio, os gastos aumentaram e por consequência, as dívidas. Depois de perder o emprego
como vendedora, ela recebeu uma
proposta de trabalho na Fábrica
Social, projeto de geração de
renda do programa Vila Viva.
(Leia mais sobre o assunto na página
10 desta edição).
"A oportunidade é muito boa,
porque eu mesmo nunca tinha
sentado em uma máquina na
minha vida, eu não sabia nem
ligar. Agora além de ganhar um
dinheiro para pagar minhas contas, posso ter uma profissão",
comenta Michele dos Santos.
Depois das assistentes sociais
realizarem um diagnóstico com as
moradoras da vila e ter como
resultado uma grande vocação
para a área da costura, o projeto
foi implementado. As participantes produzem lençóis e fronhas para serem vendidos para
hospitais, além de uniformes e
outros produtos.
Segundo a monitora Teresa
Cristina Teixeira, 38, além do
retorno financeiro, a atividade
ajuda no bem estar pessoal das
integrantes. "A gente percebe que
o trabalho ajuda muito na auto
estima de cada uma e com isso é
possível conseguir resultados maravilhosos. A força de vontade e a
determinação em dar uma vida
melhor para os filhos, faz com que
elas produzem mais, ganhem mais
e se sintam bem", observa.
Nem todas que iniciaram o
processo de aprendizado continuam no progranma. "Algumas
chegaram à conclusão que não
tinham afinidade com o trabalho,
com uma máquina de costura,
com uma tesoura. Então, elas
perceberam que teriam que procurar outra coisa. Essas que estão
aqui sempre tiveram muita vontade de aprender a profissão",
explica Teresa.
10 Especial Vila São José
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Dezembro • 2010
FÁBRICA SOCIAL FORMA COSTUREIRAS
n
ANA MARTINS,
DIANA DO VALLE,
GABRIELLA PACHECO,
WASHINGTON GOMES,
Iniciativa da Caixa Econômica Federal, em parceria com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, a Associação Nova Esperança oferece capacitação às
mulheres da Vila São José, que não apenas aprendem diversas técnicas de costura, como também trabalham para gerar uma nova fonte de renda familiar
GABRIELLA PACHECO
7º PERÍODO
Às margens da antiga
favela da Vila São José, na
Região Noroeste de Belo
Horizonte,
está
um
pequeno negócio, que tem
perspectivas
de
um
grande futuro. A Associação Nova Esperança,
também conhecida como
Fábrica Social, foi uma
iniciativa
da
Caixa
Econômica Federal, junto
com a prefeitura municipal. O objetivo dessa
unidade era trabalhar a
geração de renda junto à
população que está sendo
remanejada da favela para
os condomínios
do
Programa Vila Viva no
bairro. Porém, ela fez
mais do que isso. Como o
próprio nome já expressa,
a unidade produtiva deu
nova perspectiva de vida
para algumas mulheres da
comunidade, trazendo, de
fato, uma nova esperança
para essas moradoras da
vila. Apesar de ainda não
ter sustentabilidade econômica, a Fábrica Social é
a primeira associação do
gênero em Minas Gerais
e, mais do que isso, representa um exemplo para
outras empreitadas de
fundo social com objetivos financeiros no estado.
O projeto tem sua base
nas parcerias. As diretrizes foram apresentadas
à Prefeitura de Belo
Horizonte pela Caixa
Econômica Federal. Na
teoria, a ideia é levar formação, conhecimento e
produção ao mesmo
tempo até a população. O
governo municipal comprou a proposta e resolveu
aplicá-la, por meio da
Companhia Urbanizadora
de
Belo
Horizonte
(Urbel). Desde o início, as
moradoras têm contado
com parceiros dos setores
público e privado, que
fazem pedidos ou colaboram custeando gastos,
como o aluguel. Os principais parceiros foram estabelecidos
em
um
Protocolo de Intenções.
De acordo com a coordenadora de trabalho social
da Urbel, Flávia Mota,
uma pesquisa foi feita
pelo departamento jurídico da companhia comprovando que a entidade é a
pioneira do tipo no estado. "Ela é a primeira associação já formada, que
trabalha com uma rede de
parceiros. É diferente de
uma cooperativa, elas são
mais independentes e têm
controle sobre o próprio
desempenho", afirma.
Iniciada em 2009, a
unidade trabalhava com
50 moradores que tiveram
capacitação em confecção
de
silk
e
costura.
Atualmente, 12 mulheres
participam do projeto e
têm toda sua renda vinda
das peças de roupa que
produzem. "É bom porque
é pertinho de casa e não
Na ‘Fábrica dos
Sonhos’ uma nova
realidade é viável
Na Fábrica Social, as mulheres aprendem a costurar através dos cursos de capacitação oferecidos gratuitamente
temos que nos preocupar
com patrão, somos responsáveis pela nossa própria
produção", afirma Andréa
Vieira Ferreira, uma das
pioneiras na Fábrica. Além
de terem sido capacitadas
para a costura, as mulheres também passaram
por um curso de gestão
para
que
pudessem
administrar a Fábrica, que
funciona como uma associação de confecção.
NEGÓCIOS A base de trabalho hoje continua contando com alguns parceiros, entre eles a Urbel e
a Anefis, a Agência de
Negócios. Enquanto a
primeira investe na capacitação, a segunda é
responsável pela assessoria
técnica à Fábrica Social.
Literalmente, a Agência
procura e agenda trabalhos e parcerias com
empresas e instituições
que venham a precisar dos
serviços.
Apesar de já ter caminhado bastante, o projeto
ainda não se mostrou sustentável e a renda gerada
pela produção não é estável, o que impede as costureiras de tocarem o
negócio sem a existência
de parcerias. "Elas precisam de autonomia", afirma Flávia. Do ponto de
vista financeiro, a associação ainda tem que
crescer, o que pode acontecer com a ajuda da
Agência, que entrou efetivamente no projeto em
julho deste ano.
Para as associadas, o
desafio no momento é o
mesmo que elas tinham
em suas vidas particulares:
sair do aluguel. Para isso,
buscam uma sede própria.
O objetivo atual das associadas é conseguir a
doação de um espaço com
a prefeitura. "Sabemos que
a prefeitura tem um
monte de espaços por
aqui, só queremos um que
seja nosso para a gente
não precisar mais depender de alguém para pagar
o aluguel", destaca Andréa
Ferreira.
CAPACITAÇÃO
Atualmente elas têm atendido
pedidos de uniformes de
uma empresa de segurança, o que exigiu das
costureiras uma nova
capacitação. "Temos que
fazer
cursos
para
encomendas diferentes
porque são técnicas completamente
diferentes.
Teve um cliente que a
gente fazia lençóis, isso é
bem diferente desses uniformes de agora", conta
Andréa.
Apesar das queixas sobre
a queda de produção
durante períodos de curso,
a capacitação contínua é
essencial para que as costureiras possam atender
um número maior de
clientes. "Esse mês daria
para tirar um salário, mas
o curso atrapalhou porque
a produção da manhã está
parada", revela. Mesmo
com isso, Andréa reconhece o benefício que ela e
suas colegas receberam.
"Aqui a gente tem oportunidade de aprender de
graça, um curso desse
custa entre R$600 e R$
700, e aqui é de graça",
comenta.
Os cursos de formação e
capacitação são oferecidos
pela prefeitura. O que está
sendo desenvolvido, até o
mês de dezembro, é o de
modelagem, que atraiu até
moradores de outros bairros para participarem.
"Como em todas as turmas
em que trabalho, aqui na
Vila São José existem pessoas com habilidade natural para a costura e outras
não, algumas esforçadas e
outras nem tanto. É sempre assim, sempre tem
algum talento e alguém
que não leva tão a sério.
Mas estou gostando muito
de dar o curso e ensinar
para essas pessoas", afirma
a capacitadora Cleide
Nogueira.
Um dos participantes
de fora que se juntou ao
grupo foi o ex-caminhoneiro Murilo Ferreira.
Morador
do
Bairro
Gameleira, ele conta que
há 30 anos aprendeu a
costurar em um curso do
Senai, mas nunca levou a
profissão à sério. Agora
que está aposentado dos
volantes, resolveu comandar as máquinas. "Estou
achando esse curso ótimo,
quero abrir a minha confecção em casa, já tenho as
máquinas, mas precisa de
muita coragem", relata.
A Associação da
Vila São José poderia
bem se chamar Fábrica dos Sonhos. Ao
menos é isso o que as
costureiras e associadas deixam transparecer. Apesar das dificuldades, como a falta de
estabilidade e dependência financeira, as
moradoras conseguem
encontrar satisfação
ao atuar em um trabalho em que elas
recebem sobre o que
produzem, sem porcentagem de lucro
para o patrão. De
acordo com a Urbel, a
maioria dos moradores da região tem
baixa qualificação e
estão desempregados
ou fazendo trabalhos
temporários, o que
pode ser visto como
um outro indicador
para entender porque
algumas das mulheres
apreciam tanto o trabalho na Fábrica. "A
gente não quer nunca
que isso acabe. É um
sonho realizado que
vamos fazer de tudo
para não deixar morrer", destaca Andréa
Ferreira, uma das costureiras mais pró-ativas.
É ela quem mostra
as instalações, conta
histórias e demonstra
de maneira mais
intensa sua alegria no
lugar. É ela também
quem aponta o motivo
de tanta gente ter
deixado o projeto.
"Aqui ainda não tem
estabilidade, não temos
fornecedores
constantes e nem sustentabilidade. A produção não dá para
garantir um salário
mínimo para todo
mundo", conta. Porém, ela relembra que
ter
passado
pela
Fábrica ajudou pessoas que não tinham
formação a acharem
um espaço no mercado. "Muita gente saiu
daqui e está no mercado de trabalho. Elas
conseguiram empregos em confecções por
causa do que aprenderam aqui", conta.
Para quem não
pode ou não quis
recorrer às outras
empresas, a Fábrica
Social continua sendo
a melhor opção. Andrelina das Graças foi
a primeira pessoa a
fazer a inscrição no
projeto. Há dois anos
ela trabalha com costura e, antes de fazer
parte da associação,
trabalhava em casa
consertando roupas.
Moradora da Vila São
José há 25 anos, ela
agora mora em um
dos prédios dos condomínios do programa
Vila Viva. "Adoro trabalhar aqui, é o melhor emprego que eu
já tive. Desde criança
que eu gosto de costurar. Eu consertava
roupas, mas só comecei a costurar aqui,
com o curso daqui. Eu
quero ficar aqui até
quando existir, todo
mundo aqui é meu
amigo", destaca.
Já para Cláudia
Barbosa dos Santos a
necessidade é outra.
Mãe de um garoto de
4 anos, ela tem epilepsia, o que limita muito
suas opções de emprego. Cláudia está na
Fábrica Social há
cinco meses e, por
mais simples que
sejam suas funções,
adora o que faz.
"Sempre vinha aqui
procurando oportunidades, porque não
posso trabalhar fora.
Eu
comecei
(na
Fábrica) na máquina
(costurando),
mas
comecei a passar mal e
agora fico na passação
(de roupa), alfineto,
ponho bolso, arremato", conta. Segundo
ela, não se trata
somente das funções
desempenhadas, mas
o emprego fez com
que Cláudia se sentisse capaz e responsável. "É meu primeiro
emprego,
ninguém
nunca me deu oportunidade. Então eu sou
muito grata, agarrei
essa
oportunidade
com tudo, pois tenho
um filho, Cristian
Gabriel, para criar.
Meu pai me ajuda
desde que ele nasceu e
eu ajudo lá em casa
com o dinheiro que
ganho aqui", conta.
Cidade
Dezembro • 2010
11
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CARROCEIROS AJUDAM A LIMPAR BH
Criado em Belo Horizonte em 1997, o Projeto Carroceiros tem como principal proposta estimular carroceiros da capital mineira a agir como agentes de limpeza da cidade. Por meio da
iniciativa, muitos locais, como terrenos abandonados e córregos já estão sendo limpos por esses trabalhadores, que recolhem lixo e volumes de entulho e os encaminham para reciclagem
IARA OLIVEIRA
n
FABIANA SANTOS,
FLORA PINHEIRO,
IARA OLIVEIRA,
JÚNIA VASCONCELOS,
MARIANE SCHMITTD,
RENATA CARVALHO,
7º PERÍODO
Lotes vagos, córregos e
ruas são lugares comuns
de despejo do lixo e entulho gerados em casa, principalmente por reformas
ou construções. Hoje esse
lixo pode ter um destino
adequado. A população
tem à sua disposição um
serviço de carroceiros
cadastrados que podem ser
acionados pelo telefone
156.
O Projeto Carroceiros
estimula o carroceiro a
atuar como um agente de
limpeza urbana recolhendo pequenos volumes pela
cidade. Para auxiliar nesse
trabalho, foram criadas as
Unidades de Recebimentos de Pequenos Volumes (URPV) onde estes
trabalhadores levam entulho que, posteriormente,
são encaminhados a uma
das usinas de reciclagem
da Superintendência de
Limpeza Urbana (SLU) da
Prefeitura Municipal de
Belo Horizonte. Na capital, o projeto foi criado em
1997 e já possui cadastrados 3.650 cavalos marcados e 1.800 veículos
emplacados.
Segundo
Maria Stella Neves, representante
do
Projeto
Carroceiros da SLU e da
Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), o
projeto pretende reduzir a
poluição urbana e o
assoreamento de cursos
d'água e dos sistemas de
drenagem pluvial. "Através
do Projeto Carroceiros
busca-se a recuperação da
qualidade do meio ambiente urbano, e consequentemente torna o carroceiro um agente de ações
ambientais", afirma.
Em parceria com a
UFMG, o projeto busca
esclarecer e orientar os carroceiros quanto ao manejo, bem-estar, alimentação
e prevenção de doenças
nos animais, dentre outras
atribuições. É de responsabilidade
da
Universidade intervir e
dar assistência aos animais
e melhorar a genética dos
mais resistentes e adequados para a tração animal.
De acordo com Stella, o
controle clínico da saúde
do animal é feito a partir
da vacinação contra raiva,
prevista no código sanitário municipal de Belo
Horizonte e da marcação
que identifica e controla
os animais. "Os carroceiros
são
orientados
em
palestras que explicam os
cuidados com o meio
ambiente, formas de associação e trato dos animais. Além disso, todos
recebem uma carteira com
os dados pessoais e a identificação do cavalo, que é
cadastrado e marcado com
nitrogênio
líquido",
comenta.
Com todas as informações e documentações,
os carroceiros se sentem
mais seguros e inseridos
no projeto. "É muito bom
ter a documentação dos
cavalos e as palestras de
leis de trânsito. Para eu
andar com a carroça na
rua é a mesma coisa que
'tocar' o carro", diz
Geraldo Veloso de 54
anos, sendo 35 deles dedicados como carroceiro.
Existem 29 Unidades de
Recebimento distribuídas
por todas as regiões de
Belo Horizonte. O material pode ser entregue gratuitamente nestes locais
ou pode se contratar um
[ ]
“PARA EU ANDAR
COM A CARROÇA NA
RUA É A MESMA COISA
QUE TOCAR O CARRO”
GERALDO VELOSO
carroceiro para buscar o
entulho. "O preço cada
carroceiro faz o seu, o
valor varia de R$ 10 a R$
20. É bem barato se for
imaginar a distância e o
tanto de entulho que a
gente carrega. Tem dia que
tenho que fazer quatro
viagens, tem dia que não
tem nenhuma", conta
Geraldo.
As URPVs não recebem
lixo doméstico, resíduos
industriais, lixo de sacolão,
serviços de saúde ou animais mortos. Segundo
Wilson Felix Vieira, que
trabalha como encarregado da URPV do Bairro
Glória, a quantidade de
entulho tem aumentado
cada vez mais. "Somente
[ ]
NO BRASIL SÃO
RECICLADOS APENAS
10% DO QUE É
PRODUZIDO
nesta unidade recebemos
em torno de 95 toneladas
de lixo por dia, trazidos
por 30 carroceiros. Três
caminhões vêm aqui por
dia para recolher o entulho
e não dá conta. Sempre
tem um vigia nesta
unidade para evitar que as
pessoas comecem a jogar
lixos inadequados", afirma.
RECICLAGEM Problemas
quanto ao destino correto
do lixo de grandes ou
pequenas obras têm sido
solucionados através do
Programa de Reciclagem
de Entulho da Construção
Civil de Belo Horizonte,
que atua em parceria com
o Programa de Correção
Ambiental e Reciclagem
com Carroceiros. Os resíduos recebidos nas URPVs
são separados e recolhidos
diariamente
pela
Prefeitura, que direciona o
resíduo da Construção
civil para as Estações de
Reciclagem de Entulho.
Segundo Joaquim Pereira,
chefe da divisão de reciclagem da usina, situada
no Aterro Sanitário da
capital, o material recebido passa por uma
triagem onde é separado o
que pode ser usado na produção do agregado reciclado e o que deve ser descartado. "O entulho recebido
pelas usinas deve apresentar, no máximo, 10% de
outros materiais como
papel, plástico e metal, e
ausência de terra, matéria
orgânica, gesso e amianto",
descreve.
O entulho reciclável é
britado mecanicamente e
esse material pode substituir a brita e a areia em
diversas aplicações na
construção civil, em especial como base e sub-base
de pavimentação asfáltica.
Do que é reciclado, 90%
são usados em obras públicas e 10% são vendidos.
São processadas 170
toneladas de entulho por
dia. "Já que nas unidades
não é cobrada nenhuma
taxa com gerador, transportador, isso serviria
como um incentivo para
que o poder público possa
utilizar em detrimento da
diminuição dos gastos",
afirma Joaquim. Algumas
obras da prefeitura já
foram executadas com o
material produzido nas
usinas, como é o caso da
recuperação de vias no
Bairro Santa Efigênia, na
Avenida Tereza Cristina e
obras do programa Vila
Viva.
O programa de Reciclagem de Entulho da
Construção Civil de Belo
Horizonte foi criado em
1995 e é referência internacional em tratamento de
resíduos
deste
tipo.
Joaquim Pereira ressalta a
importância de iniciativas
como essa para a redução
da produção do entulho.
De acordo com ele, os
Estados Unidos reciclam
25% dos resíduos da construção civil, na União
Européia esse percentual
chega a 28%. No Brasil são
reciclados apenas 10% do
que
é
produzido.
"Programas de reciclagem
são muito importantes para
a destinação correta e para
o meio ambiente, porque
tem lugares que o volume
desses resíduos chega a
60% do lixo produzido,
muito mais do que o lixo
doméstico", acrescenta.
Já o Projeto Carroceiros
recebeu vários prêmios,
dentre eles, o segundo
lugar do Prêmio Estadual
de Sustentabilidade e
Gestão Ambiental de
Resíduos Sólidos Urbanos.
O projeto também foi
reconhecido oficialmente
pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV), Fundação
Oswaldo
Cruz,
pela
Organização das Nações
Unidas (ONU) e pela
Revista Superinteressante.
No projeto, os carroceiros recebem orientações sobre manejo, recolhimento dos resíduos e sobre a saúde do animal
Entulho da construção civil é
reutilizado em grandes obras
Com o crescimento
desenfreado da cidade e
com a aproximação da
Copa de 2014, melhorias físicas em várias
partes
da
capital
mineira estão sendo
feitas. Com isso, há
uma grande preocupação em relação ao
destino dos resíduos
sólidos que serão gerados por essas grandes
obras. "A nossa cidade
tem passado por um
processo de reurbanização, várias avenidas e
prédios antigos da capital estão sendo revitalizados, então a geração
de resíduos é uma consequência disso tudo",
diz o chefe da divisão
de reciclagem da Usina
de
Reciclagem
da
Prefeitura de Belo
Horizonte,
Joaquim
Pereira.
A adoção de práticas
sustentáveis durante a
Copa do Mundo, será o
diferencial do Brasil em
relação aos mundiais
realizados em outros
países.
Em
Belo
Horizonte, o projeto de
reforma do estádio
Governador Magalhães
Pinto, o Mineirão, é do
arquiteto
Gustavo
Penna, e as primeiras
obras na arena já adotaram medidas susten-
táveis. A reutilização de
materiais foi uma preocupação desde o início
da obra, um exemplo
são as rampas de acesso
que utilizou o concreto
proveniente
da
demolição da arquibancada inferior. E, para
garantir o reaproveitamento de boa parte dos
resíduos produzidos na
obra, os entulhos são
enviados à Usina de
Reciclagem
da
Prefeitura de Belo
Horizonte.
Segundo Joaquim,
iniciativas como a adotada no complexo
Mineirão-Mineirinho
tem acontecido frequentemente
nas
grandes obras que estão
sendo realizadas. "Essas
obras já tem suas
unidades de reciclagem
móveis. A construtora
sabe que reciclando
aquele material, ele
pode ser reinserido na
cadeia produtiva, o que
gera uma redução de
custo na obra", afirma.
Dentre as principais
mudanças que atingirão
BH nestes próximos
anos que antecedem a
Copa do Mundo 2014,
a obra de maior
empreendimento é a
revitalização do Anel
Rodoviário. A inter-
venção, será custeada
pelo
Programa
de
Aceleração
do
Crescimento (PAC 2)
do Governo Federal e
está orçada em R$
837,5 milhões. O projeto prevê obras em 17
trechos, contando com
viadutos, trincheiras e
passarelas em toda a
rodovia. A obra vai
acabar com os constantes congestionamentos nas ruas Ivaí e
Pará de Minas, na
Avenida
Abílio
Machado, no Anel
Rodoviário, com reflexos no trânsito dos bairros Dom Bosco, Alípio
de Melo, Glória e Padre
Eustáquio, entre outros.
Segundo Joaquim,
toneladas de resíduos
serão produzidos com
obras como essas.
"Intervenções que reutilizam o seu próprio lixo,
colaboram
infinitamente com o meio
ambiente. Por isso, é
importante a conscientização no sentido de
reaproveitamento.
Acredito que nesse trabalho os caminhoneiros
e os carroceiros serão
nossos braços direitos,
nossa grande ajuda",
afirma.
12 Cidade
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Dezembro • 2010
HOSPITAL PEDE DOAÇÕES DE VIDROS
n
CÍNTHIA RAMALHO,
4º PERÍODO
O Hospital Sofia Feldman está com dificuldade em conseguir frascos de vidro para o armazenamento do leite materno
destinado a doações. Para reverter essa situação, está sendo feita uma campanha em escolas, faculdades e hospitais
RENATA FONSECA
Quando Juan Victório,
50 dias, nasceu, pesava
1,570kg. O bebê nasceu
prematuro devido a complicações que a mãe, Adma
Maria dos Reis, 25 anos,
teve durante a gestação.
Além disso, o neném não
pôde ser amamentado pela
mãe nos quatro primeiros
dias de vida, já que ela não
estava produzindo leite
por causa da cesariana.
Hoje, após dois meses
internado no Hospital
Sofia Feldman, onde recebeu leite de doações de
outras mães, Juan pesa
2,375kg e já está pronto
para ir para casa. Porém,
nem todos os bebês internados no hospital conseguem ser alimentados
pelas doações, já que faltam frascos de vidro para
coletar leite das doadoras.
De acordo com Débora
Almeida Rocha, nutricionista da coordenação
clínica do Hospital Sofia
Feldman, a falta de vidros
para a coleta está atrapalhando a doação de leite
materno, já que muitas
mães chegam para doar
leite e, sem ter o frasco para
armazená-lo, ele acaba
sendo perdido. Assim, na
hora de alimentar os bebês
que necessitam do leite
doado, a nutricionista tem
que fazer uma seleção dos
casos de maior necessidade,
pois não há leite suficiente
para atender a demanda.
"Muitas vezes a gente perde
doações porque não temos
o vidro. Tem mães que
falam 'olha, meu peito está
cheio, estou perdendo o
leite e não tem o vidro', por
causa disso, a gente não
consegue passar esse leite
pasteurizado para todas as
Adma Reis é exemplo de mãe que doa leite para o Hospiral Sofia Feldman, onde são gastos oito frascos de vidros por dia para a armazenagem do leite
crianças, a gente tem que
escolher qual criança que a
vai receber, geralmente são
os prematuros de baixo
peso", conta.
A dificuldade em conseguir vidros para a coleta
do leite materno se deve ao
fato de que os frascos têm
características específicas:
devem ser potes de
maionese com tampa de
plástico. Vidros com tampa
de metal, como por exemplo, potes de azeitona, não
servem, já que com a
tampa de metal, o processo
de oxidação ocorre e o leite
acaba sendo contaminado,
como explica Débora.
Ainda segundo a nutricionista, a nova embalagem
dos potes de maionese
também dificulta o processo de obtenção dos vidros.
"As maioneses estão vindo
não em potes de vidro, mas
em potes de plástico, então
essa está sendo a dificuldade. Tem muita gente que
ainda guarda, mas a gente
está conseguindo as tampinhas, mas não os vidros",
afirma.
Para tentar reverter a
situação e conseguir recolher um número maior de
vidros, a equipe do
Hospital Sofia Feldman,
composta
por
nutricionistas, nutrólogos e farmacêuticos criou uma
campanha para sensibilizar as pessoas a doarem
vidros para a coleta de
leite. A campanha consiste
basicamente em palestras
ministradas por nutricionistas
em
escolas
municipais da região do
hospital e em faculdades,
onde o público é grande e
as chances de doações são
maiores. Além disso, o
hospital tenta arrecadar
dinheiro para comprar os
potes de vidro de fornecedores do Rio e São Paulo,
pois em Belo Horizonte
não há fabricantes dos
frascos. Porém, o custo é
muito alto. Cada pote tem
o valor de R$ 3, e o hospital não possui recursos
para realizar a compra.
A campanha para doação
de vidros para o Hospital
Sofia Feldman é de grande
importância para uma campanha maior de doação de
leite materno que está
sendo planejada para 2011.
De acordo com Débora, o
hospital pretende se tornar
um banco de leite e, por
isso, precisa aumentar o
número de doações de leite
materno. "Não vai ser apenas o recebimento do vidro
que vai fazer a gente virar
banco de leite, são outras
questões. Mas, se a gente
receber mais vidros, consegue fazer mais doações e
receber mais leite. A
intenção do hospital seria
essa até a gente conseguir
ter instalações apropriadas
para se tornar um banco de
leite", explica.
Os vidros doados, quando chegam ao hospital,
passam por um processo
de esterilização, assim,
ficam prontos para receber
o leite coletado das mães.
Ao fim da coleta, os vidros
com o leite recolhido são
identificados e mandados
para o Hospital Odete
Valadares, onde acontece a
etapa de pasteurização do
leite, que o deixa pronto
para o consumo dos bebês.
Durante essa etapa, muitos
vidros mandados pelo
Hospital Sofia Feldman são
perdidos. "Se eu mando 20
vidros para o Odete, como
é ele que faz o trabalho de
pasteurização, ele me retorna com 10 vidros. Então já
tenho essa perda porque
alguns vão ficar lá, é como
se fosse uma cota que a
gente vai pagar", explica a
nutricionista. Ela ainda
completa que se fosse
banco de leite, o Hospital
Sofia Feldman poderia
realizar a etapa de pasteurização, o que evitaria a
perda de muitos vidros.
A mãe de Juan, assim
que pôde, quis ser doadora
de leite. Adma, além de
amamentar o filho, chega a
doar cerca de 120 ml de
leite a cada vez que faz a
coleta e tem consciência da
importância da doação de
leite materno. "Eu vi que
como eu precisei para o
meu filho, eu poderia passar para outras mães também que tivessem nenéns
que poderiam precisar,
quando elas não poderiam
estar amamentando com o
próprio leite", afirma.
Para armazenar o leite
coletado por Adma e por
outras mães que também
são doadoras, o hospital
chega a gastar oito frascos
de vidro por dia. "Têm
mães que conseguem pelo
menos uns três vidros por
semana de 500 ml. Têm
outras que não, só conseguem 120, 150 ml. Se
eu for receber uma doação,
a mãe tiver com o leite e
eu não tiver o vidro, também não adianta. Então,
nosso objetivo é ter uma
quantidade maior de frascos para que a gente consiga que essa doação seja
efetiva, porque a gente
está perdendo leite porque
não temos frascos para
coletar", alerta Débora.
As doações de potes,
que podem ser de qualquer tamanho, devem ser
feitas na recepção do
Hospital Sofia Feldman, à
Rua Antônio Bandeira,
1060, Bairro Tupi.
Táxi adaptado traz conforto a deficientes de BH
RENATA FONSECA
n
MÉRIAN PROVEZANO,
4º PERÍODO
Ranulfo ajuda sua passageira a entrar no carro devidamente equipado
Em 2009, entrou em circulação o primeiro veículo
de táxi adaptado para
cadeirantes,
em
Belo
Horizonte. Até hoje, ele é o
único na cidade. Mesmo
com grande contingente de
pessoas portadoras de alguma deficiência física, a capital mineira ainda peca em
relação a acessibilidade.
O taxista Ranulfo da
Silva Lopes, 55 anos, é
quem conduz o automóvel, um Fiat Doblô ELX,
adaptado. Ele conta que
foi um empresário de Belo
Horizonte que teve a ideia
de investir neste tipo de
táxi e que assim, surgiu a
oportunidade de trabalhar
com esse veículo. Como a
demanda é muito alta, ele
diz que só consegue atender a seis ou sete pessoas
por dia. "A corrida é para
ida e volta. Então, quando
são seis pessoas, lógico,
são doze corridas. Quando
são sete, eu tenho catorze
corridas", afirma Ranulfo.
Em Belo Horizonte, há
7.797 pessoas com problemas físicos e uma frota de
6.028 táxis comuns. A
BHTrans admite que seriam necessários de 10 a 50
táxis adaptados para atender a esse segmento.
Segundo a assessoria,
qualquer um tem a possibilidade de ser um taxista
com carro adaptado, basta
a pessoa interessada obter
o veículo e passar por um
curso, já que a forma a se
lidar com passageiro e
veículo são diferentes.
Para o administrador,
Alessandro
Ribeiro
Fernandes, de 37 anos e
paraplégico há quatro, por
conta de um acidente de
moto, é muito pouco para
Belo Horizonte ter apenas
um veículo de táxi adaptado. Segundo ele, alguns
taxistas comuns ficam sem
saber o que fazer e muitas
vezes os veículos têm portamalas pequenos e difíceis
para transportar cadeiras de
rodas. Ele conta que os
cadeirantes
enfrentam
grandes dificuldades também com os ônibus, pois os
elevadores muitas vezes não
funcionam ou não são operados corretamente.
Alessandro acredita que
apesar disso, a mobilidade e
a acessibilidade hoje, em
Belo Horizonte, melhoraram
bastante, mas que ainda há
muitos lugares inacessíveis
com calçadas irregulares,
com falhas e cheias de
degraus. "Falta consciência
das pessoas na hora de construir ou reformar os
imóveis, pensando sempre
que poderá ser utilizado por
um deficiente", diz.
Fátima
Félix,
da
Coordenadoria de Direito
das Pessoas Portadoras de
Deficiência, também afirma que apenas um táxi
adaptado não é o bastante
e que está previsto que se
abra 40 licitações, para
esse tipo de veículo, em
2011. Ainda de acordo
com Fátima, uma das dificuldades em se aumentar a
frota de táxis adaptados, é
o alto custo do veículo e
sua adaptação. Ela assegura que o transporte público melhorou bastante e
que até 2014, com a renovação dos ônibus, este
estará bem mais acessível,
com todos possuindo elevadores e piso rebaixado.
INTERNET
Alessandro
Ribeiro mantém o "Blog do
Cadeirante" desde março de
2004. Nele, relata suas
experiências do dia a dia,
dificuldades, notícias relacionadas e denúncias. Ele
recebe muitos agradecimentos pelas informações e
dicas que dá em seu blog.
Além disso, muitas pessoas fazem perguntas sobre
situações enfrentadas e
adaptações em carros, casas
e edifícios. "O blog surgiu da
necessidade de compartilhar experiências com outras pessoas que estão na
mesma situação, pois há
muita falta de informação
sobre os desafios e problemas da vida em uma cadeira
de rodas", conta Alessandro.
Cidade
Dezembro • 2010
13
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A persistência e a dedicação de alguns
moradores tem garantido
verduras sem agrotóxicos, frescas, de boa
qualidade e por preços
bem mais acessíveis para
a comunidade do
Aglomerado da Serra.
O TRABALHO DE POUCOS QUE
TRAZ BENEFÍCIOS PARA MUITOS
LAURA DE LAS CASAS
n
LAURA DE LAS CASAS,
3º PERÍODO
Há cerca de seis anos,
em uma assembleia no
Aglomerado da Serra,
Região Sul de Belo
Horizonte, foi sugerida a
ideia de transformar um
antigo terreno da prefeitura em uma horta
comunitária. Na época, o
grupo de 12 pessoas pediu
o aval da administração
municipal para utilizar a
área, e, por meio de um
documento, o terreno foi
liberado. "A gente entrou
aqui, roçou, arrancou os
tocos, adubou e plantou",
conta Durvalino Quaresma, 65 anos, aposentado que é um dos poucos
integrantes do grupo que
participa da horta até
hoje. A ideia de transformar o espaço vazio em
uma área de plantação não
teve a contribuiçao de
todos os participantes do
grupo por muito tempo,
mas mesmo com a
desistência de boa parte
dos integrantes, a horta
continua existindo com
grandes mudas de diversas
verduras, como taioba,
inhame, mandioca, almerão, laruta, couve, alfaçe,
tomate, limão, maracujina,
erva cidreira, entre outras.
O aposentado afirma
que os moradores do
Aglomerado procuram a
horta diariamente para
O aposentado Durvalino Quaresma ajudou a criar o projeto e trabalha todas as manhãs na horta comunitária; o lucro obtido com a venda das verduras é usado na manutençao da produção.
comprar as verduras, que
são vendidas por um preço
muito mais barato. Por 60
centavos, é possível deixar
a horta com uma grande
muda de alface. "Quando
tem muita verdura nós
pegamos um carrinho e
saimos pela rua vendendo
elas", diz Durvalino.
Rosemaire Gomes da
Silva, 43 anos, que trabalha na cooperativa de bordados da comunidade, dá
total preferência aos produtos plantados na horta.
"Além de gostoso e mais
barato é mais saudável,
pois temos a garantia de
que nenhum agrotoxico é
usado nesse trabalho. Eu
indico pra todo mundo,
minha mãe inclusive,
depois que eu falei pra ela
parar de comprar no
sacolão e comprar na
horta comunitária, ela não
quer saber de outra coisa",
afirma a bordadeira.
Os lucros com a venda
das verduras são usados
para a manutenção da
mesma, comprando adubo, instrumentos de plan-
tio e sementes novas.
Durvalino afirma que esse
foi um dos motivos para
muitos moradores pararem de trabalhar com o
plantio. "As pessoas têm
que ganhar dinheiro para
se sustentar, aqui não dá
lucro nenhum, quase,
então isso levou muita
gente a pular fora. Eu fico
triste, mas entendo, as
pessoas nao têm culpa",
conta
o
aposentado.
Durvalino conta que todos
os dias levanta às 6h para
se dedicar aos trabalhos na
horta, e de lá só sai na
hora do almoço. Quando
não chove a tarde, volta
para trabalhar mais. Para
ele, ver a terra totalmente
plantada e dando frutos é
motivo de muito orgulho.
Outro integrante da
horta comunitária é o pintor
José
Timótio
Severiano, 66 anos, que
trabalha com o plantio
todos os sábados. "Toda
vida gostei de plantar, faço
isso por prazer", conta
Timótio. Ele ressalta a
importância de terem con-
seguido a autorização da
prefeitura para tomarem
conta do lugar. "Não gostamos de fazer nada escondido. Plantamos com a
certeza de não estar fazendo nada errado", afirma o
pintor. Para ele, o fato de
terem poucos integrantes
atualmente na horta não
atrapalha. "Desde que
tenha uma pessoa pra
cuidar, já está valendo, ela
nos dá muita alegria",
acrescenta o pintor.
Bem Me Quer é bem mais do que brincadeira
LAURA DE LAS CASAS
n
LAURA DE LAS CASAS,
3º PERÍODO
Depois de uma manhã
de aula no Colégio
Municipal
Benjamin
Jacob, próximo à favela
Vila Acaba Mundo, localizada no Bairro Sion,
regiao Sul de Belo
Horizonte,
Katielly
Moreira, 9 anos, não volta
para casa. Ela sabe que um
almoço caprichado a
espera na Casa de Apoio
Bem me Quer, onde a
menina passa suas tardes
de segunda á quinta, desde
o começo do ano. O dia
preferido da pequena
Katielly é quinta-feira,
pois a menina tem sua tão
esperada aula de ballet,
oferecida pela professora
Marise Campos. Lá, além
de aulas de dança, Katielly
aprende
bordado,
culinária,
psicoterapia
individual, momentos de
oração, aula de
computação, desenvolvimento
das lições de casa e coisas
básicas como a higiene
pessoal. "Daqui eu não
saio, daqui ninguém me
tira", conta a menina, com
alegria.
A “Bem me Quer” é um
projeto que acontece há
15 anos, liderado por
Pérola Mascarenhas e que
sobrevive graças aos cerca
de cem associados, que
fazem doações mensais
para manter as diversas
atividades oferecidas para
cerca de 40 meninas, de
sete a 14 anos, todas
moradoras da Vila Acaba
Mundo, em dois horários
distintos, pela manhã e à
tarde. Pérola explica que a
ideia para o surgimento
desse projeto social veio
junto com a vontade de
retribuir a sociedade tudo
aquilo que teve em sua
vida. "Por isso, sempre quis
fazer algo destinado a
garotas. É um trabalho que
tem como única meta a
felicidade delas", conta
Pérola.
DO BEM Para a fundadora,
a ideologia que todos da
Casa Bem Me Quer devem
seguir “vem de um filósofo
muito antigo e diz que
nossa finalidade é buscar
tudo que é bom, tudo que
é bonito e tudo que é verdadeiro". Para isso, o foco
do projeto é a saúde e a
educação das meninas,
que contam com a ajuda
de quatro educadoras para
as atividades diárias.
A condição para quem
quer participar do projeto
é estar matriculada em
alguma escola, com frequência regular. Para ser
voluntário , basta assinar
um termo de compromisso
com o trabalho e ter boa
vontade.
ATIVIDADES Katielly se
diverte nos momentos de
brincadeiras, mas demonstra
reconhecer
a
importância das outras
atividades. "Aqui a gente
aprende muito sobre o
nosso corpo, sobre cozinhar, a gente aprende até
comidas de outros países.
E bordar também eu gosto,
mas não só pra bordar
aqui. Eu aprendo aqui e
bordo em casa com a
minha mãe também",
explica a menina. Todos os
dias, antes de voltar para
casa, o grupo de garotas
toma banho e escova os
dentes, para aprenderem
corretamente como cuidar
do próprio corpo. Um dos
momentos de descontração mais esperados pelo
grupo de garotas é a roda
de canto, que acontece
toda quinta-feira, na qual
todas as meninas podem
soltar a voz e cantar com a
ajuda de um microfone.
Pérola explica que passa
Katielly, à direita, entre outras atividades, observa Generosa e aprende a cozinhar.
por algumas dificuldades
no dia a dia, no que diz
respeito ao interesse pelos
estudos e pelo futuro.
"Quando as meninas são
menores é mais fácil, pois
elas nos escutam, mas em
contraponto elas não estão
tão preocupadas com o
futuro. As adolecentes são
difíceis. Eu gostaria que
houvesse mais interesse,
que elas absorvessem
mais. Isso tudo é um trabalho lento", reconhece a
fundadora.
Generosa
Costa, uma das educadoras, concorda com Pérola.
"Mas elas, apesar de todas
serem muito diferentes,
são super carinhosas",
completa.
Apesar das reuniões
com as mães terem a presença de pouquíssimas
delas, Pérola insiste em
compartilhar cada problema e cada conquista com
elas. Sempre quando
percebe alguma dificuldade maior em uma das
meninas, procura a ajuda
de psicólogos e logo entra
em contato com os pais. "É
triste porque as mães são
quem menos vêm, são
daquelas que mais precisam", conclui.
14 Esporte • Cidadania
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Dezembro • 2010
EX-JOGADORA INCENTIVA O ESPORTE
RICARDO MALLACO
Aos 44 anos Marlei Barbosa reúne crianças do Bairro
Dom Cabral três vezes por semana para jogar futebol.
Para ela, o esporte evita o envolvimento com as drogas
n
LEONOEL PACHECO,
1° PERÍODO
Entre os garotos que
não perdem as peladas no
campo da Praça da
Comunidade, localizada
no Bairro Dom Cabral,
Região Noroeste de Belo
Horizonte, uma jogadora
chama atenção. Aos 44
anos, Marlei Barbosa de
Andrade é o destaque do
time que não tem nome
nem uniforme, mas, que se
reúne fielmente as terças,
quartas e quintas-feiras a
partir das 14h. Ex-jogadora de futebol amador pelos
times
Januarense,
Baluarte e Galo de Ouro,
há 12 anos, Marlei sai pela
vizinhança com o objetivo
de tirar as crianças que
estão jogando bola na rua,
para treiná-las no campinho.
Casada e mãe de três filhos, ela explica que sua
iniciativa não se resume
apenas ao esporte. Para
fazer parte dos treinos,
Marlei exige que as crianças estejam com boas
notas na escola. "A criança
tem que possuir um bom
desempenho na escola,
tirando boas notas e fazer
os deveres de casa todos os
dias, são os requisitos para
participar das atividades",
conta.
Durante os treinos e
jogos, não é permitido
falar palavrões ou desrespeitar os colegas. Marlei,
que além de jogadora de
futebol foi fiscal de segurança, hoje se dedica a
cuidar da sua casa, dos filhos e claro, das crianças da
vizinhança. Ela também
promove partidas de futebol entre os garotos da
comunidade e outros
times de Belo Horizonte.
"O esporte é muito importante para todos, principalmente para as crianças
e adolescentes. Porque no
seu tempo livre, ocupa
esta garotada com algo
que fará bem para eles em
todos
os
sentidos.
Principalmente para que
não entrem no mundo da
criminalidade e drogas",
explica a treinadora.
Após parar de jogar
futebol amador, o técnico
conhecido no Bairro Dom
Cabral como João Baiano,
foi
quem
incentivou
Marlei a não desistir do
esporte. Ele a treinou em
equipes femininas e permitia a participação de
Marlei em alguns treinos
de times masculinos.
A ex-atleta conta que
muitas
crianças
que
participam de suas atividades, jogam em clubes
importantes de base em
Belo Horizonte e Goiás.
Os que não seguiram a carreira do futebol, com o
bom desempenho na escola se formaram e exercem
hoje
uma
profissão.
Gabriel Fiúza Ferraz, 10
anos, não perde um treino
Marlei Barbosa ensina crianças a jogar futebol, no Bairro Dom Cabral, e destaca a importância do esporte como forma de livrar a juventude de vícios
e conta que seu sonho é
ser goleiro. Lucca de Souza
Moura, 11 anos, quer ser
jogador de futebol e sempre pede a sua treinadora
que continue tirando os
garotos das ruas e incentivando o esporte e os estudos.
Com o apoio dos pais e
da comunidade, Marlei
consegue que as crianças
não deixem de frequentar
os treinos, para que possam ter um bom desempenho nos jogos. "A população gosta, pois já me
conhece há bastante
tempo e tem confiança no
meu trabalho, e sempre
estou marcando reuniões
com os pais para acompanhamento dos garotos
no dia a dia", afirma.
Apesar da ajuda da população local, existem algumas dificuldades para continuar com o projeto.
"Quanto ao apoio para a
realização das atividades
não tenho nenhum, conto
com a ajuda do treinador
João Baiano com os uniformes nos dias de jogos e
auxiliando no treinamento
das crianças. Falta materi-
al básico para o treinamento como pratinhos,
cone, chuteiras, bolas de
futebol proporcionais à
idade das crianças, lanches
nos intervalos de treinamentos e dias de jogos",
explica Marlei.
Atleticana de coração,
Marlei sempre teve o
sonho de ser uma atleta
profissional. As dificuldades e falta de auxílio
financeiro fizeram com
que ela transferisse seu
sonho para todas as crianças que ajuda, se realizando a cada conquista
dos pequenos. A treinadora quer não só transformálos em jogadores de futebol, mas, principalmente,
que eles tenham uma boa
formação, evitando as drogas e criminalidade. "Falta
muito apoio para o futebol, principalmente para o
futebol feminino onde
tentei jogar, mas por várias
dificuldades não consegui
meu objetivo de seguir carreira. Procuro passar para
as crianças tudo que
aprendi e possa ajudar em
seus futuros", conclui.
Projeto Convivência de Idosos ajuda Vila São José
RENATA FONSECA
n
SAMARA NOGUEIRA,
3º PERÍODO
É em um galpão na Vila São
José que todas as quintas-feiras o
Grupo de idosos "Reflorescer" se
reúne para conversar, dançar,
cantar e fazer atividades físicas.
Na última quinta-feira, dia 9 de
dezembro, às 14h30, o grupo se
reuniu ao som das músicas de
Roberto Carlos para realizar
uma confraternização de fim de
ano, nela eles apresentaram
musicas natalinas no coral,
dançaram e fizeram dinâmicas
relacionadas à união.
O grupo foi fundado há 13
anos por mulheres da comunidade, que resolveram se reunir
para conversar e trocar experiências. "Eu e mais oito mulheres
resolvemos fundar o Grupo para
a gente ter um meio de comunicação, para a gente trocar experiências e fazer trabalhos manuais", explica Maria Ferreira
Pascoal.
Com a chegada do Centro de
Referência de Assistência Social
(CRAS) na Vila São José há seis
anos, a coordenação do grupo
"Reflorescer" foi transferida para
equipe de assistência social e de
psicólogos do local, que desenvolveram com os integrantes do
grupo o Projeto Convivência de
Idosos.
O acréscimo do projeto ao
grupo aumentou o número de
Grupo de idosos se reúne, uma vez por semana, na Vila São José, para trocar experiências e participar de manifestações culturais
atividades realizadas por eles, ou
seja, o grupo além de realizar
atividades manuais, passou a
praticar esportes, dançar, cantar,
visitar lugares turísticos, realizar
projetos sociais, conhecer mais
sobre os direitos dos idosos e,
principalmente, passaram a
refletir e a entender sobre a
importância dessas atividades
em suas vidas. "Antes era basica-
mente artesanal, mas hoje a
gente vê a importância da ampliação. Ficar só no trabalho manual, sem reflexão fica esvaziado",
afirma Liliane Batista, uma das
coordenadoras do projeto.
Além dessas atividades são
realizadas para o grupo palestras
sobre saúde, estatuto do idoso
ou outros assuntos requisitados
por eles. "A gente procura traba-
lhar assuntos relacionados à
idade idosa. Mas, também ouvimos do grupo, assuntos que eles
têm interesse", explica Liliane.
Maria Conceição Sobrinho, uma
das integrantes do grupo, conta
sobre a importância das
palestras. "As palestras são muito
boas, ajudam muito a gente. Já
vieram médicos, farmacêuticos",
afirma.
Renato Mota, também coordenador
do
Grupo
de
Convivência de Idosos explica
sobre a importância que o projeto tem na vida dos integrantes
do grupo. "Eles veem isso daqui
como espaço deles, um lugar que
eles tentam se expressar. Muitos
deles só ficam em casa, então
esse é o lugar que eles vêm para
fazer algo", afirma.
Liliane também acrescenta
sobre as modificações que ela
percebeu com o desenvolvimento do trabalho. "A principal
modificação é a autonomia
porque quando a gente começou
era um grupo ainda muito
dependente, o que a coordenação passava todos concordavam. Hoje, é um grupo totalmente participativo. A gente
sabe que se não viermos algum
dia eles dão conta de fazer o
encontro sozinhos", conta.
As modificações não são apenas notadas pelos coordenadores. Maria Conceição
Sobrinho, por exemplo, afirma
que após começar a participar do
grupo sua depressão sumiu. Já
Orlando Gomes da Silva conta
que seu conhecimento sobre
saúde melhorou depois que passou a ser mais participativo e
menos sozinho. "Mudou muita
coisa, eu ficava muito sozinho,
aqui eu tenho mais companhia.
Aqui é muito bom, a gente
aprende sobre a saúde", afirma.
Educação
Dezembro • 2010
15
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Projeto Comunica Escola
viabiliza a comunicação
interna da Escola Municipal
São Rafael, Região Leste de
Belo Horizonte. O conteúdo
da Rádio MP3 é produzido
pelos próprios alunos com a
ajuda de seus professores e é
reproduzido durante o recreio
RÁDIO EM ESCOLA MUNICIPAL
MUDA A ROTINA DE ALUNOS
CARLOS EDUARDO ALVIM
n
CÍNTHIA RAMALHO,
CARLOS EDUARDO ALVIM,
4º E 3º PERÍODOS
Quando bate o sinal do
recreio a rotina da Escola
Municipal São Rafael, no
Bairro Pompéia, Região
Leste de Belo Horizonte,
muda. Entre as brincadeiras, gritos e correria,
um som diferente chama a
atenção dos alunos: "Bom
dia, está no ar a Rádio
MP3, comunicando com a
escola e com vocês". A voz
é da estudante Jennifer
Carolina Alves Duarte, 13
anos, que de um pequeno
cômodo debaixo da escada, inicia mais uma edição
da rádio escolar.
Basta tocar a primeira
música para que os demais
alunos da escola se aproximem da rádio para acompanhar a programação. A
euforia é grande, todos
querem participar e escolher as canções que serão
tocadas por meio das seis
caixas de som espalhadas
por toda a escola.
Foi trabalhando na
rádio que Jennifer perdeu
a timidez e começou a
interagir mais com os ou
tros alunos. Ela conta que
quando chegou à Escola
Municipal São Rafael, não
tinha muitos amigos e passava a maior parte do
tempo sozinha. A iniciativa deu certo, já que
Jennifer, além de locutora,
também é responsável por
recolher recados para
serem dados durante a
programação e por isso, já
é reconhecida e fez
amizade
com
vários
alunos. "Na rádio eu
aprendi a conversar mais
com os outros meninos.
Hoje, eu tenho muitos
amigos", afirma.
Além de Jennifer, a programação da rádio é feita
por outros 19 alunos.
Gladson de Souza Santos,
10 anos, é um dos mais
novos do grupo. Ele é
aluno da 3ª série e mesmo
com a pouca idade, já sabe
mexer em todos os programas necessários para colocar a rádio no ar. "Eu quis
entrar porque é muito
bom para comunicar com
as pessoas. O que eu mais
gosto é de comunicar com
as pessoas, passar os recados e tocar as músicas que
elas gostam", conta.
Bruno Martins está cursando a 8ª série na escola
São Rafael e é o DJ da
rádio MP3. Ele conta que
os estilos musicais preferidos entre os alunos são
funk, axé e pagode, além
disso, por intermédio do
trabalho na rádio, já faz
planos para o futuro. "Eu
pretendo continuar nessa
área. Quando for mais
velho, quero ser DJ profissional", diz.
Jennifer e Gladson fazem parte do grupo de alunos responsáveis pela rádio
Através de oficinas, os alunos aprenderam a criar vinhetas e fazer locuções
Aluna da escola há apenas um mês, Lívia
Fernanda, 15 anos, está na
5ª série e descobriu a rádio
por meio dos novos amigos. Ela conta que acha o
trabalho de edição dos
programas uma das partes
mais difíceis, porém, não
esconde a satisfação em
participar da rádio. "O que
eu mais gosto? De tudo.
Acho que todo mundo
aqui gosta de tudo. É
muito bom", revela.
A Rádio MP3 é resultado do Projeto Comunica
Escola, que tem atividades
dentro do Programa Escola
Integrada desde outubro
de 2008. A iniciativa promovida pelo
Governo
Federal, em parceria com a
Prefeitura
de
Belo
Horizonte, busca viabilizar
a comunicação dentro das
escolas, por intermédio de
oficinas e dinâmicas com
alunos e com a criação de
uma rádio.
Para a professora comunitária e coordenadora do
Programa Escola Integrada
da Escola Municipal São
Rafael, Orquídea de Deus,
a rádio além de ajudar nos
trabalhos, vai favorecer
toda a comunidade. "É
uma rádio muito versátil.
Ela é de utilidade para
todos os alunos e também
para os moradores. Nós
tivemos a preocupação de
colocar uma caixa de som
direto para a rua. Para
qualquer evento, para
qualquer coisa que a
comunidade queira falar
ou comunicar, a rádio será
um espaço aberto", diz a
coordenadora.
De
acordo
com
Orquídea, todo o conteúdo veiculado, vinhetas e
músicas, foi produzido e
selecionado pelos alunos
durante as oficinas. O
nome da rádio também foi
escolhido por votação
entre os estudantes.
Valéria
Simões
de
Carvalho, diretora da
escola, acredita que a
rádio ajudou a melhorar a
disciplina. Segundo ela, os
alunos que participam do
projeto adotaram uma
nova postura na escola.
"Meninos difíceis, agora
são alunos que tem um
comportamento bem melhor, são meninos que já
dão conta de resolver as
questões da rádio, e que
procuram melhorar o
ambiente escolar", afirma.
A professora da 3ª série,
Eliana Barbosa vê a rádio
como mais uma aliada
para o trabalho pedagógico. "A gente pode enriquecer o trabalho da gente
com músicas, com recados, com poesias. E eu
sinto que eles têm muita
vontade de participar da
rádio como um espaço
democrático", conta.
Instrutores nas UMEIs ajudam alunos deficientes
RENATA FONSECA
n
SAMARA NOGUEIRA
4º PERÍODO
Desde 2001 crianças e adolescentes com deficiência em Belo
Horizonte são beneficiadas na rede
pública de ensino, pois contam com
a ajuda de estagiários e instrutores
para auxiliá-los durante as aulas.
Segundo Jussara Fátima Liberal, gerente de educação da Regional
Noroeste, a inserção dos estagiários
ou instrutores nas escolas aconteceu
para facilitar a interação do deficiente com o professor e os outros
alunos da sala e, dessa forma, melhorar seu desenvolvimento durante
o ano letivo.
O projeto atende atualmente a 323
crianças matriculadas em 24 escolas
diferentes de Belo Horizonte. Para participar do projeto o candidato,
primeiramente, precisa se inscrever no
site da PBH e, de acordo com as necessidades das escolas, será selecionado
para uma entrevista com a diretora.
Entretanto, para que ocorra essa etapa
final são levadas em consideração outras características do candidato, como
a localização de sua residência. "São
consideradas a proximidade da residência dele com a escola e se possui
aptidão para trabalhar com crianças",
explica Jussara Liberal.
Patrícia Cristina dos Santos, mãe
de Patrick, que possui deficiência
auditiva, diz que depois que a
prefeitura disponibilizou uma
instrutora de libras na UMEI, o
desenvolvimento de seu filho melhorou muito. "Antes da instrutora,
no meu modo de ver, ele ia mais para
escola para brincar, porque não
A instrutora Daniésia Rocha auxilia e acompanha o aluno Patrick Santos durante as aulas fazendo a interpretação de libras para ele
entendia o que estava acontecendo,
o que estavam falando. Agora já melhorou a escrita, sabe escrever o
nome e se comunica mais", afirma.
Wuanda Nascimento, estagiária
de Maria Eduarda Ferreira, de três
anos, que possui paralisia cerebral,
também ressalta as modificações no
desenvolvimento da criança desde o
início do trabalho, em agosto de
2010. "A Maria Eduarda desenvolveu muito. A coordenação motora dela melhorou, ela já pega na
canetinha e tenta fazer os desenhos",
conta.
A mãe de Maria Eduarda, Vera
Lucia Ferreira, acredita que o fato da
estagiária entender a filha e das duas
terem uma ótima relação, ajudou na
adaptação e no desenvolvimento
dela dentro da escola. "Ela entende
as vontades dela, ela sabe o que ela
quer e a Maria Eduarda a adora”,
ressalta.
Além de ajudar as crianças, a presença das estagiárias na sala de aula,
segundo a coordenadora da UMEI,
Márcia Maria Dias, ajuda também
os professores. "Eles ficam menos
sobrecarregados e aprendem a lidar
mais com as especificidades das crianças com deficiência", afirma.
Kênia Rezende, professora de
Patrick, também compartilha dessa
opinião, pois, afirma que o acompanhamento realizado pelo estagiário não só ajuda os alunos, mas
também o seu trabalho. "Ela não
está ensinando só ele, ela está me
ensinando e está ensinando a
turma", explica.
A inclusão de crianças com deficiências na sala de aula, segundo a
coordenadora da UMEI, é impor-
tante, pois, as outras crianças aprendem a lidar com a deficiência com
naturalidade. "Para as outras crianças taxadas normais, ter um convívio com crianças especiais é importante, pois eles aprendem a respeitar,
aprendem a cuidar, você vê o
respeito crescendo com a idade.
Além de respeitarem, eles tem normal o diferente. Eu acho isso bonito,
porque com isso eles vão chegar lá
fora e vão ver pessoas cegas, surdas,
ou com qualquer outro tipo de deficiência e não vão se chocar", diz.
TREINAMENTO Quando as estagiárias da inclusão são selecionadas
elas recebem um treinamento que é
comum a todas as demais estagiárias
da prefeitura. "Elas recebem um
treinamento que é para todos os
estagiários da Prefeitura de Belo
Horizonte não somente os da
inclusão", explica a gerente de educação da Regional Noroeste. Durante
esse treinamento é explicado, segunda
Wuanda, sobre diversas deficiências
físicas ou mentais e sobre os direitos e
deveres de um estagiário.
Entretanto, para Márcia Dias,
deveria existir um treinamento mais
específico para cada tipo de deficiência, pois, segundo ela, as estagiárias
chegam lá quase sem nenhuma
informação, o que dificulta o trabalho. "O treinamento deveria ser obrigatório, eles deveriam vir aqui e
treinar as professoras e as estagiárias
antes do início do trabalho.
Deveriam ensinar como trabalhar
com aquela criança, quais vão ser
suas limitações, facilidades, porque
assim a gente não se cobra tanto. Eu,
por exemplo, quando fico sabendo
qual vai ser o tipo de deficiência que
a próxima criança incluída vai ter,
pesquiso na internet e passo para as
estagiárias", explica. Além disso, ela
também diz que essa é a única deficiência que o programa apresenta, já
que, em relação aos materiais como
livros, vídeos, cadeiras especiais, que
as crianças precisam a prefeitura
sempre envia.
Jussara Liberal esclarece que,
durante o estágio, a Prefeitura envia
uma técnica pedagógica, que vai à
escola verificar como está sendo realizado o trabalho e oferece mais
informações sobre o deficiente que
está sendo acompanhado. "A própria
escola aponta os casos, e a
acompanhante vai vendo a necessidade de estar colocando esses estagiários mais preparados para lidar com
as crianças. Mas, para nós, é ainda
um desafio lidar com isso", desabafa.
entrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrevistaentrevista
Entrevista
GOLEIROS
[ ][ ]
“MUITAS PESSOAS
“A SELEÇÃO VIROU
FALAM QUE CHEGAR
NA SELEÇÃO NOVO
ATRAPALHA, MAS NO
MEU CASO NÃO”
UM POUCO DE
COMÉRCIO, DE MEIO
DE EMPRESÁRIOS, QUE
PREJUDICA”
CAIO BARROSO
DIVULGAÇÃO
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REVELAÇ
n Você tinha 15 anos quando você veio
para o Atlético- MG, como que foi sua adaptação?
Eu vim para cá eu tinha de 14 para 15 anos. Minha mãe teve que vir para cá, ficou
umas duas, três semanas aqui, porque eu não estava aguentando, eu só chorava. Ela
veio e ficou comigo aqui, ai deu tudo certo. Eu morei aqui na Cidade do Galo 5 anos.
Faz um ano que eu saí daqui.
n Quando você descobriu que queria ser jogador profissional?
Eu sempre gostei de futebol, meu pai sempre gostou de futebol e em Nobres, ele tinha
uma equipe amadora e eu sempre convivi dentro desse meio, sempre viajando para
onde a equipe viajava e sempre gostando do que eu fazia ali . Daquele meio, convivendo com aqueles jogadores amadores, mas que foram fundamentais para o meu
crescimento dentro do futebol, desse gostar de futebol, então foi muito gratificante.
n Como foi sua experiência na seleção?
A primeira convocação minha foi com 15 anos. Foi uma experiência nova na minha
vida, que me ajudou muito. Muitas pessoas falam que chegar à seleção novo atrapalha,
mas no meu caso não atrapalhou em nada, me deu mais experiência, mais concentração
no que eu estava fazendo, porque a responsabilidade aumenta por ser da seleção.
n Sua primeira opção no futebol, foi a posição de goleiro?
É, eu sempre gostei de jogar no gol, desde muito novo, desde as equipes escolares, em
que eu participava, sempre joguei futsal, primeiramente, depois passei para futebol
de campo. O único esporte que eu joguei na linha foi o handebol, e eu gostava muito
e já usava bastante as mãos, então eu já tinha facilidade, mas o restante sempre jogando no gol, desde muito novo e sempre gostando do que eu fazia, muitas vezes a pessoa vai para o gol não gostando, por falta de opção na linha e acaba indo para o gol
e ai começa a ver que tem condições de seguir naquela posição, mas no meu caso já
foi diferente, eu sempre atuei mesmo desde criança no gol e sempre me adaptei muito
rapidamente.
n O Celso Roth foi o técnico que promoveu sua subida para o profissional. Como que
foi trabalhar com ele?
Ele conversava comigo para eu continuar trabalhando, continuar dedicando. Ele dizia
que para eu manter as boas atuações que eu estava tendo nas categorias de base, na
seleção, eu tinha que continuar com o meu trabalho no profissional, que uma hora
minha oportunidade ía chegar.
n Qual a diferença entre a forma de trabalho de Dorival Júnior e Luxemburgo?
O professor Dorival está mais perto do grupo, conversa mais, não é muito de dar
tanta dura. Ele tenta resolver o problema mais no diálogo. A diferença eu acho que é
isso, o diálogo, e ele estar presente com a gente.
n Você tem alguma mágoa do Luxemburgo?
Não tenho mágoa nenhuma não. Eu tenho muito a agradecer a ele. Querendo ou não
querendo eu aprendi muito com ele. Não tive a oportunidade de jogar com ele, mas
aprendi muito também.
n Em 2000, você teve uma breve passagem pelo Cruzeiro, participando de apenas
dois jogos. Naquele ano, a equipe foi comandada pelo técnico Marco Aurélio e foi
campeã da Copa do Brasil. Como foi essa experiência para você?
Vim mais para pegar experiência e tive oportunidade de ficar na reserva naquela
época do André e tendo oportunidade de participar de um grupo com grandes
jogadores, que tinham vivido grandes experiências em outros clubes. Então foi gratificante ter aquela oportunidade de trabalhar naquela época no Cruzeiro, e ainda me
tornar campeão da Copa do Brasil. Foi mais um momento que eu aprendi e levei para
o resto das equipes que eu passei, a convivência que eu tive aqui e a dedicação, graças
a Deus, hoje eu tive a oportunidade de retornar.
n Apesar de novo, você já tem uma
filhinha. Este tipo de responsabilidade
o ajudou a amadurecer?
Sim, com certeza. No começo, quando eu fui ter a filha, para mim era a
pior coisa que estava acontecendo,
mas hoje eu vejo que foi a melhor
coisa que aconteceu na minha vida.
É uma experiência nova, você ganha
mais responsabilidade e amadurece
mais rápido.
Renan Ribeiro
criticas, principalmente antes da sua
entrada na equipe, o que você acredita que estava acontecendo?
Vínhamos sofrendo muitos gols de
bola parada. Com o professor
Luxemburgo a gente não treinava
muito. Então, o diferencial do
treinador, do Dorival é a bola parada, e o fato dele estar presente com
a gente, conversando com a gente.
Eu acho que a minha entrada na
equipe foi boa para o grupo todo.
Não desmerecendo os outros
jogadores que estavam na posição,
mas eu acho que eu pude contribuir.
n
CAIO BARROSO,
LÍDIA LIMA,
LUIZA SALLES,
PATRÍCIA DIAS,
2º PERÍODO
Aos 20 anos, Renan Ribeiro terminou 2010 como titular do gol do Atlético-MG e um dos
destaques do time alvinegro, a partir da troca de Vanderlei Luxemburgo por Dorival Júnior.
Dez anos mais velho, Fábio teve mais uma temporada de sucesso pelo Cruzeiro, coroada com
o prêmio de melhor goleiro do Brasileirão, em premiação da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF). Referências para seus torcedores, os dois atletas trazem a paixão pelo futebol
desde a infância. O jogador atleticano veio de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, ainda
menino para Belo Horizonte, onde atuou nas categorias de base do clube até se firmar como
titular. Ele traz na bagagem conquistas como o Campeonato Sul-Americano Sub-20, pela
Seleção Brasileira, em 2009 e o Campeonato Mineiro de 2010. Fábio saiu da cidade de
Nobres, no Mato Grosso, e está no Cruzeiro, desde 2005, depois de uma primeira passagem
sem brilho pelo clube. Pelo time celeste, o camisa 1 foi três vezes campeão mineiro, vice da
Libertadores e vive do Brasileiro este ano. Enquanto Renan sonha em chegar à Seleção
Brasileira principal, Fábio, que foi campeão Mundial e Sul-Americano, com a equipe
Sub-17, em 1997, já foi convocado por Dunga e aguarda chance com Mano Menezes.
n Como você encara a responsabilidade de ser goleiro de um grande time do Brasil?
Eu encaro isso com muita humildade, muita responsabilidade de estar assumindo a
camisa do Atlético. Para mim foi um período longo de trabalho, para eu estar me
adaptando mais rápido no profissional, e para quando chegasse minha oportunidade
não ser pego de surpresa.
n Em relação à rivalidade entre Atlético e Cruzeiro, como foram suas experiências nas
categorias de base? Como foi para você o primeiro clássico como profissional, no qual
você foi um dos destaques da partida, garantindo um resultado importantíssimo, que tirou
o time da zona de rebaixamento e o maior rival da liderança?
Na categoria de base eu joguei três clássicos, ganhei dois e empatei um. Agora com o
profissional foi uma experiência nova na minha vida. No momento encarei como apenas mais um jogo, claro que com responsabilidade a mais, por ser clássico, mas fico
feliz por ter dado tudo certo e o principal foi Atlético estar vencendo.
n Você tem se revelado um jogador de muita personalidade, que cobra bastante dos seus
companheiros, principalmente da zaga. Como é para você que está começando a carreira
agora, sendo mais novo, cobrar de jogadores que já possuem uma história no futebol?
Acho que dentro de campo iguala muito. Eles podem ser mais velhos, mas a posição
que eu jogo exige muita personalidade e muita responsabilidade. Eles mesmos pedem
para que eu ajude, posicionando eles. Por mais experiência que eles tenham, exige
muito do posicionamento. Eu que estou vendo tudo. Devo respeito a eles, mas dentro de campo tem que cobrar mesmo.
n Você acha que um jogador vindo da categoria de base, realmente tem uma relação
diferente com o clube?
Quando o jogador vem da base o cara tem mais responsabilidade, a cobrança é maior,
porque a origem é a base. O valor que esses jogadores têm é diferente.
Fábio Maciel
n O setor defensivo vinha sofrendo muitas
n Há mais de cinco anos vestindo a
camisa do Cruzeiro, você já viveu
altos e baixos como titular da meta
celeste. Como você vê esta fase de
sua carreira?
Eu passei momentos de adaptação e
isso foi muito importante para meu
crescimento como pessoa e também
como profissional, eu tinha vivido
coisas muito boas dentro de outras
equipes, dentro da Seleção Brasileira
e nunca tinha passado um momento
difícil. Eu tive esse momento aqui
no Cruzeiro, logo após a perda do
título minero de 2007 para o
Atlético, mas Deus foi comigo e me
deu uma nova oportunidade de
mostrar dentro de campo, porque eu
tinha sido contratado pelo Cruzeiro.
n Você teve algum problema com
alguém da comissão técnica ou alguém
da CBF, que impeça sua convocação?
Bom, eu fui convocado pela última
vez nas primeiras convocações do
Dunga, no ano de 2006, onde eu
tinha feito um excelente trabalho naquele
ano, e tive oportunidade, o Dunga estava
assumindo a seleção, depois da derrota na
Copa da Alemanha, na saída do Parreira
(Carlos Alberto) e eu tive essas oportunidades. Mas a gente fica meio sem saber como estar falando dessas coisas que acontecem dentro da seleção, porque às vezes você acha que esta agradando e às vezes não
está agradando, e eu sempre tive dentro da seleção, cresci dentro da seleção, passei
por todas as seleções de base e pela seleção profissional. Venho fazendo um ótimo trabalho, tendo uma meta boa de jogos e sempre tentando ter um equilíbrio dentro
dessas partidas e no possível, me destacando no momento em que eu sou exigido e
eu não posso também ficar pensando no que está acontecendo.
n Você acredita que se estivesse atuando em algum time do eixo Rio - SP ou em algum
time de expressão do exterior já teria sido convocado pelo Mano Menezes?
Eu não gostaria de pensar dessa forma, porque o Cruzeiro hoje é uma equipe grande
em todos os aspectos, tanto dentro do Brasil como no exterior, pelas conquistas que
tem, pelo histórico, então não gostaria de pensar dessa forma, espero que eles tenham
consciência e convoquem quem está melhor no momento, e quem tem condição de
vestir a camisa da Seleção Brasileira por merecimento e também por querer estar dentro da seleção.
n Faltando pouco mais de três anos para a Copa do Mundo no Brasil, qual é a sua
expectativa para estar nesse grupo?
Bom, expectativa sempre existe, porque você vem se destacando dentro do seu clube,
e seleção sempre foi isso, você se destacar na sua equipe para ter a oportunidade de
estar representando seu pais, há alguns anos a gente não esta vendo dessa forma, a
seleção virou um pouco de comércio, de meio de empresários, que prejudica e fica
sem transparência e até o torcedor começa a ver isso e começa a não torcer pela
Seleção Brasileira, por que a gente já viu ai ao longo dessas competições que o Brasil
participou, o torcedor muito desacreditado na seleção, mas a expectativa é sempre
que melhore com a mudança do treinador e que ele tenha critérios sempre corretos
para que possa fazer uma seleção que o povo goste de assistir e goste de torcer.
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VIDA MAIS DIGNA NA VILA SÃO JOSÉ