Unidade
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A estrutura social e as
desigualdades
Podemos observar sinais de desigualdades
sociais em todos os lugares. Eles aparecem, de
imediato, em elementos materiais, como
moradia e roupas, e também se manifestam no
acesso à educação e aos bens culturais.
Por que as desigualdades existem? Como se
constituem? Como são explicadas?
Capítulo
Estrutura e estratificação social
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A estrutura social se constitui por meio da relação entre
os vários fatores – econômicos, políticos, históricos,
sociais, religiosos e culturais – que dão feição própria a
uma sociedade.
Uma das características da
estrutura social é a estratificação,
ou seja, a maneira como os indivíduos
ou grupos são classificados em camadas
sociais.
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Segundo o sociólogo brasileiro Octávio Ianni, a
estratificação social é determinada pela forma
como se organizam a produção econômica e o
poder político.
As estruturas de apropriação
(econômica) e de
dominação (política) são
influenciadas por elementos
como a religião, a etnia,
o sexo, a tradição e a cultura,
que interferem nos processos
de divisão social do trabalho
e de hierarquização.
Capítulo
Estrutura e estratificação social
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A estratificação e as
desigualdades sociais são
produzidas historicamente.
Isso significa que elas são
geradas por situações
diversas e se expressam na
organização das sociedades
em sistemas de castas, de
estamentos ou de classes.
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Estrutura e estratificação social
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As sociedades organizadas em castas
O sistema de castas é uma configuração social
registrada em diferentes tempos e lugares. Mas é
na Índia que está a expressão mais acabada desse
sistema, iniciado há mais de 3 mil anos.
A hierarquização social se baseia em religião, etnia,
cor, hereditariedade e ocupação. Esses elementos
definem a organização do poder político e a
distribuição da riqueza gerada pela sociedade.
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Estrutura e estratificação social
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Na Índia, há quatro grandes castas:
a dos brâmanes (sacerdotal e superior às demais);
a dos xátrias (intermediária, formada pelos
guerreiros, encarregados do governo e da
administração pública);
a dos vaixás (casta dos artesãos, comerciantes e
camponeses);
a dos sudras (casta dos inferiores, dos que realizam
trabalhos manuais considerados servis).
Capítulo
Estrutura e estratificação social
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Capítulo
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Estrutura e estratificação social
Não há mobilidade social
em um sistema de castas.
Na Índia, os integrantes das
castas inferiores adotam
costumes, ritos e crenças
dos brâmanes, o que cria
certa homogeneidade de
costumes entre as castas.
Preparação da pira para a cremação de um morto na Índia,
em 1988. O assistente de cremação herdou essa função de
seus antepassados e a passará para os filhos.
A rigidez das regras é relativizada por casamentos, não
muito comuns, entre membros de diferentes castas.
O sistema de castas indiano está sendo
desintegrado de forma gradativa, sob o
impacto da urbanização, da industrialização
e da introdução de padrões ocidentais de
comportamento.
Entretanto, normas e costumes desse
sistema ainda sobrevivem. Isso é
comprovado pela adoção de cotas nas
universidades públicas, como medida de
inclusão de estudantes que pertencem a
castas consideradas inferiores.
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Estrutura e estratificação social
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As sociedades organizadas por estamentos
Um estamento é identificado por um conjunto de
direitos e deveres, privilégios e obrigações, aceitos
como naturais e publicamente reconhecidos.
Numa sociedade estamental, a condição dos
indivíduos e dos grupos em relação ao poder e
à participação na riqueza não é somente uma
questão de fato, mas também de direito.
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Estrutura e estratificação social
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Nas sociedades medievais, a possibilidade de
mobilidade de um estamento para outro existia,
mas era muito controlada. O que definia o
prestígio, a liberdade e o poder dos indivíduos
era a propriedade da terra: os que não a possuíam
eram dependentes econômica e politicamente,
além de socialmente inferiores.
Capítulo
Estrutura e estratificação social
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O que explica a relação entre os estamentos é a
reciprocidade. Os servos tinham obrigações para
com os senhores, que, por sua vez, deviam
proteger os servos.
A desigualdade era vista como algo natural:
camponeses e servos sempre estiveram em
situação de inferioridade.
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Estrutura e estratificação social
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Na França, no final do século
XVIII, havia três estados: a
nobreza, o clero e o terceiro
estado, que incluía os
demais membros da
sociedade: comerciantes,
industriais, trabalhadores
em geral, etc.
Estratificação social na França: o camponês
carrega o clérigo e o nobre nas costas.
Representação de 1789.
Capítulo
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Estrutura e estratificação social
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Estrutura e estratificação social
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Pobreza: condição de nascença, desgraça, destino...
A pobreza é a expressão mais visível das desigualdades
sociais.
Como ela foi entendida no decorrer da história?
WMO
Na Idade Média, a pobreza era considerada
uma condição de nascença.
Havia uma visão positiva dessa condição, pois
esta despertava a compaixão e a caridade. Na
concepção da Igreja Católica, os ricos tinham
obrigação moral de ajudar os pobres.
Acreditava-se que a pobreza era uma desgraça
decorrente das guerras ou de adversidades como
doenças ou deformidades físicas.
Capítulo
Estrutura e estratificação social
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Estrutura e estratificação social
A partir do século XVI, iniciou-se um nova ordem, na
qual o indivíduo se tornou o centro das atenções. O
Estado “herdou” a função, antes atribuída aos ricos,
de cuidar dos pobres.
Na Inglaterra, com o aumento da produção e do
comércio, a pobreza e a miséria passaram a ser
interpretadas como resultado da preguiça e da
indolência, já que havia muitas oportunidades de
emprego. Tais interpretações tinham por objetivo
fazer que o povo se submetesse às condições de
trabalho vigentes.
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Capítulo
Estrutura e estratificação social
No final do século XVIII, com o fortalecimento do
liberalismo, outra justificativa para a pobreza foi
formulada  as pessoas eram responsáveis pelo
próprio destino e ninguém era obrigado a dar
trabalho ou assistência aos mais pobres. Dizia-se
que era necessário manter o medo à fome para que
os trabalhadores realizassem bem suas tarefas.
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Capítulo
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National Portrait Gallery, Londres, Inglaterra
Estrutura e estratificação social
Para o economista e
demógrafo britânico Thomas
Malthus, a população crescia
mais que os meios de
subsistência. Com base nas
ideias de Malthus, dizia-se que
a assistência social aos pobres
era repudiável, pois os
estimulava a ter mais filhos,
o que aumentava a miséria.
Thomas Malthus (1776-1834).
Em meados do século XIX, difundiu-se a ideia de
que os trabalhadores eram perigosos: poderiam não
só transmitir doenças, já que viviam em condições
precárias de higiene, mas também se rebelar,
organizar-se e fazer revoluções, questionando os
privilégios das classes que detinham riqueza e
poder.
Capítulo
Estrutura e estratificação social
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Exercícios
1. Leia o texto abaixo e explique-o de acordo com o
que você estudou neste capítulo.
Quando declaramos que o espírito de casta reina em dada
sociedade, queremos dizer que os vários grupos dos quais essa
sociedade é composta se repelem, em vez de atrair-se, que cada
um desses grupos se dobra sobre si mesmo, se isola, faz quanto
pode para impedir seus membros de contrair aliança ou, até, de
entrar em relação com os membros dos grupos vizinhos. [...]
Celestin Blouglé.
O sistema de castas. In: Octávio Ianni (org.). Teorias da estratificação
social. São Paulo: Nacional, 1973. p. 90-91.
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Museu Condé, Chantilly, França
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2. Observe a imagem.
Que elementos dessa
cena caracterizam uma
sociedade estamental?
O trabalho no feudo
representado em iluminura
do século XV.
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Estrutura e estratificação social Capítulo 7 O sistema de castas é