5 1 INTRODUÇÃO O trabalho proposto tem como intuito pesquisar, entender e avaliar a experiência provocada pelo restaurante de Belo Horizonte Vecchio Sogno e a experiência percebida pelos seus consumidores. Para isto, usando o marketing como ferramenta, fez-se necessário entender e conceituar o Vecchio Sogno como principal restaurante premium da cidade, a fim de compreender as particularidades, estímulos e comportamentos que compõe a troca de experiências entre clientes e restaurante. A pesquisa ainda pretende entender o perfil psicográfico dos clientes e o perfil percebido pelo restaurante e seus atores, com o intuito de analisar quais são, como e se os estilos de vida, atitudes, interesses e opiniões dos clientes do restaurante modificam sua relação com o mesmo. Há poucos estudos desenvolvidos nesse campo, e os que existem, em sua maioria abordam o nicho de produtos premium sob a ótica da segmentação demográfica e do marketing tradicional, que segundo segundo Schimit (2001) compreende uma abordagem restritiva de caraterísticas e benefícios que impossibilta o profundamente de que questões fundamentais que perpassam os processos psciológicos, comunicacionais e comportamentais do consumo. Percebe-se que o tema é de grande relevância devido ao crescimento do consumo de produtos e serviços Premium, seu mercado em expansão, um mercado deficiente de profissionais qualificados e a exploração insuficiente ou superficial do tema. Ainda, é de grande relevância compreender que o Brasil se aproxima de competições internacionais em seu território. Há ainda, a necessidade de preparação com o estudo e desenvolvimento de anlálises de comportamento do consumidor brasileiro e estrangeiro, perparação e adequanção do mercado para atingir as expectativas de turistas que vêm em busca de experiências, e aos mineiro e brasileiros que vão proporcioná-la e também vivenciá-la. É provavel que o mercado gastronômico premium seja um dos mais afetados e promissores. A refeição em um restaurante diferenciado (premium) parte do pressuposto que a ocasião é uma experiência única, considerando e compreendendo as dinâmicas sociais e comportamentais do consumidor como sugere Douglas (1975). Portanto, é preciso compreender e diferenciar o que é oferecido e o que é absorvido 6 através dos métodos comunicacional, psicológico e de marketing; à partir do estilo de vida dos consumidores. O consumidor de produtos premium, busca além do produto os valores a ele agregados (experiências), por isso a necessidade da comunicação conectar-se a esse público, oferecendo o elo entre empresas e consumidor. Prevendo a necessidade de oferecer serviços premium que atendam às expectativas dos consumidores belo-horizontinos, uma vez que Belo Horizonte está entre as quatro cidades brasileiras que possuem 50% das famílias mais ricas do Brasil e o potencial mercadológico da peculiar gastronomia mineira com fama internacional. A escolha dos restaurantes foi realizada através do histórico de classificação do "Guia 4 Rodas", onde o Vecchio Songo é o único quatro estrelas de Minas Gerais, associado às características, informações e premiações da revista "VEJA: Comer e Beber", onde têm o maior número de premiações de Belo Horizonte, entre outras revistas que conferem premiações ao setor de gastronomia (como: "Revista Prazeres da Mesa", "Revista Gula", "Campeão dos Campeões", "Wine Spectator" e outras.) Além disto, foram considerados outros fatores como: as inúmeras premiações do restaurante e do Chef e proprietário da casa Ivo Faria. Foi também contemplada a maior abrangência de serviços oferecidos; a conceituação da equipe (principalmente o Chef); a fama e status regional do restaurante; além da possibilidade de acesso do grupo ao restaurante estudado. Com isso o grupo pretende estudar a maneira como os restaurantes considerados premium, utilizam métodos de marketing e comunicação na construção da experiência e como estes fatores são percebidos pelos consumidores, identificados e administrados pela equipe do restaurante, produzindo conhecimentos que podem auxiliar aos todos, inclusive o próprio Vecchio Sogno a oferecer serviços de maior qualidade na área de alta gastronomia. 7 2 PRIMEIRO CAPÍTULO: MARKETING E COMUNICAÇÃO 2.1 Marketing: definições e conceitos O termo marketing começou a ser empregado no início do século XX, nos Estados Unidos. Em 1930 foi fundada a American Marketing Association (AMA), destinada a unir os profissionais para desenvolver o setor. Na época começaram a surgir em universidades norte-americanas os primeiros cursos de marketing, que tratavam principalmente de técnicas de distribuição, vendas e pesquisas de mercado. A AMA define o marketing sob sua perspectiva funcional e processual: O Marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, comunicação e a entrega de valor para os clientes bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado. (KOTLER, 2006, p.4). Assim, entendemos que o marketing é parte da organização que se utiliza do conhecimento sobre seu público-alvo para adequar seu produto/serviço em prol do benefício mútuo das partes. O marketing sob a perspectiva clássica e a partir do início de sua implementação acadêmica, foi considerado um pacote de atividades de eficiência mercadológica, que se aplicava em garantir uma melhor distribuição dos produtos em detrimento do aumento da demanda, com o menor custo operacional possível. No Brasil, a partir da década de 50 do século pssado, o termo veio associado às multinacionais norte-americanas e européias que iniciavam sua participação no mercado brasileiro. O termo, mas principalmente sua aplicação, era tratado como uma ferramenta que propiciava soluções novas para as empresas. Contudo, mesmo com as tentativas, o termo marketing não teve na língua portuguesa uma tradução tão abrangente e ampla quanto possuía. A evolução histórica e do conceito de marketing, os fatores ambientais que compõe sua atuação e os elementos envolvidos na sua prática trazem uma 8 compreensão mais exata de seu significado e papel incontestavelmente fundamental na construção e manutenção das empresas modernas. O marketing permite várias aplicações, dentre elas a social, que consiste segundo Philip Kotler e Gerald Zaltman em: Criação, implementação e controle de programas calculados para influenciar a aceitabilidade das idéias sociais e envolvendo considerações de planejamento de produtos, preço, comunicação, distribuição e pesquisa de marketing. (KOTLER & ZALTMAN apud COBRA, 1996, p.26-27) Os conceitos centrais de marketing (necessidades, desejos, demandas, produtos, troca, transações e mercados) estão interligados e têm como princípio a base da construção da própria fundamentação teórica do marketing. Necessidade é o conceito mais básico e inerente ao marketing moderno, pois está relacionado ao entendimento das necessidades humanas. Para Kotler “necessidades descrevem exigências humanas básicas” (Kotler, 2006, p.33). Tratase então de um estado que inclui as necessidades físicas básicas, sociais e individuais de conhecimento e autorealização do indivíduo. Em outro âmbito, há o desejo, que se refere às necessidades humanas moldadas pela cultura e pelas características individuais. Os desejos são mutáveis e se modificam conforme as transformações ocorridas na sociedade como um todo. Por fim - proveniente da associação dos conceitos anteriores - a demanda, como define Kotler, “são desejos por produtos específicos apoiados por uma necessidade de pagar” (Kotler, 2006, p.33). Entende-se então, que as pessoas têm desejos infinitos, mas sua capacidade de atender a estes desejos é restrita e limitada por uma série de fatores. Sendo assim, elas desejam produtos que proporcionam o máximo de satisfação possível em troca do dinheiro que possuem. Através da capacidade de compra de cada indivíduo, os desejos se tornam demandas. A troca, como citada, é um dos conceitos que fundamenta o marketing, pois implica na relação de comunhão entre duas partes com interesses que, em um dado momento, convergem. A estratégia de marketing moderna determina os bens que serão produzidos e o mercado em que este será inserido. Para isso, é necessário o que é chamado de mix ou composto de marketing, um conjunto de instrumentos que a organização 9 utiliza para viabilizar a operação de sua estratégia, como conceituam e exemplificam Schewe e Smith: (...) o composto de marketing é uma dada combinação de variáveis controláveis que o marketing oferece aos consumidores. Vejamos: “A United Airlines, por exemplo, proporciona serviço de avião entre cidades (produto) bem como despacho de bagagem (serviço) por uma tarifa (preço), vendidos por agentes de viagens (venda pessoal). Nesses aspectos, a United não é diferente de suas concorrentes. Mas esperando tornar seu ‘pacote de utilidades’ diferente e mais satisfatório do que o dos concorrentes, a empresa chama-se United (marca nominal), usa uma marca distintiva (marca registrada) na cauda de seus aviões e em sua propaganda, tem atendentes de vôo bem treinadas (serviço) e usa frases promocionais que se destacam, como ‘Voe os céus amigos da United’ e ‘Este terra é sua terra’ (propaganda). (SHEWE & SMITH, 1982, p.48). Para tanto é necessário entender como os produtos e serviços convergem em certas situações para um mesmo ponto, caracterizando uma hibridez dos mesmos a ser oferecida ao consumidor, de forma a serem determinantes na estratégia de marketing. 2.2 Produtos e serviços: zona híbrida de marketing Restaurantes têm como característica natural oferecer a seus consumidores produtos e serviços. Sob a concepção clássica do marketing, produtos e serviços são geridos de forma diferente, mas contemporaneamente acrescenta-se a visão em que ambos convergem em uma zona híbrida, propondo-se uma gestão integrada em função das características de oferta global a serem entregues ao consumidor final. Na concepção de marketing de serviços vários autores (KURTZ e CLOW, 1998; FISK et al., 1993; KASPER at al., 1999) recorrentemente caracterizam como base sua intangibilidade, o que impossibilita a experimentação dos mesmos à partir dos sentidos (visão, tato, olfato, gosto e audição). O serviço pode ser considerado um processo único, irrepetível, por não ser possível recriar todas as condições do 10 dado momento em que o serviço é prestado, muito menos estocá-lo. Outra característica do serviço é o fato de que a produção e o consumo do serviço não podem ser separados, pois envolvem uma relação simultânea entre quem o oferece e quem o consome. Como consequência, entendemos que o consumidor irá, necessariamente, gerar uma expectativa em relação ao serviço proveniente de diferentes fontes de informação e fatores de influência e consequentemente irá avaliá-lo para medir o nível de satisfação proporcionada pelo mesmo a partir das suas exigências pessoais. Partindo da empresa, compreende-se que estas criarão promessas que serão ou não cumpridas na execução do serviço. Assim a experiência do consumidor será resultado da congruência entre as suas expectativas, suas necessidades e as promessas feitas. Com relação ao produto, a teoria clássica do marketing dos mesmos e demais autores, recorrentemente o coloca de forma mercantilista, voltando-se para o produto em sua forma física e final. Já em 1969, autores como Levitt, percebiam a aproximação do produto ao serviço, sendo o último, parte fundamental do valor do produto. Segundo o autor, a competição entre empresas não se centra no produto que é produzido dentro da fábrica, mas antes por aquilo que estes acrescentam ao resultado vindo da fábrica na forma da embalagem, publicidade, aconselhamento ao cliente, financiamento, serviços de entrega, ambiente de venda, armazenagem e outras coisas que os clientes valorizam (LEVITT, 1969). Partimos então da perspectiva que o produto deve ser tomado como um serviço global, pois por fim, será o serviço associado ao produto base, parte essencial da venda, satisfação e identificação do cliente com a empresa. Contudo, torna-se bastante complicado identificar de forma limiar as fronteiras de domínio de produtos e de serviços (ARAÚJO e SPRING, 2005), ou mesmo adotar como exclusivas dos serviços às quatro características que vulgarmente lhes são apontadas (VARGO & LUSCH, 2004b; LOVELOCK e GUMMESSON, 2004), sendo de todo improvável que alguma vez se chegue a uma listagem específica de características distintivas de produtos e serviços (GARDREY, 2004). Citados os pressupostos para uma zona híbrida de marketing, pode-se entender que o conhecimento da associação entre produtos e serviços é parte 11 necessária da gestão de uma empresa que os oferece, como podemos observar abaixo: De fato, o exercício da identificação da situação atual das nossas variáveis e objetos poderá ser extremamente útil no domínio da gestão pois permitirá detectar se ainda é o serviço a apoiar o produto ou se pelo contrário, já se tornou o serviço razão de ser do produto que será neste momento apenas uma variável identificadora do serviço (LOVELOCK e WIRTZ, 2004, p.42) Sendo assim, admite-se que é necessária uma postura dinâmica, em que o produto pode ser em certo ponto o meio de conquista do cliente, mas em uma relação de longo prazo com o mesmo, orientarão a relação dele com a empresa. “Isto significa que o marketing de produtos e serviços converge, mas a lógica de serviços domina”. (GRÖROONS, 2008, p.88) Por fim, as empresas híbridas, dispondo de uma vastidão de recursos, são capazes de gerar diversas possibilidades de serviços (HUNT, 2002). Para tal, entre os clientes e a empresa deverá existir algo como uma sociedade em que aqueles durante a interação fornecem experiências e competências que serão depois utilizadas pela empresa na concepção de seus produtos. É o princípio comunicacional da troca de experiências, que será explicitado com mais detalhes nos próximos tópicos. O reconhecimento de que os clientes são uma fonte de competência obrigará os responsáveis pelo marketing a diminuir as fronteiras da companhia face aqueles, sendo que as relações de longo prazo que consigam estabelecer serão benéficas para ambas as partes envolvidas (SZMIGNIN, 1993; BERRY, 1995). Assim, na construção desta pesquisa, será essencial entender o nível de abertura proposto e executado pelos responsáveis do marketing e comunicação do restaurante para compreender também o nível de necessidade do cliente em relação a estas barreiras neste tipo de ambiente. 12 2.3 Marketing experiencial e comunicação Segundo a American Marketing Association (AMA), marketing é o processo de planejar e executar a concepção, a determinação do preço (pricing), a promoção e a distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais. Para Kotler, O marketing é a função dentro de uma empresa que identifica as necessidades e desejos do consumidor, determina quais os mercados-alvo que a organização pode servir melhor e planeja produtos, serviços e programas adequados a esses mercados. No entanto, o marketing é muito mais do que uma função isolada – é uma filosofia que orienta toda a organização. Dessa forma, a meta do marketing é satisfazer o cliente lucrativamente, criando relação de valor com clientes importantes. (KOTLER, 1999, p.38) De uma forma simplificada, podemos dizer que a função do marketing é levar o produto ou serviço certo, ou seu mix ao consumidor certo, no tempo e lugares certos. É um processo global e complexo que envolve várias esferas de atuação e outras atividades. Para compreender este processo global e complexo se devem compreender os princípios comunicacionais que o cercam. A corrente comunicacional que interessa ser explicitada prevê a geração e troca de significados. Battey (2010) descreve um panorama resumido desta percepção teórica da comunicação: (...) como, por meio dos sistemas de sinais, os significados são percebidos dentro de um comportamento sociocultural. Essa aboradagem usa a semiótica como modus operandi. Nela, os sinais tomam a forma das palavras, imagens, sons,objetos e gestos. É uma abordagem muito ampla, que cobre a comunicação humana em todas as suas formas (som, visão, tato, cheiro, sabor) e contextos (dança, vestuário, filmes). A semiótica enfatiza o texto, que é qualquer coisa capaz de ser ‘lida’ ou decodificada, (...) ela favorece o termo leitor em vez doreceptor , uma vez que isso sublinha o papel mais ativo do leitor em criar, ou negociar, um significado para o texto. (BATTEY, 2001, p.338) Para entender a geração e troca de significados é necessário compreender que não há formas de não-comunicação. Até quando não se quer comunicar nada, se está comunicando alguma coisa, pois tudo tem algum significado frente à perspertiva do comportamento humano. Batey (2010) diz, em relação a não 13 comunicação e a necessidade da compreensão das marcas, que elas são produto comunicacional (passível de troca de significados) pelo simples fato de coexistirem com seres sociais: “Ignorar alguém é uma forma de comunicação, mesmo que tudo que se comunique seja: ‘não quero me comunicar com você’. É como ler uma placa que diga ‘por favor, ignore essa placa’. (...) Nós nos comunicamos instintiva, intuitiva e, muitas vezes, inconscientemente. Essas observações são de especial relevância no contexto de comunicação da marca. Da perspectiva da marca, tudo comunica. (...) A comunicação da marca nos dias de hoje vai muito além da propaganda paga e da forma como ela é conduzida pelas inúmeras interações que o consumidor tem com ela”. (BATTEY, 2010, p.340) A busca atual é de aprimoramento da geração e troca de significados, ampliando o controle sobre a comunicação em todos os seus âmbitos e a criação de novas formas comunicacionais que habilitem o uso exploratório dos sentidos. Segundo FRUTIGER (1989), é a vez da experimentação envolvendo todos os sentidos. O marketing experiencial (do original “experiential marketing”), que é uma concepção relativamente nova e ainda está em fase de desenvolvimento, é uma estratégia de marketing que tem como foco o consumidor e suas ações. Elaborar uma experiência para um determinado público tem como pretensão atravessar a fronteira da propaganda e instalar-se na memória do consumidor subjetivando os meios além do processo comunicacional, criando um relacionamento da marca com aquela pessoa, disseminando muito mais do que apenas a visão e o conceito da empresa, passando a expressar o sentimento que fez parte da experiência, como parte da percepção sobre a marca experimentada. Através de ferramentas que têm como principal base a interação com o consumidor, é possível elaborar experiências reais e que fidelizam o mesmo à marca. Schimitt (2001) nos mostra a atual relevância da abordagem experiencial sob perspectiva dos empresários: “‘Compreender a experiência do cliente’ foi o tema considerado de primeira necessidade e o mais importante para estudo pelos executivos das empresas associadas ao Marketing Science Institute, uma organização de Cambridge, Massachusetts.“ (SCHIMITT, 2001, p. 48) 14 Ainda segundo Schimitt (2001), experiências são acontecimentos gerados por estímulos, que são resultados da vivência individual. Lindstorn (2007), afirma que os cinco sentidos sensoriais são importantes e devem ser levados em conta pela comunicação. Através dos estímulos sensoriais, os consumidores captam a comunicação e reagem a ela. Todas as emoções adquiridas da experiência, com base no mix oferecido de produtos e serviços, se baseiam nas informações captadas pelos sentidos e transmitidas para o cérebro, que a processa e informa qual a reação a ser realizada. É possível que esta reação seja inconsciente ou consciente, segundo Lindstorm (2007). É importante que a experiência proporcionada ao cliente esteja em sintonia com o plano de ação da empresa, e não seja apenas uma ação isolada, porque é ela que em longo prazo vai construir sua identidade e definir os aspectos de sua visibilidade, proporcionando consequentemente a formação de seu público; uma gama de clientes que queiram vivenciar experiências semelhantes. A forma e as ferramentas de execução podem ser as mais variadas e, algumas vezes, inesperadas ou nunca antes mobilizadas. Ela nunca é restrita ou finita, pelo contrário, exige a quebra de paradigmas e o exercício da criatividade para inovar e surpreender o cliente, conquistando-o de maneira diferente a cada dia. Trabalhar o marketing experiencial tem variados benefícios para uma empresa, como transformar uma marca em declínio, diferenciar um produto dos concorrentes, criar uma imagem e identificação para a marca, promover inovações e introduzir à experiência, à compra e à fidelização, como sugere Battey (2006). Segundo Schimitt (2001), são cinco os tipo de experiência que formam a base do Marketing Experimental, divididos em Módulos Experienciais Estratégicos, que consistem em: marketing dos sentidos, marketing dos sentimentos, marketing do pensamento, marketing da ação e marketing da Identificação, que serão essenciais para o entendimento desta pesquisa e serão explicitados e exemplificados junto ao objeto de estudo no capítulo seguinte. O marketing experiencial busca, de uma forma geral, fazer com que a marca e todo o processo que envolve o seu funcionamento, se comunique de forma a criar vínculos relevantes com as atividades, interesses e opiniões do consumidor. O foco é oferecer uma experiência completa e dinâmica de consumo para o cliente através do estímulo de seus sentidos e percepções não só dos produtos ou serviços em 15 questão, como também de suas conexões e comportamentos socioeconômicos e culturais, afim de desenvolver uma relação baseada em referências emocionais e psicológicas, como sugere Battey (2006). Os eventos e proposições devem se enquadrar como elementos de comunicação aproximativos e interativos. A marca dirige uma mensagem rica em repertório a um público predeterminado; em um momento único que ocorre num espaço e tempo limitado; aproxima pessoas, produtos e serviços, e promove eficaz interação entre eles. Sendo criativamente planejado, a marca pode proporcionar ao cliente uma experiência nunca antes vivida, marcante e significativa o suficiente para associá-la à imagem da empresa e cognitivamente entender a marca como parte de seu estilo de vida, de seu modus operandi social. 2.4 Marketing tradicional x Marketing experimental A expressão “marketing tradicional”, como explica Schmitt - criador do conceito de marketing experimental - serve para designar um conjunto de princípios, conceitos e metodologias que os acadêmicos, praticantes e consultores de marketing criaram nos últimos trinta anos (2000). A primeira conclusão de Schimitt (2000) é que o marketing tradicional tem seu foco voltado para as características funcionais e os benefícios do produto. O autor chama este composto de marketing de C&B (características e benefícios). Schimitt cita Kotler (1999) para mostrar como os adeptos do marketing tradicional definem que “características complementam a função básica do produto” (KOTLER apud SCHMITT, 2000, p. 29). Assim, os profissionais da área escolhem as características de acordo com seu nível de relevância, que supostamente seriam consideradas pelo cliente as diferenciações chave em relação ao concorrente e referencial do processo decisório de consumo. Os benefícios ao cliente seriam então meras consequências das características funcionais, estas, demandadas pelo mesmo ao comprar o produto. Schmitt (2000) aponta para a tendência do marketing tradicional de restringir as categorias de produtos e a concorrência de forma a enquadrar o cliente em uma 16 situação de racionalidade nas tomadas de decisão, em um processo de quatro etapas bem definidas: * Reconhecimento da necessidade. O consumidor percebe um hiato entre o estado ideal de satisfação e o estado atual, o que o motiva a tentar eliminar esse hiato. * Busca de informação. O consumidor procura a informação, seja externa ou ainda resgatando na memória escolhas satisfatórias anteriores. * Avaliação das alternativas. O consumidor avalia a escolha fazendo um cálculo que parece um modelo de múltiplos atributos. Ele pesa a importância de cada um dos atributos ou benefícios, atribui um peso à importância, avalia e classifica a quantidade do atributo contida na marca e então multiplica o peso em cada marca. Em seguida compara a utilidade geral de uma marca com as outras. * Compra e consumo. O consumidor compra a melhor alternativa (quando disponível) e a utiliza. No uso ele define sua satisfação, comparando o desempenho esperado com o desempenho real. Se ficar satisfeito comprará o produto novamente. (SCHMITT, 2000, p.31/32) Se tomarmos como pressuposto para uma compra qualquer, saberemos que este processo é totalmente ignorado ou subjetivado pelo consumidor e a eficácia da interferência sobre estas etapas, quase inexistentes, é irrelevante. Schmitt aponta outro fator de fragilidade teórica no marketing tradicional, que consiste na abordagem dos métodos de pesquisa, que se atém às ferramentas analíticas, quantitativas e verbais, como sugerem alguns métodos normalmente utilizados: * Modelos de regressão. Os dados de um modelo de regressão consistem das informações colhidas em entrevistas e pesquisas. O propósito é prever a compra ou a escolha com base em um certo número de hipóteses e prever sua importância relativa. * Mapas de posicionamento. Os dados de um mapa de posicionamento consistem de uma classificação verbal da semelhança entre pares de marcas e/ou de algumas escalas de características, geralmente funcionais. O resultado consiste em gráficos bidimensionais ou tridimensionais em que uma marca é comparada com a outra. * Análise conjunta. Esse tipo de análise é usado para avaliar o valor monetário das características funcionais de um produto dentro de uma gama de produtos. Para obter um resultado, pede-se a consumidores que avaliem vários produtos que tenham um certo conjunto de características ou benefícios.(SCHMITT, 2000, p.32) Assim, a fragilidade implica não na aplicação das técnicas isoladas de pesquisa citadas anteriormente, mas no propósito e função das mesmas na empresa. Estas possibilitariam somente uma posterior manipulação de características que não seriam relevantes se partirmos do pressuposto que os consumidores não compram os produtos por suas características funcionais. 17 Assim, por certas vezes, o marketing tradicional é estratégico, mas perde o foco das necessidades do consumidor em uma abordagem restritiva de C&B. O marketing experimental, no entanto, não exclui o marketing tradicional de forma a utilizar seus conceitos e aplicações na constituição de uma boa estratégia e tomadas de decisão corporativas. Schmitt ainda salienta alguns enforques em que o marketing tradicional é essencial à base da estratégia experimental: O marketing tradiocinal tem algumas qualidades que valem ser preservadas. (...) eles contém os conceitos da definição objetiva (por exemplo: a meta serão os lucros ou a participação no mercado? Nosso foco vai estar nos consumidores atuais, queremos atrair novos consumidores ou os consumidores dos concorrentes?) da segmentação de mercado (geográfico, demográfico ou psicográfico) e do posicionamento estratégico. (SCHMIT, 2000, p.35) Sendo assim, não pode-se excluir o marketing tradicional no desenvolvimento de metas e objetivos, na definição da segmentação e do posicionamento. 2.5 Construindo valor para o cliente Para que o consumidor mantenha sua plena satisfação, atingindo os resultados pretendidos, o estabelecimento, agregando à marca os tópicos necessários para construir um valor sólido, deve gerar identificação com seus próprios valores. A partir deste entendimento de Rokeach (1973), ele ainda afirma que os valores são estados-fim da vida e consistem nos objetivos e nas metas para as quais se vive: Dizer que uma pessoa tem um valor é dizer que ela tem uma crença prescritiva ou provável que um específico modo de comportamento ou estado-final da existência é preferido a um modo oposto de comportamento ou estado-final. Essa crença transcende a atitude em relação a objetos ou em direção a situações; ela é um padrão que guia e determina ação, atitudes em relação a objetos ou situações, ideologia, apresentação de si mesmo aos outros, avaliações, julgamentos, justificações, comparações de si mesmo com os outros e tentativa de influenciar os outros(ROKEACH, 1973, p. 25). Dos valores identificados no ser humano, dentre as metas que se tem na vida de buscar felicidade, há os valores de padrão comportamentais e é por meio deles 18 que se perseguem tais metas. Conclui-se que as pessoas buscam benefícios através do ato de consumir o produto e cabe ao estabelecimento unir valores aos serviços que consequentemente façam o cliente os relacionar à marca. Para isso, sob a perspectiva psicológica, Batey (2010) nos mostra como é necessário investigar além dos atributos do próprio produto (que se co-relacionam com suas características físicas e observáveis) , ampliando assim o foco para cobrir os níveis mais altos de abstração que consistem nos valores pessoais. A sugestão de Batey é que para aplicar esta perspectiva, é necessário utilizar a teoria de meiosfim, que se explicita e justifica à partir da conclusão: A teoria de meios-fim é um recurso valioso para investigar o que um produto significa por duas razões: (1) em vez de se concentrar num nível particular de significado, engloba todos os níveis na matriz conceitual; e (2) se concentra nas associações (ou seja, nos significados mais derivados) entre os níveis. Estas ligações associativas permitem o entendimento de como os consumidores interpretam as atribuições do produto (meios) à medida que representam um benefício para eles (consequências) e como, no fim, estes benefícios se traduzem em valores pessoais. (BATEY, 2010, p.53) Assim, é possível de certa forma, mensurar o significado e valor absorvido pelos consumidores da marca através da cadeia hierárquica de seus próprios valores. O valor percebido pelo consumidor se converge em uma tomada de decisão de ir a determinado estabelecimento, onde pesa sacrifícios e benefícios, onde dinheiro, tempo e energia são base para uma expectativa de valor. A partir desta abordagem, o valor percebido pode ser entendido como a função positiva do que se recebe e a função negativa do que se sacrifica. O valor é considerado por Holbrook (1999) como pressuposto da experiência: o valor para o consumidor não está no produto adquirido, nem na marca escolhida ou no objeto possuído, mas na experiência que daí deriva. Ao avaliar o ato de consumo, Churchill (2005) analisa como as percepções de valor podem influenciar o comportamento pós-consumo. Entende-se que o alto valor gera satisfação e consequente lealdade e um relacionamento a longo prazo em contrapartida. O baixo valor gera insatisfação e por conseguinte um reconhecimento de necessidade. Assim o consumidor irá em busca de informação, ou seja: da concorrência. 19 Então entendemos que é necessário garantir um alto valor para o consumidor da marca. Para isso, Batey considera que é necessário construir uma boa imagem de marca e garantir lealdade à mesma: Imagem de marca é uma descrição das associações, crenças e sensações que os consumidores têm a respeito de certa marca (...). Lealdade à marca é a medida da ligação do consumidor ou de seu comprometimento com uma marca, geralmente levando em consideração o ágio que ele está disposto a pagar no preço. (BATEY, 2010, p.19) Conclui-se então que o consumidor estar disposto a pagar determinado valor por um produto é fruto de uma busca por um bom serviço, que traga benefícios (práticos) e satisfação (benefícios emocionais) suficientemente compensatórios para dar lastro à decisão de consumo. Na percepção de Churchill (2000, p.13), valor para o cliente é a diferença entre as percepções dele quanto aos benefícios, aos custos da compra e ao uso de produtos e serviços. O estabelecimento que se dispõe a transparecer seus atributos, consequências e valores, define-se em um bom começo para avaliação e posicionamento do cliente em relação à marca, o que não significa que seja suficiente para tal decisão. É possível então definir que para o consumidor atribuir valor à marca é necessário compreender amplamente todo o significado da mesma, atendo-se à proposição que a preferência de um indivíduo por certa marca é determinada cada vez mais pelo significado que a marca tem para ele, fundamentando sua lealdade e sua avaliação (BATEY, 2010). No ato de ir a um restaurante, na escolha por um estabelecimento premium, o consumidor busca uma sensação para valorizar um momento que é significante e portanto merece tal ação. Na perspectiva do cliente, Schechter (1984, apud ZEITHAML, 1988, p.13) comenta que valor são todos os fatores qualitativos e quantitativos, subjetivos e objetivos, que compõem a experiência completa de compra. Para esta compreensão é preciso definir primeiro as especificidades de categorização premium aplicada ao mercado de restaurantes. 20 2.6 Restaurantes Premium Com a desritualização da refeição do dia-a-dia, comer fora ou preparar reuniões em família ou amigos, torna-se uma opção de lazer. A reunião social é um importante fator na gastronomia. Uma ida a um restaurante, uma reunião de amigos e de família em casa, tudo isso envolve a refeição e seu simbolismo. Segundo Pitte (1998), o surgimento dos restaurantes está intimamente relacionado com a comunicação entre os povos, pois estes se tornaram necessários à medida que as feiras começam a tirar os comerciantes e artesãos de suas casas e até mesmo de suas cidades para se instalarem perto do comércio itinerante. Os negócios eram, muitas vezes, fechados enquanto se faziam as refeições, assim como acontecia nos grandes banquetes da Idade Média. Geralmente as comidas servidas nesses estabelecimentos eram simples e triviais. Aqueles mais ricos e que desejavam degustar uma comida mais elaborada deveriam se dirigir às boas estalagens. A palavra Restaurante, em sua etimologia, elucida bem a função atribuída às refeições das feiras, por se tratar de um sinônimo de restauração. As pessoas deviam se alimentar de comidas fortificantes para refazerem suas forças e cuidar de sua saúde para poderem trabalhar. Segundo Castelli (2003, p. 297), “considera-se restaurante o estabelecimento que fornece ao público alimentação mediante pagamento.” Castelli ainda elucida que os restaurantes podem ser de luxo, de primeira, segunda ou terceira categoria e para alcançarem determinada classificação, os mesmos devem ter como pré-requisitos uma grande variedade de exigências, sempre baseadas nos interesses dos clientes, além de considerar alguns aspectos como a qualidade da comida, dos serviços oferecidos, as instalações e equipamentos, o tamanho e capacidade do estabelecimento, a decoração, higiene e limpeza do ambiente, entre outros. Passando por vários momentos, sabe-se que a gastronomia deixa de ser, em algum momento da história, somente fonte de alimentos, ou forma de reunião social e passa a ser tudo isso reunido ao redor da arte da culinária, que sofistica receitas através de profissionais especializados que estreitam a relação entre cozinha e arte, sendo capazes de fornecer, como produto final da produção de tal ofício, alimentos causadores de grandes prazeres gustativos e contemplativos. Além do ambiente e 21 do entretenimento, a alimentação configura-se como “ato prazeroso pelo próprio sabor dos alimentos” (CASTELLI, 2003, p.97). Junto ao prazer, o hábito de comer fora de casa, por necessidade ou por lazer, cresce e as pessoas incorporam em seus cotidianos o comer bem, sem que isso necessariamente signifique gastos exorbitantes. Não significa que o preço oferecido pelo mercado gastronômico tenha se tornado popular, o que ocorre é uma mudança na forma de perceber a relação “custo x benefício” ao se obter uma boa refeição. O comer bem envolve conforto, estética, sabor e prazer. Todos estes elementos têm valor e são traduzidos no preço a pagar pela experiência. O consumo em restaurantes premium, portanto, é marcado por valores subjetivos racionais e irracionais. Castelli ainda nos provoca a interpretar como alguns objetivos do consumidor ao buscar um serviço de gastronomia Premium, como a diferenciação, o prazer pessoal e social, a ostentação, a afirmação de uma identidade, o prazer gustativo e visual, que estão diretamente ligados ao estilo de vida do consumidor. O restaurante proporciona e lida com as experiências de seus comensais. Podemos entender como uma mensagem é subjetivada na experiência através da elucidação de Sloan: “melhores pedaços, possam construir um novo você”, (2004, p.55). O que significa que o restaurante premium, deve te proporcionar um momento, uma vivência de uma nova passagem, uma interferência parcial e relativamente mínima, mas que pode influenciar direta ou indiretamente na construção do ser social e os papéis sociais exercidos, subjetivando a partir da experiência, uma leitura de parte de quem você é e parte do que você procura. Esta procura é permanente, assim como a construção de si mesmo, como explicita Batey na citação: A sociedade pós-moderna se caracteriza pelo reconhecimento de que as pessoas hoje se envolvem no trabalho contínuo de negociar significados de experiências vividas por si mesmas ou pelos outros, na tentativa de criar e manter uma identidade (...). No mundo pós-moderno o self não é nem pronto e acabado nem uma entidade fixa (...), ao contrário, cada um de nós tem de, ativamente, criar nossa identidade, já que passamos por uma série de situações sociais com uma complexidade ainda maior que deriva das experiências oferecidas pela mídia de massa. (BATEY, 2010, p.66/67) Com isso vemos que “comer fora é uma experiência que nunca acaba” (WARDE & MARTENS, 1998, p.120), ou seja, você sempre vai sentir a experiência de comer fora como algo cíclico, porque sempre é um prazer renovável, o que exige uma 22 constante modificação de experiências proporcionadas a partir do estabelecimento, lidando diretamente, não só com um tipo de sensação, mas todas as sensações interconectadas. Em restaurantes premium, o público pretendido é restrito e diferenciado, por isso sua comunicação mercadológica deve ser estrategicamente pensada para gerar afetação segmentada no público cativo ou mesmo no público pretendido. As ferramentas de comunicação mercadológica agem como um amplificador, ou seja, entregam a mensagem da empresa ao público alvo, com maior ou menor intensidade e ruídos. De acordo com Costa e Crescitelli (2003), a comunicação oferece à empresa, neste caso o restaurante, um conjunto de ferramentas ou estratégias que irão possibilitar a redução de problemas no composto mercadológico. Kotler (1998) afirma que estratégia é um conjunto de objetivos, políticas e normas que guiam o esforço de marketing da empresa no decorrer do tempo, detalhando os segmentos de mercado nos quais a organização deseja se concentrar. Para Kotler (2006): Segmento de mercado consiste em um grande grupo de consumidores que possuem as mesmas preferências. Portanto, podemos distinguir entre compradores de automóveis que desejam basicamente um meio de transporte e aqueles que desejam um alto desempenho, luxo ou segurança. (KOTLER, 2006, p.237) O mercado de produtos e serviços de luxo no Brasil vem crescendo e se fortalecendo. O mercado de luxo brasileiro vem registrando crescimento de 25% em 2012, de acordo com o artigo do professor Rodrigo Stefani1. Segundo ele mesmo: “O mercado de luxo no Brasil movimenta hoje R$ 4 bilhões por ano. A entrada de companhias que produzem esse perfil de produtos no País permitirá que movimentem mais o segmento de luxo. Muitas vezes, o consumo desses itens já é realizado pelos brasileiros através viagens ao exterior, mas de maneira limitada; afinal, há restrições, a exemplo de cotas de valores que precisam ser respeitadas”. Também segundo Andre D’Angelo (2011): O grande objetivo das empresas no mercado de luxo é tornar seus produtos sinônimos de sofisticação, de modo que possam cobrar preços elevados por 1 Dado disponível em: <http://www.amcham.com.br/regionais/amcham-‐recife/noticias/2011/mercado-‐de-‐ luxo-‐no-‐brasil-‐crescera-‐25-‐em-‐2012-‐preve-‐especialista >Acesso em: 02 jun. 2012. 23 eles, bem como construir marcas fortes o suficiente para alavancar novos negócios a partir delas. (D’ANGELO, 2011) Por isso o direcionamento da comunicação mercadológica a partir de uma segmentação estratégica é um dos pilares da construção de um restaurante premium. Podemos entender, segundo Sloan que um restaurante premium é um laboratório social com capacidade para comercializar alimentos sofisticados e mudar o gosto dos consumidores (2004). Vemos também que no restaurante premium não só gastronomia, atmosfera, ambiente físico, são determinantes da experiência proporcionada, mas o chef da casa é um dos atrativos e diferenciais mais importantes desta experiência. O chef conduz - sob a perspectiva contemporânea – uma verdadeira espetacularização da refeição. Os processo que envolvem a rotina do restaurante em si, não deixam de ser uma analogia à teatralidade, com todos os seus diretores, atores, personagens e contos paralelos que se entrelaçam naquele ambiente, “em certo sentido, o restaurante é um prognóstico da indústria de entretenimento contemporânea” (FRANKELSTEIN, 1998, p.203). É ele, o chef, quem ocupa o papel principal. Mesmo sob a perspectiva moderna, Sloan nos mostra o caráter experiencial do comer fora: Apesar das aparências, o restaurante não era simplesmente um empreendimento comercial onde de maneira sistemática se trocavam bens e serviços; foi sempre um recipiente no qual uma variedade de apetites e desejos era cultivada e onde os processos de gerar novas experiências sociais estavam constantemente sendo construídos.(SLOAN, 2004, p.77). Em função disso, vemos que o restaurante é um catalisador de indivíduos, desejos, sensações e experiências. Em suma, o restaurante premium é o lugar de prática da arte de vender sensações, experiências, de proporcionar um valor único aos produtos e serviços oferecidos a seus consumidores. 24 3 SEGUNDO CAPÍTULO: O Consumidor e o Vecchio Sogno Tomando como base as propostas do marketing experiencial, as características aplicáveis do marketing tradicional, as definições de criação de valor, as características das marcas que operam com o mix de produtos e serviços, as nuances dos estabelecimentos premium e principalmente sob as bases comunicacionais pertinentes, neste capítulo serão contemplados os métodos e as ferramentas de entendimento, mensuração e verificação das características que permeiam a troca de significados entre os consumidores e o restaurante. Utilizando o marketing e as definições anteriores como ferramentas para absorção e percepção das mesmas em clientes, funcionários e administradores do Vecchio Sogno Ristorante, o presente capítulo visa construir as bases de questionamento a serem verificadas em sequência. Assim, se dará a construção hipotético-dedutiva das mesmas características fundamentais das partes envolvidas no processo, a ser verificada no terceiro capítulo, para estabelecer como a troca de significados entre consumidores e restaurantes Premium pode conter particularidades significativas que contribuam para o entendimento do processo comunicacional e da geração de identificação em diversos âmbitos psico-socias para a construção da experiência e fidelização do cliente em ambientes gastronômicos de alto padrão de Belo Horizonte, tomando sempre, o Vecchio Sogno como referência. O Vecchio, tendo se demonstrado o principal restaurante premium de Belo Horizonte, permite que sejam levantadas questões referentes aos benefícios práticos e emocionais que ambientam a vivência dos restaurantes premium, para que se percebam os diferentes valores advindos dos produtos, serviços e atitudes oferecidos pelo restaurante na construção do relacionamento com os clientes. O restaurante Vecchio Sogno é considerado Premium em Belo Horizonte porque desde sua inauguração em 1995, vem oferecendo um serviço aos clientes que condiz à sua posição, tendo como base a comida italiana criativa, que permite a combinação de uma grande variedade de sabores e ingredientes. Em seu histórico, Ivo Faria fez um curso técnico de cozinha no Senac, aos 14 anos, graduou-se em nutrição e dietética e passou um período no renomado Centre International de Glion (CIG), na Suíça. Quando volta a Belo Horizonte, o chef 25 abre o Vecchio Sogno ao lado de um sócio italiano, já com a proposta de investir numa versão mais moderna da cozinha italiana. Aos poucos, ele também se destacou pela utilização de ingredientes típicos do estado. Para a revista Veja Comer e Beber ele afirma, “Gosto de pesquisar alimentos que o mineiro realmente come”, explica. Entre eles estão a beldroega, a taioba, a mostarda e o ora-pro-nóbis. Representa bem a mistura o salmão grelhado servido com purê de quinoa, filamentos de chuchu crocante com hortelã, molho de abacaxi e sagu (R$ 64,00). Essa e outras concepções aparecem no cardápio em três seções: menudegustação, com sugestões que variam semanalmente, clássicos do restaurante e criações da temporada. O cardápio é criado pessoalmente pelo chef Ivo Faria. Oferece cerca de 50 opções de pratos, como tortelloni de lingüiça trufada, camarões flambados na grappa, acompanhados pelo raviolli recheado de mussarella de búfala, ou surubim baby ao molho de limão capeta. O Vecchio Sogno conta com três ambientes, o piano bar com música ao vivo no horário do jantar, um salão com luz mais baixa e outro mais iluminado. A adega com mais de 240 rótulos, de onde se vê a cozinha, completa um ambiente sofisticado e de muito bom gosto. A casa oferece, ainda, serviço de somellier, um conjunto que permite uma harmonização perfeita à mesa e prazer garantido aos amantes da gastronomia. O restaurante costuma receber empresários, políticos e personalidades mineiras e já ganhou várias vezes o título de melhor da cidade por revistas especializadas, dentre elas o “Guia 4 Rodas” que concedeu uma estrela de “boa comida” para o Vecchio Sogno. Para se manter um Restaurante Premium, no sentido da pesquisa realizada, obter uma resposta da proposta mercadológica do Vecchio Sogno, segundo o chef Ivo Faria, não basta saber cozinhar, você precisa também saber administrar. A minha cozinha hoje é toda subdividida, do fornecedor ao cliente. A comida precisa respeitar o cliente. Pode-se concluir a partir da história do Restaurante e dos dizeres do chef que desde o atendimento, administração, ambiente até o cardápio, fazem a experiência gastronômica ser excelente. 26 3.1 Definindo a segmentação psicográfica Ela mede os estilos de vida, fornece medidas quantitativas ou qualitativas e é usada por amostras de segmento de mercado. Pode ser feita de modo qualitativo, por grupos focais, entrevistas em profundidade, e essa medida psicográfica, são mais completas que as demográficas, comportamentais e geográficas. Enquanto a demográfica diz, quem compra a psicográfica diz por que comprar. Em 1965 surgiu, nos Estados Unidos o termo psicografia (em inglês Psycographics) cuja proposta era de segmentar o público não somente pelas variáveis demográficas (sexo, idade, renda, grau de instrução), mas pelas características denominadas pessoais, psicológicas (sentimentos, tendências, estilo de vida) (TOMANARI, 2003). Demby (apud TOMANARI, 2003) define psicografia como o uso de fatores psicológicos, sociológicos e antropológicos, como benefícios desejados, autoconceito e estilo de vida para determinar como o mercado é segmentado pela tendência de grupos dentro do mesmo – e suas razões – para tomar decisões particulares sobre um produto, pessoa e ideologia. Assim, a psicografia refere-se a características dos indivíduos que os descrevem em termos de sua constituição psicológica e comportamental – como as pessoas se ocupam (comportamento) e quais fatores psicológicos subjazem a esse padrão de atividade. Sheth et al.(2001) definem a psicografia como uma manifestação das motivações subjacentes de um individuo. Para estes autores, a psicografia é composta por três elementos: valores, autoconceito e estilo de vida. O psicólogo Milton Rokeach (1973 apud FINOTI, 2004) identificou dois grupos de valores: terminais e instrumentais. Os valores terminais são os objetivos que buscamos na vida, ao passo que os valores instrumentais são os meios ou padrões comportamentais pelos quais buscamos esses valores. O autor ainda desenvolveu uma lista de valores para entender a psicologia humana. A pesquisa em profundidade administrada aos clientes pretende abstrair estes valores terminais e instrumentais, para definir o padrão psicológico dos consumidores do Vecchio Sogno. Além disso, toda pessoa tem uma autoimagem de quem ela é. Essa imagem é denominada autoconceito. O autoconceito inclui uma idéia do que a pessoa é atualmente e também do que ela gostaria de se tornar. Esses dois conceitos são 27 chamados, respectivamente, de eu real e eu ideal (TOMANARI, 2003). Para alguns, o autoconceito refere-se a realizações intelectuais ou profissionais (FINOTI, 2004) que foram estimulados à definição na pesquisa semiestruturada realizada. O autoconceito influencia profundamente o consumo das pessoas, pois elas vivem seus autoconceitos em grande medida por meio do que consomem (SHETH et al, 2001) Esta pesquisa aplicará o princípio do autoconceito dos clientes em termos de determinados traços de personalidade, descobrindo então quais são as percepções do consumidor relativas a uma marca com base nesses mesmos traços. Juntamente com o que as pessoas pensam de si mesmas e o que elas valorizam, a pesquisa psicográfica pretende compreender as pessoas em termos de estilo de vida, ou modo como elas vivem. Os estilos de vida são determinados pelas características pessoais dos clientes, ou seja, genética, etnia, gênero, idade e personalidade; por seu contexto pessoal, cultura, instituições e grupos de referência e também por seu valor pessoal e por suas necessidades e emoções (TOMANARI, 2003). Esses três conjuntos de fatores reunidos influenciam o padrão das atividades das pessoas, como elas gastam seu tempo e seu dinheiro. Para analisar e interpretar as mensurações dos dados baseados nos valores, no autoconceito e no estilo de vida, são propostas algumas técnicas para a análise psicográfica. A definição de qual técnica é a mais adequada parte da necessidade do pesquisador e de sua pergunta de pesquisa (TOMANARI, 2003). 3.2 Construindo significado As pessoas consomem por diferentes motivos. Na perspectiva da comunicação, tendo o marketing, a filosofia, a semiótica e a psicologia como pontes de acesso ao consumidor, paralela e indissoluvelmente ao 'ser social', pode-se compreender que os significados devem ser construídos, mas para isso é necessário entender que significados também podem e devem ser absorvidos do consumidor e da sociedade e incorporados à construção contínua da marca. Para tanto, sob a perspectiva semiótica e filosófica, entende-se que a construção da significação social da experiência relevante a este projeto é passível de uma análise discursiva que apreenda do consumidor os momentos e sentimentos 28 relativos aos vividos no Vecchio Sogno. É necessário compreender alguns aspectos deste processo, como suas particulariades administrativas, sócio-comportamentais, comunicacionais e de marketing, de forma a mapear as implicações sociais e pessoais, e suas interferências mútuas na identificação dos objetos perenes e duradouros que emancipam a troca de significados entre restaurante e cliente. Na medida em que, no nível discursivo, as normas sociais aplicam-se a um processo de circulação, somos levados a supor que, mais profundamente, o devir da sociedade exija que as tensões que a atravessam sejam reguladas. Parece que, na configuração que examinamos, forças intensivas e forças coesivas interagem e que o devir mesmo da coletividade depende de uma relação de forças favorável às segundas.(GREIMAS & FONTANILLE, 1991, p. 126) É no processo de compreensão da multidisciplinaridade da análise que este projeto pretende levar o seu leitor a compreender os objetivos da abstração experiencial a que se dedica. Possivelmente a pesquisa será alavancada a negociar, sob diferentes aspectos teóricos, as justificativas para os referenciais mais subjetivos da relação entre cliente e restaurante e mais objetivas para esta análise. Pezzine e Cervelli (2007) para explicar o consumo, fazem uma conexão multidisciplinar da construção experiencial determinante para compreender a multipolaridade do processo sugerido: O consumo contemporâneo é um fenômeno muito complexo que, pode ser construído e desconstruído enquanto objeto de estudo, segundo diferentes perspectivas. Todos concordam a respeito de um dado de base: desejamse, trocam-se e consomem-se muito mais “signos” do que “objetos” e, seja como for, sempre uns pelos outros e vice-versa. De um ponto de vista semiótico, a interpretação do consumo de elementos materiais e imateriais tem uma referência obrigatória na reflexão sobre o objeto de valor e sua circulação dentro da teoria clássica da narratividade. Já no folclore e no mito, os objetos são talismãs, simulacros concretos de qualidades abstratas, formas de divindade degradadas, feitas à medida do homem e para serem funcionais para seus projetos. O marketing é a retórica da marca, nesse sentido, não deixam de reinventar uma visão muito antiga da estreita relação de intercâmbio entre sujeito e objeto que, com certeza, foi-se declinando historicamente em formas peculiares e diversas. Duas palavraschave para a semiótica: o valor — do objeto e pelo sujeito — e as formas da sua circulação, quer dizer, a comunicação. O termo consumo indica um ato, isto é, um gesto transformador realizado por um sujeito competente, enquadrado em uma estrutura contratual, que tem o papel de preparar situações potenciais. Por essa mesma razão, como veremos, sua análise implica diferentes dimensões semióticas: a “pragmática”, a “cognitiva”, a “patêmica”, muitas vezes reunidas no termo, hoje em dia muito em voga, de “experiencial”. (PEZZINI & CERVELLI, 2007, p. 29-45) 29 No processo de absorção de significados à partir do consumidor, Batey (2010) diz que “é importante entender os valores pessoais, pois eles exercem forte influência na maneira pela qual tomamos decisões e nos motivamos a agir”. Entender as necessidades dos consumidores, partindo do pressuposto de que seus valores os conduzem, traz à luz a forma como os mesmos extraem significados pessoais e relevantes dos produtos e marcas. Assim entendemos a necessidade não só de comunicar significados, mas de certa forma prever como eles serão absorvidos: “é o consumidor que determina o significado e, com isso o destino de uma marca, e os consumidores não regem tanto à realidade em si, mas à percepção que eles têm da realidade. Por isso, é mais correto descrever uma marca como a percepção do consumidor e sua interpretação de um agrupamento de atributos, benefícios e valores associados a ela.” (BATEY, 2010, p. 31) Estes atributos, benefícios e valores associados estão em constante mudança, por isso é necessário conhecer, analisar e adequar os mesmos aos valores, humores, status quo e comportamento do consumidor. Então, revela-se a necessidade de que as características práticas e os benefícios práticos e emocionais gerados devem sempre estar consoantes com as necessidades dos consumidores para que o significado seja absorvido de forma a gerar identificação. No Vecchio Sogno, de categorização premium, que atende a rigorosos padrões necessários à esta categorização, pressupõe-se que os benefícios práticos sejam essenciais ao seu cotidiano e à satisfação dos consumidores mais exigentes. Pressupõe-se que algumas características funcionais e benefícios práticos precisam manter sua consistência e manter o padrão de forma initerrupta, como a ambiência diferenciada, comida, sabor, ingredientes e apresentação requisitados, atendimento de alto padrão, serviços exclusivos, tratamento exemplar, entre outros. Porém, é preciso definir em quais níveis estas características e benefícios são tidos como essenciais ou necessárias por diferentes perfiis de clientes que frequentam o restaurante para definir qual é o padrão belo horizontino de exigência no setor de consumo de restaurantes premium. Na decisão de compra de um produto o consumidor faz associações conscientes e inconscientes sobre a marca. Certamente quando se pensa em termos físicos e práticos preocupando-se com os benefícios práticos, por trás disso 30 existem significados e instintos. Segundo Batey (2010), mesmo quando acreditamos estar tomando uma decisão puramente racional, estamos tomando-a por meio de uma área que interage com nossos sentidos, emoções, instintos e intuições. Para se basear nos benefícios e necessidades, a marca atende aos desejos e carência do consumidor utilizando as práticas do marketing, assim chamando a atenção do seu alvo e persuadindo-o por meio de uma apresentação racional. Assim, pretende-se compreender como a direção entende e administra estas características e benefícios, à luz das peculiaridades e dos estilos de vida do cliente para a persuasão dos mesmos. Ainda, será necessário entender como os funcionários apreendem e se comportam frente aos diferentes perfiis de consumidores e seus padrões de exigência de características e benefícios diferenciados. Como as atitudes destes funcionários afetam o processo de identificação e persuasão do consumidor. A partir do momento em que se tem o contato com a marca, geram-se percepções cognitivas e não cognitivas sobre ela. É quando se criam, confirmam e modificam as associações à marca determinando por fim seu significado. O significado da marca, como qualquer outro, é criado de maneira altamente inconsciente enquanto se comparam informações sensoriais, emocionais e cognitivas com os padrões armazenados no cérebro, como sugere Batey (2006). Entendendo o Vecchio Sogno como o restaurante premium mais importante de Belo Horizonte, dimensionar os resultados dos primeiros contatos dos clientes com o restaurante trará os significados apreendidos por eles e determinará as peculiaridades deste mercado. O significado determinado pelo contato determina a experiência diária e influencia a memória e o comportamento consumidor em relação à marca (MARCI, 2006). As associações de marca podem tomar muitas formas diferentes. É possível categorizá-las em três grupos significativos segundo (BATEY, 2010): Atributos, Benefícios e Valores. Ainda, frente aos referienciais estudados, é necessário compreender ainda, o auto-conceito dos consumidores, as atitudes, interesses e opiniões. 31 3.3 Compreendendo atributos, benefícios, valores, autoconceito, atitudes, interesses e opiniões. Podem estar ou não associados ao produto, quando ligados, se referem a sua composição física e daqueles elementos, como ingredientes e características de design, que afetam o desempenho do produto. Quando não relacionados ao produto são extrínsecos e não possuem ligação direta com seu desempenho, mesmo que sejam importantes na decisão de compra, conforme explica Battey (2010). Na pesquisa em questão, o preço é um atributo que está diretamente relacionado ao produto, porém é necessário entender se a partir do consumidor ele é uma associação na formação de percepção de marca, o seu nível de influência na decisão. O preço pode ser entendido pelos clientes e pela administração do restaurante como o critério pelo qual se diferencia o resturante dos demais, ou pode ser uma forma de segmentação social almejada pelos próprios clientes, ou pode definir, pura e simplesmente, o valor agregado do prato servido e dos serviços oferecidos em uma perspectiva de custo-benefício. É a partir dos atributos que se classifica a marca, quando em suas propriedades são percebidas aparência, funções e significados. Ao classificar o Vecchio Sogno como um restaurante premium, supomos que seu consumidor aprecia e avalia a aparência, excentricidade e significados dos bens de consumo e ambientação por tais pontos; o conforto e imponência do restaurante através da experiência provinda dos ambientes - com salões de sofás vermelhos, móveis escuros, um elegante piano-bar embalado todas as noites por música ao vivo, espaços privados muito aconchegantes e bem acondicionados - e um cardápio com elaboradas receitas da moderna cozinha italiana combinadas a ingredientes regionais. É necessário analisar como, por quê e sob quais circunstâncias estes atributos realmente agregam valor para o cliente. Com isso será possível entender se estes atributos geram benefícios emocionais, que passam a partir daí a ter significado no processo de experienciação. Os valores descrevem a maneira pela qual a marca pode envolver um problema ou oferecer uma oportunidade ao consumidor, em relação aos sentimentos e desejos, como ela pode fazer sua vida ficar mais fácil, mais alegre, mais divertida ou mais significativa. São classificados em funcionais, sensoriais, expressivos ou 32 emocionais. Segundo (BATEY, 2010), as marcas mais fortes geralmente oferecem uma combinação desses benefícios. A pesquisa pretende determinar quais e como o Vecchio Sogno alcança estes benefícios. Compreender o processo de abstração destes benefícios oferecidos pelo Vecchio Sogno e como eles são identificados e associados à marca pelo consumidor visa definir os caminhos da troca de significados entre as partes, permitindo o aperfeiçoamento das atitudes de indução à identificação do consumidor à marca. Segundo (LIPOVETSKY, 1944), o apogeu da mercadoria não é o valor signo do diferencial, mas o valor experiencial, o consumo “puro” valendo não somente como significante social, mas como conjunto de serviços para o indivíduo. Em sua afirmação o autor retoma a mercadoria relembrando a prestação do serviço como uma construção onde o consumidor se satisfaz. Ainda, quando além do produto ofertado há o conforto que desenvolveria na verdade uma exibição dos signos ostensivos. O indivíduo não se sente completo somente com o produto adquirido, há todo o envolvimento do uso ou privilégio. Os benefícios funcionais são advindos do resultado de um ou mais atributos do produto e sua utilidade funcional proporcionada. No Vecchio Sogno, os benefícios funcionais são possívelmente figurantes, pois se entende que saciar a fome, como atributo ou utilidade funcional é uma característica intrínseca a qualquer modelo de restaurante e não traz nada de novo para esta pesquisa. Porém, entender se os benefícios funcionais do Vecchio Sogno coexistem de forma paralela e igualmente importante aos benefícios emocionais ou são somente o suporte inato de sua concepção é relavente para compreender o processo experiencial. Benefícios sensoriais que se referem à experiência física de uma marca e derivam das suas propriedades sensoriais como aparência, gosto, aroma, etc. O que no caso do Restaurante, é perceptível no ato de se sentar e comer, experimentar a culinária do Vecchio Sogno como forma de proporcionar sensações que o cliente conecta em um determinando momento, por exemplo, às sensações vividas em uma viagem. Sensações que remetem a algo bom são sinais de cognição experiencial, significam que o cliente consegue fazer associações abstratas que não o permitem se desligar mentalmente da marca e que ele está em processo de identificação com a marca. 33 O reconhecimento cognitivo pelo consumidor de certa emoção é de mais destaque que ele experimentando a emoção como consequência do uso da marca, daí o uso da propaganda e do consumo emocional, para Gilles Lipovetsky: Exaltando os ideais da felicidade privada, os lazeres, as publicidades e as mídias favoreceram condutas de consumo menos sujeitas ao primado do julgamento do outro. Viver melhor, gozar os prazeres da vida, não se privar, dispor do “supérfluo” apareceram cada vez mais como comportamentos legítimos, finalidades em si. (Lipovetsky, 1944, p.39-40). O potencial de prestígio que o consumo sempre deixou transparecer, no diferencial de marca, está presente nas emoções e prazeres que afetam o consumidor então citados através dos atributos, benefícios e atitudes resultantes do consumo experiencial. Benefícios expressivos permitem que o consumidor demonstre determinados valores pessoais, o que contribui para seu senso de identidade pessoal e social, como define Battey (2010). Ao frequentar o Restaurante Vecchio Sogno, o consumidor pode se entender e agir como parte de um círculo social que o permite se expressar e ter vivências e sentimentos que o enquadram naquele grupo, definindo naquele momento uma autoimagem consciente ou não, promovendo seu status e se posicionando socialmente como um indivíduo que tem padrões premium de consumo e que por isso ele deve ser também considerado um indivíduo premium, parte de um grupo seleto que se diferencia pelo gosto refinado, o desapego financeiro e a superioridade socioeconômica e cultural. A pesquisa pretende de forma direta e/ou indireta, mas incisiva, decifrar se, e em quais níveis os clientes se importam e correlacionam à representatividade social do ato de consumir em um restaurante premium como o Vecchio Sogno. Ainda, se o seu estilo de vida interesses pessoais, opiniões diversas e atitudes - direcionados ou nao restaurante são determinantes à esta compreensão. Benefícios emocionais consistem nas sensações positivas causadas aos consumidores ao comprar e usar certa marca. Possuem uma dimensão simbólica e mostram como os usuários se sentem ao comprar e usar determinada marca, ainda segundo Battey (2006). A pesquisa pretende compreender as sensações e sentimentos dos consumidores, a fim de verificar as implicações das emoções percebidas pelos mesmos e induzi-los à compreensão de emoções implícitas que 34 não foram identificadas momentaneamente, mas que se encontradas podem ter sido fatores determinantes nas atitudes e identificação. Pode-se supor que o Restaurante Vecchio Sogno tem a capacidade de proporcionar ao consumidor a sensação de pertencimento a um grupo que pode gozar das exclusividades de um restaurante premium, que consequentemente adiciona status às suas características socioculturais. Em suma, os benefícios funcionais e sensoriais são baseados em atributos físicos e em elementos perceptíveis do produto. Usando como referencial o restaurante, pretende-se analisar se os benefícios advindos do ambiente, serviço e das proposições culinárias, trazem benefícios emocionais associados. Estes benefícios emocionais e expressivos são fundamentados nos aspectos sensoriais e psicológicos do consumidor e se percebidos e compreendidos em sua raiz: o consumidor pode passar a fazer parte do apelo simbólico da marca. Para Battey (2010), o ponto até o qual a marca aplica e empreende determinados atributos e benefícios define parte do julgamento que os consumidores dão às suas crenças sobre o restaurante. As atitudes dos consumidores são respostas afetivas às ações do Vecchio Sogno. Nesta pesquisa se pretende determinar as atitudes, interesses e opiniões dos consumidores por toda a larga escala de atributos e benefícios oferecidos, para os quais agem os funcionários e a administração do Vecchio Sogno, como estas sensações são percebidas pelos clientes e como os agentes entendem os seus consumidores para definir seu modus operandi. A pesquisa dará a oportunidade de uma autoanálise do comportamento do consumidor e do comportamento dos funcionários, revelando as semelhanças e disparidades que facilitam e dificultam a compreensão mútua. Entende-se que assim também será possível avaliar os motivos que levam os clientes à escolha de um restaurante premium e dentre outros de mesma categoria, o Vecchio Sogno, a partir dos elementos simbólicos, práticos e psicológicos abstraídos das respostas da entrevista. Ainda segundo Battey (2010), um dos poucos referenciais teóricos que permitem a multidisciplinaridade da análise semiótica, psicológica, comunicacional e de marketing para o entendimento da construção das marcas a partir da perspectiva experiencial, os benefícios emocionais de determinada marca se referem aos sentimentos criados e experimentados pelos consumidores quando a compram ou usam, ou seja, o processo. Será contemplado o entendimento de várias fases deste 35 processo, para que se compreendam as emoções e sensações presentes em cada um deles a fim de conhecer o conjunto que define a experiência. No restaurante Vecchio Sogno, tomado em pesquisa, pode-se alinhar o pensamento de (LIPOVETSKY, 1944) onde o consumo emocional corresponde apenas em parte a esses produtos e ambiências que mobilizam explicitamente os cinco sentidos. O consumidor, ao frequentar o Restaurante, é induzido ao clima do ambiente, à música, atendimento Premium e experimento da culinária que juntos formam uma associação de conceito da marca Vecchio Sogno. 3.4 Identificando os módulos experienciais O marketing dos sentidos se apropria do tato, visão, olfato, audição e paladar como ferramentas de estimulação da cognição para a associação dos mesmos à marca. Em um restaurante, alguns destes sentidos são estimulados em todo momento. No Vecchio Sogno, a apresentação diferenciada dos pratos e os diferentes ambientes físicos são certamente estimuladores da visão. A música ambiente ou a música ao vivo oferecida pelo restaurante e as apresentações no piano bar trazem estímulos auditivos. O cheiro que sai da cozinha e se espalha pelos salões é um excelente estimulador do olfato. A degustação dos pratos da cozinha italiana, com adaptações mineiras é estímulo certo ao paladar. Ainda não se pode definir se estes estímulos são realmente estímulos positivos dentro de suas especificidades ou não. Se estes estímulos estão realmente conectados ao estilo de vida dos consumidores. O marketing do sentimento prevê a vinculação da emoção à empresa e à marca através dos sentimentos, que podem ser de várias formas de motivação. Na afetação da percepção estão os humores que podem ser positivos, negativos ou neutros, as emoções que podem ser causadas por eventos, agentes ou objetos e finalmente os sentimentos que vêm da situação de consumo, mas podem ser influenciadas por ações pré-consumo para serem interpretados da forma desejada, como explicita Schmitt (2001). 36 O marketing do pensamento segue um princípio básico que pode ser entendido resumidamente como: provocar surpresa (quebrando paradigmas, mas apresentando um pensamento ‘embalado’) provocar um interesse (onde o receptor vai além do pensamento apresentado) e ser provocativo (é o momento onde as indagações e discussões que não estavam em foco social antes). “O objetivo do pensamento é incitar o raciocínio criativo dos clientes.” (SCHIMITT, 2001, p.162) O marketing de ação vai além das sensações, emoções e cognições. As experiências de ação podem ocorrer na privacidade ou serem o resultado de interações pessoais. Em si elas são visíveis e os clientes podem usar suas ações (por exemplo, estilos de vida) para mostrar seus valores e autoconceito, como explica Schimitt (2001). O marketing de identificação, além de relacionar a pessoa ao contexto social e cultural de uma marca, é uma ferramenta que passa experiências de sensação, sentimento, pensamento e ação. Para Schimitt (1999) o principal objetivo do marketing de identificação é desenvolver uma ligação entre o significado social da marca e o cliente. Para que o indivíduo simpatize com a marca deve haver um envolvimento de tratamento onde ele se sinta incluso e se identifique com determinado grupo. É por este caminho que aparecem as relações de status, influências e valores que são os “atributos” dos consumidores da marca em questão. Nesse segmento do marketing, há de se pensar nos valores transculturais onde o conceito que mais tem sido usado para diferir as variações entre as culturas é o individualismo e o coletivismo. Mas segundo Schmitt (1999) o marketing de identificação que apela para as normas de grupos de referência funciona melhor nos ambientes coletivistas que nos individualistas. Como os individualistas querem se destacar dos demais e os coletivistas querem se assimilar ao grupo de referência se faz necessário avaliar seus valorese atitudes específicas. Para que a marca se estruture de acordo com os valores culturais dos consumidores, é natural que ela se aplique às qualidades e diferenças que existem naquele grupo. Em relação ao Restaurante Vecchio Sogno tomado em estudo, pode-se referir que em termos de tratamento e ambientação, o comportamento e etiqueta das pessoas que ali trabalham são condizentes aos valores e identificação de seus clientes. Como um sistema social, segundo Bernd H. Schmitt, 37 A comunidade de marca pode exercer um papel social como formadora de opinião, criar web sites, grupos de consumidores e fazer eventos da marca. Os clientes criam experiências compartilhadas que podem levar a marca para uma direção que talvez seja interessante para a empresa. (SCHMITT, 1999, p.195). O que interessa aqui, no caso de uma marca premium, é o indivíduo considerar a marca como parte influenciadora da organização social sem que ele perceba seu papel na construção da marca, que o torne parte da estratégia de promoção da mesma, à partir do ponto em que ele se identifica com os conceitos, proposição e valores do Vecchio Sogno. A questão se embasa na percepção de que uma marca premium é onerosa, mas pode ser consumida por fatores que não baseiem neste quesito. 3.5 Conhecendo os tipos de Consumo Solomon (2005) cria um esquema de classificação para segmentar diferentes meios de consumo. Considerando que produtos e experiências são capazes de proporcionar significados variados para os consumidores. Quando se vai a um restaurante, principalmente os premium, não se está em busca somente da saciedade das necessidades fisiológicas, estamos em busca da saciedade das necessidades psicológicas e sociais, que estão relacionadas a toda a atmosfera que envolve o processo e as pessoas. Assim o esquema se apresenta: a) Consumo como experiência: Uma reação emocional ou estética a objetos de consumo. No caso dos restaurantes, a própria escolha da categoria premium já é parte de uma reação à estética, à plástica e aos fatores psicosociais que diferenciam o ambiente. b) Consumo como integração: entender e manipular os objetos de consumo para expressar sentimentos dos indivíduos ou da sociedade. Como exemplo, alguns restaurantes em 2012 começaram a oferecer vinho em taça, pelo destaque que esta nova solução ganhou na mídia, passou a ser objeto de desejo dos consumidores e os restaurantes viram a necessidade que atender esses consumidores. 38 c) Consumo como classificação: comunicar tanto para si, quanto para os outros a sua associação com os objetos de consumo. d) Consumo como jogo: Usar o objeto de consumo para participar de uma experiência coletiva. É uma das questões a serem levantadas. O consumo global tem ganhado extrema importância nas últimas décadas. Este tipo de consumo oferece ao cliente outras culturas de consumo, que podem e devem ser adaptadas para a realidade local. 3.6 Segmentação de mercado A segmentação de mercado é o processo de dividir o mercado em pequenos grupos, isso quer dizer que, dentro de um mercado existem diferentes tipos de consumidores, diferentes segmentos deles, derivando em diferentes segmentos de produtos e diferentes segmentos de mercado. Como descreve Tomanari (2003), segmentação de mercado é o agrupamento de consumidores de acordo com características semelhantes (sejam elas, idade, sexo, local onde vivem, benefício que esperam do produto, grau de uso do produto, estilo de vida).” Com isso podemos dizer que para se estudar e analisar uma segmentação, existem diferentes abordagens teóricas com essa finalidade segundo certos critérios. Sendo eles: psicográfico, demográfico, geográfico e comportamental. Para o estudo em questão, dar-se-á prioridade às segmentações psicográficas e comportamentais, que melhor verificam as hipóteses levantadas neste estudo, sem desconsiderar as demais, que darão suporte ao cruzamento de informações coletadas. 39 3.7 Mensurando opiniões dos funcionários A escala de Likert é um tipo de escala de resposta psicométrica usada habitualmente em questionários, e é a escala mais usada em pesquisas de opinião. Para o estudo em questão, a escala será usada para entender a opinão dos funcionários do Vecchio Sogno em relação ao estilo de vida, interesses e opiniões dos clientes do restaurante. Ao responderem a um questionário baseado nesta escala, os perguntados especificam seu nível de concordância, ou seu nível de importância com uma afirmação. Os funcionários construirão níveis de crença, percepção das experiências e influências sociais dos clientes do Vecchio Sogno. Rensis Likert, em 1932, elaborou uma escala para medir esses níveis. As escalas de Likert, ou escalas Somadas, requerem que os entrevistados indiquem seu grau de concordância ou discordância, importância ou não com declarações relativas à atitude que está sendo medida. Atribui-se valores numéricos e/ou sinais às respostas para refletir a força e a direção da reação do entrevistado à declaração. As declarações de concordância devem receber valores positivos ou altos enquanto as declarações das quais discordam devem receber valores negativos ou baixos (BAKER, 2005). As escalas podem ir, por exemplo, de 1 a 5, de 5 a 1, ou de +2 a -2, passando por zero. As declarações vão oportunizar aos funcionários expressar respostas claras em vez de respostas neutras e ambíguas. Devido às dificuldades percebidas pelos entrevistadores de obter respostas a conteúdos aprofundados ou abstrações temáticas, a escala de LIKERT mostrou-se a mais adequada ao entendimento da percepção dos funcionários. Mattar (2001) explica que a cada célula de resposta é atribuído um número que reflete a direção da atitude dos respondentes em relação a cada afirmação. A pontuação total da atitude de cada respondente é dada pela somatória das pontuações obtidas para cada afirmação. Giglio (1996) comenta que pesquisas posteriores à elaboração da escala de Likert verificaram que há correlação entre o julgamento (da atitude) e a realidade. A partir dessas evidências, quase todos os questionários aplicados passaram a ter questões que medem as atitudes, com as mais variadas escalas. As principais vantagens das Escalas Likert em relação às outras, segundo Mattar (2001) são a simplicidade de construção; o uso de afirmações que não estão 40 explicitamente ligadas à atitude estudada, permitindo a inclusão de qualquer item que se verifique, empiricamente, ser coerente com o resultado final; e ainda, a amplitude de respostas permitidas apresenta a informação mais precisa da opinião do respondente em relação a cada afirmação. Como desvantagem, por ser uma escala essencialmente ordinal, não permite dizer quanto um respondente é mais favorável a outro, nem mede o quanto de mudança ocorre na atitude após expor os respondentes a determinados eventos. 3.8 Identificando o “Estilo de Vida” dos clientes Para Kotler “um estilo de vida é um padrão de vida da pessoa, expresso por atividades, interesses e opiniões. O estilo de vida representa a pessoa ‘por inteiro' interagindo com o seu ambiente” (KOTLER, 2000, p.191). Segundo a afirmação de Kotler entendemos que o estilo de vida deve ser analisado por diversos âmbitos, que deem uma visão multipolar do comportamento sócio-cultural, baseado em suas concepções e formatações psicológicas, isso quer dizer, que o estilo de vida tem muitas variações e ramificações observáveis, não só sendo analisado ou estudado por meio do poder econômico de um indivíduo, o que podemos entender, exclui o método demográfico como principal mote de análise do estudo em questão. Schmitt (2002) entende que o estilo de vida é expressável, e para que os clientes do Vecchio Sogno entendam a marca como parte de um estilo de vida para mostrar as outras pessoas ou para se entenderem como parte dele para si mesmos é preciso que ele seja orientado pela gestão do restaurante. Orientado em forma de tendências que se transformem em uma “experiência efetiva de estilo de vida”. Ainda segundo Kotler (2000), vemos que um sujeito não pode ser somente analisado por onde ele compra, ou o que ele compra, mais sim por seus gostos, seus interesses e suas atividades. Esses três itens com suas formulações, traduzem de maneira direta ou indireta (mas de toda forma, mais precisa que as segmentações geográfica e demográfica) quem é o cliente, quem será o cliente em potencial, os nichos de segmentação do target e possibilidades de estatégias comunicacionais a partir de abordagens experienciais, o que traria tanto para o Vecchio Sogno, como para os restaurantes da categorização premium de Belo 41 Horizonte, um norte para se adequar as perspectivas culturais e sociais que permeiam sua estratégia. Para a segmentação de restaurante premium, supomos que o sujeito não só compra pelo simples fato de consumir um produto ou um prato, ele compra para despertar toda a experiência, acorrentada de sentimentos e sensações, que geram identificação e o fazem retornar ao restaurante em busca de novas experiências, que poderiam ou não ser acompanhadas de sentimentos e desejos diferentes dos vividos anteriormente. Segundo a definição do “Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem sociológica” (1995), o termo ‘Estilo de Vida’ é um padrão que inclui os tipos de bens e serviços que as pessoas utilizam, o gosto em música, arte, cinema e outros gostos culturais e a escolhas de atividade e lazer.” Com isto, pode-se entender que o estilo de vida, está co-relacionado a como a pessoa vê e vive a vida, e como ela associa seu comportamento social, seus interesses culturais, estéticos, musicais, educacionais, entre outros ao seu consumo diário. E também, como isso se manifesta em situações supostamente diferenciadas em restaurantes premium, sob a perspectiva da alta gastronomia e dos benefícios práticos oferecidos pelo Vecchio Sogno ou outros restaurantes premium de Belo Horizonte. É necessário compreender até que ponto a experiência depende do estilo de vida, se ele é uma construção pessoal que pode ser influenciada pela composição social que o cerca e pelas estratégias comunicacionais e mercadológicas das marcas que se prezam a compreendê-lo mais profundamente. Mais ainda, se é possível que este seja sempre sendo modificado ou amadurecido em relação às suas necessidades de benefícios práticos e emocionais ao longo da vida e da construção de seu papel social, acompanhado de novos desejos e pré-requisitos de acordo com a vivência cultural do individuo. Segundo Schmit (2002), há três maneiras de induzir o sujeito a práticas de estilos de vida co-relacionados à marca: a) Induzindo à ação sem pensar (muito): Às vezes só chamar a atenção para a ação é o suficiente. Por exemplo, entende-se que a ausência de propagandas e a utilização da mídia espontânea como principal mote comunicacional do Vecchio Sogno como algo que têm a intenção de induzir o cliente a pensar que se não é necessário nenhum tipo de propaganda, é 42 porque o restaurante é realmente muito bom e não precisa do cliente. O que sabe-se que não é bem assim. O restaurante precisa do cliente. b) Uso de modelos: A utilização de modelos, através da abordagem de característica e benefícios, implica na utilização de pessoas que representem papéis sociais importantes e perfis sociais passíveis de serem seguidos de acordo com as características do publico em questão que se pretende atingir. Talvez, as personalidades que são atraídas ao restaurante Vecchio Sogno, como políticos e artistas, sejam a representação do modelo de cliente a que o restaurante se dedique a valorizar. c) Apele às normas: As normas sociais, com o tempo e com o oferecimento dos benefícios certos, podem se tornar encorajadores de uma nova perpectiva. Por exemplo, a norma social percebível, de que ao jantar em um restaurante premium você deve se vestir de certa maneira que não lhe agrada, pode, com as percepções de benefícios pelo cliente, se transformar em um prazer para se arrumar adequadamente para ir ao restaurante e não mais significar para ele uma norma. Ainda segundo Schmitt (2002), percebemos que além das experiências físicas, como estar em um restaurante com mobília clássica, prataria fina, pratos esteticamente belos, os estilos de vida duradouros, induzidos pelas marcas, a conexão entre tudo isso e experiências relacionadas com a interação entre as pessoas, explicitada anteriormente pelas explicações do marketing de identificação. Ou seja, nada disso acontece em um vácuo social, onde as relações humanas não têm interferência nenhuma. Em um restaurante como o Vecchio Sogno, entende-se que as relações sociais que se fazem à mesa, ou as que se percebem ao redor, têm influência na construção da experiência pessoal e na definição da perspectiva de papel social que o sujeito ocupa naquele ambiente. Espera-se que com a pesquisa, os clientes do restaurante possam demonstrar suas sensações, emoções, cognição, interações, interesses, perspectivas, estilos de vida, e se possível, seus valores e autoconceitos. 43 3. 9 Entendendo os perfis psicográficos segundo VALS 2 A escala VALS foi desenvolvida por Arnold Mitchell em 1983, no SRI - Stanford ResearchInstitute (http://www.sric-bi.com/VALS/) e preconiza que as pessoas são representada motivadas por sua por duas motivação, grandes traduzida auto-orientações. por seus ideais A primeira, (quando os consumidores fazem uma escolha baseada em critérios abstratos e idealizados, e não por sentimentos ou desejo de aprovação dos outros); suas realizações (quando os consumidores buscam ser aprovados por um grupo reconhecido, e lutam por posição social de destaque); sua autoexpressão (quando são levados por um desejo de atividade social ou física, movidos pelo desafio e pela resistência aos controles). A segunda, representada por seus recursos, compostos por sua energia, autoconfiança, intelectualidade, pela busca por novidades e inovações, por sua impulsividade, liderança, vaidade, além da sua situação financeira. O método Vals criado em 1983 deu origem ao novo instrumento de pesquisa Vals 2. O Vals 2 se preocupa mais com os valores psicológicos e comportamentais influenciados pelo consumo do que com os valores propriamente ditos do Vals. É uma versão atualizada do Vals e se diferencia que não só engloba renda ou profissão, mas vai além disso e separa o grupo de segmento por oito categorias individuais essas sendo: Innovators (inovadores), Thinker (idealista), achiever (empreendedor), experiencer (experimentador), believer (conservador), striver (esforçado), maker (habilidoso), suvivor (sobrevivente). Essas divisões se dão de forma hierárquica chegando até o topo da cadeia. Esses conceitos são para os consumidores americanos, não tendo uma pesquisa propriamente dita e aplicada para os consumidores do Brasil. Sendo que os termos traduzidos ainda não têm conexão exata para os basileiros, apesar de alguns estudos e adaptações. Na figura 1, o diagrama do Vals 2, segmenta os pefiis de estilo de vida. 44 Figura 1 - Diagrama Esquemático dos Oito Grupos do VALS-2 Os nomes anteriormente escritos como actualizers, fulfilled e struggler foram passadas para consequentemente innovators, thinkers e suvivors em 2002 pelo Instituto SRI. Tendo em vista as diferentes controvérsias sobre as traduções para o português desses perfis, adotamos a tradução feita pelo Alípio Veiga-Neto (2007), que o mesmo traduziu para melhor entendimento no conceito brasileiro, segue as traduções e o perfil de cada segmento: 2. Os Inovadores são pessoas com a altoestima acima da média, bem sucedidos e estão preocupados em fazer a diferença em qualquer âmbito de seu convívio. São guiados por desejo de ação e às vezes por seus princípios, estão abertos a mudanças e seu status é 'emergente' ou de situação financeira estável. Sua diversão está regada pelo requinte de quem quer aproveitar o melhor da vida, não pelo status em si, mais para saborear e diversificar as suas experiências. 3. Os Idealistas são o grupo formado por indivíduos maduros que apreciam o conforto à priori. A maioria, se não todos, tem uma privilegiada condição financeira, são formados, ou às vezes aposentados recentemente. Estão sempre ligados às notícias e as novidades do mundo da comunicação. São sujeitos muito ligados à família e sua diversão está quase sempre relacionada ao convívio familiar ou a 45 presença em ambientes familiares. Eles procuram segurança e tranquilidade, mas nem por isso deixam de ser indivíduos abertos a nenhum tipo de mudança na sua vida pessoal. Em suma, são consumidores conservadores e buscam nisto os objetos de consumo que o transmitem esta sensação. 4. Os empreendedores são os sujeitos que trabalham e prezam por fazer aquilo que gostam e que lhes dá prazer. Eles têm sempre uma carreira de êxito, não gostam de correr riscos e querem sempre manter o controle de suas vidas. Eles adquirem produtos que lhes dêem status porque estão sempre muito preocupados com o que os outros dizem. Eles também estão mais ligados à família e ao trabalho. 5. Os experimentadores são, em sua maioria, jovens que gostam de experimentar, de se diferenciar e às vezes, se rebelar ao status quo da maioria da juventude. Neste caso esses consumidores gostam do novo, de experimentar e não têm o menor problema em correr riscos. Eles invejam o prestígio alheio e tendem a ter idéias sempre contrárias à maioria. A grande parte da sua renda vai para artigos de comida rápida, roupas, música, entre outros. Estão sempre ligados a esportes e atividades físicas dinâmicas. 6. Os conservadores são sujeitos tradicionais, ligados essencialmente à família e à igreja. Estes têm sua conduta ética enraizada, não possuem uma renda excessiva mas a que têm lhes dá o direito de viver bem, cercados de familiares e lhes dá a oportunidade de estarem atentos e ativos na manutenção do seu lar. Estes, geralmente consomem produtos tradicionais de marcas igualmente tradicionais. 7. Os esforçados são indivíduos que procuram principalmente a aprovação de quem os cerca. Eles estão sempre se preocupando com o que pensam de suas atitudes, interesses e opiniões. Não têm autoconfiança e tendem a ter pouco poder econômico. Geralmente são frágeis psicologicamente e para eles o status é imprescindível. Seu foco é fazer fortuna, mas não se preocupam em economizar para isso pois, geralmente, são consumidores impulsivos, pois vivem de aparência e não podem parar de consumir. 8. O habilidosos são consumidores geralmente ligados à família e não fogem muito desse parâmetro, sabem do seu valor, são autoconfiantes e autossuficientes. Não são adeptos a mudanças de opiniões e são consumidores conservadores. Não consomem por impulso e geralmente só enxergam os fins práticos e objetivos. Não compram se o produto ou serviço não tiver um fim prático, útil e conservador. 9. 46 Os sobreviventes são as pessoas geralmente no final da pirâmide social, pessoas de poder aquisitivo bem limitado, vivem uma vida precária, são passivos socialmente e geralmente não têm visão de futuro. São tipos de consumidores fiéis às marcas e sempre são muito cautelosos já que sua renda não lhe dá o direito de errar na hora da compra. Não gostam de assumir riscos nem experimentar. 47 4 - TERCEIRO CAPÍTULO: A conexão. O presente capítulo apresenta a metologia aplicada à pesquisa e seus desdobramentos, a fim de relatar a trajetória, os sucessos, barreiras e resultados da mesma. 4.1 - Metodologia A fim de verificar a compatibilidade da troca de significados entre consumidores e o restaurante, bem como de mensurar as relações existentes entre a percepção que a equipe de funcionários do Vecchio Sogno tem da experiência proporcionada, das atitudes, interesses e opiniões dos seus consumidores em consonância com o posicionamento dos mesmos dentro dos módulos experienciais, optou-se por pesquisar três grupos previamente segmentados: os consumidores, os funcionários do Vecchio Sogno que lidam diretamente com o consumidor e a administração do Vecchio Sogno que concebe as ações e estratégias de comunicação e marketing. Antes da realização das entrevistas, foi feita uma pesquisa bibliográfica para embasar teoricamente o projeto, para a construção de narrativas que sustentam as entrevistas com clientes e a equipe Vecchio Sogno e consequentemente para a análise das mesmas. Por causa da escassez de base teórica sobre o mercado gastronômico em Belo Horizonte sob perspectivas comunicacionais, experienciais e do comportamento do consumidor, foram pesquisadas várias fontes secundárias, como revistas, jornais e sites especializados que permitiram apenas a constatação do panorama essencial do mercado local e do Vecchio Sogno. No primeiro grupo - de consumidores - foi aplicada uma entrevista qualitativa semi-estruturada, que deu mais liberdade ao entrevistado de verificar o estilo de vida dos clientes segundo o método VALS-2, os módulos experienciais, as influências psicossociais do consumo em restaurantes premium e as interferências comunicacionais das relações estabelecidas sob a perspectiva das percepções, atitudes, interesses e opiniões dos clientes sobre o restaurante Vecchio Sogno. Também, mostrou-se relevante compreender as confluências significativas e 48 comparáveis entre outros restaurantes de Alta Gastronomia e restaurantes de padrão inferior para verificar os aspectos mais relevantes para categorização de um restaurante como premium. Sob os critérios do método de abordagem hipotético-dedutiva contempladas no capítulo anterior, as questões foram formuladas de modo a atender às perspectivas de uma pesquisa experimental de natureza qualitativa, procurando absorver ao máximo dos entrevistados o entendimento dos benefícios práticos e emocionais proporcionados pelo restaurante, a categorização e entendimento da experiência como um todo e suas partes mais relevantes para a geração de identificação, as percepções do cliente sobre todos os fatores que intermediam o relacionamento entre os mesmos e o restaurante; além das interferências da experiência gastronômica e dos seus atores ali presentes. As questões referentes ao estilo de vida foram embasadas na reversão das definições de perfis conforme VALS-2 em perguntas semi-estruturadas e na interpretação do questionário quantitativo-base oferecido pelo AMA, para que as questões qualitativas desta pesquisa pudessem atender às perspectivas do modelo. Foi feita uma tentativa de aplicação de um questionário semi-estruturado, quantitativo, no próprio restaurante, por ocasião da estada do cliente mas a administração do Vecchio Sogno impediu o acesso aos clientes de qualquer forma. Assim, o grupo resolveu contatar os clientes usando outras abordagens. Três clientes foram encontrados na internet onde por várias vezes fizeram check-in, (compartilharam em redes sociais sua presença no restaurante) Vecchio Sogno, e foram convidados a participar via mensagem na rede. Outros dois clientes são pessoas conhecidas dos entrevistadores e foram convidados pessoalmente. Outros dois clientes foram convidados à partir da relevância de suas críticas em sites e guias especializados em restaurante. Os outros três clientes foram abordados ao sair do restaurante, Vecchio Sogno, quando as entrevistas foram marcadas. Coincidentementemente, os clientes que se dispuseram a responder à pesquisa, com uma média de uma hora e meia de duração construíram na introdução da pesquisa - que leva em consideração as principais referências demográficas - uma escala de frequência, renda e nível de escolaridade que completou a sequência de opções, o que permitiu a suposição de que ali se representam os principais grupos de clientes relevantes à pesquisa. 49 Os entrevistados, ao contrário do que sugeria a administração do resturante, se mostraram interessados e dispostos a respondê-la, até com certo orgulho em poder avaliar o restaurante e contribuir para o desenvolvimento do setor gastronômico de Belo Horizonte. Por se tratar também da construção de um perfil consumidor que implica em questões psicológicas e muito pessoais dos envolvidos, o grupo optou pela não divulgação dos nomes dos entrevistados para evitar a exposição pública de suas características psicossociais e para facilitar a aproximação com os mesmos. No segundo grupo – de funcionários do Vecchio Sogno que lidam diretamente com o consumidor – foi aplicado um questionário constituído por questões fechadas, que visa mensurar as atitudes destes funcionários (garçons, metries, sommeliers, recepcionistas e motoristas) no dia a dia do restaurante e suas percepções em relação às atitudes, interesses e opiniões dos consumidores do Vecchio Sogno sob a perspectiva dos módulos experienciais: sentimento, pensamento, ação e principalmente identificação. Construiu-se uma pesquisa exploratória de natureza quantitativa, na forma de questionário de autoaplicação e medidas de opinião e atitudes frente à percepções sobre os consumidores utilizando a escala de LIKERT. Todos os funcionários que lidam diretamente com o público no Vecchio Sogno responderam ao questionário sob a supervisão de um dos pesquisadores deste grupo e apresentaram dificuldade para compreender as questões que demandavam qualquer tipo de interpretação, por mais simples que elas tenham sido elaboradas, já que o grupo tinha antecipando esta probabilidade. No terceiro grupo – da administração do Vecchio Sogno – foi feita uma entrevista estruturada com os principais envolvidos (o Chef e Diretor Executivo Ivo Faria e a Diretora de Marketing) com o intuito de mensurar e comparar estratégias de geração de identificação com o consumidor, diferenciação frente aos concorrentes, estruturação administrativa, composição estrutural do mix de marketing, influências sócioeconômicas dos consumidores e influências gastronômicas e administrativas como fatores determinantes na construção do sentimento, pensamento, ação e identificação do consumidor em relação ao restaurante, ao chef e ao meio Belo Horizonte. Foram aplicadas duas entrevistas semi-estruturadas de natureza qualitativa, específicas para cada um dos envolvidos, que se completam para a construção das análises possíveis descritas no capítulo anterior. 50 A entrevista com o Chef Ivo Faria foi solicitada pelo grupo por mais de seis meses e com a agenda cheia foi marcada após um período de onze meses da primeira solicitação. A entrevista foi administrada no próprio restaurante e teve uma hora de duração. A entrevista foi orientada a princípio para as percepções socioeconômicas, mercadológicas, administrativas e comunicacionais que norteiam a gestão do resturante. Em outro nível, a pesquisa se dedicou a compreender o papel, comportamento, a gestão da imagem, os interesses e opiniões do Chef. Ainda, a pesquisa procurou compreender as definições e análises do Chef em relação aos perfis comportamentais e psicológicos dos consumidores que frequentam o Vecchio Sogno. Por fim, procurou-se entender como o Chef, provedor da identidade gastronômica do restaurante, entende a questão gustativa e suas implicações para a construção de valor para o cliente. 4.2 Análise 4.2.1 Os clientes A pesquisa realizada com os clientes do Vecchio Sogno apresenta, introdutoriamente, quesitos demográficos essenciais, pelos quais se pode absorver informações relevantes para a criação de um contraste entre as perspectivas da segmentação psicográfica e os em relação à segmentação demográfica dos clientes. Foram levantados os dados renda, sexo, escolaridade, situação (trabalhador ativo ou aposentado), profissão e frequência no Vecchio Sogno. Os dados coletados levaram ao preenchimento das categorias demográficas estabelecidas, em uma escala que abrange os módulos essenciais principais de cada uma delas. Foram identificados perfis de renda pessoal mensal de baixo-médio (entre dois mil e cinco mil reais) a muito alto (acima de cinquenta mil reais), sendo que o muito alto se repetiu por três vezes e os outros acima deste somente uma. O perfil de renda dos clientes se mostrou elevado frente à media de renda populacional brasileira. Os consumidores, em sua maioria, têm estabilidade financeira e empregatícia. 51 Quanto aos níveis de escolaridade, coletaram-se os seguintes perfis: técnico (1), graduado (3), especialista (2), mestre (2) e doutor (1). Comparativamente ao perfil de renda, pode-se dizer que há uma paralelidade entre os níveis de escolaridade dos entrevistados, que estão todos acima do segundo grau completo com as constatações relativas à renda dos mesmos. Constatando o sexo dos entrevistados, seis dos entrevistados eram do sexo masculino e três do sexo feminino. Todos os homens entrevistados mostraram-se provedores (considerado aqui como personagem que é base econômica e sociocultural da estrutura famíliar à qual pertence), com carreiras de sucesso ou em ascensão. Das entrevistadas, aplicando a mesma consideração, duas eram também provedoras, mães e também com carreiras de sucesso ou em ascensão. A terceira tem o marido como provedor e é dona de casa. As profissões coletadas foram: técnico (1), profissional de relações públicas (1), consultor de marketing (2), Advogado/Juiz (2), político & empresário (1) empresário (2). Profissões estas que, em sua maioria, tendem a ter elevados padrões de reconhecimento social frente às concepções sociais brasileiras. Todos os entrevistados se revelaram trabalhadores ativos e a correlacionar sempre o trabalho como base de sua vivência e personalidade. A frequência se demonstrou escalar, passando também por todos os níveis: baixa (uma vez por ano - 1), baixa-média (duas a quatro vezes por ano - 1), média (cinco a nove vezes por ano – 2), média-alta (mais de uma vez por mês - 2), alta (uma vez por semana - 2), muito-alta (mais de uma vez por semana - 1). Percebeu-se que o Vecchio Sogno, com raras exceções, permite um padrão de consumo diário, pelo alto valor das refeições até para os perfis mais ricos na escala. Também, é provável que o consumidor do restaurante tenha perfis de estilo de vida que se enquadrem muito mais em características de experimentação que de acomodação e repetição. A questão: “você costuma consumir por impulso? Comer fora só por prazer, comprar coisas inúteis, ...? O que te motiva, te atrai, te leva a consumir?”, era indutiva e conduzia a uma autoanálise do perfil consumidor, não só a fim de compreender os características de consumo, mas com o objetivo de entender o processo comportamental destes clientes. Os consumidores se demonstraram susceptíveis primeiramente às suas necessidades, estas se estabelecendo em razão dos benefícios práticos dos produtos (utilidade, praticidade, desempenho); em seguida, por seus desejos e vontades (benefícios emocionais, como desejos 52 passíveis de compra mediante qualquer valor, ignorando qualquer aspecto prático); e pelas características físicas e observáveis do produto e sua apresentação (beleza, aspectos materiais, percepções visuais). Apenas um dos entrevistados referiu-se aos serviços de forma espontânea como fator decisivo de motivação à compra. Este, colocou o atendimento como motor da compra e as características e benefícios do produto como fatores secundários. Em seguida, perguntou-se: “Se você recebe um convite de alguém importante para você, comercial ou socialmente, para jantar no Vecchio Sogno, supondo que para a sua condição financeira naquele momento não seria adequado que você gastasse tanto em um só jantar, o que você responde? Ou isto não tem importância? Por quê?”. Procurou-se definir inicialmente as implicações comerciais e sociais de consumo no Vecchio Sogno; a visão estratégica de ação do cliente frente aos seus valores individuais e características psicossociais e financeiras, relativizando o grau de importância da família versus negócios, para interpretação do perfil psicográfico dos mesmos. Percebeu-se que os clientes desconsideram o valor monetário do consumo no Vecchio Sogno, quando existem implicações comerciais ou sociais, determinantes ou não, na construção de suas carreiras profissionais. Só a possibilidade da realização de um negócio, utilizando o Vecchio Sogno como suporte e mediador da ocasião, fez os clientes subjugarem qualquer situação financeira vivida ou laços de comprometimento familiar no momento de decisão pelo restaurante, com o objetivo de maximizar o momento pretendido e ampliar as perspectivas de oportunidade. Também procurou-se estabelecer as perspectivas do cliente frente ao ato de comer no Vecchio Sogno. Os clientes reincidiram em interpretar a ida ao restaurante como forma de validar a formalidade da ocasião, levando à compreensão de que o restaurante serve a fins que implicam na construção ou manutenção de um relacionamento profissional com os envolvidos à mesa. Somente dois clientes assumiriam a sua condição financeira delicada naquela ocasião e sugeririam algo diferente, mesmo com a especificidade da relação. Na questão: “Você é muito ligado à sua família, a seus amigos, a seus colegas de trabalho, ...? Quem mais te influencia nas suas decisões de escolha e compra?”, procurou-se compreender os laços determinantes nas decisões de compra. Quais são, e porque, os nichos ou personagens que exercem algum tipo de influência sobre o seu consumo. 53 Os clientes se posicionaram primeiramente de forma a correlacionar à família os aspectos de decisão mais importantes, esta, como provedora de valores individuais que afetam o seu consumo diário. Os clientes também trouxeram à luz a compreensão de que, em sua extensa maioria, seu perfil comportamental parte principalmente da educação, relações e compartilhamento familiar. Como segundo provedor de valores - desta vez sociais - e informações que subjetivam a escolha e compra de determinados produtos estão os amigos e colegas de trabalho. Para induzir ao entendimento dos critérios de subjetivação da construção de valor de marca, e identificação com marcas ainda em uma perspectiva de autoanálise dos clientes, perguntou-se: “você geralmente é fiel às marcas que consome? (ou, pra você, geralmente a marca não importa?) Porquê?”. Percebeu-se a divergência entre dois perfis: o das marcas que oferecem produtos finais e o das marcas que oferecem serviços ou o mix de produtos e serviços, como o Vecchio Sogno. A fidelização em relação a produtos sem serviço agregado, ou cuja relação com a marca independe do serviço terceirizado de compra: higiene, roupas, calçados, alimentos, entre outros, mostrou-se uma constante e sua continuidade parte de três princípios: qualidade, manutenção da qualidade, e por fim, as competências dos novos entrantes (produtos concorrentes recém-lançados naquele nicho de mercado) frente ao produto estabelecido e fidelizado pelos mesmos. Quanto às marcas que oferecem serviços, mix de produtos e serviços, e produtos cuja relação com a marca depende fundamentalmente dos serviços agregados: restaurantes, hotéis, maisons, entre outros; não parece haver uma constante, como a anterior, sob critérios específicos. Os clientes foram taxativos quanto a estes na percepção da improbabilidade da fidelização, partindo do pressuposto que a experimentação é uma de suas necessidades mais marcantes nestes modelos. Mesmo encontrando marcas que lhes agradem e lhes conquistem, preferem experimentar marcas que nada têm a ver com as qualidades apreciadas na anterior, a ser fiel a elas. Somente um dos clientes suprimiu o valor da marca, avaliando sua relação como independente de qualquer critério de marca. Em dois dos clientes, percebeuse total incoerência na construção lógica desta relação: se julgando experimentadores convictos e, paralelamente, totalmente fiéis às marcas que consomem. 54 Para compreender os desdobramentos observáveis das relações sociais e das consequências psicológicas do comportamento consumidor, a fim de estabelecer alguns critérios do padrão sócio-comportamental dos clientes do restaurante, supôs-se uma situação vexatória para os mesmos no ambiente do objeto estudado, na questão: “Você está em um jantar com seus amigos e comete uma gafe terrível. Como você se comporta nessa situação?”. Assim, percebeu-se na maioria dos clientes um comportamento extrovertido, onde a posição vexatória não tinha influência negativa ou precedia uma tentativa compensatória de contornar a situação. Abstraiu-se através das respostas dos clientes que mais discorreram pelo fato, que na fase da vida em que se encontram, com situação financeira estável, relativo ou completo sucesso profissional e autoconfiança elevada, a exposição de falhas ou erros perante as pessoas do seu círculo social em nada influenciavam no seu comportamento. Ao contrário, na maioria das vezes, o fato tornou-se motivo para diversão e extroversão. Ainda, compreendendo percepções cognitivas dos padrões sócio- comportamentais dos consumidores o Vecchio Sogno em uma perpectiva de autoanálise, perguntou-se: “Quando você se senta no Vecchio Sogno, como você se sente em relação aos outros clientes que estão ao seu redor? Eles se parecem com você de alguma maneira (se comportam como, se vestem como, falam como...) ? Você já se sentiu desconfortável neste tipo de ambiente? Comente.” Percebeu-se um padrão de desinteresse pelo comportamento, perfil ou aparência alheia dos outros consumidores a princípio. Quando estimulados à percepção da identificação, os clientes tenderam à negação e acabaram por inferir críticas e pré-julgamentos referente ao comportamento dos outros clientes do Vecchio Sogno. Apesar de unânime a percepção de conforto, os clientes entedem que a maioria das pessoas têm comportamento distinto ao seu, que em uma análise subjetiva e de entrelinhas significativas do discurso, alguns clientes julgaram como um padrão, comportamentos indistintos, sob os critérios: arrogância, elitização e intimidação. A análise verificou que, igualmente numerosa, a outra parte dos clientes não percebeu estes critérios e se julgou extremamente compatível com o perfil dos demais frequentadores. Alguns citaram os garçons como termômetros do perfil dos clientes. Estes, seriam capazes de identificar com facilidade o modus operandi do cliente e se adptar ao seu perfil, reorganizando seu comportamento e atendimento frente ao cliente imediatamente. 55 Para começar a compreender os valores pessoais mais importantes, que figuram entre os principais motores da experienciação e começam a definir o perfil psicográfico dos clientes, a pesquisa incitou-os a definir conceitos, atitudes, nível de importância e opiniões sobre os temas específicos: religião, família, educação, trabalho, dinheiro e amizade. Os temas possibilitaram um entendimento mais aprofundado do perfil pessoal e comportamental dos clientes do Vecchio Sogno. Os pontos aqui abordados serão os mais comuns, analisados como relevantes aos objetivos desta pesquisa. Para os clientes, a religião está diretamente relacionada à espiritualidade e indiretamente relacionada à igreja ou outros templos de oração. Os clientes se demonstraram pouco religiosos e muito espirituais. Todos eles disseram acreditar em uma “força maior”, que rege suas ações e comportamentos, porém, com valores absorvidos de religiões antes praticadas. O que esta análise interpreta, a partir dos dados, como um fator de autoconhecimento e independência das instituições religiosas. Parece haver uma transferência de foco, onde os valores pessoais já foram suficientemente estruturados e amadurecidos ao ponto em que as instituições perderam seu ser valor direcional e orientador, transferidos agora para compreensão da autoimagem e análise de consciência. A maioria dos clientes que ainda pratica alguma religião assume fazê-lo somente para o cumprimento de um “rito social”. O que pode demonstrar o que vem sendo negado na maioria das vezes pelos mesmos: a preocupação com o olhar do outro sobre seu comportamento. Para os clientes a família é essencial e intermitentemente descrita como “suporte”. Suporte para suas relações, para seu conhecimento, suporte psicológico, financeiro, emocional e educacional. A família é, para eles, fonte motivacional de todo o resto. A educação tem importância fundamental em suas vidas. Os clientes se demonstraram, estudiosos, pesquisadores, sempre insatisfeitos com seu nível de instrução e sempre em busca de mais conhecimento. Alguns ainda abordaram a educação como fundamental em outro nível: a educação como polidez. Para estes clientes, a forma de falar, de tratar e se relacionar com as pessoas tem extrema importância, não só para suas vidas profissionais, mas como uma forma de autorrealização. Ser polido com as pessoas do dia a dia é uma fonte de prazer. Entendeu-se ainda que o feedback das pessoas com quem lidam diariamente, respondendo à polidez com polidez, também é fundamental para que estas pessoas 56 mantenham qualquer tipo de relação com os mesmos, sejam elas subordinadas ou não ao seu comando. Trabalho e dinheiro foram os itens sobre os quais os clientes demonstraram mais entusiasmo ao falar e que trouxeram à tona mais detalhes do perfil destes clientes. Foi percebida a grande importância do trabalho na vida destes clientes, mas principalmente, a exultante paixão pelas funções que exercem. A realização profissional é um sentimento quase unânime. Os que não estão totalmente realizados, estão se sentindo próximos a isso. Foi percebido que, de acordo com a elevação do padrão financeiro, o nível de preocupação com o trabalho diminui, a carga de trabalho diminui, a satisfação com a função aumenta e o interesse em manter-se ativo também. O mais interessante foi a forma de relativização do dinheiro em suas vidas. O padrão: “dinheiro traz felicidade sim” foi constatado ou explicitado em todos os clientes entrevistados, sem exceção. A maioria já não têm preocupações financeiras e associa dinheiro a lazer, prazer e recompensa pelo seus esforços na vida. Os clientes não exitaram em correlacionar dinheiro ao Vecchio Sogno, como uma forma de prazer. O “momento Vecchio Sogno” pode ser entendido como um momento pelo qual os clientes têm prazer em pagar pelo que se oferece, mas acima de tudo o prazer em poder pagar por ele com tranquilidade. Foi regular o uso de expressões como: “nesta fase da minha vida”, “na fase que estou entrando”, “agora estou mudado”, “neste momento, eu não tenho essa preocupação” acompanhadas do sentimento de alívio ou insinuações à despreocupação com várias das principais angústias da vida contemporânea. Assim, a pesquisa constatou que estes clientes são pessoas que estão em processo, ou já completaram um período de transição de suas vidas: do esforço extremo à experimentação dos prazeres advindos do sucesso de suas carreiras profissionais e das compensações financeiras deste sucesso. Ainda, para entender melhor o padrão anterior e trazer mais detalhes do perfil dos clientes, foi perguntado: “Você é muito rígido consigo mesmo, costuma se cobrar muito e nunca se sente satisfeito com o seu desempenho ou com o que tem? Comente.” O perfil apreendido apresentou três características essenciais: perfeccionismo, profissionalismo e autovigilância. São estes os principais aspectos da autoanálise dos clientes. Eles entenderam que se cobram além do que deveriam e não têm muito controle sobre isso. A rigidez com as atitudes e os padrões de qualidade do produto de seu trabalho é nítida. 57 Na busca de uma melhor compreensão do comportamento do cliente à mesa e dos níveis de experiência pretendidos pelos mesmos frente aos benefícios funcionais das proposições gastronômicas, perguntou-se: “Em um restaurante, você está com o cardápio à sua frente e precisa escolher os pratos. O que você normalmente prefere: escolher o principal que já comeu e gostou, mas experimentar novos pratos na entrada e na sobremesa; escolher todos os pratos que você nunca experimentou, ou escolher todos os pratos que já conhece para não errar. Por quê?”. Os clientes mantiveram o padrão de experimentação, como característica essencial. Alguns critérios foram percebidos como suporte à esta decisão em diferentes situações: sugestão da casa ou do garçom para novas experiências em novos restaurantes, repetir o prato que mais gosta em restaurantes já conhecidos, mas não muito frequentados e experimentar novos pratos às vezes, evitar repetir os pratos em restaurantes cuja frequência é alta. Entendeu-se que com a média de frequência apresentada pelos clientes no Vecchio Sogno, estes preferem experimentar sempre novos pratos, repeti-los seria um desperdício de tempo e dinheiro dos clientes, já que o Vecchio Sogno tem vários pratos apreciados pelo público e que o cardápio muda constantemente em ocasiões e datas especiais ou simplesmente para garantir a renovação do mesmo. Apesar das várias características psicocomportamentais apresentadas, os clientes ainda foram induzidos a pensar em experiências marcantes, os sentimentos presentes, e as pessoas envolvidas, para compreender o modus operandi da experiência em suas vidas, através da pergunta: “Tente se lembrar de alguns dos momentos mais marcantes de sua vida, que “nunca vai se esquecer e que se lembra com detalhes. Você não vai precisar falar o que é. Mas diga, com quem você geralmente estava nestes momentos? Qual o sentimento geralmente predominava: emoção, realização, indignação, arrependimento, tristeza, ...?”. A constatação foi significativa. Os clientes apresentaram quase em mesma escala: família como principal círculo de grandes experiências vividas. Somente dois clientes relacionaram as suas experiências mais importantes com os amigos. O principal sentimento relatado foi a felicidade. A significância destes fatores é apresentada na relação ímpar destas constatações com o padrão de clientela do restaurante, que serão na conclusão do perfil psicográfico dos clientes. Ainda para compreender o perfil, perguntou-se: “o que é mais importante para seu futuro?” A resposta foi ímpar: manutenção da carreira e todos os seus benefícios 58 para si e para a família. Os clientes se apresentaram em busca da tranquilidade ou da manutenção dela, com várias descrições que reforçam a constatação feita previamente sobre a fase transitória ou entrante do estilo de vida destes clientes. Ainda para verificar o perfil psicológico e relacional dos clientes, eles foram estimulados a falar: “Como você encara, ou acha que encararia, o fracasso? E a rejeição?” Poucos foram os clientes que encararam o fracasso como uma oportunidade de crescimento e que não o relacionaram diretamente à área profissional. A maioria dos clientes teria reações extremas de desespero e autopunição. Foi percebido inclusive o nervosismo que traz o assunto, mesmo quando somente comentado. O que se pode concluir que estes clientes se impõe uma cobrança muito rígida à manutenção de seu padrão de vida, mesmo ocupando posições de sucesso. A rejeição foi tratada como uma situação ainda pior que o fracasso. Na maioria dos casos a rejeição foi diretamente relacionada ao círculo e não a pessoas específicas. O que indica que os clientes, agora mais abertos, como perceberam os entrevistadores, começaram a expor suas preocupações com o comportamento e avaliação social, que foram negados por algumas vezes nesta análise, quando perguntados de forma mais direta. Para completar algumas lacunas do perfil, como interesses e opiniões, os clientes foram questionados sobre tópicos básicos que permeiam as discussões sociais e se transferem como características individuais e estilos de vida. Os tópicos foram estimulados um a um e desenvolvidos com interferências do entrevistador para o aprofundamento dos mesmos. “Fale o quanto você sabe, se informa, se comporta e consome: Moda. Gastronomia. Política. Economia. Música e Shows .Viagens .Saúde e Beleza .Cultura e Educação”. As discussões foram longas e os clientes apresentaram detalhes sobre cada assunto, mas buscando simplificar esta análise, serão relatados apenas os aspectos mais reincidentes e relevantes a esta construção do perfil psicográfico dos clientes. Os clientes associaram diretamente moda a bem-estar e o olhar externo sobre a moda que consomem como secundário. Em sua maioria, se informam pouco, sem curiosidade ou propensão a tendências. Canais de TV como o GNT e revistas de moda nacional foram os veículos mais citados. Os clientes apresentaram um perfil de preocupação com saúde física com foco na saúde mental, também associando saúde a bem-estar. A maioria pratica exercícios físicos regularmente e visita médicos periodicamente. 59 A beleza foi sempre relacionada à aparência. As mulheres queriam se sentir bem para os homens e os homens se sentir bem para as mulheres, mas, de preferência, sem intervenções estéticas. A música pareceu o assunto mais animador. Todos consomem muito do mundo fonográfico. Seus estilos transitam entre MPB, rock, jazz, blues e música clássica. Os clientes são adeptos dos CD’s e poucos são os que consomem música via internet, mas se informam principalmente por este veículo. Os clientes ainda apresentaram muita intimidade com o mundo artístico, convivendo com pessoas do meio e transitando entre estilos, dentro dos citados. Ainda, os clientes não exitam em pagar por shows, principalmente se forem em ambientes mais requintados e selecionados, sempre prezando pela segurança e pelo conforto deles e suas famílias. Cultura foi o tópico com a maior recorrência de conhecimento, busca de informação, aplicação ao comportamento e objeto de consumo. Todos os clientes se demonstraram exaustivamente interessados. A este tópico convém maior análise, pois, todos clientes entenderam a cultura como mote de sobrevivência em seus círculos sociais. A cultura perpassa quaisquer interesses pessoais básicos, sendo objeto fonte de posicionamento socioeconômico e parte essencial de seus estilos de vida. Ainda, é relevante relatar a posição sobre o assunto de alguns dos entrevistados para exemplificar que a constatação vai além da dedução: “ gasto em arte, contemporânea ou clássica (...) gasto em livros (...) isso tudo é bem interessante, depende de quem está ao seu lado. Eu tenho uma amiga, por exemplo, que gasta muito com roupa e vive me falando que eu sou muito mão de vaca! Mas o fato é que eu prefiro gastar todo o meu dinheiro com cultura. Eu pago tranquila e sem choramingar! (...) Ela não gastaria, mas eu gasto duzentos reais para ir ao Vecchio Sogno comer, tranquilamente!” outra cliente ainda relata “(...) amanhã mesmo vou fazer um curso de museologia, que não tem nada a ver, mas envolve cultura e educação, então me interessa. Amo também, tudo que está ligado com arte, eu gosto (...)”. Para completar, outro cliente traz um interessante e relevante conceito de cultura: “todo mundo confunde cultura com algumas coisas fúteis da vida, mas cultura pra mim é você frequentar lugares interessantes com pessoas interessantes e principalmente ler coisas interessantes.” O que também foi constatado em todos entrevistados, com associações ou não ao restaurante, mesmo 60 não sendo estimulados à esta associação. Assim, percebe-se que a relevância cultural para a vida destes clientes tem direta associação não só com seu estilo de vida, mas já em uma análise final, com o consumo no Vecchio Sogno. Política só foi um assunto discutível à mesa para o político entrevistado. Os outros clientes acham o assunto desagradável, mas entendem seus papéis de cidadãos e procuram se informar o quanto podem. A maioria dos clientes têm trabalhos que de alguma forma se relacionam com política, mas preferem não tocar nesse assunto sempre que possível. A economia foi um tópico mais relevante. Antagonicamente ao relatado na política, os entrevistados demonstraram maior interesse e classificaram como um dos assuntos favoritos mesmo estando também diretamente ligado aos seus trabalhos. Ainda, os clientes fizeram conexão direta entre os assuntos política e economia, constatando que mesmo os que não se interessam têm o dever de entender o mínimo sobre os mesmos. Viagens foram tópicos de discussão muito relevantes para os clientes. Todos têm a prática de viajar a lazer no mínimo duas vezes ao ano e geralmente foram feitas associações diretas à experimentação, ao prazer de conhecer novos lugares, à excitação de penetrar em novas culturas. Os clientes que viajam muito a trabalho, preferem viagens internacionais para lazer e os que não viajam a trabalho se dividem entre as nacionais e as internacionais. Os destinos não são muito longos ou inusitados, mantém o padrão América do Sul, Europa e Estados Unidos. A gastronomia foi o tema que trouxe mais informações acerca do nível de conhecimento em função da experiência pretendida pelos clientes do Vecchio Sogno. A maioria dos clientes se mostrou interessado e consumidor do tema. A principal abstração destes dados compreende a construção do conhecimento a partir da própria experiência. Os clientes se apresentam como consumidores assíduos da gastronomia em sua essência, mas pouco pesquisadores do tema em questão. Os relatos demonstraram que os clientes obtém informações a partir da experimentação e do compartilhamento de informações com amigos e funcionários dos restaurantes que frequentam. Como os clientes têm o costume de frequentar vários restaurantes de alta gastronomia, semanal ou mensalmente, os mesmos assumem que o conhecimento vem muito mais da prática, observação e experimentação que da própria informação. A maioria definiu-se como, no máximo, alguém que consegue distinguir entre os módulos gastronômicos (comida italiana, mediterrânea, chinesa, 61 francesa, tailandesa, japonesa e outros) mesmo em um teste cego (onde não saberiam onde ou o que estão comendo) com facilidade. Ainda, os clientes que menos entendem de gastronomia têm um autoconceito que aponta sempre para um paladar refinado e um gosto apurado para a gastronomia. Os clientes demonstraram grande conhecimento sobre os principais Chefs de Belo Horizonte e detalhes de sua assinatura gastronômica. Também sobre Chefs e cozinhas nacionais, todo o conhecimento, segundo eles, adquirido a partir da própria experiência. Não que as mídias não sejam importantes, mas a classificação da experiência foi sempre mais relevante para a escolha. Constatados e analisados os principais dados à construção do perfil psicográfico dos cliente e introduzidas algumas questões relevantes à experiência, a pesquisa ganha características mais direcionais, levando o cliente a se posicionar sobre o Vecchio Sogno. As nuances do processo experiencial começam a ser destrinchadas a partir do cliente e serão analisadas também do ponto de vista do restaurante e seus atores no próximo tópico desta pesquisa. Para compreender as atitudes, interesses opiniões e comportamento dos clientes frente aos funcionários com quem a relação é mais intensa e extensa no restaurante, perguntou-se: “Com relação aos garçons de um restaurante ‘popular’ ou de médio porte, menos formal, como você costuma se comportar? Geralmente você cria algum tipo de laço, chama o garçom pelo nome, brinca e faz piadas com ele, ...? Isso muda em um restaurante como o Vecchio Sogno? Isso varia de restaurante para restaurante em ambientes de alta gastronomia? (Depende de quê?) Você acha que deveria ser diferente do que é?” Os clientes variaram em alguns detalhes das respostas mas o padrão de comportamento foi o mesmo: perguntar o nome é uma questão de educação; continuar tratando-o pelo nome também; a relação não deve passar da cordialidade; deve-se ter respeito pela profissão dos garçons em qualquer ambiente; a relação tem que ser “normal”, ou seja, uma relação formal a princípio e informal até onde o protocolo permite. Quanto aos garçons do Vecchio Sogno, os comentários também foram padronizados. Os clientes perceberam e garantiram que eles recebem treinamento diferenciado para lidar com pessoas educadas, como eles ou pessoas que se “elitizem por estar no restaurante”, porém, esta última afirmação que foi uma constatação da maioria, não se encaixa nas características abstraídas de nenhum dos clientes entrevistados nesta pesquisa. Ainda assim, críticas também culminaram 62 entre os elogios, como a importância do nível cultural e de instrução dos garçons como parte do processo de identificação e relacionamento com o mesmo, que segundo os clientes não acontece lá e em nenhum restaurante de Belo Horizonte. Ainda, para balancear as implicações da última crítica, os excessos também são percebidos. Os clientes diferenciaram o Vecchio Sogno de alguns dos concorrentes pelo tratamento dos garçons. Para eles os garçons de alguns dos restaurantes de alta gastronomia de Belo Horizonte também se elitizam por trabalhar no restaurante e passam a tratar o cliente com arrogância ou soberba. Isto também inferiu na constatação de que alguns dos garçons destes ambientes passam a apresentar características que eles próprios reprimem nos clientes dos restaurantes deste padrão. Para englobar a percepção, opinião e interesse dos clientes sobre todos os personagens, além dos garçons, que lidam diretamente com os mesmos e dos serviços oferecidos, sem estimulação (para perceber quais são os mais influentes) foi feita a pergunta: “O que você acha do atendimento do Vecchio Sogno? O que geralmente te incomoda mais no atendimento de qualquer lugar? E o que te agrada mais?” Os clientes foram irredutíveis quanto ao atendimento do Vecchio Sogno e qualificaram o serviço sob os seguintes termos: solícito, bem servido, cortez, simpático, excelente, respeitoso e perfeito. Nenhum dos clientes teceu críticas quanto ao processo de serviços do Vecchio Sogno. Porém, quando a abrangência envolveu todo o mercado gastronômico de Belo Horizonte, apareceram várias reclamações que, segundo os clientes os fazem não voltar mais aos restaurantes, ou até mesmo se retirar durante o atendimento: a demora no atendimento e no andamento do pedido (o que foi uma reclamação generalizada e segundo relatos dos mesmos, um fato que chama a atenção de convidados de outros estados que veem a Belo Horizonte); o garçom ou outro funcionário ficar prostrado à beira da mesa observando ou escutando o que se conversa; a falta de atenção ao pedido; os garçons de mau humor que deixam os clientes de mau humor; a extrema falta de educação; o desprezo, arrogância e o pré-julgamento frente às características aparentes dos clientes. As qualidades necessárias aos funcionários mais importantes para os clientes foram: educação, conhecimentos gerais e do menu, saber sugerir pratos quando solicitados e principalmente a difícil tarefa de observar e estar sempre à postos para o cliente sem que o mesmo perceba estar sendo observado. 63 Ainda sobre as características dos serviços, do relacionamento dos clientes com os funcionários e o restaurante, tentou-se constatar em quais níveis a personalização é praticada no Vecchio Sogno, perguntando: Você tem alguma mania ou costume em restaurantes, que tenha que solicitar aos funcionários? (Exemplos: costuma pedir alguma coisa especial, uma cadeira diferente, não gosta de um tipo de taça, de algum tipo de talher, da comida de tal forma, de ser atendido de outra tal forma, não senta em determinados lugares, não fica onde tem algum tipo de pessoa...). E ainda: “Quando uma dessas manias, costumes ou favores que você pede não são atendidas, como você se sente? E quando é algo importante e básico para a sua satisfação, como por exemplo: você pede um filé ao ponto ou um vinho a 16 graus e o pedido não vem de acordo, você não se importa, se irrita só na hora e depois esquece e volta ao restaurante ou nunca mais volta àquele restaurante por causa do fato? Por que você acredita que toma esta atitude?”. Os clientes não apresentaram manias excêntricas ou costumes que elevassem a discussão a abstrair os níveis de personalização que ultrapassam o convencional, por isso não foi possível verificar os objetivos do questionamento em sua totalidade. Porém, como o nível de abstração foi inferior ao esperado, os clientes trouxeram à tona particularidades significativas dos principais problemas no serviço de restaurantes de nível semelhante em Belo Horizonte, que são percebidos com certa naturalidade pelos clientes. A principal reclamação gira em torno da higiene. Os pratos, taças, talheres ou forros vêm da cozinha com manchas de batom, pequenas sujeiras, ou os forros não foram trocados quando os clientes anteriores deixaram a mesa, o que significa que a higiene não vem sendo tratada como item básico pelos restaurantes de Belo Horizonte. Outra reclamação recorrente é a falta de atenção recomendações específicas no pedido, que incluem alergias, gostos ou desejos dos clientes, o que pode ser extremamente incômodo ou até perigoso para os mesmos. Os clientes se demonstraram relativamente compreensivos com outros tipos de erros, pedindo somente que os pratos ou serviços fossem trocados ou modificados. Os clientes passam a não aceitar os pequenos erros, quando eles se tornam recorrentes, o que os faz deixar de frequentar o ambiente. Os clientes também consideram que não atender a quaisquer de seus pedidos sem uma causa justa é fator decisivo na hora de escolher o restaurante a se frequentar. Os fatos, quando sucessivos ou incisivos 64 se tornam marcas de referência na memória dos mesmos e passam a se estabeler ante às qualidades do ambiente quando citados. Ainda sobre os serviços, os clientes foram questionados sobre o conhecimento e utilização dos serviços VIP que o Vecchio Sogno oferece: “Você conhece ou já utilizou os serviços ou produtos extras oferecidos: Buffet Ivo Faria, Souvenir Gourmet, Prato da Boa Lembrança? Se não, o que você sabe sobre eles e algum dia os utilizaria? Assim, se conclui que o único serviço ou produto complementar utilizado pelos clientes foi o Prato da Boa Lembrança. Os outros serviços como o Souvenir Gourmet e Buffet Ivo Faria nunca foram utilizados e a maioria dos clientes não tinha conhecimento sobres os mesmos, mas demonstraram grande interesse na utilização. Os clientes disseram que não houve nenhum relacionamento pós-consumo com o restaurante que proporcionasse o conhecimento destes serviços. De acordo com a pesquisa documental, este serviço somente está disponível pela internet ou por telefone e os clientes entrevistados nunca acessaram o site ou utilizaram o serviço pois nunca foram estimulados a isto. Os clientes foram levados a uma sequência de duas perguntas que visava compreender quais aspectos seriam acrescentados a construção da diferenciação da refeição para a alta gastronomia a partir da percepção dos mesmos. Primeiro se questionou: “Boa comida é...”. As similaridades das respostas consistem na valorização e correta utilização dos temperos, a harmonização dos ingredientes e dos pratos, um valoroso sabor e outros aspectos que envolvem características e benefícios práticos. Quando comparada com as respostas da pergunta seguinte: “Alta Gastronomia é...” se compreende melhor a necessidade da sequência. Para os clientes a alta gastronomia envolve o exótico, diferenciação e sofisticação do tradicional, o sublimar da boa comida, as interações sociais envolvidas, os sentimentos envolvidos, as lembranças, a construção artística dos pratos, a comida que conta uma história, a elevação do prazer e a sofisticação dos ingredientes. Todas as características anteriores são interpretações diretas das respostas dos clientes, que não foram estimulados por nenhuma interferência do entrevistador. Entende-se assim, que a Alta Gastronomia traz diversas interpretações de estímulos aos entrevistados, muito mais que a boa comida poderia trazer. O processo, os atores e os sentimentos são agregados ao valor essencial da refeição. Para compreender as percepções dos clientes sobre os conceito empregado neste projeto e quais as definições que os permeiam, os mesmos foram 65 questionados: “Como você classificaria o Vecchio Sogno na escala: Basic, Middle, High, Premium ou Super-Premium? Por quê; como você definiria a classificação que citou? (Ao entrevistador: limite-se a dar as traduções: Básico padrão, Médio Padrão, Alto Padrão, Luxo ou Alto Luxo para garantir a espontaneidade da interpretação).” Esta pergunta trouxe à luz a percepção dos clientes sobre os benefícios aplicados ao espaço envolvido. Para a maioria dos clientes, quando se classifica o Vecchio Sogno em relação a Belo Horizonte, ele figura entre premium e super-premium. Quando se passa ao âmbito nacional ele é categorizado entre hight e premium. Ainda, quando se analisa sob o ponto de vista internacional, o Vecchio Sogno seria classificado como hight. Mesmo os clientes que não têm tanta vivência internacional entendem que existem restaurantes melhores ou muito melhores que o Vecchio Sogno e que o mesmo não alcança altos padrões quando comparado internacionalmente. Já em Belo Horizonte ele foi classificado como premium e super-premium com as justificativas que insinuam que não há um restaurante melhor em Belo Horizonte, mas que sempre há a possibilidade de melhorar. Os conceitos espontâneos que permeiam a significação das classificações apresentadas foram: contexto histórico, localização, Chef e gastronomia. Outro aspecto levantado que diminui a potencialidade da classificação para os clientes é o preço. Os clientes entendem que o único lugar em não é possível se experimentar alta gastronomia por preços astronômicos é no Brasil. Os mesmos citaram como exemplos ambientes rústicos ou clássicos europeus, que têm padrões gastronômicos, serviços e atendimento além dos oferecidos pelo Vecchio Sogno, mas que praticam preços populares. Sendo assim, se perguntou: em restaurantes, quando e o quanto o preço importa pra você? (Conduza a uma discussão sobre a importância do preço em algumas situações cotidianas. Inclusive em restaurantes “premium”. Ex.: Quando você está com uma pessoa que quer agradar ou impressionar, quando está com pessoas que ama, em lugares que você sonha conhecer, em passeios com a família, em jantares de negócios ...). Analisando os dados se conclui que os clientes percebem o preço como uma consequência da experiência pretendida ou como termômetro da experiência vivida. Se você leva alguém ao Vecchio Sogno para impressionar, ou em uma data comemorativa, ou em uma reunião, você vai pensar no preço, mas não vai levá-lo em consideração, ele é consequência da sua vontade naquela determinada circunstância. Os clientes que entenderam o preço como 66 termômetro trouxeram uma abordagem de custo-benefício para a discussão. Depois que se experimenta, se avalia se o valor pago é condizente com os benefícios práticos e emocionais oferecidos. Os clientes ainda foram questionados sobre as percepções e conexões da ambiência criada pelo restaurante, sua empatia com a personalidade dos mesmos e os aspectos relevantes para os clientes: “O que mais te chama atenção no ambiente físico do restaurante? Você tem preferências de ambiente? Estes ambientes combinam com seu gosto pessoal?”. Percebeu-se uma tendência à negativa na categorização da importância do ambiente ou ambiência. Mas, ao mesmo tempo foram indicadas características que chamam a atenção dos consumidores e sob o ponto de vista desta análise têm forte influência na identificação dos entrevistados: a distribuição dos espaços, o condicionamento, o mobiliário clássico (que os remeteu a antigos ambientes de filmes hollywodianos), o baixo nível de ruído e o piano-bar que foi unanimidade entre os entrevistados. A maioria declarou que os ambientes nada têm a ver com seu gosto pessoal, mas as categorias de ambientes instadas são úteis às alterações de humores e aos objetivos do momento vivido. Os clientes preferem utilizar o ambiente mais reservado quando está com a família, o ambiente mais aberto e claro nos horários de almoço em encontros de trabalho. E o piano-bar, que é o mais social e amplo de todos para encontros extrovertidos com os amigos ou colegas de trabalho. Com a pretensão de analisar as influências, interesses e opiniões sobre o chef, sua carreira e seu comportamento no processo comunicacional que transcorre perguntou-se: “O que o Chef significa pra você em um restaurante de alta gastronomia? Como ele deve ser pessoalmente? Ele deve circular pelo salão? O ‘nome e, ou fama’ dele significam alguma coisa pra você? Você conhece o Chef Ivo Faria? O que pensa dele e seu trabalho?”. Os clientes descreveram o Chef como o cabeça da operação restaurante premium. Este deve estar atento a tudo e a todos, ser solícito, artista, cuidadoso com os detalhes tanto da execução do serviço quanto da execução da cozinha. Concordaram ainda que o Chef deve sim estar presente e circular pelo salão, construir um networking com os clientes. É unânime a idéia de que o Chef Ivo Faria tem nome e fama mais disseminados e significativos do que o próprio restaurante e que a maioria das pessoas que vai conhecer o Vecchio Sogno, vai especificamente para conhecer a comida do Chef e não a comida do restaurante. Alguns clientes foram bem claros ao 67 descrever a significância do Chef no território Belo Horizontino: “(…) eu acho que completa a experiência sabe. Uma coisa é você falar assim: ‘fui jantar no restaurante do Alex Atala’ que é o quarto melhor do mundo. E outra muito semelhante é dizer: ‘Fui jantar no Ivo Faria’ que é a referência gastronômica e de Chef em Belo Horizonte”. Percebe-se a interferência do Chef na cultura gastronômica local, seu papel de representação de toda a categoria de restaurantes de alta gastronomia de Belo Horizonte. Percebe-se ainda o poder de história pessoal na construção desta representação. Os clientes compreenderam que a história pessoal de superação, garra e talento do Chef é uma das principais referências e que a mesma supera inclusive sua gastronomia. É também importante ressaltar o quanto o Chef é considerado por sua humildade e gentileza pelos clientes. Constatou-se que o Chef Ivo Faria exerce um papel midiático e referência na troca de experiências entre os clientes e potenciais clientes, que não só traz o cliente ao restaurante, como é grande parte da conquista e manutenção do cliente. Todos os clientes se posicionaram como admiradores ou fãs do Chef tanto por suas características quando por suas habilidades. Para compreender ainda como e se o Vecchio Sogno proporciona e molda esta experiência e perceber o perfil psicográfico dos clientes assim como foi moldado, foram analisados os dados da pesquisa quantitativa administrada com a totalidade dos funcionários do Vecchio Sogno com interferências comprobatórias e comparativas da análise dos dados da entrevista qualitativa com o Chef e administrador do Vecchio Sogno: Ivo Faria. 4.2.2 O Vecchio Sogno A pesquisa quantitativa administrada com os funcionários do Vecchio Sogno que lidam diretamente com o cliente trouxe várias informações de grande relevância para este projeto, para o entendimento da construção da experiência e das percepções dos mesmos sobre as atitudes, interesses e opiniões dos clientes. Para efeito de verificação da população pretendida, a primeira pergunta questionava a relação do funcionário do Vecchio Sogno com os clientes, dividida em “direta” e “indiretamente”. 68 Gráfico 1 – Você lida direta ou indiretamente com o cliente do Vecchio Sogno? Assim, 100% dos entrevistados confirmaram sua relação direta com o cliente, o que envolve ter acesso e proximidade relacional com o mesmo. Para identificar quais dos cargos e funções do restaurante possibilitam essa relação e identificar os pontos de acesso direto ao cliente, foi questionado o cargo atual do funcionário respondente no restaurante. Gráfico 2 - Qual é o seu cargo ou função no restaurante? Verificou-se que 67% dos funcionários exercem o cargo de garçom. Este, possibilita o entendimento da importância da qualificação dos mesmos na composição de estratégias de relacionamento e identificação com o cliente do restaurante. Os outros cargos, Metrie (13%), Barman (13%) e Sommelier (7%) figuram entre os personagens secundários na relação com os clientes, o que não os exime de treinamento e capacitação para o trato diário com os mesmos, muito menos de qualificação profissional, pois exercem cargos que demandam conhecimento e prática sobre o serviço oferecido. Assim como os clientes foram questionados quanto às percepções de sua relação com os funcionários, a recíproca foi proposta na questão que dimensiona a 69 possibilidade do estreitamento de laços entre os envolvidos, a fim de determinar qual o nível de relações possíveis, apresentado no Gráfico 3. Gráfico 3 - Você já criou laços de amizade, carinho ou respeito com algum dos clientes do restaurante? Os funcionários admitiram a possibilidade do estreitamento de laços com os clientes em 73% dos casos. Outros 27% do funcionários não estabelecem qualquer relação com os clientes além da estabelecida. Para entender então, como se desenvolve esta relação, os funcionários foram questionados quanto às suas perspectivas sobre os desejos dos clientes em relação ao seu tratamento, como mostra o gráfico 4. Gráfico 4 - Como você acredita que os clientes gostam de ser tratados por você? 0% 27% Como simples clientes Como Colegas Como v elhos amigos 53% 20% Como pessoas superiores Neste ponto, a perspectiva mudou. Antes os clientes relataram a possibilidade de haver laços mais estreitos que a simples relação de cliente e funcionário. Agora, a percepção de mais da metade dos funcionários é que o tratamento frente ao desejo percebido dos clientes deve ser de subserviência. O sentimento de que os 70 clientes gostam de ser tratados como “pessoas superiores” foi relatado em 53% dos funcionários; como colegas 20% da vezes e como velhos amigos em 27%. Esta relação de ambiguidade apresenta no mínimo uma variação muito distinta entre dois perfis de clientes totalmente avessos. Com o intuito de mensurar os níveis mais básicos de consciência administrativa e organizacional que perpassam as atitudes e trocas entre clientes, funcionários e restaurante, extremamente relevantes ao processo de compreensão do consumidor e de grande relevância ao restaurante, foram compreendidas as trocas de informação básicas que geram conhecimento sobre o consumidor. Levando em consideração a abertura, as críticas e o processo de transferência de informação interna os funcionários foram questionados sobre suas atitudes, demonstrado pelos os gráficos 5 e 6. Gráfico 5 - Você costuma ouvir críticas dos clientes? Avalia-se que 87% dos funcionários recebem críticas dos clientes. Os 13% restantes não relataram ter recebido críticas dos clientes. Sabendo-se que a maioria dos funcionários do Vecchio Sogno tem mais de dois anos de casa, torna-se interessante o fato de alguns deles não receberem críticas. 71 Gráfico 6 –Você repassa as críticas à gerência? Frente à comunicação interna do restaurante, 93% dos funcionários afirmaram repassar as críticas dos clientes à gerência, o que demonstra que a organização tem um perfil, no mínimo, básico de processos de transferência de informações internas. Analisando as atitudes que podem se subdividem entre boas ou más dos clientes a partir da percepção dos funcionários, fez-se importante constatar quais as principais características entre as mesmas que mais agradam ou incomodam os funcionários. As duas foram estabelecidas na mesma pergunta para relativizar espontaneamente a mais influente delas. O gráfico 7 aponta os resultados. Gráfico 7 - O que geralmente mais te incomoda ou agrada no comportamento dos clientes? 0%$ 7%$ 13%$ 20%$ Arrogância$ Educação$ Ostentação$ Curiosidade$ 60%$ Outros$ Na subdivisão entre boas e más atitudes, a mais espontânea foi a boa atitude: educação”, com 60%. Assim por diante, as más ou neutras atitudes foram as mais relatadas na sequência: arrogância (25%), ostentação (13%) e curiosidade (7%). Nenhuma característica espontânea foi relatada. Percebe-se assim como no 72 processo inverso, do funcionário para o cliente a importância da educação na intermediação das relações entre os mesmos. A fim de determinar a significância do Chef para os consumidores a partir da perspectiva dos funcionários, perguntou-se sobre os níveis de interesse dos clientes em relação ao mesmo, como demonstra o gráfico 8. Gráfico 8 - Na maioria das vezes, como você percebe o interesse dos clientes em relação ao Chef Ivo Faria? Determinou-se que a necessidade de estabelecer uma relação interpessoal com o Chef é percebida por 53% dos funcionários. Para 27%, “basta saber se o Chef está presente”, para 13% o interesse pelo Chef é nulo e para 7% o que os clientes precisam saber é que o Chef preparou o menu. O que amplia a importância da presença do Chef no restaurante durante o seu funcionamento. Para compreender sob quais aspectos os funcionários entendem a identificação em um nível mais simples de interpretação, perguntou-se quais as características do restaurante que parecem ser fundamentais ao retorno do cliente, no gráfico 9. 73 Gráfico 9 - Para você, qual as principal características do Vecchio Sogno e sua equipe que levam o cliente a voltar ao restaurante? Características*x*Identi/icação* Atendimento$ A$alta$gastronomia$ Ambiente$ O$Chef$ Outros$ 0%$ 33%$ 47%$ 7%$ 13%$ Os funcionários, apresentaram o “atendimento” (47%) como principal característica do restaurante que gera identificação para o cliente. O Chef (33%) como segundo fator, em seguida a Alta Gastronomia (13%) e o ambiente (7%). Outros não foram relatados. Para compreender a relação do cliente com os ambiente proporcionados pela casa, a fim de verificar no serviço a origem dos fatores de escolha e importância, os funcionários foram questionados sobre as preferências do cliente, como demonstra o gráfico 10. Gráfico 10 – Em relação aos ambientes, os clientes preferem: 0%$ Escolher$o$ambiente$ 7%$ 13%$ Que$você$sugira$o$amibiente$ 7%$ Ele$não$se$importam$com$o$ ambiente$ 73%$ O$ambiente$importa,$mas$ geralmente$eles$não$têm$a$ opção$de$escolher$ Revelou-se que 73% dos clientes querem escolher os ambientes onde vão ficar no restaurante, o que demonstra a importância da variedade apresentada pelo 74 Vecchio Sogno. Outros 13% por entrevistados disseram que os ambientes não importam para os clientes. Com 7% das escolhas, o “o ambiente importa, mas os clientes geralmente não têm a opção de escolher” e o funcionário sugerir o ambiente foram as de menor relevância. Para compreender as percepções mais profundas acerca do perfil de clientes frequentador, foram apresentadas quatro imagens que relatam diferentes situações cotidianas em um ambiente restaurante: a família reunida à mesa, os amigos comemorando à mesa, um casal romântico se acariciando à mesa e duas pessoas em uma situação de trabalho no restaurante. Os funcionários foram solicitados a enumerar os níveis de frequência sequencialmente de um a quatro, como mostra o gráfico 12. Gráfico 11 – Observe as imagens e enumere de um (1) a quarto (4) as situações mais freqüentes no restaurante, sendo um (1) a mais frequente e quarto (4) a menos frequente. 15" 11" 10" 5" 3" 5" 5" 2" 4" 4" 6" 2" 1" 5" 4" 1" 1" 2" 3" 0" Frequentador" principal" Frequentador" secundário" Família" Amigos" Frequentador" intermitente" Casais" Frequentador"raro" Negociantes" Percebeu-se que os principais frequentadores do Vecchio Sogno são as “famílias”. Os frequentadores secundários são principalmente grupos de “amigos”. Os frequentadores intermitentes, são principalmente, “amigos” e “negociantes” e os frequentadores mais raros, os “casais”. Para relativizar algumas características do perfil psicográfico percebido dos clientes do Vecchio Sogno, os entrevistados foram solicitados para classificar a importância de várias atividades do dia a dia em uma escala de um a cinco, que compreendem singularidades mais relevantes à constatação deste perfil. 75 Gráfico 12 - Sob a sua percepção em relação aos clientes do restaurante, marque o nível de importância que você acredita que seus clientes dão aos seguintes itens: Se#importam#muito# Se#importam## Às#vezes#se#importam# Se#importam#pouco# Não#se#importam# Ir #a Fr eq ue nt ar #sh op pi ng #b s,# ar m es ai #o so u# ns bo ,# at e Pa s#c Fr rt e o q m ic ue ip #o nt s# ar ar #d # e# ca re fé un s#o iõ u# es ,#f Fa ei As ze ra si r#a s#o st tiv ir# u# id a# ad sé Ir r e i #Gi #a es #ci si ,# G ca ne ilm # m e a ,# s,# sh sh o o w w Ir s,# s#o #a #e u# xp f e Fi os st ca iç iv r#e õe ai s# s,# m te #ca a s t Le a# r o co r#e s#o m #e u# #a sc #fa re m ve íli r#( Le a# of ou r#e fPl # #e i sc ne re :#l ve iv ro r#( s,# on lin e: #si te s,# 100%# 90%# 80%# 70%# 60%# 50%# 40%# 30%# 20%# 10%# 0%# O perfil constatado aqui, apreende somente os interesses principais relevantes. Para os funcionários do Vecchio Sogno, os clientes têm tendências à leitura e escrita principalmente. Logo depois vem a leitura e escrita online. Freqüentar restaurantes, fazer atividades físicas, são comportamentos também de muita importância. Os comportamentos e atividades de média importância foram relacionados à televisão, compras e trabalho. Os entrevistados não relataram entre nenhum dos tópicos a baixa ou nenhuma importância a nenhum item questionado. Foram relacionadas as atitudes frente aos funcionários, mas desta vez, revelando aspectos sócio comportamentais do cliente. Os funcionários foram estimulados a escalar os clientes frequentadores em relação à sua expressão, atenção e interesse a eles, a partir de imagens de pessoas que segundo as definições pré-estabelecidas, aparentam um cliente “simpático”, um cliente “arrogante”, um cliente “amigável” e um cliente “desatento”. 76 Gráfico 13 – Considerando expressão, atenção e interesse em relação a você, observe as imagens e enumere de um a quatro os tipos de clientes mais frequentes no dia a dia do restaurante. Sendo um (1) o cliente mais frequente e quatro (4) o cliente menos frequente: Simpático" Arrogante" Amigável" Desatento" 7" 6" 6" 6" 5" 3" 3" 3" 5" 3" 3" 3" 3" 2" 1" Frequentador"principal" 1" Frequentador" Secundário" Frequentador" Intermitente" Frequentador"Raro" De acordo com o gráfico 14, percebe-se que os clientes considerados raros são os mais “desatentos” em relação ao funcionário. Entre os clientes intermitentes, os “arrogantes” figuram como principais. Entre os frequentadores mais assíduos, estão também os “amigáveis”. Como características principais, as figuras “simpáticas” e “arrogantes” estão dividindo o mesmo nível. Volta-se aqui a perceber a paralelidade da frequência de perfis antagônicos permeando os principais níveis de percepção dos funcionários do Vecchio Sogno. Para compreender a relevância de alguns dos benefícios práticos mais notáveis na construção de um restaurante premium, os funcionários responderam a um questionário de relativização da importância destes benefícios para os clientes. De forma escalar, entre um e cinco, os clientes foram questionados sobre a percepção da importância dos itens em relação à identificação dos clientes com os mesmos. 77 Gráfico 14 - Para você, qual é o grau de importância dos itens relacionados abaixo para que o cliente se identifique com o restaurante: 100%# 90%# 80%# 70%# 60%# 50%# 40%# 30%# Muito#importante# 20%# Importante# 10%# Às#vezes#importante# Pouco#importante# Sem#importância# o# de #g O# tip Am bi en t e# 4ís ic o# (e sp a ço ,# c or A# Pr es, ex # O ot # eç d as ic O sab o#d esin tr i on d #c o o g o A ad he r#d s# ,#. A# mi pr e#d iro a#r pra ..)# va a#( es o #d ef to rie ita en s#in a#r eiç s# da lia taç gr efe ão d n ão ed iç # O A# #a e#de a,#m #do ien ão# lo te #c e s# te c n a d p s A# O#a aliz dim rta iter rat .# re te aç e s#d râ os l a nd ã o nt e ne # A# çã i #d o# #v a va o# me o do inh ,# rie #r # d da A# o#c nto est ma os# di lie #d au itr de v #d er nte os# ra e# e# A am #p Prá sid #co gar nte ti ad m ço # bi re en se Te cas e#d #o#c ns# n t es ça r#u #sus o#m hef A# #d #d m t e e # va en e# #m nt nú rie tr um an áv # da o# #s o ei do o br s# de # m i #d e# A res me sta# dr #fa ta li in m ur er k s a# an # #o do te u# #c # be he bi f# da s# 0%# Os entrevistados coincidiram em tratar todos os itens relacionados como importantes, muito importantes ou às vezes importantes, levando-nos a crer que todos os benefícios práticos oferecidos pelo restaurante são significativos e empregam algum valor à marca Vecchio Sogno. Alguns itens tiveram um maior destaque de importância, como “a presença de um sommelier”, “o atendimento dos garçons”, “o atendimento do maitre”. Outros, entendidos como benefícios emocionais, como “o cheiro da refeição”, “a apresentação do prato” e o sabor da refeição também figuraram entre os mais significativos. Com o intuito de complementação dos dados, foi entrevistado o Chef Ivo Faria. Nesta entrevista, vários aspectos e significados foram absorvidos para melhor compreensão das interferências no restaurante na construção e mediação da experiência. A a entrevista tem o papel de preencher as lacunas das nãopercepções dos funcionários que lidam diretamente com o público e também compreender as competências da administração frente a funcionários e clientes. 78 Vários dados, importantes, porém insignificantes aos objetivos desta entrevista foram descartados em primeira instância para que esta análise mantivesse o foco nas perspectivas do projeto. Algumas constatações sobre o Chef Ivo Faria já foram levantadas nas entrevistas e pesquisas anteriores. Com o intuito de compreender a estruturação administrativa e mercadológica do restaurante e suas influências sobre a experiência, Ivo Faria foi questionado sobre diversos itens. Um deles é a influência da localização na experiência do consumidor. Ivo foi taxativo em afirmar que a localização quem faz é o próprio restaurante. Afirmou ainda que os clientes é que devem ir em busca deste tipo de restaurante e não o contrário. Quanto ao ambiente e atendimento, Ivo diz não ter influências dos clientes, nem ter pensado neles ao conceber os mesmos, mas eles sofrem adaptações recorrentes de acordo com a demanda. O que indica que o restaurante tem uma política permissível a críticas e sugestões dos clientes. O Chef conta que os funcionários passam sim por um treinamento para atender ao público, mas mediante as observações do entrevistador se pode perceber que se trata somente do treinamento processual; não há uma capacitação técnica prévia para a execução do serviço. Diariamente os funcionários são advertidos ou instruídos sobre suas atitudes ou posturas. Talvez seja este um dos motivos da tão alta conceituação dos clientes com relação ao atendimento. Na análise do discurso do chef sobre os serviços oferecidos, se percebeu que o intuito é que o cliente se sinta em casa e que o comportamento dos garçons é peça chave para isto. O Chef ainda justifica a conceituação do Vecchio Sogno sob a perspectiva de um conjunto de fatores, que sinteticamente abstraídos do discursso, competem na tentativa de criar uma experiência significativa para o cliente. Compreende-se aqui, que o Chef Ivo Faria tenta administrar o processo de experienciação do cliente. Estas abstrações se justificam a partir das traduções das nítidas - porém citadas coloquialmente - compreensões do Chef sobre características, benefícios práticos e emocionais, criação de valor, módulos experienciais, da composição do mix de marketing e do total entendimento de que se trata de um processo de troca significados e não de mensagens ao cliente. Como exemplo das percepções do Chef se observa a seguinte fala: "se você quiser ter uma casa que trabalha legal, você tem que ter uma harmonia perfeita entre a cozinha e o salão: na questão de atendimento, na questão dos conhecimentos do próprio garçom, do que se está servindo e do que está fazendo, tem que ter um bom 79 cardápio, tem que ter 'ginga' com o cliente, tem que saber lidar com ele, atender a seus desejos, tem que ter matéria prima de qualidade, tem que ter os produtos e os serviços como um todo". O Chef Ivo Faria ainda faz colocações competentes sobre o seu papel no restaurante e as influências da exposição midiática de seu sucesso e fama. Também discorre sobre seu papel de mediador de tensões entre todos os envolvidos no processo. Mesmo com quinze anos de experiência neste mercado a casa nunca anda sozinha. As intermediações incessantes são necessárias para garantir a evolução do restaurante e também para garantir que os benefícios práticos não sejam esquecidos. Compreendeu-se que o entrevistado percebe a necessidade de se manter estes benefícios como suporte e não como a totalidade do processo. Sobre as influências socioeconômicas dos consumidores e influências gastronômicas e administrativas como fatores determinantes na construção do sentimento, pensamento, ação e identificação do consumidor em relação ao restaurante, ao chef e ao meio Belo Horizonte, Ivo Faria tem pontos relevantes a explicitar. O Chef explica que "o dinheiro mudou de mão" em Belo Horizonte e que ele não é mais capaz de saber quem tem ou não tem dinheiro, quem será o seu cliente preferencial ou seu cliente substituto. Para o Chef não existe cliente fidelizado e os motivos desta infidelidade são muitos. O Chef relata que quando chega a temporada do "Festival Comida de Buteco", ele perde toda a sua clientela para o evento. Mesmo que pareça que não, o cliente que hoje consome no Vecchio Sogno, também consome no Mercado Central, no "Comida de Buteco", no "botequim da esquina", entre outros. O Chef, mesmo sem perceber descreve alguns aspectos da geração de identificação a partir do perfil do entendimento do perfil pscográfico do consumidor, quando é perguntado sobre seu público: "eu acho que todo cliente que se propõe a ir a um restaurante quer conforto, ele quer comer bem, mas ele vai escolher o restaurante de acordo com a condição financeira dele e de acordo com o conhecimento gastronômico que ele tem. Então se você tem condição financeira e tem um gosto mais apurado, você vai sempre procurar um local que te atenda melhor, em torno daquilo que você procura, que é atendimento, boa comida, que é ser servido por gente bonita, estar rodeado de gente bonita, tudo isso envolve um restaurante, porque muitas vezes a pessoa vai ao restaurante por 'status'. Muitas vezes a pessoa leva a outra no restaurante, em um lugar que ela nunca foi, pra 80 poder fazer uma conquista, pra poder fechar um negócio. Pra você ver que o restaurante é usado pra tudo. Ele é usado para persuadir uma pessoa, ele é usado pra conquistar uma garota, ele é usado para pedir uma pessoa em noivado, ele é usado pra fechar um grande negócio. Você não vai querer fechar um negócio. Você não fechar esse tipo de negócio em um lugar onde você está arriscando do seu cliente sair insatisfeito." Assim, compreende-se que o Chef considera e trabalha junto as perspectivas e características socioeconômicas dos clientes de diferentes formas, a fim de relativizar a estrutura e o atendimento para serem capazes de lidar com todo tipo de público imaginável. 4.2.3 Problematizando o perfil psicográfico e a experiência Com todas as análises e sujeitos precedentes conectados em função do objetivo de conhecer se o Vecchio Sogno proporciona uma experiência aos seus clientes, é possível dizer que foram levantadas provas e argumentos suficientes para constatar que o mesmo vive sim uma experiência no restaurante. Assumindo o marketing experiencial como uma estratégia que tem como foco o consumidor e suas ações e que o mesmo prevê não só a constatação, mas a elaboração da experiência é possível também acreditar que o Vecchio Sogno permeia os módulos experienciais para oferecer mais que simplesmente benefícios práticos para o seu cliente, oferecendo benefícios emocionais, alterando e influenciando em humores, comportamento e status quo dos seus consumidores, apesar de aparentemente não ter consciência deste processo como tal. Esta pesquisa constatou, porém, que o restaurante não tem conseguido identificar as características do perfil psicográfico dos seus clientes e que a experiência está restrita em alguns campos pela falta de personalização dos serviços oferecidos. Também a esta, não foi possível definir um único perfil psicográfico, segundo VASL-2, que transcrevesse as características, interesses, opiniões e estilo de vida dos mesmos de forma objetiva e concreta. Constatou-se por várias vezes profundas ambiguidadades no perfil traçado, o que significou para estes pesquisadores a dificuldade na definição do perfil. Porém, após a reanálise de todos os dados foi 81 possível compreender que o Vecchio Sogno tem dois perfis psicográficos principais de clientes, diferenciados e sustancialmente antagônicos, que sempre se dividiam em dois grupos de conceitos, valores, interesses, atitudes, opiniões e estilos. Foi percebido a partir da percepção dos funcionários do restaurante que sempre se dividiam com igualdade entre os extremos nas perguntas que traziam à luz atitudes, interesses e opiniões dos clientes. Também na análise da entrevista com o Chef Ivo percebe-se a dificuldade em traçar perfiis que facilitem o processo de geração de identificação. A partir de observações e análises dos entrevistadores sobre todas as entrevistas, percebeu-se que dois perfiis principais se estabelecem como consumidores do Veccio Sogno. Para compreender foi preciso regressar à base demográfica da pesquisa e estabeler comparações entre cada cliente e suas respectivas respostas. Chegou-se enfim à constatação de que o perfil que mais se destacou nas entrevistas foi o perfil de "Inovadores". Sujeitos, cujas características principais são a auto-estima, a preocupação em fazer a diferença em qualquer âmbito do seu convívio, guiados pelo desejo de ação e por seus princípios já estabelecidos, abertos a mudanças e de status emergente ou de situação financeira estável, sua diversão está no requinte de quem quer aproveitar o melhor da vida não pelo status em si, mas para saborear novas experiências. Estas características condizem com louvor às características demonstradas na análise de perfil do cliente e se sobressairam das demais elas foram percebidas, mas não tiveram a mesma importância para os funcionários que o segundo perfil identificado. 10. O fato é que os clientes que geralmente tinham opiniões antagônicas ao pefil principal, que foram compreendidos na categoria "Empreendedores", divergiam essencialmente nas características mais diferenciadas de seus perfis. Os empreendedores têm por característica principal a vida para o trabalho, prezam por fazer aquilo que gostam e que lhes prazer, tem sempre uma carreira de êxito, não gostam de correr riscos, querem sempre manter o controle de suas vidas. Eles adquirem produtos que lhes dêem status porque estão sempre muito preocupados com o que os outros dizem, também estão mais ligados à família e ao trabalho e seu consumo é baseado no conservadorismo. 11. Comparando as características demográficas e as características sócio-comportamentais, percebeu-se então que este útimo é o perfil de cliente menos acessível do Vecchio Sogno, cujo acesso foi restrito pelo restaurante e se 82 apresenta em três dos nove entrevistados na pesquisa. São frequentadores assíduos, que não gostam de contato externo e que são preservados pelo restaurante em si, mas não têm a simpatia dos funcionários. São os clientes que não gostam de falar e comparativamente aos seus perfis, crê-se que foram aqueles retratados na pesquisa dos funcionários como os "arrogantes". Foram aqui provados que os fatores de diferenciação relacionados ao ambiente, que implicam em prazer pessoal, social, ostentação, afirmação da identidade, prazer gustativo e visual são elementos inerentes à vivência do cliente com o Vecchio Sogno sem que isso esteja diretamente realcionado a um só perfil pscicográfico ou estilo de vida único. Estes foram discutidos exaustivamente na análise dos clientes e dos funcionários, onde se percebe que o restaurante é fonte ou suporte dos mesmos agregando valores à marca e gerando identificação com os clientes com a preocupação incessante no conjunto de características e benefícios como forma de sustentação da experiência. Foram abstraídos dos clientes, informações que partem de associações conscientes a inconscientes e a maoria delas ativou memórias associativas ao Vecchio Sogno, mesmo sem serem estimuladas. Foram também pesquisados benefícios funcionais, sensorias, expressivos e emocionais que levaram a constatação do processo experiencial no Vecchio Sogno. Foram analisados os papéis sociais mais significativos e foram percebidas as suas fortes influências no comportamento do consumidor. Foi constatado ainda o essencial papel do chef, que age como mediador e provedor de benefícios emocionais ao cliente, é regulador de tensões entre os demais papéis e da perspectiva semiótica é uma símbolo ao qual se aderem diversos significados. O papel do garçon, como modulador do serviço e, sobretudo, na percepção do perfil dos clientes é muito importante. Os garçons e outros funcionários que lidam diretamente com clientes, por terem um contato que já apreende a abordagem como parte do código, são também compreendidos pela administração como o principal medidor da experiência proporcionada e responsável pelo feedback do comportamento e perfil do consumidor. Se os mesmos conseguem absorver informações sobre os consumidores evitando qualquer abordagem restritiva e incomum de relacionamento com os clientes, é necessário que eles sejam mais atentos e abertos possíveis, para garantir que as informações adquiridas se tornem conhecimento para a construção da marca. É neste ponto que o Vecchio Sogno 83 parece ter maior êxito na construção da experiência. Tanto o Chef, quanto os funcionários estão sempre preocupados com as atitudes, os interesses e as opiniões dos clientes que frequentam o restaurante. A partir das afirmações dos próprios clientes, verifica-se o porquê a resposta dos mesmos à pergunta " Se você pudesse definir o Vecchio Sogno em uma palavra ou frase, qual seria?". Esta pretende compreender qual é a definição do Vecchio Sogno para os clientes e se em seus relatos o restaurante compreende os processos além-comunicacionais da experiência: a) Um experiência gastronômica, emocional, maravilhosa, que eu guardei, dos momentos que eu fui lá! Por que geranmente as datas que eu fui lá, foram sempre datas especiais. Foram sempre experiências maravilhosas! b) Ai. Eu acho que é a referência da alta gastronomia de Belo Horizonte. Eu já acho que já tem quinze anos, não é isso? É. O padrão é o mesmo, muito bem. Ele nãso oscila, aliás eu acho que ele está sempre melhorando. c) É caro, mais vale a pena. d) É bem caro, mais vale a pena experimentar sempre que possível. e) Ambiente de negócios, lazer e prazer. f) Uma sensação inigualável. g) Diria que é uma sensação de abstração do mundo real. É sério! Às vezes é preciso um Vecchio Sogno pra sairmos um pouco da crueldade da realidade. h) É o lugar que eu me realizo gastronomicamente. i) Sonho. Porque a comida de lá é um sonho. 84 5 - CONCLUSÃO A partir dos objetivos apresentados, foram feitas as discussões e análises discursivas que apreendem sob a lógica comunicacional, os apectos psicológicos, comportamentais e de marketing que permeiam a troca de significados entre os consumidores e o Vecchio Sogno. A pesquisa biliográfica permitiu ao grupo compreender o processo de absorção e construção de sginificados que geram identificação com a marca em níveis de abstração que trouxeram muitas informações relevantes não só a este projeto, mas a todo o mercado premium de Minas Gerais. Salvas as análises que compreendem correlações diretas com o restaurante pesquisado, as informções traçam perfis significativos e relevantes para comunicação das marcas mineiras. Junto aos métodos estudados, as deduções permitiram um levantamento de hipóteses a serem testadas e compreendidas para preencher as lacunas de conhecimento psico-social, o que pouca importância se deu nos últimos anos aplicada ao processo de consumo em Belo Horizonte. Compreender as atitudes, interesses, valores, comportamento, opiniões e desejos, associados a processos mercadológicos e administrativos, análises e composições de Marketing, pesquisa de campo e processos estratégicos, além de outros processos, exigiu a imersão do grupo em várias áreas do conhecimento científico. Algumas das áreas são, inclusive, pouco usadas para avaliação dos pesquisadores de comunicação. Os resultados finais foram importantes para o conhecimento e o reconhecimento da área, mas os resultados processuais trouxeram ainda mais certeza ao grupo de que a multidisciplinaridade, apesar de tornar mais longo e cansativo o processo, traz à luz novas possibilidades ao conhecimnto e desenvolvimento da comunicação. Ao passo que as pesquisas e análises se desenvolveram e os níveis de abstração e investigação a que o conteúdo incitava a busca se desenvolviam, o grupo compreendeu as necessidades da utilização do marketing experiencial como ferramenta essencial ao desenvolvimento de estratégias e pressupostos comunicacionais às organizações. A ferramenta possibilita a interpretação do 85 consumo em múltiplos níveis, assim também a sua utilização. Para a Publicidade, o merketing experiencial dá lastro a uma construção mais concisa, direcionada e personalizada aos clientes, possibilitando a compreensão dos consumidores em novas proporções e crição das tradicionais campanhas temem em se ater somente a benefícios funcionais e características dos produtos e serviços vendidos. O marketing experiencial traduz não só as emoções, ele abre caminho ao consciente e inconsciente emocional do consumidor. Este projeto constatou enfim a posição premium do Vecchio Sogno, trazendo à tona os princípios básicos e complexos, objetivos e subjetivos que geram identificação do cliente com a marca, explicitando os perfis psicográficos constatados e a subjetivação de sua utilização à partir da experiência. 86 6 - ANEXOS 6.1 - Roteiro da entrevista qualitativa em profundidade semi-estruturada com o cliente: Roteiro de entrevista qualitativa em profundidade semi-estruturada Vecchio Sogno Ristorante ENTREVISTADOR(A) RESPONSÁVEL________________________________________ DATA: ____/____/_______ LOCAL: ______________________________________ DURAÇÃO: _____________________________ TIPO:_______________________ ENTREVISTADO(A): _____________________________________________________ 1. Frequenta ou já freqüentou o Vecchio Sogno Ristorante? ( ) SIM ( ) NÃO 12. Frequência:________________________________________________ 3. Profissão:__________________________________________________ 4. Rendimento médio pessoal por mês: ( ( ( ( ( ( ( ) Entre 500,00 e 2.000,00 R$ ) Entre 2.000,00 e 5.000,00 R$ ) Entre 5.000,00 e 10.000,00 R$ ) Entre 10.000,00 e 17.000,00 R$ ) Entre 17.000,00 e 25.000,00 R$ ) Entre 25.000,00 e 50.000,00 R$ ) Acima de 50.000,00 R$ 5. Região ou bairro onde mora:___________________________________ 6. Situação: ( 7. ) Trabalhador ativo ( ) Aposentado Nível de escolaridade:_________________________________________ 8. Você costuma ter vontades impulsivas, de comer fora, de comprar para ter variedade de uma mesma coisa, de comprar coisas inúteis ou úteis, mas desnecessárias,...? O que geralmente te motiva, te atrai, te chama a consumir? 9. Se você recebe um convite de alguém importante para você, comercial ou socialmente, para jantar no Vecchio Sogno, supondo que para a sua condição financeira naquele momento não seria adequado que você gastasse tanto em um só jantar, o que você responde? Ou isto não tem importância? Por quê? 10. Você é muito ligado à sua família, a seus amigos, a seus colegas de trabalho, ...? Quem geralmente mais te influencia nas suas decisões de escolha? 11. Você geralmente é fiel às marcas que consome, ou pra você, geralmente a marca não importa? Porquê? (Induzir a resposta a fim de verificar: se é por que e como ele se identifica com a 87 marca, ou tem algum sentimento pela marca, ou ele sempre se lembra da marca automaticamente...) 12. Você está em um jantar com seus amigos (em qualquer lugar) e comete uma gafe terrível. Como você se comporta nesta situação? 13. Qual a opinião pessoal que você tem e o quão importante é para você: - A Religião -A Família - A Educação -O Trabalho -O Dinheiro -A Amizade 14. Em um restaurante qualquer que você freqüenta às vezes, você está com o cardápio à sua frente e precisa escolher os pratos. O que você normalmente prefere: escolher o principal que já comeu e gostou, mas experimentar novos pratos na entrada e na sobremesa; escolher todos os pratos que você nunca experimentou, ou escolher todos os pratos que já conhece para não errar. Por quê? 15. Alguém marca um jantar de negócios (ou com grandes amigos) no mesmo dia do jantar que você tinha prometido à sua família a muito tempo, mas só percebe a confusão na data e não tem como remarcar o jantar de negócios. O que você faz? Por quê? 16. Você é muito rígido consigo mesmo, costuma se cobrar muito e nunca se sente satisfeito com o seu desempenho ou com o que tem? Comente. 17. Tente se lembrar de alguns dos momentos mais marcantes de sua vida, que nunca vai se esquecer e que se lembra com detalhes. Você não vai precisar falar o que é. Mas diga, com quem você geralmente estava nestes momentos? Qual o sentimento geralmente predominava: emoção, realização, indignação, arrependimento, tristeza, ...? 18. O que é mais importante para o seu futuro? 19. Como você encara ou acha que encararia: - O fracasso - A rejeição 20. Quando você opina sobre alguma coisa e percebe com o tempo que as outras pessoas estão mudando de opinião, o que você faz? (Se necessário cite os exemplos: Muda de opinião também quase automaticamente, analisa a sua opinião e a dos outros para então decidir, se mantém firme em sua opinião mesmo que perceba a sua inconsistência, nada, nem ninguém consegue te convencer que a sua opinião está errada) 21. Fale o quanto você sabe, como você se informa, se comporta e consome: - Moda - Gastronomia* (Aprofundar, buscar riqueza de detalhes) - Política - Economia - Música e Shows - Viagens - Saúde e Beleza - Cultura e Educação 22. Com relação aos garçons de um restaurante ‘popular’ ou de médio porte, menos informal, como você costuma se comportar? > Geralmente você cria algum tipo de laço, chama o garçon pelo nome, brinca e faz piadas com ele, ...? Isso muda em um restaurante como o Vecchio Sogno? Isso varia de restaurante para restaurante em ambientes de alta gastronomia? (Depende de quê?) Você acha que deveria ser diferente do que é? 23. Se você pudesse definir o Vecchio Sogno em uma palavra ou frase, qual seria? 88 24. O que mais te chama atenção no ambiente físico do restaurante? Você tem preferências de ambiente? Estes ambientes combinam com seu gosto pessoal? 25. O que você acha do atendimento do Vecchio Sogno? O que geralmente te incomoda mais no atendimento de qualquer lugar? E o que te agradaria mais? 26. O que o Chef significa pra você em um restaurante de alta gastronomia? como ele deve ser pessoalmente? ele deve circular pelo salão? O ‘nome/fama’ dele significa alguma coisa pra você? Você conhece o chef Ivo Faria? O que pensa dele e seu trabalho? 27. Em restaurantes, quando e o quanto o preço importa pra você? (Conduza a uma discussão sobre a importância do preço em algumas situações cotidianas.Inclusive em restaurantes premium. Ex.: Quando você está com uma pessoa que quer agradar ou impressionar, quando está com pessoas que ama, em lugares que você sonha conhecer, em passeios com a família, em jantares de negócios ...) 28. Como você classificaria o Vecchio Sogno na escala: Basic, Middle, High, Premium ou Super-Premium? Por quê; como você definiria a classificação que citou? (Limite-se a dar as traduções: Básico padrão, Médio Padrão, Alto Padrão, Luxo ou Alto Luxo para garantir a espontaneidade da interpretação) 29. Boa comida é: 30. Alta Gastronomia é: 31. Você conhece ou já utilizou os serviços extras oferecidos pelo Vecchio Sogno: Buffet Ivo Faria, Souvenir Gourmet, Prato da boa Lembrança? Se sim, você utilizaria estes serviços? 32. Você tem alguma mania ou costume em restaurantes, que tenha que solicitar aos funcionários? (Exemplos: costuma pedir alguma coisa especial, uma cadeira diferente, não gosta de um tipo de taça, não gosta de algum tipo de talher, não gosta da comida de tal forma, não gosta de ser atendido de outra tal forma, não senta em determinados lugares, não fica onde tem algum tipo de pessoa...) 33. Quando uma dessas manias, costumes ou favores que você pede não são atendidas, como você se sente? E quando é algo importante e básico para a sua satisfação, como por exemplo: você pede um filé AO PONTO, ou um vinho a 17 GRAUS e o pedido não vem de acordo, você não se importa, se irrita só na hora e depois esquece e volta ao restaurante ou nunca mais volta àquele restaurante por causa do fato? Porquê você acredita que toma esta atitude? (levar o entrevistado a falar o que ele sente e como reagiria a esta situação) 34. Quando você se senta no Vecchio Sogno, como você se sente em relação aos outros clientes que estão ao seu redor? Eles se parecem com você de alguma maneira (se comportam como, se vestem como, falam como...) ? Você já se sentiu desconfortável neste tipo de ambiente? SE SIM, por que você continua freqüentando? SE NÃO você gostaria de se sentir mais confortável do que já está? 35. Com quem você costuma ir a este tipo de ambiente mais requintado? Por quê? 36. Você consegue se lembrar dos momentos que passou no Vecchio Sogno , com riqueza de detalhes? E os sentimentos que teve em relação às pessoas que estavam com você? E com relação ao restaurante? Você costuma ativar estas lembranças quando conta boas histórias sobre sua vida às outras pessoas? 37. O quê e por que não pode faltar em um restaurante como o Vecchio Sogno: - Metrie - Sommelier - Manobrista - Garçons bilígues - Um menu bem variado - Uma extensa carta de vinhos - Prataria de primeira linha - Outros (espontâneo): 38. Por fim, o que significa para você “viver uma experiência única”? Quando você a tem, você sente vontade de repetir este tipo de experiência no mesmo lugar? Você acha que reviver esta experiência em um ambiente pede que ela seja melhor ou igual à anterior, ou só a lembrança é o suficiente para te agradar novamente? 89 6.2 - Roteiro da entrevista qualitativa em profundidade semi-estruturada para o Chef Ivo Faria: ROTEIRO DE ENTREVISTA - CHEF IVO FARIA Descrição do entrevistado: Ivo Faria Chef e Diretor- Executivo. Organização que trabalha atualmente: Vecchio Sogno Ristorante Tempo na função: 15 anos 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. Ser ‘Chef’ é um dom ou um exercício? E administrar um restaurante como o Vecchio Sogno? Como você definiria a cozinha do Vecchio Sogno, a sua cozinha? Os funcionários que lidam diretamente com o público, passam por algum tipo de instrução ou treinamento seu? Quais os serviços oferecidos você considera escenciais para atender ao seu público? O que você acredita que mais atrai as pessoas ao Vecchio Sogno? Por ser um restaurante de alta gastronimia, sabemos que o público atual do restaurante é diferenciado. Como você os definiria? A localização do restaurante é estratégica? Até que ponto? Quando você criou o Vecchio, você viu que era o estilo de culinária que faltava, era uma lacuna no mercado, era o reconhecimento da demanda... o que te motivou? Que tipo de público você pretendia atingir? Qual valor você acredita que as pessoas dêem à ‘cozinha Italiana com incrementações da tradicional cozinha mineira’, como a do Vecchio, a nível municipal, nacional e internacional? A comida mineira ainda é valorizada pelos mineiros, ou é realmente necessário que as pessoas se apeguem à módulos de cozinha internacional (mediterrânea, italiana, francesa, ...)? O que você acredita que impulsionou o restaurante a ganhar o respeito da mídia especializada e principalmente do público que o freqüenta, a ponto de a mídia espontânea ser o principal mote de comunicação com o público? Planejar o menu deve envolver uma grande quantidade de fatores, além dos operacionais do restaurante. Quando você constrói o menu do Vecchio Sogno, ou o reformula, quais fatores você acredita serem relevantes para garantir a satisfação das pessoas que vão saborear o prato? Você acredita que a fama e a exposição da sua imagem e do seu trabalho trazem benefícios para o restaurante? Quais seriam estes benefícios? Você acredita que estes benefícios também são benefícios emocionais para o cliente? A sua fama como forma de ampliar o efeito da imagem do cliente por freqüentar seu restaurante? Com as pessoas das classes B e C elevando seu padrão de vida e consumo e buscando novas experiências, vocês não temem a ‘popularização’ do restaurante com uma grande circulação de clientes fora do perfil de público que vocês prezam, de uma forma que espante os tradicionais clientes da casa? Se sim, como vocês controlam isso? Se não, porquê? Como você entende o efeito do preço dos pratos no seu cliente? Você acredita que ele se sente bem por poder pagar estes valores por este tipo de restaurante , ou o quê? Quando um restaurante chega aos padrões do Vecchio Sogno, o “Chef” ainda precisa ser uma figura presente diariamente, (cozinhando ou não)? O que você acredita, ou quer que seus clientes pensem ou sintam quando saboreiam um dos pratos do seu menu? “Comida feita com amor” é só mais um clichê? Você acredita que as pessoas vêm ao seu restaurante em busca de algo além (social e culturalmente) dos sabores e prazeres da sua gastronomia? Como vocês trabalham, a que detalhes vocês se atém para proporcionar este algo além? 90 23. Como você concebeu e atendimento e o ambiente físico “Vecchio Sogno”, a que detalhes você se ateve para agradar o público que pretendia receber? 24. Você acha que as pessoas que freqüentam o Vecchio Sogno aciduamente, também freqüentam outros restaurantes do mesmo porte da mesma forma? 25. Por quê escolher o Vecchio e não outro? Além do tipo de gastronomia. 26. Você sente a necessidade de variar o menu, a carta de vinhos, a decoração... há a necessidade de mudar as coisas, ou os clientes gostam da rotina e da padronização do restaurante? Porquê? 27. Quais as características sociais mais comuns (boas ou más) do Belo Horizontino que te deixam mais atento? 28. Com grandes competições internacionais chegando, você acredita que o Vecchio Sogno está preparado para o mundo? 29. E considerando a alta gastronomia mineira em geral? 30. No caso da comunicação do Vecchio, o que é mais importante: Networking (contatos) ou Propaganda? Porquê? 31. Você acredita que a decisão de freqüentar o restaurante está diretamente relacionada ao estilo de vida dos seus clientes? 32. Com quais ferramentas você percebe este estilo de vida? 33. Como você percebe que os clientes gostam de ser tratados por você ? 34. Por fim, você definiria o “momento Vecchio Sogno como” uma experiência? Ela é única, mesmo quando se repete (ou seja, as pessoas podem ter experiências diferenciadas a cada vez que vêm ao restaurante)? 6.3 - Roteiro da entrevista quantitativa com os funcionários: 1) Você lida direta ou indiretamente com o cliente? ( ( ( ( ) Garçom ) Matriê ) Barman ) Sommelier 2) Qual seu cargo ou função no restaurante? ( ) direta ( ) indiretamente 3) Você criou laços de amizade, carinho ou respeito com algum dos clientes do restaurante? ( ) Sim ( ) Não 4) Como você acredita que os clientes gostam de ser tratados por você? ( ) Como simples clientes ( ) Como colegas ( ) Como velhos amigos ( ) Como pessoas superiores 5) Você costuma ouvir críticas dos clientes? ( ) Sim ( ) Não 6) Você repassa as críticas para a gerência? ( ) Sim ( ) Não 7) O geralmente mais te incomoda ou agrada no comportamento dos clientes? ( ) Arrogância 91 8) 9) 10) 11) ( ( ) Educação ( ) Ostentação ( ) Curiosidade ( ) Outros: ________. Na maioria das vezes, como você percebe o interesse dos clientes em relação ao ‘Chef’ Ivo Faria: ( ) Elas querem conhecer o ‘Chef’ ( ) Basta saber se o ‘Chef’ está presente ( ) Basta saber que o ‘Chef’ preparou o menu ( ) Elas não se interessam pelo ‘Chef’ ( ) Outro: Para você, quais as principais características do Vecchio Sogno e sua equipe que levam o cliente a voltar ao restaurante? ( ) Atendimento ( ) Alta Gastronomia ( ) Profissionais especializados Em relação aos ambientes, os clientes preferem: ( ) Escolher em qual ambiente irão ficar ( ) Que você sugira um dos ambientes ( ) Eles geralmente não se importam com o ambiente ( ) O ambiente importa, mas geralmente elas não tem a opção de escolher Observe as imagens e enumere de 1 a 4 as situações mais freqüentes no dia-a-dia do restaurante, sendo 1 a situação mais frequente e 4 a menos frequente: ) ( ) ( ) ( ) 12) Sob a sua percepção em relação aos clientes do restaurante, marque o nível de importância que você acredita que seus clientes dão aos seguintes itens: 1 Frequentar shoppings, maisons, lojas e desfiles Ir a bares ou boates com os amigos Frequentar cafés ou restaurantes Participar de reuniões, feiras ou congressos Fazer atividade fisica Assistir a séries, filmes, shows, ou outros na Tv Ir a cinema, shows ou festivais Ir a exposições, teatros ou workshops Ficar em casa com a família ou amigos Ler e escrever (off-line: livros, jornais, revistas e outros) 2 3 4 5 92 Ler e escrever (online: sites, blogs, mídias sociais e outros) 13) Considerando expressão, atenção e interesse em relação a você, observe as imagens e enumere de 1 a 4 os tipos de cliente mais freqüentes no dia-a-dia do restaurante, sendo 1 os clientes mais freqüentes e 4 os menos frequentes: ( ) ( ) ( ) ( ) 14) Pra você, qual o grau de importância dos itens abaixo para que o cliente escolha um restaurante: 1 Ambiente físico (espaço, cores, desing, ...) Preço dos pratos O sabor da refeição O cheiro da refeição A exoticidade dos ingredientes (ingredientes desconhecidos ou raros) Apresentação dos pratos O tipo de gastronomia (italiana, mediterrânea, francesa, ...) A variedade de cartas de vinhos O atendimento do maitre A localização do restaurante O atendimento dos garçons A relação do cliente com o chef A diversidade do menú Práticas sustentáveis Ter um manobrista A presença de um sommelier A variedade de ambientes dentro do restaurante A fama do chef A variedade de drinks ou bebidas 2 3 4 5 93 7 REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2003. ARAÚJO, L & SPRING, M. - Services, Products, and the Institutional Structure of Production.21 st IMP- Conference Rotterdam, Netherlands. 2005. BERRY, L. Relationship marketing of services: growing interest emerging perspectives. Journal of Academy of Marketing Science, v. 23, nº4, pp. 236-245, 1995. CASTELLI, Geraldo. 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